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Unidade I Parte 1

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL BARRIGA VERDE – FEBAVE 
CENTRO UNIVERSITÁRIO BARRIGA VERDE – UNIBAVE 
CURSO: MEDICINIA VETERINÁRIA
DISCIPLINA: FORRAGICULTURA
UNIDADE I: IDENTIFICANDO O ECOSSISTEMA PASTORIL
1 - Introdução
2 - Importância das pastagens
3 - Conceitos, definições e terminologia aplicados em forragicultura
4 - Ecologia e ecossistemas das pastagens
5 - Dados estatísticos: área de pastagens nativas, naturalizadas e cultivadas e índices zootécnicos
Orleans, 2016
1 - INTRODUÇÃO
Em 2050 a população mundial deverá atingir 9,3 bilhões de habitantes (ONU, 2011). Associado a isso, a elevação progressiva da renda “per capita” de países emergentes como Brasil, China, Índia e Rússia certamente aumentará a demanda por alimentos, incluindo produtos de origem animal (GOLDMAN SACHS, 2003). A maior procura exigirá uma maior oferta, que deverá ser suprida pela expansão das áreas de produção e, especialmente, de melhorias nos índices produtivos da pecuária mundial. 
O Brasil é um país que possui vasta extensão territorial e um clima privilegiado para o crescimento de plantas herbáceas, cujas condições são excelentes para o desenvolvimento da pecuária. Assim sendo, a formação de boas pastagens assume real importância, tornando-se a melhor opção para a alimentação do rebanho nacional, pois, além de se constituir no alimento mais barato disponível, oferece todos os nutrientes necessários para um bom desempenho dos animais.
Felizmente, a mentalidade de reservar os piores terrenos para a formação das pastagens, já está sendo substituída por outra, muito mais atual e tecnificada, onde a escolha das glebas e forragens, adubações, combate às pragas e plantas invasoras e, principalmente, um bom manejo, são práticas que vêm recebendo o devido crédito dos pecuaristas. No entanto, há um desafio futuro a ser enfrentado pelo agronegócio brasileiro, pois de acordo com as estimativas da FAO, em 50 anos a população mundial demandará 100% mais alimentos, sendo que 70% destes alimentos deverão vir de tecnologias que aumentem a produtividade por não existir terra suficiente para se expandir a produção demandada.
	As exigências são cada vez mais crescentes em todos os sentidos. Primeiro o fornecimento de alimento tem que ser abundante e com custos acessíveis a toda população mundial. Além disso, a segurança dos alimentos não é mais um diferencial e sim um padrão para todo tipo de produção que quer fazer parte do mercado. Para completar, vem a questão da sustentabilidade que visa evitar o impacto causado pela produção no ecossistema. Assim, a alternativa que parece mais razoável para atender a crescente demanda por alimentos seria aumentos em produtividade, o que envolve a intensificação dos sistemas de produção já existentes, ou seja, atender a necessidade de alimentos da população mundial deve vir da máxima utilização de cada unidade de recurso produtivo. 
2 - IMPORTÂNCIA DAS PASTAGENS
	A pastagem é a fração mais econômica da alimentação dos herbívoros, pois, além de ser produzida na própria fazenda, não precisa ser colhida, sendo consumida diretamente pelos animais.
	Nos sistemas de produção animal com ruminantes, o objetivo principal das pastagens é o fornecimento de alimento. Entretanto, as pastagens quando inseridas em sistemas sustentados do uso dos solos, são importantes não só como produtoras de alimento para ruminantes mas também como: 
· Elementos fundamentais para a ocupação e ordenamento do território;
· No aproveitamento e valorização de áreas sem aptidão para outro tipo de atividades e que de outra forma permaneceriam abandonadas;
· Possuem um papel importante no estabelecimento de rotações de culturas com coerência do ponto de vista agronômico;
· Defendem os solos da erosão ao manterem um coberto vegetal permanente;
· A sua forma de aproveitamento através do pastoreio direto permite a reciclagem de nutrientes;
· Fazem o sequestro de carbono reduzindo a emissão de gases estufa para a atmosfera e contribuindo para a qualidade do ar;
· Desempenham um importante papel na manutenção da harmonia da paisagem, e ao estarem na base da produção de alimentos, permitem atividades que contribuem para a fixação da população e o combate à desertificação, dinamizando ainda atividades e o comércio local com a “oferta” dos seus produtos.
