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Sociologia Contemporânea

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Sociologia
Contemporânea
Maria clara raMoS Nery
Sociologia
Contemporânea
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a
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-3049-1
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Maria Clara Ramos Nery
IESDE Brasil S.A.
Curitiba
2012
Edição revisada
Sociologia Contemporânea
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
© 2007 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor 
dos direitos autorais.
Capa: IESDE Brasil S.A.
Imagem da capa: Shutterstock
IESDE Brasil S.A.
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Todos os direitos reservados.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ 
__________________________________________________________________________________
N369s
 
Nery, Maria Clara Ramos
 Sociologia contemporânea / Maria Clara Ramos Nery. - 1.ed. rev. - Curitiba, PR : 
IESDE Brasil, 2012. 
 104p. : 28 cm
 
 Inclui bibliografia
 ISBN 978-85-387-3049-1
 
 1. Sociologia. I. Título. 
12-6161. CDD: 306
 CDU: 316.7
27.08.12 05.09.12 038530
__________________________________________________________________________________
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Sumário
O surgimento da Sociologia como ciência | 7
Augusto Comte (1798-1857): “pai fundador da Sociologia” | 8
Herbert Spencer (1820-1903) | 9
Os teóricos clássicos da Sociologia | 15
Karl Marx (1818-1883) | 15
Relação entre infra e superestrutura social | 18
Alienação em Karl Marx | 19
Os teóricos clássicos da Sociologia II | 25
Émile Durkheim (1858-1917) | 25
Os teóricos clássicos da Sociologia III | 33
Max Weber (1864-1920) | 33
O funcionalismo de Talcott Parsons | 41
Elementos da ação em Parsons | 43
Quem é o agente? | 43
Como se inicia a ação: a situação | 44
A orientação | 45
O sistema de ação | 46
O culturalismo | 51
Norbert Elias (1897-1990) | 51
Pierre Bourdieu (1930-2002) | 55
Estrutura e fatos sociais | 61
Pierre Bourdieu | 61
Anthony Giddens | 63
Michel Foucault | 67
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Estruturalismo | 73
Estruturalismo funcional: Niklas Luhmann | 73
Pós-Marx | 79
Jürgen Habermas | 79
História e relações de classe | 85
Alain Touraine | 85
Concepções acerca da sociedade pós-moderna | 91
Zygmunt Bauman | 91
Chaves analíticas fundamentais hoje | 97
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Apresentação
Compreender é uma das principais funções, senão a fundamental exigência 
dos seres humanos em todos os tempos. Compreender os aspectos da realidade 
que nos circunda é significativo para o nosso crescimento. Todos vocês, com plena 
humanidade no sentido da busca do entendimento que nos move, estarão em 
contato com a disciplina de Sociologia Contemporânea.
Nesta disciplina, estaremos em contato primeiramente com as concepções dos 
principais teóricos clássicos, para que a própria espinha dorsal do pensamento 
sociológico, bem como alguns instrumentos que possibilitam a compreensão dos 
elementos que permitem, enquanto cientistas sociais, fazer uma análise consistente 
dos determinantes e dos problemas sociais que nos circundam, principalmente os 
que concernem à nossa realidade. Para tanto, conheceremos as teorias de alguns 
pensadores que sedimentaram os elementos da análise sociológica: Augusto Comte 
(“pai da Sociologia enquanto ciência”), Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber.
Compreendidos os autores acima referidos, verificaremos os elementos 
constitutivos da Sociologia Contemporânea, partindo do que caracteriza uma 
concepção sociológica da contemporaneidade, para posteriormente entrar em 
contato com as linhas de pensamento dos autores contemporâneos, como Norbert 
Elias, Pierre Bourdieu, Anthony Giddens e Zygmunt Bauman, em seus conceitos 
fundamentais, suas respostas à principal questão sociológica, que é a relação 
entre indivíduo e sociedade. É importante o exercício da reflexão sobre os teóricos 
contemporâneos da Sociologia, pois essa ciência tem muito a oferecer, tirando-nos 
de um mundo dominado pelas circunstâncias, sem instrumentos para nos abrigar 
das tempestades das relações sociais presentes em nossa realidade.
Como universitários, como acadêmicos, não podemos mais estar à deriva nas 
relações de poder e força que permeiam nosso universo social, principalmente no 
contexto da realidade brasileira. 
 Maria Clara Ramos Nery
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O surgimento 
da Sociologia como ciência
Maria Clara Ramos Nery*
O século XVIII é marcante para o surgimento da Sociologia como ciência. Nele, encontramos uma 
dupla revolução: a Revolução Francesa (1789) e a Revolução Industrial (1760-1860), em sua primeira fase. 
Essa dupla revolução representará em suas determinações a consolidação do modo de produção capita-
lista, que significa a posse privada dos meios de produção, ou seja, de tudo que é preciso para produzir os 
bens que necessitamos. Nesse período, vamos encontrar várias transformações sociais, como o surgimen-
to da classe trabalhadora com suas reivindicações de melhores condições de trabalho, as cidades indus-
triais, o crescimento populacional – enfim, uma série de ocorrências que transformaram a sociedade em 
um problema que necessitava de uma resposta. A Sociologia surge no século XIX como a resposta intelec-
tual para os problemas que a sociedade apresentava. Portanto, a Sociologia como ciência é um resultado 
dos acontecimentos do século XVIII. Seria difícil viver em uma sociedade tão problemática sem criarmos 
para ela uma resposta adequada. O homem nunca deixa de dar uma resposta às questões que ele mesmo 
formula em decorrência de sua realidade, em decorrência de seu estar no mundo. Essa é a grande espe-
rança. Afirma Domingues (2004, p. 13):
O pensamento moderno típico, que enquanto tal pode ser datado dos séculos XVII-XVIII, colocou em seu centro a no-
ção de indivíduo. Para autores como Hobbes e Locke, por exemplo, o indivíduo seria a célula fundamental da socie-
dade. Racionais e orientados para a preservação de si próprios e para a maximização de seus interesses, os indivíduos 
chegariam, em dado momento, a um acordo que fundaria a sociedade. De uma forma ou de outra, mais autoritária ou 
mais liberal e democrática, o Estado seria a entidade que emergiria desse acordo, com a tarefa de garantir a ordem so-
cial, a segurança do indivíduo e de sua propriedade, além de, no caso da solução apresentada pelo liberalismo, assegu-
rar seus direitos, notadamente civis, mas também, em certa medida, políticos. A Sociologia surgiu precisamente como 
alternativa crítica a essa concepção da vida social. Sem dúvida, para muitos autores, o indivíduo permaneceria no cen-
tro do palco. Em geral, contudo, explicar esse indivíduo a partir de outros fenômenos sociais inclusive a própria noção 
moderna de indivíduo, foi desde sempre uma ambição da Sociologia. 
* Doutoranda em Ciências Sociais pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos-RS). Mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul (UFRGS). Professora do Curso de Ciências Sociais, na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra-RS).
Este material é parte integrante do acervodo IESDE BRASIL S.A., 
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8 O surgimento da Sociologia como ciência
As palavras de Domingues referem-se à concepção de indivíduo. Em relação a este aspecto, a 
Sociologia é uma “alternativa crítica” às questões que se colocavam nos séculos XVII-XVIII. Temos proble-
mas de ordem política, de ordem econômica, e na forma como podemos conceber a relação entre in-
divíduo e sociedade. Assim, foi necessário o surgimento de uma ciência que se manifestava como uma 
resposta intelectual ao universo tumultuado que era a sociedade.
A ciência sociológica surgiu no século XIX, pois ela é uma consequência dos fatos que se coloca-
ram a partir do século XVIII. O fato principal é a consolidação do capitalismo, pois na medida em que te-
mos transformações na estrutura social, também temos transformações nas concepções filosóficas de 
homem e de mundo. Naquele período, a relação entre indivíduo e sociedade ainda estava sendo ques-
tionada e refletida por vários filósofos.
Vivemos em um universo de redes intrincadas que determina as concepções de homem e de 
mundo, a percepção a respeito de nossa realidade individual, e determina o nosso fazer. Nesse sentido, 
não podemos pensar acerca da liberdade plena: temos autonomia dentro de limites estabelecidos so-
cialmente, somos criadores e criaturas de nosso universo social. Compreender sociologicamente essa 
realidade é perceber nossas limitações. A significação da Sociologia é que ela nos põe face a face com os 
nossos limites, enquanto seres sociais. Segundo Turner (1999), a Sociologia examina nossas limitações 
e por isso nos encontramos em um universo de amplos estudos, já que ela analisa nossos símbolos cul-
turais, aos quais recorremos em nosso processo de interação, em nosso processo de compartilhar sen-
tidos e significados: a Sociologia nos põe em contato com as estruturas que determinam nossa vida em 
sociedade, analisa e estuda os processos sociais – por exemplo, o desvio, o crime, os conflitos e os mo-
vimentos sociais que nascem da ordem estabelecida socialmente –, bem como busca compreender as 
transformações que se agregam à cultura e à estrutura social.
