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TAE - Pacta Sunt Servanda Nathalia

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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA - UNOESC
Disciplina: Teoria Geral dos Contratos 
Professora: Cláudia Locateli 
Acadêmicas: Nathalia Rodrigues, Nicolly Pelisser, Marcella Ananda Comin e Giovana Chagas
Porquanto aos princípios contratuais, foi pesquisado junto ao sítio do Tribunal de Justiça de Santa Catarina julgados a fim de observar a disciplina teórica de forma aplicada na prática. De modo que, foi selecionado a seguinte apelação cível n. 0001716-88.2012.8.24.0037, em que foi ajuizada ação revisional de contratos atrelados à conta-corrente mantidos junto à instituição financeira ré com o escopo de requerer a revisão da conta corrente a fim de afastar a cobrança da comissão de permanência e da capitalização de juros, de modo que, foi mitigado o princípio Pacta Sunt Servanda, veja-se o julgado: 
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATOS. CONTA-CORRENTE. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. INSURGÊNCIA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA RÉ. 1 - POSSIBILIDADE DE REVISÃO DAS CLÁUSULAS PACTUADAS. APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E MITIGAÇÃO DO PRINCÍPIO PACTA SUNT SERVANDA. SÚMULA 297 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. INEXISTÊNCIA DE AFRONTA AOS PRINCÍPIOS DA FUNÇÃO SOCIAL E BOA-FÉ CONTRATUAL. 2 - JUROS REMUNERATÓRIOS. SENTENÇA QUE LIMITOU OS JUROS À TAXA MÉDIA DO BACEN, OU À TAXA CONTRATADA, SE INFERIOR. CLÁUSULAS ESPECIAIS ACOSTADAS AOS AUTOS QUE NÃO INFORMAM AS TAXAS DE JUROS REMUNERATÓRIOS PACTUADAS. LIMITAÇÃO À TAXA MÉDIA DO BACEN, CONSOANTE A SÚMULA N. 530 DO STJ. RECURSO DESPROVIDO. "Nos contratos bancários, na impossibilidade de comprovar a taxa de juros efetivamente contratada - por ausência de pactuação ou pela falta de juntada do instrumento aos autos -, aplica-se a taxa média de mercado, divulgada pelo Bacen, praticada nas operações da mesma espécie, salvo se a taxa cobrada for mais vantajosa para o devedor." Súmula n. 530 do STJ. 3 - CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. IMPOSSIBILIDADE DE SE VERIFICAR A PACTUAÇÃO EXPRESSA OU TÁCITA DA CAPITALIZAÇÃO. DEVER DE INFORMAÇÃO. INTELIGÊNCIA DO ART. 6º, III, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. COBRANÇA VEDADA. RECURSO DESPROVIDO NO PONTO. "A capitalização dos juros incide sobre os contratos bancários se, além de existir previsão legal, encontrar-se expressamente pactuada, sob pena de ofensa ao disposto no art. 6º, III, do Código de Defesa do Consumidor. Na impossibilidade de ser aferida a existência de cláusula contratual expressa viabilizando a cobrança de juros capitalizados, porque ausente a juntada dos instrumentos pactuados entre os litigantes, deve tal prática ser afastada, em qualquer periodicidade, presumindo-se verdadeiros os fatos aventados na peça inaugural" (Apelação Cível n. 2015.092739-3, de Papanduva, rel. Des. Robson Luz Varella, j. 15-3-2016). 4 - COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE DE SE AFERIR A SUA EXPRESSA PACTUAÇÃO. COBRANÇA VEDADA. POSSIBILIDADE DE INCIDÊNCIA, PARA O PERÍODO DE INADIMPLÊNCIA, DE JUROS REMUNERATÓRIOS LIMITADOS À TAXA MÉDIA DO BACEN E JUROS MORATÓRIOS DE 12% (DOZE POR CENTO) AO ANO. IMPOSSIBILIDADE DE INCIDÊNCIA DE MULTA, PORQUANTO NÃO DEMONSTRADA A PACTUAÇÃO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 5 - REPETIÇÃO DO INDÉBITO. EXISTÊNCIA DE ABUSIVIDADES. DEVER DE RESTITUIÇÃO, NA FORMA SIMPLES. POSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO. RECURSO DESPROVIDO. "À luz do princípio que veda o enriquecimento sem causa do credor, havendo quitação indevida, admite-se a compensação ou repetição do indébito na forma simples em favor do adimplente, independentemente da comprovação do erro." (Apelação Cível n. 2016.003435-4, de Correia Pinto, rel. Des. Robson Luz Varella, j. 16-2-2016). 6 - ÔNUS SUCUMBENCIAIS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. ART. 86 DO CPC/2015. PARTE AUTORA VENCEDORA NA MAIOR PARTE DOS PEDIDOS. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. 7 - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS RECURSAIS. ART. 85, § 11, DO CPC/2015. NOVO ENTENDIMENTO DA CÂMARA, DE ACORDO COM O PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL N. 1.573.573/RJ. HIPÓTESE EM QUE O PARCIAL PROVIMENTO DO RECURSO TORNA INCABÍVEL O ARBITRAMENTO DE HONORÁRIOS RECURSAIS. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. (TJSC, Apelação Cível n. 0001716-88.2012.8.24.0037, de Joaçaba, rel. Des. Dinart Francisco Machado, Segunda Câmara de Direito Comercial, j. 11-06-2019).
