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1 www.g7juridico.com.br 2ª Fase TJ/SP Ewerton Gonçalves Sentença Penal Aula 03 MATERIAL DO PROFESSOR - Utilizado em Aula Peça 1 - Sentença furto - sem enunciado Vistos. FULANO DE TAL e CICRANO DO MAU, qualificados nos autos, foram denunciados e estão sendo processados como incursos nas penas do artigo 155, §4º, incisos II e IV c.c art. 14, inciso II, ambos do Código Penal, porque, segundo a acusação, no dia 6 de março de 2015, por volta das 13h30, na Rua dos Ofendidos, s/n, Centro, na cidade e comarca de São Paulo, agindo em concurso e unidade de desígnios, iniciaram a subtração, para eles próprios, mediante escalada, de coisas alheias móveis consistentes em dois tênis, duas bicicletas, três óculos de esporte, um óculos de sol, um canivete e um alicate, um notebook, uma televisão, um rádio, um Blue Ray, bijuterias e joias, diversos produtos de higiene pessoal, um celular e seis relógios de pulso, de propriedade da vítima Bonzinha Demais, só não consumando seu intento por circunstâncias alheias às suas vontades. Conforme restou apurado, os acusados combinaram a prática do crime de furto. Fulano de Tal ficou na via pública em posse das bicicletas que usaram para chegar até o local, a fim de dar cobertura para o corréu. Cicrano do Mau escalou o muro frontal da 2 www.g7juridico.com.br residência e conseguiu adentrá-la através de um vitrô que dá acesso ao lavabo. Dentro da casa, Cicrano começou a separar os bens a serem subtraídos e colocou-os na garagem. Os vizinhos da residência avistaram esse acusado ingressando o imóvel e acionaram a Polícia Militar. Quando os policiais militares chegaram ao local, abordaram Fulano, que negou estar ali para dar cobertura a Cicrano. Todavia, ao perceber a presença dos milicianos, Cicrano buscou sair da residência para empreender fuga, mas acabou se ferindo e foi abordado pelos agentes do Estado. Os bens foram apreendidos na garagem da casa e entregues à vítima. Acompanha a denúncia o inquérito policial (fls.1usque 113). A denúncia foi recebida em 25 de agosto de 2015 (fls. 128). Oferecida a proposta de suspensão condicional do processo ao réu Cicrano do Mau, pelo fato de preencher os requisitos do art. 89 da Lei 9.099/95 (fls.169). Ele aceitou a proposta e o processo continuou em relação a Fulano de Tal. Citado (fls. 147/148), o réu Fulano de Tal ofereceu defesa escrita (fls.199/200). Durante a instrução probatória, tomaram-se as declarações da vítima e o depoimento de uma testemunha, bem como o interrogatório do réu. Superada a fase do artigo 402 do CPP, as partes ofereceram suas alegações finais. Preliminarmente, o Ministério Público pleiteou pela retificação do erro material contido na inicial acusatória. Ocorre que os fatos se deram aos 21 de abril de 2015 e infere-se da denúncia que teriam sido praticados em 6 de março do mesmo ano. Ademais, pugnou pela condenação do acusado, pois entende que as provas colhidas ao longo do processo comprovam a materialidade delitiva e a autoria. Requereu a fixação da pena base acima do mínimo legal. A defesa, por sua vez, pugnou pela absolvição do acusado sustentando a insuficiência probatória (confessou). Subsidiariamente, em caso de condenação, postulou pela fixação da pena base em seu mínimo legal. Requereu a consideração das atenuantes da confissão e da menoridade relativa do réu. Requereu a fixação do regime aberto 3 www.g7juridico.com.br como o inicial para cumprimento de pena, embora postule pela substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos. Ainda, pretendeu a concessão do direito de apelar em liberdade. É o breve relatório. Decido. De proêmio, cumpre acolher a preliminar arguida pela acusação quanto ao erro material contido na denúncia. De fato, como se pode inferir do boletim de ocorrência (fls.31/34) e dos demais documentos produzidos em fase inquisitorial, os fatos ocorreram em 21 de abril de 2015 e não em 6 de março do mesmo ano, como consta na inicial acusatória. Quanto ao mérito, a pretensão punitiva é procedente. A materialidade do crime de furto está demonstrada pelo boletim de ocorrência (fls. 31/34), pelo auto de exibição e apreensão (fls. 35/39), auto de entrega (fls. 39/42), laudos periciais (fls. 50/51; 52/53; 65/66; 118/121), auto de avaliação (fls. 67), pelas declarações da vítima, depoimento da testemunha e pela confissão do réu. (pode-se exigir mais que isso) Também a autoria é induvidosa. A ofendida Bonzinha Demais disse que teve sua casa furtada. Estava viajando e os furtadores adentraram sua residência, pulando o muro e arrombando uma janela. Foi até a delegacia de polícia e reconheceu seus bens. Soube dos fatos por informação dos policiais. Já o policial militar Homem da Lei disse que recebeu notícia do furto e foi ao local. Um dos furtadores estava do lado de fora da casa na posse de duas bicicletas. O outro estava no interior do imóvel. Ouvindo a ação policial, aquele que estava dentro da casa tentou fugir, mas acabou sendo ferido por um ofendículo da residência e foi preso. Ambos confessaram informalmente a prática delitiva. Reconheceu o acusado Fulano de Tal como sendo um dos furtadores. Era ele quem guardava a residencia, enquanto o outro furtador efetuava a subtração. O réu Fulano foi preso em flagrante delito e confessou a prática do crime. 