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HISTÓRIA DA PUBLICIDADE E PROPAGANDA AULA 2 Prof. Patrick Diener 2 CONVERSA INICIAL Olá futuro publicitário! Preparado para a segunda aula de História da Publicidade e Propaganda?! Vamos dar continuidade a nossa viagem, aprendendo sobre o desenvolvimento da nossa área, só que desta vez a passagem é pelo país verde e amarelo! Você conhecerá os primeiros anunciantes brasileiros, bem como o estabelecimento de um mercado de consumo nacional. CONTEXTUALIZANDO Para entender a evolução da Publicidade no Brasil, precisamos relembrar as suas transformações associadas à política, sociedade, tecnologias e cultura. No mesmo ano que a família real portuguesa chega ao Brasil (1808) é fundado o primeiro jornal do país. A Igreja Católica foi a principal arma da coroa portuguesa, uniu o país sob a cruz, esta reconhecidamente a marca mais poderosa do ocidente (+ de 2.000 anos). O publicitário Zeca Martins, no livro “Propaganda é isso aí”, questiona o poder de grandes marcas globais de hoje se equipararem à marca da cruz e do Vaticano (1999, p. 35). A cruz cristã foi a primeira marca a chegar ao país. Como o Brasil é uma grande nação miscigenada, as culturas indígenas e africanas foram aos poucos incorporando elementos da cultura do colonizador, e vice-versa. Assim, das primeiras mensagens que as pessoas tiveram contato no país foram as de cunho religioso, mas com a transferência da corte para o Rio de Janeiro, tudo isso se transformou. Aos poucos, a publicidade brasileira foi incorporando diversas expressões de brasilidade, criando uma linguagem autêntica e tupiniquim. De início mais formal e sisuda, a publicidade brasileira foi encontrando um caminho do meio: entre o português e o indígena, entre estes e outros estrangeiros, entre os que aqui vieram à força e os que vieram fugidos ou em busca de oportunidades. Com o tempo, o Brasil foi deixando de ser uma colônia para ser uma potência da 3 América Latina. E mesmo com todos os problemas, somos uma potência, ao menos na publicidade. Atualmente, o Brasil está entre os dez maiores mercados da publicidade mundial, ocupando a sexta posição em investimento publicitário, ou seja, estamos no TOP 10 da publicidade! Atrás dos EUA, China, Japão, Reino Unido e Alemanha, todos países desenvolvidos. Nada mal para um país emergente. Mas o que se investe em publicidade aqui, ainda é menos de 10% do primeiro lugar: os EUA. Veja os dados a seguir. Segundo pesquisa do “Statista.com”, o ranking com o top 5 dos países com maior investimento publicitário em 2015 (em dólares) é: E como explicar isso? Simples... temos quase um terço da população brasileira (27%) sabendo reconhecer letras e números, mas que têm dificuldades graves em compreender e interpretar textos e contas – os chamados analfabetos funcionais. Neste módulo, é importante você saber disso porque o início da publicidade no Brasil (século XIX) é caracterizado pela cultura letrada e impressa, ou seja, publicavam-se sobretudo coisas escritas: livros, jornais, panfletos, murais, etc. TEMA 1 – SURGIMENTO DA PUBLICIDADE NO BRASIL O embarque de D. João VI e da família real para o Rio de Janeiro, em 1808, tinha 14 navios que traziam entre 10.000 a 15.000 pessoas. Ao chegar na costa brasileira, primeiro em Salvador, D. João VI assinou decretos abrindo os 4 portos brasileiros (até então, o Brasil estava em um regime mercantilista e só poderia vender seus produtos exclusivamente para Portugal). Essa abertura ao comércio foi muito importante para a publicidade nacional, pois estes decretos seriam o ato fundador da nossa publicidade. A abertura dos portos permitiu que o país tivesse contato com outros países, podendo saber o que acontecia no mundo por meio das notícias. Vamos descobrir a que a imagem abaixo se refere? Ilustração da Gazeta do Rio de Janeiro, da Impressão Régia, 1808. É o primeiro jornal do país! Fundado em 1808, a Gazeta do Rio de Janeiro. Foi um jornal oficial, para uma cidade que foi tomada de sobressalto por estrangeiros. A partir desta data, desenvolveu-se um forte comércio local, onde vendedores ambulantes, comerciantes e jornaleiros transformaram um lugar comum para a agitada capital do Brasil. A Gazeta do Rio de Janeiro tinha periodicidade curta (saía aos sábados), de intenção informativa, poucas folhas e preço baixo (SODRÉ, 1999, p.22). Os anúncios eram bastante formais nas expressões e como recurso de ilustração sobressaía-se o selo real e nada mais. GAZETA DO RIO DE JANEIRO Segundo Marília Graf, a Gazeta do Rio de Janeiro concentrava-se em relatar os acontecimentos da Europa (2003, p. 17). Estas circulações do tipo gazeta foram as primeiras formas de publicidade, seus anúncios tratavam de escravos, navios, carruagens, leilões, comunicados sobre obras, empresas e sociedades. 