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Manual Caseiro - Direito Processual Penal II 2020

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1 
1 
Sumário 
Conteúdo 01: Comunicação dos Atos Processuais ...................................................................................................... 2 
Conteúdo 02: Procedimento Comum ......................................................................................................................... 30 
Conteúdo 03: Novo Procedimento Comum Ordinário .............................................................................................. 55 
Conteúdo 04: Procedimento Especial do Tribunal do Júri ........................................................................................ 72 
Conteúdo 05: Procedimento Especial do Tribunal do Júri ........................................................................................ 81 
Conteúdo 06: Procedimento Especial do Tribunal do Júri ........................................................................................ 93 
Conteúdo 07: Procedimento Especial do Tribunal do Júri ...................................................................................... 105 
Conteúdo 08: Procedimento Especial do Tribunal do Júri ...................................................................................... 119 
Conteúdo 09: Sentença ............................................................................................................................................ 135 
Conteúdo 10: Emendatio Libelli e Mutatio Libelli ................................................................................................. 145 
Conteúdo 11: Nulidades........................................................................................................................................... 157 
Conteúdo 12: Ações Autônomas de Impugnação .................................................................................................... 179 
Conteúdo 13: Ações Autônomas de Impugnação .................................................................................................... 192 
Conteúdo 14: Recursos ............................................................................................................................................ 207 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
2 
DIREITO PROCESSUAL PENAL II 
Conteúdo 01: Comunicação dos Atos Processuais 
1. Noções Introdutórias 
Preliminarmente, é preciso destacar que o processo não pode seguir validamente sem a observância do contraditório 
e da ampla defesa, em virtude dessa necessidade é que se apresenta de grande importância a comunicação dos atos 
processuais. 
Nesse sentido, Renato Brasileiro de Lima ensina que de modo a se preservar o contraditório, concebido pelo binômio 
conhecimento e reação, às partes envolvidas devem ser asseguradas condições de saber o que nele se passa, podendo 
reagir de alguma forma aos atos ali praticados, o que se torna possível através da comunicação dos atos processuais. 
É por meio dos atos de comunicação que será dado concretude à princípios constitucionais como contraditório e a 
ampla defesa. 
A doutrina divide os atos de comunicação processual, tipicamente em três espécies: citação, notificação e intimação. 
Esquematizando 
Citação 
Notificação 
Intimação 
 
Não obstante a trilogia dos atos processuais, o código de processo penal, por vezes, troca as expressões (notificação 
e intimação), empregando-as equivocadamente. 
Nessa esteira, a citação corresponde ao ato processual que dá ciência ao acusado que um processo fora instaurado 
contra ele. 
→Ato de comunicação para ciência acera da instauração do processo. 
A notificação, por sua vez, é um ato de comunicação processual que informa à respeito de um ato futuro, por 
exemplo, haverá uma audiência na próxima semana. Desse ato, o acusado será NOTIFICADO. 
→Ato de comunicação relativo a um ato futuro. 
Por fim, a intimação é um ato de comunicação em relação a um ato passado, ou seja, que já foi praticado, por 
exemplo, da sentença que fora proferida, as partes serão INTIMADAS para tomar ciência de seu teor. 
→Ato de comunicação relativo a um ato passado. 
 
 
 
 
3 
3 
Vamos Esquematizar? 
Citação Dá ciência ao acusado acerca da instauração de um processo penal. 
Notificação Dá ciência a alguém quanto a um ato futuro, determinando o cumprimento de 
certa providência. 
Intimação É a comunicação feita a alguém no tocante a ato já realizado. 
 
#MOMENTODIZERODIREITO #MARCINHOEXPLICA 
Intimação pessoal dos membros do Ministério Público no processo penal 
Prerrogativa da intimação pessoal 
 
Os membros do Ministério Público possuem a prerrogativa (o “direito”) de, quando forem ser intimados dos 
atos processuais, essa intimação ocorrer de forma pessoal. 
Essa prerrogativa da intimação pessoal vale tanto para os processos cíveis como para os criminais. 
 
Onde está previsto isso? 
Na Lei Complementar nº 75/93 (Estatuto do MPU): 
Art. 18. São prerrogativas dos membros do Ministério Público da União: 
II - processuais: 
h) receber intimação pessoalmente nos autos em qualquer processo e grau de jurisdição nos feitos em que tiver 
que oficiar. 
 
Na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei nº 8.625/93): 
Art. 41. Constituem prerrogativas dos membros do Ministério Público, no exercício de sua função, além de 
outras previstas na Lei Orgânica: 
(...) 
IV - receber intimação pessoal em qualquer processo e grau de jurisdição, através da entrega dos autos com 
vista; 
 
No Código de Processo Penal: 
Art. 370 (...) 
§ 4º A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será pessoal. 
 
E, por fim, no Código de Processo Civil: 
Art. 180. O Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos, que terá início a partir 
de sua intimação pessoal, nos termos do art. 183, § 1º. 
(...) 
Art. 183. (...) 
§ 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico. 
 
O que é intimação pessoal? Como funciona? 
A intimação pessoal pode ocorrer mediante as seguintes possibilidades: 
a) no próprio cartório ou secretaria da Vara. Ex: o advogado vai ver um processo na secretaria da Vara e o 
diretor já faz ele tomar ciência da audiência que foi designada; 
 
 
 
 
4 
4 
b) em audiência; 
c) pelo correio (via postal com aviso de recebimento); 
d) por mandado (cumprido por oficial de justiça); 
e) mediante entrega dos autos com vista (carga ou remessa); 
f) por meio eletrônico. 
Para o MP, legislação exige intimação pessoal com entrega dos autos 
 
No caso do Ministério Público, a Lei determina que a intimação pessoal deve ocorrer através da entrega dos 
autos com vista (art. 41, IV, da Lei nº 8.625/93). Em outras palavras, não basta que a intimação seja pessoal, 
ela deverá ainda ocorrer mediante a entrega dos autos. 
Dessa feita, o membro do MP não pode ser intimado por mandado, por exemplo, mesmo isso sendo uma forma 
de intimação pessoal. 
Como explica o Min. Roberto Barroso: 
“(...) há, em relação ao Ministério Público, uma prerrogativa de ser intimado pessoalmente e com vista dos 
autos, para qualquer finalidade. Ou seja, não basta a intimação pessoal. Ademais, como dito, a LC nº 75/93 e 
a Lei nº 8.625/93 são leis especiais e não preveem formas diferenciadas de intimação, de modo que não é 
aplicável a intimação pessoal (por meio de mandado) prevista na lei geral” (Rcl 17.694/RS, DJe 7/10/2014). 
 
O membro do Ministério Público pode ser intimado por meio eletrônico? 
 
Penso que sim, desde que, no momento da intimação, o processo eletrônico já esteja inteiramente disponível 
para consulta por parte do membro do MP. 
Essa possibilidade é baseada em dois argumentos: 
1) O art. 180 c/c o art. 183, § 1º do CPC/2015 permitem; 
2) Se o membro do MP é intimado por meio eletrônico e tem acesso integral aos autos eletrônicos, isso é 
equivalente à “entrega dos autos com vista” (art. 41, IV, da Lei nº 8.625/93). É a versão eletrônica da remessa 
dos autos físicos como vista. 
 
 
INTIMAÇÃO PESSOAL OCORRE NA DATA EM QUEOS AUTOS SÃO RECEBIDOS NO ÓRGÃO 
No caso da intimação pessoal do membro do MP ser feita mediante entrega dos autos com vista, o que 
normalmente ocorre na prática é a remessa do processo da Vara para a Instituição (MP), sendo os autos 
recebidos por um servidor do órgão. 
 
Nessa hipótese, deve-se considerar realizada a intimação pessoal no dia em que o processo chegou no MP, 
ou somente na data em que o membro do MP apuser seu ciente nos autos? 
A intimação considera-se realizada no dia em que os autos são recebidos pelo MP. Logo, segundo o STJ e o 
STF, o termo inicial da contagem dos prazos é o dia útil seguinte à data da entrada dos autos no órgão público 
ao qual é dada a vista. 
 