4 www.g7juridico.com.br Por fim, o acusado Fulano de Tal, interrogado em Juízo, disse que estava em casa e passava por necessidades financeiras. Resolveu praticar o furto. Chamou um amigo e foi ele, o amigo, quem adentrou a casa. Haviam chegado há poucos minutos e a polícia já apareceu. Seu amigo tentou fugir, mas acabou sendo preso, tal como se deu em relação a Fulano. Vê-se que as provas colacionadas contra o réu são robustas e não admitem dúvidas, senão vejamos: Além de sua confissão judicial, ocorrida sob o crivo do contraditório, ressalta-se que sua versão é corroborada pelos demais elementos presentes nos autos, dando mais peso ao ensejo condenatório. Ora, o policial militar Homem da Lei confirmou que o acusado estava do lado de fora da residência com o propósito de dar cobertura ao outro furtador que adentrou ao imóvel. Além disso, estavam sob a posse de Fulano de Tal duas bicicletas que foram utilizadas para chegar até ao local e seriam o meio de fuga após a conclusão da prática delitiva. Não bastasse, a ofendida confirmou que os bens estavam destacados para a subtração. Ocorre que, no caso em tela, a consumação do delito não se deu por circunstâncias totalmente alheias à vontade do agente. Os policiais militares chegaram ao local no momento em que os bens eram separados por Cicrano; logo, foram os policiais que impediram que o furto se consumasse. Nesse sentido, de rigor a consideração da modalidade tentada do delito do art. 155 do Código Penal, com base no art. 14, inciso II do Código Penal. A questão cinge-se agora às qualificadoras de escalada e concurso de pessoas. Neste ponto, o pedido também é procedente. Conforme laudo de exame do local: “o acesso ao interior do imóvel se deu mediante escalada do muro frontal, terço esquerdo, com cerca de 3 metros de altura e posterior escalada de vitraux de vidro de blindex com cerca de 2.8 metros de altura que dá acesso ao lavabo interno”. (fls. 66). 5 www.g7juridico.com.br De acordo com a Teoria Monista, adotada pelo Código Penal, art. 29, mesmo que o fato criminoso tenha sido praticado por vários agentes, conserva-se único e indivisível, sem qualquer distinção entre os sujeitos. Todos e cada um, sem distinção, são responsáveis pela produção do resultado, em concepção derivada da equivalência das condições, conforme lição de Rogério Sanches. Pelo exposto, embora o acusado Fulanode Tal não tenha adentrado ao imóvel, de rigor a consideração da qualificadora da escalada. Da mesma forma, restou o concurso de agentes provado pela palavra do agente policial e interrogatório do acusado, que foram uníssonos em descrever que os furtadores estavam juntos quando da tentativa de cometimento do crime. Ademais, estão presentes os requisitos para a caracterização do concurso, quer sejam: pluralidade de agentes e de condutas, relevância causal das condutas, liame subjetivo entre os agentes e identidade da infração penal. Desta forma, a condenação é medida de rigor. Passo à dosimetria da pena. Atendendo às circunstâncias do artigo 59 do Código Penal, observo que a culpabilidade é ordinária, não podendo ser tomada como negativa. Não há elementos quanto à conduta social, à personalidade dos agentes, aos motivos do crime não podendo, assim, haver prejuízo ao acusado. As circunstâncias e consequências do crime são neutras. O comportamento da vítima também não é relevante no caso. Em vista dessas circunstâncias favoráveis, fixo a pena base no seu mínimo legal, qual seja, 2 anos de reclusão e pagamento de 10 dias-multa. Na segunda fase, presentes as atenuantes da confissão e da menoridade relativa do réu na data do fato. Entretanto, impossível reduzir a pena aquém do mínimo nesta fase – Súmula 231 do STJ - motivo pela qual persevera assim como está. Presente causa de diminuição por se tratar de crime na forma tentada. Em vista do iter criminis alcançado pelo furtador, diminuo a pena em dois terços, tornando-a definitiva em 8 meses de reclusão mais o pagamento de 3 dias-multa. 