5 Veja, a seguir, um excerto da primeira edição da Gazeta do Rio de Janeiro. EXEMPLO DE PUBLICIDADE. Extraído da Biblioteca Nacional digital – [domínio público] – GAZETA DO RIO DE JANEIRO, nº1, 10 de setembro de 1808, Impressão Régia. Transcrição: Faz-se saber ao público: que a Gazeta do Rio de Janeiro deve sair todos os sábados pela manhã. Que se vende nesta corte em Casa de Paulo Martin, Filho, Mercador de Livros no Fim da Rua da Quitanda a preço de 80 réis. Que as pessoas que quiserem ser assinantes deverão dar os seus nomes, e moradas, na sobredita Casa, pagando logo os primeiros seis meses a quantia de 1900 réis e lhes serão remetidas as folhas às suas casas no sábado pela manhã. Que mesma Gazeta se porão quaisquer anúncios que se queiram fazem, devendo eles estar na 4ª feira no fim da tarde na Impressão Régia. A primeira edição da Gazeta do Rio de Janeiro é considerada um marco da Publicidade Brasileira: além de jornal, destaca-se a disponibilidade para anunciar, o preço da edição para o leitor e, ainda, informações para assinantes. Instituía-se assim, sob a chancela do Príncipe Regente, o início do mercado publicitário brasileiro. E A PUBLICIDADE LEGAL? JÁ OUVIU FALAR? Era uma imprensa instituída e controlada pelo rei. E seu esforço propagandístico foi muito importante no período imperial, pois o Brasil ampliou seu território anexando a Cisplatina (1817), o Amapá (1898) e o Acre (1903). Então, para unificar este imenso território, era imprescindível a existência de uma rede de comunicação física (estradas, pontes, portos), de ideias (língua, cultura letrada, livros, livreiros, bibliotecas, jornais) e de instituições (jurídicas, executivas, alfandegárias, de comércio). 6 Estradas comunicam e escoam a produção agrícola e o comércio de bens – e os jornais é um dos meios em que se faz a publicidade, no sentido de tornar acessível e pública uma informação. Em 1821, começam a circular jornais de outras tipografias. Sendo que o primeiro jornal a circular exclusivamente com classificados de anúncios era o “Diário do Rio de Janeiro” (RAMOS, 1987, p. 11), caracterizado por anúncios de textos longos e poucas ilustrações, recursos que passaram a ser utilizados gradualmente, sobretudo na segunda metade do século, como veremos adiante. Mas, basicamente, o que se viam eram textos curtos que ofereciam serviços diversos (GRAF, 2003, p. 18). TIPOGRAFIA: Nome também dado às casas de impressão. sf 1 Arte de compor e imprimir com tipos. 2 Estabelecimento onde essa arte é praticada. 3 Tip A seção da oficina onde se realiza o trabalho de composição. 4 gír Exploração disfarçada do lenocínio. (MICHAELIS, Dicionário virtual). No livro “100 Anos de Propaganda” é possível visualizar inúmeros anúncios do início do século XIX, que ilustram a sociedade patriarcal e escravocrata da época: amas de leite, professores de línguas, recompensas por escravos fugidos, etc. Veja: 7 Imagem escaneada deanúncios do século XIX, reproduzidas do livro 100 ANOS DE PROPAGANDA, Editora Abril Cultural, 1980. No século XIX também era comum a propaganda falada, as pessoas anunciavam na porta dos seus comércios as ofertas, era a propaganda boca-a- boca. Com isso se popularizou a literatura de cordel, principalmente no Nordeste. Ramos (1987, p. 13) informa que, ao fim da primeira metade do século XIX, a Rua do Ouvidor estava movimentada: tinham 77 ourives, 66 sapateiros, 33 relojoeiros, 25 tipografias, 24 fabricantes de carruagens, 23 casas de modas, 8 retratistas e 4 floristas. Por volta de 1827 a cidade do Rio de Janeiro atingia seus 300 mil habitantes e tornava-se definitivamente um centro econômico e financeiro, sobretudo pela exportação de café. Trata-se de um período no qual a cidade passou por um intenso processo de desenvolvimento urbano: a inauguração de redes de água canalizada, da Biblioteca Real, do Banco do Brasil, do Jardim Botânico e a instalação de indústrias locais (antes da vinda da corte eram proibidas). LITERATURA DE CORDEL: Literatura de rimas métricas, comum à propaganda falada. 