“A contagem dos prazos para a Defensoria Pública ou para o Ministério Público tem início com a entrada dos 
autos no setor administrativo do órgão e, estando formalizada a carga pelo servidor, configurada está a 
intimação pessoal, sendo despicienda, para a contagem do prazo, a aposição no processo do ciente por parte 
do seu membro.” (STJ. REsp 1.278.239-RJ). Isso ocorre para evitar que o início do prazo fique ao sabor da 
parte, circunstância que não deve ser tolerada, em nome do equilíbrio e igualdade processual entre os 
envolvidos na lide (STJ. EDcl no RMS 31.791/AC). 
 
 
 
 
 
 
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INTIMAÇÃO DA DEFENSORIA COM REMESSA DOS AUTOS MESMO DE DECISÃO 
PROFERIDA EM AUDIÊNCIA 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João, réu em um processo criminal, foi absolvido pelo juiz em sentença proferida na própria audiência, fato 
ocorrido dia 02/02/2017. 
O membro do Ministério Público estava presente no ato tendo, inclusive, assinado o termo de audiência onde 
constava o inteiro teor da sentença. 
Em 03/03/2017, os autos do processo foram remetidos ao Ministério Público que, no dia seguinte, apresentou 
recurso de apelação. 
O Tribunal julgou a apelação intempestiva sob o argumento de que a contagem do prazo para o recurso se 
iniciou no dia seguinte à audiência. 
 
Agiu corretamente o Tribunal? Se uma decisão ou sentença é proferida pelo juiz na própria audiência, 
estando o membro do Ministério Público presente, pode-se dizer que ele foi intimado pessoalmente naquele 
ato ou será necessário ainda o envio dos autos à Instituição para que a intimação se torne perfeita? 
Não agiu corretamente o Tribunal. 
Segundo o entendimento do STJ: 
O termo inicial da contagem do prazo para impugnar decisão judicial é, para o Ministério Público, a 
data da entrega dos autos na repartição administrativa do órgão, sendo irrelevante que a intimação 
pessoal tenha se dado em audiência, em cartório ou por mandado. 
STJ. 3ª Seção. REsp 1.349.935-SE, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 23/8/2017 (recurso repetitivo) 
(Info 611). 
 
Ao longo de um dia o membro do Ministério Público poderá realizar inúmeras audiências criminais, não sendo 
razoável que, em relação a todas as decisões que foram ali proferidas já se inicie o prazo recursal sem que ele 
tenha carga dos autos para fazer um exame detalhado. 
Vale ressaltar ainda que, muitas vezes, o membro do Ministério Público que participou da audiência não é o 
mesmo que irá preparar o recurso, o que reforça a necessidade de que o termo inicial da contagem do prazo 
somente se inicie com a entrega dos autos na Instituição. 
Além desses argumentos de ordem prática, não há como negar vigência ao texto expresso da Lei. Tanto a Lei 
nº 8.625/93 como a LC 75/93 são explícitas em estabelecer a prerrogativa da intimação pessoal aos membros 
do Ministério Público com carga dos autos. 
 
O entendimento acima explicado vale também a Defensoria Pública? 
Prevalece que sim. Confira o seguinte precedente do STF: 
Para que a intimação pessoal do Defensor Público se concretize, será necessária a remessa dos autos à 
Defensoria Pública. 
A intimação da Defensoria Pública, a despeito da presença do defensor na audiência de leitura da sentença 
condenatória, se aperfeiçoa com sua intimação pessoal, mediante a remessa dos autos. 
STF. 2ª Turma. HC 125270/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 23/6/2015 (Info 791). 
 
O Ministro Rogério Schietti Cruz, em seu voto no REsp 1.349.935-SE, também manifestou o entendimento 
de que “a intimação da Defensoria Pública também se aperfeiçoa com a remessa dos autos para vista pessoal 
do defensor”. 
 
O entendimento acima explicado vale também para processos cíveis? Ex: se, em uma ACP, o juiz profere 
uma decisão em audiência na qual o MP está presente, será necessária remessa dos autos ao Parquet para 
que se inicie o prazo recursal? 
 
 
 
 
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Ainda não há uma certeza sobre o tema, mas prevalece que não. Isso porque o CPC/2015 previu o seguinte: 
Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de 
advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão. 
§ 1º Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão intimados em audiência quando nesta for proferida a 
decisão. 
 
INTIMAÇÃO PESSOAL DOS MEMBROS DO MP NO PRÓPRIO CARTÓRIO JUDICIAL: 
IMPOSSIBILIDADE 
Na prática forense, pode acontecer a seguinte situação: o Promotor de Justiça ou o Procurador da República, 
após a audiência, vai até o Cartório/Secretaria da Vara e lá indaga se existem processos criminais para serem 
remetidos ao MP. O escrivão/diretor de secretaria afirma que sim e mostra a pilha de autos que seguirão ao 
Parquet. O membro do MP começa a examinar e percebe que alguns são apenas para que ele tome ciência de 
decisões ou sentenças que foram proferidas pelo juiz. Diante disso, para facilitar, ele decide ali mesmo tomar 
ciência de alguns deles. Para isso, escreve ao final da decisão/sentença: “Ciente em XX/XX/XX. Carimbo e 
assinatura”. 
 
A pergunta que surge é a seguinte: tais processos criminais em que o Promotor/Procurador deu ciência 
ainda precisarão seguir ao MP? O prazo para o MP recorrer contra essa decisão/sentença iniciou neste dia 
ou para isso será necessário ainda remeter o processo à Instituição? 
Ainda será necessário que tais processos sejam remetidos ao MP. 
O termo inicial da contagem do prazo para impugnar decisão judicial é, para o Ministério Público, a 
data da entrega dos autos na repartição administrativa do órgão, sendo irrelevante que a intimação 
pessoal tenha se dado em audiência, em cartório ou por mandado. 
STJ. 3ª Seção. REsp 1.349.935-SE, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 23/8/2017 (recurso repetitivo) 
(Info 611). 
 
Obs: o entendimento acima (a respeito da intimação em cartório) é uma mudança de posição do STJ. Portanto, 
atualize seus materiais de estudo e revisões. Mais para frente irei publicar as revisões dos meus livros que 
trataram sobre o tema. 
 
2. Citação 
2.1 Conceito 
A citação é o ato de comunicação processual por meio do qual o acusado toma ciência do recebimento de uma 
denúncia ou queixa em face de sua pessoa, ao mesmo tempo em que é chamado para se defender. 
Trata-se do ato de comunicação mais importante, posto que irá materializar o contraditório. Nessa esteira, discorre 
o Professor Renato Brasileiro “a citação é um dos mais importantes atos de comunicação processual, porquanto dá 
ciência ao acusado do recebimento de uma denúncia ou queixa em face de sua pessoa, chamando-o para se 
defender. Considerando-se que a instrução criminal deve ser conduzida sob o crivo do contraditório, a parte 
contrária deve ser ouvida (audiatur et altera pars). Para que ela seja ouvida, faz-se necessário o chamamento a 
juízo, que é feito por meio da citação” (Manual de Processo Penal, 2016). 
 
 
 
 
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Citação – concretude do contraditório e da ampla defesa. 
A citação possui previsão legal no Código de Processo Penal, porém o seu fundamento basilar encontra-se previsto 
na Constituição Federal, ao teor do art. 5º, LV, o qual assegura o direito ao contraditório e a ampla defesa. 
Nesse sentido, o texto constitucional:Art. 5º. LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o 
contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. 
Além da Constituição Federal, a Convenção Americana sobre Direitos Humanos também prevê a comunicação do 
acusado, ao teor do art. 8, §2º, vejamos. 
Art. 8. §2º. b: comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da formulada. 
Desse modo, contemplamos que a citação também dá concretude ao quanto previsto na Convenção Americana sobre 
Direitos Humanos, que assegura que toda pessoa acusada de delito tem direito à comunicação prévia e 
pormenorizada da acusação formulada (Dec. 678/92, art. 8º, nº 2, “b”). 
2.2 Consequências decorrentes (ou eventual vício) da citação 
As consequências ou eventuais vícios da citação darão ensejo a nulidade absoluta. 
Tamanha a importância da citação que o próprio Código de Processo Penal estabelece que sua falta configura 
nulidade absoluta (CPP, art. 564, III, “e”). Logo, se a citação não existiu ou, tendo existido, estava eivada de 
nulidade, o processo estará nulo ab initio. 
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: (...) III – por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: (...) e) a 
citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos à acusação e à 
defesa. 
Não obstante o caráter de nulidade absoluta, a qual em regra o vício é insanável, a sua falta ou nulidade estará sanada, 
desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se, em observância ao princípio da instrumentalidade 
da forma. 
Corroborando ao exposto, prevê o art. 570 do Código de Processo Penal. 
Art. 570. A falta ou nulidade da citação, da intimação ou da notificação estará sanada, desde que o interessado 
compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para o único fim de argui-la. O juiz ordenará, 
todavia, a suspensão ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar direito da 
parte. 
 