6 www.g7juridico.com.br Posto isso, JULGO PROCEDENTE a pretensão punitiva e condeno FULANO DE TAL, qualificado nos autos, como incurso nas penas do art. 155, §4º, inciso II e IV c.c o art. 14, inciso II, ambos do Código Penal, ao cumprimento de 8 (oito) meses de reclusão, além do pagamento de 3 (três) dias-multa, no mínimo legal. Outrossim, condeno o réu ao pagamento das custas (CPP, art. 804). Considerando o parágrafo 3o do artigo 33 do Código Penal, o regime inicial de cumprimento da pena é o aberto, mormente o montante de pena aplicada. Ante os termos do artigo 44 do Código Penal, substituo a pena corporal por uma privativa de direitos, consistente na prestação de serviços à comunidade, pelo mesmo prazo da pena corporal e na forma a ser indicada pelo juízo da execução. Por não estarem presentes os pressupostos do artigo 312 do Código de Processo Penal, autorizadores da prisão preventiva, permito eventual apelo em liberdade. Deixo de fixar indenização à vítima (CPP, art. 387) tanto por não haver prejuízo material, quanto pela ausência de pedido expresso. Comunique-se à vítima o desfecho da causa, nos termos do art. 201, §2o. do CPP. Após o trânsito em julgado da presente sentença: Intime-se o réu para pagar a multa fixada, no prazo de 10 (dez) dias; Oficie-se ao instituto de identificação do Estado (IIRGD) para constar da folha de antecedentes a condenação; Oficie-se ao TRE para fins do artigo 15, III, da Constituição Federal; Expeça-se a guia de recolhimento para execução da pena imposta (art. 674 do CPP e art. 105 da LEP) e formem-se os autos da execução. P.R.I. 7 www.g7juridico.com.br Peça 2 - Art.121 - Homicidio qualificado - sem enunciado Vistos. FULANO DE TAL, qualificado nos autos, foi pronunciado como incurso no art. 121, parágrafo segundo, inciso IV do Código Penal Brasileiro. Submetido a julgamento nesta data, os Senhores Jurados reconheceram a autoria e a materialidade, rejeitaram a tese defensiva de legítima defesa e acataram a qualificadora de recurso que dificultou a defesa da vítima. Nessa hipótese, o réu responde por um crime de homicídio qualificado. Dosimetria da pena: A culpabilidade é exacerbada, porquanto o réu descarregou a arma contra a ofendida. Outrossim, é certo que ceifou a vida de uma pessoa ainda muito jovem, arrimo de família. As conseqüências do crime numa entidade familiar já tão precária são dantescas. O acusado registra maus antecedentes, pois foi condenado definitivamente por dois furtos, um dos quais será utilizado como reincidência e outro aqui. O motivo é repugnante, qual seja, matar a vítima apenas por ela se recusar à conjunção carnal com o réu. Todavia, por ser tal ocorrência relativa à qualificação do delito (CP, art. 121, parágrafo 2o., inc. I) e não haver sido considerada anteriormente, deixo de tomá- la aqui também para não subverter a ordem do sistema. Já as circunstâncias do delito, ao reverso, serviram para qualificá-lo. A conduta social do réu é negativa, pois costuma andar armado e se desentende com os vizinhos frequentemente. O comportamento da vítima não auxilia o réu. Atento ao disposto no art. 59 do Código Penal Brasileiro e majorando em 1/8 (um oitavo) a sanção para cada uma das circunstancias judiciais negativa, fixo a pena-base em 21 (vinte e um) anos de reclusão. Na segunda etapa da dosimetria, verifico que o acusado é reincidente (CP, art. 61, inc. I). Todavia, guardava a menoridade relativa ao tempo do crime (CP, art. 65, inc. I). A leitura mais atual do art. 67 do CP e na esteira do que vem entendendo o STJ, a 8 www.g7juridico.com.br menoridade (junto com a senilidade) prevalece em vista de qualquer agravante. Assim, reduzo a pena em um sexto, fixando-a em 17 (dezessete) anos e 6 (seis) meses de reclusão. Ausentes causas de aumento e de diminuição da pena, torno definitiva a sanção em 17 (dezessete) anos e 6 (seis) meses de reclusão. Ante a quantidade de pena aplicada, seu cumprimento se dará em regime inicialmente fechado nos termos da alínea “a”, parágrafo segundo, art. 33 do Código Penal, ressalvada a competência do Juízo da Execução para decisão sobre sua extensão, na forma do art. 66 da Lei de Execuções Penais. Em razão do exposto, JULGO PROCEDENTE a pretensão punitiva para condenar FULANO DE TAL, qualificado nos autos, como incurso no art. 121, parágrafo segundo, inciso IV do Código Penal, a cumprir, em estabelecimento adequado, em regime inicialmente fechado, a pena de 17 (dezessete) anos e 6 (seis) meses de reclusão. Os requisitos da prisão cautelar estão presentes. O réu foi hoje considerado culpado por um crime brutal, cometido com violência contra a pessoa. Ademais, tem maus antecedentes, é reincidente e procurou se furtar à aplicação da lei penal. A manutenção da ordem pública e garantia da aplicação da lei penal recomendam a mantença da prisão. Assim, deverá aguardar em cárcere o julgamento de eventual recurso. Após certificado o trânsito em julgado, lance-se o nome do réu no rol de culpados; oficie-se ao instituto de identificação do Estado (IIRGD) para constar da folha de antecedentes a condenação; oficie-se ao TRE para fins do artigo 15, III, da Constituição Federal; expeça-se a guia de recolhimento para execução da pena imposta (art. 674 do CPP e art. 