	As pastagens são as principais fontes de nutrientes na nutrição de ruminantes. Além da proteína e energia, as forragens provêm a fibra necessária nas rações para promover a mastigação, ruminação e saúde do rúmen. Na formulação de dietas para bovinos, a qualidade e a quantidade de forragens é o primeiro fator a ser analisado no atendimento das exigências nutricionais e de fibra (Teixeira e Andrade, 2001).
O elevado custo dos insumos modernos, a grande valorização das terras próximas aos grandes centros, a necessidade de se conseguir altas produtividades a baixos custos, para que os lucros também sejam maiores, fazem das pastagens um dos principais elementos de uma pecuária tecnicamente evoluída.
	O Brasil é atualmente o segundo maior produtor e o maior exportador mundial de carne bovina. Praticamente toda a produção brasileira de carne bovina tem como base as pastagens, a forma mais econômica e prática de produzir e oferecer alimentos para os bovinos. As pastagens, portanto, desempenham papel fundamental na pecuária brasileira, garantindo baixos custos de produção. Somente a pecuária de corte nacional movimenta em torno de 55 bilhões de reais por ano e emprega 20 milhões de pessoas em toda a cadeia. O país tem um dos menores custos de produção de carne do mundo. Isso porque o boi é criado a pasto. Esse é o trunfo do Brasil. Nos EUA, Austrália e Europa, por exemplo, o gado é criado em confinamento e alimentado com grãos e/ou resíduos animais, produzindo uma carne rica em gorduras e, muitas vezes, com antibióticos e anabolizantes (Pedroso et al., 2004).
	Em relação a pecuária leiteira nacional, as pastagens também constituem-se na fonte de alimento mais importante para a produção de leite, podendo determinar a sobrevivência de muitos produtores nessa atividade. Dessa forma, as gramíneas e leguminosas se constituem na principal e mais econômica fonte de nutrientes necessários à saúde, ao crescimento e à produção para maioria dos ruminantes. Nos países de pecuária mais desenvolvida, cada vez mais a atividade leiteira encontra-se baseada em pastagens. E isto é mais evidente, principalmente, nas regiões onde as estações climáticas permitem produção de forragem durante a maior parte do ano. 
	
3 - CONCEITOS, DEFINIÇÕES E TERMINOLOGIAS
A diversidade de plantas forrageiras e situações obriga à organização e compartimentação do conhecimento, adotando-se conceitos e terminologia que convém saber.
· Ecossistema: Refere-se a um sistema de organismos vivos que interagem não só com o meio físico que os rodeia mas também com a química ambiental e com o meio social e biológico em que estão inseridos. 
· Agroecossistema: Ecossistema no qual os organismos naturais sofrem a intervenção do homem que regula o seu desempenho em função do valor econômico de alguma de suas populações.
· Pastagem: São as áreas cobertas com espécies forrageiras ou pastos destinadas à produção de forragem para ser colhida principalmente por pastejo.
· Pastagem cultivada – São aquelas em que o homem contribui diretamente para sua formação, exemplo: Pastagem cultivada de azevém anual (Lolium multiflorum).
· Pastagem nativa, campo natural ou campo nativo: São as áreas de vegetação primária onde predominam espécies de pequeno porte ou subarbustivas, especialmente gramíneas e leguminosas. Ocupam com maior frequência os locais menos úmidos e abertos, como topo de coxilhas e encostas, sujeitas a ação do vento e maior insolação. São mais antigos que as florestas no sul do Brasil. As expressões natural e nativo serão utilizadas como sinônimos.
