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Resumo: A Globalização da Natureza e a Natureza da Globalização de Carlos Walter Porto-Gonçalves

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A Globalização da Natureza e a Natureza da Globalização – Carlos Walter Porto-Gonçalves
O autor busca fazer uma relação entre o termo globalização e seu impacto diante da natureza e países subdesenvolvidos. Contudo, é preciso definir o termo e o momento para ser usado, pois há todo um debate entre intelectuais que busca definir onde, quando e como se desenvolveu esse processo da globalização. Logo na introdução do terceiro capítulo o autor comenta sobre isso. Primeiramente, ele expõe que há um relativo consenso de que nos anos 1970 para cá a sociedade passou a vivenciar um novo período histórico que carrega o nome. Milton Santos, geógrafo brasileiro, denominou esse período como “período técnico-científico-informacional”.
Seguindo nesse debate, o autor comenta sobre a importância do capital financeiro, que muitos concordam que é o principal elemento desse novo período que passamos a chamar de globalização. Com a quebra de Bretton Woods e a transformação, a partir de 1971, das moedas que estavam lastreadas no padrão-ouro para o padrão-dólar, o capital financeiro vem aumentando cada vez mais e tem como principal economia os Estados Unidos que se beneficia diretamente desse novo padrão, afinal o dólar é a moeda desse país. Contando com auxílio de organismos unilaterais como o FMI e Banco Mundial, os Estado Unidos puderam ser tornar uma hegemonia diante do mundo. As consequências dessa política se dão com a diminuição dos outros Estados mundiais, claramente firmadas diante de uma hierarquia de poderes que tem no topo, os mais poderosos Estados, dentre eles o Estados Unidos.
Por último, nessa introdução do capítulo, o autor comenta que desde os fins dos anos 1960, há um relativo consenso de que entramos num novo período histórico. Porém, não há tanto consenso se devemos chamar esse período de globalização. Com isso, o autor sugere que façamos uma melhor abordagem desse período, admitindo que ele se encaixa num processo mais amplo no qual podemos dar o nome de globalização. O autor menciona quatro etapas para entendermos esse longo processo de globalização, lembrando que o autor busca também o impacto de cada período na natureza. São elas:
1. O Colonialismo e a Implantação da Moderno-colonialidade (do século XV-XVI ao século XVIII... até hoje);
2. O Capitalismo Fossilista e o Imperialismo (do século XVIII ao início do século XX... até hoje);
3. O Capitalismo de Estado Fossilista Fordista (de 1930 aos anos de 1960-70... até hoje);
4. A Globalização Neoliberal ou Período Técnico-científico-informacional (dos anos 1960 até hoje).
1ª FASE - O Colonialismo e a Implantação da Moderno-colonialidade (do século XV-XVI ao século XVIII... até hoje)
	Após 1492, diante da descoberta da América, o sistema-mundo passou a ser o padrão de poder a governar o mundo. A partir desse período, passamos a ter uma história e uma geografia mundiais. 
	Nesse período veio também o que muitos autores vão chamar de mundo moderno, dando ênfase apenas para a palavra moderno e deixando de lado a ideia de um sistema-mundo. Contudo, diante desse discurso de modernidade, o autor aponta que, com frequência, acabam esquecendo que junto com esse processor de modernização se deu o de colonização. 
	O processo de colonização das Américas foi decisivo para botar a Europa no mapa da economia mundial, tirando o foco que estava no Oriente. Contudo, as consequências desse crescimento comercial europeu custaram o preço da servidão de povos autóctones, a escravização para fins mercantis de negros trazidos do continente africano, a aculturação dos povos originários e a exploração de recursos naturais por todo território (ecocídio). Portanto, com esse cenário o autor aponta que sim, estamos diante de um sistema-mundo moderno-colonial, que é um mundo cada vez mais interdependente, organizado numa hierarquia de poderes entre colônias e metrópoles.
	O autor pontua que por causa das diversas plantations que se desenvolveram ao longo dos territórios das Américas, grande parte da natureza original foi dizimada, tendo seus melhores solos esgotados e as principais minas de ouro e prata exauridas diante desse processo colonizador exploratório.
