Buscar

Material do Professor - 2ª fase TJSP - Sentença Penal - Ewerton Gonçalves - Aula 03 (1)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
 
2ª Fase TJ/SP 
Ewerton Gonçalves 
Sentença Penal 
Aula 03 
 
 
MATERIAL DO PROFESSOR - Utilizado em Aula 
 
 
Peça 1 - Sentença furto - sem enunciado 
 
 Vistos. 
 
 
 
 
 
 FULANO DE TAL e CICRANO DO MAU, qualificados nos 
autos, foram denunciados e estão sendo processados como incursos nas penas do artigo 155, 
§4º, incisos II e IV c.c art. 14, inciso II, ambos do Código Penal, porque, segundo a acusação, no 
dia 6 de março de 2015, por volta das 13h30, na Rua dos Ofendidos, s/n, Centro, na cidade e 
comarca de São Paulo, agindo em concurso e unidade de desígnios, iniciaram a subtração, para 
eles próprios, mediante escalada, de coisas alheias móveis consistentes em dois tênis, duas 
bicicletas, três óculos de esporte, um óculos de sol, um canivete e um alicate, um notebook, uma 
televisão, um rádio, um Blue Ray, bijuterias e joias, diversos produtos de higiene pessoal, um 
celular e seis relógios de pulso, de propriedade da vítima Bonzinha Demais, só não consumando 
seu intento por circunstâncias alheias às suas vontades. 
 
Conforme restou apurado, os acusados combinaram a prática do 
crime de furto. Fulano de Tal ficou na via pública em posse das bicicletas que usaram para chegar 
até o local, a fim de dar cobertura para o corréu. Cicrano do Mau escalou o muro frontal da 
 
2 
www.g7juridico.com.br 
 
residência e conseguiu adentrá-la através de um vitrô que dá acesso ao lavabo. Dentro da casa, 
Cicrano começou a separar os bens a serem subtraídos e colocou-os na garagem. Os vizinhos 
da residência avistaram esse acusado ingressando o imóvel e acionaram a Polícia Militar. 
Quando os policiais militares chegaram ao local, abordaram Fulano, que negou estar ali para dar 
cobertura a Cicrano. Todavia, ao perceber a presença dos milicianos, Cicrano buscou sair da 
residência para empreender fuga, mas acabou se ferindo e foi abordado pelos agentes do 
Estado. Os bens foram apreendidos na garagem da casa e entregues à vítima. 
 
Acompanha a denúncia o inquérito policial (fls.1usque 113). 
 
A denúncia foi recebida em 25 de agosto de 2015 (fls. 128). 
 
Oferecida a proposta de suspensão condicional do processo ao 
réu Cicrano do Mau, pelo fato de preencher os requisitos do art. 89 da Lei 9.099/95 (fls.169). Ele 
aceitou a proposta e o processo continuou em relação a Fulano de Tal. 
 
Citado (fls. 147/148), o réu Fulano de Tal ofereceu defesa escrita 
(fls.199/200). 
 
Durante a instrução probatória, tomaram-se as declarações da 
vítima e o depoimento de uma testemunha, bem como o interrogatório do réu. 
 
Superada a fase do artigo 402 do CPP, as partes ofereceram 
suas alegações finais. 
 
Preliminarmente, o Ministério Público pleiteou pela retificação do 
erro material contido na inicial acusatória. Ocorre que os fatos se deram aos 21 de abril de 2015 
e infere-se da denúncia que teriam sido praticados em 6 de março do mesmo ano. Ademais, 
pugnou pela condenação do acusado, pois entende que as provas colhidas ao longo do processo 
comprovam a materialidade delitiva e a autoria. Requereu a fixação da pena base acima do 
mínimo legal. 
 
A defesa, por sua vez, pugnou pela absolvição do acusado 
sustentando a insuficiência probatória (confessou). Subsidiariamente, em caso de condenação, 
postulou pela fixação da pena base em seu mínimo legal. Requereu a consideração das 
atenuantes da confissão e da menoridade relativa do réu. Requereu a fixação do regime aberto 
 
3 
www.g7juridico.com.br 
 
como o inicial para cumprimento de pena, embora postule pela substituição da pena privativa de 
liberdade por restritivas de direitos. Ainda, pretendeu a concessão do direito de apelar em 
liberdade. 
 
É o breve relatório. 
Decido. 
 
De proêmio, cumpre acolher a preliminar arguida pela acusação 
quanto ao erro material contido na denúncia. De fato, como se pode inferir do boletim de 
ocorrência (fls.31/34) e dos demais documentos produzidos em fase inquisitorial, os fatos 
ocorreram em 21 de abril de 2015 e não em 6 de março do mesmo ano, como consta na inicial 
acusatória. 
 
Quanto ao mérito, a pretensão punitiva é procedente. 
 
A materialidade do crime de furto está demonstrada pelo boletim 
de ocorrência (fls. 31/34), pelo auto de exibição e apreensão (fls. 35/39), auto de entrega (fls. 
39/42), laudos periciais (fls. 50/51; 52/53; 65/66; 118/121), auto de avaliação (fls. 67), pelas 
declarações da vítima, depoimento da testemunha e pela confissão do réu. (pode-se exigir mais 
que isso) 
 
Também a autoria é induvidosa. 
 
A ofendida Bonzinha Demais disse que teve sua casa furtada. 
Estava viajando e os furtadores adentraram sua residência, pulando o muro e arrombando uma 
janela. Foi até a delegacia de polícia e reconheceu seus bens. Soube dos fatos por informação 
dos policiais. 
 
