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| ANO 15 | Nº 4.888 | GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 30 DE MARÇO DE 2020 | R$ 2,50 | FUNDADO EM 23 DE ABRIL DE 2004 OHOJE.COM Paulo Guedes afirma que, como cidadão, prefere isolamento Política 6 Rensga eSports é a pioneira do Estado Jovem de 27 anos com suspeita de Covid-19 chega morto ao HCamp Um rapaz deu entrada na noi- te do último sábado (28) já sem vida no Hospital de Campanha para o Enfrentamento ao Co- ronavírus de Goiás (HCamp), em Goiânia. Ele foi trazido pelo Serviço de Atendimento Mó- vel (Samu) de Luziânia, mesma cidade onde foi confirmado o primeiro óbito. Cidades 11 PEF deve passar sem mudança no saneamento O Plano De Equilíbrio Fiscal (PEF), chamado ‘Plano Mansue- to’, pode ser aprovado sem as mudanças na área do sanea- mento básico que o Governo de Goiás almeja. A proposta é que alterasse o termo privatização, por flexibilização, ou desestati- zação, por exemplo. Política 2 Planejamento é a aposta para superar a crise As medidas para conter a pro- pagação do novo coronavírus têm impactado diretamente a economia e os negócios. Espe- cialistas alertam que o cenário será de crise, mas passível de so- luções, desde que o momento seja de planejamento. Negócios 17 Quarentena pode causar desabastecimento de água no período de estiagem Durante o período de quarentena para evitar a proliferação do Coronavírus, a tendência é que haja um grande aumento no consumo de água em Goiás e em todo país. A situação levantou uma nova preocupação no Estado, o risco de de- sabastecimento no período de seca. De acordo com a secretária de Meio Ambiente e Desenvol- vimento Sustentável de Goiás, Andreia Vulcanis, a pasta já busca meios de driblar as baixas nos rios. “Essa é uma variável que não contávamos e agora vai estar sendo estruturada para absorver esta nova dinâmica social”, afirma. Cidades 10 Ainda não chegou a nossa hora JOãO PEdRO PORtiNARi LEãO Opinião 3 � LEia nas CoLunas Xadrez: Congresso Nacional aguarda crise para definir so- bre as eleições municipais. Política 2 Esplanada: Mandetta pode es- tar sendo balançado do cargo. Há potenciais substitutos. Política 6 Equipe de esportes eletrônicos é a primeira a ser desenvolvida em Goiás, dentro das modalida- des de LoL e CS:GO. Confira a en- trevista com dois treinadores e um jogador, de forma exclusiva para O Hoje. Esportes 7 Nesta semana completa exatos 30 anos do lançamento do icônico fil- me ‘Uma Linda Mulher’. Este foi o fil- me que transformou Julia Roberts em uma estrela de Hollywood e cujo enredo impressiona até hoje. Essência 16 ‘Uma Linda Mulher’ após três décadas Um gênio das cores. Assim era Vincent Van Gogh. O ar- tista, nascido em 30 de mar- ço de 1853 é considerado um dos maiores expoentes do pós-impressionismo. Essência 13 Euforia artística de Van Gogh Governo considera ter problemas de redução de evasão de rios e crise hídrica Empresas tentam evitar demissões Férias coletivas têm sido aposta de empresários nestas primeiras semanas de paralisação comercial. Cidades 11 Fome ameça famílias durante pandemia A crise desencadeada pela pandemia mundial do novo Coronavírus começa a deixar famílias goianas em situação de desespero. No Residencial Buena Vista IV, famílias pedem socorro enquanto aguardam benefícios prometidos pelo governo federal e estadual. Cidades 9 Fale O HOJE Negócios: (62) 3095-8722 Classificados: (62) 3281-4300 Leitor: (62) 3095-8772 | editor@ohoje.com.br Dólar: (paralelo) R$ 5,10 | Dólar: (comercial) R$ 5,107 | Euro: (Comercial) R$ 5,667 | Boi gordo: (Média) R$ 200,50 Poupança: 0,3715% | Ouro: R$ 266,43 | Bovespa: -5,51% Tempo em Goiânia Sol e aumento de nuvens de manhã. Pancadas de chuva à tarde. À noite o tempo fica aberto. s 31º C t 21º C Fernando Sales fala sobre a situação na Coréia do Sul, durante Covid-19 Esportes 8 Lindomar Rodrigues Rubens Salomão | xadrez@ohoje.com.br Congresso aguarda crise para definir sobre eleições A líder da bancada federal goiana, Flávia Morais (PDT), admite que o impacto do iso- lamento social para conter a pandemia de co- ronavírus segue frequente no debate entre de- putados e senadores, mas aponta que qual- quer decisão não será tomada tão cedo. Se- gundo ela, os líderes optaram por esperar a amplitude do problema para escolher entre três opções: manter a data atual em outubro, prorrogar em até seis meses ou unificar o plei- to municipal com as eleições gerais, em 2022. “No final das contas o entendimento hoje, até porque as mudanças aconte- cem muito rápido, é que é preciso esperar mais uns 40 ou 50 dias para que se pos- sa tomar um posição sobre isso”, afirma. A deputada detalha que o avanço da doença pode resultar em prazo maior de afastamen- to social, o que inviabilizaria as articulações para a vota- ção. O prazo de filiação de pré-candidatos termina neste sábado (4). Prioridade Líder do Centrão, o deputado Arthur Lira (PP/AL) afirma à Xadrez que o assunto das eleições “ronda” as conversas no Congresso Nacional, mas que a prioridade por lá “tomar medidas para combater a pandemia”. Recursos “Isso não está na prioridade das discussões. É prioridade nos municípios, com prefeitos e ve- readores. Existem vários projetos sobre adia- mento ou cancelamento do pleito. O mais justo é utilizar o fundo partidário na saúde”, afirma. Prazo máximo Segundo Lira, quem vai definir se vai ou não haver eleições é a própria pandemia. “Se tiver- mos um ciclo rápido e cair até julho, teríamos eleições. Senão fica inviável”. A Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO) can- celou a compra emergencial de 300 mil testes rápidos para o novo coronavírus. O contrato, de R$ 38,7 milhões, havia sido negociado com a empresa goiana Mawed Comercial Ltda. Cada teste teria custo de R$ 129,00. O cancelamento foi publicado em edição extra do Diário Oficial do Estado (DOE) no sábado (29), um dia depois do anúncio da compra, feita por dispensa de licitação. O governador Ronaldo Caiado (DEM) disse, numa rede social, que o cancelamento foi realizado após técnicos orientarem a análise prévia da eficácia dos insumos. “Existem alguns testes que o Ministério da Saúde apon- ta até 30% de erro. Uma compra nesse valor não pode le- var a esse grau de insegurança. Além disso, a empresa apresentada para o fornecimento não apresentou con- dições mínimas exigidas pela Controladoria Geral do Es- tado.”, complementou. Na sexta-feira, o secretário da pasta, Ismael Alexandrino, afirmou que a expectativa era de que os kits chegassem ao Estado até esta terça-feira, sendo que parte ficaria em Goiâ- nia e outra parte no interior. Estes testes são importados e revelam diagnóstico em até 20 minutos. Em nota, a SES-GO informou que o Laboratório Estadual de Saúde Pública de Goiás (Lacen-GO) irá comparar os re- sultados do produto com os testes que atualmente já são realizados para definir se a compra será refeita. Em sintonia O governador Ronaldo Caiado (DEM) postou vídeo em que o ministro da Saú- de, Luiz Henrique Mandetta, reforçava o isolamento social e condenava manifes- tações pela reabertura do comércio, ao menos por enquanto. Cutucada Na legenda, o democrata alfinetou o presidente Jair Bolsonaro ao escrever que “não é momento para achismos” e que é preciso “nortear pelo caminho téc- nico e científico”. Conflito O ministro colocou o cargo à disposi- ção durante reunião com o presidente. Perguntou a Bolsonaro se ele está pre- parado para ver “caminhões do exército carregando corpos pelas ruas”. Resulta- do: continua no posto. Entorno Já o presidente foi a Ceilândia (DF) e causou tumulto ao se encontrar com po- pulares nas ruas. Postou vídeo em que re- cebe vários pedidos para retomada dos trabalhos e disse que continua com es- forço na Justiça. Cumpra-se O Tribunal de Justiça proibiu a realização de protestos de rua que pedem a revogação de medidas de distanciamento social, decre- tadas pelo governo estadual no combate ao novo coronavírus. Segundo Caiado, alguns testes rápidos são imprecisos 2 A decisão é do juiz plantonista Adeg- mar JoséFerreira e atende pedido proto- colado pelo Ministério Público Estadual. 2 Para o juiz, as manifestações colocam em risco a saúde da população, já que rea- lizam aglomeração de pessoas. 2 A Secretaria de Saúde cancelou com- pra emergencial de 300 mil testes rápidos (R$38,7 milhões) para o coronavírus. Xadrez CURTAS t ohoje.com GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 30 DE MARÇO DE 20202 n POLÍTICA Governo cancela compra de 300 mil testes rápidos em Goiás Samuel Straioto O projeto com medidas para socorrer Estados e mu- nicípios com dificuldades fiscais, o Programa de Acompanhamento e Equilí- brio Fiscal (PEF), chamado ‘Plano Mansueto’, pode ser votado pelo plenário da Câ- mara nesta semana. Origi- nalmente, o projeto prevê ajuda aos estados que não ingressarem no Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Goiás gostaria de usar o Pla- no Mansueto para alterar pontos da lei sobre o RRF, como a flexibilização na área do saneamento. O Programa de Acompa- nhamento e Equilíbrio Fiscal ficou mais conhecido como Plano Mansueto devido ao seu autor, o secretário do Tesouro Nacional Mansueto Almeida. Na última semana, o relator da medida, deputa- do Pedro Paulo (DEM-RJ), e a equipe econômica tentavam finalizar os últimos detalhes do texto que ganhou mais ur- gência com a crise provoca- da pelo avanço da covid-19 no Brasil. O PEF é voltado para atender fiscalmente os 13 estados nota C em uma es- cala do Tesouro Nacional que vai de A a D no cumprimen- to de despesas que não con- seguirem ingressar no RRF. Em troca os estados se com- prometem a implementar medidas de ajuste fiscal como privatizações, reforma da Previdência e compro- metimento de contenção de despesas obrigatórias. Goiás está com nota C. Pedro Paulo estudava iniciativas adicionais de so- corro aos Estados para eventualmente serem ado- tadas. Um dos pontos era suspensão do pagamento de dívidas pelos Estados, o que precisaria ser aprovado por lei complementar, jus- tamente o formato do Plano Mansueto. A aprovação da medida