105 da LEP) e formem-se os autos da execução. Decisão publicada hoje neste Plenário do Tribunal do Júri desta cidade, às __h, saindo os presentes dela intimados. Registre-se e comunique-se. Local e data Juiz Substituto 9 www.g7juridico.com.br Peça 3 - Tráfico - desclassificação - sem enunciado Vistos. FULANA DE TAL, qualificada nos autos, foi denunciada e está sendo processada como incursa nas penas do art. 33, caput da Lei 11.343/06, porque, segundo a acusação, [...] nesta cidade e comarca, trazia consigo, para fins de comercialização, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar, substância entorpecente consistente em 5,876 (cinco grama e oito centos e setenta e seis miligramas) da droga Metil Benzoil Ecgonina, extraído do vegetal Erytroxylon coca, ou seja, cocaína,em desacordo com a determinação legal e regulamentar. É o breve relatório (ou Relatório dispensado pelo enunciado) Decido. Não havendo preliminares a serem analisadas, nem tampouco nulidades a serem corrigidas, passo à análise do mérito. 10 www.g7juridico.com.br Demonstra-se a materialidade delitiva pelo boletim de ocorrência (fls. 11/14), pelo auto de exibição e apreensão (fls. 14/16), pelo laudo de constatação provisória (fls. 40/41) e exame químico toxicológico (fls. 107/109), além da palavra das testemunhas. Quanto ao entorpecente, concluíram os senhores peritos que no material apreendido na posse do réu foi encontrada a presença de METIL BENZOIL ECGONINA (cocaína), alcaloide extraído do vegetal Erythoxylum coca. Assim, ficou demonstrada, de forma definitiva, a existência do princípio ativo das substâncias entorpecentes que causam dependência psíquica (fls.109). É segura também a autoria, mas apenas quanto ao porte para consumo próprio de drogas. [...] Assim, vale dizer que a posse da droga é, sim, ato consumado e provado, mas o mesmo não se diga quanto à finalidade de traficância. Não foi encontrado com a ré nenhuma quantia em dinheiro, nem anotações que indicassem o comércio do entorpecente. Ademais, a ré não foi surpreendida em situação de mercancia ilícita de entorpecentes. Sob outro prisma, não se pode tomar a quantidade de droga apreendida como fator determinante para absolvição ou condenação. Este é apenas um dos critérios. E se fosse para considerá-la, cabe deixar bem vincado que a quantidade apreendida de entorpecente é ínfima. Tudo visto e somado, o conjunto probatório infirma a prática do crime do art. 33, caracterizando infração ao artigo 28 da mesma Lei 11.343/06, consoante critério do parágrafo segundo deste mesmo artigo. Ainda que não comprovado pelo exame toxicológico a dependência química da ré, foram colhidos elementos probatórios capazes de indicar que ela faz uso regular e contínuo de entorpecentes. Por isso, não é surpreendente a posse a droga, cabendo a imputação pelo art. 28 da lei 11.343/06. 11 www.g7juridico.com.br Em casos tais, tudo aconselha a desclassificação do crime do art. 33, caracterizando infração ao artigo 28 da mesma Lei 11.343/06, consoante critério do parágrafo segundo deste mesmo artigo. E, neste caso, sao aplicáveis os benefícios da Lei 9.099/95 conforme entendimento firme da jurisprudência, inclusive do Superior Tribunal de Justiça. No entanto, desclassificando o delito, imperioso reconhecer também a ocorrência da prescrição, porquanto o prazo prescricional é de 2 (dois) anos e não há marco interruptivo desde o recebimento da denúncia Ante o exposto, DECLARO a presrição da pretensão punitiva nos termos do quanto dispõe o art. 107, inc. IV do Código Penal c.c art. 30 da Lei 11.343/06 relativa a FULANA DE TAL, qualificada nos autos, e frente ao crime no art. 28 da Lei 11.343/06. Expeça-se alvará de soltura clausulado com urgência. Determino a incineração do entorpecente. Oportunamente, arquivem-se os autos. P. R.I. 12 www.g7juridico.com.br Peça 4 - Roubo e extorsão – enunciado TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO XLIV CONCURSO PARA INGRESSO NA MAGISTRATURA DE CARREIRA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO SENTENÇA PENAL Leia o relatório abaixo com atenção e profira sentença. Limite-se à fundamentação e à parte dispositiva. Enfrente todas as questões explícita e implicitamente propostas, lembrando-se de mencionar na fundamentação todos os artigos eventualmente pertinentes, cuja correta citação será levada em conta pela banca. No dia 20/01/2012, por volta das 12:30horas, em Realengo, nesta cidade do Rio de Janeiro, ANDRÉ e sua esposa CÍNTIA saíam de um supermercado, em direção ao estacionamento, quando foram abordados por ÂNGELO e MANOEL, maiores de 21 anos e pelo adolescente J.S.C. Armados, os obrigaram a entrar no veículo, no qual também ingressaram, permanecendo ANDRÉ ao volante, enquanto ele e sua esposa sofriam ameaças de morte exercidas com emprego de arma de fogo. Mais à frente, na Avenida