Buscar

Efeitos da Falência quanto aos Contratos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 - Efeitos da falência quantos aos contratos do falido
Quando declarada a falência, os contratos que o falido possuía serão atingidos conforme sejam a sua natureza, consoante as regras do direito falimentar. O que se espera naturalmente é que todos os contratos sejam extintos pelo encerramento das atividades da empresa, entretanto, a atividade pode vir a continuar, levando então a uma reavaliação de quais devem ser extinguidos e quais podem ser mantidos.
 A legislação brasileira, a fim de organizar melhor a dissolução dos contratos, criou regras gerais para contratos bilaterais, para contratos unilaterais e especiais para certos contratos.
2 - Contratos bilaterais: regra geral
Os contratos bilaterais são aqueles onde existem uma mútua obrigação, ou seja, ambos os lados são credores e devedores de uma obrigação recíproca entre eles. Para este tipo, encontra-se regulamento quanto ao efeito que a falência incide sobre tal no artigo 117 da Lei n° 11.101/2005, que diz:
Art. 117. Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser cumpridos pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, mediante autorização do Comitê.
Antes de analisar as opções que o administrador judicial tem, é oportuno esclarecer que tal regra geral não se aplica a todos os contratos bilaterais, porquanto há contratos em que não há o que se decidir sobre a continuação ou não do contrato. Se estiver pendente apenas uma prestação do falido consistente no pagamento em dinheiro, o falido deverá pagar essa prestação da ordem legal, sem se cogitar de decisão pela continuação ou não do contrato. Imagine‐se um contrato de compra com mercadoria já entregue e já revendida, mas ainda não paga pelo falido. Nesse caso, não se cogita de continuação ou não do contrato, mas de simples pagamento do valor na ordem de preferência. Da mesma forma, se há prestação da outra parte que não depende de qualquer prestação do falido, a outra parte tem o dever de cumprir sua obrigação, independentemente de decisão sobre a continuação ou não do contrato.
A falência não tem a capacidade de extinguir automaticamente os contratos de natureza bilateral, o administrador judicial pode optar pela sua continuação ou pela sua resolução. Todavia, nem todos os contratos bilaterais poderão se submeter a tal escolha pelo administrador judicial. Essa regra geral atinge os contratos que se encontram e três situações: a) contratos em que não consista no simples pagamento em dinheiro; b) contratos em que esteja pendente prestação da outra parte que dependa do cumprimento de prestação pelo falido; e c) contratos de trato sucessivo.
2.1 - Resolução do contrato
A resolução é a opção do administrador judicial por não dar continuidade a um contrato e somente ele pode fazê-la, não necessitando de autorização. Qualquer questionamento quanto a escolha deve ser feita ao juiz, via pedido de revisão das decisões do administrador. 
2.2 - Continuação do contrato
O administrador pode também escolher dar seguimento a um contrato, e, para isso, ele deve motivar sua decisão de acordo com o que a legislação regra, ou seja, deve observar a redução do passivo, o impedimento do aumento do passivo e a manutenção e preservação de ativos, de forma que beneficie ao máximo os credores no momento de repartição dos créditos.
Por essa ser uma alternativa de interesse direto dos credores, a autorização do comitê de credores também é requisito para que o administrador possa escolhe-la. Não havendo comitê ou sendo o voto destes negativo, poderá ser requerido suprimento da decisão pelo juiz.
2.3 - Interpelação
Quando surgirem dúvidas acerca da resolução ou continuação do contrato, o contraente pode interpelar, ou seja, demandar, no prazo de noventa dias, que o administrador diga se vai cumprir ou o não contrato, conforme prevê o art. 117, §1° da Lei n° 11.101/2005. Tal interpelação deve ser feita de forma escrita e o administrador tem dez dias para dar sua resposta. O silêncio importa em interrupção do contrato. 
2.4 - Indenização pelo não cumprimento
Quando optado a resolução do contrato, pode o contraente requerer indenização por esse (art. 117, §2° da Lei n° 11.101/2005), que será apurada em processo autônomo e o valor que este for receber constituíra créditos quirografários e será inscrita desta forma no quadro de credores. 
