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ETICA, POLITICA E SOCIEDADE_removed_removed (1)

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Ética, Política e
Sociedade
2013
1
UNIDADE 1
A ÉTICA E A MORAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade tem por objetivos:
• compreender o conceito de ética e o conceito de moral;
• verificar a evolução da conduta moral ao longo dos anos;
• identificar a importância da ética e da moral para o desenvolvimento da 
sociedade.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você 
encontrará um resumo e atividades que reforçarão o seu aprendizado.
TÓPICO 1 – ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
TÓPICO 2 – A ÉTICA E A MORAL CAMINHAM JUNTAS
TÓPICO 3 – A ÉTICA E A MORAL NA SOCIEDADE
Márcia Bastos de Almeida
Okçana Battini
Giana Albiazzetti
Sandro Luiz Bazzanella
André Bazzanella
Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
Assista ao vídeo 
desta unidade.
3
TÓPICO 1UNIDADE 1
ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
1 INTRODUÇÃO
Vamos iniciar este tópico buscando a compreensão dos conceitos de ética 
e moral, assim como sua contribuição para a valorização das relações humanas.
Não podemos falar de ética sem vislumbrar a filosofia como fundamento 
da própria ética e da moral. A filosofia foi campo fértil, ao longo da história da 
humanidade, para o desenvolvimento da moral e da ética como parte integrante 
de uma sociedade que queremos sempre melhor. Enquanto a filosofia nos lança 
nos questionamentos acerca do que é certo e do que é errado, a ética nos conduz 
no caminho daquilo que acreditamos ser o melhor para nós mesmos e para os 
outros. Com esta unidade você terá oportunidade de aprender a construção 
histórica e social da moral, bem como os conceitos de valor e da ética. Também 
terá oportunidade de perceber que a moral está fundamentada (como a fundação 
de uma construção) a um ethos que foi constituído durante a modernidade pelo 
modelo epistemológico inaugurado naquele período. Você poderá analisar e 
refletir sobre os valores que norteiam o nosso agir nos dias atuais e como esse agir 
foi se modificando na história da cultura ocidental.
2 A ÉTICA
Ao longo da história da humanidade, várias têm sido as áreas que fomentam 
reflexões acerca da ética, até porque a humanidade necessita de acordos para que 
a sua interação e convivência se tornem sustentáveis. Por isso vamos também 
estudar as concepções doutrinais da Grécia até a contemporaneidade.
É nessa perspectiva, da convivência, do entendimento, que queremos 
trabalhar os conceitos a seguir.
2.1 CONCEITO
Quando falamos de ética, não podemos limitar a uma realidade somente 
conceitual, em que as práticas encontram-se distanciadas do nosso dia a dia, mas, 
na verdade, ao estudarmos a ética poderemos observar que a mesma se encontra 
implícita nas ações humanas.
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
4
No nosso dia a dia, a ética tem presença garantida, porque ela faz parte do 
ser humano em todas as suas atividades, funções, espaço, ou seja, na família, no 
trabalho, no lazer, enfim, onde o ser humano interage com outro, a ética aí se faz 
presente.
Uma boa percepção de ética vem de Solomon (2006, p. 12), segundo o 
qual “estudar ética não é escolher entre o bem e o mal, mas é se sentir confortável 
diante da complexidade moral”. Nesse sentido, estudar, refletir e entender ética, a 
sua mais-valia, se faz ao pensarmos no contexto da nossa sociedade, nas atitudes 
humanas.
FIGURA 1 – ÉTICA
FONTE: Disponível em: <http://filosofiapibidufba.blogspot.com.br/2011/04/o-termo-
etica-deriva-do-grego-ethos.html>. Acesso em: 8 maio 2012.
Caro(a) acadêmico(a)! Você sabe a diferença entre ética e moral?
Diversas questões éticas e morais são facilmente confundidas, como coloca 
Valls (1994, p. 7): “A ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas 
que não são fáceis de explicar, quando alguém pergunta”.
Vejamos então algumas definições sobre ética dentre as referências 
bibliográficas pesquisadas, para nos auxiliar na formação do conceito de ética:
ATENCAO
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
5
Tradicionalmente, ela é entendida como um estudo ou uma reflexão, 
científica ou filosófica, e eventualmente até teológica, sobre os costumes 
ou sobre as ações humanas. Mas também chamamos de ética a própria 
vida, quando conforme aos costumes, e pode ser a própria realização de 
um tipo de comportamento. (VALLS, 1994, p. 7).
“A ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em 
sociedade, ou seja, é a ciência de uma forma específica de comportamento humano.” 
(VÁZQUEZ, 2003, p. 23).
Ética é a ciência da conduta humana, segundo o bem e o mal, com vistas 
à felicidade. É a ciência que estuda a vida do ser humano, sob o ponto 
de vista da qualidade da sua conduta. Disto precisamente trata a Ética, 
da boa e da má conduta e da correlação entre boa conduta e felicidade, 
na interioridade do ser humano. A Ética não é uma ciência teórica ou 
especulativa, mas uma ciência prática, no sentido de que se preocupa 
com a ação, com o ato humano. (ALONSO; LÓPEZ; CASTRUCCI, 2006, 
p. 3).
Etimologicamente falando, ética é derivada do grego ethos, que significa 
costume, hábitos e valores de determinada coletividade. A palavra moral deriva 
do latim mos – ou mores no plural – que também significa costume ou as normas 
adquiridas como hábito. Segundo o Houaiss (2009, p. 324), ética é: “1) Estudo dos 
juízos de apreciação que se referem à conduta humana, do ponto de vista do bem 
e do mal; 2) Conjunto de normas e princípios que norteiam a boa conduta do ser 
humano”.
A Ética é um saber científico que se enquadra no campo das Ciências 
Sociais. É uma disciplina teórica, um sistema conceitual, um corpo de 
conhecimentos que se torna inteligível aos fatos morais. Mas o que 
são fatos morais? São os fatos sociais que dizem respeito ao bem e ao 
mal, juízos sobre as condutas dos agentes, convenções históricas sobre 
o que é certo e errado, justo e injusto, o que é certo ou errado? Toda 
coletividade formula e adota os padrões morais que mais lhe convém. 
(SROUR, 2003, p. 7-8).
Portanto, do ponto de vista etimológico, ética e moral significam a mesma 
coisa, contudo há o limiar tênue entre uma e outra. E isso você poderá observar 
à medida que vamos nos aprofundando no assunto. Veja então, resumidamente: 
“A ética é teoria, investigação ou explicação de um tipo de experiência humana ou 
forma de comportamento dos homens, ou da moral, considerado, porém, na sua 
totalidade, diversidade e variedade”. (VÁZQUEZ, 2003, p. 21). A moral é o estudo 
dos costumes de uma determinada sociedade numa determinada época e lugar.
O que Srour (2003) quer observar é que a ética será sempre o estudo dos 
valores morais, e esses se relativizam conforme a história da humanidade. 
Vários exemplos de práticas da coletividade mundial poderiam se perfilar 
aqui. E chegaríamos à conclusão de que as condutas morais, independente de 
serem aceitáveis ou não do nosso ponto de vista, são práticas de uma sociedade. 
Vamos citar alguns exemplos que você poderá aprofundar:
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
6
Infanticídio significa assassínio de recém-nascido ou de criança; o ato 
de matar o próprio filho, sob a influência do estado puerperal, durante 
o parto ou logo depois. O infanticídio feminino é prática que ainda 
acontece na China, em função da política do único filho. (FERREIRA, 
2001, p. 417). 
Outro exemplo de prática é a excisão feminina ou circuncisão feminina. É 
a mutilação genital feminina, prática realizada em meninas adolescentes para que 
não tenham prazer no ato sexual.
• Excisão feminina ou circuncisão feminina: WARIS, Dirie; 
MILLER, Cathleen. Flor no deserto. São Paulo: Editora Hedra, 2001.
Esse livro é um relato de Waris Dirie, modelo internacional e 
embaixadora das Organizações das Nações Unidas – ONU, em que 
luta pela erradicação da mutilação genital feminina. Nascida no 
deserto da Somália, Waris Dirie foi mutilada igualmente a muitas outras 
meninas. Ela foge de seu país e chega a Londres, onde desenvolveu 
trabalhos domésticos até se projetar mundialmente como modelo e 
porta-voz da luta contra a circuncisão feminina.Você pode encontrar 
com o mesmo título em DVD.
2.2 O CAMPO DA ÉTICA
Embora a ética seja um assunto basicamente filosófico, seu campo de 
atuação e reflexão pode ser estendido por todas as áreas. A ética também se divide 
em vários campos do saber: teologia, filosofia, psicologia, direito, economia e 
outros.
A ética como disciplina teórica busca explicar e indicar o melhor comportamento 
do ponto de vista moral, mas como toda teoria não se distancia da prática, porque é a 
prática do comportamento humano que a sustenta e tem como função fundamental 
“explicar, esclarecer ou investigar uma determinada realidade, elaborando os conceitos 
correspondentes”. (VÁZQUEZ, 2003. p. 20).
Os problemas teóricos da ética podem ser divididos em dois campos:
1) os problemas gerais e fundamentais: liberdade, consciência, bem, valor, lei e 
outros;
2) os problemas específicos: aplicação concreta, ou seja, ética profissional, ética 
política, entre outros.
FONTE: Adaptado de: Valls (1994, p. 8)
UNI
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
7
Srour (2011) aborda as acepções e confusões que a ética provoca. Ele 
considera que existem três tipos de acepções que podem causar confusões, porque 
ampliam demais as concepções da ética: 
1 - A ética é descritiva – que corresponde a juízo de valor, ou seja, quem tem boa 
conduta pode ser considerado como uma pessoa ética, ou seja, uma pessoa 
virtuosa e íntegra. Enquanto quem não condiz com as expectativas sociais pode 
ser considerado ‘sem ética’. Nesse sentido, Srour (2011) considera que a ética 
assume uma ideia simplista reduzida a um valor social, ou apenas um adjetivo.
2 - A ética é prescritiva – a ética como “sistema de normas morais ou a um código de 
deveres” (SOUR, 2011, p. 19), ou seja, os padrões morais que deveriam conduzir 
categorias sociais ou organizações passam a se chamar de código de ética; nesse 
sentido de prescrição a ética e moral tornam-se sinônimo indistinguível.