Augusto Comte (1798-1857): “pai fundador da Sociologia”
Turner (1999) lembra que Comte, no quinto volume do seu livro Curso de Filosofia Positiva (1830-
-1842), examina a necessidade de haver uma disciplina que se dedique ao estudo científico da socie-
dade. Primeiramente, Comte a chama de física social. Com relação a este primeiro nome da posterior 
Sociologia, podemos fazer uma reflexão sobre como trabalha a física, ou mesmo a estática e a dinâmi-
ca. Neste sentido, percebemos que Comte objetivava analisar os problemas sociais com elementos das 
ciências físicas e naturais, sendo que a estática social seria referente à ordem, e a dinâmica social seria 
referente ao progresso. Estamos diante de uma concepção positivista da relação entre indivíduo e so-
ciedade. Em 1839, Comte nomeará a nova ciência como Sociologia.
A questão significativa da época de Comte diz respeito à ideia de como fazer a sociedade man-
ter-se coesa, unida, justamente quanto ela se torna mais complexa. Comte, em seu tempo e por suas 
circunstâncias, parece não responder a essa questão. Segundo Turner (1999), sua preocupação era insti-
tuir a Sociologia como uma ciência, uma “área de estudo”, na qual se encontravam presentes específicos 
métodos de análise. Cabe salientar que antes as questões acerca da sociedade eram analisadas princi-
palmente por filósofos; é com Comte que temos uma ciência cujo específico ponto de saber é o estudo 
da sociedade.
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O surgimento da Sociologia como ciência 9
Turner afirma que Comte utilizou-se de uma tática ao postular a denominada lei dos três estados, 
que determina que o processo de conhecimento, em seu desenvolvimento, passa por três diferentes es-
tágios, conforme a seguir:
Estado teológico:::: – a concepção de homem e de mundo é determinada pelo sobrenatural, 
pela religião, pela crença em Deus. A vida é explicada por esses elementos, que seriam a fonte 
explicativa de nosso estar no mundo.
Estado metafísico:::: – o teológico é substituído por uma concepção filosófica de homem e de 
mundo.
Estado positivo:::: – a ciência é a fonte explicativa de nosso estar no mundo. Para Comte, é neste 
ponto que o conhecimento pode gerar mudanças fecundas na vida das pessoas.
Segundo Marilena Chauí (1994), o que muitos de nós conhecemos como Positivismo tem seu iní-
cio no século XIX, com Augusto Comte. Não podemos esquecer do pressuposto de Comte de que a hu-
manidade experimenta três etapas de caráter progressivo, partindo da concepção religiosa, passando 
pela metafísica, para chegar finalmente ao progresso, ou seja, à ciência positiva. Comte vai priorizar a 
concepção de que o homem é um ser social e é justamente por este aspecto que ele cria a Sociologia 
como estudo científico da sociedade, que objetiva estudar a realidade humana, com base em procedi-
mentos, métodos e técnicas utilizadas pelas ciências da natureza.
A contribuição de Comte foi significativa para o surgimento da Sociologia como ciência, porém 
observando o contexto da atualidade, podemos dizer que soará um tanto estranho realizarmos análises 
da vida social alicerçados nas técnicas utilizadas pelas ciências da natureza. A Sociologia tem a sua es-
pecificidade, tem seus métodos próprios e suas regras de análise que não requerem buscar nas técnicas 
das ciências da natureza a fonte explicativa.
Herbert Spencer (1820-1903)
Spencer, de origem inglesa, seguindo os caminhos de Comte no século XIX, prosseguirá com os 
pressupostos de análise da Sociologia científica da mesma forma que Comte, segundo Turner (1999), 
concebia que os grupos humanos poderiam ser estudados cientificamente. Podemos citar a questão 
colocada no período de Comte: o que mantém unida a sociedade quando esta se torna mais complexa?
Afirma Turner (1999, p. 7):
A resposta de Spencer em termos gerais foi muito simples: sociedades grandes, complexas, desenvolvem: (1) 
interdependências entre seus componentes especializados; e (2) concentrações de poder para controlar e coordenar 
atividades entre unidades interdependentes. Para Spencer, a evolução da sociedade engloba o crescimento e a 
complexidade que é gerenciada pela interdependência e pelo poder. Se os padrões da interdependência e concentrações 
de poder falham ao surgirem na sociedade, ou são inadequados à tarefa, ocorre a dissolução e a sociedade se desmorona. 
Ao desenvolver resposta à questão básica de Comte, Spencer faz uma analogia aos corpos orgânicos, argumentando 
que as sociedades, como organismos biológicos, devem desempenhar certas funções-chave se elas quiserem sobreviver. 
As sociedades devem reproduzir-se; devem produzir bens e produtos para sustentar os membros; devem prover a 
distribuição desses produtos aos membros da sociedade; e elas devem coordenar e regular as atividades dos membros. 
Quando as sociedades crescem e se tornam mais complexas, revelando muitas divisões e padrões de especialização, essas 
funções-chave tornam-se distintas ao longo de três linhas: (1) a operacional (reprodução e produção), (2) a distribuidora 
(fluxo de materiais e informação), e (3) a reguladora (concentração de poder para controlar e coordenar). 
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10 O surgimento da Sociologia como ciência
De certa maneira, ao centralizar sua análise na argumentação da semelhança da sociedade com 
organismos biológicos, Spencer realiza o que podemos denominar uma análise sistêmica, no sentido de 
que o “corpo social” funcionaria à semelhança do “corpo biológico” como um sistema. Cada “órgão” so-
cial tem a sua função, que se encontra interdependente diante dos outros “órgãos” sociais. Esta relação 
de interdependência determina que, se uma das partes encontra-se atingida, ou seja,não funcionan-
do corretamente, atingirá a outra parte. Neste sentido, o todo, que seria o sistema social, é composto de 
partes interdependentes.
A contribuição de Spencer encontra-se relacionada à construção de uma teoria sociológica ou 
método de investigação sociológica que se denomina Funcionalismo, corrente que procura compreen-
der o funcionamento de tudo que está presente na sociedade. Segundo Turner (1999), é fator de contri-
buição para o seu funcionamento em equilíbrio. Estamos diante da Sociologia funcionalista, pois tudo o 
que existe na sociedade se encontra pleno de sentido, de significado. Novamente surge a questão, ago-
ra revigorada pelo funcionalismo: o que um fenômeno cultural ou social faz para a manutenção e integra-
ção da sociedade?
Neste momento, conhecemos os primeiros dois autores mais importantes, em suas contribui-
ções, para a Sociologia. Contribuições que foram fundamentais para restituir a Sociologia como uma 
área do conhecimento científico. Comte e Spencer são autores que devem ser lembrados, cada um com 
suas particularidades, ou seja, nos pontos específicos de suas abordagens, que serão significativas na 
compreensão dos caminhos dos sociólogos contemporâneos.
Texto complementar
A importância da Sociologia
(TURNER, 1999)
Sociologia é o estudo do comportamento social das interações e organizações humanas. Na re-
alidade, todos nós somos sociólogos porque você e eu estamos sempre realizando nossos compor-
tamentos e nossas experiências interpessoais em situações organizadas. O objetivo da Sociologia é 
tornar essas compreensões cotidianas da sociedade mais sistemáticas e precisas, à medida que suas 
percepções vão além de nossas experiências pessoais. Pois somos simplesmente pequenos jogado-
res num mundo imenso e complexo com pessoas, símbolos e estruturas sociais, e somente ampliando 
nossa perspectiva além do “aqui e agora” é que podemos perceber as causas que moldam e limitam 
nossas vidas. 
A ênfase na limitação choca-se com as crenças pessoais de indivíduos que gostam de se ver 
como inflexíveis, que usam seu livre-arbítrio e iniciativa para moldar seu destino. Até certo pon-
to, nós todos podemos fazer isso, mas nem sempre estamos livres de restrições. Agimos num meio 
social que influencia profundamente nossa maneira de sentir e ser em relação a nós mesmos e ao 
mundo que nos cerca, como nos vemos e percebemos os acontecimentos, como agimos e pensamos, 
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O surgimento da Sociologia como ciência 11
e onde e a que distância podemos ir na vida. Às vezes, a limitação é obvia, até mesmo opressiva e en-
fraquecedora, muito frequentemente é sutil e até mesmo despercebida. Entretanto, ela está constan-
temente moldando nossos pensamentos, sentimentos e ações.
Examine a situação de um aluno de faculdade. Há grandes valores culturais e crenças que en-
fatizam a importância da educação e, desse modo, forçam os alunos a perceber e acreditar que eles 
devem ir à faculdade. Para alguns, há pressões e expectativas dos pais, tornando as pressões para ir 
à escola ainda maiores. Há limitações da própria escola – presença, fichas de leituras, provas – defi-
nindo o que se pode fazer. Há pressões de classe social – quanto dinheiro se tem para gastar –, que 
determinam se um aluno deve também trabalhar enquanto vai à escola. E, se o trabalho é neces-
sário, há limitações do próprio local de trabalho, bem como os problemas de horário e conciliação 
entre escola e trabalho. A própria esposa e os filhos da pessoa podem limitá-lo a um horário aperta-
do. Existem restrições de economia e mercado de trabalho que afetam as decisões dos alunos sobre 
seus principais objetivos de carreira acadêmica e de vida. As políticas governamentais que afetam 
os fundos públicos para os alunos (empréstimos, doações, bolsas de estudo para pesquisas) e para 
a faculdade ou universidade como um todo. Essas restrições governamentais e econômicas são, por 
sua vez, amarradas à política econômica mundial com balanças da autoridade geopolítica e comér-
cio econômico. Há um ponto que espero que esteja claro: todos nós vivemos numa teia complexa 
de causas que dita muito do que vemos, sentimos e fazemos. Nenhum de nós é totalmente livre, na 
verdade, podemos escolher nosso caminho na vida cotidiana, mas nossas opções são sempre limita-
das. Isso reforça a ideia sociológica de que o homem é produto e produtor de sua cultura. Ele cons-
trói o seu meio e é por ele construído.
