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Resumo de Direito Constitucional

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RESUMO CONSTITUCIONAL – AULA 00
- Para Canotilho, Constitucionalismo é a teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-social de uma comunidade.
- Características do Dir. Constitucional: ramo interno do direito público; caráter supremo e vinculante das normas const.; caráter aberto da Constituição (acompanha as mudanças de interpretação/constante mutação); garantia imanente (é auto executável).
- Constitucionalismo Moderno está atrelado ao liberalismo econômico oriundos das constituições liberais e ao final do período a const. sociais (final do século XVIII até a segunda metade do séc. XX). Este período traduz que há um alçamento do indivíduo a protagonista do sistema político-jurídico e atribui ao Estado um papel secundário de repressão aos abusos e defesa das garantias, tornando imprópria sua participação em assuntos de ordem econômica ou social. 
Exemplos de Const. liberais: Constituição dos EUA e Const. Francesa (surge a 1ª geração de direitos fundamentais); exemplos de const. sociais no final do período: Constituição do México e Const. de Weimar (surge a 2ª geração de direitos fundamentais) 
- Constitucionalismo Contemporâneo (neoconstitucionalismo) – surge após a 2ª guerra mundial. É nessa fase que surge a 3ª geração de direitos fundamentais (ex.: proteção à dignidade da pessoa humana; direitos coletivos e difusos). 
Neoconstitucionalismo é considerado a BASE DO ATIVISMO JUDICIAL, pois visa transcender as regras jurídicas a fim de equiparar a dignidade da pessoa humana. O neoconstitucionalismo busca uma reaproximação entre o direito e a moral.
- Bernardo Gonçalves define tranconstitucionalismo “como o entrelaçamento de ordens jurídicas diversas (estatais, transnacionais, internacionais e até mesmo supranacionais) em torno dos mesmos problemas de natureza constitucional”.
- O poder constituinte originário tem por intento criar a Constituição, sendo papel do poder constituinte derivado reformar/revisar a Constituição (Poder Constituinte Derivado Reformador e Revisor), bem como delinear e organizar os Estados - corolário do federalismo!-, a partir da criação das Constituições Estaduais (Poder Constituinte Derivado Decorrente ou Institucionalizador)
Características do Poder Constituinte Originário:
· Ilimitado (poder político; extrajurídico – STF entende que esse poder é absolutamente ilimitado (sem restrição), adotando a corrente dos juspositivistas.
Obs.: doutrina adota o jusnaturalista (é relativamente ilimitado, pois não pode afrontar direitos humanos, por exemplo)
· Poder Inicial (rompe com a ordem jurídica precedente – não há direito adquirido em face de Nova Constituição, pois ocorre a revogação completa da const. anterior)
· Insubordinado, permanente, incondicionado (não depende de autorização), autônomo, indivisível.
Obs.: questão: O Poder Constituinte Originário constitui-se como um poder inicial que instaura uma nova ordem jurídica, mas que apesar de ser ilimitada juridicamente, encontra limites nos valores que informam a sociedade.
Obs²: não há controle de constitucionalidade para normas const. originárias.
Características do Poder Constituinte Derivado (aquele que atualiza a CF ou cria a CE): - pode ser reformador; revisor; decorrente ou institucionalizador; difuso
· Limitado; Secundário; Subordinado; Dependente
Obs.: não existe poder originário nas Constituições Estaduais.
-> Poder Constituinte Derivado Reformador (é o que atualiza a CF por emendas – procedimento mais complexo)
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta (PEC): 
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados (pelo menos 171 deputados) ou do Senado Federal (pelo menos 27 senadores);
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas (pelo menos 14) das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
- obs: Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) pode realizar “controle preventivo” de constitucionalidade.
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional (processo bicameral – analisada em cada casa separadamente), em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos (3/5) dos votos dos respectivos membros. 
((obs.: 3/5 (60%) é maior que maioria absoluta (51%)))
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem ((na promulgação torna-se Emenda à Constituição))
Obs.: a exigibilidade da EC somente ocorre na publicação (em regra não existe “vacatio constitucionais”)
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: (CLÁSULAS PÉTREAS – não são imutáveis, mas não podem serem abolidas) 
I - a forma federativa de Estado; (todos os princípios federativos: organização descentralizada do Estado; const. rígida; vedação a secessão – nenhum estado pode se desligar do brasil; guardião da CF – STF; órgão que representa os estados – Senado)
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; (exceção voto indireto – art. 81 CF: cargos de pres. e vice ficarem vagos nos 2 últimos anos do mandado; faz-se eleição indireta ocorrendo após 30 dias da vacância do último cargo)
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais. (STF entende que a educação – direito social – é clausula pétrea)
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. Princípio da irrepetibilidade ((não existe exceção – somente há exceção para projeto de lei – art. 67)
Obs.: Substitutivos (regimento interno permite analisar um assunto, mas não é a PEC original) são permitidos analisar na mesma sessão legislativa.
- Possível PEC paralela (casas divergem sobre um assunto “x”, porém há concordância no resto, daí o assunto controverso é desmembrado da PEC original, sendo analisada paralelamente)
- obs.: Poder judiciário, em regra, não pode fazer controle preventivo de constitucionalidade. Porém, se for provocado por MS pode realizar controle da PEC (e não da Emenda)
- Limitações ao Poder de Reforma da Constituição:
* Expressa: art. 60, §4º, da CF (não pode abolir as cláusulas pétreas).
* Implícita: 
I. titularidade do Poder Constituinte (povo); 
II. Exercício do Poder Constituinte; 
III. Artigo 60 da CF (processo legislativo das emendas a const.)
* Limitação circunstancial (atípica) – CF não sofre emenda na vigência de Estado de Sítio, Estado de Defesa e Intervenção Federal; 
* Limitação Formal (processual) – 
a) legitimidade para instaurar; 
b) quórum de votação; 
c) quando uma PEC restar prejudicada ou rejeitada e for proposta numa mesma sessão legislativa (não é permitido)
* Limitação Temporal – não mais existe na atual CF (foi uma única vez – art. 3º ADCT – revisão após 5 anos da promulgação da Const., pelo voto da maioria absoluta dos membros do CN, em sessão unicameral)
· Poder Constituinte Derivado Revisor – art. 3º ADCT (já ocorreu – possui um procedimento mais simplificado – processo unicameral; maioria absoluta; 1 turno de votação no CN; limite temporal de 5 anos;) OBS.: Nova revisão é inconstitucional. CE não pode ter poder derivado revisor.
· Poder Constituinte Derivado Decorrente ou Institucionalizador (cria uma nova CE)
- Normas da CF que estão obrigatoriamente na CE. 
- Processo de criação da CE – STF fala que houve um silêncio eloquente: assim, deve respeitar a CF (2 turnos e quórum de 3/5)
- obs.: Município se organiza por Lei Orgância (LO) (2 turnos e 2/3 de quórum) e não tem poder derivado decorrente. 
Ocorre que a LO do DF possui “status de constituição”, assim uma lei distrital que contrarie a LO do DF estará sujeita a inconstitucionalidade. Diferentemente de uma lei municipal que contraria LO de município, poisneste caso ocorre somente ilegalidade. 
· Poder Constituinte Derivado Difuso ou “Mutação Constitucional” (Pedro Lenza: mudança na interpretação do texto constitucional sem alterar a redação da Constituição)
** Aplicabilidade de uma nova Constituição:
- Segundo STF é adotado no Brasil a Teoria da Revogação (tácita) da constituição pretérita, ou seja, quando surge uma nova Const. não se aproveita em nada a const. anterior. Isso traz segurança jurídica. 
Ocorre que havendo menção EXPRESSA na nova constituição, poderá ocorrer a Teoria da Recepção ou Derrogação (normas da const. revogada permanecem com mesma hierarquia na nova const.); Teoria da Desconstitucionalização (quando houver um assunto “x” que a nova const. nada menciona, este assunto continua vigorando, mas com status de lei infraconstitucional); Teoria da Repristinação (devolver ao ordenamento norma const. já revogada, em razão de ter sido revogado também aquela utilizada para revogar a 1ª).
Obs.: no Brasil é adotado tacitamente o efeito repristinatório (que não se confunde com a teoria da repristinação)
- Constituição Nova x Leis Infraconstitucionais Pretéritas: 
1º: se as leis infraconst. forem materialmente compatíveis com a nova const. ocorrerá Receptação Tácita; 
2º: se forem materialmente incompatíveis, ocorre a Revogação Tácita. 
Portanto, o Brasil NÃO adota a Teoria da Inconstitucionalidade Superveniente, ou seja, não é possível ADI de normas anteriores à nova constituição.
- obs.: a incompatibilidade formal superveniente não impede a recepção da lei anterior. 
- Constituição Nova x Negócios Jurídicos Pretéritos: 
STF entende pela Teoria da Retroatividade Mínima, haja vista a maior segurança jurídica. Assim, surgindo uma nova constituição, ela não irá alterar os negócios jurídicos já consumados (vencidos), sendo somente aplicadas para os negócios jurídicos que ainda irão vencer (futuros), tais como parcelas a serem recalculadas de acordo com a nova const.