Já o policial militar Homem da Lei disse que recebeu notícia do 
furto e foi ao local. Um dos furtadores estava do lado de fora da casa na posse de duas bicicletas. 
O outro estava no interior do imóvel. Ouvindo a ação policial, aquele que estava dentro da casa 
tentou fugir, mas acabou sendo ferido por um ofendículo da residência e foi preso. Ambos 
confessaram informalmente a prática delitiva. Reconheceu o acusado Fulano de Tal como sendo 
um dos furtadores. Era ele quem guardava a residencia, enquanto o outro furtador efetuava a 
subtração. O réu Fulano foi preso em flagrante delito e confessou a prática do crime. 
 
 
4 
www.g7juridico.com.br 
 
Por fim, o acusado Fulano de Tal, interrogado em Juízo, disse 
que estava em casa e passava por necessidades financeiras. Resolveu praticar o furto. Chamou 
um amigo e foi ele, o amigo, quem adentrou a casa. Haviam chegado há poucos minutos e a 
polícia já apareceu. Seu amigo tentou fugir, mas acabou sendo preso, tal como se deu em 
relação a Fulano. 
 
Vê-se que as provas colacionadas contra o réu são robustas e 
não admitem dúvidas, senão vejamos: 
 
Além de sua confissão judicial, ocorrida sob o crivo do 
contraditório, ressalta-se que sua versão é corroborada pelos demais elementos presentes nos 
autos, dando mais peso ao ensejo condenatório. 
 
Ora, o policial militar Homem da Lei confirmou que o acusado 
estava do lado de fora da residência com o propósito de dar cobertura ao outro furtador que 
adentrou ao imóvel. Além disso, estavam sob a posse de Fulano de Tal duas bicicletas que foram 
utilizadas para chegar até ao local e seriam o meio de fuga após a conclusão da prática delitiva. 
Não bastasse, a ofendida confirmou que os bens estavam destacados para a subtração. 
 
Ocorre que, no caso em tela, a consumação do delito não se deu 
por circunstâncias totalmente alheias à vontade do agente. Os policiais militares chegaram ao 
local no momento em que os bens eram separados por Cicrano; logo, foram os policiais que 
impediram que o furto se consumasse. 
 
Nesse sentido, de rigor a consideração da modalidade tentada 
do delito do art. 155 do Código Penal, com base no art. 14, inciso II do Código Penal. 
 
A questão cinge-se agora às qualificadoras de escalada e 
concurso de pessoas. Neste ponto, o pedido também é procedente. 
 
Conforme laudo de exame do local: “o acesso ao interior do 
imóvel se deu mediante escalada do muro frontal, terço esquerdo, com cerca de 3 metros de 
altura e posterior escalada de vitraux de vidro de blindex com cerca de 2.8 metros de altura que 
dá acesso ao lavabo interno”. (fls. 66). 
 
 
5 
www.g7juridico.com.br 
 
De acordo com a Teoria Monista, adotada pelo Código Penal, 
art. 29, mesmo que o fato criminoso tenha sido praticado por vários agentes, conserva-se único 
e indivisível, sem qualquer distinção entre os sujeitos. Todos e cada um, sem distinção, são 
responsáveis pela produção do resultado, em concepção derivada da equivalência das 
condições, conforme lição de Rogério Sanches. 
 
Pelo exposto, embora o acusado Fulanode Tal não tenha 
adentrado ao imóvel, de rigor a consideração da qualificadora da escalada. 
 
Da mesma forma, restou o concurso de agentes provado pela 
palavra do agente policial e interrogatório do acusado, que foram uníssonos em descrever que 
os furtadores estavam juntos quando da tentativa de cometimento do crime. Ademais, estão 
presentes os requisitos para a caracterização do concurso, quer sejam: pluralidade de agentes 
e de condutas, relevância causal das condutas, liame subjetivo entre os agentes e identidade da 
infração penal. 
 
Desta forma, a condenação é medida de rigor. 
 
Passo à dosimetria da pena. 
 
Atendendo às circunstâncias do artigo 59 do Código Penal, 
observo que a culpabilidade é ordinária, não podendo ser tomada como negativa. Não há 
elementos quanto à conduta social, à personalidade dos agentes, aos motivos do crime não 
podendo, assim, haver prejuízo ao acusado. As circunstâncias e consequências do crime são 
neutras. O comportamento da vítima também não é relevante no caso. Em vista dessas 
circunstâncias favoráveis, fixo a pena base no seu mínimo legal, qual seja, 2 anos de reclusão e 
pagamento de 10 dias-multa. 
 
Na segunda fase, presentes as atenuantes da confissão e da 
menoridade relativa do réu na data do fato. Entretanto, impossível reduzir a pena aquém do 
mínimo nesta fase – Súmula 231 do STJ - motivo pela qual persevera assim como está. 
 
Presente causa de diminuição por se tratar de crime na forma 
tentada. Em vista do iter criminis alcançado pelo furtador, diminuo a pena em dois terços, 
tornando-a definitiva em 8 meses de reclusão mais o pagamento de 3 dias-multa. 
 
 
6 
www.g7juridico.com.br 
 
Posto isso, JULGO PROCEDENTE a pretensão punitiva e 
condeno FULANO DE TAL, qualificado nos autos, como incurso nas penas do art. 155, §4º, 
inciso II e IV c.c o art. 14, inciso II, ambos do Código Penal, ao cumprimento de 8 (oito) meses 
de reclusão, além do pagamento de 3 (três) dias-multa, no mínimo legal. Outrossim, 
condeno o réu ao pagamento das custas (CPP, art. 804). 
 