 
 
 
8 
8 
Desse modo, contemplamos que nulidade absoluta in casu poderá ser sanada pelo comparecimento da parte em 
juízo. 
Segundo a doutrina, quando a nulidade absoluta da citação é declarada isso é denominado de “circundução”. 
Nessa esteira, denomina-se circundução o ato pelo qual se julga nula ou de nenhuma eficácia a citação; quando 
anulada diz-se que há citação circunduta. 
Você não pode esquecer! 
O que acontece se não houver a citação válida do réu? O processo será nulo desde o seu início, nos termos do art. 
564, III, “e”, do CPP, havendo, neste caso, violação ao art. 5º, LV, da CF/88 e ao artigo 8º, 2, “b”, da Convenção 
Americana de Direitos Humanos. Ressalta-se, que a falta ou a nulidade da citação estará sanada, “desde que o 
interessado compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para o único fim de argui-la. O juiz 
ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar 
direito da parte” (art. 570 do CPP). 
2.3 Finalidade da citação 
A atual finalidade (após o advento a reforma processual de 2008), a citação tem por finalidade dá ciência ao acusado 
do processo penal contra este instaurado para que venha a apresentação de resposta à acusação. 
Assim: 
- Antes da reforma processual de 2008, a finalidade da citação era para o comparecimento em juízo para 
interrogatório, isso porque o interrogatório era o 1º ato da instrução probatória. Cumpre destacar que essa realidade 
foi flagrantemente alterada (art. 400, CPP), inclusive no âmbito no CPM conforme entendimento recente do STF 
(Info. 816). 
O art. 400 do CPP foi alterado pela Lei nº 11.719/2008 e, atualmente, o interrogatório deve ser feito depois da 
inquirição das testemunhas e da realização das demais provas. Em suma, o interrogatório passou a ser o último ato 
da audiência de instrução. 
INFORMATIVO 816, STF 
 
A exigência de realização do interrogatório ao final da instrução criminal, conforme o art. 400 do CPP é aplicável 
no âmbito de processo penal militar. A realização do interrogatório ao final da instrução criminal, prevista no art. 
400 do CPP, na redação dada pela Lei nº 11.719/2008, também se aplica às ações penais em trâmite na Justiça 
Militar, em detrimento do art. 302 do Decreto-Lei nº 1.002/69. 
 
 
 
 
9 
9 
Logo, na hipótese de crimes militares, o interrogatório também deve ser realizado depois da oitiva das testemunhas, 
ao final da instrução. STF. Plenário. HC 127900/AM, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/3/2016 (Info 816). 
Sugestão de Estudo Complementar | Anexo: Interrogatório no processo penal militar passa a ser o último ato da 
instrução. INFO 816. 
Devemos, todavia ter atenção com relação a alguns procedimentos especiais em que há previsão legal do 
interrogatório como primeiro ato da instrução processual, o que tem gerado controvérsia jurisprudencial acerca do 
assunto: 
a) procedimento originário dos Tribunais (Lei nº 8.038/90): O Supremo vem entendendo que também deve observar 
a regra prevista no art. 400 do CPP (AP 528 AgR/DF). 
→O STF, apreciando a Ação Penal 528, entendeu que as mudanças ocorridas no CPP também deveriam ser aplicadas 
ao procedimento originário dos tribunais e que o interrogatório dos acusados com foro por prerrogativa de função 
também deve ser realizado ao final da instrução. 
STF, Pleno, AP 528 AgR/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 24/03/2011, DJe 109 07/06/2011. Para a 5ª Turma 
do STJ, a previsão do interrogatório como último ato processual, nos termos do disposto no art. 400 do CPP, com 
redação dada pela Lei nº 11.719/2008, por ser mais benéfica à defesa, também deve ser aplicada às ações penais 
originárias nos tribunais, afastada, assim, a regra específica prevista no art. 7º da Lei nº 8.038/1990: STJ, 5ª Turma, 
HC 205.364/MG, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 06/12/2011, DJe 19/12/2011. 
b) Processo Penal Militar (Art. 399, CPPM) – O STF já se manifestou à respeito da matéria no Informativo 816. 
c) Procedimento Especial da Lei de Licitações; 
d) Procedimento Especial da Lei de Drogas (Art. 57, da Lei 11.343/2006). 
Durante os debates referente a aplicação no âmbito do CPPM os Ministros assinalaram que, no procedimento da Lei 
de Drogas e no processo de crimes eleitorais, o interrogatório também deverá ser o último ato da instrução mesmo 
não havendo previsão legal neste sentido. Assim, quando o STF for novamente chamado a se manifestar sobre esses 
casos, ele deverá afirmar isso expressamente. 
- Depois da reforma processual de 2008, para a apresentação de resposta à acusação. 
Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não rejeitar 
liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 
(dez) dias. 
Conclusão 
 
 
 
 
10 
10 
1. Nos casos em que o interrogatório é o último ato processual, conforme previsão do art. 400 do CPP, a finalidade 
da citação é a apresentação da resposta à acusação. 
2. Por outro lado, nos procedimentos especiais em que o interrogatório permanece sendo o 1º ato da instrução 
probatório, a finalidade da citação é a intimação para o interrogatório. 
Esquematizando 
Interrogatório como 1º Ato Realização do interrogatório 
Interrogatório como último ato da instrução Apresentação da Resposta à acusação 
 
2.4 Efeitos da citação válida 
Inicialmente, cumpre destacar a distinção no âmbito do processo civil e do processo penal dos efeitos da citação 
válida. 
No âmbito processual civil, por força do disposto no art. 240 a citação válida, ainda quando ordenada por juízo 
incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor. 
No processo penal, por sua vez, o efeito da citação válida é estabelecer a angularidade da relação processual, fazendo 
surgir a instância. Nesse sentido, o art. 363 do CPP. 
Art. 363. O processo terá completadaa sua formação quando realizada a citação do acusado. 
E quando ocorre no processo penal a litispendência, a prevenção do juízo e a interrupção da prescrição? 
a) Litispendência no processo penal: estará caracterizada quando uma segunda denúncia for recebida em relação à 
mesma imputação, independentemente da citação válida. 
Assim, a litispendência está presente desde o recebimento da segunda peça acusatória, independentemente de 
citação. 
b) Prevenção no juízo do processo penal: estará firmada quando houver a prática de um ato decisório por um dos 
juízos igualmente competentes, ainda que na fase investigatória. 
Nesse sentido, ensina Renato Brasileiro “o que torna prevento o juízo no processo penal é a distribuição (CPP, art. 
75) ou a prática de algum ato de caráter decisório, ainda que anterior ao oferecimento da peça acusatória, quando 
houver dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa (CPP, art. 83)”. (Manual de 
Processo Penal, 2016). 
 