8 A seguir, veja o exemplo de um anúncio bastante informativo da época, publicado em São Paulo em 1868. MÁXIMAS DO BOM ANUNCIANTE (São Paulo, 1868). FONTE: RAMOS, 1987, p. 14. Percebeu na imagem anterior o termo “reclame”? Ele é uma outra denominação atribuída ao anúncio publicitário. No reclame do exemplo, o anunciante não argumentava, mas enumerava. Alguns anúncios, também, não traziam títulos, apenas mencionavam o produto: charutos, fazenda, peixe, fogão, melancias, etc. (RAMOS, p.16). Observe os títulos dos anúncios a seguir. Esse uso de interjeição era comum. 9 Você sabia que até a vinda da família real portuguesa para o Brasil, as atividades de imprensa eram proibidas por aqui? Pois é! E confira só o que aconteceu depois que a família real chegou, veja três jornais a seguir. JORNAL 1: Fundação da Impressão Régia. Hoje é conhecida por “Imprensa Nacional”, foi criada por D. João VI em 13 de maio de 1808. Sua criação trouxe o fim da proibição de instalarem tipografias. Cerca de mil títulos foram impressos no período de sua criação até 1821, sem contar os atos governamentais. “Entre 1808 e 1822 saíram das impressoras da Impressão Régia nada menos que 1.154 impressos, dos quais várias obras científicas e literárias de grande valor. Entre elas, destacam-se, por exemplo, "Elementos de Geometria e o Tratado de Trigonometria", de Legendre; "Ensaio sobre a Crítica" e "Ensaios Morais", de Pope; "Marília de Dirceu", do inconfidente mineiro Thomaz Antonio Gonzaga, e as "Obras de Virgílio" (IMPRENSA NACIONAL, online, 2016). JORNAL 2: Primeiras faculdades no país. A primeira foi a Faculdade de Medicina na Bahia, também fundada por D. João VI em fevereiro de 1808. JORNAL 3: Abertura dos Portos. Em 28 de janeiro de 1808, D. João VI promulgou a abertura às nações estrangeiras, feito este que os brasileiros consideraram um momento de conexão do país ao resto do mundo. Viu só a importância da Imprensa Régia na criação da imprensa periódica no país? Além de seu fomento ao desenvolvimento das artes gráficas, também participou do progresso da vida intelectual do Brasil. Segundo o Portal da Imprensa, o Brasil é um dos poucos países do mundo em que a circulação de jornais mantém-se em crescimento (PORTAL DA IMPRENSA, online, 2015). Tanto falamos em tipografia, você sabe o que é? Conheça: https://www.youtube.com/watch?v=8b_4Yq_kTyU Como meio de comunicação, o texto escrito tem um alcance médio, inúmeros livros atravessaram eras, sendo o mais famoso deles uma compilação de livros, a Bíblia Cristã, mas os livros precisam ser deslocados para onde existam leitores. Inúmeros deles e narrativas reinventaram, ao longo dos https://www.youtube.com/watch?v=8b_4Yq_kTyU 10 séculos, as nossas ideias de tempo, de amor, da morte, do mundo, entre outros. Neste sentido, Norval Baitello Júnior destaca: A alfabetização transforma-se em trincheira avançada do processo civilizatório [...] a escrita requereu enormes investimentos de séculos e requer ainda hoje esforços maiores de países de economia de pequeno e médio porte. Por este motivo, a capilaridade da escrita alcança um grau apenas mediano. Amplos segmentos e faixas do planeta permaneceram intocados ou pouco tocados pela mídia escrita” (2010, p. 110). No Brasil Império, pequena parte da população sabia ler e escrever, então, como ficava o texto escrito quanto à sua circulação? Saiba a seguir. Infelizmente, o jornal tinha um alcance limitado. Naquela época, apenas as camadas mais abastadas da população sabiam ler e escrever, e foi por volta do século XVIII que as ideias que circulavam o mundo por meio do jornal, já nas mãos da burguesia começaram a promover revoluções políticas e científicas por todo o continente europeu! Esse intercâmbio de ideias (jornais e livros) incentivara também as lutas pela independência nas Américas. Quando a Revolução Industrial trouxe a impressão mecânica, a imprensa se organizou financeira e materialmente, devido à mecanização de seus processos, e foi vivendo da publicidade que as empresas comerciais visavam aumentar seu número de leitores. Livros, tipógrafos e livreiros viraram figuras comuns em diversas cidades e vilas, auxiliando o crescimento das atividades de imprensa no país. As publicações dos primeiros jornais do país, especialmente os chancelados pela corte, eram bastante doutrinários, ou seja, mantinham sempre os interesses da corte portuguesa de modo a moldar as opiniões a favor da realeza. Grandes empresas públicas inauguravam obras por diversas cidades e precisavam comunicar e emitir mensagens sobre seus feitos, bem como destacar a marca do rei. Assim, normas e padrões foram