Considerando o parágrafo 3o do artigo 33 do Código Penal, o 
regime inicial de cumprimento da pena é o aberto, mormente o montante de pena aplicada. 
 
Ante os termos do artigo 44 do Código Penal, substituo a pena 
corporal por uma privativa de direitos, consistente na prestação de serviços à comunidade, pelo 
mesmo prazo da pena corporal e na forma a ser indicada pelo juízo da execução. 
 
Por não estarem presentes os pressupostos do artigo 312 do 
Código de Processo Penal, autorizadores da prisão preventiva, permito eventual apelo em 
liberdade. 
 
Deixo de fixar indenização à vítima (CPP, art. 387) tanto por não 
haver prejuízo material, quanto pela ausência de pedido expresso. 
 
Comunique-se à vítima o desfecho da causa, nos termos do art. 
201, §2o. do CPP. 
 
Após o trânsito em julgado da presente sentença: 
Intime-se o réu para pagar a multa fixada, no prazo de 10 (dez) 
dias; 
Oficie-se ao instituto de identificação do Estado (IIRGD) para 
constar da folha de antecedentes a condenação; 
Oficie-se ao TRE para fins do artigo 15, III, da Constituição 
Federal; 
Expeça-se a guia de recolhimento para execução da pena 
imposta (art. 674 do CPP e art. 105 da LEP) e formem-se os autos da execução. 
P.R.I. 
 
 
 
 
7 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
 
Peça 2 - Art.121 - Homicidio qualificado - sem enunciado 
 
 
Vistos. 
 
 
 
 
FULANO DE TAL, qualificado nos autos, foi pronunciado como 
incurso no art. 121, parágrafo segundo, inciso IV do Código Penal Brasileiro. 
Submetido a julgamento nesta data, os Senhores Jurados 
reconheceram a autoria e a materialidade, rejeitaram a tese defensiva de legítima defesa e acataram 
a qualificadora de recurso que dificultou a defesa da vítima. 
Nessa hipótese, o réu responde por um crime de homicídio 
qualificado. 
Dosimetria da pena: 
A culpabilidade é exacerbada, porquanto o réu descarregou a arma 
contra a ofendida. Outrossim, é certo que ceifou a vida de uma pessoa ainda muito jovem, arrimo de 
família. As conseqüências do crime numa entidade familiar já tão precária são dantescas. O acusado 
registra maus antecedentes, pois foi condenado definitivamente por dois furtos, um dos quais será 
utilizado como reincidência e outro aqui. O motivo é repugnante, qual seja, matar a vítima apenas por 
ela se recusar à conjunção carnal com o réu. Todavia, por ser tal ocorrência relativa à qualificação do 
delito (CP, art. 121, parágrafo 2o., inc. I) e não haver sido considerada anteriormente, deixo de tomá-
la aqui também para não subverter a ordem do sistema. Já as circunstâncias do delito, ao reverso, 
serviram para qualificá-lo. A conduta social do réu é negativa, pois costuma andar armado e se 
desentende com os vizinhos frequentemente. O comportamento da vítima não auxilia o réu. Atento 
ao disposto no art. 59 do Código Penal Brasileiro e majorando em 1/8 (um oitavo) a sanção para cada 
uma das circunstancias judiciais negativa, fixo a pena-base em 21 (vinte e um) anos de reclusão. 
Na segunda etapa da dosimetria, verifico que o acusado é 
reincidente (CP, art. 61, inc. I). Todavia, guardava a menoridade relativa ao tempo do crime (CP, art. 
65, inc. I). A leitura mais atual do art. 67 do CP e na esteira do que vem entendendo o STJ, a 
 
8 
www.g7juridico.com.br 
 
menoridade (junto com a senilidade) prevalece em vista de qualquer agravante. Assim, reduzo a pena 
em um sexto, fixando-a em 17 (dezessete) anos e 6 (seis) meses de reclusão. 
Ausentes causas de aumento e de diminuição da pena, torno 
definitiva a sanção em 17 (dezessete) anos e 6 (seis) meses de reclusão. 
Ante a quantidade de pena aplicada, seu cumprimento se dará em 
regime inicialmente fechado nos termos da alínea “a”, parágrafo segundo, art. 33 do Código Penal, 
ressalvada a competência do Juízo da Execução para decisão sobre sua extensão, na forma do art. 
66 da Lei de Execuções Penais. 
Em razão do exposto, JULGO PROCEDENTE a pretensão punitiva 
para condenar FULANO DE TAL, qualificado nos autos, como incurso no art. 121, parágrafo 
segundo, inciso IV do Código Penal, a cumprir, em estabelecimento adequado, em regime 
inicialmente fechado, a pena de 17 (dezessete) anos e 6 (seis) meses de reclusão. 
Os requisitos da prisão cautelar estão presentes. O réu foi hoje 
considerado culpado por um crime brutal, cometido com violência contra a pessoa. Ademais, tem 
maus antecedentes, é reincidente e procurou se furtar à aplicação da lei penal. A manutenção da 
ordem pública e garantia da aplicação da lei penal recomendam a mantença da prisão. Assim, deverá 
aguardar em cárcere o julgamento de eventual recurso. 
Após certificado o trânsito em julgado, lance-se o nome do réu no 
rol de culpados; oficie-se ao instituto de identificação do Estado (IIRGD) para constar da folha de 
antecedentes a condenação; oficie-se ao TRE para fins do artigo 15, III, da Constituição Federal; 
expeça-se a guia de recolhimento para execução da pena imposta (art. 674 do CPP e art. 105 da 
LEP) e formem-se os autos da execução. 
Decisão publicada hoje neste Plenário do Tribunal do Júri desta 
cidade, às __h, saindo os presentes dela intimados. Registre-se e comunique-se. 
 
