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proposta de revisão paleoclimatica

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RECOSTRUÇÃO PALEOCLIMÁTICA NO ESTADO DO PARANÁ POR MEIO DE BIBLIOGRAFIA E ESTUDO DE CASO.
Elias Machado, Rafael Adriano de Castro, Wellington Barbosa da silva, Mauricio Camargo filho.
RESUMO
	O ambiente atual é o resultado de interações ambientai pretéritas. A compreensão da paisagem atual perpassa pelo entendimento dos processos que a geraram. Um dos registos ambientais pretéritos encontrados são os paleossolos que são solos de formação natural que adquire características do local formador, sendo possível três ocorrências; exumados, relíquias e soterrados, que constituem bom testemunho ou registro desses períodos, pois possuem potencial para interpretações paleoambientais. Por esse motivo e aproveitando a ocorrência de paleossolo localizado no distrito Guará em Guarapuava – PR, o objetivo do trabalho é caracterizar o paleossolo para possibilitar seu indicativo paleoambiental para tanto foi realizado descrição de campo, analises granulometria, micromorfológica, carbono e matéria orgânica e difratometria de raios-x (DRX), aliada a quantificação semiquantitativa Relative Intensity Ratio (RIR). Em linhas gerais os resultados parciais indicam a presença de quatro fases mineralógicas além de variação significativas no teor de carbono e matéria orgânica, também foi possível observar variações granulométricas no perfil, dessa forma o presente relatório de qualificação apresenta os resultados parciais obtidos.
INTRODUÇÃO 
	As mudanças paleoambientais ocorridas no passado geológico são de extrema importância para o entendimento da evolução geomorfológica atual, se destacando o período quaternário em função das modificações climáticas globais, as quais são sentidas diretamente no processo de formação do solo, cujas variações podem alterar as características existente (WENMING HONGMING, 2015).
	Para Retallack (1991) os atributos do solo são utilizados para a interpretação dos ambientes passados através dos solos fosseis ou paleossolos. Estas têm sido bem-sucedida por se baseado em uma série de dados proxy, os quais permitem a reconstrução de ambientes do passado, De acordo com Semmel (1989), uma das funções dos paleossolos para a geomorfologia é inferir os condicionantes ambientais na qual o relevo evoluiu.
	Ciclos de mudanças climáticas, estadial e interestadial, interferem diretamente na evolução dos ecossistemas, registrando-os através dos proxy encontrados em paleossolos e outros depósitos (BECK, 1989). No caso dos paleossolos, esses registros se dão através das mudanças nos palessolos, as quais, não raro, permitem a reconstrução paleoambiental, frequentemente evidenciando flutuações ou mudanças climáticas pretéritas.
	No Brasil reconstruções paleoambientais são encontradas em todas as regiões, em especial no Sudeste e Sul do país (GOLOVATI, 2015). No estado do Paraná destacam-se as áreas estudadas em Campo Mourão, Douradina, Guarapuava, Francisco Beltrão, Icaraíma, Londrina, Pato Branco, Ponta Grossa, Porto Rico, Santa Monica e São Tomé. 
	Embora nem todos os trabalhos utilizem paleossolos como indicadores paleoambientais, estes são de importantes pois consegue preservar informações quando não sofreram modificações pedogenéticas importantes, os paleossolos, caso classificados em três grupos: relictos, soterrados e exumados. 
	Paleossolos relictos são aqueles que ficam expostos na superfície do relevo e que nunca foram recobertos por sedimentos jovens, e suas propriedades resultam de reiterados processos pedológicos ao longo do tempo (CAMARGO FILHO, 2005; BUURMAN, 1975). 
	Já os paleossolos soterrados também se formaram no passado geológico, mas ao contrário do relicto, foram soterrados por sedimentos jovens; portanto sua gênese independe das condições ambientais atuais. 
	Os exumados são paleossolos que permaneceram isolados por sedimentos sobrepostos e posteriormente, como o próprio nome diz, são exumados, frequentemente por processos erosivos. Esta exumação pode submetê-los a nova pedogênese (CAMARGO FILHO, 2005).
	No município de Guarapuava os trabalhos que buscaram caracterizar o paleoambiente local e regional, basearam-se, principalmente em material retirado de turfeira (MACHADO, 2016; SILVA, 2013). Somente Passos (2014) trabalhou com paleossolos no município, cujos resultados indicaram um material com 18 Ka AP e paleoambiente com mistura de plantas C3 e C4, com predominância de gramíneas.