3 - A ética é reflexiva – que corresponde à teoria de um estudo sistemático 
como objeto de investigação que, ao transitar por diferentes áreas, pode ser 
considerada como:
• Ética filosófica – que reflete sobre a melhor maneira de viver (ideais morais).
• Ética científica – que estuda, observa, descreve e explica os fatos morais (a 
moralidade como fenômeno).
A ética filosófica quer refletir sobre a maneira de viver.
A ética científica quer observar e descrever a maneira de viver.
Visto tudo isso, você pode pensar: então estudar ética é muito complicado? 
Claro que não, a ética dá a oportunidade para refletir a maneira de viver e entender 
os costumes do nosso tempo.
2.3 O VALOR DA ÉTICA
Qual seria mesmo o valor da ética para a sociedade? A ética é o discernimento 
de que, embora existam práticas que poderiam ser consideradas ‘morais’, por se 
tratarem de recorrentes na sociedade, ainda assim são práticas que não se suportam 
do ponto de vista ético. A corrupção, por exemplo, tem sido ato recorrente no 
cenário político nacional e nem por isso tornou-se moral e eticamente aceitável.
Então podemos dizer que tudo que é legal é moral? Ou se é moral é legal? 
Todos nós conhecemos algumas práticas que com o passar do tempo tornaram-se 
ATENCAO
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
8
costumes e hábitos. Mas não quer dizer que práticas como a corrupção passarão a 
ser aceitas, pela sua recorrência ou porque a sociedade já se acostumou.
Práticas que prejudicam a maioria, que não preservam o bem comum, que 
não beneficiam a sociedade, que não preservam a felicidade apontam ao valor 
da ética, porque é através da ética que é possível fundamentar a moralidade e a 
legalidade.
Então é por isso que a ética tem enorme valor para a sociedade como um 
todo, porque seu papel é fazer reflexões acerca do comportamento humano e a 
preservação do bem comum.
Nem tudo que é legal é moral e nem tudo que é moral é legal.
As questões de legalidade, ilegalidade, moralidade e imoralidade, 
apresentadas por Srour (2003), são muito importantes para que se possa observar 
na prática o que há de legal e moral nas ações do nosso cotidiano.
Nem tudo que é legal é moral e nem tudo que é moral é legal. Vejamos 
algumas situações apresentadas por Srour (2003, p. 59), de acordo com o quadro 
que segue:
QUADRO 1 – LEGALIDADE E MORALIDADE
Quanto à legalidade? Quanto à moral? Exemplo:
LEGAL MORAL Treinamento de funcionários patrocinado por uma empresa.
LEGAL IMORAL
Falta de correção da tabela do 
Imposto de Renda por longos anos, 
sob a alegação de que fazê-lo seria 
introduzir o instituto de correção 
monetária.
ILEGAL MORAL
Desrespeito aos sinais vermelhos 
de madrugada nas grandes cidades 
pelo receio de assaltos.
ILEGAL IMORAL As fraudes em licitações públicas.
FONTE: Adaptado de: Srour (2003, p. 59)
ATENCAO
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
9
Estudar ética, falar de ética, refletir sobre a ética é, portanto, entender toda 
a dimensão da sociedade, da humanidade. A ética, por si só, não vai elaborar um 
manual de condutas, nem tampouco elencar um rol de atitudes certas e erradas.
2.4 ÉTICA E JUSTIÇA
O trabalho em sociedade implica tomar decisões. A todo tempo se decide 
sobre questões gerais e específicas, internas e externas de uma organização.
De acordo com Alonso, Lopes e Castrucci (2010, p. 110), existem três tipos 
de características na tomada de decisões:
1) decisão pessoal – é o ato humano, livre e de inteira responsabilidade 
de quem toma a decisão; 
2) decisão ética – é o ato do homem, em que a moralidade norteia; 
3) decisão que afeta outrem – é a decisão que considera princípios éticos 
e toma conhecimento dos direitos e limita-se a tais aspectos.
O que os autores querem esclarecer é que as decisões envolvem essas três 
características: o aspecto pessoal da decisão, a moralidade e a ética do quanto a 
decisão pode interferir no outro.
A ética influencia o processo de tomada de decisão para determinar quais 
são os principais valores. A tomada de decisão envolve momentos de escolha entre 
o bem e o mal e entre o bem e o bem. É nesse momento que a alteridade e a justiça 
tomam parte.
A tomada de decisão envolve a alteridade, que é o senso de justiça, porque 
diz respeito aos outros. Dessa forma, existem tipos de justiça a conhecer que não se 
esgotam por si só, mas organizam a sociedade e dão as prioridades.
● Justiça social – a justiça social apresenta duas vertentes: a) justiça legal – que 
são as obrigações dos cidadãos para com o Estado; b) justiça distributiva – que 
são as obrigações do Estado para com seus cidadãos.
● Justiça legal – “compreende as obrigações dos cidadãos para a sociedade 
politicamente organizada, tais como pagamento de impostos, prestação de 
serviços públicos (serviço militar, serviços emergenciais) etc.” (ALONSO; 
LOPES; CASTRUCCI, 2010, p. 111).
● Justiça distributiva – leva em consideração o mérito, ou seja, procura respostas 
às desigualdades e regula as relações entre a comunidade, tais como o imposto 
de renda: quem ganha mais paga mais e quem ganha menos paga menos ou 
não paga.
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
10
● Justiça comutativa – vem do direito positivo, também conhecida como corretiva, 
é a justiça que intercede entre as pessoas físicas ou jurídicas, em virtude de 
contratos em que são fixadas as obrigações das partes.
● Justiça equitativa – é aquela que parte do pressuposto de que todos são iguais.
A justiça, junto à moral e à ética, conduz o ser humano a práticas mais 
eficientes. Nesse caso, não estamos falando da justiça como entidade jurídica, mas 
da justiça de realizar ações que sejam de consciência ética e moral e, é claro, legal.
2.5 ÉTICA E FILOSOFIA
A ética tornou-se um campo vasto nas diversas áreas científicas. Na área 
médica, por exemplo, existe uma grande preocupação quanto ao que é ético ou 
não nas pesquisas de campo, por se tratarem de pesquisas que lidam com o ser 
humano. Existe um código de moral, na verdade chamado de código de ética, que 
limita e/ou exige que a integridade do ser humano sejarespeitada.
Apesar de hoje a ética ser uma disciplina adotada em quase a totalidade 
de áreas existentes, seja nas ciências exatas, humanas, biomédicas, sociais, entre 
outras, ainda assim, para que se possa entender a complexidade de seu dinamismo 
e, por que não, a simplicidade de sua reflexão, não se pode fugir da sua origem 
filosófica.
A filosofia é o arcabouço para os desdobramentos da ética, por isso 
que existem algumas correntes que argumentam contra o caráter científico e 
independente da ética. A respeito disso, Vázquez (2003, p. 25) observa:
Mas, já como assinalamos, isso se aplica a um tipo determinado de 
ética – a normativa –, que se atribui a função fundamental de fazer 
recomendações e formular uma série de normas e prescrições morais; 
mas esta objeção não atinge a teoria ética, que pretende explicar a 
natureza, fundamentos e condições da moral, relacionando-a com as 
necessidades sociais do homem.
Nesse sentido, a apropriação da ética, seja no sentido filosófico ou científico, 
busca na fonte filosófica a doutrina para melhor entender a ética, seja em qual área 
for. 
Vamos então para o próximo passo. Já vimos alguns conceitos que 
aproximam a ética da moral. No próximo ponto vamos então entender a moral, 
sem deixar de recorrer à ética, pois você deve ter percebido que não é possível falar 
de ética sem falar da moral e vice-versa.
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
11
3 A MORAL
Caro acadêmico! Conversamos no primeiro ponto sobre a ética e você pode 
perceber que já apareceram alguns aspectos da moral, ou seja, existe uma interface 
entre moral e ética que é indissociável. O importante desse ponto é dar destaque 
ao conceito de moral e você compreender o comportamento humano em relação ao 
que é moral. Vamos seguir praticamente o caminho do conhecimento dos pontos 
desenvolvidos em relação ao estudo da ética.
3.1 CONCEITO DE MORAL
De acordo com Srour (2003), a ética é perene e a moral é mutável. A ideia de 
ética é que ela não muda, a ética faz reflexões acerca dos costumes, que é o campo 
da moral. Para melhor compreendermos, no Brasil, temos a história da mulher 
como um bom exemplo de mudança de costumes e, por conseguinte, mudança de 
valores morais.
• História da mulher no Brasil: DEL PRIORE, Mary (Org.). História das 
mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 1997.
Essa obra conta a trajetória das mulheres, desde o Brasil colonial. O 
livro narra a história da mulher, os principais aspectos de seu tempo e 
interseções, como: família, trabalho, mídia, literatura, violência, entre outros.
Até a década de 30, a mulher não podia votar e nem ser votada, portanto o 
sufrágio feminino foi uma conquista de equiparar a mulher ao homem e torná-la 
um membro da sociedade como qualquer um, ou seja, uma pessoa participativa 
aos desígnios políticos do país.
No cenário político nacional, a primeira mulher a se tornar deputada 
federal foi em 1933, e somente em 1979 foi eleita a primeira senadora. Em 2011 o 
país elegeu pela primeira vez uma mulher como Presidente da República. Se você 
observar os anos – 1933, 1979 e 2011 –, verá o quanto demora para que os valores se 
transformem e, ao mesmo tempo, depois de estabelecida a mudança, esses valores 
tornam-se tão familiares que nem mais pensamos nessa trajetória de conquista e 
transformação.
UNI
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
12
No mundo do trabalho, a mulher conquistou espaço tardiamente, e por 
esse motivo, várias são ainda as desigualdades entre a mulher e o homem no 
mundo do trabalho. Existem diversas pesquisas que apontam mulheres e homens 
com mesmo nível de escolaridade e mesma função e que têm salários diferentes.
FIGURA 2 – A CONQUISTA DA MULHER
FONTE: Disponível em: <http://paduacampos.com.br/2012/2012/07/27/
charge-elas-estao-ocupadas-mesmo/>. Acesso em: 27 maio 2013.
Não se pretende aqui fazer algum tipo de apologia à mulher, muito pelo 
contrário, a mulher é só um bom exemplo para que possamos perceber o quanto 
ela se transformou perante a sociedade. Antes ela não votava e nem era votada, 
antes ela não trabalhava fora de casa, antes a sua vida limitava-se a cuidar de filhos 
e marido e da casa. E hoje?