Trata-se de recurso de apelação cível de sentença de parcial procedência em ação revisional de contrato bancário, no qual foi auferido a possíbilidade de revisão das cláusulas pactuadas, uma vez que há aplicabilidade do código de defesa do consumidor, nos termos do que preceitua a Súmula 297 do STJ, o Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras, restando concedido ao consumidor, conforme dispõe o art. 6º, V, do CDC, o direito de revisar as avenças firmadas quando abusivas as suas cláusulas.
Além disso, mostra-se possível a revisão contratual também pela mitigação do princípio pacta sunt servanda, de forma a inibir a onerosidade excessiva em desfavor de um dos contratantes. De modo a ser ressaltado que não foi negando o referido preceito, apenas o afastando nos momentos em que flagrante o desequilíbrio.
Porquanto ao princípio da força obrigatória dos contratos (Pacta Sunt Servanda), conceituado por Flávio Tartuce, o qual é decorrente do princípio da autonomia privada, a força obrigatória dos contratos prevê que tem força de lei o estipulado pelas partes na avença, constrangendo os contratantes ao cumprimento do conteúdo completo do negócio jurídico. Esse princípio importa em autêntica restrição da liberdade, que se tornou limitada para aqueles que contrataram a partir do momento em que vieram a formar o contrato consensualmente e dotados de vontade autônoma.
Ainda de acordo com o citado doutrinador, há que se destacar que o princípio da força obrigatória ou da obrigatoriedade das convenções continua previsto em nosso ordenamento jurídico, mas não mais como regra geral, como antes era concebido. A força obrigatória constitui exceção à regra geral da socialidade, secundária à função social do contrato, princípio que impera dentro da nova realidade do direito privado contemporâneo.
Segundo o doutrinador Carlos Roberto Gonçalves, a ordem jurídica concede a cada um a liberdade de contratar e definir os termos e objeto da avença. Os que fizeram, porém, sendo o contrato válido e eficaz, devem cumpri-lo, não podendo se forrarem às suas consequências, a não ser com a anuência do outro contratante. Como foram as partes que escolheram os termos do ajuste e a ele se vincularam, não cabe ao juiz preocupar-se com a severidade das cláusulas aceitas. O princípio da força obrigatória do contrato significa, a irreversibilidade da palavra empenhada. 
Ainda de acordo com o mencionado doutrinador, o aludido princípio tem por fundamento a necessidade de segurança nos negócios, que deixaria de existir se os contratos pudessem não cumprir a palavra empenhada, gerando a balbúrdia e o caos; e a intangibilidade ou imutabilidade do contrato, decorrente da convicção de que o acordo de vontades faz lei entre as partes, personificada pela máxima pacta sunt servanda (os pactos devem ser cumpridos), não podendo ser alterados nem pelo juiz. 
No entanto, após a 1ª Guerra Mundial, coincidiu o episódio com o surgimento dos movimentos sociais, sob alegação de que o poder econômico acarretava a exploração dos economicamente mais fracos pelos poderosos, sob pena de não contratar. Compreendeu-se, então, que não se podia mais falar em absoluta obrigatoriedade dos contratos se não havia, em contrapartida, idêntica liberdade contratual entre as partes. 
Assim, ocorreu, em consequência, uma mudança de orientação, passando-se a aceitar,e m caráter excepícional, a possibilidade de intervenção judicial no conteúdo de certos contratos, para corrigir os seus rigores ante o desequilíbrio de prestações. De modo que, predominou a convicção de que o Estado tem de intervir na vida do contrato, seja mediante aplicação de leis de ordem pública em benfício do interesse coletivo, seja mediantecom a adoção de uma intervenção judicial na economia do contrato, modificando-o ou apenas liberando o contratante lesado, com o objetivo de evitar que, por meio da avença, se consume atentado contra a justiça. 
Referência:
TARTUCE, Flávio. Direito civil: teoria geral dos contratos e contratos em espécie. 9. ed. rev., atual e amp. v. 3. Rio de Janeiro: Forense. São Paulo: Método, 2014. p. 82.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 3: contratos e atos unilaterais. 8 ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 48-50.

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