estabelecidos, e os cidadãos precisavam cumpri-los. Neste contexto, uma logomarca torna-se importante, ainda mais se ela contiver o selo do Rei, algo que as cervejarias não 11 demoraram para se apropriar (algo como “el-Rei aprova”). Vamos ver um exemplo: Anúncio da cervejaria de Lindscheid, com o selo da casa Imperial, publicado no Guia de Thomas Cameron, 1885. O Brasil, na condição de Reino, que antes via apenas a cruz cristã como marca, passa a ter o selo real também, o qual identificava claramente o novo senhor. Para um novo país: novos problemas de comunicação; a presença do selo real trazia coerência e unidade. TEMA 2 – A PUBLICIDADE BRASILEIRA DO SÉCULO XIX Vamos ver o que aconteceu no mundo entre 1800 e 1900 na imprensa. Acompanhe a seguir. Ocorreram grandes invenções técnicas na imprensa: jornais e romances, que ficaram extremamente populares nas grandes cidades. O mercado de publicações desenvolveu-se em virtude da ampliação de seus leitores, bem como os pontos de venda, sobretudo nas estações ferroviárias, lugares que recebiam as últimas novidades das bancas de jornais e livros. Difundiu-se a cultura nacional e a promoção da civilização brasileira. Inúmeros jornais publicavam livros em fascículos, muitos deles ilustrados. 12 A maioria dos escritores nascidos no Brasil passaram a trabalhar como redatores – exaltando as belezas do país e seus produtos, sobretudo do intenso comércio carioca, soteropolitano ou recifense. A propaganda no século XIX inaugurava uma nova era: a Revolução Industrial estava a agitar uma expansão econômica sem precedentes em diversos países, especialmente a Inglaterra, a França, a Alemanha e os Estados Unidos. Na segunda metade deste século houveram algumas mudanças na forma de publicar os anúncios, pequenos classificados até então presentes nas últimas páginas passaram a ocupar lugares na primeira e segunda páginas, mesmo entre as notícias. Anúncio publicitário em jornal do final do séculoXIX: No século XIX, a publicidade brasileira era basicamente artesanal. Ainda que ela tivesse tecnologia que facilitasse a cópia do texto, como a tipografia, ela ainda empregaria uma série de artistas e escritores locais. Mas a maioria deles eram artesãos, atuavam num modo de produção que estava vinculado a algum talento, ao desenvolvimento de habilidades nessa área, escrevia ou desenhava bem, o artista gráfico era o desenhista, o ilustrador e até mesmo o pintor. Rótulos de produtos também serviam de propaganda, voltados para dizer o que era ser do gosto da corte e da nobreza, estes produtos eram direcionados à classe média e precisavam de embalagens, foi uma inovação tecnológica na 13 forma de reprodução de imagens e de textos, envolvendo os artesãos de embalagens de produtos. Veja ao lado um exemplo. Pasta de cereja e hortelã pimenta. A Rainha de Portugal, Maria Pia de Saboia. Para limpar e conservar os dentes e as gengivas. A Garrafa grande. Pedro Perestrello da Câmara. Rio de Janeiro. A maioria dos anúncios divulgados era de peças de teatro, relojoeiros e discursos escritos em francês. A medida que o comércio expandia, surgiam livrarias, jornais e cafés, multiplicando os pasquins de política e novela. A publicidade, por meio dos classificados, dava conta de artigos femininos procedentes da Europa. E com o crescimento das províncias brasileiras também cresceu o número de imigrantes e a publicidade de estímulo à imigração para o Brasil ganhava força na Itália e na Alemanha, isto acabou gerando publicações em línguas estrangeiras no país. Cabeçalho do Jornal Kolonie Zeitung, que funcionou em Santa Catarina de 1862 a 1942. PASQUINS: 1 Sátira afixada em lugar público. 2 Jornal ou folheto difamador. (Dicionário Michaelis Online). 14 Depois dos pequenos anúncios publicitários, surgiram os anúncios com ilustrações, a partir de 1900, eram textos de poetas, escritores e artistas famosos, a rima e o bom humor ganharam seu espaço. Algumas capitais do país como Salvador, Recife, Rio de Janeiro, Belém, São Paulo, Porto Alegre e Curitiba já tinham desenvolvido uma cultura de liceus de arte e de ofícios, demais empreendimentos e estações de trem também tiveram um grande crescimento. Observe no vídeo a seguir como eram os anúncios de escravos no século XIX. https://www.youtube.com/watch?v=tecOwuEpc_Q Entenda melhor o que você viu até aqui assistindo ao vídeo a seguir. https://www.youtube.com/watch?v=N0rkCflYsLo TEMA 3 – A PUBLICIDADE IMPRESSA NO BRASIL No Brasil, a cultura dos impressos como meio de