A Sociologia examina essas limitações e, como tal, é uma área muito ampla, pois estuda todos 
os símbolos culturais que os seres humanos criam e usam para interagir e organizar a sociedade, ela 
explora todas as estruturas sociais que ditam a vida social, examina todos os processos sociais, tais 
como desvio, crime, divergência, conflitos, migrações e movimentos sociais, que fluem através da 
ordem estabelecida socialmente, e busca entender as transformações que esses processos provo-
cam na cultura e estrutura social. 
Em tempos de mudança, em que a cultura e a estrutura estão atravessando transformações 
dramáticas, a Sociologia torna-se especialmente importante (NISBET, 1969). Como a velha maneira 
de fazer as coisas se transforma, as vidas pessoais são interrompidas e, como consequência, as pes-
soas buscam respostas para o fato de as rotinas e fórmulas do passado não funcionarem mais.
O mundo hoje está passando por uma transformação dramática: o aumento de conflitos étnicos, 
o desvio de empregos para países com mão de obra mais barata, as fortunas instáveis da atividade 
econômica e do comércio, a dificuldade de serviços de financiamento do governo, a mudança no 
mercado de trabalho, a propagação de uma doença mortal (síndrome da imunodeficiência adquirida 
– Aids), o aumento da fome nas superpopulações, a quebra do equilíbrio ecológico, a redefinição 
dos papéis sociais dos homens e das mulheres e muitas outras mudanças. Enquanto a vida social e 
as rotinas diárias se tornam mais ativas, a percepção sociológica não é completamente necessária. 
Mas, quando a estrutura básica da sociedade e da cultura muda, as pessoas buscam o conhecimento 
sociológico. Isso não é verdade apenas hoje – foi a razão principal de a Sociologia surgir em primeiro 
plano como uma disciplina diferente nas primeiras décadas do século XIX.
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12 O surgimento da Sociologia como ciência
Dicas de estudo
DOMINGUES, José Maurício. Teorias Sociológicas no Século XX. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004.
Livro proveitoso em praticamente toda a disciplina.
TURNER, Jonathan H. Sociologia: conceitos e aplicações. São Paulo: Makron Books, 1999. 
Importante livro para quem está fazendo o curso de Ciências Sociais, e considerável para quem 
está iniciando o contato com a Sociologia, pois é muito bem estruturado e trabalha com análises de 
nossa realidade cotidiana.
Atividades
1. Procure construir, em grupo, um esquema demonstrando a relação do século XVIII com o surgi-
mento da Sociologia como ciência no século XIX, tendo como referência que no século XVIII, com 
a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, vamos ter a consolidação do modo de produção 
capitalista. 
 
 
 
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O surgimento da Sociologia como ciência 13
2. Discuta em grupo as diferenças entre Comte e Spencer. Procure dialogar sobre o que é específico 
em cada um deles. Ao final da discussão, o grupo deve organizar um resumo dos aspectos funda-
mentais dos autores mencionados. Registre aqui esse resumo.
 
 
 
 
Referências
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1994.
DOMINGUES, José Maurício. Teorias Sociológicas no Século XX. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 
2004.
TURNER, Jonathan H. Sociologia: conceitos e aplicações. São Paulo: Makron Books.1999.
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14 O surgimento da Sociologia como ciência
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Os teóricos clássicos 
da Sociologia
Os teóricos clássicos da Sociologia são Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber, autores funda-
mentais para a compreensão dos pressupostos da Sociologia contemporânea. Eles são a base do pensa-
mento sociológico contemporâneo. A forma como os teóricos clássicos responderam à principal questão 
sociológica – a relação entre indivíduo e sociedade – é marcante para o pensamento sociológico.
Esses autores clássicos permitem o uso dos seus recursos teóricos e metodológicos para a análi-
se da sociedade – e como cientistas sociais a análise da sociedade sempre nos é fundamental. Portanto, 
iremos trabalhar com os elementos fundamentais das teorias desses pensadores.
Karl Marx (1818-1883)
Para Karl Marx, cuja principal obra é O Capital (1867), a sociedade determina o indivíduo por meio 
das condições materiais de existência, ou seja, a relação entre indivíduo e sociedade não pode ser pen-
sada separadamente das condições materiais em que estão apoiadas. Portanto, essas condições mate-
riais de existência são determinantes, são condicionantes de indivíduos e grupos em sua vivência social, 
de modo que condicionam as demais relações sociais. Esse é o ponto de partida de Marx. O critério de-
terminante aqui é o econômico e, nesse sentido, o autor é um determinista econômico em sua forma de 
responder à principal questão sociológica, ou seja, a relação indivíduo e sociedade. Vejamos o que nos 
afirma Turner (1999, p. 8-9):
Para Marx, a organização de uma sociedade num momento histórico específico é determinado pelas relações de produ-
ção, ou a natureza da produção e organização do trabalho. Assim a organização econômica é o material-base, ou em 
seus termos, a infraestrutura, que descreve e dirige a superestrutura, que consiste na cultura, política e outros aspectos 
da sociedade. O funcionamento da sociedade deve ser entendido por sua base econômica.
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16 Os teóricos clássicos da Sociologia
O pensamento marxista prioriza a compreensão da sociedade capitalista, o seu funcionamento, 
bem como a sua estrutura. Segundo Aron (1995), enquanto Augusto Comte desenvolveu uma teoria so-
bre a sociedade industrial – ou seja, as sociedades modernas complexas e científicas –, Marx da mesma 
forma considera que as sociedades modernas são industriais e científicas, mas o ponto central de sua 
concepção encontra-se no fato de focalizar os elementos contraditórios que são inerentes à sociedade 
moderna, o que ele vai chamar de capitalismo.
Em sua análise crítica da sociedade capitalista, na obra O Capital, Marx procura demonstrar seu de-
senvolvimento e suas contradições. Para Marx, as contradições, ou seja, as forças contrárias presentes na so-
ciedade capitalista, seriam a fonte de sua superação. Segundo ele, as contradições presentes na sociedade 
capitalista traduzem a fonte do surgimento de sua força contrária. Esse sistema repleto de contradições seria 
substituído, em uma mudança de fase, por outro sistema socioeconômico, ou seja, o socialismo. Em suas con-
tradições, esse sistema gera força contrária e esse é um aspecto muito importante, pois Marx trabalha com 
elementos da dialética, que prioriza os elementos da contradição e da negação, ou seja, as forças contrárias 
que se encontram presentes no universo social.
Afirmam Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2003, p. 30):
A análise da vida social deve, portanto, ser realizada através de uma perspectiva dialética que, além de procurar esta-
belecer as leis de mudança que regem os fenômenos, esteja fundada no estudo dos fatos concretos, a fim de expor o 
movimento do real em seu conjunto. Marx afirma que a compreensão positiva das coisas “inclui, ao mesmo tempo o 
conhecimento de sua negação fatal, de sua destruição necessária, porque ao captar o próprio movimento, do qual to-
das as formas acabadas são apenas uma configuração transitória, nada pode detê-la, porque em essência é crítica e re-
volucionária”.
O que se encontra presente é a concepção da superação, da mudança de uma fase para outra, por meio 
das contradições presentes no sistema socioeconômico, ou seja, na realidade concreta na qual estão inseri-
dos indivíduos e grupos. Segundo Aron (1995), podemos conceber a dialética da história enquanto constitu-
ída pelo próprio movimento das forças produtivas (condições materiais de toda a produção), que entram em 
contradição em determinadas épocas históricas, e também pelas relações de produção, que envolvem as re-
lações de propriedade e a distribuição de renda entre indivíduos e grupos da sociedade.
Segundo Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2003), essa forma de conceber a relação entre indivíduo 
e sociedade foi mais tarde denominada de materialismo histórico, método de investigação sociológica 
que envolve análise da vida econômica, social, política e intelectual. Essa concepção vai nos falar das re-
lações materiais que, enquanto homens, realizamos ao produzir nossos meios de vida. Isso não diz res-
peito somente à reprodução de nossos meios de vida enquanto existência física, mas também nossas 
concepções de homem e de mundo, a forma como vemos e experienciamos nossa realidade no mun-
do da vida. De certa maneira, Marx deixará claro que a forma como vivemos materialmente, ou seja, no 
contexto das relações de produção, nos dirá muito do que somos – e o que nós somos pode ser visto 
enquanto reflexo da produção, das relações de produção presentes na sociedade. Nesse sentido, é im-
portante perceber que o que somos encontra-se em estreita relação de dependência com as condições 
materiais de nossa existência. 
Vamos verificar um elemento significativo da sociedade capitalista, o que se apresenta nela e o 
que reflete a contradição que vivenciamos: a desigualdade social. Ela é parte do denominado modo de 
produção capitalista, no qual existe a posse privada dos meios de produção, ou seja, tudo que a socie-
dade precisa para produzir os bens de que necessita se encontra restrito à posse particular. Podemos 
afirmar que, no contexto da concepção marxista, a desigualdade social é inerente ao sistema socioeco-
nômico capitalista. Seguindo a lógica marxista, o processo de desigualdade social é gerado pelo pró-
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Os teóricos clássicos da Sociologia 17
prio sistema socioeconômico, que é fundamentalmente concentrador e não distribuidor de riqueza. 
