Buscar

Globalização e Desenvolvimento Capitalista

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ECONOMIA 
POLÍTICA
Filipe Prado Macedo da Silva
Globalização
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Descrever o processo de globalização desde a sua origem.
  Reconhecer a globalização em seu processo histórico de desenvol-
vimento capitalista.
  Identificar as influências atuais presentes no processo de globalização.
Introdução
O fenômeno da globalização, também denominado mundialização ou 
internacionalização, foi determinante no processo histórico de desen-
volvimento capitalista, em especial, após a Revolução Industrial. Nesse 
contexto, a construção de mercados globais possibilita que o capital 
seja acumulado e reproduzido com mais rapidez e com maior escala. 
É isso que vai fazer com que a globalização, nos dias atuais, ainda que 
com problemas sociais e políticos, continue sendo importante para o 
capitalismo.
Neste capítulo, você conhecerá o processo de globalização desde 
a sua origem, entre os séculos XV e XVII, reconhecendo-o em seu pro-
cesso histórico de desenvolvimento capitalista e identificando as suas 
influências atuais.
O processo de globalização desde a sua origem
A globalização, também chamada de mundialização e internacionalização, da 
economia não é algo novo no mundo. A humanidade, desde sempre, buscou 
e continua buscando estabelecer interconexões com outros humanos locali-
zados em espaços geográfi cos mais longínquos. Disso, advém a ideia de que 
esse processo de integração tenha iniciado de maneira mais consciente e se 
sistematizado no início da primeira modernidade europeia.
A primeira modernidade europeia refere-se a um período que se inicia no 
ano de 1.500 d. C., coincidindo com o início da expansão dos impérios euro-
peus pelo mundo (da época). Esse foi o período marcado pelo mercantilismo 
e pelo colonialismo europeu.
Assim, a origem da globalização situa-se entre os séculos XV e XVII, 
quando se constituem os primeiros impérios transoceânicos europeus — como 
o Império Português, o Império Espanhol, o Império Britânico, o Império 
Francês e o Império Holandês, para citar os mais importantes (MARTÍN-
-CABELLO, 2013). São eles que gerenciam e desenvolvem as primeiras rotas 
com caráter verdadeiramente planetário.
Nessa primeira fase da globalização, ocorre uma grande intensificação do 
comércio de matérias-primas, como o ouro, a prata, o café, o chá, o café, o 
algodão, entre outros. Esse movimento acontecia em direção à Europa, onde 
as matérias-primas eram transformadas em produtos manufaturados que 
seguiam em direção às colônias europeias espalhadas pelas Américas, pela 
Ásia e pela África.
Nesse momento, a mundialização do comércio era resultado de grandes 
avanços nos transportes da época. Melhoras nos navios (ou barcos à vela) 
e nos instrumentos de navegação foram determinantes na facilitação dessa 
interconexão, e esse avanço dos transportes não era apenas de mercadorias, 
mas incluía igualmente o transporte de pessoas — com destaque para o co-
mércio internacional de negros africanos, que totalizou cerca de 12 milhões de 
escravos que se deslocaram da África para as Américas — tudo em navegações 
europeias (MARTÍN-CABELLO, 2013).
Tudo isso originou-se da própria propensão de troca dos seres humanos 
com que a modernidade europeia ampliou-se a partir de suas “novas” 
instituições — conectando comercialmente os impérios da Europa com 
as partes mais distantes do planeta. Em outras palavras, o desejo dos 
seres humanos e as instituições com forma e substância para viabilizar 
o intercâmbio foram determinantes para a origem da globalização. Isso 
revela que a origem do processo de globalização só foi possível a partir 
do desenvolvimento de uma dimensão técnica, capaz de sistematizar o 
intercâmbio comercial e, logo, detonar o processo de acumulação capitalista 
primitivo (ou originário).
Globalização2
Além da dimensão comercial ou econômica, essa fase originária da globa-
lização foi viabilizada também por aspectos políticos e culturais. Mas em que 
sentido? Os impérios europeus, sem dúvida, induziram por inúmeras razões 
o surgimento dessas primeiras rotas transoceânicas de trocas comerciais. 