publicidade deu um ar sofisticado às artes e aos negócios, pois o comércio e a propaganda precisavam um do outro. E você já parou para pensar que a veiculação de impressos causa impacto até hoje? Tanto que alguns municípios controlam a publicidade ao ar livre! Porém, podemos ver em outras cidades a riqueza da publicidade impressa, como na foto a seguir, que retrata uma esquina de Belém. Esquina de Belém do Pará vista no google street view. FONTE: GOOGLE Maps. https://www.youtube.com/watch?v=tecOwuEpc_Q https://www.youtube.com/watch?v=N0rkCflYsLo 15 Em 1811, com o desenvolvimento de técnicas como a estereotipia, as prensas metálicas e a gravura em aço aperfeiçoaram as técnicas de impressão, tornando a reprodução de imagens um excelente negócio. Os anunciantes começaram a adicionar texto abaixo das chamadas, descrevendo assim os seus produtos e usando uma narrativa persuasiva. Lojas, hotéis e fabricantes de remédios se destacam entre os anunciantes dos jornais, estes dominavam a mídia impressa até o início de 1900, no qual as revistas ilustradas começaram a surgir, posteriormente com cor, facilitadas pela gravura em aço, duas delas tiveram destaque: O mequetrefe: http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300848493_ARQUIVO_TextoAristeuLopes. pdf O mosquito: http://www.exposicoesvirtuais.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=225 O objetivo final de toda a propaganda é vender a mercadoria, mas, para consegui-lo, o publicitário precisa vencer alguns obstáculos. Primeiro, os clientes em potencial leem o jornal ou a revista não por causa dos anúncios, mas sim das matérias de redação; depois, praticamente metade da publicação consiste em anúncios, todos competindo pela atenção do leitor. A primeira tarefa do publicitário, portanto, é conseguir que o anúncio seja notado. Uma vez captada a atenção do leitor, o anúncio deve mantê-lo e convencê-lo de que o tema daquele anúncio específico é do interesse dele. Além disso, o anúncio tem de convencer o leitor de que o produto vai satisfazer alguma http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300848493_ARQUIVO_TextoAristeuLopes.pdf http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300848493_ARQUIVO_TextoAristeuLopes.pdf http://www.exposicoesvirtuais.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=225 16 necessidade – ou criar uma necessidade que até então não fora sentida. (VESTERGAARD, SCHRODER; 2004, p. 71). O aumento dos materiais impressos se deu por causa da promoção de uma economia de mercado. Conforme desenvolviam novas técnicas de reprodução de imagens, ilustradores e desenhistas passaram a se destacar nesse meio, a ilustração começa então a ser essencial na publicidade. No fim do século, anúncios eram escritos por poetas, que podemos considerar serem os primeiros freelancers de redação, como Olavo Bilac, Emílio de Menezes, Hermes Fontes e Basílio Viana. Confira na galeria a seguir o que mais aconteceu. Políticos começaram a ser utilizados em anúncios, representados em ilustrações, nomes como Barão do Rio Branco, Afonso Pena e Pinheiro Machado eram os que mais se destacaram. Anúncio A. Vogler e cia: Óleo de São Jacob. Província de São Paulo, 1888. 17 Panfletos, bulas de remédio e promessa miraculosas, este anúncio ilustra o caráter bilíngue em diversas publicações do passado. Anúncio bilíngue, publicado em São Paulo. Virada do século XX. Painéis pintados em parede, madeira ou metal: as placas e a cores foram se tornando comuns. Painel pintado em cerâmica, no centro de Belém – PA. FONTE: GOOGLE. Com o crescimento da publicidade impressa fez necessário a criação de novos formatos de divulgação, como o display, cartazes, papéis de carta, catálogos, tabelas de horários e preços e até cartões postais. A paisagem urbana ganhou destaque com a quantidade de cartazes. Enquanto o número de ilustrações crescia, o de leitores também, pois as ilustrações permitiam que se identificasse instantaneamente a natureza do anúncio: bebidas, remédios, serviços, etc. Assim, a sociedade começou a ter um contato mais próximo com a publicidade, fosse em solas de sapatos ou correspondências. 