Esta pode ser concebida como uma contradição presente no sistema socioeconômico. Assim, podemos 
verificar que, se há desigualdade social, encontramo-nos diante de uma sociedade de classes, ou seja, 
se há desigualdade social há, consequentemente, relações de classe, relações estas sempre antagôni-
cas, conflitivas. É por essa razão que Marx, priorizando a análise da sociedade capitalista, afirmará que a 
história do homem é a história da luta de classes.
Nos primeiros momentos de sua análise da sociedade capitalista e das classes sociais nela existen-
tes, Marx conceberá três classes: a classe proprietária de terras, a classe proprietária de capital e a classe 
proprietária da força de trabalho. A partir de um determinado momento histórico, a classe proprietária de 
terras e a classe proprietária de capital uniram-se formando o que Marx denomina de burguesia, que é pro-
prietária privada dos meios de produção e se confrontará com o proletariado, a classe proprietária da for-
ça de trabalho. Desse modo, temos na concepção marxista a existência de duas classes sociais: burguesia 
e proletariado, sendo que a burguesia é proprietária dos meios de produção e o proletariado é proprietá-
rioda força de trabalho. 
Essas duas classes sociais encontram-se em conflito, pois os interesses de uma e de outra são dia-
metralmente opostos. Enquanto a burguesia quer manter sua condição de classe dominante no con-
texto da sociedade, o proletariado objetiva a mudança da realidade social. Aqui estamos em um espaço 
de pleno conflito de interesses. Então, seguindo a concepção marxista, em sua análise da sociedade 
capitalista, não podemos pensar na harmonia entre capital (representado pela burguesia) e trabalho 
(representado pelo proletariado). Segundo Turner (1999), analisar a sociedade com base no materialis-
mo histórico envolve concentração nos elementos da estrutura social alicerçada na desigualdade e nas 
“combinações” entre os indivíduos e grupos que mantêm o poder e o bem-estar material, os proprietá-
rios dos meios de produção, e aqueles que são menos abastados economicamente e menos privilegia-
dos (os proprietários da força de trabalho). Turner (1999, p. 9) afirma:
Para Marx (1867), há sempre o que ele denominou de “contradições próprias na estrutura da base econômica”. Por 
exemplo, no capitalismo ele viu que a organização coletiva da produção (em fábricas) se encontrava em contradição 
quanto à propriedade privada de bens e à obtenção de lucro por poucos a partir do trabalho cooperativo de muitos. 
Quais sejam os méritos desse argumento, Marx tem como base da contradição nas sociedades humanas as relações 
entre aqueles que controlam os meios de produção e aqueles que não. Argumentando dessa forma, Marx tornou-se 
a inspiração para a linha de estudo da Sociologia conhecida como teoria do conflito ou a Sociologia do conflito. Desse 
ponto de vista todas as estruturas da organização social revelam desigualdades que levam ao conflito, em que aqueles 
que detêm ou controlam os meios de produção podem consolidar o poder e desenvolver ideologias para manter seus 
privilégios, enquanto aqueles sem os meios de produção eventualmente entram em conflito com os mais privilegiados 
(MARX; ENGELS, 1848). No mínimo, há sempre uma contradição ardente entre as relações de produção nos sistemas 
sociais, e essa luta de classes, ou seja, conforme a percepção de Marx quanto a essa questão, periodicamente explode 
esse conflito aberto e uma mudança social. 
A análise sociológica deve, portanto, concentrar-se nas estruturas de desigualdade e nas combinações entre aqueles com 
poder, privilégio e bem-estar material, por um lado, e os menos poderosos, privilegiados e materialmente abastados, 
por outro. Para Marx e as gerações subsequentes de estudiosos do conflito, “a ação está” dentro da organização social 
humana.
Nesse sentido, podemos perceber que a força motriz da mudança de toda e qualquer socieda-
de, no contexto de uma concepção marxista, encontra-se em estreita relação com a contradição, com o 
conflito presente principalmente entre as classes sociais, principalmente em uma sociedade capitalista. 
É por esta razão que podemos afirmar que o objeto de investigação sociológica em Marx são as classes 
sociais. E o critério de determinação das classes sociais é sempre o critério econômico.
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18 Os teóricos clássicos da Sociologia
Relação entre infra e superestrutura social
Toda e qualquer formação social (o que podemos denominar de sociedade) é composta de três 
esferas: socioeconômica, sociopolítica e sociocultural. A base de toda e qualquer sociedade, isto é, a sua 
estrutura, constitui-se na denominada esfera socioeconômica, que por sua vez, segundo Quintaneiro, 
Barbosa e Oliveira (2003), deve ser entendida como o fundamento sobre o qual se constituem as de-
mais esferas – as esferas sociocultural e sociopolítica. Portanto, devemos entender que a infraestrutura 
é determinante da superestrutura, na qual temos as esferas do mundo político, ou seja, das relações de 
poder presentes na sociedade, e a esfera sociocultural, na qual estão os aspectos determinantes da cul-
tura, ou melhor, toda a visão de mundo e de homem, todas as crenças, todos os elementos constituin-
tes da moral, da ética e assim por diante. Aqui temos a determinação do econômico sobre o cultural e 
o político, mas por outro lado podemos verificar que a superestrutura ratifica e legitima as relações pre-
sentes na infraestrutura.
Segundo Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2003), o direito, as relações de poder, os aspectos espi-
rituais e a própria consciência dos homens encontram-se determinados pela base econômica da socie-
dade, na forma como os seres humanos estão organizados para produzir os bens de que necessitam. 
Podemos dizer que essa é a base do materialismo histórico.
Exemplificaremos a relação entre infraestrutura e superestrutura tomando por base a sociedade 
brasileira. O Brasil, como todos nós sabemos, é uma sociedade capitalista, uma sociedade de classes. 
Este é o seu determinante econômico: sua estrutura encontra-se alicerçada ou tem por base a posse 
privada dos meios de produção. Consequentemente, é uma sociedade desigual. Então, a desigualdade 
encontra-se presente em sua estrutura ou, se quiserem, em sua infraestrutura. Essa desigualdade será 
determinante do que se encontra presente na esfera sociocultural e na esfera sociopolítica. É o mesmo 
que dizermos que, na esfera sociocultural, a educação e os meios de comunicação de massa são deter-
minados pelas relações presentes na infraestrutura, ou seja, relações de desigualdade que acabam por 
reger a sociedade. Da mesma forma, encontramos esse elemento determinante na esfera sociopolítica, 
no contexto das relações de poder. Podemos verificar contradições presentes no sistema educacional 
brasileiro e nos meios de comunicação de massa, que são propriedade de menos de 1% da população 
brasileira. Questionamos, então, porque no sistema educacional brasileiro praticamente não se priori-
zam as escolas públicas, oferecendo à população uma educação de melhor qualidade. Por que, com re-
lação aos meios de comunicação em massa, não se oferece à maioria da população uma programação 
de melhor qualidade? O ponto determinante para essas respostas encontra-se justamente na determi-
nação da infraestrutura sobre a superestrutura. Seguindo a concepção marxista de análise sociológica, 
se a sociedade é desigual em sua base, a educação será desigual e a utilização dos meios de comuni-
cação de massa também. Por outro lado, no que é relativo à “função” da superestrutura, podemos ve-
rificar que a educação e os meios de comunicação de massa ratificam, validam, o que está presente na 
infraestrutura – isto é, a desigualdade. Muito do que concebemos, a forma como vemos nosso país e 
a nós, povo brasileiro, é determinado por esta desigualdade, mas ao mesmo tempo legitima essa de-
sigualdade. Quando reproduzimos sem pensar as mensagens dos meios de comunicação de massa, 
concebendo-as como verdades quase absolutas, estamos ratificando o que está presente em nossa in-
fraestrutura social. 
Afirmam Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2003, p. 37):
Segundo a concepção materialista da história, na produção da vida os homens geram também outra espécie de produ-
tos que não têm forma material: as ideologias políticas, concepções religiosas, códigos morais e estéticos, sistemas legais 
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Os teóricos clássicos da Sociologia 19
de ensino, de comunicação, o conhecimento filosófico e científico, representações coletivas de sentimentos, ilusões, mo-
dos de pensar e concepções de vida diversos e plasmados de um modo particular. A classe inteira os cria e os plasma de-
rivando-os de suas bases materiais e das relações sociais correspondentes. Esta é a superestrutura ou supraestrutura. 
A base material sobre a qual vivemos é determinante da forma como concebemos e sentimos 
nosso universo social, mas a forma como concebemos e sentimos nosso universo social, em nosso agir, 
é fator quepor sua vez tende a legitimar o que é presente na base social.
Alienação em Karl Marx
A concepção de alienação que Marx apresenta em sua obra A Ideologia Alemã é diferente na for-
ma como usualmente a concebemos. Em geral, tendemos a conceber alienação como falta de razão, 
como incapacidade para discernir as coisas da realidade, ou melhor, como a loucura. Em Marx, a aliena-
ção pode ser concebida como a consciência da realidade pelo que dizem que ela é (ideologia), que, se-
gundo Marilena Chauí (1994), é um fenômeno histórico-social decorrente da forma como produzimos 
os bens de que necessitamos, o modo de produção. Quando dizemos que a desigualdade sempre exis-
tiu e sempre foi assim estamos tendo uma ideia que naturaliza as relações sociais desiguais presentes 
na sociedade, como se fosse um dado de nossa denominada “natureza humana”. Pois bem, quando na-
turalizamos o que é historicamente produzido (desigualdade) podemos verificar que essas ideias são 
fontes produtoras da alienação social. Esse imaginário socialmente construído (ideias) constitui a ideo-
logia, segundo Marx.