FIGURA 3 – CONQUISTA DA MULHER
FONTE: Disponível em: <http://andorinharosa.blogspot.com.br/2009/03/
um-poema-em-homenagem-ao-dia.html>. Acesso em: 27 maio 2013.
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
13
A moral é temporal e é reflexo dos costumes da sociedade.
Portanto, a moral são os costumes, são as práticas do comportamento humano 
e as práticas aceitáveis de uma sociedade. Então, como esses costumes, práticas e 
culturas mudam? Mudam quando a própria sociedade clama por mudanças ou 
quando, a partir de um movimento de um grupo, procura-se conscientizar o resto da 
sociedade da importância de pensar e agir diferente. Foi dado o exemplo da mulher, 
mas muitos são os outros exemplos que se enquadrariam nesse momento para ilustrar 
essa transformação de valor e costume, a exemplo do homossexualismo, doenças 
que carregavam preconceitos e hoje não mais, entre outros grandes exemplos.
Então se pode dizer que a moral é mutável, como diziam os romanos – “o 
tempora, o mores” – ou seja, os costumes mudam com o tempo. 
Srour (2003, p. 56) elenca alguns itens para a compreensão do que vem a 
ser moral:
● É um sistema de normas culturais que pauta as condutas dos agentes sociais 
de uma determinada coletividade e lhes diz o que é certo ou não fazer.
● Depende da adesão de seus praticantes aos pressupostos e valores que lhe 
servem de fundamentos.
● Representa um posicionamento diante das questões polêmicas ou sensíveis 
e constitui um discurso que justifica interesses coletivos.
● Organiza expectativas coletivas ao selecionar e definir melhores práticas a 
serem observadas.
● Tem natureza simbólica, essência histórica e caráter plural, e seus cânones 
variam à medida que espelham as coletividades históricas que o cultivam.
Srour (2003, p. 57) ainda resume a moral comparativamente à ética:
Por isso mesmo, as morais são as nervuras sensíveis das culturas e dos 
imaginários sociais, as peças de resistência que armam as identidades 
organizacionais, códigos genéticos das condutas sociais requeridas 
pelas coletividades. Assim sendo, enquanto as morais correspondem às 
representações mentais que dizem aos agentes sociais o que se espera 
deles, quais comportamentos são recomendados e quais não o são, a 
ética diz respeito à disciplina teórica e ao estudo sistemático dessas 
morais e de suas práticas efetivas.
Portanto, o quadro que segue auxilia na formulação de um comparativo 
IMPORTANT
E
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
14
entre ética e moral, para que essas palavras-chave possam ajudar na diferenciação 
de uma e outra.
QUADRO 2 – COMPARATIVO ENTRE ÉTICA E MORAL
ÉTICA MORAL
Perene Temporal
Universal Cultural
Regra Conduta da regra
Teoria Prática
FONTE: A autora
A ética é perene porque as suas reflexões são num curso contínuo e eterno, 
sempre haverá reflexões sobre a ética. Já a moral é temporal, porque de acordo com 
o tempo, os costumes e valores de uma sociedade se modificam.
A ética é universal porque as suas reflexões independem da cultura, 
sociedade ou tempo histórico, as suas reflexões cabem em qualquer lugar e em 
qualquer tempo, porque se referem ao comportamento humano. A moral é cultural 
porque em cada sociedade, em cada lugar, os costumes e valores serão diferentes.
A ética é regra, porque não existe mutabilidade em suas reflexões, as suas 
reflexões é que podem ser realizadas perante as mudanças. A moral é conduta de 
regra, porque é preciso relacionar os valores para que a moral possa instituir a sua 
conduta.
A ética é teoria porque está situada no campo das reflexões, enquanto a 
moral se refere às práticas do comportamento humano, seus costumes, seus hábitos 
e seus valores.
Essas as principais diferenças entre ética e moral, que ajudam para auxiliar 
na compreensão quanto às suas ramificações e desdobramentos.
3.2 CAMPO DA MORAL
O campo da moral, pelasua mutabilidade, se torna um campo vasto, em 
que se possibilita uma multiplicidade de ações. Até porque a moral é oriunda das 
ações e interações humanas. A moral, portanto, está em toda parte, nas escolas, nas 
igrejas, nos hospitais, nas organizações privadas e públicas.
É através da moral que os códigos de convivência são estipulados, para que 
as pessoas se comportem adequadamente e também para que haja harmonia na 
interação humana e da instituição.
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
15
Do ponto de vista dessas ações humanas existem dois universos que se 
constroem perante o fim de suas ações: universal e particular.
Na administração pública, por exemplo, os atos administrativos devem 
estar voltados ao universal, porque as suas ações sempre devem preservar o 
interesse coletivo, portanto no meio da administração pública não cabem atos 
administrativos voltados ao interesse particular.
O campo da moral é vasto, a moral é o alicerce para que a sociedade 
possa estipular as suas regras de convivência. Portanto, condutas morais não são 
exclusividade da administração pública, as condutas morais estão presentes a todo 
tempo e em qualquer lugar.
Se você for um servidor público, legislador, ou quem sabe um responsável 
na elaboração de políticas públicas, ou simplesmente um cidadão, deve se 
perguntar: Quem são as pessoas que irão se beneficiar com a minha ação? Quais 
são as atitudes mais apropriadas para que um maior número de pessoas possam 
se beneficiar com as minhas atitudes? A minha ação é de interesse próprio ou de 
interesse coletivo?
Essas perguntas e tantas outras ajudam a sinalizar em qual campo da moral 
se encaminham as nossas ações.
Segundo Srour (2011), existem dois universos que se podem tomar como o 
início para melhor compreensão da prática moral: particularismo e universalismo.
FIGURA 4 – UNIVERSALISMO E PARTICULARISMO
FONTE: Srour (2011, p. 9)
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
16
O universalismo dita as condutas morais positivas, em que existe o 
consenso para que o bem comum seja preservado. Nesse sentido, mesmo quando 
existem ações voltadas ao interesse de uma minoria ou de um grupo específico, 
ainda assim esses interesses não vão se confrontar com o interesse dos demais. 
Não há uma rivalidade de interesses, pelo contrário, a satisfação dos interesses se 
dá de forma consensual.
No particularismo, os interesses pessoais ou de um grupo se prevalecem 
em detrimento do interesse de outros, por isso são práticas negativas. Não 
há um consenso de quem precisa mais, para que as práticas nesse universo 
sejam realizadas de forma consensual e em preservação do bem comum. Pelo 
contrário, existe uma rivalidade de interesses para que a vontade de uns se 
realize independente da necessidade de um ou de outro ser maior.
A administração pública, com certeza, está na esfera do universalismo, e 
é por isso que ela existe e é dessa forma que ela deve servir aos cidadãos. Mas 
o servidor público, que é o condutor da prática do serviço público, poderá se 
encontrar na polaridade da escolha entre universalismo e o particularismo, em 
pequenas atitudes do seu cotidiano.
3.3 MORAL, AMORAL E IMORAL
No item anterior foi possível diferenciar fatos morais de fatos sociais, e 
dissemos ainda que um fato moral pudesse afetar positivamente ou negativamente 
outrem. Então fato moral se divide em moral, quando positivo, e imoral quando 
negativo. E fato social seria o que alguns autores chamam amoral.
Então, o que é agir conforme a moral? O que é o agir imoralmente? Ou o 
que é uma atitude amoral? Como podemos diferenciá-los? De forma bem resumida 
pode-se dizer que:
● Moral – é agir conforme os valores da sua organização ou sociedade sem 
prejudicar os outros.
● Imoral – é uma atitude que vai contra as normas e valores de uma organização 
ou sociedade e que prejudica os outros.
● Amoral – quando uma atitude não influi nem positiva e nem negativamente, 
ou seja, é uma ação neutra.
Pode-se concluir que uma atitude moral é uma ação positiva, uma atitude 
imoral é uma ação negativa e uma atitude amoral é uma ação neutra. Dessa forma, 
o âmbito da moral é decidir como agir, é uma questão da prática, enquanto que o 
âmbito da ética é refletir sobre essas ações e suas implicações na felicidade humana.
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
17
4 CONCEPÇÕES DOUTRINAIS DA GRÉCIA ANTIGA À 
CONTEMPORANEIDADE
O conceito de ética visto anteriormente, bem como sua relação com a 
filosofia, com a moral, nos mostrou a grande contribuição e importância da corrente 
filosófica ao mundo da ética e da moral. Neste ponto sobre concepções doutrinais 
da Grécia antiga à contemporaneidade, vamos apresentar as principais doutrinas 
éticas de acordo com o seu tempo.
4.1 IDADE ANTIGA
A Idade Antiga é representada pelos filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles, 
e é nessa época que a ética adquire extremo valor. Esses filósofos se preocupavam 
com o ser no mundo físico, voltados aos problemas sociais e morais. Embora não 
haja propriamente coesão no pensamento e doutrina dos três, ainda assim suas 
ideias tornam-se próximas no sentido da reflexão acerca do homem e da cidade. 
O estudo da Ética, se pode dizer, teve início com os filósofos Sócrates, 
Platão e Aristóteles. O livro Ética a Nicômaco é uma obra de referência, em que a 
ética vai determinar que a finalidade suprema é a felicidade (eudaimonia).
Eudaimonia quer dizer felicidade para a filosofia. “Em geral, estado de satisfação de 
alguém com sua situação no mundo”. 
FONTE: Abbagnano (2007, p. 455-505)
NOTA
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
18
Nessa época, a questão da ética era o bem supremo da vida humana e, de 
acordo com Passos (2004, p. 32), “não devia consistir em ter a sorte ou ser rico, por 
exemplo, e sim em proceder e ter uma alma boa”.
Para Socrátes, a questão ética era o que bastava o homem saber, ter bondade 
para ser bom. O conhecimento, para Sócrates, era uma virtude, porque pensava 
que com o conhecimento o homem conseguia ser bom e ter a felicidade. Por esse 
motivo é que há um entrelaçamento entre bondade, conhecimento e felicidade.
Para Platão, o conceito de cidade (polis) perfeita estava baseado em valores 
éticos e morais. Platão aborda que os conceitos da mente humana não são reais, 
mas sim imagens reflexas. Diferente de Socrátes, Platão considerava que a moral 
é a arte de preparar o indivíduo para a felicidade que não se encontra na vida 
terrena.