Local e data 
 
Juiz Substituto 
 
 
 
 
 
 
 
9 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
 
 
Peça 3 - Tráfico - desclassificação - sem enunciado 
 
 
 
Vistos. 
 
 
 
 
 
FULANA DE TAL, qualificada nos autos, foi denunciada e está 
sendo processada como incursa nas penas do art. 33, caput da Lei 11.343/06, porque, segundo a 
acusação, [...] nesta cidade e comarca, trazia consigo, para fins de comercialização, sem autorização 
e em desacordo com determinação legal ou regulamentar, substância entorpecente consistente em 
5,876 (cinco grama e oito centos e setenta e seis miligramas) da droga Metil Benzoil Ecgonina, 
extraído do vegetal Erytroxylon coca, ou seja, cocaína,em desacordo com a determinação legal e 
regulamentar. 
 
É o breve relatório (ou Relatório dispensado pelo 
enunciado) 
Decido. 
 
Não havendo preliminares a serem analisadas, nem tampouco 
nulidades a serem corrigidas, passo à análise do mérito. 
 
 
10 
www.g7juridico.com.br 
 
Demonstra-se a materialidade delitiva pelo boletim de ocorrência 
(fls. 11/14), pelo auto de exibição e apreensão (fls. 14/16), pelo laudo de constatação provisória (fls. 
40/41) e exame químico toxicológico (fls. 107/109), além da palavra das testemunhas. 
 
Quanto ao entorpecente, concluíram os senhores peritos que no 
material apreendido na posse do réu foi encontrada a presença de METIL BENZOIL ECGONINA 
(cocaína), alcaloide extraído do vegetal Erythoxylum coca. Assim, ficou demonstrada, de forma 
definitiva, a existência do princípio ativo das substâncias entorpecentes que causam dependência 
psíquica (fls.109). 
 
É segura também a autoria, mas apenas quanto ao porte para 
consumo próprio de drogas. 
[...] 
Assim, vale dizer que a posse da droga é, sim, ato consumado e 
provado, mas o mesmo não se diga quanto à finalidade de traficância. Não foi encontrado com a ré 
nenhuma quantia em dinheiro, nem anotações que indicassem o comércio do entorpecente. Ademais, 
a ré não foi surpreendida em situação de mercancia ilícita de entorpecentes. 
 
Sob outro prisma, não se pode tomar a quantidade de droga 
apreendida como fator determinante para absolvição ou condenação. Este é apenas um dos critérios. 
E se fosse para considerá-la, cabe deixar bem vincado que a quantidade apreendida de entorpecente 
é ínfima. Tudo visto e somado, o conjunto probatório infirma a prática do crime do art. 33, 
caracterizando infração ao artigo 28 da mesma Lei 11.343/06, consoante critério do parágrafo 
segundo deste mesmo artigo. 
 
Ainda que não comprovado pelo exame toxicológico a dependência 
química da ré, foram colhidos elementos probatórios capazes de indicar que ela faz uso regular e 
contínuo de entorpecentes. Por isso, não é surpreendente a posse a droga, cabendo a imputação 
pelo art. 28 da lei 11.343/06. 
 
 
11 
www.g7juridico.com.br 
 
Em casos tais, tudo aconselha a desclassificação do crime do art. 
33, caracterizando infração ao artigo 28 da mesma Lei 11.343/06, consoante critério do parágrafo 
segundo deste mesmo artigo. E, neste caso, sao aplicáveis os benefícios da Lei 9.099/95 conforme 
entendimento firme da jurisprudência, inclusive do Superior Tribunal de Justiça. 
 
No entanto, desclassificando o delito, imperioso reconhecer 
também a ocorrência da prescrição, porquanto o prazo prescricional é de 2 (dois) anos e não há 
marco interruptivo desde o recebimento da denúncia 
 
Ante o exposto, DECLARO a presrição da pretensão punitiva 
nos termos do quanto dispõe o art. 107, inc. IV do Código Penal c.c art. 30 da Lei 11.343/06 relativa 
a FULANA DE TAL, qualificada nos autos, e frente ao crime no art. 28 da Lei 11.343/06. 
 
Expeça-se alvará de soltura clausulado com urgência. 
 
Determino a incineração do entorpecente. 
 
Oportunamente, arquivem-se os autos. 
 
P. R.I. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
 
 
Peça 4 - Roubo e extorsão – enunciado 
 
 
 
 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
XLIV CONCURSO PARA INGRESSO NA MAGISTRATURA 
DE CARREIRA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
SENTENÇA PENAL 
 
Leia o relatório abaixo com atenção e profira sentença. Limite-se à 
fundamentação e à parte dispositiva. Enfrente todas as questões explícita e 
implicitamente propostas, lembrando-se de mencionar na fundamentação todos os 
artigos eventualmente pertinentes, cuja correta citação será levada em conta pela banca. 
 