· Campo naturalizado: Áreas com predominância de forrageiras nativas ou adventícias (introduzidas) adaptadas ao ambiente, implantadas ou de ocorrência espontânea, onde a vegetaçãoclímax não era campo natural. Ex.: pastagem de missioneira, capim amoroso, capim-quicuio, Paspalum sp, Desmodium sp, etc..., em locais onde predominavam matas nativas.
· Melhoramento de campo nativo: São as construções, estruturas e práticas empregadas no manejo do campo nativo com o objetivo de maximizar a produtividade do sistema pelo provimento dos melhores recursos disponíveis. É fundamental implicar em baixos custos, proteger o solo e as espécies forrageiras nativas. Fundamenta-se principalmente em práticas de manejo e de introdução de espécies cultivadas de alto valor nutritivo e outras características desejáveis no campo nativo.
· Planta forrageira: É aquela capaz de acumular reservas suficientes em suas raízes e na base de seus colmos várias vezes durante o ciclo vegetativo, que permite obter um novo rebrote, após cada corte e que resista ao pastoreio. É toda a planta que se destina a alimentação animal, principalmente gramíneas (Poaceas) e leguminosas (Fabaceas). 
· Pastejo: É o consumo das pastagens sem a intervenção do homem. Exemplo: criação extensiva em grandes áreas.
· Pastoreio: É o consumo das pastagens com a intervenção do homem aplicando técnicas (subdivisão, ajuste de carga animal, tempo de permanência, tempo de repouso, etc.) visando o maior rendimento animal. Exemplo: pastoreio racional ou rotativo.
· Forragem: Partes comestíveis das plantas que servem de alimento para animais em pastejo ou que podem ser colhidas e fornecidas.
· Relvado (sward) ou Dossel (canopy): É a cobertura do solo relativamente uniforme, incluindo tanto a parte aérea como órgãos subterrâneos.
· Piquete (paddock), parcela, potreiro: São sinônimos e designam as divisões das áreas de pastagens em superfícies menores, que dispondo de água, viabilizam o pastoreio rotativo.
· Manejo da pastagem: É a manipulação do complexo solo-planta-animal de uma pastagem em busca de um resultado desejado. 
· Manejo do pastejo: É a manipulação do pastejo animal em busca de um objetivo definido.
· Método de pastejo (grazing method): Procedimento ou técnica de manejo do pastejo, idealizada para atingir objetivos específicos. Referente à estratégia de desfolhação e colheita pelos animais.
· Capacidade de suporte (carrying capacity): É o número de animais que a pastagem pode alimentar, proporcionando um determinado nível de desempenho animal, sem causar a deterioração do ecossistema.
· Lotação (stocking): Número de animais ou de Unidades Animal – UA (450 kg PV) por unidade de área (ha), usado para colher forragem. Obs: não tem relação alguma com produção de forragem .
· Massa de forragem (herbage mass or forage mass): É a quantidade total de forragem presente por unidade de área acima do nível do solo. Medida de caráter pontual, normalmente expressa em kg/ha de MS.
· Acúmulo de forragem (forage accumulation): Aumento na massa de forragem de uma área de pastagem durante um determinado período de tempo.
· Forragem disponível (available forage): Porção da massa de forragem (expressa como peso ou massa por unidade de área) que está acessível para o consumo dos animais. 
· Oferta de forragem (forage allowance): Relação entre o peso (matéria seca) de forragem por unidade de área e o número de unidades animais (kg de MS / 100 kg de PV).
· Pressão de pastejo (grazing pressure): Relação entre o número de unidades animais e o peso de forragem por unidade de área, em um ponto qualquer no tempo (kg PV / 100 kg MS) 
· Sistema de pastejo (Grazing system): Uma combinação integrada das características do solo, da planta, do animal, do meio social e econômico, dos métodos de lotação e manejo do pastejo para alcançar resultados específicos ou metas.