Por outro lado, em Marx, a alienação encontra-se intimamente relacionada com o que podemos 
denominar de prática humana – o trabalho. Em sentido amplo, podemos compreender a alienação, ten-
do por base a concepção marxista, como ser o homem desprovido de si porque não detém o fruto de 
seu trabalho. O homem é essencialmente homo faber, homem que produz, que faz, que realiza e cons-
trói os bens de que necessita para viver.
No contexto da sociedade capitalista, o que o homem (trabalhador) produz não lhe pertence, 
pois pertence ao proprietário dos meios de produção – o capitalista. É nesse sentido que a alienação 
se produz. Estamos diante da alienação pelo trabalho: o trabalhador existiria para alimentar a máquina 
do capital, ele existe para o capital. Afirmam Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2003, p. 52) com relação a 
este aspecto:
Marx sublinha três aspectos da alienação: 
1) o trabalhador relaciona-se com o produto do seu trabalho como algo alheio a ele, que o domina e lhe é adverso, e rela-
ciona-se da mesma forma com os objetos naturais do mundo externo – o trabalhador é alienado em relação às coisas; 
2) a atividade do trabalhador tampouco está sob seu domínio, ele a percebe como estranha a si próprio, assim como 
sua vida pessoal e sua energia física e espiritual, sentidas como atividades que não lhe pertencem – o trabalhador é 
alienado com relação a si mesmo; 
3) a vida genérica ou produtiva do ser humano torna-se apenas meio de vida para o trabalhador, ou seja, seu trabalho 
– que é sua atividade vital consciente e que o distingue dos animais – deixa de ser livre e passa a ser unicamente meio 
para que sobreviva. Portanto, “do mesmo modo como o operário se vê rebaixado no espiritual e no corporal à condição 
de máquina, fica reduzido de homem a uma atividade abstrata e a um estômago”. Por outro lado, o trabalho produtivo 
acaba por tornar-se uma obrigação para o proletário, o qual, não sendo possuidor dos meios de produção, é compeli-
do a vender sua atividade vital. 
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20 Os teóricos clássicos da Sociologia
Podemos lembrar de um trecho da música “Guerreiro menino”, de Gonzaguinha: “e, sem o seu tra-
balho, um homem não tem honra e sem a sua honra, se morre, se mata”. Sem o seu trabalho, no con-
texto da sociedade capitalista, podemos dizer que o homem nada é, pois é negada a sua existência 
enquanto indivíduo e enquanto ser social. Ele se encontra à margem, é um estranho diante do qual nin-
guém deve se aproximar, como nos diz atualmente Bauman.
Para Marx, o trabalho, enquanto expressão humana, é uma forma de desenvolvimento de nossas 
melhores dimensões, mas, como no contexto da sociedade capitalista tudo se encontra revestido de 
seu contrário, ele parece uma fera a atormentar o espírito humano. Ele assume a forma de um sacrifício 
a que, cotidianamente, o homem deve se submeter. Foi transformado em mercadoria, porque, segundo 
Marx, tudo que o capital toca torna-se objeto, mercadoria, sendo completamente regulada pelas forças 
coercitivas e opressoras do capital. 
Texto complementar
(MARX apud QUINTANEIRO; BARBOSA; OLIVEIRA, 2003, p. 30-38)
Hoje em dia, tudo parece levar em seu seio sua própria contradição. Vemos que as máquinas, 
dotadas da propriedade maravilhosa de encurtar e fazer mais frutífero o trabalho humano, provo-
cam a fome e o esgotamento do trabalhador. As fontes de riqueza recém-descobertas convertem-
se, por arte de um estranho malefício, em fontes de privações. 
Os triunfos da arte parecem adquiridos ao preço de qualidades morais. O domínio do homem 
sobre a natureza é cada vez maior, mas ao mesmo tempo o homem se converte em escravo de ou-
tros homens ou de sua própria infâmia. Até a pura luz da ciência parece só poder brilhar sobre o fun-
do tenebroso da ignorância. 
Todos os nossos inventos e progressos parecem dotar de vida intelectual as forças produtivas 
materiais, enquanto reduzem a vida humana ao nível de uma força material bruta. Este antagonis-
mo entre a indústria moderna e a ciência, por um lado, e a miséria e a decadência, por outro, este 
antagonismo entre as forças produtivas e as relações sociais de nossa época é um fato palpável, 
abrumador e incontrovertido. [...] não nos enganamos a respeito da natureza desse espírito maligno 
que se manifesta constantemente em todas as contradições que acabamos de assinalar.
Sabemos que, para fazer trabalhar bem as novas forças da sociedade, necessita-se unicamente 
que estas passem às mãos de homens novos, e que tais homens novos são os operários.
[...]
O meu primeiro trabalho, que empreendi para esclarecer as dúvidas que me assaltavam, foi 
uma revisão crítica da Filosofia do Direito, de Hegel [...] Nas minhas pesquisas cheguei à conclusão de 
que as relações jurídicas – assim como as formas de Estado – não podem ser compreendidas por si 
mesmas, nem pela dita evolução geral do espírito humano, inserindo-se, pelo contrário, nas condi-
ções materiais de existência de que Hegel [...] compreende o conjunto pela designação de “socieda-
de civil”, por seu lado, a anatomia da sociedade civil deve ser procurada na economia política [...].
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Os teóricos clássicos da Sociologia 21
A conclusão geral a que cheguei e que, uma vez adquirida, serviu de fio condutor dos meus es-
tudos e pode formular-se resumidamente assim: na produção social de sua existência, os homens es-
tabelecem relações determinadas, necessárias, independentes da sua vontade, relações de produção 
que correspondem a um determinado grau de desenvolvimento das forças produtivas materiais. 
O conjunto dessas relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a base 
concreta sobre a qual se eleva uma superestrutura jurídica e política, à qual correspondem determi-
nadas formas de consciência social. O modo de produção da vida material condiciona o desenvolvi-
mento da vida social, política e intelectual em geral. Não é a consciência dos homens que determina 
o seu ser; é o seu ser social que, inversamente, determina a sua consciência. 
Em certo estágio de desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em 
contradição com as relações de produção existentes, ou, o que é a sua expressão jurídica, com as re-
lações de propriedade no seio das quais tinham se movido até então. De formas de desenvolvimen-
to das forças produtivas, estas relações transformam-se no seu entrave. Surge, então, uma época de 
revolução social. A transformação da base econômica altera, mais ou menos rapidamente, toda a 
imensa superestrutura.
Para refletir
Uma dica fundamental quando estudamos a Sociologia é tentar verificar em nosso cotidiano a 
realidade dos fatos citados pelos autores, principalmente no caso dos autores clássicos dessa ciência.Procure fazer isso lendo atentamente nosso livro-texto e verificando se o que Karl Marx analisou pode 
ser constatado em nossa vida, em nosso mundo. Essa reflexão é um exercício fundamental que, aos 
poucos, como cientistas sociais, vamos aprender a realizar, analisando a realidade social que nos cerca 
e compreendendo os determinantes dessa realidade.
Dicas de estudo
MARX, Karl. A Ideologia Alemã. São Paulo: Moraes, 1984. 
Para melhor compreender as questões fundamentais que Karl Marx aborda acerca da sua concep-
ção de “ideologia”, sugiro a leitura dessa obra.
QUINTANEIRO, Tânia; BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia Monteiro de. Um 
Toque de Clássicos: Marx, Durkhein e Weber. Belo Horizonte: UFMG, 2003.
Sugiro a leitura do capítulo que se refere a Marx.
TESKE, Ottmar (Coord.). Sociologia: textos e contextos. Porto Alegre: Ulbra, 2005.
É um outro livro que merece nossa consideração.
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22 Os teóricos clássicos da Sociologia
Atividades
1. Crie um esquema com os principais elementos da teoria marxista, presentes no conteúdo lido. 
Isto feito, produza o seu próprio texto, estando atento aos elementos que você selecionou.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Os teóricos clássicos da Sociologia 23
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. De acordo o texto complementar “O meu primeiro trabalho”, faça um esquema envolvendo a re-
lação entre infraestrutura e superestrutura. Considere o fato de que, seguindo a concepção de 
Marx, a infraestrutura é sempre a base econômica de toda e qualquer sociedade.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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24 Os teóricos clássicos da Sociologia
Referências
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e Ambivalência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.
______. Identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1994.
GONZAGUINHA. Um Homem também Chora (Guerreiro menino). Disponível em: <http://letras.terra.
com.br/gonzaguinha/250255/>. Acesso em: 11 maio 2010.
MARX, Karl. A Ideologia Alemã. São Paulo: Moraes, 1984.
QUINTANEIRO, Tânia. BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira. OLIVEIRA, Márcia Gardênia Monteiro de. Um 
Toque de Clássicos: Marx, Durkhein e Weber. Belo Horizonte: UFMG, 2003.
TESKE, Ottmar. Sociologia: textos e contextos. Canoas: Ulbra, 2004.