No dia 20/01/2012, por volta das 12:30horas, em Realengo, nesta cidade do Rio de Janeiro, 
ANDRÉ e sua esposa CÍNTIA saíam de um supermercado, em direção ao estacionamento, 
quando foram abordados por ÂNGELO e MANOEL, maiores de 21 anos e pelo adolescente 
J.S.C. Armados, os obrigaram a entrar no veículo, no qual também ingressaram, permanecendo 
ANDRÉ ao volante, enquanto ele e sua esposa sofriam ameaças de morte exercidas com 
emprego de arma de fogo. 
 
Mais à frente, na Avenida X, obrigaram ANDRÉ a se dirigir a um banco 24 horas, onde foi 
compelido a sacar de sua conta particular R$ 1.000,00, enquanto sua esposa permaneceu no 
carro sob a mira de armamento. 
 
Pouco depois, CÍNTIA foi obrigada a saltar do veículo e dirigir-se a um banco 24 horas onde teve 
que sacar R$ 1.000,00 de sua conta, enquanto ANDRÉ permaneceu ameaçado no automóvel. 
 
Durante o evento, os agentes criminosos ainda subtraíram das vítimas três aparelhos de telefonia 
celular e um cordão de ouro. 
 
Policiais militares perceberam a ação e tentaram interceptar o automóvel, mas ANDRÉ foi 
obrigado a fugir acelerando o veículo, sendo perseguido pela viatura oficial. Foram efetuados 
disparos contra o carro em que estavam as vítimas e os agentes criminosos, e ANDRÉ, com 
medo de que ele e sua esposa fossem atingidos, parou o carro no acostamento, ocasião em que 
ÂNGELO fugiu, mas acabou sendo detido logo depois. 
 
 
13 
www.g7juridico.com.br 
 
MANOEL saltou do automóvel usando ANDRÉ como escudo humano, apontando a arma contra 
a sua cabeça, mas o policial que os abordou, conseguiu atingi-lo na testa, matando-o. Em seu 
bolso, foram apreendidos 3 papelotes de “maconha”. 
 
O adolescente permaneceu junto a CÍNTIA e foi apreendido sem reação. 
 
A ação delituosa durou cerca de 40minutos. 
 
O Ministério Público ofereceu denúncia contra ÂNGELO imputando-lhe a conduta descrita nos 
artigos 157, § 2º, incisos I e II, duas vezes, 158 § 3º, duas vezes, ambos do Código Penal, 244-
B, da Lei 8.069/90, e 33, caput, da Lei 11.343/06, todos em concurso material. 
 
Finda a instrução, em alegações finais, o Ministério Público requereu a condenação nos exatos 
termos da denúncia. 
 
A defesa arguiu preliminarmente, fosse evitada violação ao princípio da identidade física do juiz, 
eis que o julgador que colheu a prova oral foi promovido e as alegações finais já foram dirigidas 
ao novo titular da vara criminal, entendendo que o magistrado anterior deveria proferir a 
sentença. Também alegou vício porque houve cisão da audiência de instrução e julgamento, 
para ser ouvida uma testemunha arrolada pela acusação, que não compareceu à audiência 
anteriormente designada, além das arroladas pela defesa e interrogatório. 
 
No mérito requereu a absolvição do acusado quanto ao crime de corrupção de menores, ao 
argumento de que o adolescente já responde a três autos de infração, a demonstrar que ele já 
estaria corrompido. Em relação ao tráfico requereu a absolvição por inexistência de vínculo 
doloso entre os agentes e, subsidiariamente, pretende a desclassificação para o crime do artigo 
28 da Lei 11.343/06. Em relação aos crimes patrimoniais, pediu fosse reconhecido crime único 
de extorsão, em vista de se tratar de subtração do patrimônio de um casal. Subsidiariamente, 
requereu se considerasse ter havido continuidade delitiva entre as infrações e que a pena fosse 
fixada no mínimo legal, considerando-se também a confissão espontânea, estabelecido o regime 
prisional mais brando. 
 
Houve a conversão da prisão em flagrante em preventiva, permanecendo o acusado custodiado 
durante toda a instrução criminal. 
 
O imputado possui três anotações em sua FAC, sem resultados definitivos. 
 
Utilizando a presente exposição como, proferir a sentença analisando todas as questões 
propostas. 
 
 
14 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
Peça 4 - Roubo e extorsão – sentença 
 
Vistos. 
 
 
(Relatório fornecido pelo enunciado). 
Fundamento e decido. 
 