· Manejo de pastejo extensivo (Extensive grazing management): É o manejo do pastejo que utiliza áreas de terra relativamente grandes por animal e um nível baixo de mão-de-obra, recursos ou capital.
· Manejo de pastejo intensivo (Intensive grazing management): Utiliza níveis relativamente altos de trabalho, recursos ou de capital para aumentar a produção por unidade de área ou por animal.
· Campo (Field): Área definida de terra utilizada para o cultivo de plantas de lavoura ou forrageiras em crescimento.
· Método de lotação (Stocking method): Um procedimento técnico definido para manipular os animais no espaço e no tempo para atingir um objetivo específico. 
· Lotação contínua ou pastejo contínuo (Continuous Stocking): Método de pastejo dos animais numa unidade de área específica onde os animais têm acesso irrestrito e ininterrupto a toda a área de pastagem em todo tempo permitido, sem sub-divisão de piquetes e alternância de períodos de pastejo com períodos de descanso. 
	Observação: Na maioria dos casos, o termo “stocking” (lotação) é preferido em relação ao termo “grazing” (pastejo) (exemplo: método de lotação VS método de pastejo), pois o método de pastejo refere-se ao consumo de forragem em crescimento, enquanto que o método de lotação dos animais em pastejo permite a manipulação de como, quando, o quê e quanto os animais pastam.
· Lotação intermitente ou pastejo intermitente (Intermitent stocking): Método que impõe pastejo numa unidade específica de manejo ou em áreas de pastagem por períodos indefinidos em intervalos irregulares.
· Pastejo diferido – Permite que as plantas completem seu ciclo vegetativo antes de serem pastoreadas.
· Diferimento (Deferment): O adiamento ou atraso do pastejo ou da colheita para alcançar um objetivo específico de manejo.Uma estratégia que visa proporcionar tempo para a reprodução da planta, estabelecimento de novas plantas, a restauração do vigor das plantas, um retorno às condições ambientais apropriado para o pastoreio ou a acumulação de
forrageira para uso posterior. 
· Recuperação (Rest): Área de pastagem sem pastejo ou colhida durante um tempo específico, como um ano, uma estação de crescimento ou determinado período exigido dentro de uma prática de manejo específica.
· Tempo de repouso: É o espaço de tempo decorrido entre a saída do último lote de um piquete e a entrada novamente do gado/eqüinos na mesma parcela, na ocupação subseqüente. Entre a saída dos animais e a nova ocupação, a pastagem permanece em repouso, sem animais.
· Tempo de permanência: É o tempo (dias ou horas) em que um lote permanece na parcela ou piquete em pastoreio.
· Tempo de ocupação: É o tempo (dias ou horas) durante o qual uma parcela ou piquete é pastoreado pelo conjunto dos lotes. Quando o pastoreio é feito por um só lote, o tempo de permanência é igual ao tempo de ocupação.
· Unidade Animal (UA): Equivale a um bovino de 450 kg. Um eqüino adulto é considerado uma 1,5 UA.
· Desnate ou desponte: É o pastoreio das partes altas das pastagens, cujo valor nutritivo é superior. O desnate deve ser feito pelos animais de maiores exigências alimentares.
· Ciclo de pastejo (Stocking cycle): Tempo decorrido entre o início de períodos de lotação sucessivas sobre uma área de pastejo específica, geralmente, em um ciclo regular de uso. 
· Período de pastejo (Stocking period): Período de tempo em que animais silvestres ou domesticados permanecem ocupando um pasto ou um piquete.
· Carga instantânea: È a quantidade de animais (geralmente expressa em Unidade Animal – UA) presente em uma determinada superfície (geralmente expressa em ha) em dado momento.
· Estolonífero: Hábito de crescimento das espécies que possuem estolões, que são colmos rasteiros com raízes adventícias. Exemplo: capim-Quicuio, Tifton 68, Tifton 85.
· Cespitoso: Hábito de crescimento das espécies que crescem em forma de touceiras. Exemplo: capim-Mombaça, capim-Marandu, capim-Tanzânia, 
· Prostado: Que cresce próximo ou rente ao solo. Exemplo: capim-Quicuio, Tifton 68, Tifton 85.