	Deste modo, no distrito Guará, a aproximadamente 32 km do centro do município Guarapuava (Paraná), foi identificado em afloramento as margens da PR-364 (Guarapuava - Inácio Martins), a nível de paleossolo, aqui nominado de “paleossolo Guará”.
	Sob essa perspectiva, de que o paleossolo representa o resultado de condições ambientais pretéritas diferentes das atuais, a proposição do presente trabalho busca responder à questão: “como as informações obtidas, a partir da caracterização e análise temporal do paleossolo encontrado, podem contribuir com o entendimento do paleoambiente local e regional?”
	O objetivo geral e os objetivos específicos, podem ser alcançados por meio da caracterização dos materiais através de análises granulométricas, micromorfologia ou micropedologia, análises de matéria orgânica e carbono orgânico, difratometria de raios-x, aliada a quantificação semiquantitativa.
MATERIAL E MÉTODOS
	O mapa foi desenvolvido por meio de revisão bibliográfica de 50 artigos especializados do tema, no foi retirado informação sobre o paleoclima do Paraná, estabelecendo classes para clima úmido, semi árido, árido, e seco, conforme nomenclatura referenciado nos próprios artigos.Por meio das informações obtidas foi separado em 4 
períodos Plestoceno, Holoceno inferior (Greenlandian), médio (Northgrippian) e tardio (Meghalayan). 
	Foi utilizado o software arcgis, com a ferramenta de interpolação de dados para formar as áreas de interpolação que estão relacionadas a área de transição 
DISCUSSÕES
Mudanças ambientais quaternárias
	O quaternário pertence ao último período geológico no qual foi utilizado pela primeira vez em 1829, por Jules Pierre François Stanislaus Desnoyers (1800-1887), mas somente em 1833 que foi formalmente oficializado com Reboul (1763-1839). O quaternário é caracterizado por ser a última grande divisão do tempo geológico, sendo dividido em duas épocas: Pleistoceno, com início em 2,59 milhões de anos sendo a mais longa e Holoceno, época que tem início cerca de 11.700 anos AP e estende-se até os dias atuais. (COMISSÃO INTERNACIONAL SOBRE ESTRATIGRAFIA, 2018).
	O pleistoceno período com duração mais longa no qual foi atribuída depósitos pós-Pliocênicos que continham em seus estratos sedimentares, fósseis de espécies ainda viventes, e foi subdividido em Pleistoceno Inferior, Médio e Superior (PEREIRA, 2017).
Esse período é marcado por mudanças climáticas, com glaciações intercaladas com períodos mais quentes, estadial e interestadial respectivamente, esses eventos são cíclicos e tiveram duração média de aproximadamente 100.000 anos, sendo que estágios estadial apresentam duração média de 80 a 90 mil anos, enquanto que os estágios interestadial possuem duração menor, entre 10 e 20 mil anos (SUGUIO, 2008; BIFFI, 2019). Das inúmeras glaciações que ocorreram, consideram-se 5 principais, cuja nomenclatura utilizada é variável conforme o continente (Quadro 1). Merece destaque a última, a glaciação, denominada Würm-Wisconsin, pois deixou muitos registros e que perdurou até o início do Holoceno. Além das grandes glaciações são identificados outros ciclos de menor intensidade, mais não menos importante para as modificações paleoambientais. Segundo Lisiecki e Raymo (2010), ocorreram 19 ciclos estadiais e interestadiais, desde o início do pleistoceno superior até a entrada do Holoceno.
	O Holoceno, por mais que seja um período geológico pequeno, se comparado com as demais épocas geológicas, é composto por acontecimentos importantes como o aparecimento do homem moderno. Além disso, essa época geológica representa a última fase interglacial (SUGUIO, 2008).
Quadro 1- Principais glaciaçõeseuropeias e na América do Norte.
	Alpes e Reno.
	Ilhas Britânicas.
	Norte da Europa
	América do Norte
	Posição no Pleistoceno
	WÜRM
Riss-Würm
	NEWER DRIFT
Ipswichian
	WEICHSEL
Eemian
	WISCONSIN
Sangamon
	Superior
(Upper*)
	RISS
Mindel-Riss
	GRIPPING
Hoxnian
	SAALE
Holstein
	ILLINOIAN
Yarmouth
	Superior
Médio
(Upper- Middle*)
	MINDEL Günz-Mindel
	LOWESTOFT Cromerian
	ELSTER
Cromerian
	KANSAN
Aftonian
	Médio
Médio
(Middle*)
	GÜNZ
Donau-Günz
	NEBRASKAN
	
	
	Inferior
(Calabrian;Gelasian*)
	DONAU/Danúbio
	
	
	
	Inferior
(Calabrian;Gelasian*)
Fonte: Salgado-Laboriau (1994).