 
Não há questões prejudiciais a serem decididas, nos termos dos artigos 92 e seguintes 
do Código de Processo Penal, nem tampouco nulidades, previstas no art. 564 do mesmo diploma 
legal. 
De rigor, entretanto, analisar as questões preliminaressuscitadas pela defesa. 
Insurge-se a defesa técnica contra suposto não atendimento ao princípio da identidade 
física do juiz. Defende que, embora o juiz condutor da audiência instrutória tenha sido promovido, 
deveria ser ele a prolatar a sentença no presente feito. Não tem razão o reclamo. 
Conquanto o parágrafo 2o, art. 300 do Código de Processo Penal, com a redação dada 
pela Lei 11.719/2008, preveja, de fato, que o juiz que presidiu a instrução deva proferir a 
sentença, tal princípio deve ser interpretado em consonância com as questões de organização 
do Poder Judiciário e das próprias exceções legais. 
A observância estrita da regra em questão inviabilizaria promoções, afastamentos e 
aposentadorias, razão pela qual seu rigor é mitigado. Por isso mesmo, o art. 132 do Código de 
Processo Civil de 1973 elencava uma série de exceções ao dito princípio e isso jamais foi um 
obstáculo à boa resolução das demandas. Conquanto aquele artigo de lei tenha sido revogado, 
continua a servir como parâmetro de leitura do princípio em tela. 
Dessa forma, não há qualquer empecilho para que este magistrado analise o teor da tese 
acusatória apresentada pelo Ministério Público, sem que isso fira o princípio da identidade física 
do juiz, tampouco o disposto no inciso LIII, art. 5º da CF. 
Fica rejeitada, portanto, a primeira preliminar. 
Ainda como preliminar, argumenta a defesa que não poderia ter sido cindida a audiência 
de instrução e julgamento para oitiva de testemunha arrolada pela acusação. Conquanto a 
audiência no processo penal seja una, é possibilidade trazida no art. 218 do diploma processual 
penal a inquirição daqueles que estão presentes ao ato, caso não compareça alguma das 
testemunhas arroladas. A previsão legal é expressa. Outrossim, sequer foi alegado prejuízo com 
a adoção da prática agora combatida. 
 
15 
www.g7juridico.com.br 
 
 Assim, regular a cisão da audiência de instrução e julgamento, não sobrevindo vício a 
macular o trâmite processual. 
Resolvidas as preliminares, passo agora à análise do mérito. 
A pretensão punitiva procede parcialmente. 
Quanto ao crime de roubo, demonstra-se a materialidade delitiva pelos autos de exibição, 
apreensão e entrega trazidos aos autos, que dão conta que o acusado subtraiu três aparelhos 
de telefone celular, um cordão de ouro e o veículo em que se encontravam as vítimas. 
A autoria, de outro lado, é inconteste. 
Nesta senda, basta lembrar que o veículo em que estava o réu, e que era dirigido pela 
vítima André, foi perseguido pela viatura policial. Embora o réu tenha determinado a André para 
que fugisse e efetivamente tenha sido iniciado a fuga, o ofendido parou o carro e os policiais 
conseguiram deter o réu. Tal versão, descrita na exordial acusatória, foi corroborada pelas 
declarações da vítima. 
Não bastasse, os depoimentos dos milicianos que atuaram na repressão da ação 
criminosa trilharam o mesmo caminho. Outrossim, até mesmo o acusado confirmou os 
acontecimentos, confessando a conduta criminosa. 
Logo, a autoria é manifesta. 
No que tange à tipicidade, verifica-se que o enquadramento trazido pelo Parquet é 
irreparável. 
Do que se provou nos autos, tem-se que, mediante grave ameaça e violência o réu, 
conjuntamente com Manoel - morto durante a captura – além de um adolescente, subtraiu das 
vítimas três aparelhos celulares, um cordão de ouro e um automóvel, configurando o crime 
previsto no art. 157 do Código Penal. 
Importa esclarecer que o roubo se consuma a partir do momento em que os bens são 
retirados da esfera de disponibilidade e vigilância da vítima, não sendo necessário que a posse 
do objeto pelo agente seja mansa e pacífica. 
A doutrina e, principalmente, a jurisprudência, inclusive a do Superior Tribunal de Justiça 
e do Supremo Tribunal Federal, cada vez mais consolida a adoção da teoria da amotio ou 
apprehensio. A propósito cabe lembrar a recente Súmula 582 do Superior Tribunal de Justiça. 
Pretendeu a acusação o reconhecimento de duas causas de aumento de pena, 
entendendo que o delito foi cometido com emprego de arma de fogo e em concurso de agentes. 
Ambas foram verificadas no caso concreto. 
A arma de fogo foi apreendida, conforme auto de exibição e apreensão, e em exame 
pericial foi constatada sua potencialidade lesiva, embora isso sequer fosse necessário, conforme 
entendimento pacífico da jurisprudência, inclusive do STJ. 
 
