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AULA 1 - BASES HISTÓRICAS DA EPIDEMIOLOGIA

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EPIDEMIOLOGIA
CONCEITOS E BASES HISTÓRICAS
Profa. Dra. Sabrina Caruso
• Epi “sobre” + Demos “povo” + Logos “estudo
• Estudo dos fenômenos relacionados à saúde de uma população
• “É a história natural das enfermidades” (Welch)
• Ciência das epidemias
• EPIDEMIA: doença de caráter transitório, que ataca 
simultaneamente, grande número de indivíduos em uma 
determinada localidade
- “Epidemiologia é a ciência que estuda os padrões da 
ocorrência de doenças em populações humanas e os fatores 
determinantes destes padrões” (Lilienfeld, 1980).
-“Ramo das ciências da saúde que estuda, na população, a 
ocorrência, a distribuição e os fatores determinantes dos 
eventos relacionados com a saúde” (Pereira, 1995).
- “Estudo dos fatores que determinam a ocorrência e a 
distribuição da doença na população” (Jekel et al., 2005).
“Estuda o processo saúde-doença em 
coletividades humanas
- analisando a distribuição dos fatores de risco e 
determinantes das doenças, agravos e
eventos em saúde coletiva 
-propondo medidas de prevenção, controle ou 
erradicação 
- fornecendo informações que sirvam de 
suporte ao planejamento, administração e 
avaliação das ações de saúde”
(ROUQUAYROL; GOLDBAUM, 2003)
HIPÓCRATES (460 – 377 a. C.) 
• Grécia, século V a.C. (escola de
Medicina)
• “Dos ares, das águas e dos lugares” 
• “quem quiser prosseguir no estudo 
da ciência da medicina deve considerar os efeitos das 
estações do ano, dos ventos, das águas, do solo e da 
exposição ao sol, além do modo de vida dos 
habitantes, seus costumes alimentares e suas 
atividades.” 
• Teoria dos Humores ( Hipocrática)
• Fluidos corporais : desiquilíbrio
Relacionado à temperatura e sazonalidade
Inverno: resfriados
Primavera: alergias
Claudio Galeno (138 – 201) 
Médico e filósofo grego 
• Um dos principais “pais da medicina”
• conhecimentos sobre farmácia e medicamentos
• fatores como personalidade do doente, raça, clima, idade
• Disseminação das doenças por sementes ou animálculos
(transportados pelo ar – inalados ou engolidos)
• Primeiros registros epidemiológicos: nascidos vivos, 
óbitos, número de habitantes
Teoria Miasmática 
Considera que a má qualidade do ar, causada por certos 
odores venenosos, gases ou resíduos nocivos, que se 
originavam na atmosfera ou a partir do solo, seriam 
arrastados pelo vento até um possível indivíduo, que acabaria 
por adoecer.
Miasmas (grego)
- impureza ou mancha/emanação dos pântanos
- Ares maléficos: locais com decomposição de matéria 
orgânica (pântanos, lixo, pessoas mortas) – odor fétido e 
esse ar causava as doenças
• Enterrar os mortos afastado
das cidades
• Não jogar lixo nas ruas
• Se afastar do esgoto
• Primeiras medidas de sanitarismo
IDADE MÉDIA (476 – 1453)
Ocidente: cura propiciada pelo caráter mágico-
religioso (mística / espiritual)
Oriente : princípios de Hipócrates – saneamento, 
higiene pessoal e ambiental – mantinham dados 
demográficos, sanitários e de vigilância 
epidemiológica
Thomas Syderman (1624 – 1689) 
Médico e político inglês 
→ contribuiu para a constituição da 
clínica moderna baseada na observação 
objetiva, consciente e sistemática, 
Contribuiu para o conceito de história natural das 
enfermidades
John Graunt (1620 - 1674) 
Fundador da Bioestatística e um dos 
precursores da Epidemiologia - estudo 
com padrões de natalidade, mortalidade, ocorrência 
de doenças, diferenças entre sexos, entre zonas 
urbanas e rurais, sazonalidade e mortalidade infantil
SÉCULO XIX REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
ÊXODO RURAL ↑POPULAÇÃO URBANA
Epidemias: cólera, febre tifoide , febre amarela 
SÉCULO XIX
Pierre Charles Alexandre Louis (1787 – 1872)
Pesquisador francês pai da epidemiologia 
moderna e da estatística médica
Louis René Villermé (1782 – 1863)
Médico epidemiologista francês - estudos 
sobre a origem social das doenças
Willian Farr (1807 – 1883) 
Médico sanitarista inglês - análises estatísticas 
de mortalidade da Inglaterra e País de Gales
– pai da estatística vital e da vigilância ao 
classificar doenças e descrever leis das epidemias
John Snow (1813 – 1858) 
Anestesiologista inglês
-Estudo transmissão da cólera - epidemias 1849/1854
-Caráter transmissível da cólera (antes da descoberta 
das bactérias)
Teoria do contágio ( ≠ Teoria dos miasmas)
▫ dados de mortalidade
▫ sequência dos acontecimentos
▫ frequência e distribuição dos óbitos
Conceito de risco – fator de risco – falta de higiene pessoal e 
uso inadequado de água contaminada por esgoto ou rio para 
beber ou preparar alimentos
John Snow
Precursor da epidemiologia de campo ao 
sistematizar a coleta planejada de dados
Ignaz Semmelweis (1818 – 1865)
• Estudou a alta taxa de mortalidade puerperal 
maternidade do Hospital Geral de Viena durante os 
anos de 1841 – 1846
• relacionou-as à falta de higienização das mãos dos 
estudantes de medicina que as examinavam. 