 
 
 
11 
11 
c) Interrupção da prescrição no processo penal: ocorre quando há o recebimento da denúncia competente. Assim, 
contemplamos que a interrupção da prescrição ocorre por ocasião do recebimento da denúncia, e não a citação do 
acusado, nos exatos termos do art. 117, inciso I, do Código Penal. 
Art. 117, I. CP – O curso da prescrição interrompe-se “pelo recebimento da denúncia ou da queixa”. 
2.5 Espécies de citação 
A doutrina costuma trabalhar com duas espécies de citação: citação real, também denominada de pessoal e a citação 
ficta, também conhecida como presumida. 
A citação real funciona como regra. Na citação real o acusado é citado pessoalmente na pessoa do próprio acusado, 
sendo feita por meio de mandado (regra). 
A citação real, pode ainda ser feito por meio de precatório; por carta de ordem; por carta rogatória 
a) Citação Real 
A citação real constitui a regra, devendo ser compreendida como aquela que é feita pessoalmente, ou seja, na pessoa 
do próprio acusado. 
Pode ser concretizada por mandado, por precatória, carta de ordem, ou por carta rogatória. 
Esquematizando 
 
CITAÇÃO 
REAL 
Por mandado 
Por precatória 
Por carta de ordem 
Por carta rogatória 
 
No processo penal comum, não se admite citação pelo correio, nem tampouco citação por e-mail ou telefone. Além 
disso, segundo disposição expressa da Lei nº 11.419/06 (art. 6º), que dispõe sobre a informatização do processo 
judicial, não se admite citação eletrônica no processo penal. 
Não se esqueça! No processo penal não se admite citação por meios eletrônicos. 
Obs.1: Citação imprópria 
Inicialmente, cumpre destacar que no processo penal somente o acusado pode ser citado, ou seja, a citação será feita 
na pessoa do acusado. A única exceção à regra fica por parte do que a doutrina denomina de citação imprópria. 
 
 
 
 
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Nesse contexto, ensina Renato Brasileiro “em relação aos inimputáveis, cuja doença mental ou desenvolvimento 
mental incompleto ou retardado tenham sido diagnosticados antes da citação, pensamos que a citação deve ser 
feita na pessoa de seu curador”. 
Assim, a citação deverá ser feita ao terceiro que não o próprio acusado (no caso em tela, o curador), ocorrerá a 
chamada “citação imprópria”. 
Nas lições do Professor Renato Brasileiro esse entendimento é possível por aplicação supletiva do art. 245 do Novo 
Código de Processo Civil. 
Dessa forma, consoante disposto no art. 245, caput, do novo CPC, não se fará citação quando se verificar que o 
citando é mentalmente incapaz ou está impossibilitado de recebê-la. 
a.1) Citação por mandado 
Nos termos do art. 351 do Código de Processo Penal, “a citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver 
no território sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado”. 
Encontrando-se o acusado em local certo e sabido no território do juiz processante, sua citação deverá ser feita, em 
regra, por mandado, compreendido como uma ordem escrita, assinada pelo juiz competente, a ser cumprida por 
Oficial de Justiça. 
Conforme discorre a doutrina e da análise dos dispositivos legais, contemplamos que o mandado deverá observar 
determinados requisitos. 
Os requisitos do mandado pode ser subdividido em intrínsecos e extrínsecos, e encontra-se previstos ao teor dos arts. 
352 e 357 do CPP. 
Requisitos Intrínsecos 
Art. 352. O mandado de citação indicará 
I – o nome do juiz; 
II – o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa; 
III – o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos; 
IV – a residência do réu, se for conhecida; 
V – o fim para que é feita a citação: 
VI – o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer; 
VII – a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz. 
 
 
 
 
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Requisitos Extrínsecos 
Trata-se das formalidades que irão formalizar a citação por mandado. 
Art. 357. São requisitos da citação por mandado: 
I – leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé (cópia da denúncia/queixa), na qual se 
mencionarão dia e hora da citação; 
II – declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua aceitação ou recusa. 
Esquematizando 
Requisitos Intrínsecos Requisitos Extrínsecos 
Art. 352 Art. 357 
 
Restrições a citação – inexistente no Processo Penal 
O art. 244 do novo Código de Processo Civil proclama que não se fará a citação, salvo para evitar o perecimento do 
direito: I – a quem estiver assistindo a qualquer ato de culto religioso; II – ao cônjuge ou a qualquer parente do 
morto, consanguíneo ou afim, em linha reta, ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 
(sete) dias seguintes; III – aos noivos, nos 3 (três) primeiros dias de bodas; IV – aos doentes, enquanto grave o seu 
estado. 
Diferentemente do que propõe o Código de Processo Civil em seu art. 244, no âmbito processual penal, não há 
restrições semelhantes, do que se conclui que a citação pode ser feita em qualquer lugar em que o acusado seja 
encontrado, pouco importando o dia e a hora, respeitando-se apenas a inviolabilidade domiciliar (CF, art. 5º, XI). 
→A citação pode ser feita em qualquer lugar em que o acusado seja encontrado. 
Não se esqueça! 
No processo penal, não há, pelo menos em regra, restrições à citação, que pode ser feita a qualquer hora, respeitada 
a inviolabilidade domiciliar. 
 a.2) Citação por carta precatória 
Nos termos do art. 353, o individuo será citado por carta precatória quando o réu estiver fora do território do juiz 
processante. 
Nesse sentido, ensina o Professor Renato Brasileiro de Lima “se o acusado estiver no território nacional, em local 
certo e sabido, porém fora do âmbito da competência territorial do juízo processante, a citação deverá ser feita por 
 
 
 
 
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meio de carta precatória, nos exatos termos do art. 353 do CPP. Para tanto, é importante que o acusado esteja em 
local certo e sabido, sob pena de não ser possível o cumprimento da carta precatória”. 
Art. 353. Quando o réu estiver fora do território de jurisdição do juiz processante, será citado mediante precatória. 
Carta precatória itinerante 
É possível que, ao cumprir o mandado de citação expedido pelo juízo deprecado, verifique-se que o acusado não se 
encontra naquela comarca, mas sim em outra, sujeita à competência de outro juízo. 
Nessa hipótese, deve o juiz deprecado remeter os autos da carta precatória ao juiz da comarca onde se encontra o 
acusado para fins de efetivação da diligência, o que deverá ser feito independentemente de determinação do juízo 
deprecante. É o que a doutrina denomina de carta precatória itinerante. 
Assim, por uma questão de economia processual, se verificado no juízo deprecado que o acusado ali não se encontra, 
o juiz deprecado procederá com a remessa dos autos da precatória para que naquela comarca seja o referido citado. 
Art. 355. §1º. Verificado que o réu se encontra em território sujeito à jurisdição de outro juiz,a este remeterá o juiz 
deprecado os autos para efetivação da diligência, desde que haja tempo para fazer-se a citação. 
Atenção! 
Nos termos do art. 355, §2º do Código de Processo Penal “certificado pelo Oficial de Justiça que o réu se oculta para 
não ser citado, a precatória será imediatamente devolvida ao juízo deprecante, para o fim previsto no art. 362”. O 
art. 362 do CPP tratava da precatória antes do advento da reforma processual penal de 2008. 
Antes de 2008, se o acusado se ocultava para não ser citado, o referido seria citado por edital. 
Porém, atualmente se o individuo se oculta para não ser citado, será citado por hora certa (citação por hora certa no 
juízo deprecado). 
a.3) Citação do Militar 
O militar é citado pessoalmente através do chefe respectivo. 
De acordo com o art. 358 do CPP, a citação do militar far-se-á por intermédio do chefe do respectivo serviço. 
A citação por meio do Chefe respectivo visa assegurar a hierarquia e disciplina militares. 
Nessa esteira, o art. 280 do CPPM prevê: 
Art. 280. A citação do militar em situação de atividade ou a assemelhado far-se-á mediante requisição à autoridade 
sob cujo comando ou chefia estiver, a fim de que o citando se apresente para ouvir a leitura do mandado e receber 
contrafé. 
 