· Valor cultural (VC): Indica a quantidade de sementes da espécie que vai ser plantada que realmente tem condições de germinar. Enquanto mais alto o VC, melhor a qualidade da semente e a maior a garantia de um estabelecimento exitoso da pastagem. O VC é obtido do produto da percentagem de germinação pela percentagem da pureza. O VCinterfere no preço, pois muitas vezes uma semente supostamente mais cara, é mais econômica por ter esse parâmetro mais alto.
	Valor Cultural =
	% pureza x % germinação
	
	100
 
4 - ECOLOGIA E ECOSSISTEMA DAS PASTAGENS
	Um ecossistema consiste de uma comunidade biológica que ocorre em um determinado local e dos fatores físicos e químicos que fazem parte de seu ambiente abiótico (aquele em que não existe a participação de organismos vivos). Existem muitos exemplos de ecossistemas como uma lagoa, uma floresta, um estuário ou uma pastagem, cujos limites às vezes podem ser óbvios, como no caso das margens de uma lagoa, ou estabelecidos, geralmente por razões práticas relacionadas com os objetivos específicos de um determinado tipo de estudo ou pesquisa (Begon et al.,1996). Ainda segundo Begon et al.(1996), o termo foi utilizado pela primeira vez por Tansley, em 1935, na tentativa de aplicar o pensamento sistematizado à complexidade da natureza, caracterizada pela existência de níveis hierárquicos entre subsistemas dentro do sistema principal. Odum (1963) definiu ecossistema como “uma unidade de organização biológica com interações dentro de sua composição de forma que um fluxo de energia conduz a estruturas tróficas características e reciclagem de material dentro do sistema”. Para se estudar um ecossistema o foco é concentrado principalmente nos processos que fazem a ligação entre os componentes bióticos e abióticos, sendo a transformação de energia e a reciclagem de nutrientes (biogeoquímica = estudo das relações entre as substâncias ou elementos químicos e os seres vivos) os principais processos na cadeia de respostas (Begon et al., 1996). Dessa forma, o ecossistema pastagem, composto pelos diferentes componentes de plantas ou do pasto e pelas interações entre eles, juntamente com as inter-relações entre solo, planta, animal e meio, tem sido alvo das pesquisas nos últimos anos com o objetivo de traçar estratégias de manejo que melhor se adaptem às características produtivas de cada planta forrageira sem comprometer o equilíbrio, a harmonia e a qualidade do meio ambiente.
	A primeira condição para atingir esse objetivo é a compreensão de que qualquer pastagem, natural ou plantada, deve ser entendida como um ecossistema cuja estrutura é formada por componentes bióticos e abióticos, de cujo equilíbrio depende sua sustentabilidade (Nabinger, 1996) (Figura1).
Tabela 1 – Fatores bióticos e abióticos que compõem o Ecossistema Pastagem.
	Componentes Bióticos
	Componentes Abióticos
	Produtores primários
	Luz solar
	Herbívoros
	Temperatura
	Carnívoros
	Precipitação
	Onívoros
	Água ou umidade do solo
	Detritívoros
	Solo e, ou, fertilidade do solo
	Etc.
	Etc.
Fonte: Stoddart et al., (1975).
	O funcionamento do Ecossistema Pastagem é caracterizado por fluxos de energia (radiação, calor sensível) e de massa (CO2, H2O, N, minerais) entre as plantas de uma população, solo e atmosfera (Lemaire, 2001), representados pelos diferentes processos fisiológicos de captação de energia e nutrientes (Figura 1).
Figura 1 - Fluxo de energia nos ecossistemas pastoris. Os círculos centrais representam as etapas principais de transferência de energia. Os textos explicativos acima representam os processos fundamentais que ligam as etapas de transferência de fluxo, e os textos explicativos abaixo representam as principais variáveis que podem ser controladas por manejo. Os índices apresentados nos círculos representam a fração da energia disponível que é fixada em produto animal, tomando por base uma pastagem nativa bem manejada do Rio Grande do Sul (Carvalho et al., 2004 baseado nos resultados de Soares et al., 2003).