tem sido uma das principais demandas dos governadores. Saneamento Uma das principais ques- tões colocadas pelo Governo de Goiás era a de mudança na Lei do Plano Mansueto, al- terando texto da Lei do Regi- me de Recuperação Fiscal re- lativa ao Saneamento. A in- dicação na legislação é rela- tiva a privatização. O Estado optou por vendas de ações, por meio de uma IPO. No mês passado, a secretária de Economia, Cristiane Schmidt, havia relatado durante ida à Assembleia Legislativa para prestação de contas que vi- nha trabalhando junto ao re- lator do projeto, deputado Pedro Paulo, para fazer alte- rações no texto relativo a este assunto. A proposta de mudança é para que alteras- se o termo privatização, por flexibilização, ou desestati- zação, por exemplo. “Dentro da lei federal nú- mero 159 no artigo 2º no in- ciso primeiro há a palavra privatização, o que estamos fazendo junto ao relator Pe- dro Paulo, ele é o relator do PEF, não me ajuda e é indi- ferente se a gente entrar ou não, vai ter um mês bom, mas acabou, mas o PEF é bom pois nele vai alterar a redação da lei complementar 159 e a lei 101, que é a Lei de Responsabilidade Fiscal. Se está escrito privatização, não temos o RRF, estou tentando mudar os termos, como di- minuir a participação do es- tado, desestatização, ou qual- quer coisa do gênero”, disse a secretária a época. No entanto, para o líder do governo Bolsonaro na Câma- ra dos Deputados, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), o Plano Mansueto tende a ser aprovado na próxima sema- na, mas ele destacou que até o momento não viu nenhuma movimentação relativa a área de saneamento no projeto. “Foi uma preocupação do go- vernador, ainda não ouvi ne- nhuma movimentação nesse sentido. Isso precisa ser tra- balhado, mas até o momento não há a perspectiva. Con- versei com o Mansueto, com a equipe econômica, com o Pe- dro Paulo, que é o relator, existe toda uma vontade apro- varmos o projeto. Ainda há uma preocupação do Man- sueto relativa aos bancos pú- blicos e aos estados. Ele foi apresentado no ano passado e por causa da crise do corona- vírus, algumas adaptações se- rão feitas”, disse ao O Hoje. Fôlego Os Estados e os secretários de Fazenda, por meio do Co- mitê Nacional de Secretários de Fazenda, Finanças, Recei- ta e Tributação dos Estados e do Distrito Federal (Comse- faz) reivindicam R$ 15,6 bi- lhões mensais para cobrir perdas de receitas e executar ações emergenciais de saúde, além de diversas medidas para aliviar o caixa dos Es- tados. No início da semana, o governo federal anunciou um pacote que prevê R$ 88,2 bilhões para os Estados. Par- te da implementação dessas medidas depende da apro- vação do Plano Mansueto. (Especial para O Hoje) Vitor Hugo: “Não ouvi movimentação nesse sentido (...) isso precisa ser trabalhado” Plano De Equilíbrio Fiscal (PEF), chamado ‘Plano Mansueto’, pode ser aprovado sem as mudanças na área do saneamento bá- sico que o Governo de Goiás almeja PEF deve passar sem saneamento ohoje.com GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 30 DE MARÇO DE 2020 OPiniãO n 3 Diretor Executivo Gean Alaesse Cordeiro Diretor de Redação Lucas de Godoi Silva Bancas: R$ 2,50Editora Raízes Ltda 16.880.052.0001-30 Redação: (62) 3095-8737 editor@hojenoticia.com.br | o Hoje.com: (62) 3095-8717 / 42 WhatsApp (62) 99968-8702 Comercial: (62) 3095-8722 / 29 (62) 99224-7064 comercial@ohoje.com.br | Circulação: Capital (62) 3095-8773 e Inte- rior (62) 3095-8772 circulacao@ohoje.com.br | Endereço: Rua 132-A nº 124, Setor Sul, CEP 74093-220 - Goiânia/GO Aduana brasileira mantém a rotina de apreensões em meio à pandemia João Pedro Portinari Leão Era 20 de abril de 1997. Acordei como um dia qualquer. Não tive algum sinal ou pressenti- mento do que estava por vir. Fiz o meu café da manhã, conversei com amigos na praia e fui para o mar cheio de planos para aquele lindo dia de sol. Tracei uma rota com meu windsurf e se- gui mar adentro ainda com o cabelo seco. Mal sabia eu que estava rumando ao encontro de um dos mais antigos e, por que não assim dizer, te- midos seres da terra: um tubarão-branco de qua- se quatro metros. O que aconteceu comigo naquela manhã tem muito a ver com o que estamos vivendo hoje. Des- respeitei a natureza quando me afastei além do normal e necessário para um velejador; invadi um território desconhecido e que é dos animais. Pa- guei um preço alto pela minha ousadia ou falta de respeito. Em algum dia normal, em um mercado de ali- mentos, onde nós seres humanos estávamos con- sumindo e tratando os animais sem menor respeito ou cuidado, surgiu um vírus que “atacou” uma pes- soa. O inimigo invisível que se espalhou e continua se espalhando por todo o planeta. As consequências econômicas ainda estamos tentando entender, mas as mortes, não. Elas es- tão servindo de alerta para refletirmos: até onde vai a nossa capacidade de interferir no planeta e a nossa suposta superioridade sobre a nature- za e seus animais? No momento que o tubarão me puxou para de- baixo d’água, tive a certeza que iria morrer. Por sor- te, destino, milagre, ele me soltou. Era a minha chance. Eu sabia que, se não conseguisse velejar, essa chance se transformaria na angústia de uma morte solitária, completamente inesperada. Eu ti- nha apenas 22 anos de idade. Dentro da minha poça de sangue, com uma mis- tura de gelo e pavor, tomando conta do meu cor- po e da minha mente, pensei: “Agora não, não vou morrer aqui não, não pode ter chegado a minha hora!” E, graças a Deus, eu consegui velejar de volta à vida, como conto em detalhes no livro “A Isca – Uma História Real”. Momentos de angústia e, até mesmo, de desespero podem nos rondar nesse tempo de crise. Afinal, estamos vivenciando algo novo, inesperado e assustador, que ameaça nos- sa sociedade e nossas vidas. E será desses senti- mentos fortes que tiraremos força para superar o vírus e suas consequências. “Agora não, não vamos morrer, não pode ter chegado nossa hora!” Vamos tirar força, paciência, foco e inteligência para vencer essa etapa da nossa história. Assim comoeu aprendi com meu acidente, tenho certe- za que vamos aprender também. Essa certeza vem até mesmo pelas similaridades. Enquanto era atendido no hospital, minha preocupação já não era mais se ia sobreviver ou não, mas, sim, quando mi- nha vida voltaria ao normal. A primeira etapa de volta à vida normal também foi uma espécie de quarentena. Tive de ficar três messes sem sair de casa, dois deles deitado na cama. O tempo parecia que não ia passar, mas hoje pos- so dizer que nem me lembro direto disso. Depois, foram mais sete meses até o meu médico me libe- rar para a tão sonhada “vida normal”. Iniciamos esse período de espera em prol do nos- so bem-estar. Vencido isso, também teremos de nos readaptar a uma nova etapa. Aos poucos, a vida e a economia vão voltar ao normal. Vai levar alguns meses, mas pos- so garantir que cada etapa ultrapassada nos trará uma felicidade imensa, uma fome de viver ainda maior do que aquela que está- vamos sentindo antes disso tudo acontecer. Moisés Hoyos O governo brasileiro fechou as fronteiras ter- restres com países sul-americanos no dia 19 de mar- ço, restringindo a entrada de pessoas do Suriname, Guiana Francesa, Guiana, Colômbia, Bolívia, Peru, Paraguai e Argentina. A fronteira com a Ve- nezuela foi fechada no dia 18 e com o Uruguai na noite de 23 de março. Essas medidas foram reco- mendadas pela Agência Nacional de Vigilância Sa- nitária (Anvisa) em nota técnica elaborada com a justificativa de risco de contaminação e dissemi- nação do Coronavírus (COVID-19). O fechamento das fronteiras terrestres não restringiu a entrada de brasileiros, de imigrantes com autorização de residência definitiva no Bra- sil e de profissionais em missão de organismo in- ternacional ou autorizados pelo governo brasilei- ro. Também se manteve o tráfego de caminhões de carga, ações humanitárias que demandam o cru- zamento das fronteiras e a circulação nas cidades- gêmeas, que são municípios cortados pela linha de fronteira seca, fluvial ou por obras e que têm po- tencial de integração socioeconômica. Nas fron- teiras brasileiras existem 33 cidades-gêmeas, 12 de- las separadas somente por ruas ou alguma exten- são de terra onde vivem milhares de cidadãos bra- sileiros. Portos e aeroportos internacionais não fo- ram fechados. Dessa forma o fluxo de passageiros e cargas, ainda que reduzido, continua sem inter- rupção, por ora. Do isolamento da cidade chinesa de Wuhan, em 23 de janeiro, até o dia em que a Organização Mun- dial de Saúde (OMS) anunciou a pandemia do Co- ronavírus, em 11 de março, quando foram relata- das 118 mil infecções em 114 nações com 4.291 mor- tos, passaram-se 47 dias. O primeiro caso do Bra- sil foi registrado um dia após o anúncio da OMS. Uma pessoa vinda de Wuhan estava com o Coro- navírus. A partir desse, outros casos começaram a ser registrados evidenciando que as portas de en- trada, nesse estágio inicial, eram os portos e aero- portos internacionais. Todos já sabem, com mais ou menos detalhes, o desenrolar da pandemia em nosso país. O que mui- tos não sabem é que a Receita Federal do Brasil es- teve e está na linha de frente na luta contra a pro- pagação da COVID-19. Em portos, aeroportos e pos- tos de fronteira terrestre, com ou sem barreiras sa- nitárias, o fluxo do comércio internacional, im- portações e exportações, foi afetado pelo novo Co- ronavírus, contudo não cessou. O controle adua- neiro se faz necessário nessas áreas alfandegadas e não há como deixar de promover um ambiente seguro para os intervenientes do comércio exterior, realizando procedimentos de desembaraço adua- neiro e controle de cargas e de bagagens. Não exis- te a mínima possibilidade de a Receita Federal “bai- xar a guarda” para crimes como contrabando e des- caminho, pois eles continuam ocorrendo. Em plena pandemia de COVID-19, a Receita Fe- deral apreendeu, no dia 23, no Porto de Parana- guá/PR mais de uma tonelada de cocaína que es- tava escondida em contêineres destinados à Eu- ropa. No Porto de Santos/SP outra grande apreen- são ocorreu