Em outras palavras, não há direito adquirido em face de nova constituição. 
- Obs.: Doutrina majoritária entende que não há hierarquia entre normas constitucionais originárias e derivadas. Na ADI 815, STF defende que a tese de hierarquia entre as normas constitucionais originárias é incompatível com o sistema de Constituição Rígida.
· Controle de Convencialidade das leis: é a compatibilização da produção normativa doméstica com os tratados de direitos humanos ratificados pelo governo e em vigor no país. 
- obs.: STF – impossibilidade de tratados internacionais versarem sobre matéria reservada constitucionalmente à lei complementar.
-> O artigo 1º da CF estabelece os fundamentos da República Federativa Brasileira, quais sejam: soberania, cidadania, dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e pluralismo político. (SO CI DI VA PLU)
-> Como objetivos fundamentais, estabelece o texto no seu artigo 3º que a República Brasileira busca: construir uma sociedade livre, justa e solidária, garantir o desenvolvimento nacional, erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais e promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. (REGRA DO VERBO – construir; garantir; erradicar; reduzir; promover)
->Os princípios que regem o Brasil nas relações de natureza internacional, constantes no art. 4º, são: independência nacional, prevalência dos direitos humanos, autodeterminação dos povos, não-intervenção, igualdade entre os Estados, defesa da paz, solução pacífica dos conflitos, repúdio ao terrorismo e ao racismo, cooperação entre os povos para o progresso da humanidade e concessão de asilo político.
-> Forma de estado remete ao modo como o poder político está territorialmente dividido; O Estado poderá ser unitário se existir apenas um centro político de onde emanam as decisões ou federado se existirem diversos centros autônomos dessas mesmas decisões (quando o poder está territorialmente descentralizado). Se o Estado mantém uma centralização política, mas permite a existência de regiões administrativas (províncias) com alguma autonomia, denomina-se Estado regional. Por fim, se a soberania estiver presente em variados entes políticos, que por essa razão necessitam da celebração de um tratado internacional para a manutenção de sua unidade política, estamos diante de uma Confederação.
- O Federalismo Brasileiro é cooperativo.
-> Forma de governo: República (temporariedade, eletividade e responsabilidade) ou Monarquia (vitalício, hereditário e irresponsabilidade). 
-> O Sistema ou regime de governo revela o relacionamento entre os Poderes Legislativo e Executivo em um sistema político. No presidencialismo há uma maior independência entre esses poderes (Legislativo e Executivo) o que não ocorre no parlamentarismo, onde a exigência de colaboração e sintonia entre os poderes demonstra ser mais necessária. No Presidencialismo, há uma fusão entre as funções de chefia de governo e de Estado. Como chefe de Estado, o presidente representa o país soberano nas relações internacionais, mormente na formalização de tratados e acordos de cooperação com outros Estados soberanos e organismos internacionais. Na chefia de Governo, o presidente administra os assuntos inerentes à política interna do País, determinando a política de atuação governamental e organizando a Administração Pública em âmbito federal.
 Na CONCEPÇÃO SOCIOLÓGICA de Lassale, a constituição corresponderia à soma de todos os “fatores reais de poder” que regem uma sociedade, devendo ser verificado pelo cientista os padrões sociopolíticos realmente vigentes; A constituição escrita seria um documento que corresponderia, em suas palavras, a apenas uma “folha de papel”, dependendo dos influxos da constituição real para efetivamente regular uma comunidade; Para Lassale, coexistem em um Estado duas Constituições: uma real, efetiva, correspondente à soma dos fatores reais de poder que regem este país; e outra, escrita, que consistiria apenas numa “folha de papel”. 
 Na CONCEPÇÃO JURÍDICA de Constituição (Kelsen), a constituição em Sentido lógico-jurídico é caracterizada pela norma hipotética fundamental simplesmente imaginada e pressuposta pelo ordenamento. No Sentido jurídico-positivo, a norma constitucional é a vigente em um ordenamento jurídico (norma positiva).
 Na CONCEPÇÃO POLÍTICA de Carl Schmitt, constituição é a vontade política que a antecede. A constituição seria fruto da vontade do povo, titular do poder constituinte; por isso mesmo é que essa teoria é considerada DECIONISTA ou VOLUNTARISTA
Ele afirma que a realidade constitucional está contida apenas na “decisão política fundamental” que inaugura e dá contornos a um novo regime estatal. Diferença entre Constituição (material – decisão política) e leis constitucionais (formal – outro assunto não relacionado a decisão política que consta no documento). A partir do conceito de Schmitt surge 2 sentidos: sentido material (const. organiza o estado em todos os seus assuntos fundamentais e estruturais, pouco importando a forma que foi inserido); sentido formal (existência de documento escrito, sendo o assunto desimportante. 
- obs.: nacionalidade é uma norma materialmente constitucional (assim como direitos e garantias individuais, separação dos poderes; decisão política, etc.).
 Sentido pós positivista (pós Kelsen): Constituição é a lei suprema do Estado; é o fundamento de validade do ordenamento jurídico, mas não é apenas norma jurídica (deve apresentar correspondência com a realidade)
 Para a CONCEPÇÃO CULTURALISTA, a Constituição é um conjunto de normas jurídicas fundamentais, condicionadas pela cultura total (constituição total), e ao mesmo tempo condicionantes desta, emanadas da vontade existencial da unidade política, e reguladoras da existência, estrutura e fins do Estado e do modo de exercício e limites do poder político”. Expoente MICHELE AINIS
 Na CONCEPÇÃO NORMATIVA (Força Normativa) da Constituição, formulada por Konrad Hesse, a Const.visa encontrar um modo de compatibilização entre a norma e a realidade em que se encontra inserida (a constituição é deontológica em oposição a visão de Lassalle); 
Resposta à concepção sociológica de Lassale. A constituição escrita, por ter um elemento normativo, pode ordenar e conformar a realidade política e social, ou seja, é o resultado da realidade, mas também interage com esta, modificando-a, estando aí situada a força normativa da Constituição. 
 Concepção aberta (Peter Haberle) – pode ser interpretada por qualquer do povo, não só pelos juristas.
 Concepção pluralista (Gustavo Zagrebelsky) – princípios universais.
- Constituições:
- Quanto à origem as constituições podem ser outorgadas (imposição), promulgadas (fruto da Assembleia Nacional Constituinte, formado por representantes do povo), pactuadas (pacto entre Rei e o Poder Legislativo) e cesaristas (elaborada por uma pessoa ou grupo de pessoas e submetida a consulta popular).
- Quanto à forma as constituições podem ser escritas (material ou formal) e não escritas (somente pode ser material).
- Quanto ao modo de elaboração as constituições podem ser históricas (base nos costumes, leis esparsas, jurisprudência) ou dogmáticas;
- Quanto à extensão as constituições podem ser sintéticas (poucos assuntos; somente os fundamentais) ou analíticas (prolixa- vários assuntos);
- Quanto ao conteúdo as constituições podem ser formais ou materiais;
- Quanto à estabilidade as constituições podem ser rígidas, flexíveis, semirrígidas, fixas e imutáveis; 
imutável – não admite modificação ao seu texto – ex. dogmas religiosos; 
rígida – processo de elaboração das emendas mais complexo, sendo que nesse caso ocorre controle de constitucionalidade, ou seja, a supremacia formal é decorrente da const. rígida; 
flexíveis: não diferencia o processo de elaboração da emenda da lei infraconstitucional;
semiflexivel – uma parte é rígida e outra não é.
- Quanto à sistematização as constituições podem ser reduzidas (Pinto Ferreira) ou codificadas (Paulo Bonavides), bem como variadas (Pinto Ferreira) ou legais (Paulo Bonavides);
- Quanto à ideologia as constituições podem ser ortodoxas e ecléticas (pluralismo político);
- Quanto à correspondência com a realidade (critério ontológico) as constituições podem ser normativas, nominalistas ou semânticas. 
semântica – não tem validade jurídica, voltada a um contingente restrito de pessoas; 
nominal – juridicamente válida, mas o processo político não se adepta as suas normas; 
normativa – possui valor jurídico, vincula todo o processo político do estado.
- Quanto ao sistema as constituições podem ser Principiológicas (mais princípio do que regras) e Preceituais (mais regras do que princípios);
- Quanto à finalidade temos as Constituições-Garantia (negativo/liberal: finalidade de garantir a existência do Estado e limitar as ações do Estado em face do direito do povo), Constituição-balanço (const. do ser – de tempos em tempos fazer uma verificação com a realidade social e adaptá-la na const.) e Constituição-dirigente (positivo; pragmático: define fins e programas de ação futura, manifestando preocupação com a evolução política do Estado);
- Quanto à origem de sua decretação as constituições podem ser classificadas em autoconstituições e heteroconstituições;
- Quanto ao seu papel, podem ser classificadas em constituições-lei, fundamento e moldura;
Brasil, a Constituição é: 
- promulgada;
- dogmática (trabalho legislativo específico);
- escrita;
- analítica (prolixa – vários assuntos)
- formal (possui vários assuntos; o que importa é a forma pela qual foi aprovada);
- rígida;
- normativa (reflete a realidade atual do país);
- dirigente (programática – além de prever direitos e garantias fundamentais, fixa metas estatais);
- eclética (heterogênea: pluralismo político – combinação de ideologias diferentes);
- autônoma (homoconstituição ou autoconstituição) – feita em um país para nele vigorar;
- constituição unitária (codificada, reduzida ou orgânica), ou seja, formada por um único documento. Porém a atual CF vem passando por um processo de descodificação.