 
 
 
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Ademais, cumpre ressaltar que nos termos do § 2º, do art. 221 do CPP, os militares que forem testemunhas deverão 
ser inquiridas aos seus superiores. 
 
a.4) Citação do Funcionário Público 
O funcionário público também deve ser citado pessoalmente, seja por mandado, seja por carta precatória. 
Art. 359. O dia designado para o funcionário público comparecer em juízo, como acusado, será notificado assim a 
ele como ao chefe de sua repartição. 
O funcionário público tem direito a citação pessoal, com a ressalva peculiar de que no dia que este tiver que 
comparecer em juízo, também deverá esta data ser comunicada ao Chefe de sua repartição. 
a.5) Citação do acusado preso 
Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado. 
Conforme entendimento da doutrina, “como o art. 360 não estabelece qualquer distinção, o acusado preso sempre 
deverá ser citado pessoalmente, ainda que esteja preso em outra unidade da Federação”. 
Compartilhando desse entendimento, preleciona Renato Brasileiro “se o acusado está preso, independentemente da 
unidade federativa em que estiver recolhido, isso significa dizer que se encontra à disposição do Estado. Logo, é 
obrigação do Poder Judiciário tomar conhecimento disso, procedendo à citação pessoal do preso, nos termos do 
art. 360 do CPP, sob pena de evidente violação à ampla defesa”. 
A Jurisprudência ainda se apega, porém ao teor da Súmula 351 do STF – É nula a citação por edital na mesma 
unidade da Federação em que o juiz exerce a sua jurisdição. 
Em sentido contrário, a súmula quer dizer que se o acusado encontrar-se em outra unidade da federação e não for 
citado por edital, a referida citação não será nula. 
a.6) Citação do acusado estrangeiro 
Na hipótese do acusado encontrar-se no estrangeiro será o referido citado por carta rogatória. 
Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante carta rogatória, suspendendo-se 
o curso do prazo da prescrição até o seu cumprimento. 
Cumpre ressaltar que, para que a citação possa ser feita por carta rogatória, é indispensável que o acusado esteja em 
local certo e sabido; estando em local incerto e não sabido, sua citação será feita por edital. 
O processo continuará fluindo, mas o prazo prescricional será suspenso. 
 
 
 
 
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- Processo: prossegue. 
- Prazo da Prescrição: SUSPENDE. 
Atenção – Art. 222-A do CPP. 
Art. 222-A. As cartas rogatórias só serão expedidas se demonstrada previamente a sua imprescindibilidade, arcando 
a parte requerente com os custos de envio. 
O art. 222-A do CPP, não se aplica ao art. 368, posto que a importância da citação (imprescindibilidade) é presumida. 
Compartilhando desse entendimento, Renato Brasileiro “esse preceito não é aplicável à citação de acusado no 
estrangeiro, porquanto a imprescindibilidade da citação é evidente e dispensa o prévio recolhimento das custas”. 
Obs.1: Não é cabível carta rogatória no âmbito dos Juizados, pois é incompatível com a celeridade que se pretende 
nos juizados especiais criminais. 
Obs.2: Citação em legações estrangeiras (embaixadas e consulados) 
Poderá ser citado desde que não seja titular de imunidade. 
Art. 369. As citações que houverem de ser feitas em legações estrangeiras serão efetuadas mediante carta rogatória. 
Dessa forma, segundo o disposto no art. 369 do CPP, as citações que houverem de ser feitas em legações estrangeiras 
(embaixadas e consulados) serão efetuadas mediante carta rogatória. 
Assim, havendo a necessidade de se proceder à citação de funcionário que resida em uma embaixada ou consulado 
estrangeiro, e desde que tal pessoa não goze de imunidade diplomática, a comunicação deverá ser feita por meio de 
carta rogatória. 
Há doutrinadores que defendem que nesse caso também haverá suspensão da prescrição. Aplicando-se o mesmo 
raciocínio do art. 368 do CPP. Por outro lado, há defensores que argumentam não ser possível, por estaríamos diante 
de uma situação de verdadeira analogia in malam partem (vedada no direito penal), entre eles o Prof. Renato 
Brasileiro. 
a.7) Citação mediante carta de ordem 
A carta de ordem é semelhante à carta precatória, diferenciando-se desta em virtude do órgão jurisdicional de que 
emana. Quando o órgão jurisdicional que a solicita e aquele a quem se solicita estão no mesmo grau de jurisdição, 
trata-se de carta precatória; quando o órgão jurisdicional que solicita o cumprimento é de grau superior, fala-se em 
carta de ordem. 
Entre os juízos há hierarquia. 
 
 
 
 
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Exemplo: Art. 8.038/90, art. 9º, §1º. O relator poderá delegar a realização do interrogatório ou de outro ato da 
instrução ao juiz ou membro de tribunal com competência territorial no local de cumprimento da carta de ordem. 
b) Citação Ficta 
Na citação ficta trabalha-se como uma presunção de que o acusado tomou ciência do processo, e poderá ocorrer de 
duas formas, por edital ou por hora certa. 
Nas lições do Professor e Magistrado Márcio André Lopes Cavalcante (Dizer o Direito), a citação ficta (presumida) 
ocorre quando o acusado não é encontrado para ser comunicado pessoalmente na instauração do processo. Apesar 
disso, se forem cumpridos determinados requisitos legais, a lei presume que ele soube da existência do processo e, 
por isso, autoriza que a marcha processual siga em frente. 
Esquematizando 
CITAÇÃO 
FICTA 
Por edital – art. 361 
Por hora certa – art. 362 
 
b.1) Citação por edital 
No tocante a citação por edital, devemos estudar determinados pontos fundamentais a respeito, tais como, 
circunstância em que o individuo será citado por edital (cabimento) e as consequências da citação por edital. 
- Requisitos da citação por edital 
Art. 365 do CPP, o edital de citação indicará: 
I – o nome do juiz que a determinar; 
II – o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais característicos, bem como sua residência e profissão, se 
constarem do processo; 
III – o fim para que é feita a citação; 
IV – o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá comparecer; 
V – o prazo, que será contado do dia da publicação do edital na imprensa, se houver, ou da sua afixação. 
Prazo de Dilação – ao ser o edital de citação publicado, concede-se um prazo mínimo para que o acusado tome 
ciência. O prazo de dez dias para apresentação da resposta a acusação só começa a fluir após o decurso desse prazo 
de dilação (15 dias). 
 
 
 
 
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Parágrafo único, o edital será afixado à porta do edifício onde funcionar o juízo e será publicado pela imprensa, onde 
houver, devendo a afixação ser certificada pelo oficial que a tiver feito e a publicação provada por exemplar do 
jornal oucertidão do escrivão, da qual conste a página do jornal com a data da publicação. 
Nos termos da Súmula 366 do STF, “Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, embora 
não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia”. 
Não se admite citação por edital no âmbito dos juizados, existindo vedação expressa ao teor do art. 66 da Lei nº 
9.099/95. 
Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado. 
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes no Juízo comum 
para adoção do procedimento previsto em lei. 
→A citação por edital não é admissível no âmbito dos Juizados Especiais Criminais. 
- Hipóteses que autorizam a citação por edital 
Cumpre destacar, antes de ser determinada a citação por edital devem ser esgotados os meios de localização do 
acusado. 
Citação por Edital: ESGOTAMENTO DE TODOS OS MEIOS DISPONÍVEIS - A citação editalícia, como medida 
de exceção, só tem lugar quando esgotados todos os meios disponíveis para localizar o réu. A inobservância dessa 
providência acarreta a nulidade insanável do processo a partir da citação. STJ. 5' Turma. HC 213.600-SP, Rei. Min 
Laurita Vaz, julgado em 4/10/2012. 
a) acusado em local inacessível 
Trata-se de hipótese não prevista expressamente no CPP, aplicando-se, conforme a doutrina por semelhança ao que 
prevê o Código de Processo Civil, ao teor do inciso II, art. 256. 
Nos termos do §1º do art. 256, do CPC local inacessível, para efeitos de citação por edital, é o país que recusar o 
cumprimento de carta rogatória. 
b) acusado em local incerto ou não sabido 
Não se sabe a exata localização do individuo. 
Nos termos do §3º, art. 256 do Novo CPC, o réu será considerado em local ignorado ou incerto se infrutíferas as 
tentativas de sua localização, inclusive, mediante requisição pelo juízo de informações sobre seu endereço nos 
cadastros de órgãos públicos ou de concessionárias de serviços públicos. 
 