Em Aristóteles, a felicidade, finalidade suprema da ética, só pode ser 
alcançada se o homem fosse capaz de moderar suas paixões. Aristóteles preocupou-
se com a forma como as pessoas viviam na sociedade e contribuiu muito para o 
entendimento da ética e a busca da felicidade individual e coletiva. De acordo com 
Passos (2004, p. 34), Aristóteles propunha uma ética finalista:
no sentido de visar um fim, no caso, que o ser humano pudesse alcançar 
a felicidade. Entendia a moral como um conjunto de qualidades que 
definia a forma de viver e de conviver das pessoas, uma espécie de 
segunda natureza que guiaria o homem para a felicidade, considerada 
a aspiração da vida humana.
Sócrates foi considerado um marco da filosofia, de modo que todos os 
filósofos que antecederam a época dos filósofos citados são conhecidos por pré-
socráticos. Os pré-socráticos também eram conhecidos como naturalistas, ou 
filósofos da natureza. Esses filósofos preocupavam-se mais em entender as coisas, 
em dar explicação para a natureza e para o mundo.
FIGURA 5 – SER UM FILÓSOFO
FONTE: Disponível em: <http://www.umsabadoqualquer.com/category/socrates/>. Acesso em: 
27 maio 2013.
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
19
Sócrates (469-399 a. C.) – é responsável pelo método da indagação, o que se 
restringe ao homem, sem interesse na natureza. “Identificação entre ciência e virtude, no 
sentido de que só é possível ensinar e aprender a virtude, e não é possível praticar o bem sem 
conhecê-lo”. (ABBAGNANO, 2007, p. 1085).
Platão (427-347 a. C.) – responsável pela doutrina dasideias, sabedoria e dialética. (ABBAGNANO, 
2007, p. 892).
Aristóteles (394-322 a. C.) – responsável pelo conceito da metafísica, da lógica, inspirou várias 
outras tendências do mundo medieval e moderno. 
FONTE: Abbagnano (2007, p. 90)
A ideia da polis (cidade) é muito importante, porque é referência na 
organização social da sociedade em prol do bem comum. É que os homens se 
reuniam e decidiam o melhor para todos, assim como aborda Passos (2004, p. 32):
O surgimento da polis fez com que o centro da cidade passasse a ser a 
praça pública, a ágora. Nela aconteciam as discussões e era permitida 
a participação de todos os cidadãos, quais sejam: os homens adultos, 
excetuando-se os escravos e os estrangeiros. Nessa nova forma de 
organização social e política, a democracia, o logos, ou seja, a razão, a 
palavra e o discurso tornaram-se mais importantes do que a condição 
social e econômica do indivíduo. Isso porque se entendia que os 
assuntos públicos dependiam do poder de argumentação.
Outro autor importante a que podemos recorrer é Passos (2004), que em 
seu livro “Ética nas organizações”, discorre e elucida resumidamente sobre as 
principais doutrinas éticas, apresentando como principais filósofos:
● Sócrates (469-399 a. C.):
dedicou-se à busca da verdade, que deveria ser uma forma de juízo 
universal, capaz de dirigir a vida das pessoas, no plano pessoal e 
político”. Para Sócrates, “as questões morais não são puramente 
convenções influenciadas pelas circunstâncias, mas problemas que 
devem ser resolvidos à luz da razão”. (PASSOS, 2004, p. 32-33).
● Platão (427-347 a. C.): sua teoria ética relaciona-se com a política e a razão 
(prudência), sua maior contribuição foi vislumbrar a cidade perfeita guiada 
pelos princípios morais.
● Aristóteles (384-322 a. C): “O bem moral consistia em agir de forma equilibrada 
e sob a orientação da razão. O ‘meio-termo’, o ponto justo, levaria à felicidade, a 
uma vida ‘boa e bela’, não como privilégio individual e sim coletivo”. (PASSOS, 
2004, p. 35).
● Epicuro (341-270 a. C): teve sua filosofia dividida em três partes: canônica, física 
e ética; “uma vida feliz é impossível sem a sabedoria, a honestidade e a justiça, 
NOTA
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
20
e estas, por sua vez, são inseparáveis de uma vida feliz”. (CARBISIER apud 
PASSOS, 2004, p. 35).
● Zenão (324-263 a. C.): doutrina do estoicismo, que é uma ética, uma forma de 
viver em que a natureza consistia na orientação central, que significava viver 
conforme a virtude.
Vistos os principais nomes da filosofia da Idade Antiga, é interessante o 
seu estudo e sua contribuição à ética, na medida em que o pensamento filosófico, 
também como os costumes, se embebe de novas fontes, contudo sem perder o 
fio condutor em relação à sua reflexão quanto aos aspectos morais e às virtudes. 
Vamos para o próximo período, a Idade Média.
4.2 IDADE MÉDIA
A Idade Média é identificada muito fortemente pelo Renascimento, que 
foi considerado um movimento literário, artístico e filosófico que teve duração 
entre o fim do século XIV ao fim do século XVI. Suas características principais 
foram o humanismo, a renovação religiosa, a renovação das concepções políticas e 
o naturalismo (novo interesse pela investigação da natureza).
Nessa época, a situação política e social era mais complexa, por esse motivo 
não se podia pretender a mesma harmonia da polis. De acordo com Passos (2004, 
p. 37), “também por questões ideológicas houve o predomínio da teoria sobre a 
prática”, e o cristianismo tornou-se a religião oficial, o que influenciou as condutas 
morais.
As concepções filosóficas destacadas por Passos (2004), ou seja, os principais 
filósofos deste período, foram:
● Santo Agostinho (354-430): ‘compreender para crer, crer para compreender’. 
Para Agostinho, o dom divino era o único capaz de resgatar o homem de seus 
pecados. Nesse sentido, a ética estava ligada aos valores da moral cristã.
● Tomás de Aquino (1225-1274): a ética consiste em agir de acordo com a ordem 
natural, o homem tem livre-arbítrio e, orientado pela consciência, tem uma 
capacidade de captar, pela intuição, a ordem moral – ‘faz o bem e evita o mal’.
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
21
Na Idade Média, a ética tem sua base na moral cristã. Veremos mais detalhadamente 
esta questão e os dois grandes expoentes – Agostinho e Tomás de Aquino na próxima unidade.
De acordo com Passos (2004, p. 39), a Idade Média inaugura uma novidade 
na questão da moral:
ao deslocar o eixo fim último da vida humana, de um valor bom em 
si mesmo para um bem que está em Deus. Se, para as concepções 
anteriores, a felicidade era atingida no próprio ser, agora ele se encontra 
no plano transcendental, e atingi-la requer apreender o fim último que 
se encontra em Deus.
A ética na Idade Média, portanto, foi considerada a fase da era cristã, em que 
os desígnios morais do cristianismo tornavam-se os ditames do comportamento 
moral. Na Idade Média, portanto, o conceito de felicidade não pode ser atingido 
nem pela razão, nem pela filosofia, mas pela fé cristã.
4.3 IDADE MODERNA
Como estudamos a ética, na Idade Antiga, era explicada pela perspectiva 
da natureza. Vamos ainda estudar de modo mais demorado no Tópico 1 da 
Unidade 2, a perspectiva cristã da ética com Agostinho e Tomás de Aquino, em 
que tudo vinha da natureza ou de Deus. Na Idade Moderna essa perspectiva 
muda e traz o homem como responsável pelas suas ações.
Nesta perspectiva, nossa primeira dificuldade está na demarcação temporal 
daquilo que nomeamos de modernidade. Partindo de uma visão histórica, pautada 
numa lógica linear, podemos estabelecer as fronteiras temporais da modernidade do 
século XVI ao século XX, mas tendo presente que estas datações têm um significativo 
caráter de arbitrariedade em relação aos acontecimentos culturais, políticos, 
econômicos. Porém, se buscarmos estabelecer uma demarcação dos primórdios 
da modernidade a partir de ideias norteadoras, também encontraremos algumas 
dificuldades, na medida em que a modernidade assume prerrogativas medievais 
em sua constituição, perpassando o pensamento de filósofos e influenciando nossa 
forma de ser e estar no mundo até a contemporaneidade.
Portanto, tendo em vista os limites históricos e conceituais da modernidade, 
nosso esforço será o de destacar alguns pressupostos que consideramos 
fundamentais para a discussão das propostas éticas que se constituirão no 
desenvolvimento do mundo moderno.
DICAS
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
22
Um dos primeiros pressupostos é o clássico conceito de “antropocentrismo”. 
O homem assume a centralidade do cosmo, ou seja, através do desenvolvimento 
da razão assume a existência em suas próprias mãos (“Cogito, ergo sum” – “Penso, 
logo existo”, de René Descartes), e a explicar os fenômenos, dominar a natureza 
(Conhecer é poder, de Francis Bacon), a construir seu mundo segundo sua vontade 
e representação (Schopenhauer), afastando-se assim da perspectiva teocêntrica 
medieval que o submetia a uma perspectiva heterônoma diante de si, dos outros, 
do mundo. Portanto, o ser humano moderno passa a ser senhor de si, a afirmar em 
alto e bom tom “eu sou”, sou livre e igual aos outros homens por meio da razão, da 
capacidade de pensar, de refletir e intervir no mundo e modificá-lo, modificando-
se a si próprio.
Outro pressuposto decorrente dos princípios anteriormente expostos é 
a ideia de verdade presente na modernidade. A verdade já não é mais revelada 
pelo transcendente ao homem, mas o resultado do esforço racional subjetivo de 
representação que o ser humano realiza sobre o mundo, a partir das relações que 
estabelece em sociedade. Portanto, algo passa a ser verdadeiro na medida em que 
pode ser racionalmente objetivado e universalizado entre os seres humanos.
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
23
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
FIGURA 6 – IDADE MODERNA INDUSTRIAL
FONTE: Disponível em: <http://www.historiadomundo.com.br/
imagens/idademoderna_industrial1.gif>. Acesso em:15 dez. 2007.
A Imagem acima marca uma das maiores revoluções que a Modernidade trouxe: A 
Revolução Industrial. Aliada à técnica, fábricas se espalham na Europa primeiramente e depois 
no restante do mundo. O modelo fabril torna-se dominante. O trabalho assumiu função 
central. Produção, distribuição e consumo em larga escala. Ao mesmo tempo, impactos 
civilizacionais e ambientais sem precedentes. Ideais de progresso, felicidade e modernização 
fundamentam a perspectiva industrializante. O cenário acima denuncia essa irreversível 
transformação natural.