2.5 - Cláusula resolutória expressa
Existem alguns casos de resolução que são regidos por regras especiais, tais como os contratos de conta corrente, que se encerram automaticamente com a falência. Muitos contratos, todavia, possuem em seu corpo cláusulas que tratam especificamente acerca de sua resolução caso ocorra falência de alguma das partes. Há para este caso grande discussão acerca de qual regra tomaria frente diante da falência e da resolução do contrato, aquilo que foi acordo entre os contraentes ou a regra geral estipulada pela lei?
Partes dos autores acredita que a vontade das partes deveria ser preservada, como afirmam Trajano Valverde e Carvalho de Mendonça, dizendo ‘’se as partes ajustaram cláusula de rescisão por falência, seria esta válida mesmo diante dos órgãos falimentares, já que ‘o direito falimentar’, como capítulo do direito comercial, tem normas contratuais de natureza supletiva da vontade dos contratantes; seus preceitos sobre obrigações contratuais só se aplicam se as partes não convencionaram diferentemente. Assim, o contrato se rescinde não por força do decreto judicial, mas pela vontade das partes contratantes que o elegeram como causa rescisória do vínculo contratual”. Portanto, prevaleceria o estipulado na cláusula resolutória, restando aplicar a regra geral apenas quando houver silêncio do administrador quanto a escolha de continuação ou resolução; 
Outros autores, todavia, vão declarar que a Lei de falências é quem vai primar sobre a clausula resolutória, a exemplo de Gladston Mamede, que acerca disso vai dizer que ‘’o direito de ação é direito público subjetivo [...] mesmo que não tenham razão no mérito dessas pretensões. Transformar esse ato de terceiros – ou seja, dar razão a norma estipulada em contrato em detrimento da lei- em causa de extinção de negócios seria submeter o contrato ao puro arbítrio daquele, o que é, no mínimo, contrário à ordem pública [...] e aos bons costumes (Mamede, 2018)’’.
Ao final, o que deve ser entendido é que os efeitos da falência afetam interesses de ordem pública e social, e, portanto, não se pode considerar viável condescender com a vontade das partes em detrimento da norma geral, que, consequentemente é qual deve ser seguida. Desta maneira, fica claro que é o administrador judicial que fará a escolha que melhor julgar seguindo o regramento jurídico. 
3 – Contratos Unilaterais
Os contratos unilaterais são aqueles em que somente uma das partes vai arcar com obrigações, ficando imputado a outra deveres. Sendo, portanto, um credor e um devedor. De imediato dá-se a entender que por serem unilaterais, diante de falência, os efeitos desta não os alcançariam, pois, se o falido for devedor, deve cumprir todas as obrigações, e se o falido for o credor, deve esperar o cumprimento pela outra parte.
É assim que ocorre em alguns casos, porém, outros tipos de contratos unilaterais podem exigir a decisão do administrador judicial em rescisão ou continuação, devido à natureza de sua obrigação, tal qual ocorre nos contratos bilaterais. O administrador pode optar pela rescisão, sendo sua a escolha e ficando apenas facultado aos interessados questionarem judicialmente, ou optar pela continuação se perceber que isto pode impedir o aumento do passivo ou se for necessário para manutenção/preservação dos ativos. Para escolher a continuidade, precisa da aprovação do comitê de credores o do juiz em substituição na falta deste.
4 – Contratos de compra e venda
No geral, quando se tem a falência do devedor que já entregou o bem sem ainda ter pago totalmente, o comprador será devedor da massa e deverá efetuar o pagamentoque lhe é devido, voluntariamente. Não fazendo, a massa pode lhe processar. Se o comprador já pagou, mas o falido ainda não entregou o bem, o administrador judicial poderá dar cumprimento à prestação, se reduz ou evita o aumento do passivo da massa falida, ou seja, necessária à manutenção e preservação de seus ativos (artigo 118). Não havendo execução, o crédito do comprador será inscrito no quadro geral de credores, na classe que lhe corresponda. 
Se quem veio a falir foi o comprador e este já recebeu os bens, porém não efetuou o pagamento total ou parcial, o vendedor habilitará o seu crédito respectivo na falência, na classe que lhe corresponder.
Estes são os casos mais comuns, e, apesar de a maioria serem do tipo bilateral e atenderem as regras dadas a tal, existem alguns que requerem regramento especial, como veremos a seguir.