* Nova denominação da Idade Geológica (ICS, 2018).
Do Pleistoceno para o Holoceno foi identificado cinco (EIM) estágios isotópicos marinhos (Quadro 2), que resultam dos últimos 100 Mil anos (BIFFI, 2019).
Quadro 2 - Estágios isotópicos marinhos com momentos interestadial e estadial.
	Estágio
	Momento
	Cronologia
	
	Observação
	EIM 5
	Interestadial
	130-70.000 cal. AP 
	Último interglacial (Middle-Upper*)
	EIM 4
	Estadial
	74.000 – 58.000 
	Penúltimo Estadial (Upper - Greenlandian*)
	EIM 3
	Interestadial
	24.110±4.930 - 58.930 ±556³
	Último Interestadial (Greenlandian- Northgrippian*)
	EIM 2
	Estadial
	±24.000 - 11.7004 
	Último Máximo Glacial (Meghalayan*)
	EIM 1
	Interestadial
	11.700 – Atual
	Holoceno (Meghalayan*)
Fonte; Biffe, (2019).
* Nova denominação da Idade Geológica (ICS, 2018).
	A ação cíclica dos períodos glaciais e interglaciais são associadas a diversas causas. No entanto, a teoria mais aceita é a de Milankovitch que propôs ciclos astronômicos que interferem no planeta Terra, utilizando a radiação solar em diferentes latitudes e calor planetário produzido pelo albedo, propôs modelos matemáticos onde clamou de “Clima Matemático”, no qual períodos de redução na insolação causaria o aumento das calotas polares alterando toda a dinâmica do planeta como as correntes marítimas e a circulação do ar atmosférico. Os ciclos de Milankovitch, são compostos de três parâmetros: excentricidade da órbita terrestre, obliquidade da eclíptica e precessão de equinócio, esses parâmetros atuam de forma independente durante o tempo, e são potencializadas quando ocorrem simultaneamente provocando importantes mudanças climáticas (PAROLIN, 2010; LUZ, 2014).
Mudanças de condições glaciais, com momentos mais frios com pouca precipitação e períodos interglaciais, com elevada temperatura e precipitação, são responsáveis por grande parte das transformações sofrida pelo ambiente. Essas 
modificações deixaram marcas características de sua transformação, os proxy. Tais registros permitem a reconstrução dos ambientes, o que possibilita a identificação de vários níveis de intensidade das glaciações desde as mais intensas até as mais brandas. Com isso é importante a verificação dessas condições, já que variações climáticas interferem diretamente nos ambientes alterando
sua dinâmica, como exemplo disso, a vegetação acompanha as condições que permite seu desenvolvimento e manutenção, no qual a teoria dos refúgios de Ab´Saber, (1979) consegue explicar os remanescentes de caatinga no estado do Paraná.
Mudança paleoambiental no estado do Paraná.
	O estudo de paleoambientes e mudanças climáticas se desenvolveu predominante nas regiões sudeste e sul do Brasil, no qual o Paraná ganha destaque com diversos trabalhos. A bibliografia especializada no estado do Paraná conta, com ao menos 50 pesquisas publicadas relacionadas à temática de reconstrução paleoambiental (Quatro 3) distribuídas em 26 municípios (figura 10).
	Um dos primeiros autores a indicar modificações climáticas quaternárias no estado do Paraná foi Maack, (1948), que propôs para os amontoados de grandes blocos de seixos na serra do mar a época quaternária, sob a influência de clima semiárido, indicando que o Paraná continha relíquias de um clima mais seco. 
	Bigarella, (1964) contribui para a compreensão dos ciclos climáticos no Quaternário, relacionando as oscilações glaciais e interglaciais, com o recuo e avanço da vegetação, ou seja, fazendo referência ao movimento cíclico das florestas, em função a um mosaico climático complexo.
	Segundo Lessa et al (1998), no estuário da Baía de Paranaguá a estratigrafia Quaternária identificada é completa. Composta por três fácies sedimentares regressivas e duas transgressivas, separadas por superfícies delimitadoras.
	No litoral paranaense, Ângulo et al, (2002), identificou uma variação de 4m acima do atual nível do mar, como sendo pleistocênica (Pleistoceno superior Upper), e 3,5 a 3,6m acima do presente nível marítimo, para o Holoceno, datado 14C entre 5.370 e 4.630 anos AP.
