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Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 1 Agentes Públicos – Lei 8.112/1990 (parte I) E aí Pessoal? Tudo bem? Mas é preciso ter raça, é preciso ter força, sempre... Não é isso que diz a música? Então... Isso é que concurseiro precisa ter: RAÇA, FORÇA! Depois que você vencer essa fase de sua vida, não se preocupe – tudo voltará ao normal: sua vida, seus amigos, família, enfim, tudo voltará. Só que, então, você será servidor, no cargo almejado! Bom, hoje, damos início ao trato da Lei 8.112/1990, que será a Lei que regerá boa parte dos amigos, não é? Então, tem de gostar dela. Abraço no coração de todos, Cyonil Borges. Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 2 Sumário 1. Introdução: Aspectos Preliminares e Campo de Abrangência da Lei 8.112, de 1990 .......................................................................... 3 2. Provimento de Cargos Públicos ................................................. 7 3. Posse X Exercício .................................................................. 16 4. Remoção, Redistribuição e Substituição ................................... 18 5. Vacância .............................................................................. 22 6. Sistema Remuneratório ......................................................... 23 6.1. Vencimento e remuneração ............................................................. 23 6.2. Indenizações ................................................................................. 23 6.3. Gratificações e Adicionais ................................................................ 29 6.4. Outros direitos e vantagens dos servidores públicos – férias, licenças, afastamentos e concessões .................................................................... 33 6.4.1. Férias (inc. XVIII do art. 7º da Constituição Federal e arts. 77 a 80 da Lei 8.1112/1990) .......................................................................................................... 33 6.4.2. Licenças (arts. 81 a 92 da Lei) ......................................................................... 34 6.4.3. Afastamentos .......................................................................................................... 39 6.4.4. Concessões .............................................................................................................. 41 6.5. Limites de Despesa com Pessoal .......................................... 42 Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 3 1. Introdução: Aspectos Preliminares e Campo de Abrangência da Lei 8.112, de 1990 A primeira parte do tópico “agentes públicos” foi reservada ao estudo dos aspectos constitucionais. Tais diretrizes serão válidas para quaisquer concursos públicos, em âmbito Nacional. Hoje, no entanto, teremos contato com os pormenores da Lei 8.112, de 1990, e, portanto, regras e princípios restritos aos servidores civis Federais. A Lei Federal 8.112/1990 trata do chamado Regime Estatutário dos servidores públicos civis da União. Mais especialmente, a Lei é válida para as pessoas jurídicas de Direito Público da União. É um sistema legal/institucional, e não de natureza contratual (exemplo da Consolidação das Leis Trabalhistas), por se tratar de uma Lei, à qual os ocupantes de cargos, em nível federal, aderirão. Professor, então quer dizer que a Lei 8.112, de 1990, não se aplica aos demais entes políticos (E, DF e M)? Verdade. O campo de abrangência é restrito à União. Os Estados e Municípios detêm competência para editar suas próprias leis referentes aos servidores de sua esfera, em razão da autonomia concedida pelo art. 18 da CF/1988. E, como decorrência da autonomia, não haveria óbice de o ente político, por exemplo, editar Lei e recepcionar, facultativamente, a Lei 8.112, de 1990. Interessante questão é saber a quem compete o encaminhamento do projeto de Lei para se estabelecer o regime jurídico dos servidores públicos. Na União, ao Presidente da República. Nos demais entes federativos, por simetria, a competência para se estabelecer o regime próprio aplicável aos servidores públicos, ou mesmo alterar o que já fora estabelecido, é do respectivo Chefe do Poder Executivo. Nesse contexto, já decidiu o STF (ADI 3167): EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI COMPLEMENTAR N. 792, DO ESTADO DE SÃO PAULO. ATO NORMATIVO QUE ALTERA PRECEITO DO ESTATUTO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS ESTADUAIS. OBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NO PROCESSO LEGISLATIVO ESTADUAL. PROJETO DE LEI VETADO PELO GOVERNADOR. DERRUBADA DE VETO. USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO. AFRONTA AO DISPOSTO NO ARTIGO 61, § 1º, II, C, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. 1. A Constituição do Brasil, ao conferir aos Estados-membros a capacidade de auto-organização e de autogoverno [artigo 25, caput], impõe a observância obrigatória de vários princípios, Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 4 entre os quais o pertinente ao processo legislativo, de modo que o legislador estadual não pode validamente dispor sobre as matérias reservadas à iniciativa privativa do Chefe do Executivo. Precedentes. 2. O ato impugnado versa sobre matéria concernente a servidores públicos estaduais, modifica o Estatuto dos Servidores e fixa prazo máximo para a concessão de adicional por tempo de serviço. 3. A proposição legislativa converteu-se em lei não obstante o veto aposto pelo Governador. O acréscimo legislativo consubstancia alteração no regime jurídico dos servidores estaduais. 4. Vício formal insanável, eis que configurada manifesta usurpação da competência exclusiva do Chefe do Poder Executivo [artigo 61, § 1º, inciso II, alínea “c”, da Constituição do Brasil]. Precedentes. 5. Ação direta julgada procedente para declarar inconstitucional a Lei Complementar n. 792, do Estado de São Paulo. Assim, não cabe a Deputados e Senadores o encaminhamento de projetos para alterar o regime jurídico aplicável a servidores públicos, ainda que para a melhoria das condições aplicáveis a estes. Por oportuno, relembre-se a expressão “Regime Jurídico” constante do art. 1o da Lei 8.112/1990. Regime jurídico é um conjunto de regras e princípios que regem determinado instituto jurídico. No caso, a Lei 8.112/1990 cuida da “vida funcional” do servidor público, de seu ingresso originário até o rompimento da relação jurídico-funcional, com ou sem extinção definitiva do vínculo. Houve a referência de que a abrangência da Lei é restrita aos cargos públicos existentes na estrutura das pessoas de Direito Público. Então quer dizer que todos os cargos, na esfera federal, serão regidos pela Lei 8.112, de 1990? Não é bem assim! A Lei 8.112/1990 não abrange a totalidade dos agentes públicos, mas somente os servidores públicos ocupantes de cargos públicos das pessoas jurídicas de Direito Público (Administração Direta e Indireta de Direito Público, inclusive, agências especiais). Os cargos públicos estatutários são efetivos ou comissionados. O diploma não abrange, por exemplo, os agentes políticos (Presidente da República, Deputados, Magistrados), tampouco os particulares em colaboração (Leiloeiros e tradutores, por exemplo), ou empregados públicos (celetistas). Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil BorgesProfº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 5 Professor, e a história de quebra de regime jurídico? Há ou não a flexibilidade para que, por exemplo, as Agências Reguladoras (Autarquias em Regime Especial) contratem servidores sob o regime celetista? Então, com a cautelar proferida nos autos da ADI-STF 2135, não cabe mais a contratação de empregados públicos na Administração Direta, Autárquica e Fundacional. Portanto, reforça-se a conclusão de que, em âmbito federal, o Regime Jurídico Único dos servidores públicos é o estabelecido pela Lei 8.112/1990, a qual, contudo, não se aplica às sociedades mistas, empresas públicas e demais empresas controladas direta ou indiretamente pela União. Fixação (CESPE-AUDITOR FEDERAL DE C. EXTERNO-AUDITORIA DE OBRAS PÚBLICAS-TCU- JUL-2009) Acerca da administração pública, julgue os itens que se seguem. Atualmente, em razão de decisão do Supremo Tribunal Federal, a União, os estados, o Distrito Federal (DF) e os municípios devem instituir, no âmbito de suas competências, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas. Comentários: O Regime Jurídico deve ser único, porém no âmbito das pessoas jurídicas da Federação. O item sugere que TODOS os entes teriam um só regime jurídico, para o universo dos servidores. Isso está ERRADO. Gabarito: ERRADO. Fixação (CESPE-JUIZ-TRT-1aR-2010) Em 2007, o STF deferiu medida cautelar, com efeitos retroativos, restabelecendo a eficácia da redação original do art. 39, caput, da CF, que previa o regime jurídico único. Com essa decisão, não mais se admite a criação de empregos públicos no âmbito da administração direta, autárquica e fundacional, devendo ser invalidadas as situações constituídas anteriormente a 2007 que ignorem a existência do regime único. Comentários: O erro está em dizer que as situações anteriores à prolação da ADI 2135 deveriam ser desconstituídas. Desnecessário! Em sede de cautelar, os efeitos são ex nunc, isto é, efeitos proativos, a não ser que o STF modulasse os efeitos. Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 6 Gabarito: ERRADO. Fixação (CESPE-TÉCNICO ADM.-TRE-GO-FEV-2009) Tendo em vista o regime jurídico aplicável aos servidores públicos federais, assinale a opção correta. A) O regime estatutário é o regime jurídico aplicável aos servidores da administração direta, mas não aos das autarquias e fundações públicas, pois estas, como entidades que integram a administração indireta, submetem-se ao regime celetista. B) Com a Emenda Constitucional n.º 19/1998, não mais se exige, para os servidores da administração direta, autárquica e fundacional, que seja observado unicamente o regime estatutário, podendo esses servidores, além do disposto nos estatutos, ter suas relações laborais norteadas também pela CLT. C) Os órgãos da administração direta têm de observar unicamente o regime estatutário, no qual constam todos os requisitos necessários para investidura, remuneração, promoção, aplicação de sanções disciplinares, entre outros. D) A Lei n.º 8.112/1990 é aplicável tanto aos servidores da administração direta quanto aos empregados das empresas públicas. Estão sujeitos ao regime geral das empresas privadas apenas os servidores das sociedades de economia mista, que têm a natureza de pessoa jurídica de direito privado. Comentários: O interessante dessa questão foi a alteração do gabarito de letra “B” para letra “C”. A opção “B” está, de fato, errada, pois o STF deferiu medida cautelar na ADI 2135, para o fim de suspender a eficácia do caput do art. 39 da Constituição, fazendo voltar a valer a redação anterior do dispositivo, pelo qual havia sido instituído o regime jurídico único. E a opção “C” está certa, uma vez que os órgãos da Administração Direta têm de observar unicamente o regime estatutário. É bem provável que a expressão “TODOS” tenha chamado a atenção. A Lei 8.112/1990 estabelece, de modo geral, TODOS os requisitos necessários à investidura, remuneração, promoção, etc., o não impede que, de modo mais específico, normas cuidem de outros requisitos. Gabarito: alternativa “C”. Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 8 Voltando ao quadro acima, nota que APENAS A NOMEAÇÃO é chamada de provimento originário. Pois é. As demais são DERIVADAS, isto é, dependem que, primeiro, a nomeação ocorra. Professor, a Lei 8.112, de 1990, previa a transferência e a ascensão como formas de provimento. Por que foram revogadas? Sobre o tema, veja a questão a seguir. (2013/CESPE/TRE-MS/Analista Judiciário) De acordo com a legislação vigente, a ascensão e a transferência são consideradas formas de provimento de cargo público. Comentários: O item está ERRADO. Não há previsão de ascensão ou transferência como formas de provimento. Na realidade, essas duas figuras já foram tratadas pela norma como formas de provimento. Entretanto, por ofenderem o princípio do concurso público, permitindo o ingresso a cargo público diverso do qual se concorreu, foram declaradas inconstitucionais pelo STF, e, bem por isso, revogadas da Lei 8.112/1990. Gabarito: ERRADO. Vejamos, abaixo, os detalhes das principais formas de provimento. A nomeação é a única forma de provimento originário, é com ela que se inaugura o vínculo do pretenso servidor com a Administração. Há bons concursandos que confundem a nomeação com a posse. Isso não pode acontecer, afinal são coisas distintas. NOMEAÇÃO é o primeiro provimento. POSSE é o ato formal em que o candidato nomeado firma o compromisso de exercer o cargo, ou seja, é o ato solene em que o candidato declara “aceitar o cargo”. Como sobredito, há nomeação e posse para cargos efetivos e comissionados. Sobre o tema, vejamos o teor da Lei 8.112/1990: Art. 9o A nomeação far-se-á: I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de provimento efetivo ou de carreira; II - em comissão, inclusive na condição de interino, para cargos de confiança vagos. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício, interinamente, em outro cargo de confiança, sem prejuízo das Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 9 atribuições do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar pela remuneração de um deles durante o período da interinidade. Aproveitando o artigo da Lei, nota a possibilidade de interinidade, em que o comissionado responde provisoriamente por outro cargo de confiança. A promoção é, também, forma de provimento prevista na Lei 8.112/1990. Trata-se de movimento vertical na estrutura de carreira, com a adição de vencimentos e responsabilidades. Nesse caso, depois de percorrer padrões dentro de uma determinada classe, o servidor muda de classe. A promoção, portanto, só existe nos cargos organizados em carreira. Não há promoção em relação a cargos isolados. A promoção dá-se por merecimento e por antiguidade (tempo de serviço). Chama-se a atenção: I) há quem critique a inserção da promoção como forma de provimento. De fato, ao ser promovido, o servidor continua ligado ao cargo público, sendo discutível, doutrinariamente, ver-se a promoção como forma de provimento. Todavia, para fins de concursos públicos, a discussão é estéril,uma vez que a Lei 8.112/1990 prevê, textualmente, a promoção; II) não há que se falar de promoção de uma carreira para outra, como de Técnico para Auditor, por exemplo. Esse é um caso de “ascensão”, o que, na visão do STF, é inadmissível; III) a promoção acarreta, simultaneamente, promoção e vacância. Atenta para essa informação, uma vez que o examinador adora “brincar” com as formas simultâneas de vacância e de provimento. Por fim, esclareça-se que os requisitos para a promoção devem estar dispostos em Lei. Não há impedimento de a Administração regulamente o instituto por meio de atos normativos próprios. Vejamos o aproveitamento. O aproveitamento, em regra, diz respeito ao retorno ao serviço público de servidor estável que estava em disponibilidade (art. 30 da Lei 8.112/1990). Disponibilidade não é nada mais que estar sem trabalhar, ocorrendo em razão da extinção do cargo ou da declaração da desnecessidade. Há outras hipóteses de aproveitamento, como, por exemplo, na hipótese de reintegração do titular de um cargo, o qual havia sido demitido anteriormente. Mas vamos falar disso mais adiante, ok? Nota que foi destacado no parágrafo acima o estável. Pois é. De acordo com a Lei, apenas os servidores já estáveis têm direito de Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 10 serem postos em disponibilidade, e, por conseguinte, de serem aproveitados. E se o servidor não for estável? Para boa parte da doutrina, caberá exoneração do servidor. De toda forma, admitida a exoneração, deverão ser observados os critérios objetivos para tanto, isto é, o ato, além de motivado, deve contar com amparo em razões plausíveis (Recurso Extraordinário 378041). Durante o período de disponibilidade, o servidor fará jus à remuneração proporcional ao tempo de serviço (§ 3º do art. 41 da CF, de 1988). Duas últimas observações em relação ao aproveitamento: - se o servidor, em disponibilidade, não entrar em exercício, para o aproveitamento, sem justo motivo (exemplo de doença comprovada por junta médica oficial), a disponibilidade será cassada, e - o aproveitamento é ato vinculado, ou seja, por mais que o servidor esteja recebendo proventos proporcionais, o fato é que está “ganhando sem trabalhar”, e, bem por isso, deve retornar ao cargo. A reintegração, por