no dia 17 de março, quando foram localizados 700 quilos de cocaína que tinham como destino à Alemanha. De janeiro até o dia 23 de março, a Receita Fede- ral do Brasil já apreendeu mais de nove toneladas de drogas ilícitas e mais de R$ 250 milhões em merca- dorias, principalmente cigarros, eletroeletrônicos, vestuário, relógios e produtos de informáticas em di- versos portos, aeroportos e postos de fronteira ter- restre. Essas apreensões comprovam que as restrições impostas pela pandemia não afetaram as ações do cri- me organizado internacional e que é fundamental que a Receita Federal prossiga com sua rotina de contro- le nas fronteiras, apresentando resultados expressi- vos na apreensão de drogas e mercadorias, mesmo em plena guerra contra a COVID-19. A Receita Federal mantém todos os postos de controle aduaneiro em operação. Estão sendo rea- lizadas as atividades de controle de carga, verifi- cação de mercadorias e verificação de bagagem para os que cruzam as fronteiras terrestres. Os Ana- listas-Tributários reforçaram sua atuação para contribuir com a sociedade nesse momento, rea- firmando o objetivo de garantir o controle adua- neiro nas atividades de importação e exportação e, principalmente, assegurar a realização das ati- vidades de fiscalização, vigilância e repressão. Os servidores da RFB estão na linha de frente atuan- do na facilitação do comércio exterior, mas agin- do também para garantir o combate ao contra- bando, descaminho e tráfico internacional de dro- gas por todo o país. Nosso objetivo é facilitar e man- ter a segurança do fluxo do comércio internacio- nal por nossas fronteiras. Nem todos podem ficar em casa. Os Analis- tas-Tributários aduaneiros seguem trabalhan- do e contribuindo para a segurança da socie- dade. A esses servidores públicos brasileiros, nosso imenso respeito. Mesmo nessa hora de ex- trema dificuldade, os Analistas-Tributários e to- dos os servidores da Receita Federal do Brasil que atuam no controle aduaneiro em nossas fronteiras, não estão e nem po- dem estar em qua- rentena, pois seu trabalho e as ativi- dades que desempe- nham são essenciais e consideradas in- dispensáveis. CARTA DO LEITOR CONTA PONTO INTERAJA CONOSCO Moisés Hoyos é diretor de Assuntos Aduaneiros do Sindicato Nacional dos Analistas João Pedro Portinari Leão, é escritor e empresário Quarentena A melhor forma de se manter dentro de casa é assistindo bastante filmes. Nessa quarentena eu estou aproveitando para colocar as séries também em dia. É uma ótima forma de passar o tempo. É importante que os pais, neste momento, auxiliem os pequenos a assistirem vídeos educativos para exercitar o cérebro. Além dessas medidas, para evitar o contágio do coronavírus, torna-se de ex- trema importância que as pessoas se conscienti- zem e façam uma higienização constante. Ini- ciativas como essa vão impossibilitar e reduzir o risco de transmissão, pois não sabemos a que qua- dro essa doença pode evoluir. E, por último, de- vemos praticar o isolamento social. O abraço, bei- jo e afago devem ficar para depois. Neste mo- mento vamos nos preocupar com a nossa saúde para passar por mais esse desafio. Felipe Roldão Goiânia Preço abusivo Os preços dos produtos realmente estão mais alto do que os cobrados antes após esses casos do co- ronavírus na nossa cidade. Em um supermercado aqui perto de casa o preço do arroz está pratica- mente o dobro. Também vi relatos em redes sociais em que o valor do arroz está em R$16. Por mais que tenha uma crise, as coisas não serão resolvidas as- sim. Neste momento os donos dos grandes super- mercados são os que mais estão ganhando dinhei- ro. Então, por que cobrar esses valores abusivos para os consumidores? Os cidadãos também estão errados em querer estocar grande quantidade de alimento, sendo que não foi recomendado pelas au- toridades do Estado. Espero que isso se normalize o mais rápido possível. Janaína da Silva Goiânia Lugar de gente é em casa Porque ninguém está respeitando a quarentena imposta peloCaiado? Porque essa controversa en- tre o Caiado e o Bozo? Lembrando que, Bozo, não é um apelido de carinho, até porque sou totalmente contra ele e suas atitudes, espero mesmo que ele es- teja com essa doença, nunca desejei mal a ninguém mais ele merece, vou torcer para que na próxima eleição ele não seja eleito. Camila Gonçalves Goiânia { Ou funciona o isolamento em dois meses ou vai ter que liberar, porque a economia não pode parar senão desmonta o Brasil O ministro da Economia, Paulo Guedes, afimou ontem que o País não suporta iolamento social superior a dois meses, sob risco da economia colapsar. Não chegou a nossa hora @jornalohoje “daqui uns dias teremos dois problemas, o povo passando fome e o vírus que irá conti- nuar aí”, comentou o internauta sobre medi- das tomadas para controlar a Pandemia do Coronavírus. Leonardo Lourenço @ohoje “deus continue abençoando e as pessoas colaborando para que não aumente o ín- dice de infectados”, comentou a inter- nauta sobre número de infectados pela Covid-19 em Goiás. Sueli Camargo @jornalohoje Pedido de demissão da comentarista Ga- briela Prioli, da CNN Brasil, foi um dos as- suntos mais discutidos no twitter. Aos colaboradores do O Hoje: Artigos para este es- paço devem conter no máximo 4.000 caracteres e também podem ser divulgados no portal ohoje.com. São analisados os textos enviados, com foto e assi- natura, para editor@ohoje.com.br. Cartas não podem ultrapassar 800 caracteres e o endereço para envio é o mesmo dos artigos. Mais informações podem ser obtidas pelo (62) 3095-8742. 4 n ECONOMIA ohoje.com GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 30 DE MARÇO DE 2020 POLÍTICA n 5 ohoje.com GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 30 DE MARÇO DE 2020 6 n POLÍTICA ohoje.com GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 30 DE MARÇO DE 2020 “Eu, como cidadão, seguindo o conhecimento do pessoal da saú- de, ao contrário, quero ficar em casa e fazer o isolamento”, afirmou o ministro da Economia. O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ontem (29) que é preciso “respeitar as opi- niões dos dois lados” ao falar sobre o isolamento social feito pela população, sob recomen- dação do Ministério da Saúde, para frear a expansão do con- tágio pelo covid-19. Ele disse entender a recomendação dos médicos embora, como econo- mista, preferisse a volta de to- dos à normalidade. “Vamos conversar sobre isso de uma forma construtiva. Eu, como economista, gostaria que pudéssemos manter a produ- ção, voltar o mais rápido possí- vel. Eu, como cidadão, seguindo o conhecimento do pessoal da saúde, ao contrário, quero ficar em casa e fazer o isolamento”, disse, em videoconferência com representantes da Confedera- ção Nacional dos Municípios, no início da tarde. Guedes acrescentou que, apesar da importância do iso- lamento para a saúde pública, a economia não suportará mais que dois meses estagnada. “Essa linha de equilíbrio é di- fícil, mas é uma questão de dois meses para rachar para um lado ou para outro. Ou funcio- na o isolamento em dois meses ou vai ter que liberar, porque a economia não pode parar senão desmonta o Brasil todo”. Para o ministro, um tempo de isolamento maior que esse pode provocar um “desastre to- tal”, com um cenário de desa- bastecimento, aumento de ju- ros e da inflação. Fundeb O ministro opinou também sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educa- ção Básica (Fundeb), tema de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que tramita no Congresso. Ele contrariou o relatório, que prevê um au- mento gradual na complemen- tação de recursos do feita pela União para estados e municí- pios, e sugeriu a manutenção do valor atual. “Podíamos, excep- cionalmente, renovar o Fun- deb como é hoje, por dois, três anos, para o dinheiro exceden- te ser mandado para a saúde. Se for aumentar o Fundeb agora, vai faltar pra saúde.” Orçamento “sem carimbo” Durante uma hora e meia de videoconferência, Guedes ouviu as demandas de prefeitos de to- das as regiões do Brasil e de- fendeu que a verba liberada para os estados não tenha uma destinação definida. Para ele, os prefeitos deveriam ter liberda- de de alocar os recursos nas áreas em que quisessem. “Tudo que é Orçamento é carimbado, isso é ruim. O dinheiro devia es- tar solto. O prefeito, que está na ponta, é que sabe o que ele está precisando, se é comprar uni- forme pras crianças ou comprar o teste de saúde, comprar ven- tilador pulmonar. O gestor pre- cisa ter essa flexibilidade.” O ministro também apoiou a aprovação do Projeto de Lei do Congresso (PLN) nº 2, que seguia para votação no plená- rio do Congresso quando a cri- se do coronavírus e o isola- mento interromperam o rit- mo de votações. O PLN 2 alte- ra a atual Lei de Diretrizes Or- çamentárias (LDO) e regula- menta a execução de emendas parlamentares impositivas e coloca critérios que podem im- pedir a obrigatoriedade de emendas parlamentares indi- viduais ou de bancada. Ao defender o PLN e a des- centralização dos recursos pú- blicos, Guedes afirmou que, se o dinheiro “ficar em Brasília”, irá para “privilégio de aposen- tadoria” e “para a Venezuela”. “O que queremos é mais re- cursos para os municípios. O di- nheiro tem que ficar na ponta. Se o dinheiro ficar com Brasília, vira dinheiro para privilégio de aposentadoria, vira dinheiro para a Venezuela, vira estádio de futebol, em vez de virar hos- pital. Nós não acreditamos na centralização dos recursos, acre- ditamos no dinheiro na ponta, onde o povo vive.” O ministro também defen- deu a aprovação do Marco do Saneamento e do Plano Man- sueto, esse último uma deman- da dos prefeitos. O Projeto de Lei Complementar 149/2019, conhecido como Plano Man- sueto, implementa um novo programa de auxílio financeiro a estados e municípios. A pro- posta prevê a concessão de em- préstimos com garantia da União para estados com difi- culdades financeiras. Em troca, o governos locais terão de en- tregar um plano de ajuste ao Te- souro Nacional, que prevê o aumento da poupança corren- te ano a ano. (Agência Brasil) “Eu, como cida- dão, quero