4.1 - Mercadorias em trânsito
As mercadorias em trânsito se referem a contratos de compra e venda em que o bem vendido ao falido ainda não lhe foi entregue, pago ou revendido. De acordo com a lei (art. 119, I / Lei n° 11.101/2005) o vendedor pode, nestes casos, suspender a entrega das mercadorias até que o administrador decida pela interrupção ou não do contrato. Se for decidido pela resolução o vendedor receberá as mercadorias de volta, e no caso de ser optado a continuação, ele deve entregar as mercadorias ao comprador.
Para efetividade dessa regra é imprescindível que as mercadorias não tenham ainda sido pagas, pois se foram a titularidade já é do comprador, sem questionamentos; que não tenham sido entregues, portanto não foi feita a tradição; e que também não tenham sido revendidas a outrem. Se foram revendidas a terceiros de boa-fé, esses estarão protegidos e o devedor terá de entregar a eles a mercadoria.
4.2 Venda de coisas compostas
Quando o falido vende um bem composto e não fez a entrega de tosas as partes, será aplicado o regramento geral dos contratos bilaterais, e ficará responsável o administrador para decidir o cumprimento de tal. Entretanto, caso opte pelo não cumprimento, observará regra especial. 
Para o último caso, o comprador poderá colocar aquilo que já recebeu em disposição da massa falida e pedir perdas e danos, tendo seus créditos classificados como quirografários, podendo ainda, pedir a restituição dos valores que já houverem sido pagos. 
4.3 - Venda para pagamento em prestações
Quando vendido coisa móvel a ser paga em prestações, segue-se a regra geral, onde quem decide se vai cumprir ou não é o administrador judicial. E se esse decidir que não irá dar seguimento, deverá restituir as prestações que já foram pagas e incluir este crédito em classe própria, como diz o art. 119, III da Lei 11.101/2005. Esta regra também deve ser seguida quando se tratar de contrato de prestação de serviço a ser pago em prestações. 
A lei não fala expressamente acerca da indenização a ser dada nestes casos, deixando aberta a intepretação. Portanto o que fica certo é que a restituição dos valores já pagos deve ser feita assim que o administrador explicitar vontade em não continuar com o contrato. 
4.4 - Compra e venda com reserva de domínio 
Nesse tipo de venda, é feita a venda em prestações e é dada a posse da coisa ao comprador, que pode usufrui-la livremente, contudo, ao vendedor ficará garantida a reserva de domínio, ou seja, ele ainda será o proprietário daquela coisa até que seja feito o pagamento integral, podendo reaver a coisa. Sua validade perante terceiros exige que o instrumento, estipulando a cláusula e caracterizando perfeitamente o objeto de venda, estremando-o de outras coisas congêneres, seja levado a registro no domicílio do comprador. A transferência da propriedade ao comprador dá-se no momento em que o preço esteja integralmente pago, embora o comprador responda pelos riscos da coisa já a partir de quando lhe foi entregue. Se verificada a mora do comprador, o vendedor poderá optar entre mover ação de cobrança das prestações vencidas e vincendas e o mais que lhe for devido ou recuperar a posse da coisa vendida, hipótese na qual lhe é lícito reter as prestações pagas até o necessário para cobrir a depreciação da coisa, as despesas feitas e o mais que de direito lhe for devido, devolvendo o excedente ao comprador; se, no entanto, o valor da depreciação, despesas e o que mais seja devido ao vendedor supere as prestações pagas, o que faltar será cobrado do comprador (artigo 527 do Código Civil).
Com a falência do comprador, o administrador judicial irá decidir se continuará ou não com o contrato. Para continuar deve ter anuência do comitê de credores e justificar suas razoes e para escolher a resolução, deve consultar também o comitê. 
Quando houver a resolução, a coisa deverá ser restituída e a entrega desta será exigida.
4.5 - Vendas a termo
Neste tipo de contrato o comprador e o vendedor estabelecem um termo para a entrega da mercadoria, ou seja, eles acordam entre si quando será feito o cumprimento das prestações. 