sua vez, ocorre no caso de desfazimento de decisão que levou à demissão de servidor estável. A palavra-chave para a reintegração é, portanto, DEMISSÃO. A invalidação da decisão pode ser administrativa ou judicial. Professor, e se o cargo do sujeito que foi demitido estiver ocupado? Vai ser reintegrado onde? É fato que o servidor demitido não pediu para sair do cargo. Retiraram-lhe da função. Por isso, se o cargo do reintegrado estiver ocupado, o ocupante, se estável, deverá ser reconduzido ao seu cargo de origem (se ainda estiver vago), aproveitado em outro cargo, ou mesmo posto em disponibilidade, sem direito a qualquer indenização. Perceba que, na reintegração e recondução, o servidor público deve ser estável. Apesar de extremamente criticável, é o que dispõe a CF/1988 (§ 2º do art. 41). Duas outras importantes observações: - caso o servidor não estável seja injustamente demitido, deve, também, retornar ao cargo ocupado. Entretanto, tecnicamente isso não pode ser chamado de reintegração, a qual exige, como condição, a estabilidade do servidor. O retorno do não estável, portanto, é forma inominada de provimento derivado. - ao ser reintegrado, o servidor fará jus a todas as vantagens e direitos. Enfim, terá direito a tudo que deveria ter recebido durante o Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 12 Como sobredito, o direito à recondução do servidor retornar ao cargo anteriormente ocupado perdura enquanto não transposto o estágio probatório no novo cargo. Vejamos o entendimento do STF a respeito: “O direito de o servidor, aprovado em concurso público, estável, que presta novo concurso e, aprovado, é nomeado para cargo outro, retornar ao cargo anterior ocorre enquanto estiver sendo submetido ao estágio probatório no novo cargo: Lei 8.112/90, art. 20, § 2º. É que, enquanto não confirmado no estágio do novo cargo, não estará extinta a situação anterior.”. E mais um detalhe: para que se garanta o direito de recondução, o servidor há de ser ESTÁVEL, ok? O item omite tal informação, e se torna, no mínimo, dúbio Gabarito: ERRADO. Fixação (2013/CESPE/TRE-MS/Técnico Judiciário) Ao funcionário público federal estável aprovado em novo concurso público, para outro órgão, mas não habilitado no estágio probatório desse novo cargo aplica-se, para que retorne ao cargo por ele anteriormente ocupado, o instituto da a) reversão. b) reintegração. c) redistribuição. d) recondução. e) readaptação.1 Professor, se o servidor da União passa para o Estado. E, durante o estágio, é inabilitado, ou, ainda, desiste. O servidor terá direito à recondução? Sim! O Tribunal de Contas da União, a Advocacia-Geral da União e a jurisprudência dos Tribunais admitem a recondução entre esferas federativas distintas. Contudo, a doutrina oscila, pois quando o servidor muda de esfera (da federal para estadual, por exemplo), haveria o rompimento do regime jurídico aplicável (não será mais a Lei 8.112/1990), e, com isso, o elo do servidor com o cargo anterior se quebra, não permitindo seu retorno. Detalhe doutrinário de relevo é que a recondução é entendida pela doutrina como hipótese de vacância. Ou seja, ao tempo em que a recondução é provimento, no caso de inabilitação em estágio probatório (reprovação ou voluntária), também seria gerada vacância. Explica-se. O “sujeito” é Auditor do TCU (estável), passa para o concurso de auditor da Receita Federal. É reprovado no 1 Gabarito: Letra D. Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 13 estágio probatório e é reconduzido para o cargo do TCU. Resultado: vacância na Receita; provimento no TCU. Esse é um entendimento doutrinário, afinal o art. 33 da Lei 8.112/1990 não lista a recondução como forma de vacância. Fixação (AGU/94) O ato, relativo a servidor, que configura caso simultâneo de provimento e vacância do cargo público é a a) readmissão b) recondução c) redistribuição d) reintegração e) reversão 2 Vejamos a readaptação. A readaptação é a possibilidade de recolocação do servidor que tenha sofrido limitação (que é nossa palavra-chave para esta forma de provimento), física ou sensível (mental), em suas habilidades, impeditiva do exercício das atribuições do cargo que ocupava. Portanto, pela readaptação, o servidor será remanejado para um cargo compatível com sua nova situação laboral. Por exemplo: um professor, após anos de magistério, acaba ficando com as cordas vocais prejudicadas. Com isso, acaba sendo readaptado num cargo administrativo, compatível com o novo estado laboral em que encontra. A doutrina entende, ainda, que a readaptação é ato vinculado, ou seja, sendo possível, deve ser realizada, na ocasião de o servidor ter atravessado limitação em sua capacidade laboral. Caso não seja possível, o servidor deve ser aposentado por invalidez. Para que possa ocorrer a readaptação, o novo cargo terá que ser compatível com o anterior, é dizer, com atribuições afins, nível de escolaridade compatível. Desse modo, não pode, por exemplo, um auditor do INSS (cargo de atribuição de nível superior) ser readaptado na condiçãode motorista (cargo de nível médio, com atribuições nitidamente diferenciadas). Ressalta-se que, na hipótese de inexistência de cargo vago, o readaptando exercerá suas atribuições na condição de excedente. Excedente não se confunde com disponibilidade. O excedente trabalha, e, por isso, recebe normalmente sua remuneração. O 2 Gabarito: letra B. Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 14 servidor em disponibilidade não está trabalhando, e, por isso, recebe remuneração proporcional ao tempo de serviço. A readaptação é instituto que atende servidor detentor de cargo efetivo. Com outras palavras, os servidores exclusivamente comissionados não são amparados pela readaptação. Sobre o tema, já decidiu o STJ (Recurso Especial 749852): Agravo Regimental. Administrativo. Servidor Público ocupante de cargo comissionado sem vínculo efetivo com a Administração Pública. Readaptação. Impossibilidade. Por fim, destaca-se que, à semelhança da promoção, a readaptação é forma de simultânea de vacância e provimento. A reversão é o retorno do servidor aposentado à atividade. Pode ser de dois tipos: por insubsistência de motivo de invalidez (de ofício) ou no interesse da Administração (a pedido). Na insubsistência de motivo de invalidez (reversão DE OFÍCIO), a causa que levou à aposentadoria (uma enfermidade) não existe mais. Em tal situação, o servidor em processo de reversão deverá ser submetido ao exame da junta médica oficial, a qual deverá declarar que inexiste o fato motivador da aposentadoria. Estando provido o cargo do servidor revertido, este exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência de vaga. Nota que o excedente pode surgir em duas circunstâncias: na readaptação e na reversão de ofício. Atenta pra isso, pois, a princípio, o revertido não ficará na condição de disponível, mas sim excedente, trabalhando e recebendo integralmente sua remuneração. Já na reversão no interesse da Administração (a pedido), os seguintes requisitos devem ser satisfeitos (de acordo com o art. 25 da Lei 8.112, de 1990): a) o servidor aposentado requer a reversão e não ter completado 70 anos (idade da aposentadoria compulsória); b) a aposentadoria tenha sido voluntária, afinal se a aposentadoria foi por invalidez, a reversão será de ofício; c) o servidor era estável; d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à solicitação; e) existência de cargo vago (na reversão no interesse da Administração não há exercício na condição de excedente). Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 17 V- para capacitação Afastamentos: art. 102 I- férias IV- participação em programa de treinamento regularmente instituído ou em programa de pós-graduação stricto sensu no País, conforme dispuser o regulamento; VI- júri e outros serviços obrigatórios por lei VIII- licença: "a" à gestante, à adotante e à paternidade "b" para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte e quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de serviço público prestado à União, em cargo de provimento efetivo "d" por motivo de acidente em serviço ou doença profissional "e" para capacitação, conforme dispuser o regulamento "f" por convocação para o serviço militar IX- deslocamento para a nova sede em razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedido ou posto em exercício provisório X participação em competição desportiva nacional ou convocação para integrar representação desportiva nacional, no País ou no exterior, conforme disposto em lei específica. Detalhe – só há de se falar em posse no caso de nomeação para cargo público, seja ele efetivo ou em comissão. No caso de funções de confiança, há mera designação. De toda forma, caso um servidor seja designado para o desempenho de função de confiança, aplicam-se as possibilidades de prorrogação do exercício dela, em face do que diz a Lei 8.112/1990. Entretanto, há algo muito próprio no caso daquele que é designado para o desempenho de função de confiança: a licença ou afastamento não poderá exceder a trinta dias da publicação, sob pena de tal designação ser tornada sem efeito. Fixação (2012/Anatel/Técnico) Julgue o próximo item com base nos dispositivos da Lei n.