Sendo assim, no aspecto político, desenvolveram-se as estruturas de-
mocráticas, o fortalecimento das leis e o controle imperial da violência 
física; no aspecto cultural, a secularização da vida e o desenvolvimento do 
individualismo. Logo, a globalização foi viabilizada a partir de um modelo 
civilizatório que deveria ser levado a todo o planeta — seja no Ocidente 
ou no Oriente.
É importante destacar que, nesse período — entre o século XV e XVII 
—, a modernidade europeia produzia um conjunto variado de transformações 
socioeconômicas de grande complexidade. Primeiro, o contexto já revelava as 
introdutórias condições de industrialização — a manufatura avançava a passos 
largos e com uma expansão tecnológica e energética jamais vista (BECK, 1999). 
Segundo, a manufatura e os primeiros passos da industrialização alimentavam 
o processo de acumulação primitiva dos capitais — criando as condições para, 
no futuro, os burgueses se converterem em capitalistas. Esse processo ainda 
levaria pelo menos mais um século, mas foi na origem da globalização — ou 
seja, nesse momento — que se constituíram as bases históricas para que o 
processo alcançasse o nível atual.
O terceiro aspecto refere-se à formação dos primeiros Estados nacionais 
e de uma vigilância forçosa a partir da constituição do poder militar. Esse 
elemento garantiria a segurança necessária para o progresso do processo de 
globalização, que exige ordem e garantias para que se realize em longas dis-
tâncias. Não seria possível que as navegações comerciais funcionassem sem 
a garantia dos poderes militares dos impérios da época, dado que os mares 
estavam repletos de riscos.
Tudo isso somado permitiu o que Adam Smith observou em sua obra 
inaugural da economia como uma ciência. A internacionalização das manu-
faturas, o progresso dos transportes, a garantia de um poder central sobre os 
lucros e as propriedades privadas (seja a propriedade de produção e a própria 
produção) garantiram o surgimento da “divisão internacional do trabalho” 
(MARTÍN-CABELLO, 2013, p. 10).
3Globalização
Alguns estudiosos — historiadores, geógrafos ou economistas — afirmam que o pro-
cesso de globalização é algo muito antigo e que surgiu desde as primeiras civilizações 
humanas. Nesse contexto, a globalização seria um fenômeno já observado desde 400 
a. C. Aqui, o significado de globalização seria muito mais impreciso — ou simples —, 
dando ênfase somente à capacidade de intercambiar bens e informações a partir 
de seres humanos. A ênfase estaria no comércio como motor e razão das interações 
entre civilizações relativamente distantes. Isso já ocorria desde os primórdios, com a 
agricultura e a pecuária primitiva. Por exemplo, é habitual mencionar nesse argumento 
a extensa rota da seda entre o Oriente e o Ocidente, ou os intercâmbios de cobre ou 
estanho durante a Idade do Bronze. Ambos os exemplos citados envolviam rotas 
comerciais de milhares de quilômetros. Outros autores descrevem que, na antiguidade 
greco-romana, já existia a consciência de uma crescente interconexão global, pelo 
menos nos centros dos impérios. Logo, já existia um mundo em que as barreiras da 
geografia se diluíam com as interconexões entre os seres humanos e as suas mercadorias 
(MARTÍN-CABELLO, 2013).
Em suma, a origem da globalização é marcada por um conjunto de avan-
ços de dimensões institucionais. Mesmo que os aspectos culturais sejam 
importantes, foram as garantias institucionais que possibilitaram os avanços 
mercantis da globalização. Como já citamos, como seria possível um mer-
cado de escravos sem qualquer garantia? Qual seria o burguês da época que 
investiria seu ouro e sua prata em um comércio sem qualquer retorno? Como 
comerciantes teriam força legal e militar para transportar mercadorias por 
mares revoltos, abertos e perigosos?
As respostas paraessas perguntas — e, logo, para entender a globalização 
como fenômeno que nascia — passam pelo surgimento dos impérios europeus, 
sob a forma de Estados nacionais. Essa lógica ao longo da história — até os 
dias de hoje — foi aprimorada, em virtude dos riscos envolvidos em qualquer 
relação de longo alcance em um mundo diverso politicamente, economicamente, 
socialmente e culturalmente.