TURNER, Jonathan H. Sociologia: conceitos e aplicações. São Paulo: Makron Books. 1999.
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Os teóricos clássicos 
da Sociologia II
Émile Durkheim (1858-1917)
Émile Durkheim, cuja principal obra é As Regras do Método Sociológico (1895), é um teórico funda-
mental da tradição sociológica francesa. É um autor determinista em sua forma de conceber a relação 
entre indivíduo e sociedade, diferenciando-se de Karl Marx, que determina o indivíduo por meio das 
condições materiais de existência.
Sabemos que Spencer foi o “pai fundador” do funcionalismo, teoria que enfatiza a interdepen-
dência dos padrões e instituições de uma sociedade, e também a maneira como esses padrões e insti-
tuições interagem na preservação da unidade social e cultural. Em muitos pontos, Durkheim adota as 
concepções de Spencer.
Antes de conhecermos a forma como Durkheim responde à principal questão sociológica – a re-
lação entre indivíduo e sociedade –, devemos entender que ele vai apresentar a Sociologia como uma 
teoria abrangente e globalizante, capaz de integrar e sistematizar os fatos sociais, definidos como o con-
junto de normas e de regras produzidos coletivamente. Durkheim fez da Sociologia uma matéria que 
pode ser ensinada, revestindo-a de um conteúdo científico. Seu maior objetivo foi fazer com que ela se 
tornasse uma disciplina científica rigorosa, emancipada das chamadas filosofias sociais. Para tanto, ele 
procurou fornecer tanto o método de investigação como as aplicações da nova ciência.
Para ele, na relação entre indivíduo e sociedade, prevalece a sociedade sobre o indivíduo, pois a 
sociedade se constitui de um conjunto de normas e regras de ação construídas exteriormente, que se 
encontram fora das consciências individuais. Nesta teoria, recebemos a sociedade por “herança”, no seu 
conjunto de normas e de regras. Segundo Aron (1995), podemos verificar que a sociedade é um conjun-
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26 Os teóricos clássicos da Sociologia II
to de normas de ação, de pensamentos e de sentimentos que estão presentes não apenas nas consciên-
cias individuais, mas também têm construção social. Para Durkheim, enquanto indivíduos, não somos 
os criadores de nossas regras de conduta, pois elas são aceitas na vida em sociedade, produzidas coleti-
vamente. Sem as regras e as normas sociais, produzidas em sociedade, essa mesma sociedade não exis-
tiria, e é justamente por esse aspecto que estamos submetidos e obedecemos à elas.
Os fatos sociais
Segundo Durkheim, em sua obra As Regras do Método Sociológico, as regras que nos são impostas 
pela sociedade se constituem no limite da ação individual, ou melhor, a vontade individual é determina-
da pela vontade coletiva. Estas regras e normas, estabelecidas no contexto do espaço social, são o que 
Durkheim vai denominar de fatos sociais. Podemos dizer que fatos sociais se constituem no conjunto 
de normas e regras coletivas que orientam a vida dos indivíduos em sociedade. Afirma Durkheim (1978, 
p. 11): “É fato social toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coer-
ção exterior; ou então ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma exis-
tência própria, independente das manifestações individuais que possa ter”.
Os fatos sociais, objeto de investigação sociológica em Durkheim, possuem as seguintes caracte-
rísticas:
 Coercitivos – são expressos por ameaças de castigo e por punições, demonstrando suas carac-
terísticas disciplinadoras. Muitos de nossos comportamentos não são exercidos por livre e es-
pontânea vontade, mas, sim, efeito da determinação das normas e regras sobre nós. As forças 
coercitivas presentes nos fatos sociais representam a força que os fatos exercem sobre a indi-
vidualidade, levando à conformidade e orientação às regras e normas presentes na mesma, ou 
seja, é uma força independente de nossas vontades ou escolhas individuais. Pode-se verificar 
que o grau de coerção dos fatos sociais se torna evidente pelas punições a que estamos sujeitos 
quando vamos contra as determinações sociais e tentamos nos rebelar.
 No que se refere às punições, Durkheim classifica como legais aquelas que são prescritas pela 
sociedade sob a forma de leis, onde estão consideradas as infrações e as penas corresponden-
tes e espontâneas, aquelas que existem em decorrência de uma conduta que não se encontra 
adaptada à estrutura do grupo ou da sociedade à qual o indivíduo pertence.
 Exteriores – os fatos sociais são exteriores aos indivíduos quando independem de sua vonta-
de, neste sentido percebemos que muitos dos comportamentos são determinados por forças 
exteriores, ou seja, não dependem da consciência individual. Seguimos as normas porque so-
mos levados à segui-las pelas determinações do universo. Os fatos sociais são ao mesmo tem-
po coercitivos e dotados de existência exterior às consciências individuais, na medida em que 
os indivíduos recebem por “herança” todo o universo social, constituído de suas regras e nor-
mas, crenças, ritos, mitos, símbolos etc.
 Genéricos – esta característica diz respeito ao fato de que as normas e regras sociais devem se 
reproduzir na maioria dos indivíduos. Assim, devemos perceber estageneralidade enquanto 
coletivo, porque possuem como elemento de referência o conjunto da coletividade.
Vejamos agora as palavras de Durkheim (1978, p. 1-2), acerca do que representam os fatos sociais 
e que dimensões de nossa vida eles atingem:
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Os teóricos clássicos da Sociologia II 27
Quando desempenho meus deveres de irmão, de esposo ou de cidadão. Quando me desincumbo de encargos que contraí, 
pratico deveres que estão definidos fora de mim e de meus atos, no direito e nos costumes. Mesmo estando de acordo 
com sentimentos que me são próprios, sentindo-lhes interiormente a realidade, esta não deixa de ser objetiva; pois 
não fui eu quem os criou, mas percebi-os através da educação. Contudo, quantas vezes não ignoramos o detalhe das 
obrigações que nos incumbe desempenhar, e precisamos, para sabê-lo consultar o Código e seus intérpretes autorizados! 
Assim também o devoto, ao nascer encontra prontas as crenças e práticas da vida religiosa; existindo antes dele, é porque 
existem fora ele. O sistema de sinais de que me sirvo para exprimir pensamentos, o sistema de moedas que emprego para 
pagar as dívidas, os instrumentos de crédito que utilizo nas relações comerciais, as práticas seguidas na profissão etc., 
funcionam independentemente do uso que delas faço. Tais afirmações podem ser estendidas a cada um dos membros 
de que é composta uma sociedade, tomados uns após outros. Estamos, pois, diante de maneiras de agir, de pensar e de 
sentir que apresentam a propriedade marcante de existir fora das consciências individuais. Esses tipos de conduta ou de 
pensamento não são apenas exteriores aos indivíduos, são também dotados de um poder imperativo e coercitivo, em 
virtude do qual se lhe impõem, quer queira, quer não. [...] Se experimento violar as leis do direito, estas reagem contra mim 
de maneira a impedir meu ato se ainda é tempo; com o fim de anulá-lo e restabelecê-lo de forma normal se já se realizou 
e é reparável.
Verificamos que, nos dizeres de Durkheim somos determinados pelas normas e regras presentes 
no contexto da sociedade, independendo da maneira de pensar e de sentir do indivíduo. Em sua afir-
mação, evidencia que a educação desempenha um papel significativo na sociedade, pois ela funciona 
como instância de socialização, ou seja, de adequação do indivíduo às normas e regras sociais, às de-
terminações da sociedade, na medida em que leva a que o indivíduo internalize, após algum tempo o 
conjunto de normas e regras presentes na sociedade, transformando-as em hábitos determinantes de 
seu comportamento social. Durkheim buscou mostrar a objetividade dos fatos sociais enquanto obje-
to de investigação sociológica. Na primeira regra, de sua obra As Regras do Método Sociológico, ele de-
termina que os fatos sociais são coisas e são concretos, isto é, são elementos constitutivos do objeto de 
análise sociológica.
Vale salientar que quando o autor menciona a objetividade dos fatos sociais, os cientistas sociais 
devem estar ausentes de prenoções e de juízos de valor, pois a ausência destes elementos se constitui 
enquanto elementos fundamentais da conduta do investigador.
A consciência coletiva
Dissemos anteriormente que a consciência individual se submete à consciência coletiva, este 
conceito é muito importante para Durkheim. Ele pode ser, num primeiro momento, visto como a natu-
reza dos símbolos culturais (valores, hábitos, ritos, mitos, religiosidades etc.). A consciência coletiva pode 
ser entendida como o conjunto de normas, regras e punições, que são sobrepostas aos indivíduos e que 
perduram no decorrer das gerações. Como nos referimos anteriormente, Durkheim trabalha com dois 
tipos de consciência, a consciência individual e a consciência coletiva. Segundo Quintaneiro, Barbosa e 
Oliveira (2003), pode-se conceber essa consciência coletiva como a que pertence à sociedade, não re-
presentado em nossa individualidade, mas que age e vive em nós. Cabe evidenciar que, na medida em 
que as sociedades se complexificam e se tornam heterogêneas, consequentemente, a natureza dos sím-
bolos sociais (consciência coletiva) mudará, para que seja assegurada a integração da sociedade.