18 No ícone a seguir você pode conferir na página “Propagandas Históricas” para conhecer alguns anúncios que faziam uso de ilustrações no século XIX. http://www.propagandashistoricas.com.br/search/label/s%C3%A9culo%2 0XIX Hoje, um mesmo jornal pode circular mundialmente suas notícias. Porém, no século XIX não era bem assim, as notícias tinham maior ênfase para acontecimentos locais e muitos deles nasceram de lutas políticas (abolicionistas e republicanas). Entre as revistas famosas da época, podemos citar: “Revista da Semana”, “O Malho”, “Fon-Fon”, “A Careta” de 1900, “Vida Paulista” (1903) e “Arara” (1904), todas voltadas para os anunciantes locais. REVISTA DA SEMANA: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/sorriso-da-sociedade REVISTA O MALHO: http://www.casaruibarbosa.gov.br/omalho/index.asp?lk=50&pagina=16 TEMA 4 – AS PRIMEIRAS AGÊNCIAS DE PUBLICIDADE. A Revolução Industrial fez com que grande parte da população da zona rural fosse para a urbana.O impacto da prensa tipográfica e da industrialização para a disseminação de ideias, produtos e nacionalismos (especialmente na propaganda), bem como http://www.propagandashistoricas.com.br/search/label/s%C3%A9culo%20XIX http://www.propagandashistoricas.com.br/search/label/s%C3%A9culo%20XIX http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/sorriso-da-sociedade http://www.casaruibarbosa.gov.br/omalho/index.asp?lk=50&pagina=16 19 a intensa urbanização e o surgimento de novas formas de comunicação fez a publicidade se expandir além da simples ideia de fazer os consumidores reconhecerem uma marca ou produto. Áreas como o marketing, a pesquisa de mercado, o planejamento de mídia, as teorias econômicas e a psicologia se incorporaram à Publicidade. Analise o anúncio a seguir e reflita: o que ele tem a ver com o que estamos conversando? Anúncio do produto Saúde da Mulher FONTE: 100 ANOS DE PROPAGANDA, Abril Cultural, 1980. Deu tempo de refletir? O anúncio anterior é de autoria de José Lyra, intitulado “Saúde da Mulher – infalível nas moléstias das senhoras”. Ramos (1987, p.23) informa que, conforme se amplia esta forma de propaganda, começa a aparecer escritórios e agenciadores que “tornam possível o anúncio regular” como uma atividade ordenada de propaganda ou escritórios de escrever que distribuíam anúncios para os jornais. A maioria dos autores brasileiros da história da propaganda concorda em dizer que a primeira firma de publicidade surgiu em São Paulo entre 1913 e 1914 (BAHIA, 1960; RAMOS, 1985; MARCONDES, 2002). Os sócios proprietários eram Castaldi & Bennaton e fundaram a agência A Eclética. 20 Agência Eclética (1914). Fonte: http://www.almanaque.info/?p=3236 Segundo informa Ramos (p.29), João Castaldi era jornalista e Bennaton, profissional de negócios – que se juntaram ao jornalista e gráfico, Eugênio Leuenroth. A Eclética marcava o início das agências e contava com três funções essenciais em uma agência: o profissional de planejamento e atendimento (sem ele o business não existe), o redator e um gráfico (a dupla de criação). Anos mais tarde, juntou-se à equipe da Eclectica o publicitário Julio Cosi. O principal cliente da Eclética foi a Ford. Ramos aponta ainda que, por volta de 1920, uma equipe básica de comunicação teria as seguintes funções: desenhista, redator, tipógrafo, agente que negociava espaços comerciais e clientes (p.32). Ao fim da I Guerra Mundial, a cidade de São Paulo contava com cinco firmas de publicidade e propaganda: A Eclectica, a Pettinati, a Edanée, a de Valentin Haris, de Pedro Didier e Antônio Vaudganoti (Ramos, p. 30). TEMA 5 – PRIMEIROS ANUNCIANTES BRASILEIROS Os produtos estrangeiros manufaturados eram considerados melhores, pois tínhamos pouquíssimas indústrias e poucas pessoas formadas no ensino superior. O Brasil era, essencialmente, um país agrícola, mas no século XIX, praticamente tudo o que não fosse alimento era importado. Para fomentar a vida 21 econômica do país, algumas instituições financeiras passaram também a estimular a propaganda, além da publicidade legal. A seguir, veja o anúncio de um banco do início de 1900. Anúncio da Caixa Econômica Federal. FONTE: 100 ANOS DE PROPAGANDA, Abril Cultural, 1980. E apesar do anúncio bancário, entre os primeiros anunciantes brasileiros se destacavam os de medicamentos. Em 1911, o Brasil era um dos maiores consumidores mundiais do “éter fantasiado de lança-perfume”, o famoso lança- perfume. Era das mais variadas marcas, entre elas a Geyser, Nice, etc. Comprar remédio por reembolso postal já era uma prática comum, e as revistas e almanaques da época utilizavam de suas tiragens para fornecer inocentes anúncios com conselhos úteis, para divulgar os novos produtos medicinais e suas fórmulas milagrosas (ABRIL, p. 39). Anúncio de lança-perfume, em 1917. FONTE: 100 ANOS DE PROPAGANDA, Abril Cultural, 1980. 