ficar em casa e fazer o isolamento”, afir- mou o ministro da Economia O presidente questionou protocolos da saúde Esplanada Leandro Mazzini | reportagem@colunaesplanada.com.br Guedes ponderou que apesar da importância do isolamento a economia não suportará mais que dois meses estagnada O presidente Jair Bolsonaro visitou diferentes regiões administrativas no Distrito Federal ontem (29). Ele foi ao Hospital das Forças Armadas (HFA) e a supermercados e comércios abertos em diferentes locais da capital Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada na parte da manhã. Ele foi ao HFA, mas não informou a razão. Além disso, passou pelas regiões administrativas de Sobradinho, Taguatinga e Cei- lândia. Esses últimos são as áreas mais populosas do DF. No retorno ao Palácio da Alvorada, o presidente voltou a reforçar sua posição pela abertura dos comércios. “Te- mos problema do vírus? Temos. Devemos tomar cuidado com os mais velhos. Mas temos a questão do desemprego também. O emprego é essencial. Se o Brasil não rodar, mui- tos vão perder o seu emprego”, declarou. O presidente questionou protocolos das autoridades de saú- de, dizendo que nem sempre devem ser seguidos. “Quantas vezes o médico não segue o protocolo? Por que não segue? Por- que tem que tomar decisão. Chefe que sou, tenho que assumir riscos, tomar decisões. Não posso ficar em cima do muro e agin- do politicamente correto, a nação afunda. E não vou me fur- tar de assumir posições”, comentou. Em entrevista coletiva ontem, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que é preciso se preo- cupar com a economia e com atividades como logísti- ca, mas reforçou a importância de evitar aglomerações e circulação como forma de evitar que a disseminação do vírus aumente e haja uma sobrecarga no sistema de saúde. (Agência Brasil) Presidente Jair Bolsonaro visita localidades em Brasília Guedes diz que prefere isolamento Mandetta balança O presidente Jair Bolsonaro não acei- ta quem lhe faz sombra no cargo. Onyx Lo- renzoni dançou da Casa Civil porquese empoderou. O próximo alvo é o ministro da Saúde, Luiz Mandetta – que vem dan- do exemplo na crise do coronavírus. Fato é que Bolsonaro quer expulsar o DEM de Rodrigo Maia do Governo. Mandetta dei- xou o cargo à disposição há dias, mas fi- cou para não piorar a situação. Um subs- tituto potencial será Antônio Barra, pre- sidente da (inepta) Anvisa e oficial militar. Cogita-se também o médico e deputado fe- deral Osmar Terra, ex-ministro da Cida- dania. A saída de Bolsonaro às ruas ontem, e seus atos contrariando as orientações do ministro, semana passada, conotam que o chefe o força a se demitir. Cadê o BB?.. Caixa, BC e BNDES aparecem com o pre- sidente Jair Bolsonaro em anúncios de pro- gramas para turbinar a economia. Mas o Banco do Brasil sumiu desde o início. .. Sumiu O BB é de capital misto, com ações na Bolsa. Mas tem uma carteira gigantes- ca de programas para rurais e comer- ciantes. E ainda não adiou cobrança de empréstimos. Justa causa O PRTB espera ser o destino da maioria dos 28 deputados federais bolsonaristas que deixaram o PSL e alegam perseguição, junto ao TSE, para justificar a mudança de sigla. Hackaedos A Shell, empresa do grupo Cosan, tem sofrido ataques de hackers localizados fora do Brasil. O episódio causa transtor- no na operação e prejudica milhares de clientes e consumidores. O início dos ata- ques ocorreu em uma pequena empresa do grupo, mas rapidamente atingiu outras, dentre elas a Shell. Perda$ O caso é tão grave que a empresa precisou recorrer a sistema paralelo de faturamento, que funciona mal, segundo fontes. Há relatos de que a Shell não consegue saber que clientes efe- tuaram pagamentos e quais estão em dívida. O mais preocupante é que ninguém sabe quando a Shell conseguirá resolver o problema, refém dos hackers. Buzina travada A turma da prefeitura de Belém, aliada ao deputado Eder Mauro, convocou os alia- dos para uma mega carreata ontem pró- abertura do comércio, contrariando deter- minação do Governo de fechar tudo. O De- tran interceptou o líder da comitiva (Li- cenciamento do carro sem pagar desde 2015, e R$ 22 mil em multa). E apreendeu todos os outros. Plim x pum! Na campanha de 2018, Bolsonaro teve reu- nião com os irmãos Marinho da TV Globo na an- tiga residência do falecido patriarca, no Cosme Velho. Paulo Guedes, que intermediara encon- tro, ficou preso no trânsito em Laranjeiras e não presenciou. Não revelaram a ele o que houve lá. Desde então, é uma guerra Jair x Globo. E vem mais aí. Turma da maçã No município Flores do Piauí, a Coluna apurou que 11 nativos da mesma família que voltaram da colheita da maçã de Santa Catarina foram confinados numa escola. Saíram ontem, para casa, sem confirmação de infecção por co- ronavírus. A determinação foi da prefeitura, acolhendo decisão do Ministério Público. Ou- tras famílias procedentes de várias regiões são monitoradas em casa, sem poder sair. Corte O líder do Cidadania, deputado Arnaldo Jardim, articula com Rodrigo Maia, uma pro- posta para que os Três Poderes cortem 20% dos gastos. O dinheiro seria destinado a trabalha- dores, micro e pequenos empresários para su- portarem os efeitos da crise. ESPORTES n 7 ohoje.com GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 30 DE MARÇO DE 2020 O cenário dos eSports vem crescendo ao redor do mun- do. Aqui no Brasil, já pode- mos encontrar muitos even- tos com grande presença do público e bastante enga- jamento. Qual é a sensação de fazer parte dessa moda- lidade emergente? Theycallmelouise: A sen- sação de fazer parte disso é simplesmente incrível, não consigo pensar em nenhum adjetivo mais adequado que este, nem parece que é ver- dade. É até clichê eu dizer isto, mas é definitivamente aque- le discurso do sonho se tornar realidade. “Galileu”: A sensação é muito boa. É muito bom ver os campeonatos lotados, sen- tir a energia extraordinária da torcida em cada jogada. "RNS Kita": Para mim é bastante gratificante fazer parte desta comunidade. Acompanho desde mais novo quando tudo ainda estava muito no começo. Então, fazer parte dessa evolução no ce- nário é incrível, literalmente a realização de um sonho. Em que momento você to- mou a decisão de trabalhar com eSports? Games foram sempre parte da sua vida? Theycallmelouise: Res- pondendo primeiramente a segunda pergunta, sim, ga- mes sempre fizeram parte da minha vida, desde a infância, tanto nos consoles quanto no computador. Logo, este dese- jo de trabalhar com algo tão importante na minha vida sempre existiu, no entanto, vi- sualizar o eSport como uma possibilidade de carreira pro- fissional só ocorreu, de fato, quando eu tinha em torno de 16 ou 17 anos. Galileu: Sempre sonhei em trabalhar com eSports. O so- nho começou quando eu fui a uma loja de games que tinha uma máquina de taito do Street Fighter. Nessa loja, ti- nha campeonatos semanal- mente e eu marcava presen- ça em todos. Precisei me afas- tar porque minha mãe acha- va o lugar perigoso. Nessa época, eu não conhecia os consoles como Playstation e Super Nintendo. Em 2014, en- trei na universidade e três anos depois em 2017 me tor- nei coach do Sharks UFG e vencemos competições re- gionais (Campeão Estadual e Regional TUES GO 2019/1 - LoL, vice-campeão dos JUGs 2018 - LoL). Os games sempre fizeram parte da minha vida! RNS Kita: Os games sempre fizeram parte da minha vida, desde os consoles até começar com os jogos online. Em rela- ção ao sonho de ser profis- sional, desde mais novo - com 11 ou 12 anos - eu assistia ao meu irmão mais velho que jo- gava LoL e, para ser bem sin- cero, ele sempre foi a minha inspiração para começar a jogar. Desde quando comecei, eu sonhava em ser Pro Player, porém ainda era apenas um sonho, eu era muito novo e não tinha habilidade o sufi- ciente. Mas posso dizer que sempre quis trabalhar com eSports e estar onde estou é muito gratificante. Como é o incentivo na cate- goria? É uma área que pode render muito futuro para quem pratica? Theycallmelouise: Quan- to a esta pauta, eu diria que o contexto brasileiro que en- volve o eSport ainda não apresenta incentivo o sufi- ciente na categoria. Porém, eu sou uma pessoa deveras oti- mista quanto a isso, levando em consideração o cenário competitivo no exterior, então acredito que é somente uma questão de tempo para que o incentivo torne-se adequado ao crescimento dos jogos ele- trônicos no Brasil. E concer- nentemente à segunda ques- tão, eu diria que definitiva- mente, pois o eSport está se expandindo de todas as ma- neiras possíveis em todos os locais do mundo e hoje em dia já é possível visualizar uma carreira duradoura na área e, como dito previamente, sou bem otimista nesse aspecto e acredito que daqui a alguns anos o eSport, de maneira ge- ral, será enxergado da mesma maneira que o esporte con- vencional. Galileu: O incentivo é bom, mas pode ficar melhor. É uma área que está se valorizando com profissionalismo a cada dia que passa. E, sim, pode ren- der muito no futuro. RNS Kita: Por ser uma mo- dalidade relativamente nova no país, eu vejo que não há muito incentivo. Porém, mes- mo no início eu acredito que possa ser bem promissora aqui no Brasil, acredito que só tende a crescer cada vez mais e ser cada vez mais reconhe- cida também. Qual é o tamanho do signi- ficado de se representar o estado de Goiás no cenário nacional? Até onde a Rens- ga pode chegar? Theycallmelouise: É gi- gantesco! É uma grande hon- ra fazer parte dessa organi- zação e, honestamente, com a infraestrutura que a Rensga tem e a dedicação de todo mundo envolvido neste time, não consigo nem imaginar um limite para a Rensga. Pode ter certeza que nós vamos trazer muitos títulos e muita alegria para o nosso Goiás. Galileu: O significado é ex- traordinário! É a realização de um sonho. A Rensga pode chegar ao Mundial, só de- pende de nós agora, do nosso esforço individual e coletivo. É ter foco e treinar diaria- mente que tudo vai dar certo. RNS Kita: A responsabili- dade é enorme. Sei que mui- tas pessoas sonham em es- tar onde eu estou, então re- conheço o peso que carrego ao vestir