Afirmam Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2003, p. 78):
Essa consciência comum ou coletiva corresponde ao conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos 
membros de uma mesma sociedade que forma um sistema determinado que tem vida própria. Ela produz um mundo 
de sentimentos, de ideias, de imagens e independe das maneiras pelas quais cada um dos membros dessa sociedade 
venha a manifestá-la porque tem uma realidade própria e de outra natureza. A consciência comum recobre “áreas” de 
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28 Os teóricos clássicos da Sociologia II
distintas dimensões na consciência total das pessoas, o que depende de que seja ou segmentar ou organizado o tipo de 
sociedade na qual aquelas se inserem. Quanto mais extensa é a consciência coletiva, mais a coesão entre os participantes 
da sociedade examinada refere-se a uma “conformidade de todas as consciências particulares a um tipo comum”, o que faz 
com que todas se assemelhem, e por isso, os membros do grupo sintam-se atraídos pelas similitudes uns com os outros, 
ao mesmo tempo que a sua individualidade é menor.
Para Durkheim, a sociedade determina o indivíduo por meio das normas e regras sociais. O seu 
conceito de consciência coletiva nos fala justamente disto, de quanto a realidade social que nos é exter-
na acaba por nos determinar, fazendo com que nossa conduta, nosso comportamento sejam adequa-
dos ao universo social. Por existir uma consciência coletiva é que podemos pensar na coesão social, ou 
seja, estamos unidos pela natureza dos símbolos sociais.
As solidariedades sociais
Para Durkheim, em seus estudos sobre a divisão do trabalho social, expressos em sua obra Da 
Divisão do Trabalho Social, os vínculos que nos mantêm unidos socialmente, coesos, são denominados 
de solidariedade. O conceito de solidariedade diz respeito à união dos indivíduos e grupos no contex-
to das sociedades. Vejam que o termo solidariedade se diferencia do conceito que utilizamos habitual-
mente. Durkheim, em sua teoria sociológica, propõe a natureza da relação entre indivíduo e sociedade, 
salientando que esta natureza diz respeito à relação entre personalidade individual e solidariedade so-
cial. Para ele, as sociedades regem-se por solidariedades e, demonstrará a transformação da solidarie-
dade social abrangendo dois tipos de sociedade: sociedades regidas pela solidariedade mecânica e 
sociedades regidas pela solidariedade orgânica.
Podemos entender como solidariedade mecânica os indivíduos que se encontram unidos dire-
tamente à sociedade sem que possamos pensar na presença de intermediários, sendo constituída por 
um conjunto relativamente organizado de crenças e sentimentos comuns a todos os membros do gru-
po. É uma sociedade simples, geralmente com características pré-capitalistas, alicerçada na tradição, na 
família, nos costumes, na religião. Temos nessa sociedade uma baixa divisão social do trabalho, ou seja, 
um baixo nível de especialização. Nessas sociedades, a ausência da autonomia individual é presente, na 
medida em que o indivíduo é fortemente dependente do social, da coletividade. Segundo Durkheim, a 
solidariedade permanece mecânica enquanto não temos o desenvolvimento da divisão social do traba-
lho. Nelas, a ação da consciência comum é mais forte quando se exerce não mais de uma maneira difu-
sa, mas por intermédio de um órgão definido. O vínculo social que une indivíduos e grupos se dá pela 
semelhança. De outro lado, podemos entender a solidariedade orgânica como aquelas sociedades mais 
complexas, não constituídas por repetição de elementos semelhantes e homogêneos, mas constituí-
das por um sistema de órgãos diferentes, dos quais cada um tem umpapel social a representar e tem a 
sua função, sendo que estes mesmos elementos são formados de partes diferenciadas. É uma socieda-
de em que temos como características serem complexas, capitalistas e individualistas, onde temos ele-
vada divisão social do trabalho, elevada especialização, como afirmação da identidade individual, logo, 
elevada autonomia individual ao mesmo tempo em que se estabelece a dependência do social. Aqui 
os vínculos sociais se fazem pela “dessemelhança”. Podemos dizer que no contexto da atualidade, vive-
mos numa sociedade regida pela solidariedade orgânica, onde as partes são constitutivas do todo so-
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Os teóricos clássicos da Sociologia II 29
cial, mas cada parte possui a sua função, sendo dependente de outra parte. Um bom recurso didático 
para compreendermos este aspecto é visualizarmos o todo social como o organismo humano. Cada ór-
gão do corpo humano faz parte do todo, mas cada um tem a sua função e encontra-se dependente de 
outros órgãos. 
Observem a afirmação de Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2003, p. 81):
A função da divisão do trabalho é, enfim, a de integrar o corpo social, assegurar-lhe a unidade. É, portanto, uma condição 
de existência da sociedade organizada, uma necessidade. Sendo esta sociedade (sociedade regida pela solidariedade 
orgânica) “um sistema de funções diferentes e especiais”, onde cada órgão tem um papel diferenciado, a função que o 
indivíduo desempenha é o que marca seu lugar na sociedade, e os grupos formados por pessoas unidas por afinidades 
especiais tornam-se órgãos, e “chegará o dia em que toda organização social e política terá uma base exclusivamente 
ou quase exclusivamente profissional”. Daí deriva a ideia de que a individuação é um processo intimamente ligado ao 
desenvolvimento da divisão do trabalho social e a uma classe de consciência que gradativamente ocupa o lugar da 
consciência comum e que só ocorre quando os membros das sociedades se diferenciam. E é esse mesmo processo 
que os torna interdependentes. Segundo Durkheim, somente existem indivíduos no sentido moderno da expressão 
quando se vive numa sociedade altamente diferenciada, ou seja, onde a divisão do trabalho está presente, e na qual a 
consciência coletiva ocupa um espaço já muito reduzido em face da consciência individual.
Em sociedades mais complexas, podemos verificar que a consciência coletiva, segundo Turner 
(1999), deve também se modificar para que a sociedade se mantenha integrada. A sociedade regida 
pela solidariedade orgânica, não pode se manter se não tiver valores coletivos que ligam as pessoas ao 
todo social. 
Anomia
O conceito de anomia foi estabelecido por Durkheim, em suas obras Da Divisão do Trabalho Social 
e em O Suicídio. A anomia pode ser entendida como uma situação social na qual estabelece a falta de co-
esão e de ordem, principalmente no que concerne às normas e aos valores sociais. Se em nosso contexto 
social não temos normas e regras demasiadamente claras, teremos como resultante a anomia ou a “falta 
de normas e regras sociais”. A falta de normas se encontra inter-relacionada com a incapacidade da estru-
tura social de prover a indivíduos e grupos das regras e normas que seriam necessárias para manter a so-
ciedade coesa. Esse conceito, no contexto da Sociologia contemporânea, pode ser aplicado aos estudos 
dos desvios, ou seja, ao estudo das condutas desviadas. Notem aqui que, sociologicamente, a anomia des-
creve uma condição em sistemas sociais como um todo (JOHNSON, 1997).
As regras, as normas morais e sociais traduzem para os indivíduos uma diretriz, uma segurança, 
pois se elas são claras e precisas, trazem tranquilidade no agir individual e principalmente coletivo. Se 
as regras presentes no contexto das sociedades não são bem demarcadas, os indivíduos se sentem per-
didos, inseguros e confusos. 
Para melhor compreender a importância das regras e normas impostas pela sociedade, faça um 
exercício de abstração e imagine uma realidade cotidiana onde ninguém cumpre regras. Imagine, no 
contexto da sociedade brasileira, uma total ausência de regras e normas sociais. A vida dos brasileiros se 
torna um verdadeiro caos. Recobre Durkheim – para quem a anomia implica a falta de normas que po-
dem orientar o comportamento dos indivíduos – e veja a significação destas normas para nosso existir 
tanto individualmente quanto coletivamente.
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30 Os teóricos clássicos da Sociologia II
Texto complementar
De repente aparece a gente
(ORTEGA y GASSET, 2005)
Se alguém tivesse tido esta tarde o bom humor de sair pelas ruas da cidade vestido com elmo, 
lança e cota de malha, o mais provável é que dormisse esta noite num manicômio ou numa dele-
gacia de polícia. Porque não é uso, não é costume. Em compensação, se esse alguém, faz o mesmo 
num dia de carnaval, é possível que lhe concedam o primeiro prêmio de mascarado. Por quê? Por-
que é uso, porque é costume mascarar-se nessas festas. De modo que uma ação tão humana, como 
é a de se vestir, não a realizamos por própria inspiração, mas nos vestimos de uma maneira e não de 
outra, simplesmente porque se usa. Ora, o usual, o costumeiro, fazemo-lo porque se faz. Mas, quem 
faz o que se faz? Ora!... A gente. Muito bem! E quem é a gente? Ora... Todos, ninguém determina-
do. Isso nos leva a reparar que uma enorme porção de nossas vidas se compõe de coisas que faze-
mos, não por gosto, nem inspiração, nem conta própria, mas simplesmente porque a gente as faz 
e, como o Estado, antes, a gente, agora, nos força a ações humanas que provêm dela e não de nós. 
E mais ainda: comportamo-nos em nossa vida orientando-nos, nos pensamentos que temos, sobre o 
que as coisas são; mas se dermos um balanço dessas ideias ou opiniões, com as quais e das quais vive-
mos, acharemos com surpresa que muitas delas – talvez a maioria – não as pensamos nunca por nossa 
conta, com plena e responsável evidência de sua verdade; ao contrário, pensamo-las porque as ouvi-
mos e dizemo-las porque se dizem. Eis aqui este estranho impessoal, o se, que agora aparece instala-
do dentro de nós, formando parte de nós, pensando ele ideias que nós simplesmente pronunciamos. 