º 8.112/1990. A posse, por meio da qual se dá a investidura em cargo público, dispensa prévia inspeção médica oficial. Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 19 Na remoção de ofício, caso seja necessária a mudança de sede do servidor, este fará jus à ajuda de custo (máximo de até três remunerações, conforme regulamento), para compensar despesas ocorridas. Na remoção de ofício, fica garantido, ainda, o direito do servidor e de seu cônjuge, filhos, enteados ou menor sob sua guarda, de se matricular em instituições de ensino congênere, em qualquer época, independente de vaga ou de época. A matrícula é “em instituições congêneres”. Não tem o filho do servidor, civil e militar, estudante de faculdade particular direito de matricular-se em Universidade Pública, em razão da remoção de ofício, a não ser, obviamente, que o curso só seja oferecido pela instituição pública. A remoção a pedido, por sua vez, ocorre: a critério da Administração ou independente do interesse da Administração. Na primeira hipótese, o servidor faz o pedido e a Administração avalia a conveniência (é ato discricionário). Já remoção a pedido, que independente do interesse da Administração, ocorre nas seguintes hipóteses: - Para acompanhamento do cônjuge, que também deve ser servidor, ou militar, de qualquer dos poderes da União, dos Estados, dos Municípios, que foi deslocado no interesse da administração. Detalhe: se o cônjuge passou em concurso ou solicita a remoção, ele é quem criou o problema, não tendo a Administração o dever de removê-lo, assim entende o STJ. Professor, se o empregado da Caixa Econômica Federal (empresa pública federal) é removido, há direito de o servidor estatutário acompanhar o cônjuge? Sim. O conceito de ‘servidor’, para efeito de acompanhamento por parte do cônjuge, deve ser visto em sentido amplo, isto é, o acompanhado ou acompanhante pode ser empregado público. Sobre o tema, decidiu o STF (MS 23.058): Havendo a transferência, de ofício, do cônjuge da impetrante, empregado da Caixa Econômica Federal, para a cidade de Fortaleza/CE, tem ela, servidora ocupante de cargo no Tribunal de Contas da União, direito líquido e certo de também ser removida, independentemente da existência de vagas. A alínea “a” do inciso III do parágrafo único do art. 36 da Lei 8.112/1990 não exige que o cônjuge do servidor seja também regido pelo Estatuto dos servidores públicos federais. A expressão Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 20 legal “servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios” não é outra senão a que se lê na cabeça do art. 37 da Constituição Federal para alcançar, justamente, todo e qualquer servidor da Administração Pública, tanto a Administração Direta quanto a Indireta. O entendimento ora perfilhado descansa no regaço do art. 226 da Constituição Federal, que, sobre fazer da família a base de toda a sociedade, a ela garante “especial proteção doEstado”. Outra especial proteção à família não se poderia esperar senão aquela que garantisse a impetrante o direito de acompanhar seu cônjuge, e, assim, manter a integridade dos laços familiares que os prendem. - Por motivo de doença do servidor, cônjuge, ou dependente que viva às suas expensas, sendo que deverá constar do assentamento funcional do servidor; - Em virtude de concurso de remoção, em que o número de interessados é superior ao número de vagas na unidade de destino. Ainda acerca do instituto da remoção, interessante situação foi examinada pelo STJ. Vejamos trecho do julgado (AgRg no REsp 1.209.391-PB): SERVIDOR PÚBLICO. REMOÇÃO. ACOMPANHAMENTO. CÔNJUGE. IMPOSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA. COABITAÇÃO. Servidor público federal lotado no interior do Estado da Paraíba requereu a sua remoção para a capital do estado ou, alternativamente, a lotação provisória em qualquer outro órgão da Administração Federal direta, autárquica ou fundacional para acompanhar a esposa, servidora pública federal, removida de ofício de Campina Grande para João Pessoa. Apesar de a esposa do autor ter sido removida de ofício, o apelante não faz jus à remoção para a sede do TRE/PB, visto que o casal não residia na mesma localidade antes da remoção da esposa. Portanto, o Estado não se omitiu do seu dever de proteger a unidade familiar, que ocorre quando há o afastamento do convívio familiar direto e diário de um dos seus integrantes. Nota que, na situação, foi denegada a remoção do homem para acompanhar sua esposa, também servidora e removida de ofício, uma vez que eles não moravam na mesma localidade antes de serem removidos. Não fosse isso, ou seja, se o casal residisse na mesma localidade, o servidor teria direito a acompanhar sua esposa, Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 21 para que fosse preservada a unidade familiar, preceito consagrado pela CF/1988 (art. 226). Lembre-se, ainda, de que as formas de deslocamento não são penalidades disciplinares, apesar de, infelizmente, isso acontecer bastante no mundo real (uso da remoção, sobretudo, com caráter punitivo). Na realidade, quando a remoção é assim utilizada, padece de grave desvio de finalidade, devendo ser invalidada pela Administração (princípio da autotutela) ou pelo Poder Judiciário (princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional). Fixação (CESPE-ANA_ADM-STM-JAN-2011) Considere que um servidor público tenha sido removido, de ofício, como forma de punição. Nessa situação, o ato de remoção é nulo, visto que configura desvio de finalidade.3 Em todas as hipóteses, sempre que a remoção/redistribuição implicar o exercício de atribuições do servidor em outro município, será concedido um prazo de 10 a 30 dias, contados da publicação do ato para a retomada do efetivo desempenho de suas atividades, estando incluso, nesse prazo, o tempo de deslocamento para a nova sede. Estando o servidor afastado, ou de licença, o prazo aqui referenciado deverá ser contado a partir do término do impedimento. Por fim, fica o registro de que a remoção pode ocorrer sem mudança de sede. Por exemplo: servidor lotado no posto fiscal em Recife, em Pernambuco, é removido para a Delegacia da Receita Federal, também no Recife. Fixação (2012/CESPE/MPOG/Analista de Infraestrutura) Considere a seguinte situação hipotética. Uma servidora pública em estágio probatório solicitou remoção para acompanhar seu cônjuge, também servidor público, removido, em decorrência de aprovação em concurso de remoção, para unidade de lotação em outro estado da Federação. Nessa situação hipotética, a servidora não preenche os requisitos legais necessários à obtenção da remoção, visto que ainda cumpre estágio probatório, circunstância essa que condiciona sua remoção ao interesse da administração pública. Comentários: Em nenhum momento a Lei 8.112/1990 condiciona à remoção ao cumprimento do estágio probatório. Na realidade, há normativos do Poder Executivo que condicionam a remoção a pedido ao cumprimento do estágio 3 Gabarito: Certo. Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 22 probatório (é o exemplo do Policial Federal). Mas não se cuidou disso no item! Gabarito: ERRADO. 5. Vacância Vacância é a situação (ato ou fato administrativo) em que o cargo público está vago, sem ocupante, tornando-o passível de ser provido por alguém. As formas de vacância previstas na 8.112/1990 são (art. 33): exoneração, demissão, promoção, readaptação, aposentadoria, posse em outro cargo inacumulável e falecimento. De início, pede-se que não confunda exoneração e demissão. Esta é uma penalidade, prevista na Lei 8.112/1990, bem como no Código Penal. Os casos de exoneração, por sua vez, não decorrem de punição. Vejamos: Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do servidor, ou de ofício. Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á: I - quando não satisfeitas as condições do estágio probatório; II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido. Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a dispensa de função de confiança dar-se-á: I - a juízo da autoridade competente; II - a pedido do próprio servidor. Fixação (2012/CESPE/PC-CE/Inspetor) No que se refere a agentes públicos, julgue o item seguinte. A exoneração de servidor público em consequência de inabilitação em estágio probatório não configura punição. Comentários: Guarda para sua prova: a exoneração não possui natureza punitiva. Na realidade, o servidor ocupante exclusivamente de cargo comissionado pode ser exonerado a pedido ou a juízo da autoridade competente (art. 35 da Lei 8.112/1990). No caso de eventual penalidade a ser aplicada ao servidor, a Lei prevê punição específica: a destituição do cargo (art. 127 da Lei 8.112/1990). Gabarito: CERTO. Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 24 direito a este adicional. Nas outras hipóteses de remoção não há direito à ajuda de custo, portanto. Esta verba de caráter indenizatório também é devida àquele que, não sendo servidor da União, for nomeado para cargo em comissão (com mudança de domicílio). Por exemplo: o sujeito mora no Rio de Janeiro, não é servidor público, mas é nomeado para um cargo em comissão em Brasília. Terá direito à ajuda de custo. Na remoção de ofício, correm por conta da Administração, ainda, as despesas de transporte do servidor, de sua família, bagagens e bens pessoais. A ajuda de custo é, portanto, um ‘plus’. É como se fosse uma compensação, decorrente do desgaste da mudança, ocorrida no interesse da Administração. O valor da ajuda de custo deve ser calculado com base no valor da remuneração, não podendo exceder o correspondente a três meses. Destaque-se que o servidor será obrigado a restituir o que recebeu caso, de maneira injustificada, não se apresente na nova sede em 30 dias. À família do servidor que morrer na nova sede é garantida ajuda de custo/transporte para volta à localidade de origem, no prazo de um ano contado da data de falecimento. Por fim, veda-se o duplo pagamento: ou seja, se o casal é de servidores, e houver a remoção, passando, ambos, a ter exercício na mesma sede nova, a ajuda de custo será devida apenas a um membro do casal. b) Diárias: Essa, sem dúvida, é a indenização mais conhecida. As diárias destinam-se a indenizar as despesas extraordinárias com alimentação, pousadae locomoção urbana e deve ser paga ao servidor que se afastar de seu local de lotação (sede) em caráter eventual/transitório (o deslocamento pode ser para localidades no Brasil ou exterior). Aqui cabe um aviso para os amigos que vem da iniciativa privada. Normalmente, em empresas privadas, quando o sujeito, para fazer um trabalho para a empresa, recebe uma “ponta”, enfim, uma quantia para as despesas que surjam na viagem, na qual juntam comprovantes, e, quando retornam, “prestam contas” desse dinheiro. Se sobrar dinheiro, devolve. Se faltar, depois recebe a diferença. No caso das diárias dos servidores, é diferente. O sujeito recebe a diária, se sobrar, é dele a sobra. Se faltar, tem de se virar... Vamos prosseguir. Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 25 Se o deslocamento for exigência do cargo, não serão devidas diárias. Também não serão devidas diárias se o deslocamento ocorrer dentro de uma mesma região metropolitana (ou assemelhada) ou em áreas de controle integrado, mantidas com países limítrofes. A diária é, evidentemente, devida por dia de afastamento, sendo paga pela metade quando o pernoite do servidor não for necessário, ou quando a União custear, de outro modo, despesas que deveriam ser arcadas com diárias. Não havendo deslocamento da sede, ou no caso de retorno antecipado, o servidor tem cinco dias de prazo para o recolhimento proporcional das diárias. Professor, os valores das diárias seguem um padrão entre os órgãos da Administração Pública? Não é bem assim! Há diferença entre os valores das diárias pagas aos servidores, conforme o Poder do qual façam parte. Isso decorre do que dispõe o art. 52 da Lei 8.112/1990. Vejamos: Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos incisos I a III do art. 51, assim como as condições para a sua concessão, serão estabelecidos em regulamento. Os incisos citados são os que falam de ajuda de custo, diárias e transporte. Por isso, possível diferenciação de valores entre Poderes. c) Transporte: Conhecido como "auxílio-transporte", é devido ao servidor que utiliza meio de transporte próprio para a execução de serviços externos, em decorrência das atribuições próprias do cargo. Não deve ser confundido com a diária, cujo fundamento jurídico é outro: o afastamento eventual e temporário do servidor com relação ao local de sua lotação. E não tem qualquer ligação, ainda, com o “vale transporte”. A indenização não é para custear os meios transportes urbanos ou rurais (ônibus, trens ou metrôs, por exemplo). d) Auxílio Moradia (arts. 60-A a 60-E e art. 158, da Lei 8.112/1990): Essa é a indenização mais nova na Lei 8.112/1990. Conhecida, vulgarmente, como “ressarcimento de moradia funcional”, o auxílio moradia consiste no ressarcimento das despesas comprovadamente realizadas pelo servidor com aluguel de moradia ou com meio de hospedagem administrado por empresa hoteleira, no prazo de um mês após a comprovação da despesa pelo servidor. Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 26 Para concessão do adicional, deverão ser atendidos os seguintes requisitos previstos no art. 60-B da Lei 8.112/1990, a saber: I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo servidor; II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel funcional; III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou tenha sido proprietário, promitente comprador, cessionário ou promitente cessionário de imóvel no Município, onde for exercer o cargo, incluída a hipótese de lote edificado sem averbação de construção, nos doze meses que antecederem a sua nomeação; IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba auxílio-moradia; V - o servidor tenha se mudado do local de residência para ocupar cargo em comissão ou função de confiança do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza Especial, de Ministro de Estado ou equivalentes; VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou função de confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, § 3o, em relação ao local de residência ou domicílio do servidor; VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido no Município, nos últimos doze meses, onde for exercer o cargo em comissão ou função de confiança, desconsiderando-se prazo inferior a sessenta dias dentro desse período; e VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração de lotação ou nomeação para cargo efetivo. IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 2006. Já o art. 60-C estabelece que “o auxílio-moradia não será concedido por prazo superior a oito anos dentro de cada período de doze anos, ainda que o servidor mude de cargo ou de Município de exercício do cargo”. Assim, a cada doze anos, independente do município de sua lotação, o servidor só faz jus ao auxílio-moradia por um período máximo de oito anos. Após o transcurso do período citado (doze anos), o pagamento do auxílio moradia pode ser retomado, desde que cumpridos, reitere-se, os requisitos do art. 60-B da Lei. O valor do auxílio-moradia é limitado a 25% do valor do cargo em comissão ocupado pelo servidor e, em qualquer hipótese, não poderá ser superior ao auxílio-moradia recebido por Ministro de Estado. A Lei informa, ainda, que, independente do valor da retribuição pelo cargo em comissão, o auxílio-moradia não será menor que R$ 1.800,00. Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 27 Por fim, no caso de caso de falecimento, exoneração, colocação de imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel, o auxílio-moradia continuará sendo pago por um mês. Fixação (CESPE-TÉCNICO JUD.