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Pamela Barbieri – TXXIII Em algumas circunstâncias, as células podem acumular quantidades anormais de várias substâncias que podem ser inofensivas ou associadas com vários graus de lesão. A substância pode estar localizada no citoplasma, no interior de organelas (tipicamente nos lisossomos) ou no núcleo, e pode ser sintetizada pelas células afetadas ou produzida em qualquer outro lugar. 4 vias: • Remoção inadequada de uma substância normal, secundária a defeitos no mecanismo de empacotamento e transporte, como na degeneração gordurosa do fígado. • Acúmulo de uma substância endógena anormal resultante de defeitos adquiridos ou genéticos no seu dobramento, empacotamento, transporte e secreção, como com certas mutações da a1-antitripsina. • Deficiência em degradar um metabólito devido a defeito herdado em uma enzima. (Doenças de armazenamento). • Depósito e acúmulo de uma substância exógena anormal quando a célula não possui maquinaria enzimática para degradar a substância nem a habilidade de transportá-la para outros locais. Os acúmulos de partículas de carbono e sílica são exemplos desse tipo de alteração. Degeneração Gordurosa (Esteatose) A degeneração gordurosa refere-se a qualquer acúmulo anormal de triglicerídeos dentro das células do parênquima. Com frequência é observada no fígado porque ele é o principal órgão envolvido no metabolismo da gordura, mas ocorre também no coração, no músculo esquelético, no rim e em outros órgãos. A esteatose pode ser causada por toxinas, desnutrição proteica, diabetes melito, obesidade e anóxia. Colesterol e Ésteres de Colesterol O metabolismo celular do colesterol é estreitamente regulado para assegurar a síntese normal de membranas celulares sem acúmulo intracelular significativo. Entretanto, as células fagocíticas podem tornar-se sobrecarregadas com lipídios (triglicerídeos, colesterol e ésteres de colesterol) em vários processos patológicos diferentes. Deles, a aterosclerose é o mais importante. Proteínas Os acúmulos de proteína são muito menos comuns que os acúmulos de lipídios; podem ocorrer porque os excessos são apresentados às células ou porque as células sintetizam quantidades excessivas. No rim, por ex, quantidades mínimas de albumina filtradas pelo glomérulo são normalmente reabsorvidas por pinocitose nos túbulos contorcidos proximais. Entretanto, em distúrbios com extravasamento maciço de proteína através do filtro glomerular (p. ex., na síndrome nefrótica), ocorre reabsorção muito maior de proteína, e as vesículas contendo essa proteína se acumulam, resultando na aparência histológica de gotículas citoplasmáticas hialinas róseas. O processo é reversível; se a proteinúria diminuir, as gotículas de proteína são metabolizadas e desaparecem. Outro exemplo é o acentuado acúmulo de imunoglobulinas recentemente sintetizadas, que pode ocorrer no RER de Pamela Barbieri – TXXIII alguns plasmócitos, formando os corpúsculos de Russell, redondos e eosinofílicos. Glicogênio Acúmulos associados a anormalidades no metabolismo da glicose ou do glicogênio. No exemplo clássico de metabolismo anormal da glicose, o diabetes melito, o glicogênio se acumula no epitélio dos túbulos renais, nos miócitos cardíacos e nas células b das ilhotas de Langerhans. O glicogênio também se acumula dentro de células em um grupo de distúrbios genéticos intimamente relacionados, coletivamente conhecidos como doenças de armazenamento de glicogênio ou glicogenoses. Pigmentos Substâncias coloridas exógenas, como o carbono, ou endógenas, sintetizadas dentro do próprio corpo, como lipofuscina, melanina e certos derivados da hemoglobina. ▪O pigmento exógeno mais comum é o carbono (um exemplo é a poeira de carvão), um poluente do ar ubíquo na vida urbana. Quando inalado, é fagocitado pelos macrófagos alveolares e transportado através de canais linfáticos para os linfonodos regionais na região traqueobrônquica. Os