Quadro 3 - Lista dos trabalhos referente a reconstrução do paleoambiente do Paraná.
	Autor/ano
	Título do Trabalho
	Bigarella. (1946)
	Contribuição ao Estudo da Planície Litorânea do Estado do Paraná.
	Bigarella. (1964)
	Variações climáticas no quaternário suas implicações no revestimento florístico no Paraná.
	Daeon, Jabur e Thomaz. (1987)
	Paleopalinologia nos depósitos de transbordamento do rio Tibagi na folha de Ponta Grossa estado do Paraná.
	Rohn. (1988), Volume I, II.
	Bioestratigrafia e Paleoambientes da formação rio do rasto na borda leste da Bacia do Paraná (Permiano superior, estado do Paraná).
	Angulo e Absher. (1992).
	Sedimentos Paleoestuarinos da planície costeira do estado do Paraná.
	Parellada e Neto. (1993)
	Inventário de sambaquis do litoral do Paraná.
	Assine (1996)
	Aspectos da estratigrafia das sequências Pré-carboníferas da Bacia do Paraná no Brasil.
	Guerreiro e Savian. (1996).
	Caracterização Sedimentológica da Planície Interstadial da Parte Sul do Saco do Limoeiro (Ilha do Mel - Paraná -Brasil). I. Implicações Ecológicas.
	Lessa, Meyers e Marone (1998).
	Holocene stratigraphy in the Paranaguá bay estuary, southern Brazil.
	Moro e Bicudo. (1998).
	Flutuações climáticas no pleistoceno tardio e Holoceno na lagoa dourada estado do Paraná, Brasil 
	Melo, Giannini e Pessenda. (2000).
	Gênese e evolução da lagoa dourada, Ponta Grossa, PR.
	Ângulo Pessenda e Souza, (2002)
	O significado das datações ao 14C na reconstrução de paleoníveis marinhos e na evolução das Barreiras Quaternárias do litoral Paranaense.
	Melo. (2003).
	Sedimentação quaternária no espaço urbano de Ponta Grossa, pr.
	Camargo Filho. (2005).
	 O significado paleoambiental de sequência pedossedimentar em baixa encosta: o caso dos paleossolos Monjolo – Lapa – PR.
	Calegari. (2008)
	Ocorrência e significado paleoambiental do horizonte A húmico em Latossolos.
	Medeanik e Stevaux. (2008).
	Palinomorfos e partículas de carvões nos sedimentos Holocênicos na região do alto rio Paraná e sua aplicação nas reconstruções paleoambientais e paleoclimáticas
	Paisani, Pontelli e Andres. (2008).
	Superfícies aplainadas em zona morfoclimática Subtropical úmida no planalto basáltico Da Bacia do Paraná (SW Paraná / NW Santa Catarina): Primeira aproximação.
	Bauermann. (2008).
	Dinâmica Vegetacional, climáticas e do fogo com base em Palinologia e análise multivariada no quaternário tardio do Sul do Brasil.
	Rezende (2010)
	Espiculas de esponja em sedimentos de lagoa como indicador paleoambiental no NW do estado do Paraná.
	Monteiro et al.(2011).
	Primeiras considerações paleoambientais com análise de Fitólitos em sedimentos turfosos nos campos gerais do estado do Paraná.
	Guerreiro. (2011).
	Paleoambientes Holocênicos da planície do alto Tibagi, Campos Gerais, sudeste do estado do Paraná.
	Raitz. (2012).
	Coleção de referência de silicofitólitos da flora do Sudoeste do Paraná: subsídios para estudos paleoambientais.
	Guerreiro. (2012).
	Distribuição e análise de sedimentos turfosos Holocênicos na planície do alto Tibagi, Campos Gerais, Paraná.
	Guerra. (2012).
	Abrangência espacial e temporal da Morfogênese e Pedogênese no Planalto de Palmas (PR) e Água doce, subsidio ao estudo da evolução da paisagem Quaternária.
	Marcotti. (2012).
	Paleogeografia do pleistoceno tardio e Holoceno na região baixo curso do rio Ivaí - Icaraíma e Santa Mônica/PR.
	Paisani et al. (2013).
	O papeldas mudanças climáticas do Quaternário Superior na dinâmica evolutiva de paleovale de segunda ordem (Sul do Brasil).
	Bertoldo, Paisani e Oliveira. (2013).
	Registro de Floresta Ombrófila Mista nas regiões Sudoeste e Sul do estado do Paraná, Brasil, durante o Pleistoceno/Holoceno.