22 A maioria dos produtos manufaturados eram importados, mas também se viam anúncios de comércios de fabricação nacional. A sociedade desfrutava da belle époque e os caricaturistas colocavam seus traços a serviço da propaganda. Para os ricos, anunciavam pianos, automóveis e mercadorias que vinham da Europa, assim surgiam anúncios divulgando caminhões, leite em pó importados e cigarros (ABRIL, p. 31). Os primeiros grandes anunciantes se destacaram na virada para o ano de 1900, exemplo disso é a farmacêutica Bayer com o seu slogan “Se é Bayer, é bom!”, a empresa foi uma das primeiras anunciantes regulares, com sucessivas campanhas e com mais de um anúncio, publicava em diversos jornais, contam- se 23 anúncios da empresa só no ano de 1920. Anúncio da Bayer, um dos primeiros a publicar em veículos nacionais. FONTE: 100 ANOS DE PROPAGANDA, Abril Cultural, 1980. Na década de 1920 começam a aparecer anúncios dos confortos da vida moderna como geladeiras e fogões a gás, chuveiros elétricos e enceradeiras. Mas os perfumes, remédios e sabonetes ocupavam maior espaço publicitário (ABRIL, p. 45). 23 Anúncio Geladeira Ruffier, de 1934 – (com a informação de que se pode comprar a prestações) FONTE: 100 ANOS DE PROPAGANDA, Abril Cultural, 1980. O consumo de bens importados teve seu ápice, provavelmente no final do século XIX, quando a cidade de Belém, no Pará, teve um “boom” econômico do ciclo da borracha e passou a importar estruturas metálicas para seus mercados: o de peixes e o de carnes. Toda a estrutura de edifícios em ferro veio da Europa, seguindo a tendência francesa de art nouveau: entre eles, destaca-se um edifício que existe até hoje e hospeda o Mercado do Ver-o-Peso. Trata-se de uma das capitais brasileiras que, junto de Manaus, mantém inúmeros edifícios e construções da belle époque brasileira. Faça uma rápida pesquisa na internet sobre a loja Paris N’América e veja como foi esse período. Art Nouveau, ou “Arte Nova” em português, é um estilo artístico que surgiu na França na década de 1890. Espalhou-se pela Europa, Estados Unidos e outros países do mundo, inclusive chegando ao Brasil. Este estilo artístico atingiu vários setores artísticos como, por exemplo, design, arquitetura, artes decorativas, artes gráficas e criação de móveis (arte mobiliária). Este estilo artístico prevaleceu em destaque no mundo das artes até o final da década de 1920. Fonte: http://www.suapesquisa.com/artesliteratura/art_nouveau.htm Anúncios de produtos nacionais com fórmulas europeias: as fórmulas e os compostos de ervas, óleos de banho, águas de cheiro, unguentos, elixires e sabonetes foram alguns dos exemplos de produtos que se desenvolveram no país durante a proibição da manufatura (indústria) no Brasil colônia. http://www.suapesquisa.com/artesliteratura/art_nouveau.htm 24 Aos poucos, alguns anunciantes foram assumindo lugares dos jornais e revistas, anunciando sempre na primeira contracapa, ou segunda capa, duas inserções por mês. O Farol da Medicina de 1909 divulgava a marca de seu principal anunciante, a Casa Granado. Anúncio Casa Granado, do início do século 20, estilo arte nouveau. FONTE: 100 ANOS DE PROPAGANDA, Abril Cultural, 1980. Devido à industrialização, bens e serviços tiveram preços mais acessíveis às classes trabalhadoras. Surgiram os alimentos pré-embalados, trazendo consigo a necessidade de criar uma identidade para o produto, que fosse única e facilmente lembrada pelos seus consumidores. A publicidade brasileira nasceu em um contexto bastante conturbado socialmente e politicamente, apesar dos inúmeros avanços que o país alcançou no século XIX. O Brasil viveu a I Guerra Mundial e, em seguida, a crise de 1929 (crash da bolsa de NY) e duas revoluções: de 1930 e 1932, coincidindo com a industrialização da publicidade no país, mas esta estudaremos na próximaaula. Até aqui a novidade é que nos anos 1930 começam a aparecer novos anunciantes, entre eles mercados, lojas de departamento, concessionárias de automóveis e outros pequenos provedores de serviços. 