Globalização4
A globalização em seu processo histórico 
de desenvolvimento capitalista
O processo histórico de desenvolvimento capitalista envolve duas fases da 
globalização: uma que ocorreu entre os anos 1870 e 1914 e outra fase, de 
1915 até 1980. É a fase entre a Primeira Revolução Industrial e a Segunda 
Revolução Industrial, justamente, a época em que o capitalismo fi nca suas 
raízes em todos os continentes do planeta. 
Ambos os períodos de globalização foram marcados pela grande aceleração 
dos mecanismos de troca e de comércio, ainda que ligados a modus operandis 
arcaicos. A força dos tratados comerciais assinalava esse período, ainda com 
resquícios do colonialismo. Nascia a era do imperialismo, que seria liderado 
pelos EUA. Vejamos, a seguir, a diferença entre ambas as fases da globalização 
(BENKO, 2002).
Primeiro, é importante frisar que a globalização da dimensão que a conhe-
cemos hoje teve seu ponto de partida na Revolução Industrial. Isso quer dizer 
que ela está diretamente ligada às melhorias físicas geradas pelo progresso 
socioeconômico da industrial: isso inclui, por exemplo, a máquina a vapor, 
que permitiu o uso de embarcações a vapor e as locomotivas. Na época, 
esses dois meios de transportes foram essenciais para detonar o processo de 
mundialização da economia europeia.
Em outras palavras, as embarcações a vapor intensificaram o comércio in-
ternacional e as locomotivas, o comércio intranacional (MARTÍN-CABELLO, 
2013). Além disso, o avanço dos meios de transporte, com o avanço dos meios 
de comunicação (telegrafo, telefone, etc.), proporcionou a expansão do trânsito 
(ou a migração) de pessoas — sobretudo, da Europa para as Américas.
Dados da época revelam que o comércio mundial cresceu 5 vezes mais, 
e o transporte de mercadorias (por oceanos) quase 3 vezes mais. No que se 
refere ao movimento de pessoas, por exemplo, entre 1820 e 1920, calcula-se 
que somente os EUA recebeu mais de 30 milhões de imigrantes, em sua 
maioria do continente europeu. A Europa ainda era um continente central, 
mas o mundo estava maior para as ambições imperiais dos povos europeus.
5Globalização
Foi ao longo da história que o capitalismo teceu as suas principais características. 
A transição do feudalismo para o capitalismo deu início ao desenvolvimento e à 
evolução gradual do modo de produção capitalista. Uma das fases do capitalismo 
é aquela em que o capitalismo torna-se essencialmente financeiro. Esse capitalismo 
financeiro surgiu com o avanço do grande capital industrial. O capital financeiro 
passou a ter um importante papel na produção industrial, em especial, para os 
bancos, que eram capazes de financiar as expansões produtivas, as fusões e as 
incorporações. Todas essas estratégias ampliavam ainda mais a monopolização 
ou a oligopolização de diferentes setores da economia. É nesse período, a partir 
de 1945, que acontece a expansão em nível mundial dos mercados de capitais. 
Ou seja, não bastava somente produzir, era fundamental o desenvolvimento de 
mercados aglutinadores das mais diferentes acumulações de capital. Juntos, esses 
variados capitais produziriam mais e mais acumulação, levando o capitalismo a 
um novo patamar de expansão. Essa fase ainda prossegue, mas associada ao novo 
capitalismo informacional (SANDRONI, 2005). Sintetizando, o capitalismo está cada 
vez mais “virtualizado” e cada vez menos “realizado”. Isso não quer dizer que o 
mundo “real” ou a economia “real” não são importantes, mas que, claramente, ao 
longo das últimas seis décadas, perderam o protagonismo que tinham da Revolução 
Industrial até o final da Segunda Guerra Mundial.
Na segunda fase, de 1915 até 1980, as transformações do capitalismo são 
mais intensas e, por ajuste, as transformações do movimento de mundialização 
ou internacionalização da economia são tão intensas. É nesse período que 
ocorrem transformações na lógica do capitalismo, nos modelos econômicos, 
nos meios de transporte e no próprio processo de industrialização. Tudo isso 
faz com que o mundo se encolha mais ainda em relação às trocas comerciais 
e aos movimentos de pessoas.