Os desenvolvimentos da ciência e da tecnologia marcam de forma 
significativa a modernidade. Com o desenvolvimento do método científico o 
homem moderno aguça seu olhar investigador, objetiva o mundo, as coisas, 
a natureza e a si próprio. A relação sujeito- objeto passa a ser determinante nas 
relações científicas do homem. Os avanços da ciência são materializados na 
tecnologia, que contribui significativamente para tornar a vida do homem menos 
rude e precária frente às forças inóspitas do mundo natural. O trabalho é outro 
dos pressupostos fundamentais da modernidade. No mundo antigo o trabalho era 
visto pelo cidadão grego como humilhação e, portanto, era atividade própria de 
escravos e estrangeiros. O ideal do cidadão era a atividade política nas ágoras 
públicas. No mundo medieval, o trabalho era apenas condição da subsistência, 
castigo infringido ao homem em função do pecado original. Na modernidade passa 
NOTA
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
24
a ser atividade criadora do mundo e do próprio homem. O trabalho é elevado à 
condição definidora da subjetividade, “sou aquilo que faço”. Mas também é pelo 
trabalho que o homem modifica a natureza e, ao modificá-la, modifica a si próprio, 
assumindo assim uma ação autocriadora.
A política também é um dos pressupostos definidores da modernidade. 
A modernidade estabelece a política como um mal necessário. Separa a ética da 
política (Maquiavel) na medida em que deixa claro que é inerente à ação política 
certo grau de imoralidade, em que está pressuposta a vontade de domínio e poder 
sobre os outros. Porém, a política é condição e garantia da vida em sociedade. 
Vamos aprofundar este tema da política na próxima unidade.
E, por último, a ideia de história ganha na Modernidade um sentido 
totalmente diferente que em outras épocas de nossa civilização. Para os gregos 
antigos, não havia a noção de história, uma vez que estavam submetidos ao eterno 
retorno do mesmo na dinâmica da physis.
Para o mundo medieval a ideia de história está presa à perspectiva 
teleológica de um início, pela obra da criação, e um fim necessário que é Deus. 
Para a Modernidade, a história é processo que teve início com o homem, o que lhe 
permite avaliar seu progresso, seus avanços ao longo de seu caminhar sobre a face 
da mãe-terra.
Assim, a Idade Moderna, que ocorreu entre os séculos XVI e XIX, difere 
das anteriores, porque passa a existir uma complexidade ainda maior referente 
aos aspectos econômico, político, social e espiritual, principalmente em virtude do 
capitalismo, desenvolvimento científico e estados centralizados.
Na Idade Moderna, a ética passa a ter uma perspectiva diferente, rompe 
com essa ideia suprema de felicidade e traz para a ação humana a responsabilidade 
de suas ações, e não como explicação divina e abstrata, assim como aprofunda 
Passos (2004, p. 40):
A ética que surge e vigora nesse período é de tendência antropocêntrica, 
em que o ser humano é o seu fim e fundamento, apesar de ainda 
consistir na ideia de um ser universal e possuidor de uma natureza 
instável. Assim mesmo, ele aparece como o centro de tudo: da ciência, 
da política, da arte e da moral.
Na verdade, o período da Idade Moderna é rico em teorias sobre a ética, 
mas segundo Passos (2004), o grande pensador a destacar é Kant.
Immanuel Kant foi um dos primeiros pensadores responsáveis por esse 
rompimento. De acordo com Guariglia e Vidiella (2011, p. 97), “Kant estabelece de 
maneira categórica a concepção do dever como o centro neurológico da moralidade 
e imprimindo assim a ética, ou seja, a ética torna-se o fim do ser humano, que é a 
felicidade (ideal de perfeição)”.
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
25
Immanuel Kant (1724-1804) – nasceu e morreu na Alemanha. Foi o grande 
responsável pela escola do criticismo e dentre a filosofia moderna e contemporânea.
Kant nos apresentou dois imperativos em que a ética pode ser 
compreendida: o hipotético e o categórico. No imperativo hipotético as condições 
são subordinadas. Dessa forma, a ética não se explica, porque as ações humanas 
são consequências de um interesse.
Já no imperativo categórico, em Kant, é o axioma básico para o 
comportamento moral, em que se pode explicar ética. Para Kant, a moralidade, 
o comportamento moral, vem da razão, vem do rigor do raciocínio, é uma lei 
inflexível, ou seja, as suas ações não são subordinadas a condições, são desprovidas 
de interesse, e, portanto, são de interesses gerais, podem tornar-se leis universais.
“Imperativo categórico, em analogia ao termo mandamento, indica a norma da 
razão”. (ABBAGNANO, 2007, p. 628).
Na Idade Moderna, então, se pode perceber que a razão ao cumprimento 
das leis, da moral, torna-se por efeito o dever do cidadão. Assim como destaca 
Passos (2004, p. 41):
Enquanto as doutrinas éticas anteriores tinham por objetivo atingir 
uma felicidade ou um bem, esta é uma moral da pura razão e do puro 
dever. A prática moral devia basear-se apenas nas orientações da razão, 
deixando totalmente de lado o mundo empírico. Assim, ele construiu 
uma moral desinteressada, desprovida de qualquer finalidade e de 
qualquer motivação, que não fosse o ‘cumprimento do dever pelo dever’, 
pois, para ele (Kant), a única coisa verdadeiramente boa seria, como 
dissemos, ‘uma boa vontade’, a disposição em seguir a lei moral em 
detrimento de vantagens que ela pudesse proporcionar ao indivíduo. 
Assim, a lei moral seria incondicional e absoluta.
Então, para Kant, a felicidade só seria possível se o dever se submetesse 
à moralidade. Dessa forma, a ética e a moral nesse tempo estão relacionadas ao 
cumprimento do dever.
NOTA
NOTA
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
26
4.4 IDADE CONTEMPORÂNEA
Chegamos à Idade Contemporânea. Este período é marcado pelo progresso 
científico e pela valorização do ser humano concreto. Essa época não busca a 
humanidade perfeita, ou seja, a ideia de cidade (polis) perfeita ou da suprema 
felicidade, nem tampouco a moral cristã dá conta de responder aos novos anseios.
É a época da igualdade e liberdade, marcada pelos direitos fundamentais, 
“não pela imposição ou obrigação, com códigos a serem estabelecidos”. (PASSOS, 
2004, p. 42). Destacam-se três grandes concepções: marxismo, pragmatismo e 
existencialismo, que brevemente podemos entender.
O marxismo se refere às ideias filosóficas, políticas e sociais elaboradas por 
Karl Marx e Friedrich Engels. O marxismo entende o homem como ser social e 
histórico e, também, aborda a questão da sociedade produtiva e as lutas de classes.
O pragmatismo é uma doutrina filosófica que adota a utilidade prática. O 
pragmatismo está ligado ao senso prático, em que a verdade está relacionada à 
utilidade.
O existencialismo tem como ponto de partida o ser humano. O indivíduo, 
pelas suas ações, sentimentos, então essa doutrina se preocupa com o ser humano 
em relação ao mundo.
Os principais pensadores destacados por Passos (2004) são:
● Karl Marx (1818-1883):
Entendia que o ser humano era ao mesmo tempo social e histórico, 
objetivo e subjetivo, capaz de criar e de interferir na realidade e 
transformá-la à sua medida. Nesse processo, ele não só contribuía a 
seu mundo concreto, como também à sua fundamentação valorativa. 
(PASSOS, 2004, p. 42).
● Friedrich Nietzsche (1844-1900): procurou estudar a origem dos valores 
e entender o porquê da valorização de uns atos e não de outros, ou seja, a 
dicotomia entre o bem e o mal.
● Charles Sanders Peirce(1854-1914): apresentou o pragmatismo como um 
método e não como teoria. A moral é algo quando o fim é bom; nesse sentido, 
quanto aos valores, são absolutos. “O que é bom ou mau é relativo, variando 
de situação para situação. Depende de sua utilidade para a atividade prática”. 
(PASSOS, 2004, p. 45).
● Habermas (1929): as argumentações morais servem para que os conflitos sejam 
desfeitos pelo consenso. O processo reflexivo, intersubjetivo, argumentativo, 
leva os participantes ao comum acordo.
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
27
Alguns desses pensadores voltarão a ser lembrados em nosso caderno. 
Fique atento.Até o próximo tópico, quando vamos falar do caminhar próximo 
entre ética e moral.
ÉTICA E MORAL
UMA REFLEXÃO SOBRE A ÉTICA E OS PADRÕES DE MORALIDADE 
OCIDENTAL
Israel Alexandria
1 A MORALIDADE ENQUANTO OBJETO DA ÉTICA
Gosto não se discute. Correntemente essa frase é utilizada quando se quer 
estabelecer a ideia de que gosto é algo radicalmente subjetivo e imutável. Ora, 
a imensa variedade de sujeitos com preferências e opiniões distintas entre si e o 
fato de um mesmo sujeito mudar de preferências e opiniões fazem prova de que a 
complexa estrutura psíquica humana é capaz de aprender e de modificar o que se 
aprendeu. SUBJETIVIDADE não combina com IMUTABILIDADE, logo a frase em 
questão é contraditória.
Diz-se também que PERSONALIDADE vem da natureza. Quando 
atribuímos à natureza a existência de alguma coisa, estamos simplesmente dizendo 
que esta coisa não foi criada pela cultura, nasce-se com ela. Não há necessidade de 
aprender o que é natural. O natural é inato. Essa coisa chamada personalidade 
é inerente à pessoa. Pessoa e personalidade vêm da mesma palavra: persona. 
Ninguém nasce pessoa. Ninguém se refere a um bebê como “aquela pessoa”, pois 
se sabe que personalidade tem a ver com um sistema mais ou menos definido de 
gostos, preferências que se vai adquirindo com o tempo.