- Constituição principiológica: possui mais princípios do que regras. Paulo Bonavides entende que é o caso da CF-1988. 
- constituição social
Observações: 
- Classificação de Raul Machado Horta: 
a) constituição expansiva – além de ampliar temas já tratados, trata de novos temas (CF 1988); 
b) constituição plástica – permite sua ampliação por meio de leis infraconstitucionais (também a CF 1988).
- Quanto à atividade legislativa:
a) Constituição-lei: a constituição é tratada como uma lei qualquer. Dá ampla liberdade ao legislador ordinário. 
b) Constituição-fundamento (constituição total ou ubiquidade constitucional): a constituição tenta disciplinar detalhes da vida social. Dá uma pequena liberdade ao legislador ordinário. 
c) Constituição-moldura (Canotilho: Constituição-quadro): como a moldura de um quadro, a constituição fixa os limites de atuação do legislador ordinário. 
- Constituição simbólica: É a constituição cujo simbolismo é maior que seus efeitos práticos. Para Marcelo Neves, a CF/88 é simbólica por ter um elevado número de normas programáticas e dispositivos de alto grau de abstração. Marcelo Neves afirma que a constitucionalização simbólica tem como objetivos confirmar determinados valores sociais, desejando-se apenas uma vitória legislativa e fortalecer a confiança do cidadão no governo ou no Estado, por meio da legislação álibi, por meio da qual se esvaziam pressões políticas e apresentam o Estado como sensível a expectativas dos cidadãos, porém sem efetividade. Por fim, teria como terceiro objetivo adiar a solução de conflitos sociais, por meio de compromissos dilatórios, postergando-se a verdadeira decisão para o futuro. 
- Constituição Dúctil (Constituição suave): Idealizada pelo jurista italiano Gustavo Zagrebelsky (constituzione mite), a constituição não deve ser concebida como o centro do qual tudo deriva por irradiação da soberania estatal, mas para o qual tudo deve convergir. 
- Constituição Unitextual ou Orgânica: Rechaça a ideia de existência de um bloco de constitucionalidade, visto que a Constituição seria disposta em uma estrutura documental única. 
- Constituição Subconstitucional: Constituição subconstitucional admite a constitucionalização de temas excessivos e o alçamento de detalhes e interesses momentâneos ao patamar constitucional. Para Uadi Lammêgo Bulos, citando Hild Krüger, as constituições só devem trazer aquilo que interessa à sociedade como um todo, sem detalhamentos inúteis. Esse excesso de temas forma as constituições substitucionais, que são normas que, mesmo elevadas formalmente ao patamar constitucional, não o são, porque encontram-se limitadas nos seus objetivos. 
- Constituição Processual, Instrumental ou Formal: É um "instrumento de governo definidor de competências, regulador de processos e estabelecedor de limites à acção política" (Canotilho). Seu objetivo é definir competências, para limitar a ação dos Poderes Públicos, além de representar apenas um instrumento pelo qual se eliminam conflitos sociais.
· Eficácia das normas constitucionais:
· Na classificação de José Afonso da Silva, normas de eficácia plena são aquelas que possuem todos os elementos (requisitos) para a produção dos seus efeitos jurídicos de forma imediata, ou seja, sem a necessidade uma interposição legislativa infraconstitucional.
- (norma de eficácia plena: aplicabilidade imediata – não depende de regulamentação; não depende de política; tem auto executoriedade; alcance amplo; produz todos os efeitos essenciais).
- ex.: Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.; 
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos...
- art. 230, § 2º Aos maiores de sessenta e cincoanos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.
- direito de resposta proporcional ao agravo
· Normas de eficácia contida são aquelas que nascem aptas a produzir de imediato todos os seus efeitos jurídicos, mas que podem sofrer uma restrição posterior com o objetivo de reduzir o seu alcance.
- possui aplicabilidade direta e imediata, todavia possivelmente não integral, pois poderá sofrer restrição trazido por lei ou por outra norma const. Assim, seu alcance é reduzido.
- ex.:  XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; ((o advogado precisa ser graduado em direito e passar na oab); 
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
Obs.: Nem sempre que aparecer a reserva legal será norma de eficácia contida ((exemplo de artigos em que há reserva legal, mas são normas de eficácia plena: II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
· Normas de eficácia limitada, por sua vez, são aquelas que não nascem aptas a produzir os efeitos que lhes são pertinentes (precisa ser complementada pelo legislador ordinário, ou seja, sua aplicabilidade é mediata/futura; indireta. OBS.: somente norma infraconstitucional pode regulamentar)
Ex.: art. 7º, XI- participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; 
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; 
Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios.; 
art. 37, VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica;  
· Normas de eficácia limitada programática: são normas de princípio programático aqueles que implementam política de governo a ser seguida pelo legislador, ou seja, traçam diretrizes e fins colimados pelo Estado na consecução dos fins sociais (aplicabilidade futura; norma const. que depende da realidade do país –econ., social, política)
Ex.: Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.; 
art. 4, Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.;; 
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
- Para Maria Helena Diniz, normas de eficácia absoluta são aquelas que não podem ser modificadas em nenhuma circunstância, sendo exemplos as normas constantes do art. 60, §4º da CF (cláusulas pétreas).
Normas de eficácia plena: equivaleriam às normas de mesmo nome da teoria de José Afonso Silva, de modo que a ela nos remetemos.
Normas de eficácia relativa restringível são as normas de eficácia contida com uma nova definição, ou seja, podem sofrer uma interposição restritiva de outras normas, consoante expusemos anteriormente.
Normas de eficácia relativa complementável: por sua vez, nos remetem às normas de eficácia limitada, dependendo de uma regulamentação posterior para a produção dos efeitos que lhes são próprios.
Para Celso Bastos e Ayres Brito, normas constitucionais de aplicação são aquelas que não irão demandar nenhum tipo de complementação do legislador. Para os autores essas normas podem ser irregulamentáveis ou regulamentáveis.
- Normas constitucionais de integração, por seu turno, são as que permitem uma atuação mais efetiva do legislador. Podem ser completáveis, sendo essas equivalentes às normas de eficácia limitada de José Afonso Silva ou restringíveis, cuja regulamentação legislativa tem o escopo de reduzir o âmbito de sua incidência (normas de eficácia contida).
- Para Luís Roberto Barroso, as normas constitucionais podem ser de organização, definidoras de direitos ou programáticas.
->O preâmbulo NÃO faz parte do bloco de constitucionalidade e NÃO serve de parâmetro de controle da legislação ordinária;
- O STF adota a tese da irrelevância jurídica do preâmbulo.
Segundo José Afonso da Silva, a Constituição se subdivide em elementos orgânicos, socioideológicos, limitativos, de estabilização e formais de aplicabilidade. ((acrescentar o material da doutrina))
As correntes interpretativistas consideram que os juízes, ao interpretar a constituição, devem limitar-se a captar o sentido dos preceitos expressos na constituição, ou, pelo menos, nela claramente implícitos.
Peter Häberle entende a hermenêutica constitucional como um processo aberto a todos os sujeitos, levando em conta que qualquer membro de uma comunidade tem sua própria compreensão do direito constitucional (sociedade aberta dos intérpretes da constituição).
Podemos citar como métodos de hermenêutica constitucional: clássico, tópico-problemático, hermenêutico-concretizador, normativo-estruturante, científico-estrutural e comparativo.
· Método jurídico (HERMENÊUTICO CLÁSSICO) – SAVIGNY // ERNERST FOSTHOFF utiliza critérios de Savigny. 
Identidade entre Constituição e Leis.
Segundo esse método, a Constituição é uma lei (constituição = lei) e como tal deve ser interpretada com base em elementos, tendo-se em vista o elemento gramatical, histórico, sistemático (ou lógico), teológico (ou racional) e genético. Nesse sentido, podemos assim dizer que:
- pelo elemento gramatical (filológico, literal ou textual), o intérprete deve buscar analisar a norma em sua literalidade, tendo em vista a gramática e o texto. A propósito disso, filologia seria, em suma, o estudo da linguagem descrita em um texto;
- pelo elemento histórico, o intérprete busca analisar o contexto em que foi criada a norma constitucional, bem como os registros dos debates acerca da sua matéria;
- pelo elemento sistemático (ou lógico), o intérprete busca avaliar a relação de cada norma com o restante da constituição; ((premissa que a totalidade das normas faz parte de um sistema unitário que deve ser analisado em conjunto, sob uma perspectiva harmônica)).
- pelo elemento teleológico (ou racional), o intérprete busca a finalidade da norma ((Ihering: identificar o sentido último da norma, consubstanciado na finalidade que o legislador buscava alcançar))
- pelo elemento genético, o intérprete busca realizar a investigação das origens dos conceitos empregados no texto constitucional.