-TSE-JAN-2007) Na semana passada, Fábio, que ocupava cargo em comissão no TRE-RJ, tomou posse em cargo comissionado no TSE, motivo pelo qual ele se mudou para Brasília, onde aluga um apartamento juntamente com sua companheira e um amigo que é servidor federal. Nessa situação, não obstaria o direito de Fábio a obter auxílio-moradia o fato de A) o amigo que reside com ele receber auxílio-moradia. B) a companheira de Fábio ser proprietária de imóvel residencial em Brasília. C) ele ter recebido auxílio-moradia durante os dois anos em que ocupou cargo em comissão no TRE-RJ. D) ele recusar-se a residir em imóvel funcional posto à sua disposição, por considerar preferível habitar um apartamento mais próximo ao local de trabalho. Comentários: Item bem interessante, pois põe em prática o que vimos acerca do auxílio- moradia. Vejamos os erros: - letra A: o amigo de Fábio já faz jus ao auxílio, o que impede do duplo pagamento. Não interessa se é amigo, colega, marido, mulher! Se alguém já recebe, o outro não pode receber. - Letra B: se o sujeito é casado com alguém que já tem um imóvel na localidade, por que se pagar o auxílio moradia? A Lei impede que isso aconteça, de modo muito acertado. - Letra D: se há um imóvel colocado à disposição do servidor, ou ele mora lá, ou não recebe o auxílio moradia, caso se recuse. A lógica é bem diferente das dos Deputados, por exemplo, que podem optar – ou recebem o auxílio moradia ou habitam no imóvel da Câmara colocado a sua disposição. Lembre-se de que para os servidores públicos (agentes administrativos) a história é outra. A letra C está certa. Ter recebido auxílio moradia por apenas dois anos não impede o servidor de receber tal valor. Haveria o impedimento se o servidor tivesse recebido por 8 anos no período de 12 anos. Gabarito: alternativaC. Fixação Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 28 (2010/CESPE/TRE-MT/An. Admin) Os servidores públicos podem, além do vencimento, receber como vantagens indenizações, gratificações e adicionais. As indenizações referem se a ajuda de custo, diárias e indenização de transporte. O auxílio-moradia é categorizado como vantagem adicional. Comentários: O auxílio-moradia, assim como as demais figuras citadas no item, é uma das indenizações citadas no art. 51 da Lei 8.112/1990. ERRADO o item, portanto. Gabarito ERRADO Fixação (2010/CESPE/TRE-MT/An. Admin.) As gratificações e os adicionais incorporam-se ao vencimento, nos casos e nas condições indicados em lei. Comentários: Boa! É a literalidade da Lei 8.112/1990, que diz exatamente isso no §2º do art. 49 da Lei. Mas serve para reforçar que as indenizações não são incorporáveis. Gabarito: CERTO. Fixação (2010/CESPE/TRE-MT/An. Admin.) O servidor que, a serviço, afastar-se da sede, em caráter eventual ou transitório, para outro ponto do território nacional fará jus a ajuda de custo destinada a indenizar as parcelas de despesas com pousada, alimentação e locomoção urbana. Comentários: Abaixo, o art. 58 da Lei 8.112/1990: Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em caráter eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou para o exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas extraordinárias com pousada, alimentação e locomoção urbana, conforme dispuser em regulamento. Então, no afastamento da sede, com caráter eventual e transitório o servidor faz jus a DIÁRIAS e não a ajuda de custo, como diz o item, que, claro, está ERRADO. Gabarito: ERRADO. Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 29 6.3. Gratificações e Adicionais Tais vantagens pecuniárias estão enumeradas no art. 61 da Lei 8.112/1990. A Lei registra três gratificações: a Retribuição pelo Exercício de Função de Direção, Chefia e Assessoramento, a Gratificação Natalina (13º salário) e por encargo de curso ou concurso. Já os adicionais são os seguintes: Adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas, Adicional pela prestação de serviço extraordinário, Adicional noturno, Adicional de férias e Outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho. Vejamos um a um. a) Retribuição Pelo Exercício de Função de Direção, Chefia e Assessoramento É devida ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento em comissão ou de natureza especial. É a compensação pelo esforço maior, decorrente da atribuição. b) Gratificação Natalina (13º salário) Equivale ao 13º da iniciativa privada, devendo ser paga na proporção de 1/12 avos por mês trabalhado no ano. Para efeito de cálculo, a fração de mês superior a 15 dias é considerada mês. Sua base de cálculo é a remuneração do mês de dezembro, sendo que a gratificação natalina deve ser paga até o dia 20 de cada ano. Ao servidor exonerado será devida parcela proporcional, ou seja, se trabalhou seis meses, receberá 6/12 avos, a metade da gratificação natalina. c) Adicional de Insalubridade (risco à saúde) Periculosidade (risco à vida), ou atividade penosa (em decorrência da lotação do servidor). Tais adicionais são devidos a servidores que trabalham em condições insalubres, ou em contato permanente com substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida. Sobre o tema, interessante decisão do Tribunal de Contas da União (Acórdão 2769/1ª Câmara): Os adicionais de insalubridade e de periculosidade constituem vantagens pecuniárias de caráter transitório e condicional, devidas apenas a quem presta o serviço em situações anormais, cessando o direito a esses benefícios com a eliminação das condições ou dos riscos que deram causa à sua concessão, razão por que não há justificativa legal para a Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 30 continuidade do pagamento das referidas vantagens aos servidores inativos. A razão do julgado é facilmente perceptível: quando o sujeito se aposenta, deixa de ter contato com as situações que determinavam o pagamento dos adicionais, os quais, em consequência, deixam de ser pagos. Não constituem, portanto, vantagens indiscriminadas de uma categoria, devendo-se analisar a situação de cada servidor, de modo a aferir se os adicionais em questão devem ser pagos ou não. Vejamos o que o STF já disse a respeito disso (RE 197915): Servidor público: adicional de insalubridade: inaplicação do art. 40, § 4º, CF. Precedentes. O adicional de insalubridade não é vantagem de caráter geral, pressupondo atividade insalubre comprovada por laudo pericial. Não pode ser estendida indiscriminadamente a todos os servidores da categoria, ativos e inativos, não se aplicando o art. 40, § 4º, da Constituição. Aquele servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade ou periculosidade tem que optar por um deles, sendo que se a causa que deu razão ao adicional for extinta, também extinto será o adicional. A servidora gestante ou lactante deverá ser afastada de locais insalubres, perigosos ou penosos enquanto durar o período de lactação/gestação. Caracteriza-se atividade penosa a situação de servidores em exercício em zona de fronteira ou em localidade cujas condições de vida justifiquem. Detalhe! Servidores que operam com Raio X ou substâncias radioativas serão submetidos a exames médicos a cada 6 meses. Registra-se que o impedimento de pagamento cumulativo é quanto aos dois adicionais (insalubridade e periculosidade). Isso mesmo. A vedação não atinge o de penosidade. Abaixo, trecho de decisão do STJ (Recurso Especial 951.633): É possível a percepção cumulativa do adicional de insalubridade e da gratificação de raio X, pois o que o art. 68, § 1º, da Lei 8.112/90 proíbe é a cumulação dos adicionais de insalubridade e periculosidade, nada prevendo quanto à cumulação de gratificações e adicionais, vantagens que não podem ser confundidas. Precedentes do STJ. d) Adicional pela prestação de serviço extraordinário: É decorrente da atividade laboral exercida além da jornada normal de trabalho. Deve ser pago com acréscimo de 50% em relação a hora normal de trabalho. Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 31 Visa ao atendimento de situações excepcionais e temporárias, sendo sua duração máxima, de acordo com a Lei 8.112/1990, de duas horas por jornada diária de trabalho. e) Adicional noturno: Devido pelo exercício de atividade compreendida entre 22 horas de um dia e 5 horas do dia seguinte, sendo o valor da hora trabalhada acrescida de 25%. Observe-se que cada hora é computada com 52 minutos e 30 segundos ATENÇÃO: em se tratando de serviço extraordinário, incide sobre o valor da remuneração da hora acrescida daquele adicional. Exemplificando: imagina que o valor da hora “normal” de trabalho é de 10 reais. Caso ocorra trabalho noturno, o valor da hora será de 12,50 reais (25% de adicional noturno). Caso o trabalho seja noturno e, além disso, extraordinário, valor da hora será de 18,75 reais. O cálculo é realizado da seguinte forma: valor da hora normal (10 reais) + adicional do serviço extraordinário (5 reais) = 15 reais. Sobre esse valor, então, incide o adicionalnoturno, alcançando os 18,75 reais. f) Adicional de férias: Corresponde a 1/3 da remuneração do período de férias e independe de solicitação do servidor. Observação! No caso do servidor ocupante de cargo em comissão ou função de direção, chefia ou assessoramento, deve ser considerada a vantagem no cálculo do adicional de férias. g) Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso Tal benefício pecuniário é devido ao servidor que, em caráter eventual: I - atuar como instrutor em curso de formação, de desenvolvimento ou de treinamento regularmente instituído no âmbito da administração pública federal; II - participar de banca examinadora ou de comissão para exames orais, para análise curricular, para correção de provas discursivas, para elaboração de questões de provas ou para julgamento de recursos intentados por candidatos; III - participar da logística de preparação e de realização de concurso público envolvendo atividades de planejamento, coordenação, supervisão, execução e avaliação de resultado, quando tais atividades não estiverem incluídas entre as suas atribuições permanentes; Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 32 IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar essas atividades. A ideia é retribuir ao servidor que, além de suas atribuições decorrentes do cargo, participa desses importantes eventos de seleção, treinamento e desenvolvimento. Isso, claro, fora da jornada de expediente. Portanto, para que a referida gratificação seja paga, não serão computados tais trabalhos na jornada habitual do servidor (deve fazer fora da jornada de trabalho habitual). Os critérios de concessão e os limites da gratificação de que ora tratamos devem ser fixados em regulamento, observados os seguintes parâmetros: I - o valor da gratificação será calculado em horas, observadas a natureza e a complexidade da atividade exercida; II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente a 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada situação de excepcionalidade, devidamente justificada e previamente aprovada pela autoridade máxima do órgão ou entidade, que poderá autorizar o acréscimo de até 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais; III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá aos seguintes percentuais, incidentes sobre o maior vencimento básico da administração pública federal: a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se tratando das situações em que ele atuar como instrutor em curso de formação, de desenvolvimento ou de treinamento regularmente instituído no âmbito da administração pública federal e componente de banca examinadora ou de comissão para exames orais, para análise curricular, para correção de provas discursivas, para elaboração de questões de provas ou para julgamento de recursos intentados por candidatos; b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se tratando de participação da logística de preparação e de realização de concurso público envolvendo atividades de planejamento, coordenação, supervisão, execução e avaliação de resultado, quando tais atividades não estiverem incluídas entre as suas atribuições permanentes ou participação na aplicação, fiscalização ou avaliação de provas de exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar essas atividades. Nota que todas as atividades que podem levar ao pagamento da gratificação por Encargo de Curso ou Concurso são eventuais. Por conta disso, já decidiu o TCU (Acórdão 3327/2007): Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 34 Após o período de interrupção, o período restante deve ser gozado de uma só vez. Em âmbito federal, não é mais possível a conversão de 1/3 das férias em abono (diz-se que não é mais possível “vender” as férias). Contudo, é permitido o parcelamento em até 3 parcelas, desde que requerido pelo servidor e autorizado pela Administração. Por fim, mas não menos importante, a situação daqueles que operam, habitualmente, com Raio “X”: tem direito a 20 dias de férias a cada semestre. Tais férias são inacumuláveis, ok? 6.4.2. Licenças (arts. 81 a 92 da Lei) De modo didático, serão analisadas uma a uma as licenças, em seus principais aspectos. Para tanto, optou-se pela abordagem “esquemática”, construindo roteiros, que passarão a ser vistos logo a seguir. Por oportuno, cita-se que o item “tempo de serviço” refere-se à forma como este deverá ser contado, bem como os efeitos decorrentes dessa contagem. São licenças que podem ser concedidas ao servidor: a) Por motivo de doença em pessoa da família; b) Por motivo de afastamento do cônjuge ou do companheiro; c) Para o serviço militar; d) Para atividade política; e) Para capacitação; f) Para tratar de interesses particulares; g) Para desempenho de mandato classista; h) Licença para tratamento da própria saúde (arts. 202 a 206 da Lei); i) Licença à gestante, à adotante e à paternidade (arts. 207 a 210 da Lei); e j) Licença por acidente em serviço (arts. 211 a 214 da Lei) Nota Se uma licença for concedida no prazo de 60 dias do término de outra da mesma espécie é considerada prorrogação. Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 35 a) Por motivo de doença em pessoa da família (art. 83): - Limite de tempo: máximo de 150 dias - Remuneração: primeiros 60 dias, remunerados. 90 dias restantes, sem remuneração - Tempo de Serviço: período remunerado, contado apenas para efeitos de aposentadoria e disponibilidade. Período não remunerado, não contado como tempo de serviço. - Concessão do Direito: concedida a servidor que comprove que é indispensável sua assistência ao ente familiar, desde que não haja possibilidade de exercício concomitante do cargo. - Prorroga a posse? Sim. - Observações Gerais: - Veda-se o exercício de atividade remunerada durante a licença. - Considera-se como pessoa da família: cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas e conste do seu assentamento funcional, mediante comprovação por perícia médica oficial. Fixação CESPE - AUFC/Apoio Técnico e Administrativo/Gestão de Pessoas/2008 Julgue os itens a seguir, de acordo com a Lei n.º 8.112/1990 e suas alterações. Em caso de doença de padrasto ou madrasta de servidor, esse servidor não faz jus à concessão de licença por motivo de doença em pessoa da família, ainda que o doente viva sob suas expensas. Comentários: Confira o que diz a Lei 8.112/1990: Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas e conste do seu assentamento funcional, mediante comprovação por perícia médica oficial. Mesmo no caso de Padrasto/Madrasta é possível a concessão por conta de doença em pessoa da família. Gabarito: ERRADO. Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 36 b) Por motivo de afastamento do cônjuge (art. 84 da Lei): - Limite de tempo: Indeterminado. - Remuneração: Não há. - Tempo de Serviço: não computado. - Concessão do Direito: ao servidor para acompanhamento do cônjuge que se desloque para outro ponto do territórionacional, do exterior, ou para o exercício de mandato eletivo dos poderes Executivo ou Legislativo. - Prorroga a posse? Não. - Observações Gerais: - É concedida a critério da Administração (é ato discricionário). Nesse contexto, a lei fala que “poderá” ser concedida a licença ora abordada; - Poderá ocorrer a lotação provisória do servidor licenciado se na localidade houver atividade compatível com o seu cargo. c) Licença para o serviço militar (art. 85) - Limite de tempo: prazo indeterminado. Perdura enquanto durar o serviço militar. - Remuneração: Legislação Específica - Tempo de Serviço: efetivo exercício (art. 102, VIII, ‘f’, da Lei) - Concessão do Direito: Legislação Específica - Prorroga a posse? Sim. - Observações Gerais: - Após o término da licença, o servidor terá 30 dias, sem remuneração, para reassumir o exercício do cargo do qual estivera licenciado. d) Licença Para Atividade Política (art. 86) - Limite de tempo: início com a escolha do servidor em convenção partidária, com prazo final até o 10º dia depois da eleição. Período máximo de três meses. - Remuneração: a partir da escolha em convenção partidária até o dia anterior ao registro da candidatura: sem remuneração. A partir do registro até o 10º dia seguinte ao pleito, com remuneração, com o período máximo de 3 meses. Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 37 - Tempo de Serviço: período sem remuneração não computado como tempo de serviço. O restante é contado para efeito de aposentadoria e disponibilidade. - Concessão do Direito: concessão obrigatória. - Prorroga a posse? Não. e) Licença para capacitação (art. 87 da Lei): - Limite de tempo: até três meses. - Remuneração: fará jus. - Tempo de Serviço: efetivo exercício. - Concessão do Direito: após cinco anos. Não é acumulável. - Prorroga a posse? Sim. - Observações Gerais: - Sua concessão insere-se na competência discricionária da Administração. - Substituiu, na Administração Federal, a antiga licença prêmio. f) Licença para tratar de interesses particulares (art. 91 da Lei): - Limite de tempo: até 3 anos, podendo ser interrompida a qualquer tempo. - Remuneração: Não há. - Tempo de Serviço: não é computado como tempo de serviço para qualquer efeito. - Concessão do Direito: ao servidor estável. - Prorroga a posse? Não. - Observações Gerais: Pode ser interrompida a qualquer tempo, a pedido do servidor ou no interesse da Administração. g) Desempenho de mandato classista (art. 92 da Lei): - Limite de tempo: período de duração igual ao do mandato, podendo ser prorrogada, uma única vez, no caso de reeleição. Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 38 - Remuneração: Não há. - Tempo de Serviço: contado para todos os efeitos, exceto para promoção por merecimento. - Concessão do Direito: servidores eleitos para o desempenho de mandato em confederação, federação, associação de classe de âmbito nacional, sindicato representativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão ou, ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade cooperativa constituída por servidores públicos para prestar serviços a seus membros. - Prorroga a posse? Não. - Observações Gerais: - Representação de acordo com o número de associados: até 5.000, um servidor; de 5.000 a 30.000, dois servidores; mais de 30.000, três servidores. - Não haverá remoção ou redistribuição para localidade diversa da qual o servidor exerce o mandato. Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 39 6.4.3. Afastamentos A Lei 8.112, de 1990, prevê quatro situações de afastamento: a) Servir outro órgão/entidade; b) Exercício de mandato eletivo; c) Estudo ou missão no exterior; d) Participação em programa de pós-graduação stricto sensu no País. a) Para servir outro órgão/entidade (art. 93 da Lei) - Limite de tempo: não há menção na Lei. - Remuneração: - Sendo para Estados (inclui Distrito Federal), Municípios, o ônus é para a cessionária (quem “recebe”). No caso de outro órgão/poder da União, para o cedente (quem “emprestou”); - No caso de empresas públicas e sociedades de economia mista federais: o cedente paga o servidor, e depois obtém o ressarcimento da cessionária. - Tempo de Serviço: efetivo exercício. O tempo de serviço prestado a Estados e DF e Municípios é contado para efeito de aposentadoria e disponibilidade (art. 103, inc. I, da Lei). - Concessão do Direito: a lei não especifica. - Observações Gerais: Servidor em estágio probatório faz jus a este tipo de afastamento, desde que para o exercício de cargos de DAS no mínimo 4, ou cargos equivalente. b) Exercício de mandato eletivo (art. 94 da Lei) - Limite de tempo: enquanto durar o mandato. Não há limite no caso de reeleição. - Remuneração: - Mandato federal ou estadual: subsídio referente ao cargo político, necessariamente; - Servidor investido no mandato de Prefeito: pode fazer opção. Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 40 - Servidor investido no mandato de Vereador: se houver compatibilidade de horário, pode acumular. Se não, pode optar. - Tempo de Serviço: efetivo exercício. - Concessão do Direito: Servidor público investido em mandato eletivo, federal, estadual ou distrital, bem com no mandato de Prefeito ou vereador. - Observações Gerais: - Servidor aposentado pode acumular proventos com subsídios do mandato eletivo; - Veda-se a remoção e redistribuição do eleito para localidade diversa daquela onde exerce o mandato. c) Estudo ou missão no exterior (art. 95 da Lei) - Limite de tempo: 4 anos. - Remuneração: a ser disciplinada em regulamento. No caso de afastamento de servidor para servir em Organismo Internacional de que o Brasil coopere/participe haverá perda da remuneração. - Tempo de Serviço: efetivo exercício. - Concessão do Direito: a servidor público, sem menção se estável ou não. A matéria deve ser disciplinada em regulamento. - Observações Gerais: - Depois do término da licença, somente decorrido igual período poderá ser concedida nova licença sob o mesmo fundamento; - Não será concedida exoneração ou licença para tratar de interesse particular antes de decorrer prazo igual ao do afastamento, salvo se o servidor ressarcir a despesa ocorrida; - Não se aplica aos servidores da carreira diplomática. d) Participação em programa de pós-graduação stricto sensu no País (art. 96-A da Lei) - Limite de tempo: a Lei 8.112/1990 não estabelece de modo claro qual limite máximo. Contudo, estatui uma espécie de ‘pedágio’: os servidores beneficiados por este afastamento terão que permanecer no exercício de suas funções após o seu retorno por um período igual ao do afastamento concedido. Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 41 - Remuneração: recebida normalmente. - Tempo de Serviço: efetivo exercício. - Concessão do Direito: para realização de programas de mestrado e doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares de cargos efetivos no respectivo órgão ou entidade há pelo menos 3 (três) anos para mestrado e 4 (quatro) anos para doutorado, incluído o período de estágioprobatório, que não tenham se afastado por licença para tratar de assuntos particulares para gozo de licença capacitação ou com fundamento neste artigo nos 2 (dois) anos anteriores à data da solicitação de afastamento. - Observações Gerais: - Os afastamentos para realização de programas de pós- doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares de cargos efetivo no respectivo órgão ou entidade há pelo menos quatro anos, incluído o período de estágio probatório, e que não tenham se afastado por licença para tratar de assuntos particulares ou com fundamento neste artigo, nos quatro anos anteriores à data da solicitação de afastamento; - Caso o servidor venha a solicitar exoneração do cargo ou aposentadoria, antes de cumprido o período de permanência (o pedágio, mencionado acima), deverá ressarcir o órgão ou entidade, em 60 dias, dos gastos com seu aperfeiçoamento. O mesmo ocorrerá, quando o servidor não obtiver o título ou grau que justificou seu afastamento no período previsto, salvo na hipótese comprovada de força maior ou de caso fortuito, a critério do dirigente máximo do órgão ou entidade. 6.4.4. Concessões As concessões constituem-se em possibilidades de faltas justificadas do servidor, ou seja, o servidor não trabalha, mas tem a falta “abonada”, em virtude de previsão legal. A Lei prevê as seguintes concessões: a) Doação de Sangue – concessão de 1 dia. Não há limite no número de vezes que um servidor pode doar sangue em um ano; b) Alistamento eleitoral – concessão de 2 dias; c) Casamento ou Morte em pessoa da família (cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob a guarda ou tutela e irmãos) – concessão de 8 dias consecutivos. Curso Teórico de Direito Administrativo Profº Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 44 E mais: os limites (e seu cumprimento) devem ser examinados por Poder (art. 20 da LRF). A ideia de todo esse arcabouço é de que haja responsabilidade, na condução dos gastos de pessoal, evitando algo tão comum em nossa gestão pública: os excessos! Galera! Chega por hoje. Muita informação, não foi? Mas não se preocupe. Se é muito pra você, é muito para a concorrência também! Consolida o estudado, treinando com as questões, certo? That’s all! ’ve nice weekend! Cyonil Borges
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