Embora as preferências e as condições que formam a personalidade sejam 
tão subjetivas e mutáveis, há uma constante que não podemos desprezar. É o 
princípio do prazer. Todo ser dotado de sensibilidade tem a propensão natural 
de afastar o que lhe está associado à dor e buscar o que lhe é prazeroso. O gato 
morde o homem que lhe pisa a cauda e o vegetal cresce em direção ao sol. Para o 
gato é bom que não lhe pisem na cauda. Para a planta, é bom crescer em direção 
ao sol. O ser humano não foge a essa regra. O bebê humano é capaz de manifestar 
sua percepção de prazer e dor e essa capacidade não se perde com a idade. O que 
muda é a forma como se dá essa manifestação e o objeto do prazer ou o da dor que, 
por sua vez, dependem das circunstâncias. O que permanece imutável é o fato dos 
sujeitos estarem sempre buscando o que lhes parece bom, e afastando o que lhes 
parece mal. É sobre esses dois conceitos que trata a ética.
A ética é uma ciência comprometida com a busca aprofundada das relações 
entre o homem e os conceitos de bem e de mal. Trata-se de uma ciência da qual 
LEITURA COMPLEMENTAR
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
28
não podemos nos esquivar, pois o bem e o mal, o certo e o errado impregnam 
nossa conduta prática. Embora a maioria não pense no assunto, o comportamento 
humano é uma contínua resposta às questões éticas. É nesse ponto que nasce a 
distinção entre ética e moral.
O dicionarista e pensador Nicola Abbagnano (1901-1990) afirma que 
MORAL é “atinente à conduta” (1982: 652), enquanto a ÉTICA é “a ciência com 
vistas a dirigir e disciplinar a mesma conduta” (1982: 360). A moral seriam as regras 
práticas, e a ética, o fundamento teórico da moral. Diz-se moral aristotélica, moral 
kantiana para enfatizar os respectivos aspectos práticos; ética aristotélica, ética 
kantiana estariam mais relacionados aos seus aspectos teóricos. Alguns autores, 
entretanto, ressaltam que, embora haja uma infinidade de morais: moral cristã, 
moral judaica, moral platônica, moral kantiana etc., a ética seria uma só. É que, 
sendo esta uma ciência, trabalha apenas com conceitos universais. Basicamente, 
são três os modelos de moralidade: aristocrático, utilitarista e kantiano.
2 A MORAL ARISTOCRÁTICA
A moral aristocrática visa fazer com que o indivíduo se aproxime, cada vez 
mais, de um homem ideal e transcendente. Nesse sentido, são morais aristocráticas 
a moral judaica, baseada no modelo de homem de fé (Abraão), a moral cristã, no 
amor ao próximo (Jesus), a moral platônica, no ascetismo (filósofo-rei), a moral 
budista, na eliminação dos desejos (Buda). Mas, na maioria das vezes, esses modelos 
ideais são apenas descrições sem referências a nomes de personagens históricos. A 
moral aristocrática propõe que cada indivíduo seja dotado das virtudes adequadas 
(a palavra virtude vem de virtu, que significa força) para imitar o modelo ou um 
ideal de vida proposto. A felicidade plena é obtida quando o indivíduo realiza 
o ideal proposto. Quanto mais virtuoso for o indivíduo, maior o seu grau de 
felicidade.
Sócrates (470-399 a.C.) inventou o ideal cínico (palavra derivada de canino), 
cuja principal virtude é o desprezo às comodidades, às riquezas e às convenções 
sociais, enfim a tudo aquilo que afasta o homem da simplicidade natural de que 
dão exemplo os animais (no caso o cão). Cínico é aquele que vive o descaramento 
da vida canina. Relata-se que Sócrates caminhava nos mercados apenas para saber 
do que ele não precisava. Outros curiosos relatos envolvendo Diógenes, tais como 
o da “visita do imperador”, “a mão e a cuia”, “a lanterna” etc., indicam que este 
teria sido o maior cínico da história.
Platão (428-348 a.C.) propôs o ideal asceta. A prática da ascese consiste 
em viver na contemplação do mundo das ideias ao tempo que se afasta de tudo 
o que é corpóreo. “É evidente que o trabalho do filósofo consiste em se ocupar 
mais particularmente que os demais homens em afastar sua alma do contato com 
o corpo” (Platão: Fédon, 65, a). O sábio educa-se para a morte, ou seja, para o dia 
em que sua alma se separará definitivamente do corpo, migrando para o outro 
mundo.
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
29
FONTE: <http://www.espiritualismo.info/filosofias.html>.
Aristóteles (384-322 a.C.) definia o homem ideal como aquele que consegue 
pôr em prática tanto a sua animalidade natural como a sua sociabilidade natural, 
pois o homem é um animal social por natureza. "Mesmo quando não precisam 
da ajuda dos outros, os homens continuam desejando viver em sociedade." 
(Aristóteles. Política: III, 6). Reprimir a animalidade ou a sociabilidade distancia o 
homem da felicidade. Para encontrar um termo médio entre essas duas naturezas, 
o homem vale-se da razão.
Os estoicos são outro exemplo de moral aristocrática. No séc. IV a.C. 
Acredita-se que o nome estoico tenha sido inspirado no local onde Zenão de Cício 
(335-263 a.C.) ensinava: os pórticos (stoa, em grego). Costuma-se atribuir a razão 
do surgimento dessa doutrina ao fato da cidade de Atenas haver perdido sua 
independência para os macedônicos, prolongada depois pelo Império Romano. O 
estoicismo foi uma espécie de refúgio espiritual, uma via filosófica para se conseguir 
a independência em nível individual. Não obstante, o estoicismo atravessou 
séculos, sendo adotado pelos cristãos e até pelo imperador romano Marco Aurélio 
(121-180 d.C.). Segundo os estoicos, nenhum evento acontece por acaso (teoria 
da necessidade). Até mesmo o trajeto de uma folha que se desprende da árvore 
já foi milimetricamente traçado pelo Logos, princípio inteligente do cosmos. O 
ideal de sabedoria estoica é a completa apatia: indiferença-acomodação diante dos 
acontecimentos da vida, é o que revela Sêneca (4 a.C. 65 d.C.), um dos expoentes 
do estoicismo.
Toda a vida é uma escravidão. É preciso, pois, acostumar-se à sua condição, 
queixando-se o menos possível e não deixando escapar nenhuma das vantagens que 
ela possa oferecer: nenhum destino é tão insuportável que uma alma razoável não 
encontre qualquer coisa para consolo. Vê-se frequentementeum terreno diminuto 
prestar-se, graças ao talento do arquiteto, às mais diversas e incríveis aplicações, e 
um arranjo hábil torna habitável o menor canto. Para vencer os obstáculos, apela 
à razão: verás abrandar-se o que resistia, alargar-se o que era apertado e os fardos 
tornarem-se mais leves sobre os ombros que saberão suportá-los. (1973: 216)
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
30
Não se interprete indiferença por alienação: um sábio pode engajar-se na 
vida política até mesmo porque estava escrito. Nesse ponto, os povos muçulmanos 
parecem estar em franco acordo com a doutrina estoica, pois regularmente repetem 
a expressão maktub (estava escrito), particípio passado do verbo catab (escrever). 
A virtude do sábio é o controle absoluto de suas emoções. Segundo sua parenética 
(termo que diz respeito aos aconselhamentos práticos), quando as circunstâncias 
tornam impossível o controle das emoções, é aconselhável a prática do suicídio.
Epicuro de Samos (341-270 a.C.) criou o modelo de sábio epicurista: o 
homem que pratica plenamente a virtude da ataraxia (despreocupação; ausência 
de aborrecimentos, de dores ou medos). 
Nem a posse das riquezas nem a abundância das coisas nem a obtenção 
de cargos ou o poder produzem a felicidade e a bem-aventurança; produzem-
na a ausência de dores, a moderação nos afetos e a disposição de espírito que se 
mantenha nos limites impostos pela natureza.
FONTE: Disponível em: <http://a-educologia.blogspot.com.br/2012/10/a-
sabedoria-do-epicurismo-1.html>. Acesso em: 15 dez. 2007.
A ausência de perturbação e de dor são prazeres estáveis; por seu turno, o 
gozo e a alegria são prazeres de movimento, pela sua vivacidade. Quando dizemos, 
então, que o prazer é fim, não queremos referir-nos aos prazeres dos intemperantes 
ou aos produzidos pela sensualidade, como creem certos ignorantes, que se 
encontram em desacordo conosco ou não nos compreendem, mas ao prazer de nos 
acharmos livres de sofrimentos do corpo e de perturbações da alma. (Epicuro,1993: 
25).
Efetivamente, a ideia de que os epicuristas pregavam a volúpia do corpo 
é falsa. Eles praticavam uma espécie de otimismo profilático que se aproxima 
muito do famoso "jogo do contente" da personagem Poliana. Eram iconoclastas 
em relação aos mitos sobre morte, religião e política. Isolados em jardins afastados 
das agitações da vida citadina, cultivavam a amizade (a prática de viver em 
seletos círculos de amigos era considerada condição fundamental na vida do sábio 
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
31
epicurista). O modus vivendi de Epicuro e seus discípulos foi chamado de aurea 
mediocritas (mediocridade dourada) por Horácio.
3 A MORAL UTILITARISTA
A moral utilitarista caracteriza-se pela ausência do transcendente e de 
modelos a priori a serem imitados. Todas as ações devem ser medidas pelo bem 
maior para o maior número. Ao definir o utilitarismo, o filósofo irlandês Francis 
Hutcheson (1694-1746) assim se expressa: "a melhor ação é aquela que produz 
a maior felicidade ao maior número de pessoas." O utilitarismo é a moral dos 
números.
Nicolau Maquiavel (1469-1527), pensador italiano, tem sobre si a culpa de 
haver defendido que os fins justificam os meios, embora, segundo o Dicionário de 
Filosofia de Abbagnano (1962: 614), tal máxima tenha origem jesuíta. A injustiça 
que recai sobre Maquiavel vem da dificuldade que se tem de separar o mero 
descrever e o opinar. Ele tinha horror a governos de ocasiões, golpes sucessivos, 
casuísmos, enfim à política do dia a dia que tanto permeava a agitada vida nos 
bastidores políticos de Florença. Em O Príncipe ele faz uma descrição em forma 
de aconselhamento, com base em seus conhecimentos de história, da conduta do 
governante que pretende permanecer no poder por um tempo relativamente longo, 
mas chega mesmo a confessar que, para atingir tal permanência, o ideal seria que 
as coisas não ocorressem da forma como a história demonstrara. Não obstante, a 
tradição nos legou o termo maquiavélico como designativo de um modelo que 
se firmou como um dos marcantes exemplos de moral utilitarista: a que visa um 
maior número de dias no poder.