	Fachin. (2013)
	Quadro evolutivo de paleocabeceira de dreanagem do rio Chopinzinho Planalto das Araucárias (superfície 2).
	Silva. (2013).
	Caracterização paleoambiental da região de Guarapuava PR, a partir de sedimento de turfa: um estudo de caso.
	Santos, (2013)
	Paleogeografia e paleoambientes do baixo curso do rio Ivaí- pr.
	Luz. (2014).
	Aspectos paleoambientais do Quaternário superior na região de Campo Mourão, Paraná.
	Luz, et al. (2014).
	 Estágio Atual do Conhecimento sobre Fitólitos no Brasil.
	Santos, Gasparetto e Parolin. (2014).
	Reconstrução paleoambiental do baixo curso do Rio Ivaí- Dourarina - Paraná.
	Bertoldo, Paisani e Oliveira. (2014)
	Registro de Floresta Ombrófila Mista nas regiões sudoeste e sul do estado do Paraná, Brasil, durante o Pleistoceno/Holoceno.
	Monteiro. (2015)
	Analise da composição fitolítica da serapilheira e solo como indicador de alterações ambientais em diferentes estratos arbóreos no Paraná.
	Golovati. (2015).
	Mudanças paleoambientais ocorridas durante o Holoceno nos municípios de Campo Mourão e Cianorte-PR.
	Kalinovski. (2015).
	Paleoambientes quaternários da planície do rio Iapó, Castro - Paraná.
	Ladchuk. (2016).
	Recuperação de palinomorfos e dados isotópicos (δ13c e δ15n) em sedimentos turfosos e seu significado paleoambiental para a região de Campo Mourão.
	Camargo Filho et al. (2016).
	Caracterização e distribuição de paleossolo de 44ka e sedimentos sobrepostos da encosta monjolo – Lapa-PR.
	Paisani et al. (2016).
	Evolução de paleocabeceira de drenagem do rio chopinzinho (Sul do Brasil) durante o Quaternário superior.
	Kalinovski, Parolin e Souza Filho. (2016).
	Paleoambientes quaternários da planície do Rio Iapó, Castro, Paraná.
	Rasbold, Parolin e Caxambu. (2016).
	Reconstrução paleoambiental de um depósito sedimentar por análises multiproxy, turvo, estado do Paraná, Brasil.
	Paisani et al. (2016).
	 Significado paleoambiental de fitólitos em registro pedoestratigráfico de paleocabeceira de drenagem - superfície de Palmas - Água Doce (sul do Brasil).
	Paisani et al. (2017).
	Dinâmica de rampa de colúvio na superfície de palmas/água Doce durante o Quaternário Tardio – bases para compreender A evolução das encostas no planalto das araucárias.
	Parolin et al. (2017).
	Considerações Paleoambientais do Holoceno Médio por meio de Fitólitos na Serra do Cadeado, Paraná.
	Paisani et al. (2017).
	 Pedogênese e morfogênese no médio vale do rio marrecas durante o Quaternário tardio - Sul do Brasil.
	Silva. (2018).
	 Caracterização paleoclimática do Quaternário tardio em áreas planálticas do estado do Paraná.
	Stevanato. (2018)
	Caracterização paleobiogeográfica de paleossolo em Inácio Martins-Pr com base em dados proxy.
	Biffi. (2019).
	Evolução de encosta em contexto de paleocabeceira de drenagem da bacia do rio capão grande no Quaternário tardio -superfície de Pinhão/Guarapuava.
	Biffi e paisani. (2019).
	Micromorfologia de colúvio-alúvios em Paleovoçorocas colmatadas nas superfícies de cimeira de Pinhão/Guarapuava e Palmas/Caçador – Sul do Brasil.
	Paisani et al. (2019).
	Paleoenvironmental dynamics of low-order paleovalleys in the Late Quaternary – Palmas/Caçador Summit Surface – Southern Brazil.
Autor: organizado pelo autor.
	Na cidade de Ponta Grossa, estado do Paraná, em uma das depressões do sistema de furnas do Parque Estatual de Vila Velha, conhecida regionalmente como Lagoa Dourada vem sendo estudada por diversos autores (MORO e BICUDO, 1998; MELO et al, 2000; MELO et al., 2003). Esses autores identificaram material com idades entre 1.160 anos e mais de 40.000 AP. Devido à idade encontrada os autores relacionaram esses materiais com períodos de mudança climática, via aumento ou redução de processos sedimentares identificados na chamada Lagoa Dourada.