	Diante disso, podemos ver que o processo de globalização traz consigo a exploração e dominação da natureza, dominação de homens sobre homens com a aculturação de povos originários e tudo legitimado em documentos oficiais. Como o autor diz: “A modernidade europeia inventou a colonialidade e a racialidade (base da escravidão moderna) e, assim, essa tríade – modernidade-colonialidade-racialidade – continua atravessando, até hoje, as práticas sociais e de poder”.[footnoteRef:1] [1: Por essa razão no título do subcapítulo o autor menciona “até hoje”, pois diante desses processos de séculos atrás é que se legitimaram diversas formas de preconceito que vemos até os dias de hoje em nossa sociedade.] 
	Não só nas Américas, as tecnologias e técnicas de navegação (apropriados do Oriente), permitiram aos europeus explorarem os quatro cantos do mundo subtraindo de alguma forma seus recursos naturais, tentando impor sua cultura aos povos desses territórios e se apropriando de conhecimentos de diversas culturas por onde passavam. 
	Por último, o aturo frisa que embora as maiores manufaturas estivessem nas Américas e Caribe, não foi aqui que se deu a Revolução Industrial. Reafirmando a hierarquia de poderes entre a colônia e a metrópole. Cada uma cumprindo com a sua função. A da colônia que é a de fornecer a matéria-prima e a da metrópole de receber todo esse material. Porém esse progresso pende mais para um lado que para o outro. 
2ª FASE - O Capitalismo Fossilista e o Imperialismo (do século XVIII ao início do século XX... até hoje)
	Nessa fase, o autor aponta sobre a mudança que irá ocorrer nos processos de conquista territorial e acumulação de capital no processo de globalização. Ocorrerá uma revolução no uso do fogo: a descoberta da máquina a vapor. Mudanças nas relações entre homem e natureza irão ocorrer e a geografia mundial sofrerá importantes mudanças. Contudo, a estrutura do período anterior, o moderno-colonial, se manterá. 
	O uso da energia de biomassa atendia a outras funções no cotidiano das pessoas e tinha como consequência sua limitação de espaço para qualquer atividade. Tudo deveria ser limitado, pois o custo da produção era muito alto. As cidades estavam condenadas a serem pequenas, pois dependiam da tração animal e de grandes espaços de terra onde era produzida a matéria prima, seja para alimentação humana ou dos animais. Portanto, as produções ficavam confinadas em um determinado local por altos custos de produção e transportes. 
	Com a descoberta da máquina a vapor, com o uso do carvão, puderam substituir os cavalos por máquina e o aumento da produção aumentando grandemente. A capacidade de transformação da matéria prima foi revolucionada. A indústria, não tem precisa mais ficar confinada ao local onde é produzida a matéria-prima. Essas máquinas foram adaptadas aos transportes em ferrovias e mares e com isso houve uma transformação da geografia social e de poder mundial. Puderam ter acesso cada vez mais a regiões longínquas do planeta. Consequentemente isso gerou transformações ecológicas na medida em que a extração de matéria-prima buscava atender às necessidades da economia naquele momento. Essa revolução técnica permitiu a manipulação da matéria e das sociedades dentro de um jogo de poder cada vez mais hierarquizado. 
	Com as distâncias sendo superadas, a agricultura pode se especializar ainda mais, tornando-se monoculturas. Com a produção de adubos químicos, a relação com a pecuária ou agricultura orgânica foi se perdendo e foi se moldando uma cultura de exportação de alimentos, principalmente os produzidos nas colônias. Vemos aqui mais uma vez a marca da hierarquia de poderes. Com essa transformação a agricultura começou a se tornar um subsistema dependente da indústria e dos financiamentos dos bancos, pois usavam máquinas a vapor para a produção e colheita, criando um vínculo com a indústria e buscando atenderao crescimento populacional dessa época de Revolução Industrial. Isso nós vemos até os dias de hoje, principalmente aqui no Brasil com os latifúndios onde o agro é pop, o agro é tech, o agro é tudo, é riqueza do Brasil. Reflexo de grandes oligopólios que comandam os mercados mundiais, mantendo o controle na produção.
	O autor cita o período em que se deu o Imperialismo Europeu, onde essa exploração de recursos naturais, dividida por áreas de influência, aumentou cada vez mais acompanhada do genocídio e aculturação de diversos povos, principalmente do continente africano. Essa fase representou uma verdadeira devastação e desordem ecológica e social que envolveram essa dinâmica expansionista atrelada ao capitalismo fossilista em busca de desenvolvimento. A descoberta de novas matérias-primas, permitiu um desenvolvimento maior do capitalismo e seus produtos.