a camisado time. Porém, espero dar sempre o meu melhor e representar bem não só o time, mas honrar o sonho de todos aqueles que também que- rem chegar aqui e as pes- soas que torcem por mim. A Renga em si é uma organi- zação muito responsável, oferece todo tipo de apoio aos jogadores e tem um in- vestimento enorme. Acre- dito que se nós continuar- mos nos esforçando e tra- balhando duro nos treinos com toda certeza temos po- tencial de sermos um dos maiores times do Brasil. Em meio a essa pandemia do coronavírus, a prática dos games também pode funcionar como uma vál- vula de escape em um mo- mento tão conturbado da nossa história? Theycallmelouise: Abso- lutamente. Isso já é a reali- dade de inúmeras pessoas que cotidianamente têm esse passatempo, mesmo antes da pandemia. Sem contar o caráter social presente nos games, que é uma pauta pou- co discutida, uma vez que é uma ferramenta bem efetiva de socialização e apresenta, portanto, potencial para sa- nar algumas necessidades dos indivíduos. Galileu: A prática de ga- mes é de suma importância neste momento. Ajuda so- cialmente a passar o tempo e evitar sair de casa. E por um lado é muito bom para que os meus jogadores fo- quem mais no game e fi- quem cada vez melhores. RNS Kita: Com certeza sim. Acredito que assim como eu, muitas pessoas usam os games como uma forma de fugir de uma realidade conturbada ou uma forma de lidar com certos problemas. Então, com certe- za ajuda muito nesse mo- mento tão conturbado. Luiz Felipe Mendes Especial para O Hoje No ano passado, a Rens- gaeSports emergiu no ce- nário dos esportes eletrôni- cos. Em 2019, o time adqui- riu uma vaga no Circuito Desafiante de LeagueofLe- gends, a segunda divisão brasileira. O grupo não con- seguiu se classificar, mas ganhou notoriedade e pôde se estruturar ainda mais em 2020, incluindo uma nova equipe para a disputa de CounterStrike: GO, a inauguração do complexo Orbi Gaming e jogadores de nível elevado em dife- rentes categorias. Conversamos com dois treinadores, ou coaches - Willian HayatoUmehara, de 27 anos, com o nick (ape- lido) de “Theycallmeloui- se”, e Wesley Borges, de 26 anos, com o nick “Galileu” -, além de um jogador, ou player, de CS:GO - Rodrigo YudiKita, de 20 anos, com o nick “RNS Kita”. O objetivo final da Rensga é representar cada vez melhor o estado de Goiás, e cada membro sabe de sua responsabili- dade. A tarefa é árdua, so- bretudo porque os eSports ainda estão evoluindo no nosso país, mas aqueles que participam tentam dar o máximo de si. Wil- liam, por exemplo, mora em São Paulo, é graduado em Arqueologia e mes- trando de História. Não é fácil conciliar as duas ati- vidades. Contudo, a Rens- ga dá sinais de que pode melhorar cada vez mais. } A Rensga pode chegar ao Mundial, só depende de nós agora, do nosso esforço individual e coletivo. É ter foco e treinar diariamente. || Rensga, a representante goiana EntrEvista | Rensga espoRts Fotos: Alan Moreira Pedro Henrique fala sobre paralisação em Portugal CORONAVÍRUS O número de vítimas mor- tais do coronavírus em Portu- gal aumentou em menos de vinte e quatro horas de seten- ta e seis para cem. O número de infectados confirmados cres- ceu 21,1%, chegando a 5.170. Com isso a recomendação do isolamento total em seus la- res só aumenta. Um dos bra- sileiros que vive na terra lusa é o atacante Pedro Henrique, que atualmente defende as cores do Feirense. O jogador de 23 anos já imaginava que os campeonatos europeus se- riam afetados e não ficou sur- preso com a paralisação: “Es- távamos à espera”. “Está uma situação crítica, onde que nós só podemos sair de casa para pode fazer compras. Corremos o risco de tomar multa ou até mesmo sermos presos, se for o caso de ser pego na rua”, ressaltou o atacante. Antes da paralisação, o Feirense vinha fazendo uma excelente campanha na Li- gaPro, a segunda divisão portuguesa. Os fogaceiros, como são chamados ocupam a terceira colocação e Pedro Henrique chegou para aju- dar a equipe, já tendo feito três gols em sete partidas. O atacante falou como foi a conversa do clube com os de- mais jogadores. “Foi uma situação tran- quila. A direção já vinha nos alertando sobre a situação que estava por vir, então já esperávamos pelo “pior”, dis- se o brasileiro. O jogador está desde a temporada 2018/19 atuando em Portugal, mas Pedro Hen- rique sempre dá um jeito de falar com seus familiares aqui de Goiás e orientar e atualizar o que tem passado longe de casa. “Conversamos sempre so- bre a nossa saúde. Infeliz- mente no momento essa é a maior preocupação, tanto com familiares e amigos”, fa- lou Pedro Henrique. Apesar de poder somen- te sair do isolamento para fazer compras para quando precisar, Pedro Henrique disse ainda não faltar ali- mentos nos comércios, mas o mais difícil tem sido achar o álcool em gel. “Ultimamente nem nas redes sociais estamos achando, mais pelo fato de muitas empresas e até mes- mo famílias estão compran- do de grande quantidade para estocar em casa”, rela- tou o jogador brasileiro. Sem futebol por tempo in- determinado, Pedro Henri- que busca um jeito de se dis- trair enquanto a bola não volta a rolar. O atacante con- tou o que tem feito nesse tempo isolado em casa. “Vejo bastante seriado, fil- mes. Ainda me aventuro nos jogos virtuais, além de fazer sempre chamadas de vídeo com familiares e amigos. Te- nho também aproveitado o tempo e me dedico em trei- namentos específicos passado para fazer em casa. Vamos se se virando na melhor manei- ra possível para não ficar “maluco”, concluiu o atleta do Feirense. (Victor Pimenta, especial para O Hoje) 8 n ESPORTES ohoje.com GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 30 DE MARÇO DE 2020 Atacante chegou nesta temporada ao Feirense Assessoria do Feirense A pandemia mundial do coronavírus paralisou quase todos os campeona- tos do mundo. O esporte e mais precisamente o fute- bol foi uma das primeiras modalidades a sofrerem com o vírus, primeiro a decisão foi de atuar com portões fechados, mas não mudou e nem afetou a pa- ralisação que aconteceu dias depois. Mas a situação não é diferente a quase 12 mil km de Goiás. O ex-atacante do Goiás, Tiago Real, que vestiu as cores do esmeraldino em 2014, onde fez um gol em 37 jogos, está passando pela primeira experiên- cia internacional. O atleta assinou com o Al-Muhar- raq, do Bahrein, no ano passado após ter passado por tradicionais clubes brasileiros, como o Cori- tiba, Palmeiras, Joinville, Naútico, Bahia, Vitória e Ponte Preta. O atacante vive a me- lhor fase da carreira, com oito gols marcados e sete assistências. Os números são extremamente positi- vos. Em 21 jogos disputa- dos, foram 15 vitórias, três empates e outras três der- rotas, aproveitamento de 76,19%. A equipe do brasi- leiro é uma das fortes can- didatas ao título do cam- peonato nacional e da copa. No entanto, assim como o restante do mundo, por lá, as competições fo- ram afetadas por conta do novo coronavírus. “Nós já vínhamos jo- gando com portões fe- chados e, como já estáva- mos mais para o fim da temporada, foi decidido por adiar os campeona- tos. Todos os atletas fo- ram liberados. Com isso, os jogos que faltavam fi- carão para o mês de julho e, na sequência, em agos- to, já começaremos a tem- porada 2020-2021”, reve- lou o atleta, que está pró- ximo de completar 400 jogos como profissional. Sobre o coronavírus, a situação no país é relativa- mente segura, é o que ga- rante o meia. “Aqui come- çou há um mês, no final de fevereiro. Por precaução, o Rei decretou o fechamento das escolas e orientou a população sobre os cuida- dos com o vírus. Na sema- na passada foi quando fi- cou mais séria a situação, por conta da morte de um casal. A partir desse mo- mento, o Rei decidiu tomar medidas mais drásticas como o fechamento de vá- rios estabelecimentos co- merciais e a suspensão dos campeonatos esportivos. Pelo o que nos passam aqui, o vírus está bem con- trolado, são pouco mais de 250 casos no país. O cuida- do é bem grande, estamos em uma ilha, pode ser mui- to perigoso se a situação sair do controle”, concluiu.(Felipe André, especial para O Hoje) Ex-Goiás, atacante relata situação segura no Bahrein CORONAVÍRUS Victor Pimenta Antes da pandemia do co- ronavírus tomar conta da Eu- ropa e se propagar nos outros continentes, na Ásia onde tudo começou, a Coréia do Sul foi um dos mais países mais afetados pelo Covid-19. Por ser próximo a China, o país chegou a ter mais de sete mil casos confirmados. Em pouco tempo, Seul conseguiu desacelerar as infecções e diminuir até mesmo o número de casos. Tudo isso sem parar co- mércios, indústrias e a vida social. Atualmente na Co- réia do Sul existe “apenas” nove mil casos e menos de cento e sessenta mortes. Atualmente treinador da equipe Sub-23 do Ulsan Hyun- dai, o brasileiro Fernando Sa- les comentou como foi a pa- ralisação no futebol, quando o time treinava antes mesmo do campeonato se iniciar. “Nós estávamos em pré- temporada na cidade de Jin- ju, na Coréia do Sul, e quan- do retornarmos a Ulsan já nos impuseram algumas restrições, porém nada tão grave. Logo passado isso, dois a três dias eles cance- laram todas as atividades”, comentou o treinador. Antes de se mudar para a Coréia do Sul, Fernando Sa- les, de 40 anos, treinou dois clubes tailandeses, o Yasot- hon FC e mais recente, o Ka- setsartUniversity. A pedido do clube, ele voltou ao seu antigo país até que as coisas se estabilizassem em Ulsan. “Eu agora estou na Tailân- dia, pois tive de sair da Coréia a pedido do clube. Porém, ago- ra já estamos retornando, pois, o clube já nos passou tranqui- lidade e os treinos devem re- começar em abril”, ressaltou Fernando Sales Por conta da pandemia do coronavírus, a diretoria do Ulsan Hyundai comunicou a comissão e seus atletas e agiu da melhor forma possí- vel, orientando em uma ma- neira de ficar longe dos locais mais afetados, assim Fer- nando Sales buscando outro país para ficar até tranquili- zar os casos na Coréia. “Eles somente nos pediram para sair do país, pois, estava um surto muito grande e que não haveria o porquê de es- tarmos lá nesse