É a expansão do movimento globalizante que possibilita a conversão do 
capitalismo comercial em um capitalismo industrial. O núcleo duro do pro-
cesso de acumulação de capitais passa da atividade mercantil de compra e 
venda para a científica e complexa atividade de produzir em larga escala bens 
estandardizados e sofisticados. É nesse momento que o capitalismo assiste à 
Segunda Revolução Industrial, com um foco nas indústrias americanas e em 
setores com foco em petróleo, energia, química, engenharia mecânica, etc.
A intensidade da globalização também muda com a introdução de avanços 
nos meios de transporte. O mundo começa a assistir ao surgimento de aviões 
por propulsão e a embarcações movidas a combustíveis, o que aumenta a 
velocidade do deslocamento e, logo, reduz a distância dos espaços a partir da 
Globalização6
compreensão do tempo. A mesma viagem pode ser feita mais rapidamente 
e, assim, mais viagens podem ser feitas no mesmo tempo (BENKO, 2002).
Soma-se a isso a consolidação do modelo de produção (ou de industrialização) 
fordista/taylorista. Esse modelo de produção sedimentou a produção de massa, 
em larga escala, em grandes fábricas, com produtos estandardizados, centenas 
de operários e estoques gigantescos, o que alterou para sempre o consumo e as 
suas lógicas em todo o mundo (BENKO, 2002). Nunca na história da humanidade 
tinha havido tantos bens e serviços (MARTÍN-CABELLO, 2013).
Nesse período, podemos destacar também as transformações relativas aos 
modelos econômicos adotados. Lembre-se de que na origem do processo de 
globalização o mundo vivia no modelo mercantilista, em que o colonialismo 
(metrópole e colônias) garantia uma relação de troca internacional. Por exem-
plo, o Império Português tinha uma forte rota comercial para a sua colônia 
brasileira e para as suas colônias africanas.
No final do século XIX e começo do século XX, esse modelo econômico 
começou a ser substituído. O capitalismo industrial e a expansão da globa-
lização encontraram aderência no modelo econômico de base liberal, com 
suporte da “violência política e ideológica” do modelo imperialista. Questões 
históricas são fundamentais para compreender esse momento do desenvolvi-
mento do capitalismo. 
Até o final da Primeira Guerra Mundial, a hegemonia do mundo estava nas 
mãos do Império Britânico. Em seguida, o Império Norte-Americano passou 
a ser a nação líder do processo econômico global. Logo, a lógica envolvia 
levar o liberalismo e a economia de mercado para o maior número de países, 
criando em larga escala um mercado consumidor para os bens e serviços dos 
impérios dominantes.
Com a Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento do capitalismo e 
os avanços da globalização ficaram em xeque. O modelo econômico liberal 
encontrava problemas políticos em um cenário em que as nações estão des-
confiadas e em permanente conflito ideológico. Nesse novo momento, os 
modelos econômicos foram ajustados para uma logica keynesiana, com forte 
intervenção dos Estados nacionais sobre a economia nacional ou sobre um 
conjunto de parceiros supranacionais.
É um período em que os impérios tornam-se mais suaves (soft power), com 
destaque para o processo de descolonização de vários países nas Américas, na 
África e na Ásia. Nesse mesmo período, o capitalismo ensaia — a partir dos 
anos 1950 — seus primeiros avanços para a Terceira Revolução Industrial, 
que continua sendo, nos dias atuais, importante para o desenvolvimento da 
globalização (SANDRONI, 2005).
7GlobalizaçãoObserve que, desde a origem até os anos 1980, o processo de desenvolvi-
mento dos mercados globais (de produtos e de fluxos de pessoas) ganha cada 
vez mais dinâmica. Novos avanços tecnológicos dão um salto de progresso 
em cada vez menos tempo, ou seja, são necessários menos anos, ou menos 
décadas, para um grande progresso estrutural do modo de produção capitalista.
As influências atuais presentes no processo 
de globalização
O período de globalização em que vivemos atualmente iniciou-se no fi nal da 
década de 1980, início dos anos 1990. Esse período coincide do ponto de vista 
político com o fi m da contrautopia capitalista, que era o socialismo liderado 
pela União Soviética. Com a queda do Muro de Berlim e a dissolução da União 
Soviética, o capitalismo abriu as portas para o progresso sem precedentes da 
globalização.