Em geral aplicam-se as mesmas regras dos contratos bilaterais, deixando a escolha para o administrador. Quando o contrato não for executado e esse se tratar de mercadorias com cotação em bolsa ou mercado, haverá reajuste no valor a contar do dia em que o contrato foi feito e o dia em que a mercadoria deveria ter sido entregue. 
Para este caso, Marlon Tomazette tem o seguinte entendimento: 
‘’[...] o ajuste entre o preço do dia do contrato e do dia da entrega é que vai definir quem tem que pagar a diferença, pois se não houvesse isso, uma das partes se enriqueceria indevidamente. Havendo variação positiva (subida do preço), haverá um crédito para o comprador, pois ele terá que gastar mais do que gastaria no cumprimento do contrato. Havendo variação negativa (queda do preço), haverá um crédito para o vendedor, pois o comprador terá que gastar menos para comprar as mesmas mercadorias (2011, p. 417).’’
5 – Promessa de compra e venda de imóveis
Quando existente um contrato com promessa de compra e venda de imóveis, se o promissário comprador viera a falir, a lei 6.766/79 vai dizer que deverá ser colocado em leilão o próprio direito real advindo da promessa de compra e venda. Nestes casos não há o que se falar em continuação do contrato, e sim, os direitos existentes desta relação agora já extintas serão transformados em valor pecuniário. Caso o promitente vendedor venha a falência, este deverá entregar o imóvel e cumprir o contrato.
Em se tratando de venda de lotes em áreas urbanas, resultado do parcelamento do solo urbano (loteamento ou desmembramento), será aplicada a Lei 6.766/79, cujo artigo 25 estabelece serem irretratáveis os compromissos de compra e venda, cessões e promessas de cessão, os que atribuam direito a adjudicação compulsória e, estando registrados, confiram direito real oponível a terceiros. Emenda o artigo 30, prevendo que a sentença declaratória de falência ou da insolvência de qualquer das partes não rescindirá os contratos de compromisso de compra e venda ou de promessa de cessão que tenham por objeto a área loteada ou lotes da mesma. Se a falência ou insolvência for do proprietário da área loteada ou do titular de direito sobre ela, incumbirá ao administrador dar cumprimento aos referidos contratos; se do adquirente do lote, seus direitos serão levados à praça. Já o loteamento e venda de terras rurais para venda por oferta pública, mediante pagamento do preço a prazo em prestações sucessivas e periódicas, ainda são regulados pelo Decreto-lei 58/37. Seu artigo 4o, b, prevê a averbação nos cartórios do registro imobiliário dos contratos de compromisso de venda e de financiamento, suas transferências e rescisões, estabelecendo o artigo 5o que a averbação atribui ao compromissário direito real oponível a terceiros, quanto a alienação ou oneração posterior, e far-se-á à vista do instrumento de compromisso de venda, em que o oficial lançará a nota indicativa do livro, página e data do assentamento. Mais do que isso, o artigo 12, § 2o, é expresso em prever que a sentença declaratória de falência não resolve o contrato; nafalência dos proprietários, dar-lhe-á cumprimento o administrador; na falência dos compromissários, será o contrato arrecadado pelo administrador e vendido em hasta pública.
6 - Contratos administrativos
Se o falido tinha vigente contratos de ordem administrativas, há de se seguir como regra o art. 78, IX da Leu 8.666/93, que vai estipular que tais contratos sejam imediatamente extintos assim que dada a declaração de falência, uma vez que as atividades daquela empresa irão se encerrar. Nas palavras de Marçal Justen Filho: ‘’A insistência em manter o contrato colocaria em risco o interesse público.’’
Nas concessões de serviços públicos também caberá a extinção, e quem tomará conta dos serviços será a administração, em obediência ao princípio da continuidade dos serviços públicos. O falido deverá indenizar pelas parcelas dos investimentos dos bens reversíveis.
7 - Locação
Os contratos de locação mantidos pelo empresário ou sociedade empresária são afetados de forma distinta pela decretação da falência, conforme o falido ocupe a condição de locador ou de locatário. No entanto, a regra geral é a mesma: a falência não resolve o contrato de locação. 