agregados desse pigmento escurecem os linfonodos e o parênquima pulmonar (antracnose). ▪A lipofuscina, ou “pigmento do desgaste”, é um material intracelular granular, castanho-amarelado, que se acumula em vários tecidos (particularmente no coração, fígado e cérebro) como consequência do envelhecimento ou da atrofia. Não é nociva à célula, mas é importante como marcador de lesão antiga por radical livre. O pigmento marrom, quando presente em grande quantidade: atrofia parda. À microscopia eletrônica, o pigmento aparece como grânulos eletrodensos perinucleares. ▪A melanina é um pigmento endógeno, preto-acastanhado, produzido pelos melanócitos localizados na epiderme, e atua como protetor contra a radiação ultravioleta prejudicial. Os queratinócitos basais adjacentes da pele podem acumular o pigmento (p. ex., nas sardas), assim como os macrófagos da derme. ▪A hemossiderina é um pigmento granular derivado da hemoglobina, amarelo a castanho-dourado, que se acumula em tecidos onde há excesso de ferro, local ou sistêmico. Normalmente, o ferro é armazenado no interior das células em associação com a proteína apoferritina, formando as micelas de ferritina. O pigmento hemossiderina representa grandes agregados dessas micelas de ferritina, visualizados pela microscopia óptica e eletrônica; o ferro pode ser identificado, pela reação histoquímica do azul da Prússia. Pamela Barbieri – TXXIII CALCIFICAÇÃO PATOLÓGICA → Depósito anormal de sais de cálcio, em combinação com pequenas quantidades de ferro, magnésio e outros minerais. → Quando o depósito ocorre em tecidos mortos ou que estão morrendo, é chamado de calcificação distrófica, que ocorre na ausência de perturbações metabólicas do cálcio. → Ao contrário, o depósito de sais de cálcio em tecidos normais é conhecido como calcificação metastática e quase sempre reflete algum distúrbio no metabolismo do cálcio (hipercalcemia). Calcificação Distrófica Encontrada em áreas de necrose de qualquer tipo. Na patogenia da calcificação distrófica, o produto final é a formação de fosfato de cálcio cristalino. A iniciação da calcificação intracelular ocorre nas mitocôndrias de células mortas ou que estão morrendo e que tenham perdido sua habilidade de regular o cálcio intracelular. Calcificação Metastática Pode ocorrer em tecidos normais sempre que há hipercalcemia. As quatro principais causas da hipercalcemia são (1) aumento da secreção de paratormônio devido a tumores primários das paratireoides ou à produção de proteína relacionada ao paratormônio por outros tumores malignos; (2) destruição óssea devida aos efeitos do turnover ósseo acelerado (p. ex., doença de Paget), imobilização ou tumores (aumento do catabolismo ósseo decorrente de mieloma múltiplo, leucemia ou metástases esqueléticas difusas); (3) distúrbios relacionados à vitamina D, incluindo a intoxicação por vitamina D e sarcoidose (na qual os macrófagos ativam um precursor da vitamina D); e (4) insuficiência renal, na qual a retenção de fosfato leva ao hiperparatireoidismo secundário. ENVELHECIMENTO CELULAR →Lesão do DNA. Uma série de lesões metabólicas que se acumulam com o tempo resulta em lesão do DNA nuclear e mitocondrial. →Diminuição da replicação celular. Todas as células normais possuem capacidade limitada de replicação e, após um número fixo de divisões, estacionam em um estado terminal de não divisão, conhecido como senescência replicativa → encurtamento progressivo dos telômeros. →Deficiência da homeostasia proteica. Com o tempo, as células tornam-se incapazes de manter uma homeostasia proteica normal, resultante do aumento do turnover e da diminuição de síntese causada pela Pamela Barbieri – TXXIII redução de translação das proteínas e da atividade defeituosa das chaperonas (estas promovem o dobramento normal da proteína), dos proteossomos (que destroem proteínasmal dobradas) e das enzimas de reparo.
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