X, obrigaram ANDRÉ a se dirigir a um banco 24 horas, onde foi compelido a sacar de sua conta particular R$ 1.000,00, enquanto sua esposa permaneceu no carro sob a mira de armamento. Pouco depois, CÍNTIA foi obrigada a saltar do veículo e dirigir-se a um banco 24 horas onde teve que sacar R$ 1.000,00 de sua conta, enquanto ANDRÉ permaneceu ameaçado no automóvel. Durante o evento, os agentes criminosos ainda subtraíram das vítimas três aparelhos de telefonia celular e um cordão de ouro. Policiais militares perceberam a ação e tentaram interceptar o automóvel, mas ANDRÉ foi obrigado a fugir acelerando o veículo, sendo perseguido pela viatura oficial. Foram efetuados disparos contra o carro em que estavam as vítimas e os agentes criminosos, e ANDRÉ, com medo de que ele e sua esposa fossem atingidos, parou o carro no acostamento, ocasião em que ÂNGELO fugiu, mas acabou sendo detido logo depois. 13 www.g7juridico.com.br MANOEL saltou do automóvel usando ANDRÉ como escudo humano, apontando a arma contra a sua cabeça, mas o policial que os abordou, conseguiu atingi-lo na testa, matando-o. Em seu bolso, foram apreendidos 3 papelotes de “maconha”. O adolescente permaneceu junto a CÍNTIA e foi apreendido sem reação. A ação delituosa durou cerca de 40minutos. O Ministério Público ofereceu denúncia contra ÂNGELO imputando-lhe a conduta descrita nos artigos 157, § 2º, incisos I e II, duas vezes, 158 § 3º, duas vezes, ambos do Código Penal, 244- B, da Lei 8.069/90, e 33, caput, da Lei 11.343/06, todos em concurso material. Finda a instrução, em alegações finais, o Ministério Público requereu a condenação nos exatos termos da denúncia. A defesa arguiu preliminarmente, fosse evitada violação ao princípio da identidade física do juiz, eis que o julgador que colheu a prova oral foi promovido e as alegações finais já foram dirigidas ao novo titular da vara criminal, entendendo que o magistrado anterior deveria proferir a sentença. Também alegou vício porque houve cisão da audiência de instrução e julgamento, para ser ouvida uma testemunha arrolada pela acusação, que não compareceu à audiência anteriormente designada, além das arroladas pela defesa e interrogatório. No mérito requereu a absolvição do acusado quanto ao crime de corrupção de menores, ao argumento de que o adolescente já responde a três autos de infração, a demonstrar que ele já estaria corrompido. Em relação ao tráfico requereu a absolvição por inexistência de vínculo doloso entre os agentes e, subsidiariamente, pretende a desclassificação para o crime do artigo 28 da Lei 11.343/06. Em relação aos crimes patrimoniais, pediu fosse reconhecido crime único de extorsão, em vista de se tratar de subtração do patrimônio de um casal. Subsidiariamente, requereu se considerasse ter havido continuidade delitiva entre as infrações e que a pena fosse fixada no mínimo legal, considerando-se também a confissão espontânea, estabelecido o regime prisional mais brando. Houve a conversão da prisão em flagrante em preventiva, permanecendo o acusado custodiado durante toda a instrução criminal. O imputado possui três anotações em sua FAC, sem resultados definitivos. Utilizando a presente exposição como, proferir a sentença analisando todas as questões propostas. 14 www.g7juridico.com.br Peça 4 - Roubo e extorsão – sentença Vistos. (Relatório fornecido pelo enunciado). Fundamento e decido. Não há questões prejudiciais a serem decididas, nos termos dos artigos 92 e seguintes do Código de Processo Penal, nem tampouco nulidades, previstas no art. 564 do mesmo diploma legal. De rigor, entretanto, analisar as questões preliminaressuscitadas pela defesa. Insurge-se a defesa técnica contra suposto não atendimento ao princípio da identidade física do juiz. Defende que, embora o juiz condutor da audiência instrutória tenha sido promovido, deveria ser ele a prolatar a sentença no presente feito. Não tem razão o reclamo. Conquanto o parágrafo 2o, art. 300 do Código de Processo Penal, com a redação dada pela Lei 11.719/2008, preveja, de fato, que o juiz que presidiu a instrução deva proferir a sentença, tal princípio deve ser interpretado em consonância com as questões de organização do Poder Judiciário e das próprias exceções legais. A observância estrita da regra em questão inviabilizaria promoções, afastamentos e aposentadorias, razão pela qual seu rigor é mitigado. Por isso mesmo, o art. 132 do Código de Processo Civil de 1973 elencava uma série de exceções ao dito princípio e isso jamais foi um obstáculo à boa resolução das demandas. Conquanto aquele artigo de lei tenha sido revogado, continua a servir como parâmetro de leitura do princípio em tela. Dessa forma, não há qualquer empecilho para que este magistrado analise o teor da tese acusatória apresentada pelo Ministério Público, sem que isso fira o princípio da identidade física do juiz, tampouco o disposto no inciso LIII, art. 5º da CF. Fica rejeitada, portanto, a primeira preliminar. Ainda como preliminar, argumenta a defesa que não poderia ter sido cindida a audiência de instrução e julgamento para oitiva de testemunha arrolada pela acusação. Conquanto a audiência no processo penal seja una, é possibilidade trazida no art. 218 do diploma processual penal a inquirição daqueles que estão presentes ao ato, caso não compareça alguma das testemunhas arroladas. A previsão legal é expressa. Outrossim, sequer foi alegado prejuízo com a adoção da prática agora combatida. 