Final do século XIX →Louis Pasteur (1822 – 1895)
• Pai da bacteriologia 
• Demonstrou os microorganismos como
causadores de doenças
• Trabalhos em imunologia
• Fermentação da cerveja e do leite
• Bactérias patógenas – eliminação e controle
• Princípio de pasteurização
• Identificação de agente etiológico e formas de 
combate de praga do bicho da seda
• Vacina anti-rábica
TEORIA DOS GERMES
• Teoria da Uni causalidade: as doenças são 
causadas por microorganismos, bactérias
• Essa teoria continuou por muito tempo
Primeira metade do século XX
• Influência da microbiologia: estudos concentrados no 
laboratório, os demais ramos da medicina eram subordinados 
à este conhecimento. 
Oswaldo Cruz (1872-1917)
Fundou o Instituto em Manguinhos-RJ, 
propiciando uma gama de pesquisas e investimentos na área, 
além de combate à febre tifóide, peste e varíola.
Figuras que ali se destacaram:
Carlos Chagas (1879-1934), Adolfo Lutz (1855-1940) e Emílio Ribas (1862-1925)
Primeira metade do século XX
• Desdobramentos da teoria dos germes 
Saneamento ambiental, vetores e reservatórios de agentes
Ecologia – estudos sobre agentes, hospedeiros e meio 
ambiente (explicação da doença pela multicausalidade)
• Base de dados para a moderna epidemiologia: estatísticas 
vitais: informações sobre nascimentos, óbitos, informações 
sobre morbidade a partir dos dados oficiais e sem as quais 
não seria possível as investigações etiológicas. 
• Epidemiologia nutricional: algumas doenças tidas como 
infecciosas tinham , na verdade natureza nutricional. (exs: 
escorbuto – falta de vitamina C; Beribéri- falta de vitamina B1)
Segunda metade do século XX
• Década de 1950
• trabalhos da literatura: aparecimento do 
câncer do pulmão estava relacionado 
intimamente ao tabagismo
• Foram necessários mais 10 anos para que os 
trabalhos de Doll e Hill convencessem o 
público e as autoridades de que o tabagismo 
era a mais importante causa da doença
• Deixaram evidente a íntima relação tabaco-câncer do pulmão
• Demonstrou a correspondência entre o aparecimento da neoplasia do 
pulmão e a carga tabágica (quantidade de tabaco inalado) consumida 
pelos pacientes (atual, passada, nos últimos 10 anos e total)
• Os pacientes com câncer do pulmão, nesse trabalho, haviam:
 começado a fumar mais cedo
 fumaram por mais tempo 
 E pararam de fumar menos vezes e por menos tempo que os pacientes do 
grupo controle
• Os resultados do estudos alertaram as comunidades médica e científica 
para os sérios riscos do tabagismo no aparecimento do câncer do pulmão
• É responsável por 30% de todas as mortes por câncer, percentagem maior 
do que as relacionadas com o câncer da mama, da próstata, do cólon e do 
ovário somadas
• 2020: alcançará a 5ª posição de causador de mortes
Segunda metade do século XX:
Mudanças das doenças prevalentes de infecciosas para as 
doenças crônicas e degenerativas como causa de mortalidade 
e morbidade. Desenvolvimento de pesquisas, considerando:
• A determinação das condições de saúde da população; 
• A busca sistemática de fatores antecedentes ao 
aparecimento das doenças,
que possam ser rotulados como 
agentes ou fatores de risco 
• A avaliação da utilidade e da segurança das intervenções 
propostas para alterar a incidência ou a evolução da doença, 
através de estudos controlados. (estreptomicina na 
tuberculose, fluoretação da água, vacina contra poliomielite). 
EPIDEMIOLOGIA CLÍNICA
Processo saúde-doença na sociedade
POPULAÇÃO INDIVÍDUO
O que é saúde?
• “Saúde é um estado de completo bem-estar físico, 
mental e social e não apenas a mera ausência de 
doença”.
• O termo “doença” compreende todas as mudanças 
desfavoráveis em saúde, incluindo acidentes e 
doenças mentais.
• Teoria da Multi causalidade
Pilares da epidemiologia atual
• Ciências biológicas (clínica, patologia,microbiologia, 
parasitologia, imunologia);
• Ciências sociais: Compreensão da forma como os 
indivíduos se expõem ao risco do adoecimento na 
sociedade e a consequente intervenção;
• Estatísticas : coletar, resumir e analisar dados. 
A epidemiologia pode contribuir:
→Nas investigações epidemiológicas – transmissão de 
doenças e determinantes do processo saúde-doença –
identificando agentes e fatores responsáveis pelos problemas 
de saúde.
→ Na identificação de causas evitáveis – desenvolvendo 
vacinação, isolamento, hábitos, entre outros.
→ Na compreensão da história natural da doença- modo de 
transmissão, fatores envolvidos, espaços geográficos
→ No aprimoramento do diagnóstico, tratamento e 
prognóstico das doenças
→ Na compreensão das características biológicas das 
doenças, como o nível de gravidade das mesmas.
→ Fornecendo subsídios para que o setor de saúde possa 
planejar, organizar e avaliar as ações de saúde 
→ Na priorização do controle das doenças e destino 
adequado dos recursos
→ Na melhoria da qualidade das pesquisas em saúde 
auxiliando no controle das doenças

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