	Camargo Filho (2005), identificou paleossolos no município da Lapa, datando-os com mais de 44.000 anos A.P. Segundo o autor, foi possível verificar IV fases evolutivas: a fase I é caracterizada por intensa erosão; a fase II é responsável pela formação dos paleossolos que, apesar de disponibilidade de água no pedoambiente foi submetido a sucessivos estágios de ressecamento; a fase III caracteriza-se pela reduzida disponibilidade de água no sistema pedológico-sedimentar e pelas evidências de prolongados períodos de ressecamento; e na fase IV são as condições ambientais vigentes.
	Medeanik e Stevaux, (2008), em Porto Rico no rio Paraná, identifica dois níveis de paleossolos. O nível inferior, de base ou nível 1, é caracterizado pela abundância de carvão vegetal e palinomórfos que sugerem a presença de vegetação ripária, típica de ambiente mais seco que o atual. Esse material foi datado pelos autores, via 14C, em 1.700 ± 70 anos AP. O segundo nível é caracterizado pelo surgimento da vegetação arbórea, indicando elevação do lençol freático em função da elevação do nível do rio. Em outras palavras, o ambiente passa a se tornar similar ao atual. 
	Calegari (2008), usou latossolos como indicador paleoambiental, em Guarapuava, Ponta Grossa e Castro. No caso de Guarapuava foi utilizado latossolo Bruno átrico tipo húmico, contendo IV fases de fitólitos que são: I) antes de 6.730 anos AP, com diminuição nas espécies, II), com 6.730 anos AP a 2.740 anos AP com aumento nos tipos de fitólitos mas predominando a vegetação aberta, III), mantem a tendência de abertura de vegetação, IV), indica que a vegetação se desenvolve em condições semelhantes a atual. Sugerindo para a região sul o predomínio da vegetação mais aberta, plantas C4, durante o Holoceno inferior e médio, 
Na divisa entre Ponta Grossa e Palmeira, Guerreiro (2011), utilizou material turfoso da planície do alto rio Tibagi, como indicador de mudança paleoambiental. Segundo o autor, a deposição do material turfoso ocorreu com o nível de base do rio cerca de 2 a 4 metros acima do atual, entre 3.220 anos AP a 1.340 anos AP. Nessa época o ambiente, segundo o autor citado, o paleoambiente era mais úmido e possivelmente mais frio, responsável pela formação turfosa. De 1.340 anos AP até os nossos dias a vegetação de galeria começa a ocupar mais áreas e se estabelece definitivamente a FOM.
	Nos municípios de Icaraíma e Santa Mônica, identificações paleoambientais realizadas com base em fitólitos conseguiu restaurar V fazes para Santa Mônica. A fase I se caracteriza pela presença de canal ativo com baixa quantidade de fitólitos; Na fase II o ambiente torna-se transicional para do seco para úmido, com vegetação de savana; Já, a fase III é mais seca, provavelmente relacionada com retrocesso da vegetação; A VI fase torna-se mais úmida que a anterior, datada em 850 ± 30 anos AP; A fase V é marcada com vegetação C3 com predomínio de uma fase antropizada. Para Icaraíma foram VI fases: fase I) canal ativo; II) abandono paulatino do canal, com picos de cheias, marcado por espículas de esponja, III) ambiente mais seco que o anterior; VI) ambiente com condições semelhantes às atuais datado em 2.040 ± 30 anos AP, MARCONTTI (2012).
	Raitz (2012), elabora seu trabalho “coleção de referência de silicofitólitos da flora do sudoeste do Paraná: subsídios para estudos paleoambientais” nos municípios de Palmas e Francisco Beltrão no qual estabelece coleção de referência de fitólitos das fitofisionomias Floresta Ombrófila Mista e de Campo, ambas localizadas no Sudoeste do estado do Paraná. Esta coleção é composta por 30 famílias, 57 gêneros e 75 espécies. 
	Em Guarapuava com a temática paleoambiental, Silva (2013), utilizou turfeiras para sugerir o paleoambiente por meio de análises fitolíticas associadas à datação. Segundo o autor foi possível identificar três fases paleoambientais que são: primeira com idade de 15.648 anos AP, início da formação turfosa com predomínio devegetação C3. Na segunda fase a vegetação fica mais aberta, com acréscimo de material turfoso. Na última fase a vegetação volta a fazer parte do cenário com maior quantidade de plantas C3. 