período”, dis- se o brasileiro. O treinador também fa- lou como tem sido o contato com seus familiares no Bra- sil e o que tem passado para eles nesse momento difícil e longe de casa. “Falo com eles todos os dias, até porque meus pais estão passando por problemas de saúde. No caso da minha mãe, ainda mais complicado, pois ela tem câncer e requer muito cuidado”, falou o treinador do Sub-23, do Ulsan Hyundai. O treinador que ficou gran- de parte na Tailândia nesse período de quarentena, por conta do coronavírus, não viu dificuldade na questão da ali- mentação, na procura por pro- dutos de limpeza em comér- cios, que tem sido o mais im- portante nesse momento, bus- cando somente o necessário. “Aqui na Tailândia não está faltando nada ainda, mas já dis- seram que se continuar o país viverá situação parecida com a Itália e na Coreia pelo que falo com todos. Eles também não têm sentido falta de alimentos e nada do tipo, até porque são mais conscientes nesse aspec- to que o brasileiro, que infe- lizmente tenho acompanhado e estão comprando tudo sem pensar no próximo”, contou Fernando Sales. Com a paralisação dos cam- peonatos por todo mundo, o treinador não sabe como fica- rá a situação na Coréia do Sul e acredita que mesmo que vol- te, haverá receio caso a doen- ça não volte a atacar. “Ainda não tem como ava- liar, mas com certeza nada será como antes, pois creio que haverá um certo receio por parte de todos. É um vírus e você nunca sabe onde e quan- do pode pegar”, declarou. (Es- pecial para O Hoje) Vivendo na Coréia do Sul, Fernando Sales falou sobre a situação no país e sua ida temporária para a Tailândia na época do Covid-19 Mudança nos planos Treinador chegou na temporada passada para treinar a equipe Sub-23 do Ulsan Hyundai e estava temporariamente morando na Tailândia Arquivo pessoal CIDADES n 9 ohoje.com GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 30 DE MARÇO DE 2020 Igor Caldas A crise desencadeada pela pandemia do novo Coronaví- rus começa a deixar famílias goianas em situação de de- sespero. Com o emprego in- formal em alta, principal- mente na população de baixa renda, o fechamento do co- mércio impede que muitos consigam trabalhar. Nesta si- tuação, a fome passa a ser uma ameaça real em muitos lares da Capital. No Residen- cial Buena Vista IV, famílias pedem socorro enquanto aguardam benefícios prome- tidos pelo governo federal e estadual. Existem pouco mais de 100 mil famílias cadastra- das no CadÚnico em Goiânia. O presidente da associação de moradores do bairro, Lin- domar Rodrigues Soares, aler- ta que há pelo menos 4 mil fa- mílias (3,7mil cadastradas no CadÚnico) que estão amea- çadas pela fome no local. “Al- gumas mães de família cozi- nharam o último punhado de arroz no almoço de hoje [on- tem]”, lamenta. Ele ainda afir- ma que uma carteira de tra- balho assinada é raridade no setor onde a maior parte da população sobrevive nos em- pregos informais. O setor foi duramente atingido pelo fe- chamento do comércio e iso- lamento social necessário ao combate da doença. “Aqui se instalou um es- tado desesperador. A maior parte das famílias está sem renda e a comida está nas úl- timas”, expõe Lindomar. Na casa de Divina Sueli Ribeiro, 61 anos, o pouco de arroz e óleo que restam deve ser su- ficiente para apenas mais um dia. Ela vive com seu fi- lho, Daniel Ribeiro de 44 anos. O trabalhador autôno- mo é responsável por 80% da renda que entra na casa. No entanto, ele está há duas se- manas sem trabalhar devido as restrições aplicadas ao co- mércio. “Quando ele está tra- balhando conseguimos uma renda de R$ 200 por mês”, afirma Divina. A aposentada diz que a única renda atual vem do benefício da Bolsa Fa- mília de R$ 91. Há um ano e meio Divina quebrou o fêmur e passou por uma cirurgia no Hospital de Ur- gências de Goiânia (HUGO). Ela se recuperou, mas ficou com sequelas que a impedem de trabalhar. “Eu não consigo andar de ônibus e nem carre- gar peso algum. Dependo do que meu filho traz aqui para casa”, diz enquanto mostra os poucos grãos de arroz que res- tam na dispensa da sua cozi- nha. Ela viu pela televisão que o governo federal anunciou uma ajuda de R$ 600. “Só fala- ram isso. Não disseram quem vai se enquadrar e nem como e quando esse dinheiro vai aparecer. Isso deixa a gente preocupado demais”. Idosos Lindomar, que também é presidente da Organização Não Governamental Projeto Ação Popular (PROAP), com sede lo- calizada no Residencial Buena Vista IV, diz que já agilizou parte da vacinação no local. “Eu disponibilizei a sede para a vacinação de idosos, já que fica muito longe para eles irem até o posto de saúde do bairro”. De acordo com Lindomar, pelo menos 30% da população aci- ma de 60 anos já foi vacinada no setor, elas estão incluídas no grupo de risco da Covid-19, doença causada pelo novo Co- ronavírus. Divina foi vacinada na sede do PROAP. Moradora do Residencial Buena Vista IV, Gelma Lima Santos, 38 anos, trabalha como diarista fazendo faxinas. Des- de que começaram as restri- ções para combater a epide- miaela está sem trabalho e com a maior parte da renda comprometida. A trabalhado- ra mora com suas quatro filhas em uma casa de dois cômodos. “Estamos tomando todos os cuidados possíveis para evitar a proliferação do vírus”, afir- ma. Ela diz que higieniza as mãos com frequência, mas não conseguiu comprar álcool em gel e máscaras porque o preço desses produtos estava elevado nas farmácias. Gelma tem comida sufi- ciente para alimentar sua fa- mília por um dia. Ela ainda afirma que é impossível ali- mentar cinco pessoas dentro de casa sem nenhum trabalho. “Estou precisando de ajuda. Te- nho um pouco de arroz e me- tade de um litro de óleo. Quan- do estava trabalhando, recebia e ia ao mercado para garantir alguma coisa”. As filhas de Gel- ma têm entre 6 e 19 anos e ne- nhuma delas trabalha. “A maior parte das famílias daqui estão nesta situação, principalmente as mães solteiras”, lamenta. A filha mais velha de Gelma cursa letras no Instituto Federal de Goiás (IFG) e antes da epide- mia,começaria a dar aulas par- ticulares duas vezes por semana. A renda que poderia ajudar a fa- mília também foi prejudicada pela pandemia. “Ela não traba- lhava antes porque não conse- guia arrumar emprego”, recor- da. Somando suas faxinas se- manais, o trabalho de costura para facções que fazia em casa e o benefício do Bolsa Família, ela consegue R$ 800 para so- brevivência de sua família. Toda família de Gelma tem consciência de que o isola- mento social é necessário para o combate da nova doença. “Não saímos de casa. Até minha menina de 6 anos fala que não podemos ficar saindo”. Ela afir- ma que se preocupa em pegar a doença e contaminar suas fi- lhas. “Eu penso nelas, mas ficar sem trabalhar está muito difí- cil porque precisamos sobre- viver”. Gelma concorda que o isolamento social é necessário, mas cobra celeridade na ajuda das autoridades. “Não dá para viver desse jeito sem ajuda de ninguém, somos muitas famí- lias nesta situação”. Lindomar duvida que os benefícios do governo chega- rão a tempo. “Essa ajuda que o governo está falando que vai dar parece mais uma chacota. Esse dinheiro tinha que estar depositado para ontem”. O lí- der comunitário ressalta que se a ajuda não vir com rapi- dez, as famílias vão começar a passar fome. “Estou pedindo ajuda à população porque se depender do governo, vamos passar fome”, apela o líder comunitário. Auxílio mensal Na última quinta-feira (26), a Câmara dos Deputados aprovou auxílio mensal de R$ 600 a trabalhadores infor- mais por três meses em razão da pandemia do Coronaví- rus. A mulher que for mãe e chefe de família vai poder re- ceber até R$ 1,2 mil. Ainda não foi informado a data de início do pagamento porque o benefício vai ser criado por um Projeto de Lei (PL) e pre- cisa passar pelo Senado antes de entrar em vigor. A demora no recebimento do auxílio vai resultar em fome para um grande número de famí- lias de baixa renda. De acordo com o projeto de lei, o benefício deverá ser pago a trabalhadores informais, de- sempregados e microem- preendedores individuais (MEIs). O beneficiário tam- bém deverá estar inscrito Ca- dastro Único (CadÚnico) para Programas Sociais do Governo Federal até o último dia 20 de março; cumprir o requisito de renda média (renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa, e de até 3 salários mínimos por família) até 20 de março de 2020 e ser contri- buinte individual ou faculta- tivo do Regime Geral de Pre- vidência Social. O auxílio não poderá ser concedido a quem recebe be- nefício previdenciário ou as- sistencial, seguro-desemprego ou outro programa de transfe- rência de renda federal que não seja o Bolsa Família. No caso do Bolsa Família, o bene- ficiário deverá optar por subs- tituir temporariamente o pro- grama pelo auxílio emergencial, se esse for mais vantajoso. Na última sexta-feira (27), o governo estadual anunciou a inclusão de 30 mil famílias em situação de extrema pobreza e pobreza no programa Bolsa Família até abril. Goiás tem 46 mil famílias aguardando a in- clusão e 282 mil famílias já re- cebem o benefício federal. Au- xílio alimentação receberá um acréscimo de R$ 75 por aluno para famílias que recebem o Bolsa Família. O valor é refe- rente a 15 dias. Em Goiás, 103.980 estudantes das escolas estaduais têm direito ao bene- fício. (Especial para O Hoje) Mais de 100 mil famílias de baixa renda podem passar fome por falta de renda e benefícios Fome vai chegar antes dos benefícios No Residencial Buena Vista IV, famílias pedem socorro enquanto aguardam benefícios sociais prometidos pelos governos Fome ameaça famílias Há 3,7 mil famílias cadastradas no CadÚnico no local Quer ajudar? A Projeto de Ação Popular (PROAP) está recebendo doações para aju- dar milhares de famílias do bairro Residencial Buena Vista IV. Elas estão precisando de alimentos, remédios e materiais para pre- venção de contaminação do novo Coronavírus. � Diretamente no endereço da sede: Rua Sabará, Quadra 99 Lt1 Residencial Buena Vista IV � Depósitos na Agência 0679- 3 | Conta Poupança 0039335-5 | Banco Bradesco. Favorecido: Weider Cassio da Cruz Mais informações: Lindomar Ro- drigues (62) 99290-8765 Fotos: Lindomar Rodrigues 10 n CIDADES ohoje.com GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 30 DE MARÇO DE 2020 Manoela Messias Durante o período de qua- rentena para evitar a proli- feração do Coronavírus, a tendência é que haja um grande aumento no consumo de água em Goiás e em todo país. A situação levantou uma nova preocupação no Estado, o risco de desabaste- cimento no período de seca. De acordo com a secretária de Meio Ambiente e Desen- volvimento Sustentável de Goiás, Andreia Vulcanis, a pasta já busca meios de dri- blar as baixas nos rios. Especialmente do Rio Meia Ponte, tendo uma baixa prevista para o segundo se- mestre deste ano. “Estamos fazendo toda uma estrutu- ração de precisão. Sabemos que este ano vamos ter pro- blemas de redução de evasão de rios e uma provável crise hibrida, estudos mostram isso. Toda estruturação que foi feita ano passado será feita este ano, com essa di- nâmica diferenciada de pes- soas em casa. E com as pes- soas em casa, o consumo ten- te a ser maior. Essa é uma va- riável que não contávamos e agora vai estar sendo estru- turada para absorver esta nova dinâmica social, neste período mais crítico”, disse. A secretária ainda falou da necessidade de atuação de toda a população para pre- servação da água, evitando desperdícios, atuando contra a poluição, cuidando das ba- cias hidrográficas com o plan- tio de árvores. “A necessidade de um olhar de fato proposi- tivo para a água. Além de es- perar que o governo atue. É importante que cada um de nós façamosnosso papel, seja na contenção do desperdício de água, evitar cumprir qual- quer tipo de ligação do esgo- to nas regiões que não são abrangidas pela coleta, para evitar o despejo nos rios”. Andreia ainda diz que a poluição é um elemento que degrada muito as águas. “Goiás sofre isso muito seve- ramente também. E por outro lado a gente precisa traba- lhar todos unidos para recu- perar nossas bacias. Isso en- volve plantar árvores, cercar as áreas de preservação per- manentes de nascentes, cui- dar do nosso planeta para que possamos ter água, com qualidade e disponibilidade para todos”, concluiu. O projeto juntos pelo Rio Araguaia que prevê a revita- lização da bacia do Araguaia em Goiás e no Mato Grasso já está em fase de conclusão, mas apesar disso os recursos federais que seriam destina- dos para a execução do pro- grama acabaram sendo im- pactados pela pandemia do Covid-19. Com isso, o início dos trabalhos de recupera- ção não tem data prevista. Crise Hídrica Em julho do ano passado o monitoramento da Secre- taria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentá- vel (SEMED). Identificou que a vazão do Rio Meia Ponte, responsável pelo abasteci- mento de água de Goiânia e Região Metropolitana, saiu do nível de alerta e atingiu o nível crítico 1. O órgão teve que definir ações para ga- rantir os usos prioritários e o abastecimento de água para as áreas urbanas e ru- rais atingidas. Na ocasião a Semad disse que a definição do nível crí- tico foi baseada em um mo- nitoramento das vazões entre os dias 15 e 21 de julho, e se- guiu a deliberação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte, correspondente à vazão de escoamento menor ou igual a 4,3 mil litros por se- gundo. Com esse índice, foi preciso adotar uma série de medidas para o gerencia- mento da crise hídrica na re- gião. (Pedro Moura é esta- giário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cida- des Rhudy Crysthian) Preocupados com seus quadros de colaboradores, co- merciantes e em- presários buscam meios de segurar seus talentos Risco de desabastecimento de água Governo busca meios de tentar driblar as baixas nos rios na próxima seca, especialmente do Rio Meia Ponte Um estudo técnico sobre o Coronavírus e seu impacto na saúde e na economia no Estado foi realizado pela Universidade Federal de Goiás (UFG) através da Secretaria de Planejamento, Avaliação e Informações Insti-tucionais (Secplan/UFG). O es- tudo concluiu que o número de casos de Covidid-19 tende a crescer de forma exponencial a partir do 50º caso. De acordo com a pesquisa, em Goiás, a taxa de crescimento é de 22% ao dia. Se essa tendência for mantida, o 50º caso pode ocor- rer no dia 31 de março. O Brasil segue a mesma ten- dência verificada na França e apresenta uma taxa média de 29,3% novos casos por dia. Já em um dos principais epicen- tros da epidemia no País, São Paulo, a taxa média é de 28,3% ao dia. Em comparação com o cenário paulista, os números de Goiás não são altos. Objetivos da pesquisa O objetivo da pesquisa é prever o comportamento fu- turo da epidemia em Goiás, em relação ao contexto inter- nacional e nacional, e os pos- síveis impactos socioeconômi- cos das medidas adotadas pelo governo estadual. No entanto, os pesquisadores não estão certos sobre a baixa taxa de crescimento de casos em Goiás e alertam que pode haver sub- notificação da doença. Por outro lado, esse nú- mero também pode refletir os efeitos da quarentena de- cretada pelo governo esta- dual. “Caso sejam efeitos das restrições à circulação de pes- soas, a disseminação da covid- 19 pode ser controlada”, afir- mam os pesquisadores. Medidas é impactos A pesquisa verificou que as medidas adotadas até o momento pelo governo do Estado estão alinhadas ao que foi feito na cidade chi- nesa de Wuhan, onde não há mais transmissão comu- nitária do vírus. O principal foco dos casos de infecção em Goiás está localizado em Goiânia. Segundo os pesqui- sadores, o Estado deve atuar para conter o surgimento de novos focos e evitar uma si- tuação parecida com a da Itália, onde a existência de di- versos focos dificulta a con- centração de esforços. As medidas restritivas, no entanto, geram impactos eco- nômicos significativos nas atividades de diversos seto- res, pois alteram a dinâmica de funcionamento das es- truturas de serviços e do co- mércio no estado de Goiás. A situação de emergência foi decretada no estado no dia 13 de março. E posterior- mente as atividades escola- res e de empresas foram sus- pensas. (Pedro Moura é es- tagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cida- des Rhudy Crysthian) Goiás tem taxa de crescimento de 22% ao dia de infectados Estudo mostra crescimento exponencial a partir de amanhã COVID-19 Se for para sair de casa, que seja por uma boa ação: doar sangue. Esse é o apelo que a Hemorrede Pública de Goiás faz diante da re- dução drástica nas doações de sangue em março, se comparado ao mesmo pe- ríodo do ano passado. A perspectiva é que essa que- da no estoque se acentue nos próximos dias devido ao aumento do número de casos de contaminação por Coronavírus. Apesar do iso- lamento social determinado pelo governo como forma de conter o avanço da Co- vid-19, as unidades que co- letam doações de sangue continuam funcionando normalmente. É preciso reverter o qua- dro, e só a população mo- bilizada será capaz disso. Nesse sentido, a diretora-ge- ral da Hemorrede Pública de Goiás, Denyse Goulart, explica que as pessoas que não apresentam sintomas de gripe podem manter as doações de sangue. “As uni- dades da Hemorrede se- guem funcionando, e todos os colaboradores já foram orientados sobre os proto- colos adequados para aten- der doadores e pacientes nos hemocentros”, afirma. A triagem clínica dos doadores já incluía a verifi- cação de dengue, chikungu- nya e zika. “Após a atualiza- ção dos critérios do Minis- tério da Saúde, foi incluída também a Covid-19 e ou- tras variações como a Sín- drome Respiratória Aguda Grave (Sars) e a Síndrome Respiratória do Oriente Mé- dio (Mers)”, explica Denyse. Ela destaca que a Unidade Móvel do Hemocentro, em ações externas na Região Metropolitana, segue fun- cionando normalmente. As autoridades do Mi- nistério da Saúde refor- çam que não existe evi- dência de transmissão de Coronavírus por transfu- são de sangue, porém, a indicação é que pessoas que tiveram contato com pacientes infectados ou estiveram em uma das re- giões endêmicas da Co- vid-19 fiquem impedidas de doar sangue pelo prazo de 14 dias. Já para pessoas que tenham o diagnóstico de infecção por Corona- vírus, a recomendação é que se respeite o prazo de 30 dias para a doação, a contar após a remissão dos sintomas. Os doadores atendidos pela campanha de vaci- nação contra a influenza H1N1 deverão aguardar 48 horas para doar sangue. Lembrando que não é re- comendado aos idosos, grupo mais afetado pelo Covid-19 em todo o mun- do, saírem de suas casas neste momento. Hemorrede registra novas quedas nos estoques de sangue COVID-19 Goiás sofre isso muito severamente também. E por outro lado a gente precisa trabalhar unidos para recuperar bacias t Manoela Messias Perto de completar os pri- meiros 15 dias do decreto que suspendeu toda e qualquer ati- vidade em feiras, shoppings, galerias ou polos comerciais de rua, bares e restaurantes para diminuir o contágio do Coro- navírus, comerciantes buscam formas de minimizar os pre- juízos. Empresários tentam agora evitar demissões em massa. Especialistas e entida- des classistas dão alternativas legais que podem ser adotadas neste momento de crise. Há 25 anos trabalhando no ramo de embalagens, Maria Inez Espíndula, diretora de uma empresa deste segmento, se viu em uma situação difícil. Ter que fechar as portas da sua loja, em pleno Centro de Goiânia. “Tenho 13 funcioná- rios que trabalham com car- teira assinada. Num primeiro momento eu fiquei sem sa- ber como proceder com to- dos eles, mesmo já tendo uma suspeita de que isso acontece- ria conosco, com base no que foi feito em outros países, mas quando a situação bate na nossa porta o susto é muito grande”, conta a empresária. A loja dela não possui um departamento jurídico, os ad- vogados do escritório de con- tabilidade que a empresária contratou são quem prestam esse serviço. Maria Inez re- solveu, então, dar férias cole- tivas para toda a equipe, se- guindo o que foi estipulado em convenção pelo Sindicato do Comércio Varejista de Goiás (Sindilojas). Diego Alves Aguiar é ge- rente da loja há 