· Método TÓPICO-PROBLEMÁTICO --- Theodor Viewheg 
(Problema – norma)
“tópica pura” – busca aliar a hermenêutica jurídica e a realidade, objetivando que as normas não estejam em descompasso com a realidade. 
Através esse método busca-se interpretar por meio da discussão do problema no caso concreto e, dessa forma, parte-se do problema concreto para a norma. Tenta-se adaptar a norma constitucional ao problema. A principal crítica reside nessa ideia de olhar a interpretação do ponto de vista do problema, quando, na verdade, deveria ser o contrário. Esse método foi defendido por Theodor Viewheg. As questões em prova também se referem a esse método como tópica (e topos). Vale ainda referir que, tendo em vista a necessidade de solução do problema, toma-se a constituição como conjunto aberto de regras e princípios.
· Método HERMENÊUTICO-CONCRETIZADOR 
(norma – problema)
Ao contrário do método tópico-problemático, esse método prevê que se deve partir da norma constitucional para o problemaconcreto. Além disso, reconhece-se a importância do aspecto subjetivo de interpretação, no qual se impõe um “movimento de ir e vir”, do subjetivo (pré-compreenções) para o objetivo, partindo-se da norma e a aplicando a um contexto de realidade social. 
Resumidamente, Hesse afirma que cabe ao intérprete “concretizar o sentido da proposição normativa dentro das condições reais e dominantes numa determinada situação”. Esse método é defendido por Konrad Hesse.
· Método NORMATIVO-ESTRUTURANTE
Segundo esse método inexiste identidade entre norma jurídica e texto normativo. Assim, tem-se que a norma constitucional abrange um pedaço da realidade social, pois não restringe somente ao texto, mas se expande nas atividades legislativa, jurisdicional e administrativa e, por isso, deve ser analisada em todos os níveis. Esse método foi defendido por Friedrich Muller e é comum aparecer em prova também como teoria estruturante ou concretista (o que pode confundir com o método hermenêutico-concretizador, portanto, cuidado!). 
Diz-se método normativo estruturante ou concretista aquele em que o intérprete parte do direito positivo para chegar à estruturação da norma, muito mais complexa que o texto legal. Há influência da jurisprudência, doutrina, história, cultura e das decisões políticas.
Parte-se do direito positivo para se chegar à norma. Colhe elementos da realidade social para se chegar à norma 
· Método CIENTIFICO-ESPIRITUAL (valorativo; sociológico) 
Parte da ideia de que a constituição é composta por um sistema cultural e de valores de um povo, ficando a cargo do intérprete, a tarefa de aproximação entre esses valores e a hermenêutica constitucional. Trata-se de método que busca analisar o texto constitucional sob o ponto de vista da realidade espiritual da comunidade. Nesse sentido, pode-se dizer que, em suma, é um método eminentemente sociológico. Assim, também são considerados os valores subjacentes (implícito/oculto) ao texto da constituição. Esse método foi defendido por Rudolf Smend.
Não utiliza-se apenas valores consagrados na Constituição, mas também valores extra- constitucionais, como a realidade social e cultura do povo.
Interpretação sistêmica.
· Método COMPARATIVO CONSTITUCIONAL (PETER HABERLE)
Essa interpretação visa buscar em outros ordenamentos jurídicos as semelhanças e diferenças entre os conceitos das normas constitucionais para o fim de operar a devida comparação e, com isso, solucionar da melhor forma os problemas concretos. Conforme se depreende da figura ilustrativa abaixo, vários ordenamentos jurídicos são comparados a fim de buscar a melhor solução ao problema concreto.
Entre os princípios de interpretação constitucional, temos: unidade, efeito integrador, máxima efetividade, conformidade funcional, concordância prática ou harmonização e interpretação conforme.
· Princípio da Unidade da Constituição
- Esse princípio exige que a constituição o seja interpretada como um todo harmônico, sem contradições entre as suas normas. Para Luis Roberto Barroso, este princípio impõe que não haja hierarquia entre normas constitucionais. 
Obs.: STF já entendeu que a tese de que há hierarquia entre normas constitucionais originárias dando azo à declaração de inconstitucionalidade de umas em face de outras é incompossível com o sistema de Constituição rígida.
· Princípio do Efeito Integrador
- Significa que o intérprete constitucional deve dar primazia aos critérios e pontos de vista que favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade política, com respeito ao pluralismo existente na sociedade. Trata-se da aplicação da ideia de unidade da constituição em conjunto com a ideia de força normativa à unidade política constitucional.
· Princípio da máxima efetividade ou eficiência 
- Intimamente relacionado ao princípio da força normativa da Constituição, o princípio em epígrafe consiste em interpretar a norma jurídica de modo a lhe proporcionar a máxima eficácia possível, sem violar, todavia, o seu conteúdo. Relaciona-se, portanto, essencialmente com os direitos fundamentais. 
Segundo Canotilho, “a uma norma constitucional deve ser atribuído o sentido que maior eficácia lhe dê. Possui profundo entrelaçamento com o conceito de uma constituição dirigente e o seu conjunto de normas programática, caracterizando a relevância da participação do intérprete na concretização const. 
· Princípio da conformidade funcional ou justeza
- Afirma não ser possível uma interpretação constitucional que acarrete a usurpação de competência de um poder pelos demais. 
Este princípio impede que o intérprete subverta o esquema organizatório-funcional estabelecido na CF, com violação às regras de competências e funções elencadas.
· Princípio da Concordância pátria ou da harmonização
- A harmonização impõe que em eventual conflito de bens jurídicos, o intérprete deve adotar uma leitura normativa que preserve os princípios constitucionais envolvidos, de modo que nenhum seja sacrificado em detrimento do outro 
(doutrina fala da ponderação de bens ou valores). Este princípio guarda intima relação com o princípio da unidade.
· Princípio da Interpretação Conforme a Constituição
- O princípio em comento sustenta que diante de normas polissêmicas, ou seja, com vários significados, o intérprete deve optar pela interpretação que mais se compatibilize com a Constituição, afastando as demais interpretações que violem a Constituição.
Tem aplicação nas hipóteses em que o intérprete se depara com dispositivos legais ambíguos ou plurissignificativos. Nesse contexto, a exegese constitucional impõe que o resultado do processo interpretativo esteja em consonância com a norma superior. 
Este princípio baseia a técnica de CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. 
· Informações extras (EXERCÍCIOS):
- O STF entende que direitos relacionados, por exemplo, à saúde e a educação não podem ser obstaculizados pelo princípio da reserva do possível, sendo, portanto, de eficácia plena.
- Obs.: Kelsen existe uma enorme CARGA DE SUBJETIVISMO NO ATO DE JULGAR. Tanto que a norma pode ser simbolizada por um quadro através da teoria da moldura, no qual são disponibilizados ao juiz as várias interpretações possíveis para o caso concreto, ao passo que cabe a esse intérprete indicar o posicionamento que será tomado para tornar efetiva a prestação jurisdicional. Como afirma o mesmo autor: Apesar de todos os esforços da jurisprudência tradicional, não se conseguiu até hoje decidir o conflito entre vontade e expressão a favor de uma ou da outra, por uma forma objetivamente válida. Todos os métodos de interpretação até ao presente elaborados conduzem sempre a um resultado apenas possível, nunca a um resultado que seja o único correto. Fixar-se na vontade presumida do legislador desprezando o teor verbal ou observar estritamente o teor verbal sem se importar com a vontade – quase sempre problemática - do legislador tem - do ponto de vista do Direito positivo - valor absolutamente igual. Se é o caso de duas normas da mesma lei se contradizerem, então as possibilidades lógicas de aplicação jurídica já referidas encontram-se, do ponto de vista do Direito positivo, sobre um e o mesmo plano. É um esforço inútil querer fundamentar “juridicamente” uma, com exclusão da outra. Portanto, para Hans Kelsen (ESCOLA POSITIVISMO JURÍDICO), a norma decorrente do processo interpretativo possui sempre algum grau de indeterminação, devendo o intérprete promover sua execução dentro de uma “moldura” por ele (intérprete) delineada. Para o autor, portanto, existem várias possibilidades de ação dentro do quadro geral delineado pelo aplicador, não existindo uma resposta única que deveria ser descoberta através de um ato de conhecimento, pois, para Kelsen, a vontade do intérprete seria um critério determinante na execução da norma. 
- “O princípio da proporcionalidade, tal como é hoje compreendido, não possui apenas uma DIMENSÃO NEGATIVA, relativa à vedação do excesso, que atua como limite às restrições de direitos fundamentais que se mostreminadequadas, desnecessárias ou desproporcionais em sentido estrito. Ele abrange, ainda, uma DIMENSÃO POSITIVA, referente à vedação à proteção estatal insuficiente de direitos e princípios constitucionalmente tutelados”. Dessa forma, correto o item d, pois o princípio da proporcionalidade é analisado tanto pela proibição do excesso (Übermassverbot) como pela proibição da proteção deficiente (Untermassverbot).