Somam-se a esse fenômeno político de dimensões globais os avanços 
internacionais em relação às TIC (tecnologias de informação e comunicação), 
a intensificação das comunicações físicas e as transformações do sistema fi-
nanceiro internacional. Tudo isso ganhou força com o novo modelo econômico 
neoliberal, que restaurou as liberdades como virtudes para o desenvolvimento 
capitalista.
Mais uma vez, a globalização está sob a égide do pensamento (neo)liberal, 
o que possibilita que as trocas globais se intensifiquem a um ritmo jamais 
visto — aliado a uma tecnologia que diminuiu os espaços e os tempos. O 
mundo ficou mais aberto, mais perto e mais rápido nas suas trocas comerciais.
Essa globalização da economia contemporânea veio acoplada com um novo 
modelo de produção — o toyotismo, cujo foco estava na flexibilidade produtiva. 
Essa flexibilidade permitia uma produção com maior qualidade, menos estoques 
e descentralizada do ponto de vista das plantas industriais; tudo isso junto a 
um conjunto de novas tecnologias de informática, robótica e telecomunicações.
Outro aspecto fundamental no final do século XX e começo do século 
XXI foram as transformações, ou melhorias, no conjunto total dos meios de 
transportes. A aviação civil tornou-se de massa, as embarcações comerciais 
ficaram maiores e mais seguras, e os transportes sob trilhos mudaram a forma 
de deslocar bens e pessoas dentro dos países e/ou dos continentes.
Em relação ao foco do processo de acumulação capitalista, esse novo 
período deslocou as “energias” do capitalismo industrial para o capitalismo 
financeiro. Em outras palavras, as grandes indústrias passaram a se unir com 
Globalização8
o capital financeiro. O capital financeiro passou a ter um importante papel 
na produção industrial, especialmente, para os bancos, que eram capazes 
de financiar as expansões produtivas, as fusões e as incorporações. É nesse 
período que acontece a expansão em nível mundial dos mercados de capitais.
Juntos, esses variados capitais produziriam mais e mais acumulação, le-
vando o capitalismo a um novo patamar de expansão. Essa fase ainda prossegue, 
mas associada ao novo capitalismo informacional, com um grau extraordinário 
de tecnologia e robótica envolvidos (SANDRONI, 2005).
No entanto, essa globalização contemporânea, digital e financeirizada tem 
sido objeto de muitas críticas. Nunca antes uma ala contrária ao regime global 
foi tão forte e organizada — isso porque a globalização tem sido um “poço” 
de desigualdade social, econômica e política. Ao mesmo tempo que elevou os 
fluxos de capitais, de mercadorias e de investimentos diretos, elevou também a 
desigualdade entre os países ricos e os países pobres, e, dentro desses mesmos 
países, entre as classes mais ricas, a classe média, os pobres e os miseráveis. 
Ou seja, a globalização globalizou riqueza, mas também internacionalizou a 
pobreza e a miséria.
Numericamente, constata-se o seguinte: 
[...] de um lado, temos um seleto grupo de países de alta renda per capita, 
que abriga cerca de 1 bilhão de pessoas. Esse grupo não chega a representar 
um sexto da população do planeta, mas detém mais da metade da renda 
mundial. De outro lado, temos 2,5 bilhões de pessoas que vivem em países 
de baixa renda, cuja fatia no bolo da renda mundial não chega a um terço 
(TUROLLA, 2004, p. 19).
Nesse contexto de globalização e capitalismo financeiro, qual é a situação 
do Brasil? O Brasil é mais um exemplo de como a globalização, hoje, é um 
assunto controverso e complexo. Turolla (2004, p. 20) afirma que “[...] o Brasil 
vem participando ativamente do processo de globalização. Embora o país tenha 
elevado o padrão de vida médio de seus cidadãos, não reduziu a desigualdade 
de forma significativa”.
Sob o ponto de vista do crescimento econômico, o Brasil aparentemente 
se beneficiou do processo de globalização (TUROLLA, 2004). Em vários 
aspectos, o país avançou na abertura comercial e financeira da economia — 
em especial, a partir do governo de Fernando Henrique Cardoso. Ou seja, o 
Brasil está em maior exposição à globalização.