12 anos. Ele não vai ficar no prejuízo, mas não esconde que ficou muito preocupado tanto com o fun- cionamento do comércio quan- to com o orçamento em casa. “A gente tem salário, mas con- ta muito com a comissão das vendas. Mesmo não sendo a maior parte do valor que re- cebemos, esse dinheiro ajuda a completar a renda, por isso vai fazer falta no fim do mês”, explica o gerente. Outras possibilidades O Sindilojas estabeleceu férias coletivas por meio de convenção para lojas de vá- rios segmentos comerciais. Porém o funcionário só re- ceberá essas férias quando for gozar a segunda parte da licença. Já os funcionários de bares, restaurantes, etc foram afastados sem ne- nhuma remuneração, já que existe uma convenção cole- tiva sobre esse assunto. Em contrapartida, eles não per- dem o emprego pelo prazo de 90 dias. Outros sindicatos ainda estão negociando cláusulas para ver como li- dar com essa medida. Segundo o advogado tra- balhista Rafael Lara, além das férias remuneradas, os empresários podem optar pelo trabalho home office, caso a função do colaborador permita que isso aconteça. Para esse tipo de trabalho, o funcionário será remunerado normalmente. Existe, ainda, a possibili- dade da licença remunerada, quando o trabalhador fica em casa, recebendo o salário nor- malmente, mas depois preci- sa pagar isso em horas para a empresa. “Para ser desconta- da essa licença remunerada, o empregador pode solicitar que o funcionário faça até 2 horas extras diariamente por um período de até 45 dias”, ex- plica o especialista. Caso essa seja a opção da empresa, os trabalhadores que ganham comissão por venda perdem o direito ao benefício, mas em contra- partida, o empregador é ob- rigado a pagar o piso salarial da categoria. O esquema de desconto do banco de horas do trabalhador também pode ser usado. Posicionamento Acieg Diante dos impactos cau- sados no comércio Estadual, o presidente da Associação Co- mercial,Industrial e de Servi- ços de Goiás, (Acieg), Rubens Fi- leti, informou, em nota, que so- licitou aos governos estadual e municipal que reduzam, pro- visoriamente, impostos para os setores da economia goiana que venham a sofrer com que- da nas vendas acima de 70%, já que a situação exige medi- da de emergência para pre- servar empregos. A proposta é que haja con- versas da Associação com o governo estadual e as prefei- turas de Goiânia, Aparecida de Goiânia, Rio Verde, Anápo- lis e Itumbiara. Fileti disse ain- da estar preocupado como a si- tuação, que pode levar a fe- chamento de empresas e de- missões em massa. “A Acieg tem absoluta cer- teza que esta redução de im- postos será de baixíssimo im- pacto nas contas públicas. Acredito que a medida colo- cará Goiás e as principais ci- dades goianas em um patamar diferenciado, nacionalmente, e vai mostrar as reais preocu- pações com o setor produtivo, empresários e trabalhadores”, afirmou o Rubens Fileti. (Es- pecial para O Hoje) ohoje.com GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 30 DE MARÇO DE 2020 CIDADES n 11 Rhudy Crysthian Um rapaz de 27 anos deu entrada na noite do último sá- bado (28) já sem vida no Hos- pital de Campanha para o En- frentamento ao Coronavírus de Goiás (HCamp), em Goiânia. O rapaz foi trazido pelo Servi- ço de Atendimento Móvel (Samu) do interior do Estado e, com a morte, constatada por volta de 22h, foi feita a coleta de material para exames. Os ma- teriais coletadosforam enca- minhados para o Laboratório de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (Lacen Goiás). A Secretaria de Estado de Saúde (SES-GO) informou ape- nas que a causa da morte não foi definida e que o caso segue em investigação. Mas segundo fontes ouvidas pelo jornal O Hoje, o rapaz teria vindo de Lu- ziânia, Região do Entorno do Distrito Federal. No prontuário médico do jovem consta que ele tinha pneumonia. Já somam 58 casos de Co- ronavírus confirmados em Goiás e uma morte, de uma mulher de 66 anos, que tam- bém morava em Luziânia, mas foi transferida para o Hospital de Doenças Tropicais Dr. Anua- rAuad (HDT), na semana pas- sada. Não se sabe ainda se os dois teriam tido algum contato ou alguma relação de paren- tesco. Mas segundo fontes do O Hoje, o rapaz de 27 anos teve contato com outras pessoas no município durante o período que deveria ter ficado em iso- lamento. Além deste jovem de 27 anos, o HCamp já atendeu ou- tras 16 pessoas desde que re- cebeu o primeiro paciente na noite da última quinta-feira (26), um homem de 72 anos, es- poso da mulher de 66 que foi a primeira morte confirmada por Covid-19 no Estado. Ele respira de forma espon- tânea, mas com auxílio de ca- teter de oxigênio, se alimenta sozinho, está consciente, con- versando e estável. As infor- mações são do boletim de saú- de divulgado pela unidade des- te domingo (29). Ele passou por exames para confirmação do ví- rus, mas os resultados ainda não foram divulgados. Por meio de nota, a assessoria do HCamp afirmou que ele foi transferido da Unidade Crítica para uma unidade Semicrítica.Apesar da melhora no quadro, não há ainda previsão de alta. Mais duas mulheres e um homem estão internados, em estado grave, na Unidade Crí- tica do hospital, outros quatro pacientes estão internados em estado estável na Unidade Se- micrítica.No Estado, há mais de 1.650 casos suspeitos em in- vestigação. Outros 641 já foram descartados. A maioria das confirmações foi registrada em Goiânia (33). O HCamp conta com 222 leitos e recebe os pacientes encaminhados pela Central de Regulação do Estado. São 70 leitos para pacientes crí- ticos e 140 em estado semi- crítico. O atendimento segue um protocolo direcional e, durante o período de inter- nação, os pacientes não te- rão contato com nenhum de seus familiares. Manifestações Em meio ao aumento no número de casos de Covid- 19 no Estado, comerciantes e pequenos empresários orga- nizaram no fim de semana protestos por meio de car- reatas pela cidade para pe- direm a liberação de funcio- namento do comércio em Goiânia, ou de pelo menos parte dele. Mas ainda no do- mingo, uma liminar da Jus- tiça proibiu a realização de manifestações durante o pe- ríodo de quarentena em Goiás. A decisão do juiz Adeg- mar Jose Ferreira levou em consideração que os protes- tos e qualquer outro evento que possa gerar aglomera- ções representam “perigo eminente à saúde pública”. O magistrado acatou o pe- dido do Ministério Público de Goiás (MP-GO) e conce- deu a liminar com a obriga- ção da proibição de carreatas e passeatas até o dia 30 de abril. O juiz determinou que o governo use, se preciso, as forças de segurança para evi- tar este tipo de evento. O governador do Estado, Ronaldo Caiado (DEM), infor- mou, nas redes sociais, que re- cebeu o documento. Na publi- cação, o governador garantiu que o Estado irá cumprir a de- terminação e que já alertou os fiscais para redobrar a aten- ção.“A decisão do magistrado diz buscar a preservação da saúde dos goianos e determina que o Estado garanta o cum- primento. Será cumprido con- forme a Justiça determinou. Já informei a todos os respon- sáveis pela fiscalização em Goiás que a Justiça proibiu manifestações e aglomera- ções”, completou o governador. O rapaz foi trans- portado pelo Samu de Luziânia com morte constatada no sábado, quan- do deu entrada no hospital O rapaz teria vindo de Luziânia, mesma cidade do primeiro óbito. No prontuário médico consta que ele tinha pneumonia Empresa de embalagens deu férias coletivas aos funcionários Empresas tentam evitar demissões na pandemia CRISE Jovem com suspeita de Covid-19 chega morto ao HCamp ohoje.com GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 30 DE MARÇO DE 202012 n MUNDO Os casos de coronavírus em Los Angeles estão au- mentando, colocando a re- gião no caminho para ter tantos casos quanto a cidade mais atingida nos Estados Unidos, Nova York, em cinco dias, disse o prefeito Eric Garcetti na sexta-feira, fa- lando de um navio-hospital no Porto de Los Angeles. O número de casos no con- dado de Los Angeles subiu 50% na quinta-feira e outros 20% até meio-dia de sexta- feira, para um total de 1.465, afirmou Garcetti em entre- vista coletiva com o governa- dor democrata, Gavin New- som, a bordo do navio. Se o crescimento seguir no ritmo de quinta-feira, o con- dado vai igualar os 25.398 ca- sos da cidade de Nova York em cinco dias; se os casos au- mentarem na taxa de sexta- feira, levará apenas mais al- guns dias para alcançar a me- trópole da Costa Leste. "Nosso modelo está se mo- vendo como esperávamos", dis- se Newsom. "Em Los Angeles, eles estão vendo números que os colocam no caminho para fi- car alinhados, dentro de uma semana, onde a cidade de Nova York está atualmente." Newsom e Garcetti per- correram o U.S.N.S. Mercy Hospital Ship, instalado no Porto de Los Angeles para for- necer mais 1.000 leitos ao sis- tema médico da região. O na- vio será usado para casos que não sejam de Covid-19, para que outros hospitais possam aumentar sua capacidade de cuidar de vítimas da doença causada pelo coronavírus. O aumento da capacidade na Califórnia ocorre quando médicos e enfermeiros da li- nha de frente da crise do co- ronavírus nos EUA pediram, na sexta-feira, por mais equi- pamentos de proteção para tratar pacientes que devem sobrecarregar hospitais, já que o número de infecções co- nhecidas nos EUA atingiu mais de 100.000. Os Estados Unidos ficaram em sexto lugar no número de mortos entre os países mais atingidos, com pelo me- nos 1.551 vítimas fatais, de acordo com dados oficiais compilados pela Reuters. Em todo o mundo, há mais de 576.000 casos confirmados e 26.455 mortes, informou o Centro de Recursos de Coro- navírus Johns Hopkins. Até sexta-feira, 3.801 pes- soas testaram positivo para coronavírus na Califórnia e 78 morreram, disse Newsom. (Agência Brasil) O número de casos no condado de Los Angeles chegou a 1.465 Coronavírus: Los Angeles pode igualar Nova York Newsom e Garcetti percorreram o U.S.N.S. Mercy Hospital Ship para fornecer mais 1.000 leitos VOLTA AO MUNdO A Rússia fechará todas suas fronteiras
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