	Esses fluxos são influenciados pelas características estruturais da população de plantas em termos de tamanho e distribuição espacial das superfícies de troca, como área foliar e distribuição radicular. Por outro lado, a interação entre plantas e seu ambiente externo é regulada por fatores fisiológicos, como a difusão estomática de CO2 e água, fotossíntese e respiração, absorção do nitrato ou fixação de nitrogênio (Taiz & Zeiger, 2004). Pastagens são, portanto, um ecossistema bastante complexo e dinâmico onde a vegetação dominante pode ser composta por espécies herbáceas nativas ou exóticas (Hadley, 1993). Dentro de um ambiente de pastagem, ocorre uma série de interações que tornam esse ecossistema extremamente particular, adaptado aos diferentes tipos de perturbações e, singularmente, com necessidade de que tais distúrbios ocorram (Deregibus et al., 2001). Segundo esse ponto de vista, o conceito de perturbação em pastagens poderia assumir uma outra conotação, ou seja, a verdadeira perturbação seria justamente a falta de perturbação. Segundo Milchunas et al. (1988), a seca, o fogo e o pastejo são os três principais agentes de perturbação nesse ecossistema. Todos os três promovem pressão de seleção para alta taxa de renovação (turnover) da parte aérea, localização das estruturas de perenização próximas do nível do solo e uma grande proporção de biomassa e atividade abaixo deste (Deregibus et al., 2001). A seca é um fator mais influente em regiões de baixa precipitação do globo enquanto que o fogo, contraditoriamente, é mais freqüente em regiões mais úmidas (Sala et al., 1996). Os herbívoros, por sua vez, afetam vários processos ecológicos num ambiente de pastagens tais como sucessão de espécies, fluxo de carbono, dinâmica de nutrientes e infiltração de água no solo (Deregibus et al., 2001). Todos esses processos afetam a dinâmica do fluxo de energia e de competição dentro do ecossistema (Figura 2), contribuindo para torná-lo complexo e dinâmico. Dentre todos os agentes, a presença do animal é, sem dúvida, um dos principais aspectos que singularizam o ecossistema pastagem, sendo que a compreensão de seus efeitos sobre a planta forrageira faz-se necessária para que se possa explorar ao máximo sua produtividade e persistência de maneira racional e sustentável (Sbrissia & Da Silva, 2001).
	A dinâmica de recuperação ou renovação da área foliar de um pasto pode ser estudada de diferentes formas, seja pelo conhecimento dos órgãos das plantas, de plantas individuais, ou da população de plantas e a forma segundo a qual interagem com o ambiente (característico de cada localidade e modificado através das práticas de manejo utilizadas) por meio de sua ecofisiologia. Animais (bovinos ou ovinos) em pastejo podem criar e manter pequenas áreas no pasto de alturas variáveis (altas e baixas) por meio do pastejo seletivo, resultado da tendência de colher material vegetativo e, ou, com menor proporção de colmos (maior facilidade de preensão) e, portanto, menor resistência para ser colhido (Barthram et al., 2005).
	A ecofisiologia é uma ciência experimental que procura explicar os mecanismos fisiológicos que estão associados com as observações ecológicas, ou seja, é o estudo das
respostas fisiológicas das plantas ao meio ambiente. O que se procura é entender os controles do crescimento, reprodução, sobrevivência e distribuição geográfica das plantas e como esses processos são afetados pelas interações entre plantas e seu meio físico, químico e biótico (Lambers et al., 1998). Dessa forma, o conceito de ecofisiologia envolve o conhecimento dos mecanismos de competição entre plantas individuais dentro da comunidade e suas conseqüências sobre a dinâmica estrutural; os mecanismos morfogenéticos adaptativos das plantas à desfolhação e suas conseqüências
sobre a morfologia e estrutura; e as interações entre esses dois mecanismos para o entendimento da dinâmica da vegetação em uma comunidade de plantas submetidas ao pastejo.