	Por último, o autor pontua que é difícil imaginar o funcionamento desse modelo de desenvolvimento sem guerras e hostilidades, “até porque a lógica da economia capitalista (e não de qualquer economia, diga-se de passagem) implica uma lógica de guerra permanente por conquista de mercado e, depois que o capital comercial foi associado ao capital de mercado industrial e ao capital bancário (o capital financeiro no dizer de Lenin), não só se disputam mercados para a venda de produtos mas, sobretudo, para se obter as fontes de matéria-prima ou controlar os lugares e regiões estratégicos”.
3ª FASE - 3. O Capitalismo de Estado Fossilista Fordista (de 1930 aos anos de 1960-70... até hoje)
	Nessa terceira fase do processo de globalização, o autor destaca um novo modelo de partilha da riqueza entre o capital e o trabalho. Esse novo modelo levou o nome de Fordismo e tinha a ideia de um capitalismo popular. “Nas palavras do próprio Henry Ford, “quem participa trabalhando em um negócio também tem direito a uma parcela dos ganhos, seja na forma de salário ou de vencimento apropriado, seja na forma de uma retribuição extra”. As famosas linhas de montagem entravam em cena junto com as produções em série. Seguindo essa estrutura, o trabalhador poderia comprar aquilo que produz, pois, esse padrão de produção cortava gastos durante o processo de materialização. Essa produção nem calculou o risco que poderia ser ter às riquezas naturais do planeta, causando enormes danos na busca de matéria-prima. 
	Isso, pois, a crise de 1929 mostrou que sem a mediação do Estado, a questão redistributiva do capitalismo só se agravaria. Portanto, o autor aponta, estávamos entrando no Capitalismo de Estado Fossilista Fordista, em suas versões, uma em que os monopólios detêm a hegemonia (Capitalismo Monopolista de Estado) e outra em que o Estado detém a hegemonia (Capitalismo de Estado Monopolista), conhecido como socialismo. 
	Portanto, após 1945, para além do fordismo, temos a importância do Estado no planejamento do desenvolvimento. Desenvolvimento aliado a instituições governamentais em escalas mundiais. Um novo padrão internacional de poder estava sendo inserido com a configuração e importância cada vez maior das grandes corporações empresariais transnacionais controlando o mercado. Como havia mencionado na introdução, há a mudança da moeda padrão internacional e um controle maior por parte dos Estado Unidos na economia mundial. Com isso, o autor aponta que foi nesse período em que a generalização do financiamento das empresas se dá. Tem-se o aumento de ganhos para financeiras e, de outro lado, uma estagnação nos países subdesenvolvidos. Entra em cena a concentração de recursos, bens e rendas nas mãos de uma minoria, em torno de 20%. Consequência diretas do ano de 1971 com a quebra, pelos Estado Unidos, do acordo de Bretton Woods.
4ª FASE - A Globalização Neoliberal ou Período Técnico-científico-informacional (dos anos 1960 até hoje)
Nessa fase, o autor comenta mais sobre os avanços do capital financeiro sobre os países emergentes. Ele afirma que essa política proporciona o aumento das dívidas externas dos países e faz com que fiquem reduzidos a condições de semicolônias. Além disso, acrescenta que tudo isso não passa de uma chantagem política onde organismos financeiros internacionais impõem os ajustes estruturais que acabam agravando a pilhagem de recursos naturais e causando problemas ambientais e sociais. E para se ter um equilíbrio das contas públicas, normalmente se tira de investimentos em educação, saúde e meio ambiente. Reafirmando o lugar dessas economias subalternas. Trazendo uma visão bastante colonizadora de poder, mostrando que o colonialismo e imperialismo não deixam de existir sob a globalização neoliberal, pois precisam de matérias-primas cada vez mais extintas na natureza. 
Uma solução que o autor propõe, seria, por exemplo, o uso de fontes de energias naturais como o vento e o sol. Entre outras alternativas de reuso, reciclagem e redução de alguns produtos que dependem de matérias primas que estão em risco na natureza. Contudo, é preciso superar a mentalidade de colonialidade de que existe apenas uma rota para se traçar e consumir tudo o que está disponível.

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