	Em Douradina, Santos, (2013), realizou a reconstituição paleoambiental de duas áreas correlatas; uma próxima ao rio Ivaí e outra próximo ao córrego Barra Bonita, afluente do rio Ivai. No rio Ivaí foram identificadas três fases: I) presença de canal ativo; II) abandono de canal e formação de planície aluvial; III) formação do Terraço. Enquanto a segunda área, córrego Barra Bonita, foi identificado, segundo o autor, II fases, sendo elas: I fase condições ambientais ligeiramente mais secas que as atuais, com idade de 10.195 anos Cal AP e II fase condições mais úmidas há pelo menos 5.963 anos Cal AP.
	Fachin (2013), estuda a evolução de paleocabeceira de drenagem no município de Palmas, encontrando formação de paleovoçorocas e paleossolo, segundo o autor foi possível identificar paleovoçoroca colmatada por 15 camadas de colúvio, 4 camadas de colúvio –aluvio e 1 camada aluvial. De acordo com o autor houve o desenvolvimento de paleovoçorocas no final do Último Máximo Glacial e Holoceno Médio, com a cabeceira de drenagem sendo colmatada no Holoceno Superior, mudando sua morfologia para rampa de colúvio. Por fim, é dissecada pela drenagem tomando forma de colina convexa.
	Luz (2014), em Campo Mourão trabalhou com duas turfeiras localizadas nas margens dos rios Ranchinho e Água dos Papagaios. Segundo o autor, foi possível identificar as mudanças ambientais que ocorreram com quatro fases distintas de alterações: I) presença de vegetação aberta com acúmulo de sedimento em um período mais seco que o atual; II) melhoria das condições ambientais por volta de 41.460 anos cal AP. com maior volume hídrico; III) Presença de um clima mais seco e com vegetação aberta na transição entre o Pleistoceno e Holoceno; IV) Condições ambientais atuais que começaram a ser instauradas no Holoceno Médio.
No município de Turvo, Rasbold et al (2016), fizeram a reconstrução paleoambiental utilizando depósitos sedimentares com idade de 14.553 anos cal. AP a 6.090 anos cal. AP, identificando duas principais fases no testemunho estudado; I) fase mais seca com pouca disponibilidade de humidade, predomínio de plantas C4 II) aumento gradual de umidade com predomínio de plantas C3.
	Silva (2018), utilizando fitólitos coletados em Guarapuava, no deposito Aroeiras, obteve uma idade de 13.660 anos cal. AP até 10.000 anos AP, com ambiente foi mais frio e potencialmente úmido que o atual, sendo sugerido que esta área seria uma zona de refúgio florestal. Outras idades obtidas for de 10.000 e 5.000 anos AP, sugerindo floresta/campo sob clima relativamente mais seco. Após 5.000 anos AP um ambiente mais quente e úmido. 
	Stevanato (2018), em pesquisa efetuada no município de Inácio Martins (PR), encontrou dois níveis de paleossolo, datados 14C em 23.360 e 17.663 anos AP. A presença de fitólitos nesses paleossolos sugerem quatro fases ou estágios de mudanças ambientais. A fase I é formada no Pleistoceno superior com pouca deposição de fitólitos; II) representa colúvio com taxa de degradação de fitólitos alta; III) corresponde ao final do Último Máximo Glacial, quando o segundo nível de paleossolo cumulativo foi formado; IV) transição do Pleistoceno pra Holoceno com início mais seco e evoluindo para um período mais úmido.
	Para Biffe, (2019), a evolução da paleocabeceira de drenagem localizada próximo de Reserva do Iguaçu se deve a pedogênese regressiva no último Interestadial (≥24.000 anos AP), ocorrendo mudança para progressiva no Último Máximo Glacial (2400 a 11.700 AP). Na transição para o Holoceno Inferior formaram-se paleossolos. Ainda no Holoceno novas transições foram identificadas: do Holoceno Médio para o Holoceno Superior, houve redução significativa das condições hídricas, provocando a dessecação do topo da paleocabeceira de drenagem e formação de voçoroca, a qual foi soterrada por escoamento superficial e fluxo de terra formando nova camada de colúvio.
Considerações Paleoclimática do estado do Paraná.
	Com base nos levantamentos bibliográficos foi possível compilar um mapa de alteração climáticas. Figura, 10 (LESSA, 1989; GUERREIRO e SAVIAN, 1996; MORO e BICUDO, 1998; MELO, GIANNINI e PESSENDA, 2000; CALEGARI, 2008; BAUERMANN, 2008; REZENDE, 2010; MONTEIRO et al, 2011; GUERRA, 2012; MARCOTTI, 2012; GUERREIRRO, 2012; PAISANI et al, 2013; SILVA, 2013; GASPARETTO E PAROLIN, 2014; LUZ, 2014; KALINOVSKI, 2015; PAISANI et al, 2016; PAISANI et al, 2017; CAMARGO FILHO et al. 2016; LADCHUK, 2016; RASBOLD, PAROLIN e CAXAMBU. 2016; SILVA, 2018; STEVANATO, 2018; BIFFE 2019). Dividido em época, Pleistoceno (figura 34A), e Holoceno inferior (Greenlandian) figura 34B, Holoceno Médio (Northgrippian), figura 34C, Holoceno Tardio, (Meghalayan) figura 34D.