	O conhecimento da ecofisiologia é necessário para o desenvolvimento de práticas de manejo consistentes com a capacidade produtiva das plantas forrageiras em um dado ambiente. A compreensão dos efeitos do pastejo sobre a planta requer conhecimento e análise das alterações morfológicas, fisiológicas, na biomassa radicular e na distribuição vertical das raízes. Esses efeitos são conseqüências daintensidade e freqüência de desfolhação, do tempo de rebrotação (no caso de pastejo rotacionado) e da interação entre desfolhação e fatores ambientais, ou seja, disponibilidade hídrica e de nutrientes, intensidade luminosa e estádio fenológico das plantas. É importante considerar também que os efeitos do pastejo (intensidade e freqüência de desfolhação) variam conforme a estação de crescimento e com a condição da planta no momento da desfolhação (Loretti, 2003).
5 - Conceitos e dados estatísticos: área de pastagens nativas e cultivadas e índices zootécnicos.
	As áreas de pastagem se configuram na maior cultura agrícola do Brasil, ocupando mais de 172 milhões de hectares, aproximadamente 20% da área agriculturável do nosso território (IBGE, 2007). Assim, o pasto é o alimento quase que exclusivo de um rebanho de aproximadamente 180 milhões de cabeças, tendo em vista as estimativas de que 97% dos animais abatidos são alimentados somente com pastagens.
	Em Santa Catarina, a área de pastagens naturais e naturalizadas gira em torno de 2.600.000 ha, sendo 1.324.705 ha de campos naturais e 722,514 ha ocupadas por pastagens naturalizadas. Segundo a FATMA (1996) as pastagens naturais e naturalizadas constituem-se na vegetação predominante em Santa Catarina, ocupando 13,9% da vegetação. A produtividade é muito baixa e gira em torno de 30 a 40 kg/ha/ano PV com taxa de lotação média em torno de 0,3 a 0,4 cab./ha (Tabela 2).
Tabela 2 - Indicadores técnicos da bovinocultura catarinense.
	ÍNDICES TÉCNICOS
	UNIDADES
	OFICIAL
	CCA
	DESFRUTE
	%
	11 - 12
	18,6 – 19,3
	NATALIDADE
	%
	50
	63,4
	IDADE DE ENTOURE
	meses
	36
	24 - 30
	IDADE DE ABATE
	meses
	42 - 48
	30 - 42
	PRODUÇÃO DE LEITE
	kg/vaca/ano
	1.250
	3.415
	RENDIMENTO DE CARCAÇA
	%
	45 - 50
	48 - 54
Fonte: Córdova et al. (2004).
	Mesmo com o aumento de 12,1% no rebanho bovino nos últimos dez anos, a pecuária brasileira reduziu a área utilizada como pastagem em 10,7%. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), considerando o período compreendido entre 1996 e 2006. O pecuarista brasileiro está cada vez mais profissional e adepto a novas tecnologias e vem conseguindo produzir mais em uma área menor, sem desmatar, tanto que neste período analisado, a área de pastagens naturais utilizada pelo setor caiu 26,6%, saindo de 78 para 57 milhões de hectares (Sistema Famasul). 
	O Brasil é um país estratégico no cenário mundial para atingir a meta de atender a demanda mundial de alimentos. Para alimentarmos a população de 9 bilhões de habitantes projetados para 2050, nossa produção mundial precisa aumentar 280 milhões de toneladas até 2020 e 450 milhões de toneladas até 2030.
