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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CAMPUS MINISTRO REIS VELOSO – CMRV DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DO MAR CURSO DE ENGENHARIA DE PESCA DISCIPLINA: MÉTODOS ESTATÍSTICOS APLICADOS A PESCA PROFESSOR (A): CARLA SUZY COMPARAÇÃO DO PESO-MÉDIO DE EXEMPLARES DE PEIXE-REI Atherinella brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1825) EM TRÊS PONTOS DE COLETA NA ILHA DOS POLDROS, DELTA DO RIO PARNAÍBA, PIAUÍ, BRASIL ELIAS PEDRO KARISSON RODRIGUES PARNAÍBA – PI DEZEMBRO/2016 2 1. INTRODUÇÃO O conhecimento sobre o peso total de um organismo ou peso-médio de um determinado grupo de organismo é muito importante, sendo utilizados em vários tipos de estudos, inclusive em comparação a outros grupos de organismos de mesma espécie. O peso aliado a outras características do animal, pode levar a estudos mais complexos, como a relação peso- comprimento, que é caracterizada por descrever o crescimento sem levar em conta a idade do peixe, convertendo o comprimento em peso, conhecendo-se o comprimento ou vice e versa (NOMURA, 1962). A comparação entre mais de duas médias é realizada pela análise de variância (ANOVA). A utilização deste teste ajuda a evitar os erros de tipo I (rejeitar a hipótese nula sendo ela a verdadeira) e evita o trabalho exaustivo de comparar duas em duas médias pelo teste t (MOTTA, 2006). A análise de variância permite tomar uma única decisão geral quanto à existência de diferença significativa entre as médias que estão sendo comparadas. As hipóteses apresentadas são: H0 – Hipótese Nula (não há diferença significativa entre as médias) e HA – Hipótese Alternativa (há diferença significativa entre as médias). No caso de Hipótese Alternativa, ou seja, quando é obtido um F significante, aplica-se posteriormente testes de comparação múltipla de médias, como o DHS de Tukey, para verificar a significância estatística da diferença entre pares de médias. A espécie Atherinella brasiliensis (fig. 1) pertence à Ordem Atheriniformes e Família Atherinopsidae. Possui corpo alongado e pouco comprimido lateralmente, chegando a atingir cerca de 20 cm de comprimento. Seu corpo, externamente, apresenta coloração esverdeada com dorso mais escuro e o ventre branco, além disso, apresenta reticulações escuras demarcando as escamas e uma faixa prateada horizontal nas laterais do corpo. Ocorre da Venezuela ao Rio Grande do Sul, Brasil. Habita águas salobras de estuários, desemborcaduras de rios e áreas costeiras rasas. Forma cardume e alimenta-se basicamente de pequenos peixes e crustáceos, além de detritos de vegetais e animais (FISHER, 2011). Este trabalho tem como objetivo comparar o peso-médio de exemplares de peixe-rei (Atherinella brasiliensis) coletados em três pontos na Ilha dos Poldros, Delta do Parnaíba, utilizando o teste de análise de variância (ANOVA). Figura 1: Exemplar de Atherinella brasilienses (Fonte: Alex da Silva – Laboratório de Ictiologia). 3 2. MATERIAL DE MÉTODOS A área de estudo fica localizada entre os estados do Piauí e Maranhão, possuindo uma área formada por uma série de baías e estuários ligados por canais naturais através dos manguezais, se originando num ponto em que o fluxo do rio se bifurca para formar dois braços resultando posteriormente em igarapés que vão formando inúmeras ilhas até terminar no oceano por meio de cinco grandes bocas (FARIAS et al 2015). Segundo Guzzi (2012), o estuário do Delta do rio Parnaíba é considerado um “santuário” reprodutivo, devido sua grande riqueza em produção primária, que acaba atraindo uma grande variedade de animais de diferentes táxons. A coleta foi realizada em setembro de 2016 na Ilha dos Poldros, em três pontos determinados aleatoriamente (fig. 2), no âmbito do Projeto RARE – Pesca para Sempre. O ponto I está identificado na figura 2 (Coordenadas: 2º43’45,52’’ S; 041º51’50,40’’ W). Os outros dois pontos foram determinados a partir do ponto inicial (Ponto I). Todos os outros dois pontos possuem sentido noroeste (NO) em relação ao ponto inicial, e todos com um espaçamento de 120 passos entre os mesmos. Para coleta, foi utilizado rede de arrasto de praia (picaré) como arte de pesca (fig.3). As dimensões da rede utilizada são as seguintes: 25 m de comprimento; 2 m de altura; e malha de 20 mm entre nós. Os indivíduos coletados foram levados ao Laboratório de Ictiologia (UFPI) onde foram