- “No Estado Constitucional, os direitos políticos implicam limites à maioria parlamentar”. A Alternativa está correta. Essa é a segunda fase dos direitos políticos. Limitar a vontade das maiorias parlamentares pela defesa dos direitos fundamentais. Como destaca Ingo Sarlet: “Assim, os direitos políticos, ainda mais quando assumem a condição de direitos fundamentais (vinculando os órgãos estatais, incluindo o Poder Legislativo), exercem, nesse contexto, dúplice função, pois se, por um lado, são elementos essenciais(e garantes) da democracia no Estado Constitucional aqui se destaca a função democrática dos direitos fundamentais - , por outro representam limites à própria maioria parlamentar, já que esta, no campo de suas opções políticas, há de respeitar os direitos fundamentais e os parâmetros estabelecidos pelos direitos políticos, de tal sorte que entre os direitos político e os direitos fundamentais em geral e a democracia se verifica uma relação de reciprocidade e interdependência, caracterizada por uma permanente e recíproca implicação e tensão”
- Os princípios são mandamentos de otimização, como critério hermenêutico, e implicam o ideal regulativo que deve ser buscado pelas diversas respostas constitucionais possíveis. /// Segundo Alexy, os princípios são mandamentos de otimização que dependem das possibilidades fáticas e jurídicas, porquanto estas é que irão servir de suporte para a sua concretização.
- ((A colisão entre dois ou mais direitos fundamentais resolve-se com a aplicação preponderante do princípio da concordância prática)) - Sempre é difícil achar um princípio predominante, porquanto mesmo essa análise não faz muito sentido, já que, como vimos, um princípio nunca entra em rota de colisão com outro a ponto de excluí-lo, diferentemente da situação do conflito entre regras. Tendo isso como premissa, depreendemos de Canotilho que “o campo de eleição do princípio da concordância prática tem sido até agora o dos direitos fundamentais (colisão entre direitos fundamentais ou entre direitos fundamentais e bens jurídicos constitucionalmente protegidos). Subjacente a este princípio está a ideia, do igual valor dos bens constitucionais (e não uma diferença de hierarquia) que impede, como solução, o sacrifício de uns em relação aos outros, e impõe o estabelecimento de limites e condicionamentos recíprocos de forma a conseguir uma harmonização ou concordância prática entre os bens”.
- norma de eficácia limitada (caráter pragmático) – ex.: “Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil construir uma sociedade livre, justa e solidária".
- Constitucionalismo moderno, identificado nas Constituições dos Estados Unidos da América de 1787 e da França de 1791, caracteriza-se pela vinculação à ideia de constituição escrita e rígida, com força para limitar e vincular os órgãos do poder político.
- Os princípios têm o caráter fundamental e função fundante em relação às regras.
- O constitucionalismo moderno surgiu no século XVIII, trazendo novos conceitos e práticas constitucionais, como a separação de poderes, os direitos individuais e a supremacia constitucional.
- São princípios jurídicos reconhecidos como os três mais importantes pilares do Estado democrático de Direito: a legalidade, igualdade perante a lei e a segurança jurídica.
- Não há, no sistema constitucional brasileiro, uma rigorosa divisão de poderes; as funções estatais é que são atribuídas a diferentes ramos do poder estatal, e de modo não-exclusivo.
- Em relação aos estrangeiros, a norma constitucional que garante o acesso a cargos, empregos e funções públicas é de eficácia LIMITADA.
- O art. 5º, inciso II, da Constituição Federal estabelece que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Esta norma é auto-executável, de eficácia plena. 
- As normas constitucionais programáticas dependem não só de legislação complementar, mas também de uma postura político-administrativa voltada para fazer valer o enunciado normativo, carecendo de eficácia positiva e não podendo ser objeto de ação de inconstitucionalidade por omissão.
- As normas constitucionais com eficácia relativa restringível são normas que podem ter seu alcance limitado por força de legislação infraconstitucional voltada para este fim, não implicando, tal limitação, em inconstitucionalidade.
- A CF contempla hipótese configuradora do denominado fenômeno da recepção material das normas constitucionais, que consiste na possiblidade de a norma de uma constituição anterior ser recepcionada pela nova constituição, com status de norma constitucional.
- II. as disposições constitucionais passíveis de desconstitucionalização são aquelas de natureza formal que não dispõem sobre a natureza material, enquanto que na conexão as regras materiais terão sempre de ser mediatizadas pelas regras de conflito.
III. a revogação de normas constitucionais ocorre a partir da distinção entre inconstitucionalidade originária e inconstitucionalidade superveniente, devendo ser aplicada tanto em situações advindas da Constituição nova como também daquelas oriundas de uma revisão constitucional.
- A possibilidade de recepção pela nova ordem constitucional, como leis ordinárias, de disposições da Constituição anterior, é denominada doutrinariamente desconstitucionalização.
- I. A técnica da interpretação conforme pode ser utilizada tanto no controle de constitucionalidade difuso quanto no abstrato;; III. A interpretação constitucional segue os mesmos cânones hermenêuticos da interpretação das demais normas jurídicas.
- Em síntese, em caso de confronto entre as normas constitucionais, devem ser apaziguados os dispositivos constitucionais aparentemente conflitantes. Tal interpretação decorre de um princípio específico de interpretação constitucional, denominado princípio da unidade da constituição.
- Ao julgar o RE nº 251.445/GO, o Supremo Tribunal Federal decidiu que o termo “casa”, resguardado pela inviolabilidade conferida pelo art. 5º, inciso XI, da Constituição Federal e antes restrito a domicílio e residência, revela-se abrangente, devendo, portanto, se estender também a qualquer compartimento privado onde alguém exerça profissão ou atividade. Essa fixação de novo entendimento pelo Supremo Tribunal Federal que acarretou num processo de alteração do sentido da norma constitucional, sem alteração do texto, é denominada pela hermenêutica constitucional de mutação constitucional informal. 
- Em recente julgamento nos autos da ADPF nº 132, o Supremo Tribunal Federal, diante da possibilidade de duas ou mais interpretações razoáveis sobre o art. 1.723 do Código Civil, que trata sobre a união estável entre homem e mulher, reconheceu a união homoafetiva como família. Nesse caso, é correto afirmar que a técnica de interpretação utilizada foi interpretação conforme. 
- O Princípio da Conformidade Funcional impede que o intérprete subverta o esquema organizatório-funcional estabelecido pela Constituição.
- A aplicação do princípio da eficácia integradora visa a favorecer a integração social e a unidade política, no construir de soluções para os problemas jurídico-constitucionais.
- Segundo a Doutrina, há um princípio que tem por finalidade impedir que o intérprete-concretizador da Constituição modifique aquele sistema de repartição e divisão das funções constitucionais, para evitar que a interpretação constitucional chegue a resultados que perturbem o esquema organizatório-funcional nela estabelecido, como é o caso da separação dos poderes. A definição exposta corresponde ao Princípio da Justeza ou da Conformidade Funcional. 
- Constituição DÚCTIL- O italiano Gustavo Zagrebelsky é expoente do pensamento do ‘direito dúctil’, exatamente mecanismo de adaptar o direito ao pluralismo social. Trata-se de concepção replicada nos manuais brasileiros para ilustrar uma das formas de compreender as constituições e sua interpretação. Sob a ótica dos valores e princípios, prega-se não sejam acolhidos apenas os majoritários, mas, sim, aqueles que assegurem a convivência dos mais variados projetos de vida existentes em tais sociedades. Revela-se, então, ‘dúctil’ o direito assim resultante, que, ao invés de amputar potencialidades significativas, busca acolher todas e dar-lhes concordância prática, a fim de que as diversidades possam conviver. As Constituições concebem-se, pois, como plataformas de partida para a realização de políticas constitucionais diferenciadas que utilizem em termos inventivos os ‘vários materiais de construção’ semeados nos textos constitucionais”. A sobrevivência da sociedade complexa, pluralista e democrática, reconhecendo-se a importância de uma dogmática “fluida”, depende da identificação de um modelo de Constituição dúctil (maleável)".
OBS.:
Peter Haberle - o jurista através de seu novo método de interpretação constitucional, prevê a participação de todos atores políticos, ou seja, grupos sociais e cidadãos envolvido direta ou indiretamente, influenciando a atuação dos legisladores na produção das leis; 
Sentido Moderno (contemporâneo) - Niklas Luhmann - a Constituição é um elemento funcional na estruturação tanto do sistema jurídico quanto do sistema político. Todavia, tal comunhão não significa que ambos a compreendam com o mesmo significado. Para a Política, a Constituição é instrumento de legitimação da vontade soberana. Para o Direito, a Constituição é elemento de fundação das suas normas, sem recurso a um suposto Direito Natural; 
Sentido Dirigente (Teoria da Constituição Dirigente) - Peter Lerche, sociólogo alemão, define a Constituição como importante mecanismo de determinação Estatal direcionando-o num plano de transformação social e implementação de política públicas na ordem socioeconômica, o que passou a denominar de Constituição dirigente; 
Sentido Dirigente mais amplo (Teoria da Constituição Dirigente Amplificada) – José Canotilho - toda constituição visa conformar globalmente o político, seja num sentido conservativo, evolutivo ou revolucionário. A constituição não se reduz a uma norma limitadora nem a um momento de decisão; ao contrário, o texto constitucional volta-se para a ordenação do processo político e para a conformação da realidade social.)