O artigo 119, VI, da Lei 11.101/2005 é quem vai tratar dos efeitos da falência quanto a estes. Sendo o falido o locador do imóvel, o contrato continuará a existir, pois ele pode gerar recursos ao falido. Neste caso, o falido ainda poderá vender o imóvel se quiser, não cabendo manutenção do contrato pelo locatário. Na falência do locador, portanto, o locatário continuará possuindo e usando a coisa locada, devendo efetuar o pagamento dos alugueis à massa falida. O locatário, todavia, não terá direito a se manter no imóvel durante todo o período contratado, nem conservará direitos acessórios, como a renovação do contrato empresarial. Se o imóvel for alienado o locatário não terá, contra o arrematante, direito de manter a relação locatícia, ainda que seu contrato esteja registrado.
Se quem falir for o locatário o administrador judicial poderá denunciar o contrato e enquanto isso não ocorrer, o contrato continuará a existir e produzir efeitos. Se o falido estava em dia com os alugueis, o administrador judicial terá o poder de denunciar o ajuste ou mantê-lo – sempre no interesse da massa, ou seja, sempre tendo em vista a valorização do ativo, a bem da melhor e maior satisfação do passivo –, hipótese na qual deverá cuidar de efetuar o pagamento dos respectivos alugueis, compreendidos como créditos extraconcursais (artigo 84, V). Se houverem entre eles aluguéis anteriores a falência, o credor deverá habilitar o crédito. Em fato, a manutenção do contrato de locação pode ser meio para reduzir o passivo da massa, considerando os valores que se auferirá com a transferência do ponto para outrem; pode também ser necessário quando se pretenda a venda da empresa em bloco, constituindo os pontos de venda a grande vantagem que se oferecerá aos interessados nesta aquisição.
Se tiver havido uma locação empresarial, ou seja, feita por um contrato que previa a exploração de atividades, que fizerem e constituíram aquele local como ponto comercial, é de direito da massa renovar compulsoriamente o contrato de locação.
8 - Mandato
Regulado pelo art. 120 da Lei aqui tratada, os contratos de mandato outorgados e recebidos pelo falido irão se resolver com a falência, ou seja, irão se extinguir, afastando o falido e os seus representantes. Já os contratos de mandato de representação judicial não irão se resolver com a falência, e sim, poderão sofrer manutenção, pois muitas vezes já foram pagos. Estes mandados judiciais continuarão em vigor até que o administrador judicial opte por contratar novos advogados.
Por outro lado, os mandatos que o falido recebeu serão, via de regra, extintos com a falência. Mas somente aqueles que disserem respeito as atividades da empresa é que serão os afetados. 
9 - Conta Corrente
Estes contratos são aqueles feitos junto a um banco, que regula suas transações debitarias e creditícias. Assim que dada a declaração da falência, as contas correntes irão cessar (lei n° 11.101/2005 - art. 121), e o saldo restante deverá ser apurado. Se o saldo ao final for favorável ao falido, o administrador judicial fará uma cobrança extrajudicial a fim de reavê-los e se não houver qualquer resistência por parte do devedor. Todavia, se os créditos apurados forem desfavoráveis ao falido, o administrador judicial deverá providenciar a habilitação de tal crédito na classe respectiva, conforme sua natureza.
Todas as contas que eram da sociedade falida serão encerradas e seus movimento e lançamentos posteriores estornados. 
10 – Contratos de sociedade
Quando o falir também fizer parte do quadro societário, como sócio cotista ou comanditário, de outras empresas que não fazem parte e não serão atingidas pela falência da sua, este será excluído como sócio daquelas e todo o patrimônio nelas existente e que a este pertenciam, serão devolvidas a massa falida. Se o contrato não dispor sobre a entrega deste patrimônio será feito pela via judicial com o prazo de até 90 dias. 
Se a resolução do sócio vier a causar dissolução da sociedade completamente, primeiro deverá ser feita a liquidação com o pagamento de todo o passivo daquela sociedade, para somente depois disso a parte cabível ao falido será apurada e paga na proporção que lhe couber. 
Tratando-se de sociedades em conta de participação, as opções irão mudar. Se o falido for sócio ostensivo a dissolução da sociedade vai ocorrer com a liquidação da conta, e se for sócio oculto, quem decide é o administrador judicial. 