Thomas Hobbes (1588-1679), filósofo inglês, parte do princípio de que 
quanto menor for o número de invasões, mortes violentas e desapossamentos 
mútuos, mais feliz será a espécie humana. Esta condição só pode ser arranjada 
com a existência de um contrato social e de um Leviatã. Vamos explicar melhor: 
Para Hobbes, o homem é, naturalmente, o lobo do homem (homo homini lupus), 
ou seja, não é um ser naturalmente cordial e sociável, não está naturalmente 
aparelhado para sentir-se incomodado com a dor alheia quando sua sobrevivência 
está em jogo. "Se dois homens desejam a mesma coisa, ao mesmo tempo em que 
é impossível ela ser gozada por ambos, eles se tornam inimigos." (Hobbes, 1651: 
43). Relegados ao estado de natureza, os homens promovem uma guerra de todos 
contra todos (bellum omnium contra omnes), guerra inútil porque põe em risco 
a própria conservação humana. Os homens, portanto, perceberam e admitiram 
entre si a vantagem em cada um reprimir sua animalidade natural em prol de 
uma mútua convivência pacífica, bem mais útil, produtiva, confortável e segura. 
A civilização nasce desse contrato social. Essa nova situação, entretanto, só pode 
ser mantida com a existência de um Leviatã (monstro amedrontador e forte) que 
se expressa preferencialmente na figura de um rei, comandante autoritário e único 
que gera em todos o sentimento generalizado de medo da punição, garantindo 
assim a continuidade do Estado civil.
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
32
A base da moral utilitária de Hobbes sofreu inúmeras críticas, a principal 
partiu de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), filósofo suíço, que via na animalidade 
humana não lobos e sim cordeiros. Tais quais cordeiros livres, os homens, no 
estado de natureza, vivem em plena felicidade. Foi a civilização que fez com que 
muitos cordeiros se tornassem violentos e pensassem ser lobos. A soberania do 
Leviatã não é desejável porque, além de retirar do homem a sua liberdade natural, 
impossibilita a construção de uma liberdade civil, que só é possível quando a 
vontade geral é soberana. A conquista da liberdade civil estaria na reeducação 
por meio de leis "corderiais" que, metaforicamente, fizessem com que os cordeiros 
reconhecessem que são cordeiros.
FONTE: Disponível em: <http://informarepropagar.blogspot.com.
br/2013/02/lobo-em-pele-de-cordeiro-prefiro-viver.html>. Acesso em: 
15 dez. 2007.
Ainda a respeito da dicotomia lobo/cordeiro há outras observações curiosas. 
Para Frederich Nietzsche (1844-1900), filósofo alemão, a natureza produz homens-
lobos e homens-cordeiros e não podemos ignorar que lobos estão aparelhados 
para devorar cordeiros. Quando só restarem lobos, as forças naturais produzirão 
superlobos que devorarão antigos lobos numa progressão infinita de vidas cada vez 
mais fortes. A moral nietzschiana é a da exuberância da força e do vitalismo das 
potências naturais ou super-humanas. É uma moral que pretende ir além do bem e 
do mal (se é que isso é possível). Nietzsche afirma que dicotomia entre bem e mal 
não passa de invencionice resultante do ressentimento e da fraqueza dos cordeiros. 
"Toda moral é [...] uma espécie de tirania contra a 'natureza' e também contra a 
'razão'". (Nietzsche, 1886: 110).
Michel Foucault (1926-1984) diria que lobos e cordeiros habitam cada um 
de nós e ambos teriam desenvolvido estratégias de sobrevivência que tornariam 
extremamente complexa a luta entre os dois, uma complexidade tal que o cordeiro, 
em determinados momentos, poderia estar sob a condição de ataque. Nesse caso 
a questão moral só poderia ser definida dentro de um contexto muito específico, 
onde se levariam em conta os sujeitos envolvidos, suas estratégias, suas relações 
de poder... Foucault é o criador da microética.
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
33
4 A MORAL KANTIANA
A moral kantiana é a concebida por Immanuel Kant (1724-1804),filósofo 
prussiano. Sua intuição principal foi que o indivíduo deve estar livre para agir 
"não em virtude de qualquer outro motivo prático ou de qualquer vantagem 
futura, mas em virtude da ideia de dignidade de um ser racional que não obedece 
a outra lei senão àquela que ele mesmo simultaneamente se dá" (Kant, 1785: 16). 
A ação moral exige a autonomia do agente. Ser autônomo é obedecer a si mesmo 
ou ao que vem de dentro. É o inverso do heterônomo (o que obedece a ordem do 
outro, obedece ao que vem de fora). Não se pode falar em ética sem autonomia, 
pois a ação heterônoma (cuja vontade vem de fora) não é uma ação ética. A moral 
aristocrática e a utilitarista não são eticamente válidas porque dependem de algo 
exterior: a primeira, de ideais transcendentes e a segunda, de ideais imanentes.
Para realizar a autonomia, a ação moral deve obedecer apenas ao imperativo 
categórico: o bom senso interior que todos nós temos de perceber que não somos 
instrumentos e sim agentes. Nunca instrumentalizar o homem é a exigência maior 
do imperativo categórico. Kant fornece uma regra para saber se uma decisão nossa 
obedece ou não ao imperativo categórico: indague a si mesmo se a razão que te 
faz agir de determinada maneira pode ser convertida em lei universal, válida para 
todos os homens. Se não puder, esta tua ação não é digna de um ser racional, 
não é eticamente boa porque te falta a autonomia, estás agindo premido por 
circunstâncias exteriores a ti. O bem ético é um bem em si mesmo.
Ao realçar a exigência da autonomia da ação moral, Kant desperta a 
questão da liberdade ética. O conceito de liberdade ética parte da distinção 
entre ação reflexa e ação deliberada. A ação deliberada é aquela que resulta de 
uma decisão, de uma escolha, é o mesmo que ação autônoma. A ação reflexa é 
"instintiva", independe da vontade do agente. Apenas as ações deliberadas podem 
ser analisadas sob o ponto de vista ético. Voltemos ao exemplo do gato que morde 
o homem que lhe pisou a cauda. O gato tentou afastar o que lhe era um mal, mas 
não podemos dizer que ele escolheu morder o homem. Logo, não se pode dizer 
que o gato agiu de forma imoral ou antiética. A questão da liberdade ética pode 
ser assim resumida: Levando-se em conta que somos animais e ocasionalmente 
agimos de forma reflexa, em que condições nossa ação pode ser considerada uma 
ação deliberada?
Henri Bergson (1859-1941) e Jean-Paul Sartre (1905-1980) respondem a 
essa pergunta de forma radical: O livre-arbítrio é a qualidade que melhor define 
o homem. A própria condição humana exige que todo ato humano seja um ato de 
escolha, seja uma ação deliberada. O homem está condenado à liberdade porque 
nunca pode decidir não escolher. Diante da consciência de que nos vemos forçados 
a realizar algo por imposição exterior, passamos a ter liberdade de escolher entre 
entregar-se à ação ou ir de encontro a ela.
FONTE: ALEXANDRIA, Israel. Ética e moral: uma reflexão sobre a ética e os padrões de 
moralidade ocidental. 2001. Disponível em: <http://ialexandria.sites.uol.com.br/textos/israel_
textos/etica_e_moral.htm>. Acesso em: 20 set. 2011.
37
TÓPICO 2
A ÉTICA E A MORAL CAMINHAM JUNTAS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a)! Nesse tópico apresentaremos, em linhas gerais, 
quando há a diferença entre ética e moral que, muitas vezes, causa confusão entre 
as pessoas. Apresentaremos também a gênese da consciência moral, tão importante 
para o desenvolvimento humano.
2 EXISTEM DIFERENÇAS?
Com relação à ética e à moral, podemos afirmar que a ética estuda e 
investiga o comportamento moral dos seres humanos. E esta moral é constituída 
pelos diferentes modos de viver e agir dos homens em sociedade, que é formada 
por suas diretrizes morais da vida cotidiana, transformando-se no decorrer dos 
tempos.
Nesta perspectiva, apresentamos as suas principais diferenças, a seguir:
QUADRO 3 – DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL
ÉTICA MORAL
• É a ciência que estuda a moral.
• É a reflexão sistemática sobre o 
comportamento moral.
• É a parte da filosofia que trata da 
reflexão dos princípios universais da 
humanidade.
• São os valores humanos universais e 
fundamentais.
• É a teoria do comportamento moral.
• É a compreensão subjetiva do ato 
moral.
• É o modo de viver e agir de cada 
povo, em cada cultura.
• É o conjunto de normas, prescrições 
e valores reguladores da ação 
cotidiana.
• Varia no tempo e no espaço.
• São os valores concernentes ao bem e 
ao mal, permitindo ou proibindo.
• Conjunto de normas e regras 
reguladoras da relação entre os 
homens de uma determinada 
comunidade.
• Nasce da necessidade de ajudar cada 
membro aos interesses coletivos do 
grupo.
FONTE: Tomelin e Tomelin (2002, p. 89-90)
38
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
Hoje em dia, o avanço na compreensão e vivência dos direitos humanos 
confirma que as diferenças são essenciais para uma sociedade que prima pela 
justiça, pela equidade. Cabe ao ser humano, constantemente, decidir pela verdade 
que se lhe impõe no cotidiano da sua existência. Vivemos continuamente tomando 
decisões que se nos apresentam justamente porque não vivemos sozinhos. A ética 
e a moral estão aí para nos auxiliar nessas decisões. 
Vázquez (2003, p. 15), no princípio de seu livro “Ética”, propõe diversas 
questões práticas para a decisão do ser humano, tais como: “Devemos sempre dizer 
a verdade ou há ocasiões em que devo mentir? Com respeito aos crimes cometidos 
na Segunda Guerra Mundial, os soldados que os executaram, cumprindo ordens 
militares, podem ser moralmente condenados?”
O que o autor quer alertar é que todos esses problemas são práticos e reais 
e se apresentam nas relações afetivas dos seres humanos. As decisões práticas 
humanas podem afetar um pequeno ou um grande grupo.