	Apesar da inegável importância das pastagens nos sistemas pecuários brasileiros, levantamentos citam que 80% das pastagens cultivadas se encontram em algum estado de degradação (Barcellos e Vilela, 2001) ou em áreas com solos degradados. Esse descaso com as áreas de pastagens é histórico, e decorre de uma mentalidade extrativista que até hoje perdura na atividade pecuária. Pecuaristas que tradicionalmente consideram o boi como reserva de capital e a bovinocultura como atividade de baixo risco, ou então, atividade cujo intuito principal é a posse da terra (Veiga et al., 2004). Ao longo desse processo extrativista, as grandes áreas degradadas aparecem como resultado de uma sucessão de erros comumente cometidos pelos pecuaristas, como: a escolha errada da espécie ou cultivar de planta forrageira a ser implantado, o manejo inadequado das plantas forrageiras, a exaustão da fertilidade e a falta de conservação dos solos.
	O manejo inadequado das plantas forrageiras está invariavelmente ligado à negligência com uma das condições básicas para o desenvolvimento sustentável de um sistema pecuário, a adequação entre o suprimento e a demanda de alimentos, resultando normalmente em situações de ocupação excessiva de áreas de pastagens e conseqüente superpastejo. 
	Apesar de sistemas de produção animal em pastagens apresentem certo grau de flexibilidade no que se refere às metas de manejo do pasto e a tolerância a períodos de estresse climático, desajustes muito intensos ou por períodos muito prolongados entre suprimento e demanda, comprometem a capacidade produtiva da planta e, por conseqüência, do sistema de produção.
	Um dos principais obstáculos para a correção desse problema é o fato de a alimentação de animais em pastagens resultar da combinação de processos biológicos complexos que determinam a produção e utilização da forragem. Muitos desses processos não são passíveis de intervenções ou controle, e assim incorporam grande variabilidade ao sistema, dificultando seu planejamento. Para contornar esses problemas a pecuária brasileira tem adotado sistemas extensivos de produção. Assim, sistemas pastoris com baixas taxas de lotação apresentam baixa eficiência de colheita da forragem, resultando em acúmulo de forragem suficiente para tamponar variações inesperadas na produtividade da pastagem, e eventuais efeitos negativos no desempenho animal. Essa opção, apesar do baixo risco, tem levado a índices de produtividade e rentabilidade muito pequenos e nos últimos anos à substituição da pecuária por outras atividades agrícolas conforme indicam os dados preliminares do último censo agropecuário segundo o qual a área de pastagens diminuiu 3% na última década enquanto a área de agricultura aumentou 83% (IBGE, 2007).
	A menor rentabilidade da atividade decorre não apenas da baixa produtividade, mas também da valorização da terra em relação ao boi, e do aumento dos custos de produção combinada a uma nova conjuntura. Nesse cenário, o desmatamento e abertura de novas áreas estão cada vez mais difíceis, restringindo a expansão da fronteira agrícola, com isso inserindo a pecuária em um novo contexto com base na intensificação (Barioni et al., 2003). Taxas de lotação mais elevadas, com a razão entre estoque e demanda de forragem estreita, levando as alterações na taxa de crescimento da pastagem a se refletirem rapidamente na massa de forragem e no desempenho animal, diminuindo de maneira sensível a capacidade de tamponamento do sistema pastoril (Barioni e Martha Junior, 2003).
	Nessa nova realidade, a adoção de tecnologias que possibilitem prever a magnitude da produção, e a sua distribuição ao longo do ano, identificando possíveis momentos de déficit ou excesso de alimentos passa a ser um grande diferencial para o sucesso ou fracasso da atividade.
	Em geral, pastagens apresentam acentuada variação estacional na produção de forragem. Além disso, a demanda de forragem pode apresentar padrões sazonais em razão das épocas de compra e de venda de animais, da estação de monta e parição, e da taxa de crescimento dos animais. Mudanças na área de pastagens e no número de animais do rebanho também podem ocorrer durante o desenvolvimento de um projeto de pecuária.
	O planejamento torna-se, portanto, essencial para garantir o equilíbrio entre produção e demanda de forragem, visando assegurar alta eficiência de utilização das pastagens e a manutenção de condições favoráveis à sua produtividade e ao desempenho animal.

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