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TAE - Boa-fé Marcella

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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA - UNOESC
Disciplina: Teoria Geral dos Contratos 
Professora: Cláudia Locateli 
Acadêmicas: Nathalia Rodrigues, Nicolly Pelisser, Marcella Ananda Comin e Giovana Chagas
Porquanto a matéria lecionada durante o semestre, foi pesquisado junto ao sítio do Tribunal de Justiça de Santa Catarina julgados a fim de observar a disciplina teórica de forma aplicada na prática. De modo que, foi selecionado a seguinte apelação cível n. 2006.041688-5 e Embargos de Declaração em Apelação Cível n. 2006.041688-5/0001.00, em ação de obrigação de fazer com cancelamento de hipoteca, antecipação de tutela específica como medida liminar e repetição do indébito, em que foi aplicado o princípio da boa-fé objetiva, veja-se o julgado: 
EMENTA: CONTRATO DE MÚTUO COM GARANTIA HIPOTECÁRIA. LIQUIDAÇÃO ANTECIPADA DO FINANCIAMENTO APROVEITANDO-SE DE DESCONTO CONCEDIDO PELA CREDORA ATRAVÉS DA INSTITUIÇÃO DO PLANO NOVA CADIM. VALOR DEPOSITADO CONSOANTE EXPRESSA INFORMAÇÃO DA CREDORA. ALEGADA CONTRADIÇÃO, OU ERRO DE INFORMAÇÃO, QUE NÃO É DE RESPONSABILIDADE DOS DEVEDORES. DEPÓSITO DO VALOR COM ENVIO DE CARTA COM AVISO DE RECEBIMENTO. PRAZO DE DEZ DIAS PARA MANIFESTAÇÃO. RECUSA TARDIA. RECONHECIMENTO DO VALOR OFERTADO PARA LIQUIDAÇÃO. DESOBRIGAÇÃO DO DEVEDOR. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 890, §§ 1º E 2º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA. SENTENÇA MANTIDA. APELO DESPROVIDO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PREJUDICADOS ANTE A CONFIRMAÇÃO DA DECISÃO. RECURSO ADESIVO. REPETIÇÃO DO INDÉBITO FIXADA A PARTIR DO AFORAMENTO DA DEMANDA. DECISÃO SINGULAR MANTIDA. MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS PARA 20% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO. SENTENÇA REFORMADA UNICAMENTE NESSE PONTO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. Se a credora informa, por meio eletrônico e, após, por documento escrito e assinado, o valor da dívida, e os devedores fazem o respectivo depósito, que não é recusado em tempo hábil, deve prevalecer o princípio da boa-fé objetiva e ser reconhecida como extinta a obrigação. (TJSC, Apelação Cível n. 2006.041688-5, de Campos Novos, rel. Des. Jaime Luiz Vicari, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 12-08-2010).
No caso em apreço, os autores da ação ajuizaram ''ação de obrigação de fazer com cancelamento de hipoteca, atencipação de tutela especifica como medida liminar e repetição do indébito'' contra a PREVI. Sendo eles devedores da ré em virtude da celebração de mútuo com garantia hipotecária contrato de compra e venda. Defenderam que pagaram desde então, mês a mês, as prestações. Em fevereiro de 2003 solicitaram informações do saldo ainda devido, a informação é que ainda havia em aberto o valor de R$ 29.723,81. Ao final de 2003 fizeram nova solicitação do valor devido, sendo o valor de R$ 29.292,29, assim, os autores da ação reuniram os recursos para deposito até a data limite de 16 de fevereiro de 2004, contudo não foi realizado. 
Os autores afirmaram terem recebido sempre informações errôneas sobre o valor para liquidação do financiamento, até que em março de 2004 o valor foi confirmado e a liquidação foi realizada no dia 29 do mesmo mês, contudo o montante foi devolvido pela ré cerca de cinco meses após, pois o valor não era suficiente para liquidar a divida, sendo ela de R$ 56.031,40. 
Em nova consulta, o valor seria mesmo de R$ 28.602,99, procedendo novamente o depósito do valor, e sendo devolvido mais uma vez, após, sessenta dias. Então a ação foi ajuizada. 
A ré em questão insistia em descontar mês a mês o valor das parcelas, daí o ajuizamento da demanda com a qual pretendiam os autores ver-se livres da obrigação, cancelada a hipoteca. 
 O judiciário reconheceu como valor remanescente R$ 29.039,01, com correção pelo INPC e juros de 0,5% ao mês, ordenando a cessação dos descontos mentais, o cancelamento da hipoteca.
As atitudes da ré infringem o principio da boa-fé objetiva, presente nas relações contratuais, prevista no direito civil, o qual se vincula ao conceito de confiança, honestidade e lealdade, vedando atitudes que possam trazer algum prejuízo ou desvantagem à outra parte, valores éticos que contribuem para o cumprimento contratual, atingindo o interesse das partes. 
Os autores agiram de boa-fé, ao contrário do que afirma a apelante, fizeram o depósito no montante informado em diversas oportunidades, conforme se extrai dos documentos contidos nos autos, em que a informação concedida não foi por meio eletrônico, mas sim por notificação assinada por gerente e técnico, enviada pela própria ré aos autores. 
O princípio da boa-fé objetiva, encontra previsão no artigo 422 do Código Civil, em verbis: "os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé". 
Segundo o doutrinador Carlos Roberto Gonçalves, o princípio da boa-fé exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato. Recomenda ao juíz que presuma a boa-fé, devendo a má-fé, ao contrário, ser provada por quem a alega. Deve este, ao julgar demanda na qual se discuta a relação contratual, dar por pressuposta a boa-fé objetiva, que impõe ao contratante um padrão de conduta, de agir com rentidão, ou seja, com probidade, honestidade e lealdade, nos moldes do homem comum. 
De modo que, a regra da boa-fé é uma cláusula geral para a aplicação do direito obrigacional, que permite a solução do caso levando em consideração fatores metajurídicos e princípios gerais. 
Referência: 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 3: contratos e atos unilaterais. 8 ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 54.

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