identificados em nível específico, e para cada exemplar foram feitas medidas biométricas como: peso total (PT) em gramas com auxílio de uma balança com precisão de duas casas decimais, e o comprimento total (CT) em cm utilizando ictiômetro. A análise de variância foi o teste escolhido para comparação das médias entre os três pontos, isso porque esse teste se aplica para mais de duas médias. Inicialmente, foi estabelecido as hipóteses: Hipótese nula (H0): Não há diferença significativa do peso-médio entre as amostras dos três pontos coletados. Quando FCALCULADO é menor que FTABELADO. Hipótese alternativa (HA): Há diferença significativa do peso-médio entre as amostras dos três pontos coletados. Quando FCALCULADO é igual ou maior que FTABELADO. Figura 2: Localização do Delta do rio Parnaíba em relação ao Brasil em vermelho (Wiki, 2016); e o local da coleta em destaque com as coordenadas geográficas (Google Earth, 2016). 4 Logo após a determinação das hipóteses, foram aplicados alguns termos pré-definidos para a obtenção do resultado final do teste (fig. 3). Fórmula Definição FC = (ƩX)2 / N Fator de correção – constante empregado em várias fórmulas. SQ = (Ʃx2) – FC Soma de quadrados total – representa a soma dos quadrados dos desvios em relação à média. SQT = [(ƩX2) / n] – FC Soma de quadrados entre tratamentos – representa a soma dos quadrados dos desvios em relação à média amostral com relação à média total ou a variação entre os tratamentos. SQE = SQ - SQT Soma de quadrado de erro experimental (dentro dos grupos) – representa a variação dentro dos tratamentos, isto é, a variação entre as unidades experimentais com o mesmo tratamento. QMT = SQT / K – 1 Quadrado médio entre os tratamentos (variância entre tratamentos) – representa a variação entre os tratamentos. QME = SQE / K (n – 1) Quadrado médio do erro experimental (variância média dentro dos grupos) – representa a variabilidade dentro do mesmo tratamento. GLN = K – 1 Graus de liberdade do numerador - soma dos quadrados dos tratamentos. GLD = K (n – 1) Graus de liberdade do denominador – soma dos quadrados do erro experimental Figura 3: definições de termos utilizados na ANOVA (MOTTA, 2006). 5 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A figura 4 traz a relação dos dados obtidos com a pesagem dos indivíduos separados por pontos. Foram considerados nove repetições (n) para cada tratamento (k = pontos de coletas). As médias dos três pontos apresentaram valores diferentes. O ponto I foi o que apresentou maior média, já o ponto III apresentou a menor média. Peso dos indivíduos/Pontos de coletas Repetições Ponto I Ponto II Ponto III 1 12,0 13,0 11,2 2 12,4 10,4 11,9 3 11,6 11,1 9,4 4 12,3 10,6 11,5 5 13,7 12,2 11,7 6 12,3 12,0 8,7 7 10,2 11,0 11,4 8 11,4 11,9 11,3 9 13,0 11,8 11,8 X 108,90 104,00 98,90 Média 12,10 11,56 10,99 Os resultados obtidos após a aplicação do teste ANOVA estão demonstrados na tabela resumo (fig. 5). O valor de FCALCULADO é não significante, ou seja, é menor que o valor de FTABELADO. Com isso, há aceitação da hipótese nula (H0). Causas de variação Soma dos quadrados (SQ) Graus de liberdade (GL) Quadrados médios (QM) FCALCULADO FTABELADO Entre tratamentos 5,56 2 2,78 2,81 3,40 Dentro de amostras (erro experimenta) 23,87 24 0,99 Total 29,43Figura 4: relação dos indivíduos analisados e seus respectivos pesos de acordo com o ponto. Figura 5: tabela resumo ANOVA com todos os dados obtidos para a determinação da hipótese e, posteriormente, a conclusão. 6 4. CONCLUSÃO Como o valor de FCALCULADO é menor que o valor de FTABELADO, aceita-se a hipótese nula (H0), dessa forma, conclui-se que não há diferença significativa de peso-média entre as amostras dos três pontos de coletas. 7 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FARIAS, C. F. et al. Cadeia produtiva da pesca no interior do Delta do Parnaíba e área marinha adjacente. Fortaleza: RDS, 2015. p. 24. FISCHER, L. G.; PEREIRA, L. E. D.; VIEIRA, J. P. Peixes estuarinos e costeiros. 2. ed. Rio Grande: Luciano Gomes Fischer, 2011. GUZZI, A. Biodiversidade do Delta do Parnaíba. Parnaíba: EDUFPI, 2012. p. 2. MOTTA, V. T. Bioestatística. 2. ed. Caxias do Sul, RS: Educs, 2006. p. 127-136. NOMURA, H. Length-weith of some fish species from Southern Brazil. Instituto Oceonográfico da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 2, p. 1-4, 1962.
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