Em suma, no Brasil, a maior exposição à globalização, em especial ao 
longo dos anos 1990, não foi acompanhada de uma redução das desigualdades 
socioeconômicas. Em alguns países, isso foi diferente. Na China, a entrada no 
9Globalização
processo de globalização detonou um crescimento surpreendente, mas o país 
asiático também reduziu em níveis gigantescos a desigualdade e a pobreza 
do país, sobretudo, nas zonas rurais. Isso leva ao fato de que a maior abertura 
econômica coincidiu com o sucesso na redução das desigualdades.
Assim, destaca-se o quanto o processo de globalização na atualidade 
é desigual e vem distanciando os países de maneira muito brusca. Alguns 
encontraram sucesso na globalização, enquanto outros fracassaram e outros 
permanecem esquecidos. Aparentemente, os asiáticos tiveram mais sucesso 
na globalização, já os latino-americanos em geral fracassaram em generalizar 
as riquezas na sociedade e, por fim, os africanos continuam esquecidos do 
processo global, como se não estivem presentes no planeta.
O que fazer, então? De acordo com Turolla (2004, p. 21), cabe 
[...] a países como o Brasil buscar uma participação no movimento de glo-
balização que considere as oportunidades que o processo pode oferecer. Em 
outras palavras, deve-se buscar a abertura da economia de forma seletiva, 
observando o interesse nacional. Assim, se nosso processo de abertura esbarrar 
em resistências por parte de nossos parceiros, é preferível não abrir, ou buscar 
setores menos protegidos de atuação.
Outra desigualdade produzida pela globalização é o chamado dumping 
social. Logo, à medida que as produções se globalizam, isto é, a produção e o 
fornecimento de produtos se aprofundam em escala mundial, os trabalhado-
res não o acompanham. Isso quer dizer que capitais, bens e tecnologias são 
globais — e pouquíssimos trabalhadores o são. Os países que vêm perdendo 
condições competitivas — os países mais ricos —, especialmente em face 
daqueles que contam com mão de obra barata e pagam encargos sociais muito 
baixos, acusam estes últimos de prática de dumping social, isto é, sacrificar 
seus trabalhadores (em seu bem-estar) para conquistar mercados de seus 
vizinhos (SANDRONI, 2005, p. 187).
Resumindo, a globalização é cada vez mais diversa. Embora tenha aproxi-
mado, também distanciou os povos. Aproximou do ponto de vista do consumo, 
mas nem sempre da riqueza; aproximou do ponto de vista de um consumo 
cultural, mas distanciou do ponto de vista social e humano. O avanço sobre o 
século XXI vem revelando que esse processo vive um impasse, e parece em 
vários aspectos temporariamente estagnado.
Globalização10
Globalização, atualmente, é um termo que designa, para alguns autores, o fim das 
economias nacionais e a integração cada vez maior dos mercados, dos meios de 
comunicação e dos meios de transportes. Um exemplo interessante, segundo Sandroni 
(2005), é o processo de global sourcing, isto é, o abastecimento de uma empresa 
ocorre mediante fornecedores que se encontram em várias partes do mundo, cada 
um produzindo e oferecendo as melhorescondições de preço e qualidade — ou seja, 
cada um com uma vantagem comparativa. 
BECK, U. O que é globalização? Equívocos do globalismo, respostas à globalização São 
Paulo: Paz e Terra, 1999.
BENKO, G. Economia, espaço e globalização na aurora do século XXI. 3. ed. São Paulo: 
Hucitec, 2002.
MARTÍN-CABELLO, A. Sobre los Orígenes del processo de globalización. Methaodos. 
Revista de Ciencias Sociales, v. 1, n. 1, p. 7-20, 2013.
SANDRONI, P. Dicionário de economia do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2005.
TUROLLA, F. A. Globalização e desigualdade. RAE Executiva, v. 2, n. 4, p. 17-21, nov. 
2003/jan. 2004.
Leituras recomendadas
MÉSZÁROS, I. A crise estrutural do capital. São Paulo: Boitempo, 2009.
PIKETTY, T. O capital no século XXI. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014.
11Globalização

Mais conteúdos dessa disciplina