 
 
 
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c) Acusado que se oculta para não ser citado: 
- Antes da Lei 11.719/2008 era citado por edital; 
- Após a edição da Lei 11.719/2008 será citado por hora certa (art. 362, CPP). 
Atualmente, se o acusado se ocultar para não ser citado, ele será citado por hora certa. 
Assim, a referida hipótese hoje já não autoriza a citação por edital. 
- Aplicação do art. 366 do CPP ao acusado citado por edital 
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e 
o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes 
e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. (Redação dada a Lei nº 9.271/96). 
§1º - revogado. 
§2º - revogado. 
Obs.1: O fato dos dois parágrafos do art. 366 terem sido revogados pela Lei nº 11.719/08 não prejudicou a validade 
do caput do referido dispositivo. 
Obs.2: A Lei nº 9.271/96, a nova redação do art. 366, caput e o direito intertemporal. 
Antes e depois – Esquematizando 
Art. 366 do CPP 
Antes da Lei nº 9.271/96 
Art. 366 do CPP 
Depois da Lei nº 9.271/96 
Citação por edital Citação por edital 
Não comparecimento do acusado Não comparecimento do acusado 
Decretação da revelia do acusado: o processo 
seguia normalmente com a nomeação do 
defensor dativo 
Suspensão do processo + suspensão da prescrição. 
 A suspensão da prescrição tem natureza de norma de 
direito material. Refere-se a uma norma penal mista, e 
por contemplar a suspensão da prescrição é prejudicial 
ao acusado. 
 Deverá ser aplicada somente aos crimes praticados 
após o advento da lei. 
 
STF: Citação por edital e revelia: L. 9.271/96: aplicação no tempo. Firme, na jurisprudência do Tribunal, que a 
suspensão do processo e a suspensão do curso da prescrição são incindíveis no contexto do novo art. 366, de tal 
modo que a impossibilidade de aplicar-se retroativamente a relativa à prescrição, por seu caráter penal, impede a 
 
 
 
 
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aplicação imediata da outra, malgrado o seu caráter processual, aos feitos em curso quando do advento da lei nova. 
STF, HC 83.864/DF. 
Pressupostos para aplicação do art. 366 
- citação por edital: o primeiro requisito para incidência do art. 366 é que o individuo tenha sido citado por edital. 
- não apresentação da resposta à acusação. 
Consequência da aplicação do art. 366 
1. Possibilidade de determinação pelo magistrado da produção das provas consideradas urgentes 
Nos termos do art. 366 do CPP, antes de determinar a suspensão do processo e da prescrição, é possível que o juiz 
determine a produção antecipada das provas consideradas urgentes. 
Segundo o Profº. Márcio André, para que o magistrado realize a colheita antecipada das provas, exige-se que seja 
demonstrada a real necessidade da medida. Dessa forma, toda produção antecipada de provas realizada nos termos 
do art. 366 do CPP está adstrita à sua necessidade concreta, devidamente fundamentada. 
Nesse contexto, interessante à discussão à respeito da caráter urgente ou não da prova testemunhal. 
Para uma 1ª corrente, a prova testemunhal é considerada prova urgente, isso porque o decurso do tempo em muito 
pode influenciar na produção da oitiva daquela testemunha, seja pelo esquecimento dos fatos ou até mesmo em 
decorrência de mudança de endereço da referida, vindo a prejudicar a sua realização em momento posterior. 
STF, 2ª Turma, HC 110.280/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 07/08/2012: em caso concreto de furto qualificado 
pelo concurso de agentes no qual um dos acusados, depois de citado por edital, não constituíra defensor nem 
apresentara resposta à acusação, tendo o juiz designado audiência de instrução e julgamento à qual esteve presente 
o corréu citado pessoalmente, acompanhado da Defensoria Pública, considerou o Supremo que a antecipação da 
prova testemunhal seria necessária em virtude da possibilidade concreta de perecimento do saber das testemunhas. 
Na dicção do Min. Gilmar Mendes, a limitação da memória humana e o comprometimento da busca da verdade 
seriam argumentos idôneos a justificar a determinação da antecipação da prova testemunhal. Na hipótese de ulterior 
comparecimento do acusado ausente, este poderia, então, requerer a realização de provas, inclusive a repetição 
daquela produzida antecipadamente. Cumpre ressalvar que essa não é a posição predominante. 
Para uma 2ª corrente, a qual é majoritária, prova testemunhal só é considerada urgente quando se tratar de uma das 
hipóteses do art. 225 do Código de Processo Penal. 
 
 
 
 
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Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que 
ao tempo da instrução criminal já não exista, ou esteja impossibilitada de depor, o juiz poderá, de ofício ou a 
requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento. 
Nesse sentido, a Súmula 455 do STJ. 
Súmula 455, STJ. A decisão que determina a produção antecipada de provas com base no art. 366 deve ser 
concretamente fundamentada, não justificando unicamente o mero decurso do tempo. 
A 1ª Turma do Supremo, por sua vez, tem julgado seguindo a orientação da Súmula 455 do STJ. 
→Já caiu: Foi cobrado no Concurso Juiz de Direito - PA/2014. Nos termos do quanto determina o art. 366 do CPP, 
“se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso 
do prazo prescricional”. De acordo com interpretação jurisprudencial sumulada pelo STJ (súmula 455), pode ser 
realizada produção antecipada de provas nessas hipóteses? 
a) Sim, uma vez que o mero decurso do tempo justifica tal medida. 
b) Sim, desde que o defensor dativo nomeado concorde e acompanhe. 
c) Não, ainda que nomeado defensor dativo, por ofensa ao direito de autodefesa. 
d) Não, pois é direito do acusado acompanhar a prova produzida.e) Sim, desde que a decisão seja concretamente fundamentada. 
Comentário: em consonância com o teor da Súmula 455, do STJ, do qual era exigido o conhecimento do candidato, 
o gabarito da alternativa é letra E. É possível a produção antecipada, desde que a decisão seja devidamente 
fundamentada. 
Atenção! Policiais como sendo as testemunhas! 
INFORMATIVO 806, STF 
 
PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA: Oitiva antecipada de testemunhas apenas pelo fato de serem policiais 
Existe um argumento no sentido de que se as testemunhas forem policiais, deverá haver autorizada a sua oitiva como 
prova antecipada, considerando que os policiais lidam diariamente com inúmeras ocorrências e, se houvesse o 
decurso do tempo, eles iriam esquecer dos fatos. 
Esse argumento é aceito pela jurisprudência? A oitiva das testemunhas que são policiais é considerada como prova 
urgente para os fins do art. 366 do CPP? 
 
 
 
 
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SIM. É a posição do STJ NÃO. Julgado do STF. 
O fato de o agente de segurança pública atuar 
constantemente no combate à criminalidade faz com 
que ele presencie crimes diariamente. Em virtude 
disso, os detalhes de cada uma das ocorrências 
acabam se perdendo em sua memória. 
 
Essa peculiaridade justifica que os policiais sejam 
ouvidos como produção antecipada da prova 
testemunhal, pois além da proximidade temporal 
com a ocorrência dos fatos proporcionar uma maior 
fidelidade das declarações, possibilita ainda o 
registro oficial da versão dos fatos vivenciados por 
ele, o que terá grande relevância para a garantia da 
ampla defesa do acusado, caso a defesa técnica 
repute necessária a repetição do seu depoimento por 
ocasião da retomada do curso da ação penal. 
 
STJ. 5ª Turma. RHC 51.232-DF, Rel. Min. Jorge 
Mussi, julgado em 2/10/2014 (Info 549). STJ. 6ª 
Turma. RHC 48.073/DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 
julgado em 30/06/2015. 
É incabível a produção antecipada de prova 
testemunhal fundamentada na simples possibilidade 
de esquecimento dos fatos, sendo necessária a 
demonstração do risco de perecimento da prova a 
ser produzida (art. 225 do CPP). 
 
Não serve como justificativa a alegação de que as 
testemunhas são policiais responsáveis pela prisão, 
cuja própria atividade contribui, por si só, para o 
esquecimento das circunstâncias que cercam a 
apuração da suposta autoria de cada infração penal. 
STF. 2ª Turma. HC 130038/DF, Rel. Min. Dias 
Toffoli, julgado em 3/11/2015 (Info 806). 
 