- Constituição semântica: São aquelas cujas normas são instrumentos para a estabilização e perpetuação do controle do poder político pelos detentores do poder fático.
- A supremacia FORMAL da norma constitucional decorre da rigidez constitucional, isto é, da existência de um processo legislativo distinto, mais laborioso. É a supremacia formal da norma constitucional que decorre da rigidez constitucional. A rigidez constitucional tem por consequência, assim, o princípio da supremacia da Constituição. E é essa supremacia formal que permite o controle de constitucionalidade das leis. Guarde para a prova, também que o controle de constitucionalidade decorre ou é corolário da rigidez constitucional. A rigidez é vinculada à noção de constituição formal (escrita), que só pode ser alterada por processo legislativo mais laborioso do que o processo legislativo ordinário.
- Constituição ubíqua incorpora em seu texto normas e valores contraditórios. Constituição ubiqua: Na lição de Daniel Sarmento e Cláudio Pereira de Souza Neto, o fenômeno da constitucionalização do direito se bifurca em duas vertentes de compreensão, quais sejam, a constitucionalização-inclusão e a constitucionalização releitura. A) A chamada constitucionalização-inclusão consiste no “tratamento pela Constituição de temas que antes eram disciplinados pela legislação ordinária ou mesmo ignorados”. Exemplo: a tutela constitucional do meio ambiente e do consumidor, algo até então inédito nas Constituições pretéritas. Essa inflação de assuntos no texto constitucional, marca das constituições analíticas, faz com que qualquer disciplina jurídica, ainda que dotada de autonomia científica, encontre um ponto de contato com a Constituição, cuja onipresença foi cunhada pela doutrina de ubiquidade constitucional.
- O que significa Constituição “Chapa-branca”? Carlos Ari Sundfeld argumenta que o intuito principal da Constituição é tutelar interesses e até mesmo privilégios tradicionalmente reconhecidos aos integrantes e dirigentes do setor público. A Constituição, para ele, é fundamentalmente um conjunto normativo “destinado a assegurar posições de poder a corporações e organismos estatais ou paraestatais”. É o que se chama Constituição “chapa-branca”, no sentido de uma “Lei Maior da organização administrativa”, uma vez que, para ele, o núcleo duro do texto preserva interesses corporativos do setor público e estabelece formas de distribuição e de apropriação dos recursos públicos entre vários grupos. “Chapa branca” remete à cor das placas dos carros oficiais, que são brancas.
- Constituição subconstitucional admite a constitucionalização de temas excessivos e o alçamento de detalhes e interesses momentâneos ao patamar constitucional.
- A constitucionalização simbólica é um fenômeno caracterizado pelo fato deque, na atividade legiferante (atividade de elaboração das leis e das Constituições), há o predomínio da função simbólica (funções ideológicas, morais e culturais) sobre a função jurídico-instrumental (força normativa). É um fenômeno que aponta para a existência de um déficit de concretização das normas constitucionais, resultado justamente da maior importância dada ao simbolismo do que à efetivação da norma.
- A exigência de poderes políticos limitados após a manifestação do poder constituinte originário fundamenta tanto o sentido lógico-jurídico quanto o sentido jurídico-positivo da Constituição.
- De acordo com o conceito de Constituição-moldura, o texto constitucional deve apenas apresentar limites para a atividade legislativa, cabendo ao Poder Judiciário avaliar se o legislador agiu conforme o modelo configurado pela Constituição.
- A CF goza de supremacia tanto do ponto de vista material quanto do formal.
- Segundo o critério político, a validade de uma constituição não se apoia na justiça de suas normas, mas na decisão política que lhe dá existência.
- Normas constitucionais de eficácia plena são autoaplicáveis ou autoexecutáveis, como, por exemplo, as normas que estabelecem o mandado de segurança, o habeas corpus, o mandado de injunção e o habeas data.
- De acordo com o positivismo de Hans Kelsen, a escolha de uma interpretação dentro da moldura de possibilidades proporcionada pela norma jurídica realiza-se segundo a livre apreciação do tribunal, e não por meio de qualquer espécie de conhecimento do direito preexistente.
RESUMO CONSTITUCIONAL – AULA 01
· Direitos fundamentais
- Para a doutrina, “Direitos fundamentais” e “direitos humanos” são distintos apenas pelo plano de sua positivação, sendo, portanto, normas jurídicas exigíveis, os primeiros no plano interno do Estado, e os segundos no plano do Direito Internacional, e, por isso, positivados nos instrumentos de normatividade internacional (como os Tratados e Convenções Internacionais, por exemplo);
- A doutrina aponta como marco da teoria geracional uma palestra de Karel VASAK em 1979, em que classificou e dividiu em 3 gerações. 
- A 1ª geração ou dimensão de direitos fundamentais abarca os direitos relacionados às prestações negativas do Estado, representados pela ausência de ingerência estatal no campo das liberdades clássicas (direitos civis e políticos). Representam, nesse aspecto, um autêntico “direito de defesa” do indivíduo contra as interferências ilegítimas do Estado em sua autonomia privada. ((Revolução francesa e americana – direito à liberdade; propriedade; intimidade e segurança)).
- A 2ª geração ou dimensão de direitos(igualdade) denota o aspecto evolutivo do Estado, contemplando uma característica mais participativa (ativa) desse ente na busca pela efetiva materialização dos direitos sociais e econômicos e estabelecidos nas constituições surgidas a partir do século XX. São marcos dessa perspectiva, a Constituição Mexicana de 1917 (estabelecendo normas de direito do trabalho e previdenciário) e a Constituição alemã de Weimar de 1919 (regulando os deveres do Estado no campo social). Obs.: impactaram o caráter econômico-financeiro da atividade estatal, sendo levantado na defesa do erário o princípio da reserva do possível. 
- No campo do princípio da fraternidade ou solidariedade (direitos de terceira geração) temos as prerrogativas inerentes à comunidade política, de titularidade coletiva (transindividual) e consubstanciados nos valores inerentes à sobrevivência do homem enquanto espécie inserida numa sociedade organizada. Podemos citar como direitos dessa geração, o direito ao desenvolvimento, direito à autodeterminação dos povos, direito à paz, ao meio ambiente equilibrado e o direito à comunicação.
- Para Bonavides, o direito à democracia, o direito à informação e ao pluralismo formariam uma quarta geração de direitos, diferindo da limitação anteriormente estabelecida pela doutrina tradicional. Autores como Norberto Bobbio colocam nessa geração os direitos relacionados ao desenvolvimento biotecnológico da humanidade, como o direito contra manipulações genéticas.
- Paulo Bonavides incorpora ainda uma quinta geração, visualizando o direito à paz como ente autônomo em relação aos demais, discordando, em essência, da classificação desse direito como pertencente à terceira geração, conforme exposto anteriormente.
- Características dos direitos fundamentais segundo doutrina majoritária:
a) universalidade (relação com o principio da dignidade da pessoa humana, cujo contorno tem aplicação universal)
b) imprescritibilidade (não afetado pelo decurso do tempo)
c) relatividade (não são absolutos; ponderação e limitação de direitos)
d) irrenunciável (obs.: há possibilidade de autolimitação voluntária a um direito, como o caso de “reality show”)
e) historicidade (os direitos vão se agregando, bem como ocorre a mutabilidade e reinterpretação ao longo do tempo)
f) inalienabilidade (não é possível transferir)
g) inviolabilidade
h) complementariedade (necessário uma análise de forma conjunta com outras normas)
i) aplicabilidade imediata (há autores que entendem que só é aplicável se a norma estiver completa na hipótese e no dispositivo)
j) enumeração aberta (sujeita a influência da sociedade, política, história; eterna mutação)
k) efetividade (poder público deve agir em consonância com esses direitos)
l) indivisibilidade (todos os direitos possuem a mesma proteção jurídica)
- Para a doutrina, as regras de direitos fundamentais são qualificadas como dispositivos declaratórios, dado que reconhecem direitos e a eles concedem existência normativa; sem limitação espacial; desempenha função principal; pode ter conteúdo positivo ou negativo (facere ou non facere). Ao passo que as regras de garantias constitucionais são reputadas como disposições assecuratórias, eis que estabelecem limitações ao poder em defesa de direitos; só existe dentro do estado; função instrumental; sempre tem conteúdo positivo.
- Para Ingo Sarlet, a dupla fundamentalidade dos direitos fundamentais na constituição brasileira é caracterizada pela perspectiva tanto formal (ligado ao direito const. positivo, tanto expresso como implícito; const. escrita; supremacia hierárquica das normas; etc.) quanto material (conteúdo dos direitos) dessas prerrogativas constitucionais.
- Na doutrina alemã é possível encontrar uma dupla orientação a respeito das diferentes dimensões dos direitos fundamentais, mormente em seus aspectos objetivos e subjetivos.
- Na dimensão subjetiva, o tratamento dos direitos fundamentais revela contornos de posição jurídica, impondo uma atuação positiva ou negativa do poder público de acordo com a situação jurídica em que se encontram os indivíduos.