Em várias das situações que se apresentam ao ser humano, o que está em 
jogo são os problemas morais que ele deve decidir. Os valores e as normas que 
são reconhecidos numa sociedade como os mais corretos, são os juízos que se 
formulam diante das ações humanas. Os problemas éticos se diferenciam, como 
elucida Vázquez (2003, p. 17):
À diferença dos problemas prático-morais, os éticos são caracterizados 
pela sua generalidade. Se na vida real um indivíduo concreto enfrenta 
uma determinada situação, deverá resolver por si mesmo, com a ajuda 
de uma norma que reconhece e aceita internamente, o problema de 
como agir de maneira que a sua ação possa ser boa, isto é, moralmente 
valiosa. Será inútil recorrer à ética com a esperança de encontrar nela 
uma norma de ação para cada situação concreta.
Daí surgem, então, os problemas morais e éticos a respeito da legalidade 
também, porque o ideal é que nossas ações sejam éticas, morais e legais. Mas é 
possível agirmos de forma moral, mas ilegal? Por exemplo, se estamos num 
grande centro, às 4 horas da manhã, dirigindo um carro, o sinal fica vermelho, 
você respeita e para, ou, de forma consciente, verificando se é possível avançar, 
você avança o sinal. Você se vê no dilema interessante: ou respeita a lei e para, ou 
se previne de um suposto assalto e avança o sinal.
Mesmo que você considere a atitude avançar o sinal moral, porque é 
melhor pagar uma multa do que ser assaltado, ainda assim ela não é legal. O 
ideal é que seja legal, ético e moral.
O exemplo dado é de referência a uma decisão pessoal e que pode gerar 
consequências, uma multa de trânsito, portanto essa ação é bem particular e de 
consequência particular.
TÓPICO 2 | A ÉTICA E A MORAL CAMINHAM JUNTAS
39
FIGURA 7 – MORAL E ÉTICA
FONTE: Adaptado de: Tomelin e Tomelin (2002, p. 89-90)
Assim, podemos expor que a moral vem se constituindo historicamente, 
mudando no decorrer da própria evolução do homem em sociedade. Em que 
seus hábitos e costumes são constituídos por esta relação social, em que a essência 
humana é pautada por estes princípios morais. E estes, por sua vez, constituem o 
ser social que somos. E a ética nesta questão chega para simplesmente regular e 
analisar estes preceitos morais.
A éticaé precursora da TRANSFORMAÇÃO SOCIAL dos diversos 
sistemas ou estruturas sociais. Sistemas estes que imprimiam suas mudanças 
sociais, tais como:
• Capitalismo.
• Socialismo.
Então, podemos dizer que quando é constituída uma nova estrutura social, 
a ética, os vilões e princípios morais são modificados para constituir assim esta 
nova concepção de sociedade. Em outros termos, o sistema de valores morais se 
transforma no processo de constituição de um novo padrão sócio-histórico.
Mas, nos diversos processos e projetos de transformações sociais devem 
permear os valores da solidariedade, igualdade e fraternidade, para assim poder 
constituir uma sociedade mais justa e democrática.
Quando nos remetemos a apontar a crise da ética na contemporaneidade, nos 
desafiamos a apresentar os fundamentos epistemológicos nos quais se fundamenta 
esta perspectiva de análise. Afinal, o caminho seguro seria atribuir as mais diversas 
situações a uma genérica e obscura crise da ética, desresponsabilizando-nos de 
defini-la e situá-la adequadamente no contexto civilizatório ocidental.
40
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
Uma das possibilidades de nos apercebermos que estamos envoltos numa 
crise é quando temos dificuldade de definir adequadamente situações existenciais. 
Quando nossas referências a partir das quais nos posicionamos diante do mundo, 
da vida, das pessoas em nosso entorno não nos fornecem mais explicações 
adequadas, ou minimamente satisfatórias.
Esta dificuldade de reconhecer e estabelecer referenciais atinge todas as 
dimensões de nossa vida, perpassando necessariamente o discurso (o logos), as 
palavras, os conceitos através dos quais expressamos em ideias o mundo construído 
por nossas representações.
Caro(a) acadêmico(a)! É um erro muito comum que normalmente as pessoas 
confundam os conceitos de ética e moral e sua especificidade. Ainda que estejam ligadas ao 
mesmo campo, como estamos vendo nesse texto, elas têm atribuições diferenciadas. Portanto, 
sempre que você for emitir um juízo de valor sobre determinado assunto, tenha em mente a 
maneira correta de expressar. Lembre-se: a moral está ligada ao campo das normas e leis; a 
ética é a reflexão sobre essas normas e leis, como o texto aponta.
Nesta perspectiva, nos damos conta da crise da ética quando constatamos 
que o conceito de ética de que as pessoas fazem uso cotidianamente é caracterizado 
pela ambiguidade, pela confusão conceitual em relação à moral. Tornou-se lugar 
comum as pessoas se referirem à ética como sinônimo de moral, ou achar que 
moral é a mesma coisa que ética, ou seja, duas palavras que podem ser utilizadas 
para “avaliar e julgar” comportamentos, formas de agir e ser das pessoas. Neste 
caudal indiscernível, a ética pode ser utilizada para tudo, mesmo que se tenha o 
sentimento de que não resolve nada, ou muito pouco pode fazer.
FIGURA 8 – ÉTICA, MORAL E CARÁTER
FONTE: Disponível em: <http://padrescasadosceara.blogspot.com.
br/2012/11/blog-post.html>. Acesso em: 27 maio 2013.
ATENCAO
TÓPICO 2 | A ÉTICA E A MORAL CAMINHAM JUNTAS
41
Esta dificuldade de definir a ética pode ser explicada primariamente 
(outras variáveis explicativas são possíveis) através da própria etimologia das 
palavras. A origem da palavra ética vem do grego “ethos”, que quer dizer o modo 
de ser, caráter, ou abrigo, a morada de animais. Abrigo, morada, tem relação com 
a proteção da vida. Portanto, a ética relaciona-se com as manifestações da vida 
humana, da forma como os seres humanos se relacionam com o mundo, com a 
natureza e consigo mesmos na manutenção da vida. Por sua vez, os romanos 
traduziram o “ethos” grego para o latim “mos” (ou no plural “mores”), que quer 
dizer costume, de onde vem a palavra moral. Portanto, há uma nítida distinção 
entre os dois conceitos. A moral é definida como o conjunto de normas, princípios, 
preceitos, costumes, valores que advêm de uma tradição, de uma determinada 
cultura e que norteiam o comportamento do indivíduo no seu grupo social.
A moral caracteriza-se por especificidades culturais e apresenta-se de 
forma normativa, ou seja, estabelece normas de conduta que orientam as ações 
cotidianas. Desta forma, a moral tem incidência direta no âmbito da vida privada, 
ou seja, é norteadora dos comportamentos individuais, da forma como as pessoas 
agem cotidianamente diante das mais variadas situações.
A ética é definida como a teoria, o conhecimento, ou a capacidade racional 
de discernimento em relação aos comportamentos morais. Busca explicar, 
compreender, justificar e criticar a moral, ou as morais de uma sociedade. Nesta 
perspectiva, a ética tem incidência no âmbito da vida pública, como reflexão em 
torno das questões morais que envolvem a vida em sociedade. Portanto, a ética 
assume uma dimensão ontológica imprescindível, na medida em que somos 
convidados a pensar a nossa forma de ser e estar no mundo, a qualidade de nossas 
relações conosco mesmos e com os outros seres humanos. Pela sua dimensão 
ontológica, a ética diz respeito à esfera política do ser humano, na medida em 
que nos remete a pensar o bem comum, o bem viver, a vida em sociedade como 
condição da felicidade individual e social.
3 PROBLEMAS MORAIS E ÉTICOS
Com relação aos problemas éticos e morais do comportamento humano, 
observamos que a ética não é facilmente explicável, ao sermos indagados, mas 
todos nós sabemos o que é, pois está diretamente relacionada aos nossos costumes 
e às ações em sociedade, ou seja, ao nosso comportamento, ao nosso modo de vida 
e de convivência com os outros integrantes da sociedade.
Observa-se que todos nós possuímos princípios e valores que foram e são 
constituídos por nossa sociedade. E com relação a estes valores, cada um de nós 
possui uma visão do que é certo e errado, do que é o bem e o mal. 
Contudo, esta consciência moral é determinada por um consenso coletivo 
e social, ou seja, o conjunto da sociedade é que formula e compõe as normas de 
42
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
conduta que o regem. Como exemplo, temos a nossa Constituição Federal e outras 
regras e normas da sociedade.
Caro(a) acadêmico(a)! Para aprofundar os seus conteúdos sobre os princípios e 
valores, sugerimos a leitura dos artigos 1º, 3º e 5º da Constituição da República Federativa do 
Brasil, promulgada em 1988. Eles estão disponíveis no seguinte site: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>.
Didaticamente, segundo Valls (2003, p. 8),
 
costuma-se separar os problemas teóricos da ética em dois campos: 
num, os problemas gerais e fundamentais (como liberdade, consciência, 
bem, valor, lei e outros); e no segundo os problemas específicos, de 
aplicação concreta, como os problemas da ética profissional, de ética 
política, de ética sexual, de ética matrimonial, de bioética etc. 
FIGURA 9 – O BEM E O MAL
FONTE: Disponível em: <www.dialogosuniverstarios.com.br>. 
Acesso em: 25 fev. 2009.
Contudo, como saber: o que é certo e errado, se estamos fazendo o bem ou o 
mal? Olhe atentamente para a imagem acima e reflita o que ela representa para você.
IMPORTANT
E
UNI
TÓPICO 2 | A ÉTICA E A MORAL CAMINHAM JUNTAS
43
Finalizando este item, podemos observar que
os problemas éticos se distinguem da moral pela sua característica 
genérica, enquanto que a moral se caracteriza pelos problemas da 
vida cotidiana. O que há de comum entre elas é fazer o homem pensar 
sobre a responsabilidade das consequências de suas ações. A ética faz 
pensar sobre as consequências universais, sempre priorizando a vida 
presente e futura, local e global. A moral faz pensar as consequências 
grupais, adverte para normas culturalmente formuladas ou pode estar 
fundamentada num princípio ético. A ética pode, desta forma, pautar o 
comportamento moral. (TOMELIN; TOMELIN, 2002, p. 90).
4 CONDUTA MORAL: O BEM E O MAL, O CERTO E O 
ERRADO
Com relação ao comportamento moral dos homens, chegamos numa 
encruzilhada que é a nossa própria consciência moral, pois como saber o que 
devemos fazer? O que é certo

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