	Quanto ao período pleistoceno, este é marcado por um maior número de registros com remanescentes secos e úmidos, construindo um mosaico climático, no qual vale destacar a cidade de Campo Mourão com paleoclíma seco. No caso dos registros úmidos estão espalhados por todo o Paraná, mas com predomínio do litoral e Centro Sul paranaense. 
Figura 1 - Reconstrução Paleoclimatica para o estado do Paraná segundo bibliografia consultada. A) de 48.000 a 12.000 anos AP. B) 12.000 a 9.000 anos AP C) 9.000 a 5.000 anos AP. D) 5.000 a 1.160 anos AP.
 Fonte: organizado pelo autor.
	No período Holoceno inferior (Greenlandian), indica que o remanescente de humidade no Noroeste paranaense foi substituído por paleoclima seco ou transição para mais seco. Quanto aos remanescentes úmidos foi possível identifica-los na região sudeste. O estado do Paraná, nessa época geológica, tinha um uma grande faixa da transição de ambiente úmido para seco. 
	A compilação dos resultados dos trabalhos dos autores citados anteriormente indica que no Holoceno médio (Northgrippian), há uma amplitude territorial com predomínio de paleoclima seco, enquanto na região Centro Sul prevalece o ambiente úmido. Essas mudanças paleoclimaticas são importantes indicadores de modificações no intemperismo e, por conseguinte da morfologia regional. Além disso, pode-se observar que os registros para Campo Mourão e arredores sempre estiveram sob a influência de climas mais secos que o atual.
	O Holoceno tardio (Meghalayan) demostra, por meio dos registros, que parte das áreas que estavam com predomínio de clima seco passaram para mais úmido, com destaque para as regiões Centro Oriental e Oeste paranaense. Já a região Centro Sul que tinha registro úmido no Holoceno médio (Northgrippian), passou para ambiente seco, formando uma faixa até o noroeste do estado do Paraná.
	A área de estudo está inserida na região centro sul do estado nas proximidades de Guarapuava (figura 35), a qual, possivelmente, foi submetida há pelo menos duas mudanças ambientais significativas, uma com o paleossolo com + 8.720, anos AP, o qual possuía um paleoambiente mais úmido com saturação de água possibilitando o espessamento da MO. As medias pluviométricas era maior que a média atual (figura 35C).
Figura 2 - Reconstrução Paleoclimatica com destaque para área de estudo, A) de 48.000 a 12.000 anos AP. B) 12.000 a 9.000 anos AP C) 9.000 a 5.000 anos AP. D) 5.000 a 1.160 anos AP.
 Fonte: organizado pelo autor.
	A figura 35D, demostra a segunda mudança que aconteceu no Holoceno tardio (Meghalayan), no qual ocorreu uma diminuição na disponibilidade de água, vale ressaltar que essa diminuição corresponde a mudança de formação pedogenética do ambiente extremamente saturado e axónio para um paleoambiente com menor índice pluviométrico, pois a unidade 3 é formada por processos pedogenéticos de colúvios. Assim é provável que este período esteja em uma faixa de transição como vemos na figura 35D. 
	Pelo menos no território paranaense as modificações deixaram testemunhos estudados pelas 50 pesquisas levantadas nesse trabalho. A ciclicidade das oscilações é marcada por especificidades de cadaregião, pois posição geográfica e morfologia são variáveis importantes na tipologia climática pretérita e, por conseguinte, no tipo de registro que foi preservado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS. 
	As demais unidades se formaram da mesma forma até o solo atual. O que 
as diferencia, além das cores visíveis no afloramento, é a pedogênese, a qual deve ter se alterado até os nossos dias. A prova desse fato foram os levantamentos bibliográficos, cujo histórico climático demostra mudanças entre o seco e o húmido por todo o estado do Paraná (figura, 34 e 35). No caso da área de trabalho o paleossolo, indiscutivelmente se formou sobre ambiente mais úmido, enquanto as unidades sobrepostas em climas mais secos ou transicionais para o seco e posteriormente retorno ao úmido.
REFERENCIAS.
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