Muito bem. E então: quem diz o que se diz? Sem dúvida, cada um de nós; mas dizemos “o que dize-
mos” como o guarda nos impede o passo; dizemo-lo, não por conta própria, mas por conta desse su-
jeito impossível de capturar, indeterminado e irresponsável que é a gente, a sociedade, a coletividade. 
Na medida em que penso e falo – não por própria e individual evidência, mas repetindo isso que se 
diz e que se opina – minha vida deixa de ser minha, deixo de ser o personagem individualíssimo que 
sou, e atuo por conta da sociedade: sou um autômato social, estou socializado. 
Dicas de estudo
Para conhecer mais sobre a teoria de Émile Durkheim e suas concepções, sugiro a leitura dos ca-
pítulos referentes a esse autor, nos livros:
QUINTANEIRO, Tânia: BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia Monteiro de. Um 
Toque de Clássicos: Marx, Durkhein e Weber. Belo Horizonte: UFMG, 2003.
TESKE, Ottmar (Coord.). Sociologia: textos e contextos. Canoas: Ulbra, 2005.
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Os teóricos clássicos da Sociologia II 31
Atividades
1. Faça um esquema dos principais conceitos presentes na teoria de Durkheim. Considerando esse 
esquema, componha seu próprio texto1.
 
 
 
 
2. Elabore um esquema da relação entre indivíduo e sociedade em Durkheim. Explique com suas 
próprias palavras (assim, ficam mais claras as concepções que você precisa compreender).
 
 
1 Para facilitar os estudos, crie o hábito de elaborar seus próprios esquemas e textos sobre os diferentes conceitos – assim, você será agente 
de seu próprio estudo.
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32 Os teóricos clássicos da Sociologia II
 
3. Após a leitura de Durkheim, analise os elementos do seu comportamento, da sua conduta social 
e verifique se a teoria não diz respeito à prática. Procure verificar se somos absolutamente livres 
em nossas maneiras de pensar, de agir e de sentir. Procure refletir se como seres sociais somos ab-
solutamente livres, se não temos sobre nós as determinações sociais que nos são impostas pelos 
próprios fatos sociais. Anote suas conclusões.
 
 
Referências
ARON, Raymond. As Etapas do Pensamento Sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
DURKHEIM, Émile. As Regras do Método Sociológico. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1978.
JOHNSON, Allan G. Dicionário de Sociologia: guia prático da linguagem sociológica. Rio de Janeiro: 
Jorge Zahar, 1997.
ORTEGA Y GASSET, José. Construir o Homem e a Gente. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 
1985.
QUINTANEIRO, Tânia; BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia Monteiro de. Um 
Toque de Clássicos: Marx, Durkhein e Weber. Belo Horizonte: UFMG, 2003.
TESKE, Ottmar. Sociologia: textos e contextos. Canoas: Ulbra, 2004.
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Os teóricos clássicos 
da Sociologia III
Max Weber (1864-1920)
Max Weber, autor de A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, é um nome clássico da teoria 
sociológica, mas se diferencia de Karl Marx e de Émile Durkheim. Weber não é determinista em sua for-
ma de responder à principal questão sociológica – a relação entre indivíduo e sociedade. Ele traz para 
dentro da Sociologia o indivíduo, que em seu processo de interação é construtor do universo social.
Na interação, com outros indivíduos compartilhamos sentidos, significados. Segundo Weber, po-
demos dizer que o homem é o único ser com capacidade de nomear todas as coisas. No ato de nomea-
ção, todas as coisas passam efetivamente a existir, pois quando nomeadas passam a ter vida, uma vida 
que lhes é específica. Por exemplo, quando mencionamos o sol, o céu, a lua, esses elementos – nomeados 
pelo indivíduo – passam a ter a vida que é determinada pelo sentido que lhes foi dado. É nessa troca de 
sentido e significados que realizamos o processo de interação com o outro e tudo passa a existir. Se o 
homem – ser que realiza a interação, a troca de sentidos e significados – não existisse na face da terra, 
nada mais existiria. Assim, percebemos a significação do indivíduo para Weber.
A forma como Weber responde à principal questão sociológica é significativa para a Sociologia 
contemporânea. Para ele, o indivíduo (criatura), em interação que se estabelece pela troca de sentidos 
e de significados, é também criador de seu universo social. Depois de construído com suas normas e re-
gras, com todas as relações sociais que nele estão presentes, o universo social (a sociedade) será deter-
minante para os indivíduos. Assim, a sociedade de Weber é a sociedade dos indivíduos, como nos diz 
Norbert Elias. Temos aqui uma relação de interdependência ligando indivíduo e sociedade, não mais 
uma relação de determinação, como em Marx e Durkheim. Essa determinação, presente nos outros au-
tores, ocorre na concepção de Weber apenas em um segundo momento, no qual se estabelece uma re-
lação entre criador e criatura.
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34 Os teóricos clássicos da Sociologia III
A análise sociológica weberiana centra-se nos atores sociais – indivíduos que atuam na socie-
dade – e em suas ações. Lembramos que Weber realiza uma análise não determinista, embora não 
negue o determinismo da sociedade sobre os indivíduos, principalmente a determinação econô-
mica, como em Marx, com quem faz um diálogo silencioso. Para Weber, a sociedade pode ser com-
preendida a partir do conjunto das ações individuais em reciprocidade, ou seja, de duplo caminho: 
temos de um lado toda a experiência dos atores sociais e, de outro lado, o próprio universo social 
(a sociedade), ou os sistemas culturais e sociais nos quais indivíduos e grupos encontram-se inse-
ridos (TURNER, 1999).
Objeto de investigação sociológica e ação e relação social
O objeto de investigação sociológica em Weber difere do que é esse objeto em Marx e Durkheim: 
em Weber, é a ação social, ou seja, a ação que o indivíduo realiza tendo como referência, como orienta-
ção a ação dos outros. Como nos diz Weber, em sua obra Economia e Sociedade, o objeto da Sociologia é 
a conexão do sentido da ação, sendo que aqui o sentido é o “sentido subjetivo” atribuído pelos sujeitos 
da ação. Na medida em que Weber salienta o sentido das ações, ele dá ênfase não somente aos aspec-
tos exteriores dessas ações, mas também salienta a maneira como essas ações são internalizadas pelos 
indivíduos e grupos, estabelecendo por sua vez motivações que são forças motrizes das ações estabe-
lecidas por esses indivíduos. 
Em sociedade, no processo de interação – de troca de sentidos e significados com outros indi-
víduos e grupos –, o indivíduo internaliza, traz para dentro de si todos os sentidos e significados com-
partilhados com os outros. Segundo Weber, é exatamente essa a força motriz que impulsiona o agir em 
sociedade. A ação social só existe à medida que o indivíduo busca estabelecer algum tipo de comunica-
ção a partir de suas ações com os demais atores sociais. No momento em que vocês lêem o livro-texto, 
estão representando o papel social de alunos universitários. Todos nós, em nossa realidade cotidiana, 
estamos representando diferentes papéis sociais. Todos nós, em nossa vida em sociedade, representa-
mos papéis sociais.
A partir da comunicação com os demais atores sociais, construímos o que Weber denomina de re-
lação social. Podemos verificar a diferença entre ação social e relação social.
A ação social é composta de toda conduta humana de caráter intencional, para a qual o indivíduo 
atribui um sentido subjetivo, orientando-se pela ação dos outros atores sociais – enfim, uma ação rea-
lizada pelo indivíduo intencionalmente, atribuindo-lhe um significado particular e levando em conta a 
ação dos outros (SANTOS, 2005). No que concerne à ação social, esse aspecto envolve nossa capacidade 
de compreender o sentido da ação dos outros (QUINTANEIRO; BARBOSA; OLIVEIRA, 2003). 
Já a relação social se constitui nos elementos significativos, nos conteúdos significativos: 
[...] atribuídos por aqueles que agem tomando outro ou outros como referência – conflito, piedade, concorrência, 
fidelidade, desejo sexual etc. – e as condutas de uns e de outros se orientam por esse sentido, embora não tenham que 
ter reciprocidade no que diz respeito ao conteúdo. (QUINTANEIRO; BARBOSA; OLIVEIRA, 2003, p. 119)
Portanto, podemos entender a relação social como o conteúdo de sentido mais amplo. 
No que diz respeito à ação social, as ações de caráter imitativo não podem ser compreendidas como 
relação social, pois nelas não há a presença de uma orientação que dê causa à conduta, pois a relação so-
cial é sempre uma ação de reciprocidade orientada (QUINTANEIRO; BARBOSA; OLIVEIRA, 2003).
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Os teóricos clássicos da Sociologia III 35
Veja o que nos afirma Quintaneiro (2003, p.120), acerca da relação social:
O que importa para identificar as relações sociais como tais é que estejam inseridas em, e reguladas por expectativas 
recíprocas quanto ao seu significado. Os agentes podem conduzir-se como colegas, inimigos, parentes, comprador e 
vendedor, criminoso e vítima, admirador e astro, indiferente e apaixonado, patrão e empregado, ou dentro de uma in-
finidade de possibilidades, desde que todas elas incluam uma referência comum ao sentido compartilhado. Uma rela-
ção social pode ser também efêmera ou durável, isto é, pode ser interrompida, ser ou não persistente

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