- No paradigma objetivo, a observância da efetividade dos direitos fundamentais deve assegurar a aplicação dos valores predominantes em uma comunidade, devendo o poder público assegurar a promoção desses mesmos valores, ainda que não vislumbre uma agressão efetiva a direitos subjetivos fundamentais. É o que a doutrina nomeia de “eficácia irradiante” dos direitos fundamentais. ((os direitos fundamentais devem ser observados por todo o ordenamento – e não apenas em situações concretas – e servir de orientação, por exemplo, ao Poder Legislativo na elaboração das leis))
- A doutrina e a jurisprudência, mediante uma interpretação sistemática do artigo 5º, vêm adotando uma interpretação extensiva dos sujeitos por ele abrangidos, de modo que os estrangeiros não residentes (por exemplo, tendo a possibilidade de impetrar habeas Corpus), apátridas e as pessoas jurídicas de direito público ou privado podem, em determinadas situações, gozar das faculdades abarcadas pelos direitos fundamentais e, também, das garantias a eles inerentes.
Exemplo: Súmula 227 do STJ: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”; Informativo 534: A pessoa jurídica de direito público não tem direito à indenização por dano moral relacionado à violação à honra ou da imagem. 
- As pessoas jurídicas de direito público gozam de prerrogativas processuais que permitem a defesa dessas contra violações originadas pelo próprio poder público, ainda que o órgão público afetado não tenha personalidade jurídica constituída - a doutrina assenta a diferença entre personalidade jurídica (ordem material) e personalidade judiciária de natureza processual. Como afirma a recente súmula 525 do STJ: “A Câmara de Vereadores não possui personalidade jurídica, apenas personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos institucionais”
- STF: o direito a assistência social (art. 203 CF) é também aplicável aos estrangeiros residentes no Brasil, atendidos os requisitos legais (ex. idosos ou deficientes) e constitucionais. Ex.: LOAS (lei orgânica da assistência social)
- STF.: possibilidade de estrangeiros não residentes no Brasil ajuizarem Habeas Corpus no caso de eventuais violações no direito de locomoção.
- Teoria dos quatro status (Jellinek) - No status passivo, o indivíduo encontra-se em estado de completa subordinação ou submissão na sua relação com o Estado, possuindo apenas deveres a serem cumpridos para a consecução do bem comum. Destarte, o Estado vincula o indivíduo através de mandamentos, proibições e limitações de sua conduta com objetivos finalísticos.
- No status negativo é possível vislumbrar a possibilidade de resistência do indivíduo em face da conduta dos poderes públicos, uma vez que a ação do Estado encontra limites em prerrogativas reconhecidas pelo ordenamento jurídico aos indivíduos. Nesse status é direito do indivíduo exigir uma abstenção estatal no conteúdo mínimo intransponível de sua autonomia ou liberdade, obviamente, se esse limite não interferir na esfera de liberdade alheia, caso em que torna-se imperiosa a interferência do Estado. Como aponta Jorge Miranda ao citar Jellinek, o poder do Estado é exercido sobre “homens livres”.
- A terceira situação é chamada de status positivo, no qual o indivíduo tem o faculdade de exigir o cumprimento de prestação positivas (dever de ação) por parte do Estado, objetivando, outrossim, o atendimento de suas necessidades. Vemos aqui que a função liberal clássica de abstenção estatal (obrigação de não fazer) adquire novos contornos, de maneira que, a partir dessa nova configuração, é possível ao indivíduo interferir no comportamento dos poderes públicos em busca da satisfação de seus pleitos.
- No quarto status, chamado ativo, é possível ao indivíduo participar ativamente na vontade política do Estado, sendo incluída nessa abordagem, por exemplo, a possibilidade de ocupação de cargos públicos.
- Eficácia Horizontal dos Direitos Fundamentais - De acordocom a teoria da eficácia direta, os direitos, liberdades e garantias aplicam-se de forma obrigatória e direta entre particulares ou entidades privadas, tendo, assim, eficácia absoluta e, por corolário, não necessitando de qualquer mediação concretizadora (interposição legislativa) do poder público para utilizar essas prerrogativas, embora seja possível a sua atuação plena –principalmente através do Poder Judiciário - para a sua defesa.
- Por outro lado, a teoria indireta postula que a eficácia horizontal dos direitos fundamentais se dá através da força conformadora do Estado, vinculando, a princípio, o legislador, que seria obrigado a atuar para conformar as suscitadas relações obedecendo aos princípios previstos no ordenamento constitucional e em conformidade com os direitos fundamentais. Essa eficácia, segundo parte da doutrina, também se daria por meio da intermediação interpretativa de cláusulas gerais do direito civil nas relações entre particulares.
· Direito à vida
- STF na ADI 3510 (informativo 508) possibilita a utilização de células embrionárias fertilizadas “in vitro”, afastando-se, portanto, da perspectiva constitucional, um conceito rígido de proteção à vida, não atingindo esta amplitude suficiente para abarcar o momento da concepção. Direito infraconstitucional pode proteger a vida humana em potencial e não apenas o indivíduo-pessoa. 
- no HC 124.306, a 1ª Turma do STF, por 4X1, conferiu interpretação conforme à Constituição aos artigos 124 e 126 do Código Penal para “excluir do seu âmbito de incidência a interrupção voluntária da gestação efetivada no primeiro trimestre. Na ocasião, conforma ilustra o voto do Min. Barroso, a Turma entendeu que a criminalização, na espécie, violaria os direitos sexuais e reprodutivos da mulher, sua autonomia e integridade física, bem como afrontaria o princípio da proporcionalidade.
· Direito à igualdade
- Nessa ordem de ideias, fica claro, portanto, que o comportamento vedado é aquele fundamentado em discriminações odiosas, contrárias ao espírito constitucional (discriminação negativa), sendo louvável a diferenciação que atende aos objetivos do Estado Democrático de Direito, desde que modulada, em regra, pelo princípio da razoabilidade/proporcionalidade (discriminação positiva).
- Por seu turno, a discriminação negativa injusta pode ser manifestada de duas formas: direta e indireta. Como a primeira deixa claramente definido, o fator de discriminação é observado de maneira intencional e manifesta, sendo o critério de discriminação injustificável perante o grupo que sofre efetivamente o prejuízo. Na perspectiva indireta, a desigualação é muito mais sutil, posto que adota-se um critério aparentemente neutro de discriminação e, a priori, válido, mas que na situação concreta analisada produz um impacto desproporcional em um grupo já vulnerável, teoria cuja origem encontra suporte no direito norte – americano
- Na Jurisprudência Brasileira é possível encontrar a aplicação da teoria do impacto desproporcional. Na leitura de André Carvalho Ramos, “na discussão sobre a Emenda Constitucional n. 20/98, que limitou os benefícios previdenciários a R$ 1.200,00, discutiu-se a quem caberia pagar a licença-maternidade no caso da mulher trabalhadora receber salário superior a tal valor. Caso a interpretação concluísse que o excedente seria pago pelo empregador, a regra aparentemente neutra (limite a todos os benefícios) teria um efeito discriminatório no mercado de trabalho e um impacto desproporcional sobre a empregabilidade da mulher, pois aumentariam os custos do patrão. Com isso, a regra teria um efeito de discriminação indireta, contrariando a regra constitucional proibitiva da discriminação, em matéria de emprego, por motivo de sexo.
- Quanto ao princípio da isonomia, destacam-se: 
Súmula Vinculante 06: Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial.
Súmula Vinculante 37: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia
- Tema 973 (repercussão geral): "É constitucional a remarcação do teste de aptidão física de candidata que esteja grávida à época de sua realização, independentemente da previsão expressa em edital do concurso público"
· Direito à liberdade
- liberdade de ação: possui natureza eminentemente formal, no sentido de que o individuo só poderá ter sua esfera de atuação afetada mediante a edição de lei ou procedimento legislativo equiparado (art. 5º, II, da CF/88). Como aponta a doutrina, o direito de ação envolve, também, o direito à resistência contra o abuso ou o exercício ilegal do poder, aferido sempre ambos os critérios com ajuda do princípio da proporcionalidade
- súmula 221 do STJ que assevera que “são civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de comunicação”.
- não é mais exigível o diplomar no curso de jornalismo para a prática da profissão (trata-se de verdadeira supressão do pleno e efetivo exercício da liberdade jornalística) 
- Para a maioria do Supremo Tribunal, no entanto, o “preceito fundamental de liberdade de expressão não consagra o ‘direito à incitação ao racismo’, dado que um direito individual não pode constituir-se em salvaguarda de condutas ilícitas, como sucede com os delitos contra a honra.
- É preciso ter em mente que a invocação da liberdade religiosa não pode servir de escudo a práticas ilícitas, tendo o STF já decidido que a prática do curandeirismo não está abarcada pela proteção à liberdade religiosa, sendo tipificada penalmente.