11 - Incorporação Imobiliária
‘’Na incorporação imobiliária determinada sociedade empresária obriga-se a promover a construção de edifícios e a transferir a propriedade das unidades autônomas aos adquirentes, os quais, em contrapartida, se obrigam a pagar o preço ajustado (Paulo Penalva Santos, 2005, p. 427)’’. Quando declarada a falência, para contratos como o exposto, haverá extinção imediata, que não vai atingir, entretanto, os patrimônios constituídos. 
12 – Outros contratos
Ademais, seguem comentários acerca de outros contratos que estão fora da previsão da Lei de Falências, porém os quais se fazem interessante abordar, por serem comuns ao dia a dia de um empresário.
12.1 - Abertura de crédito
Neste tipo de contrato o banco se obriga a pôr à disposição de um cliente valor em dinheiro, por prazo determinado ou indeterminado, obrigando-se este a devolver a importância, acrescida dos juros, ao se extinguir o contrato. Ficando então disponível o direito de utilização daquele crédito por parte do beneficiário. 
Sendo assim, quando há a falência, e o falido é o cedente dos créditos, o contrato irá se extinguir, ao passo que, se quem falir for o beneficiário e este já tiver feito uso do dinheiro, o contrato se extinguira e se habilitara o crédito. Entretanto, se ele não utilizou nada, seguir-se-á a regras geral dos contratos bilaterais.
12.2 - Seguro
Nos contratos de seguro que estejam diante de falência da seguradora haverá a extinção deste, e os créditos que existirem deverão ser habilitados para serem recebidos no processo. Todavia, se quem falis for o segurado, por não haver legislação que preveja o que há de ocorrer nesse caso, será aplicada a regra geral dos contratos bilaterais, e o administrador decidira continuar ou rescindir o contrato. 
13.3 - Alienação fiduciária em garantia
Nesta a propriedade do imóvel é transferida para o credor, ficando o devedor na simples posse direta do bem por todo o período em que durar o financiamento. Depois de paga a propriedade volta ao devedor, e se não paga, a propriedade vai ficar com o credor.
Diante de falência do credor fiduciante, serão aplicadas as regras previstas pelo contrato garantido. Se quem falir for o devedor fiduciário, também caberá o contrato garantido e o administrador quem poderá e deverá decidir se continua ou não com aquele contrato. Se não continuar o credor pode pedir restituição do bem, alienando-o. 
12.4 - Leasing
Através de um contrato de Leasing uma pessoajurídica será arrendadora de uma outra pessoa jurídica ou física, com o objetivo de arrendar os bens o arrendamento de bens adquiridos pela arrendadora segundo especificações da arrendatária, para uso próprio desta.
Como não há uma regra especifica para tratar dos casos de falência para estes contratos, será aplicável a regra geral dos contratos bilaterais. Se o arrendatário falir e o administrador optar por não prosseguir com o contrato, o arrendante deverá restituir o bem.
12.5 - Contrato de Trabalho
Por último, mas não menos importante, é relevante mencionar também os contratos de trabalho. Não existe nem na Lei de Falências, nem na CLT, regramento que trate da situação destes contratos diante dos efeitos da falência.
Acerca disso, Marlon Tomazette expõe que:
[...] a não continuação das atividades será motivo para extinção automática do contrato de trabalho. Apenas no caso de continuação provisória dos negócios é que se pode falar em aplicação da regra geral dos contratos bilaterais, uma vez que nem sempre a atividade exigirá a manutenção de todos os empregados (2011, p. 431)’’.
Quando o contrato não for continuado, os créditos dos trabalhadores serão habilitados, e poderá incidir na aplicação, também, de multa de somente 20% sobre o FGTS. 
Se o contrato continuar, os créditos que forem posteriores à falência serão dados como extraconcursais.
Bibliografia:
Marlon Tomazette;
MAMEDE, Gladston. Direito empresarial brasileiro : falência e recuperação de empresas. 9. ed. rev. e atual. São Paulo, SP: Atlas, 2018. E-book ISBN 9788597014235.
https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/37318/o-processo-familmentar-e-seu-impacto-nos-contratos
https://luisabisceglia.jusbrasil.com.br/artigos/238924080/efeitos-da-decretacao-da-falencia (acesso em 15/11/19 - 15:32)
https://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=1780

Outros materiais