INFORMATIVO 549, STJ 
 
Segundo decidiu o STJ, se o processo estiver suspenso com base no art. 366 do CPP, e uma das testemunhas for 
policial, o juiz poderá autorizar que ela seja ouvida de forma antecipada, sendo isso considerado prova urgente. O 
atuar constante do combate à criminalidade expõe o agente da segurança pública a inúmeras situações conflituosas 
com o ordenamento jurídico, sendo certo que as peculiaridades de cada uma acabam se perdendo em sua memória, 
seja pela frequência com que ocorrem, ou pela própria similitude dos fatos. STJ, 5ª Turma. RHC 51.232-DF, Rel. 
Min. Jorge Mussi, julgado em 2/10/2014 (Info 549). 
Sugestão de Estudo Complementar | Anexo: Info 549 do STJ e 806 do STF! (Divergência de entendimento). 
2. Possibilidade de Decretação da prisão preventiva 
A prisão preventiva não é uma consequência automática do art. 366. O magistrado deverá analisar conforme as 
circunstâncias do caso concreto, se a prisão preventiva mostra-se necessária nos moldes do art. 312 do CPP. 
Além disso, apesar do dispositivo fazer menção apenas ao art. 312, deverá também ser observado as hipóteses de 
admissibilidade dos incisos do art. 313 do CPP. 
 
 
 
 
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3. Suspensão do processo 
4. Suspensão da prescrição 
Com a suspensão do processo, resguarda-se a ampla defesa do acusado. Por outro lado, a suspensão da prescrição 
resguarda a pretensão punitiva do Estado. 
O legislador, todavia foi omisso quanto ao limite temporal do prazo de suspensão da prescrição. 
1ª Corrente: a prescrição poderá permanecer suspensa por prazo indeterminado. 
Consoante decidiu o Supremo Tribunal Federal no RE 460.971, a prescrição deve permanecer suspensa por prazo 
indeterminado. 
2ª Corrente: o prazo de suspensão da prescrição irá variar de acordo com o prazo da prescrição da pretensão punitiva 
abstrata. Esse é o entendimento do STJ, inclusive já sumulado. 
Desse modo, a fim de evitar a criação de hipóteses de imprescritibilidade não previstas na CF, passou-se a entender 
que a suspensão da prescrição tem limite. Segundo a Súmula 415 do STJ, o período de suspensão do prazo 
prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada. 
Súmula 415 do STJ. O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada. 
→Já caiu: Foi cobrado pelo concurso de Juiz de Direito - CE/2014, e considerada correta a alternativa que afirmada: 
Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, o juiz: d) deverá ordenar a suspensão do 
processo e do curso do prazo prescricional, este regulado pelo máximo da pena cominada, segundo entendimento 
sumulado. 
Esquematizando 
O art. 366 do CPP afirma que se o acusado, citado por edital, não comparecer nem constituir advogado, o juiz poderá 
determinar: 
• a produção antecipada de provas consideradas urgentes e 
• decretar prisão preventiva do acusado se estiverem presentes os requisitos do art. 312 do CPP (o simples fato 
do acusado não ter sido encontrado não é motivo suficiente para decretar sua prisão preventiva). 
O art. 366 do CPP estabelece ainda que: 
• Se o acusado for citado por edital; e 
• Não comparecer ao processo nem constituir advogado 
→O processo e o curso da prescrição ficarão suspensos. 
 
 
 
 
24 
24 
Por fim, e não menos importante, cumpre destacar, que: 
✓ De acordo com o art. 2º, § 2º, da Lei 9.613/98, com redação dada pela Lei nº 12.683/12, no processo por 
crime de Lavagem de Capitais, não se aplica o disposto no art. 366 do CPP. 
✓ Não se aplica o art. 366 do CPP no âmbito da Justiça Militar. 
b.2) Citação por hora certa 
A citação por hora certa, até pouco tempo atrás não existia no Processo Penal. Foi com o advento da Lei nº 11.719/08, 
a qual deu nova redação ao art. 362 do CPP, que fora inaugurada a possibilidade de citação por hora certa em sede 
processual penal. 
Antes de 2008 (da edição da Lei nº 11.719/08) Após o advento da Lei nº 11.719/08 
Quando o acusado se ocultava para não ser citado → 
o CPP previa que a sua citação seria feito por edital. 
Atualmente, se o acusado se oculta para não ser 
citado, ele será objeto de citação por hora certa. 
 
Esquematizando 
Réu que se oculta para não ser citado 
Antes da Lei nº 11.719/2008 Depois da Lei nº 11.719/2008 
Era citado por edital. É agora citado por hora certa. 
O processo e o prazo prescricional ficavam suspensos. O processo e o prazo prescricional continuam 
correndo normalmente. 
 
Segundo o Professor Márcio André Lopes Cavalcante (Dizer o Direito), a citação por hora certa ocorre quando o 
oficial de justiça vai tentar citar o réu, mas nunca o localiza no endereço onde ele normalmente deveria estar. 
Diante disso, o meirinho percebe que réu está, na verdade, praticando manobras para não ser encontrado, 
buscando, com isso, evitar o início dos atos processuais. 
Dessa forma, se o oficial de justiça constatar realmente essa situação, a lei autoriza que ele marque determinado dia 
e horário para voltar no endereço do réu e, nesta data designada, tentar novamente citar o indivíduo. Caso ele não 
esteja mais uma vez presente, a citação considera-se realizada e presume-se que o réu tomou conhecimento da ação 
penal que irá seguir o seu curso normal. 
Nessa esteira, propõe o Código de Processo Penal: 
Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá 
à citação com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeirode 1973 - 
Código de Processo Civil. 
*Na forma estabelecida nos arts. 252 a 254 do Novo Código de Processo Civil. 
 
 
 
 
25 
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Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor 
dativo. 
Segundo os ensinamentos do Profº. Renato Brasileiro, se o acusado, citado por hora certa, não apresentar resposta a 
acusação será decreta sua revelia, com o consequente prosseguimento do processo, respeitada a nomeação de 
defensor dativo. 
O art. 362 do CPP refere-se a uma norma processual penal em branco, isto porque para que seja possível a aplicação 
da citação por hora certa é preciso recorrer-se ao que preconiza o código de processo civil. 
Cumpre destacarmos ainda que, inobstante os artigos do Código de Processo Civil aos quais faz menção do art. 362 
do CPP tenha sido alterado pelo NOVO CPC, ainda assim o art. 362 permanece vigente, diante do exposto no art. 
1.046, §4º do Novo CPC. 
Desse modo, haverá apenas uma adequação aos novos dispositivos correlacionados. 
Portanto, conforme ensina Renato Brasileiro, quando o art. 362 do CPP – espécie de norma processual penal em 
branco – faz referência à realização da citação com hora certa na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 do antigo 
CPC, deve ser lido, na vigência do novo CPC, na forma estabelecida nos arts. 252 a 254 do novo CPC. 
Citação por hora certa no Novo CPC: Arts. 252 a 254. 
Atenção! O Novo CPC alterou não apenas formalmente a citação por hora certa, leia-se, não apenas a ordem 
sequencial dentro do Código, mas também a quantidade de vezes necessárias de impossibilidade da citação por 
oficial, senão vejamos. 
A redação atual que regulamenta a citação por hora certa no Código de Processo Civil prevê: 
Art. 252. Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou residência 
sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer 
vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar. 
Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a intimação a 
que se refere o caput feita a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência. 
Antes era necessário que a tentativa de citação fosse frustrada três vezes, atualmente é necessária apenas duas! 
Ademais, o teor do parágrafo único trata-se também de inovação trazida pelo novo CPC. 
Art. 253. No dia e na hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao 
domicílio ou à residência do citando a fim de realizar a diligência. 
 