- Questão controversa é a possibilidade de transfusão de sangue nas denominadas “testemunhas de Jeová”. STJ - “não há falar em tipicidade da conduta dos pais que, tendo levado sua filha para o hospital, mostrando que com ela se preocupavam, por convicção religiosa, não ofereceram consentimento para transfusão de sangue - pois, tal manifestação era indiferente para os médicos, que, nesse cenário, tinham o dever de salvar a vida. Contudo, os médicos do hospital, crendo que se tratava de medida indispensável para se evitar a morte, não poderiam privar a adolescente de qualquer procedimento, mas, antes, a eles cumpria avançar no cumprimento de seu dever profissional”
- No caso de publicação sem autorização de fotografias, a jurisprudência é pacífica no sentido de admitir a cumulação de danos (materiais e morais). A respeito das restrições à invocação dessa prerrogativa (direito à privacidade), a doutrina assevera que, caso o titular se exponha em espaços públicos, não poderá obstar a reprodução e divulgação de sua imagem nesse cenário, porquanto a restrição ao direito foi produzida pela própria conduta anterior do agente (uma vez que a proteção à privacidade encontra limite na própria exposição realizada)
- o STF entendeu dispensável a necessidade de autorização prévia para a publicação de biografias de personalidades, devendo ocorrer a posteriori e não previamente, a discussão sobre os possíveis excessos.
- Fixação de dano moral em patamar inferior em razão do ofendido ser pessoa pública. A fixação do quantum indenizatório deve observar o grau de reprovabilidade da conduta. A conduta do réu, embora reprovável, destinou-se a pessoa pública, que está sujeita a críticas relacionadas com a sua função, o que atenua o grau de reprovabilidade da conduta.
- Direito ao Esquecimento. Gera dano moral a veiculação de programa televisivo sobre fatos ocorridos há longa data, com ostensiva identificação de pessoa que tenha sido investigada, denunciada e, posteriormente, inocentada em processo criminal. O direito ao esquecimento surge na discussão acerca da possibilidade de alguém impedir a divulgação de informações que, apesar de verídicas, não sejam contemporâneas e lhe causem transtornos das mais diversas ordens. Sobre o tema, o Enunciado 531 da VI Jornada de Direito Civil do CJF preconiza que a tutela da dignidadeda pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao esquecimento. Cabe destacar que, embora a notícia inverídica seja um obstáculo à liberdade de informação, a veracidade da notícia não confere a ela inquestionável licitude, nem transforma a liberdade de imprensa em direito absoluto e ilimitado.
· Inviolabilidade domiciliar
- o Poder Público, bem como terceiros, não poderão violar a privacidade do indivíduo no recôndito do seu lar, salvo na ocorrência das exceções previstas, quais sejam: a) flagrante delito; b) desastre; c) prestar socorro; d) por ordem judicial, durante o dia.
- STF: O local de trabalho do advogado, desde que este seja investigado, pode ser alvo de busca e apreensão, observando-se os limites impostos pela autoridade judicial. Tratando-se de local onde existem documentos que dizem respeito a outros sujeitos não investigados, é indispensável a especificação do âmbito de abrangência da medida, que não poderá ser executada sobre a esfera de direitos de não investigados. Equívoco quanto à indicação do escritório profissional do paciente, como seu endereço residencial, deve ser prontamente comunicado ao magistrado para adequação da ordem em relação às cautelas necessárias, sob pena de tornar nulas as provas oriundas da medida e todas as outras exclusivamente delas decorrentes. 
· Inviolabilidade do sigilo da correspondência, das comunicações de dados telegráficos e telefônicos
- (STJ) Os dados obtidos pela Receita Federal com fundamento no art. 6º da LC 105/2001, mediante requisição direta às instituições bancárias no âmbito de processo administrativo fiscal sem prévia autorização judicial, não podem ser utilizados para sustentar condenação em processo penal. Dessa forma, há que se diferenciar duas situações na jurisprudência do STJ: o Fisco poderá requerer informações bancárias diretamente das instituições financeiras em processo administrativo tributário (Resp n. 1.134.665/SP); no entanto, se o intuito é utilizar os dados em processo criminal, dependerá de autorização judicial.
- Na mesma linha, o STJ ao ser questionado sobre a possibilidade de quebra do sigilo bancário pelo Ministério Público efetuou a mesma diferenciação estabelecida pelo STF, estabelecendo uma clivagem entre a análise de recursos privados ou público, ou seja, se envolver recursos públicos não será nulo (ex.: não são nulas as provas obtidas por meio de requisição do Ministério Público de informações bancárias de titularidade de prefeitura municipal para fins de apurar supostos crimes praticados por agentes públicos contra a Administração Pública)
- A administração penitenciaria, com fundamento em razoes de segurança pública, de disciplina prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente, e desde que respeitada a norma inscrita no art. 41,parágrafo único, da Lei n. 7.210/84 (ato motivado), proceder a interceptação da correspondência remetida pelos sentenciados, eis que a cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir instrumento de salvaguarda de praticas ilícitas (Como antes afirmado, o princípio da proporcionalidade é fundamento de estatura constitucional para efeito de relativização das prerrogativas do cidadão)
-A lei de interceptações telefônicas afirma que só cabe a medida se: a) na ocorrência de indícios razoáveis de autoria ou participação em infração penal; b) inexistência de outro meio de produção da prova pretendida; c) no caso de infração penal punida com reclusão. Ainda segundo a lei em epígrafe, o juiz deve fundamentar a decisão de interceptação no prazo de 24h, devendo o período de interceptação não exceder o prazo de 15 dias, renovável pelo mesmo período desde que se revele indispensável à produção da prova (STF admite a possibilidade de sucessivas prorrogações)
- Interceptação telefônica é a captação de conversa feita por um terceiro, sem o conhecimento dos interlocutores, sendo imprescindível a autorização judicial para efeito de sua ocorrência, porquanto contida na esfera de proteção do inciso XII do art. 5º da CF. Escuta telefônica, por sua vez, é a captação de conversa feita por um terceiro, com o conhecimento de apenas um dos interlocutores. Gravação telefônica é aquela feita diretamente por um dos interlocutores do diálogo, sem o consentimento ou ciência de outro. Deve ser salientado que apenas a primeira situação se enquadra na proteção do inciso XII, considerando o STF lícita, para efeito de prova, a gravação de conversa telefônica por um dos envolvidos, salvo a existência de causa legal de sigilo ou reserva.
- Impossibilidade de CPI decretar interceptação telefônica (A cláusula constitucional da reserva de jurisdição – que incide sobre determinadas matérias, como a busca domiciliar (CF, art. 5º, XI), a interceptação telefônica (CF, art. 5º, XII) e a decretação da prisão de qualquer pessoa, ressalvada a hipótese de flagrância (CF, art. 5º, LXI) – traduz a noção de que, nesses temas específicos, assiste ao Poder Judiciário).
- liberdade de profissão: STF (atividade de flanelinha) - ainda que reprovável, sob a perspectiva da norma, o exercício irregular desse ofício, perfeitamente aplicável nessa situação o princípio da insignificância, uma vez que “a não observância dessa disposição legal pelos pacientes não gerou lesão relevante ao bem jurídico tutelado pela norma, bem como não revelou elevado grau de reprovabilidade, razão pela qual é aplicável, à hipótese dos autos, o princípio da insignificância.
Liberdade de locomoção: Art. 5º, XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; A própria Constituição estabelece restrições a esse direito na vigência de estado de defesa, hipótese em que a prisão por crime contra o Estado poderá ser determinada pelo executor da medida (art.136, §3º, I), ainda que não obedeça os requisitos de flagrante delito ou ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente (inc. LXI). Também haverá limitação à liberdade de locomoção durante a vigência do estado de sítio, como, por exemplo, a obrigação de permanência em localidade determinada ou a detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns (art. 139).
**** Impossibilidade de condução coercitiva do detido ou investigado para fins de investigação policial e instrução processual penal. Em junho de 2018, o STF julgou procedentes as arguições de descumprimento de preceito fundamental 395 e 444, para pronunciar a não recepção da expressão "para o interrogatório", constante do art. 260 do CPP, e declarar a incompatibilidade com a Constituição Federal da condução coercitiva de investigados ou de réus para interrogatório, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de ilicitude das provas obtidas, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. O Tribunal destacou, ainda, que esta decisão não desconstitui interrogatórios realizados até a data do presente julgamento, mesmo que os interrogados tenham sido coercitivamente conduzidos para tal ato. Vencidos, parcialmente, o Ministro Alexandre de Moraes, nos termos de seu voto, o Ministro Edson Fachin, nos termos de seu voto, no que foi acompanhado pelos Ministros Roberto Barroso, Luiz Fux e Cármen Lúcia (Presidente). Plenário, 14.6.2018. Dessa forma, não é possível a condução coercitiva de investigado para interrogatório tanto em sede policial quanto judicial. (((obs.: antes 2011 era possível a condução coercitiva do detido ou investigado – houve mudança na interpretação jurisprudencial)))
- princípio constitucional da autodefesa (art. 5º, LXIII, da CF/1988) não alcança aquele que atribui falsa identidade perante autoridade policial com o intento de ocultar maus antecedentes, sendo, portanto, típica a conduta praticada pelo agente.
· Direito de reunião
A Constituição garante a todos o direito de reunião, desde que observada as restrições de caráter material (obrigatoriedade de que a reunião seja pacífica

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