16 
www.g7juridico.com.br 
 
Já o concurso de agentes está, de igual modo evidenciado, uma vez que é inconteste no 
conjunto probatório que o acusado praticou os crimes em conjunto com Manoel e com o 
adolescente J. S. C. 
Daí que o réu deve ser condenado como incurso no crime de roubo, por duas vezes, 
conforme aduziu o Ministério Público. 
Os bens jurídicos protegidos pela tipificação desse delito são o patrimônio, a integridade 
física e a liberdade dos indivíduos, não sendo possível acolher a tese que se trata de crime único 
tão somente porque o patrimônio de um casal foi atingido. Ora, ainda que se trate de um casal, 
foram roubados bens particulares de cada qual das vítimas (celular, corrente de ouro); ademais, 
além dos patrimônios, foram atingidas integridade física e liberdade de duas pessoas. Sobre o 
tema, deixa-se vincado que, atualmente, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça guarda 
esse entendimento, inclusive por que não se há confundir o conceito de patrimônio no direito civil 
e penal. Trata-se, portanto, de dois delitos. 
Passemos à análise do crime de extorsão. 
A materialidade delitiva pelos autos de exibição, apreensão e entrega trazidos aos autos, 
que apontam que o acusado tinha em seu poder a quantia de R$2.000,00 (dois mil reais). Os 
extratos das contas bancárias das vítimas comprovam que esse numerário foi retirado no dia e 
hora dos fatos, sendo metade dele da conta de André e a outra metade da conta de Cíntia. 
A autoria, como analisada anteriormente, comprova-se pela prisão em flagrante do réu, 
por sua confissão, além da palavra da vítima e milicianos. A propósito, as declarações prestadas 
pelas vítimas apontam que foram obrigadas a realizar os saques, sob ameaça do acusado e de 
seus comparsas. Cumpre ressaltar que as declarações restaram incontroversas ante a confissão 
do réu. 
Sobre a tipicidade, por sua vez, é demonstrada pela exata subsunção do fato à norma, já 
que o réu constrangeu as vítimas, mediante violência ou grave ameaça, a sacarem numerários 
em suas contas bancárias. A conduta se amolda na figura qualificada descrita no parágrafo 3o.. 
art. 158 do CP, tendo em vista que o crime foi cometido mediante restrição da liberdade das 
vítimas, que foram obrigadas a adentrarem veículo de sua propriedade e se dirigirem a caixas 
eletrônicos para sacarem os valores exigidos pelo réu e pelos demais agentes. 
Diga-se, novamente, aqui o que já se explanou sobre o roubo e a incursão do réu no tipo 
penal por duas vezes. Os bens jurídicos tutelados pelo delito de extorsão são idênticos aos do 
roubo, sendo imperiosa a aplicação de raciocínio análogo, porquanto foram atingidos, como já 
se falou, o patrimônio, a integridade física e a liberdade de dois indivíduos. Rejeita-se, assim, a 
tese defensiva de que, quanto à extorsão, o réu praticou crime único. 
Pela participação de adolescente na empreitada criminosa, o Parquet requereu a 
condenação do acusado pelo delito descrito no art. 244-B do Estatuto da Criança e do 
 
17 
www.g7juridico.com.br 
 
Adolescente. Com efeito, o menor de idade J. S. C. foi apreendido quando da prisão em flagrante 
do acusado, comprovando a materialidade delitiva. No mesmo sentido, as declarações das 
vítimas apontaram a presença do adolescente quando dos fatos, além do depoimento dele 
próprio, prestado em juízo, indicar sua participação nos crimes. 
Quanto à autoria, como já explicitado, ficou comprovada pelo fato de o réu ter sido preso 
em flagrante – juntamente com o menor, denotandoa existência do crime. 
Acerca da tipicidade, reputa-se corretamente descrita a tipificação na exordial acusatória. 
A corrupção de menores se consuma quando uma infração criminal é praticada em conjunto com 
menor de 18 anos, assim como ocorreu no caso em tela. Por se tratar de crime formal, não se 
exige resultado naturalístico. 
Dessa forma, o fato de o adolescente estar respondendo pela prática de outras infrações 
não pode afastar a tipicidade, como pretendido pela defesa. É esse, inclusive, o entendimento 
do STJ cristalizado na Súmula 500. 
A questão cinge-se, agora, à análise do delito de tráfico de drogas, previsto no art. 33 da 
Lei 11.343/06. Nesse ponto, a pretensão punitiva não pode ser acolhida, resultando na 
absolvição do acusado. 
Muito embora haja materialidade delitiva, visto que os agentes estatais encontraram no 
bolso de Manoel três poções da droga vulgarmente conhecida como “maconha”, não há provas 
da autoria do delito pelo ora réu. A acusação falhou em provar o vínculo doloso entre o réu e seu 
comparsa, que transportava as drogas, bem como a finalidade de traficância. De outro lado, a 
confissão do acusado não abarcou a prática desse delito. 
Não há outra providência a tomar, porquanto a morte de Manoel extingue a punibilidade 
do crime, nos termos do quanto disposto no art. 107, inciso I do CP. 
Ante o exposto, julgo parcialmente procedente a pretensão punitiva veiculada na denúncia 
para CONDENAR o réu pela conduta descrita nos artigos 157, parágrafo 2º, incisos I e II, por 
duas vezes, 158, parágrafo 3o., por duas vezes, ambos do Código Penal e no art. 244-B, da Lei 
8.069/90 e ABSOLVÊ-LO pela prática do crime previsto no art. 33, caput da Lei 11.343/06 com 
fundamento no inciso V do art. 386 do Código de Processo Penal. 
Passo agora à dosimetria da pena. 
a) Roubo (art. 157 do CP) 
Considerando o disposto no art. 59 do Código Penal, fixo a pena base no mínimo legal, 
pelos motivos que exponho a seguir. A culpabilidade do agente se demonstrou normal à espécie. 
Não há nos autos elementos que indiquem que a pena deva ser elevada em razão dos 
antecedentes do réu, já que a existência de anotações na ficha de antecedentes criminais do 
réu, sem resultados definitivos, não deve servir para tal fim (Súmula 444 do STJ). Não se trouxe 
aos autos indicações sobre a conduta social, personalidade do agente e motivos do crime. 
 