15 www.g7juridico.com.br Assim, regular a cisão da audiência de instrução e julgamento, não sobrevindo vício a macular o trâmite processual. Resolvidas as preliminares, passo agora à análise do mérito. A pretensão punitiva procede parcialmente. Quanto ao crime de roubo, demonstra-se a materialidade delitiva pelos autos de exibição, apreensão e entrega trazidos aos autos, que dão conta que o acusado subtraiu três aparelhos de telefone celular, um cordão de ouro e o veículo em que se encontravam as vítimas. A autoria, de outro lado, é inconteste. Nesta senda, basta lembrar que o veículo em que estava o réu, e que era dirigido pela vítima André, foi perseguido pela viatura policial. Embora o réu tenha determinado a André para que fugisse e efetivamente tenha sido iniciado a fuga, o ofendido parou o carro e os policiais conseguiram deter o réu. Tal versão, descrita na exordial acusatória, foi corroborada pelas declarações da vítima. Não bastasse, os depoimentos dos milicianos que atuaram na repressão da ação criminosa trilharam o mesmo caminho. Outrossim, até mesmo o acusado confirmou os acontecimentos, confessando a conduta criminosa. Logo, a autoria é manifesta. No que tange à tipicidade, verifica-se que o enquadramento trazido pelo Parquet é irreparável. Do que se provou nos autos, tem-se que, mediante grave ameaça e violência o réu, conjuntamente com Manoel - morto durante a captura – além de um adolescente, subtraiu das vítimas três aparelhos celulares, um cordão de ouro e um automóvel, configurando o crime previsto no art. 157 do Código Penal. Importa esclarecer que o roubo se consuma a partir do momento em que os bens são retirados da esfera de disponibilidade e vigilância da vítima, não sendo necessário que a posse do objeto pelo agente seja mansa e pacífica. A doutrina e, principalmente, a jurisprudência, inclusive a do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, cada vez mais consolida a adoção da teoria da amotio ou apprehensio. A propósito cabe lembrar a recente Súmula 582 do Superior Tribunal de Justiça. Pretendeu a acusação o reconhecimento de duas causas de aumento de pena, entendendo que o delito foi cometido com emprego de arma de fogo e em concurso de agentes. Ambas foram verificadas no caso concreto. A arma de fogo foi apreendida, conforme auto de exibição e apreensão, e em exame pericial foi constatada sua potencialidade lesiva, embora isso sequer fosse necessário, conforme entendimento pacífico da jurisprudência, inclusive do STJ. 16 www.g7juridico.com.br Já o concurso de agentes está, de igual modo evidenciado, uma vez que é inconteste no conjunto probatório que o acusado praticou os crimes em conjunto com Manoel e com o adolescente J. S. C. Daí que o réu deve ser condenado como incurso no crime de roubo, por duas vezes, conforme aduziu o Ministério Público. Os bens jurídicos protegidos pela tipificação desse delito são o patrimônio, a integridade física e a liberdade dos indivíduos, não sendo possível acolher a tese que se trata de crime único tão somente porque o patrimônio de um casal foi atingido. Ora, ainda que se trate de um casal, foram roubados bens particulares de cada qual das vítimas (celular, corrente de ouro); ademais, além dos patrimônios, foram atingidas integridade física e liberdade de duas pessoas. Sobre o tema, deixa-se vincado que, atualmente, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça guarda esse entendimento, inclusive por que não se há confundir o conceito de patrimônio no direito civil e penal. Trata-se, portanto, de dois delitos. Passemos à análise do crime de extorsão. A materialidade delitiva pelos autos de exibição, apreensão e entrega trazidos aos autos, que apontam que o acusado tinha em seu poder a quantia de R$2.000,00 (dois mil reais). Os extratos das contas bancárias das vítimas comprovam que esse numerário foi retirado no dia e hora dos fatos, sendo metade dele da conta de André e a outra metade da conta de Cíntia. A autoria, como analisada anteriormente, comprova-se pela prisão em flagrante do réu, por sua confissão, além da palavra da vítima e milicianos. A propósito, as declarações prestadas pelas vítimas apontam que foram obrigadas a realizar os saques, sob ameaça do acusado e de seus