25 Uma das revistas que tiveram destaque quanto às cores foi A Arara, que teve anunciantes como: Antarctica, Companhia Paulista de Seguros, Loteria de São Paulo, Casa Baruel, Papelaria Duprat, Leiteira Mandaqui, etc. Veja a seguir um dos anúncios da revista. A revista A Arara trazia como novidades as páginas impressas em duas cores – verde e azul, amarelo e vermelho, roxo e amarelo, o que era interessante por produzir contraste e chamar a atenção, interessando a anunciantes que quisessem dar mais destaque às suas marcas. ANÚNCIO ANTARCTICA PAULISTA – GUARANÁ – década de 1930. FONTE: 100 ANOS DE PROPAGANDA, Abril Cultural, 1980. Veja no link a seguir algumas propagandas antigas brasileiras! http://economia.uol.com.br/album/2013/12/04/100-anos-do-mappin-veja- imagens-e-propagandas-antigas.htm#fotoNav=1 TROCANDO IDEIAS Atualmente, 91% da população é alfabetizada e em torno de 8º% da população brasileira é analfabeta. Como vimos, um terço da população brasileira (27%) reconhece letras e números, mas têm dificuldades na compreensão e interpretação de textos e contas (analfabetos funcionais). A publicidade dá conta de toda esta diversidade e trabalha, também, com as deficiências. http://economia.uol.com.br/album/2013/12/04/100-anos-do-mappin-veja-imagens-e-propagandas-antigas.htm#fotoNav=1 http://economia.uol.com.br/album/2013/12/04/100-anos-do-mappin-veja-imagens-e-propagandas-antigas.htm#fotoNav=1 26 Você lembra de algum comercial que propicia o acesso a todos? Acesse o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e comente com seus colegas! NA PRÁTICA HORA DE PRATICAR! Reveja “As máximas do bom anunciante” ao lado, pesquise por outros anúncios recentes e compare se eles ainda têm algumas destas máximas, pois de acordo com o CONAR, algumas continuam atuais. MÁXIMAS DO BOM ANUNCIANTE (São Paulo, 1868). FONTE: RAMOS, 1987, p. 14. SÍNTESE É hora da nossa parada, mas a “viagem” continua na próxima aula! De colônia à nação, o Brasil evoluiu e com ele a Publicidade foi se adaptando e contribuindo nesse desenvolvimento. Desde a criação dos primeiros jornais até o surgimento das primeiras agências, a tecnologia foi um fator decisivo para mudanças, mas ela veio em conjunto com a política, a economia e a cultura, modificando o cenário social e publicitário. Estudamos a influências das propagandas, ilustrações que foram inseridas nela e a auxiliaram, as cores e a adaptação para as revistas, bem como exemplos dos primeiros anúncios de publicidade. 27 No decorrer desta disciplina você vai conferir um pouco mais sobre a evolução da publicidade nos diferentes meios, pois a evolução tecnológica vai além da mídia impressa! REFERÊNCIAS ANJ. Associação Nacional de Jornais. (on-line). Disponível em: http://www.anj.org.br/imprensa-brasileira-dois-seculos-de-historia-2/. Acesso em 21 fev 2017. BIBLIOTECA NACIONAL. Memória e Arquivo digital. Disponível em: http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=749664. Acesso em 21 fev 2017. CESAR, NEWTON. Direção de arte em propaganda. São Paulo: editora Senac, 2008. CLAIR, Kate. Manual de tipografia: a história, as técnicas e a arte. Porto Alegre: Bookman, 2009. DEBRET, Jean Baptiste. Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, t.1. São Paulo: EDUSP, 1978. GRAF, Marília G. Propaganda de lá para cá. São Paulo: Ibrasa,2003. IMPRENSA NACIONAL. Portal online, disponível em: http://portal.imprensanacional.gov.br/acesso-a-informacao/institucional/a- imprensa-nacional. Acesso em 21 fev 2017. MARCONDES, Pyr. Uma história da propaganda Brasileira. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. MARQUES, Gabriel. Ruas e tradições de São Paulo: uma história em cada rua. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 1966. RAMOS, Ricardo. Do reclame à comunicação: pequena história da propaganda no Brasil. São Paulo: ed. Atual, 1985. http://www.anj.org.br/imprensa-brasileira-dois-seculos-de-historia-2/ http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=749664 http://portal.imprensanacional.gov.br/acesso-a-informacao/institucional/a-imprensa-nacional http://portal.imprensanacional.gov.br/acesso-a-informacao/institucional/a-imprensa-nacional 28 SCISSORS; BUMBA. Planejamento de mídia. São Paulo: Nobel, 2001. SODRÉ, Nelson Werneck. A história da imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad, 1999. MOLINERO, Bruno. Com construções do século 19, Belém esconde a ‘Paris tropical’ do passado. Folha Turismo. Folha de São Paulo. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/turismo/2016/01/1731508-com-construcoes- do-seculo-19-belem-esconde-a-paris-tropical-do-passado.shtml. Acesso em 21 fev 2017. http://www1.folha.uol.com.br/turismo/2016/01/1731508-com-construcoes-do-seculo-19-belem-esconde-a-paris-tropical-do-passado.shtml http://www1.folha.uol.com.br/turismo/2016/01/1731508-com-construcoes-do-seculo-19-belem-esconde-a-paris-tropical-do-passado.shtml
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