18 
www.g7juridico.com.br 
 
Quanto às circunstâncias do crime, também não se verifica nada capaz de exasperar a pena 
além o mínimo legal. Não vislumbro indicativos de que o comportamento da vítima deva alterar 
a fixação da pena base. 
Presente a circunstância atenuante quanto à confissão espontânea. Entretanto, 
impossível reduzir a pena aquém do mínimo legal na segunda fase da dosimetria, motivo pelo 
qual persevera a pena assim como está nos termos da Súmula 231 do STJ. 
A acusação pleiteou pela incidência das causas de aumento da pena previstas nos incisos 
I e II do parágrafo segundo, art. 157 do Código Penal. Conforme fundamentação supra, o pedido 
merece guarida. Assim, elevo em um terço a pena fixada, resultando em 5 anos e 4 meses de 
reclusão atento à Súmula 443 do STJ. 
Tendo em vista a prática de dois crimes de roubo, os quais foram efetuados mediante uma 
só ação, deve incidir a regra prevista no art. 70 do Código Penal (concurso formal de crimes). 
Aplica-se, portanto, a pena de um delito de roubo, aumentada em um sexto. Com isso, a pena 
passa a ser de 6 anos, 2 meses e 20 dias de reclusão. A sanção pecuniária alcança 13 dias-
multa. Ela é sempre somada nos termos do art. 72 do CP. Assim perfaz o montante de 26 (vinte 
e seis) dias-multa. 
b)Extorsão 
Considerando o disposto no art. 59 do Código Penal, fixo a pena base no mínimo legal, 
pelos motivos que exponho a seguir. O réu não demonstrou culpabilidade além daquela 
intrínseca ao tipo. As circunstâncias judiciais subjetivas já foram analisadas anteriormente. 
Nenhuma atenção especial quanto à conduta social, motivos e circunstâncias do crime ou ao 
comportamento da vítima. 
Presente a circunstância atenuante quanto à confissão espontânea. Entretanto, 
impossível reduzir a pena aquém do mínimo legal na segunda fase da dosimetria conforme já 
indicado. 
Ausentes causas de aumento ou diminuição de pena. 
Tendo em vista a prática de dois crimes de extorsão, os quais foram efetuados mediante 
uma só ação, mesmo que desdobrada em vários atos, deve incidir a regra prevista no art. 70 do 
Código Penal (concurso formal de crimes). Aplica-se, portanto, a pena de um delito de extorsão, 
aumentada em um sexto. Com isso, a pena passa a ser de 7 anos de reclusão. A multa é sempre 
somada nos termos do art. 72 do CP. Assim perfaz o montante de 20 (vinte) dias-multa. 
c) Corrupção de menores 
Considerando o disposto no art. 59 do Código Penal, fixo a pena base no mínimo legal. O 
réu não demonstrou culpabilidade além daquela intrínseca ao tipo. As condições subjetivas são 
favoráveis, conforme apontado anteriormente. Os motivos e circunstâncias do crime, além do 
comportamento da vítima também são neutros. 
 
19 
www.g7juridico.com.br 
 
Presente a circunstância atenuante quanto à confissão espontânea. Entretanto, 
impossível reduzir a pena aquém do mínimo legal na segunda fase da dosimetria, motivo pelo 
qual persevera a pena assim como está. 
Ausentes causas de aumento ou diminuição de pena. Logo, a pena fica em 1 ano de 
reclusão. 
Concurso de crimes 
As infrações pelas quais o réu foi condenado se efetivaram mediante a prática de mais de 
uma ação, razão pela qual as penas devem ser somadas, assim como impõe o concurso material 
de crimes (art. 69 do Código Penal). Disso resulta a pena de 14 anos, 2 meses e 20 dias de 
reclusão, além do pagamento de 46 (quarenta e seis) dias-multa. Não é pertinente o argumento 
da defesa no sentido de tentar qualificar a empreitada criminosa como crime continuado, tendo 
em vista que os crimes praticados não foram da mesma espécie. É posição dominante na 
jurisprudência que os delitos da mesma espécie são aqueles previstos no mesmo tipo penal, o 
que não é o caso. 
O valor do dia-multa será equivalente a 1/30 do salário mínimo nacional, que assim fixo 
ante a inexistência de elementos nos autos que permitam averiguar a situação econômica do 
réu. 
A pena de reclusão deverá ser cumprida em regime fechado, nos termos da alínea ‘a’ do 
§2º do art. 33 do Código Penal, considerando a natureza dos delitos e o montante de pena 
aplicado. 
Inviável a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos, já que a pena 
imposta não se coaduna com o regramento previsto no art. 44 do Código Penal, notadamente o 
montante da pena aplicada. 
Também se mostra incabível a suspensão condicional da pena, já que o patamar da pena 
supera o limite do art. 77 do Código Penal. 
Permanecendo em cárcere durante a instrução criminal, aconselhável a manutenção da 
prisão preventiva a fim de garantir a ordem pública e assegurar a aplicação da lei penal, visto 
que acusado praticou três crimes, de gravidade elevadíssima, de conformidade do §1º do art. 
387 do Código de Processo Penal. A detração não é capaz de alterar o regime fixado 
anteriormente (preso desde...) 
Deixo de fixar valor mínimo para reparação dos danos causados (art. 387, IV, Código de 
Processo Penal), tendo em vista que os produtos dos crimes foram restituídos às vítimas. 
Intimem-se as vítimas nos termos do §2º do art. 201 do Código de Processo Penal. 
Recomende-se o réu na prisão em que se encontra e o intime para pagamento da multa, 
no prazo de 10 dias, nos termos do art. 164 da Lei das Execuções Penais. 
 
20 
www.g7juridico.com.br 
 
Após o trânsito em julgado da sentença, oficie-se ao IIRGD para fazer constar a 
condenação na folha de antecedentes do réu, bem como ao TRE, nos termos do art. 15 da 
Constituição Federal. 
Ademais, nos termos do art. 105 da Lei 7.210/84, expeça-sea guia de recolhimento à 
prisão e formem-se os autos da execução. 
P. R.I. 
Local e data. 
Juiz substituto.

Outros materiais