comparsas. Cumpre ressaltar que as declarações restaram incontroversas ante a confissão do réu. Sobre a tipicidade, por sua vez, é demonstrada pela exata subsunção do fato à norma, já que o réu constrangeu as vítimas, mediante violência ou grave ameaça, a sacarem numerários em suas contas bancárias. A conduta se amolda na figura qualificada descrita no parágrafo 3o.. art. 158 do CP, tendo em vista que o crime foi cometido mediante restrição da liberdade das vítimas, que foram obrigadas a adentrarem veículo de sua propriedade e se dirigirem a caixas eletrônicos para sacarem os valores exigidos pelo réu e pelos demais agentes. Diga-se, novamente, aqui o que já se explanou sobre o roubo e a incursão do réu no tipo penal por duas vezes. Os bens jurídicos tutelados pelo delito de extorsão são idênticos aos do roubo, sendo imperiosa a aplicação de raciocínio análogo, porquanto foram atingidos, como já se falou, o patrimônio, a integridade física e a liberdade de dois indivíduos. Rejeita-se, assim, a tese defensiva de que, quanto à extorsão, o réu praticou crime único. Pela participação de adolescente na empreitada criminosa, o Parquet requereu a condenação do acusado pelo delito descrito no art. 244-B do Estatuto da Criança e do 17 www.g7juridico.com.br Adolescente. Com efeito, o menor de idade J. S. C. foi apreendido quando da prisão em flagrante do acusado, comprovando a materialidade delitiva. No mesmo sentido, as declarações das vítimas apontaram a presença do adolescente quando dos fatos, além do depoimento dele próprio, prestado em juízo, indicar sua participação nos crimes. Quanto à autoria, como já explicitado, ficou comprovada pelo fato de o réu ter sido preso em flagrante – juntamente com o menor, denotandoa existência do crime. Acerca da tipicidade, reputa-se corretamente descrita a tipificação na exordial acusatória. A corrupção de menores se consuma quando uma infração criminal é praticada em conjunto com menor de 18 anos, assim como ocorreu no caso em tela. Por se tratar de crime formal, não se exige resultado naturalístico. Dessa forma, o fato de o adolescente estar respondendo pela prática de outras infrações não pode afastar a tipicidade, como pretendido pela defesa. É esse, inclusive, o entendimento do STJ cristalizado na Súmula 500. A questão cinge-se, agora, à análise do delito de tráfico de drogas, previsto no art. 33 da Lei 11.343/06. Nesse ponto, a pretensão punitiva não pode ser acolhida, resultando na absolvição do acusado. Muito embora haja materialidade delitiva, visto que os agentes estatais encontraram no bolso de Manoel três poções da droga vulgarmente conhecida como “maconha”, não há provas da autoria do delito pelo ora réu. A acusação falhou em provar o vínculo doloso entre o réu e seu comparsa, que transportava as drogas, bem como a finalidade de traficância. De outro lado, a confissão do acusado não abarcou a prática desse delito. Não há outra providência a tomar, porquanto a morte de Manoel extingue a punibilidade do crime, nos termos do quanto disposto no art. 107, inciso I do CP. Ante o exposto, julgo parcialmente procedente a pretensão punitiva veiculada na denúncia para CONDENAR o réu pela conduta descrita nos artigos 157, parágrafo 2º, incisos I e II, por duas vezes, 158, parágrafo 3o., por duas vezes, ambos do Código Penal e no art. 244-B, da Lei 8.069/90 e ABSOLVÊ-LO pela prática do crime previsto no art. 33, caput da Lei 11.343/06 com fundamento no inciso V do art. 386 do Código de Processo Penal. Passo agora à dosimetria da pena. a) Roubo (art. 157 do CP) Considerando o disposto no art. 59 do Código Penal, fixo a pena base no mínimo legal, pelos motivos que exponho a seguir. A culpabilidade do agente se demonstrou normal à espécie. Não há nos autos elementos que indiquem que a pena deva ser elevada em razão dos antecedentes do réu, já que a existência de anotações na ficha de antecedentes criminais do réu, sem resultados definitivos, não deve servir para tal fim (Súmula 444 do STJ). Não se trouxe aos autos indicações sobre a conduta social, personalidade do agente e motivos do crime. 18 www.g7juridico.com.br Quanto às circunstâncias do crime, também não se verifica nada capaz de exasperar a pena além o mínimo legal. Não vislumbro indicativos de que o comportamento da vítima deva alterar a fixação da pena base. Presente a circunstância atenuante quanto à confissão espontânea. Entretanto, impossível reduzir a pena aquém do mínimo legal na segunda fase da dosimetria, motivo pelo qual persevera a pena assim como está nos termos da Súmula 231 do STJ. A acusação pleiteou pela incidência das causas de aumento da pena previstas nos incisos I e II do parágrafo segundo, art. 157 do Código Penal. Conforme fundamentação supra, o pedido merece guarida. Assim, elevo em um terço a pena fixada, resultando em 5 anos e 4 meses de reclusão atento à Súmula 443 do STJ. Tendo em vista a prática de dois crimes de roubo, os quais foram efetuados mediante uma só ação, deve incidir a regra prevista no art. 70 do Código Penal (concurso formal de crimes). Aplica-se, portanto, a pena de um delito de roubo, aumentada em um sexto. Com isso, a pena passa a ser de 6 anos, 2 meses e 20 dias de reclusão. A sanção pecuniária alcança 13 dias- multa. Ela é sempre somada nos termos do art. 72 do CP. Assim perfaz o montante de 26 (vinte e seis) dias-multa. b)Extorsão Considerando o disposto no art. 59 do Código Penal, fixo a pena base no mínimo legal, pelos motivos que exponho a seguir. O réu não demonstrou culpabilidade além daquela intrínseca ao tipo. As circunstâncias judiciais subjetivas já foram analisadas anteriormente. Nenhuma atenção especial quanto à conduta social, motivos e circunstâncias do crime ou ao comportamento da vítima. Presente a circunstância atenuante quanto à confissão espontânea. Entretanto, impossível reduzir a pena aquém do mínimo legal na segunda fase da dosimetria conforme já indicado. Ausentes causas de aumento ou diminuição de pena. Tendo em vista a prática de dois crimes de extorsão, os quais foram efetuados mediante uma só ação, mesmo que desdobrada em vários atos, deve incidir a regra prevista no art. 70 do Código Penal (concurso formal de crimes). Aplica-se, portanto, a pena de um delito de extorsão, aumentada em um sexto. Com isso, a pena passa a ser de 7 anos de reclusão. A multa é sempre somada nos termos do art. 72 do CP. Assim perfaz o montante de 20 (vinte) dias-multa. c) Corrupção de menores Considerando o disposto no art. 59 do Código Penal, fixo a pena base no mínimo legal. O réu não demonstrou culpabilidade além daquela intrínseca ao tipo. As condições subjetivas são favoráveis, conforme apontado anteriormente. Os motivos e circunstâncias do crime, além do comportamento da vítima também são neutros. 19 www.g7juridico.com.br Presente a circunstância atenuante quanto à confissão espontânea. Entretanto, impossível reduzir a pena aquém do mínimo legal na segunda fase da dosimetria, motivo pelo qual persevera a pena assim como está. Ausentes causas de aumento ou diminuição de pena. Logo, a pena fica em 1 ano de reclusão. Concurso de crimes As infrações pelas quais o réu foi condenado se efetivaram mediante a prática de mais de uma ação, razão pela qual as penas devem ser somadas, assim como impõe o concurso material de crimes (art. 69 do Código Penal). Disso resulta a pena de 14 anos, 2 meses e 20 dias de reclusão, além do pagamento de 46 (quarenta e seis) dias-multa. Não é pertinente o argumento da defesa no sentido de tentar qualificar a empreitada criminosa como crime continuado, tendo em vista que os crimes praticados não foram da mesma espécie. É posição dominante na jurisprudência que os delitos da mesma espécie são aqueles previstos no mesmo tipo penal, o que não é o caso. O valor do dia-multa será equivalente a 1/30 do salário mínimo nacional, que assim fixo ante a inexistência de elementos nos autos que permitam averiguar a situação econômica do réu. A pena de reclusão deverá ser cumprida em regime fechado, nos termos da alínea ‘a’ do §2º do art. 33 do Código Penal, considerando a natureza dos delitos e o montante de pena aplicado. Inviável a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos, já que a pena imposta não se coaduna com o regramento previsto no art. 44 do Código Penal, notadamente o montante da pena aplicada. Também se mostra incabível a suspensão condicional da pena, já que o patamar da pena supera o limite do art. 77 do Código Penal. Permanecendo em cárcere durante a instrução criminal, aconselhável a manutenção da prisão preventiva a fim de garantir a ordem pública e assegurar a aplicação da lei penal, visto que acusado praticou três crimes, de gravidade elevadíssima, de conformidade do §1º do art. 387 do Código de Processo Penal. A detração não é capaz de alterar o regime fixado anteriormente (preso desde...) Deixo de fixar valor mínimo para reparação dos danos causados (art. 387, IV, Código de Processo Penal), tendo em vista que os produtos dos crimes foram restituídos às vítimas. Intimem-se as vítimas nos termos do §2º do art. 201 do Código de Processo Penal. Recomende-se o réu na prisão em que se encontra e o intime para pagamento da multa, no prazo de 10 dias, nos termos do art. 164 da Lei das Execuções Penais. 20 www.g7juridico.com.br Após o trânsito em julgado da sentença, oficie-se ao IIRGD para fazer constar a condenação na folha de antecedentes do réu, bem como ao TRE, nos termos do art. 15 da Constituição Federal. Ademais, nos termos do art. 105 da Lei 7.210/84, expeça-sea guia de recolhimento à prisão e formem-se os autos da execução. P. R.I. Local e data. Juiz substituto.
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