 
 
 
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§ 1º Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando por 
feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, seção ou subseção judiciárias. 
§ 2º A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho que houver sido intimado 
esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a receber o mandado. 
§ 3º Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com qualquer pessoa da família ou vizinho, 
conforme o caso, declarando-lhe o nome. 
§ 4º O oficial de justiça fará constar do mandado a advertência de que será nomeado curador especial se houver 
revelia. 
Art. 254. Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou interessado, 
no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou correspondência 
eletrônica, dando-lhe de tudo ciência. 
Requisitos para citação por hora certa 
a) Que o individuo seja procurado por duas vezes e não seja encontrado; 
b) Que haja uma suspeita de ocultação; 
Dessa forma, contemplamos que existem dois requisitos para que ocorra a citação por hora certa, o primeiro é que 
o oficial de justiça deve ter procurado o réu duas vezes no seu endereço, sem conseguir localizá-lo, tratando-se aqui 
de requisito de cunho objetivo. Por outro lado, deve haver suspeita, com base nas circunstâncias do caso concreto, 
de que o réu está se ocultando para não ser citado requisito de natureza subjetiva 
Citação por hora certa: compatibilidade com a Constituição Federal e com a Convenção Americana de Direitos 
Humanos (CADH) 
A citação por hora certa é uma espécie de citação ficta, também denominada de presumida, no entanto, com um 
agravante para a situação do réu, se comparada com a citação por edital. Isso porque, ao contrário do que ocorre na 
citação por edital, na citação por hora certa o processo segue seu curso normal e o réu pode ser condenado. 
Diante disso, muitos doutrinadores sustentam que a citação por hora certa seria inconstitucional por violar a ampla 
defesa. 
O que decidiu o STF? A citação por hora certa viola a Constituição Federal? NÃO. 
Segundo o Min. Relator Marco Aurélio, deixar de reconhecer a constitucionalidade da norma do CPP, que tem como 
objetivo exatamente assegurar a continuidade do processo nas situações em que o réu deliberadamente se esconde 
para evitar a citação, representaria um prêmio à sua atuação ilícita. 
 
 
 
 
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Além disso, essa modalidade de citação não compromete o direito de ampla defesa, a qual abarca a defesa técnica e 
a autodefesa, isto porque conforme fora visto, uma das consequências na hipótese do acusado não apresentar resposta 
a acusação será nomeado defensor (Público ou dativo). 
Nesse sentido, explica o Professor Márcio André Lopes: 
 “Caso o acusado não constitua um advogado, o Estado tem o dever de encaminhar os autos à Defensoria Pública 
ou nomear um defensor dativo para fazer a sua defesa técnica, sob pena de nulidade total do processo. Essa garantia 
é prevista expressamente no procedimento da citação por hora certa”. 
Sugestão de Estudo Complementar | Anexo: A citação por hora certa é constitucional. STF. RE 635145, Rel. Min. 
Marco Aurélio, julgado em 01.08.2016 (repercussão geral). 
3. Intimação 
A intimação corresponde a comunicação feita a alguém no tocante a ato já realizado. Como exemplo, podemos citar 
a intimação da degravação de audiência, a intimação de sentença prolatada pelo magistrado, etc. 
a) Intimação Pessoal 
Determinadas pessoas ou entidades possuem direito à intimação pessoal, entre as quais podemos citar: 
- Acusado; 
- Ministério Público; 
De acordo com a Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, constitui prerrogativa do membro do MP, no 
exercício de sua função, além de outras, a de receber intimação pessoal em qualquer processo e grau de jurisdição, 
através da entrega dos autos com vista (Lei nº 8.625/93, art. 41, IV). 
- Defensor Público; 
Os defensores públicos também têm assegurada a prerrogativa de receber, inclusive quando necessário, mediante 
entrega dos autos com vista, intimação pessoal em qualquer processo e grau de jurisdição ou instância administrativa, 
contando-se-lhes em dobro todos os prazos (LC nº 80/94, art.44, I). 
- Defensor Dativo. 
b) Intimação mediante publicação 
Será intimado, mediante publicação, o advogado do querelante, advogado do assistente da acusação e defensor 
constituído. 
Devendo constar o nome do acusado, sob pena de nulidade (art. 370, §1º, CPP). 
 
 
 
 
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c) Intimação em nome do advogado falecido 
→Esse ato será considerado ineficaz. 
Caso seja feita intimação mediante publicação seja feita em nome de advogado falecido, o ato deve ser considerado 
ineficaz, porquanto não é idôneo a produzir o efeito pretendido 
d) intimação por precatória 
Na hipótese de intimação por meio de carta precatória, conta-se o prazo recursal a partir da data da intimação e não 
da juntada aos autos da carta precatória. Nesse sentido, a súmula nº 710 do STF. 
Súmula 710 do STF. No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntadaaos autos do 
mandado ou da carta precatória ou de ordem. 
e) contagem de prazos 
A contagem dos prazos somente em dias úteis conforme preconiza o Novo Código de Processo Civil não se aplica 
no âmbito do processo penal, o qual tem regramento específico, nos termos do art. 798 do CPP. 
Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, 
domingo ou feriado. 
 
Súmula 310 do STF: Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita 
nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em que 
começará no primeiro dia útil que se seguir. 
f) Intimação por hora certa 
Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemunhas e demais pessoas que devam tomar conhecimento de 
qualquer ato, será observado, no que for aplicável, o disposto no Capítulo anterior. (Redação dada pela Lei n. 
9.271/96). 
Conforme se pode extrair da redação do art. 370, do CPP, é plenamente possível a denominada intimação por hora 
certa. Isso porque considerando que o capítulo anterior, o qual faz menção o dispositivo se refere a citação por hora 
certa, é de se concluir que também passa a ser possível a realização da intimação por hora certa. 
g) Reforma de 2008: preocupação com a vítima (CPP, art. 201, §§ 2º e 3º) 
Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem 
seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por termo as suas declarações. 
 
 
 
 
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§ 2º O ofendido será comunicado dos atos processuais relativos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à 
designação de data para audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a mantenham ou modifiquem. 
§ 3º As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no endereço por ele indicado, admitindo-se, por opção do 
ofendido, o uso de meio eletrônico. 
Obs.: Intimação de autoridade para prestar declarações 
INFORMATIVO 547, STJ 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL. INTIMAÇÃO DE AUTORIDADE PARA PRESTAR DECLARAÇÕES - As 
autoridades com prerrogativa de foro previstas no art. 221 do CPP, quando figurarem na condição de investigados 
no inquérito policial ou de acusados na ação penal, não têm o direito de serem inquiridas em local, dia e hora 
previamente ajustados com a autoridade policial ou com o juiz. Isso porque não há previsão legal que assegure essa 
prerrogativa processual, tendo em vista que o art. 221 do CPP se restringe às hipóteses em que as autoridades nele 
elencadas participem do processo na qualidade de testemunhas, e não como investigados ou acusados. Precedente 
citado do STF: Pet 4.600-AL, DJe 26/11/2009. HC 250.970-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 23/9/2014. 
(Informativo 547 do STJ). 
4. Notificação 
A notificação, por sua vez, diz respeito à ciência dada a alguém quanto à determinação judicial impondo o 
cumprimento de certa providência. Exemplos: notificação para que a testemunha compareça em juízo para prestar 
seu depoimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DIREITO PROCESSUAL PENAL 
Conteúdo 02: Procedimento Comum 
1. Processo e Procedimento 
Inicialmente, cumpre destacar que processo e procedimento são expressões que não se confundem. 
Processo Procedimento 
É o instrumento por meio do qual o Estado exerce 
a jurisdição, o autor o direito de ação e o acusado 
o direito de defesa, havendo entre seus sujeitos 
uma relação jurídica diversa da relação jurídica de 
direito material, qual seja, a relação jurídica 
processual, que impõe a todos deveres, direitos, 
ônus e sujeições. 
É o modo pelo qual os diversos atos processuais se 
relacionam na série constitutiva do processo, 
representando o modo do processo atuar em juízo. 
 
 
Desse modo, chegamos a conclusão de que o processo é instrumento por meio do qual o Estado se vale para exercer 
o seu ius puniendi. Por outro lado, o procedimento pode ser compreendido como caminho (sequência de atos). 
Corroborando ao exposto, preleciona o Professor Nestor Távora, processo se distingue de procedimento. O 
procedimento é a sucessão de atos realizados nos termos do que preconiza a legislação. O processo é o conjunto, 
isto é, a concatenação dos atos procedimentais. O Código de Processo Penal não é preciso nessa distinção. Nele 
consta, no livro II, a divisão dos “processos em espécie” em “processo comum”, “processos especiais” e “processos 
de competência do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais de apelação”. 
2. Fases do Procedimento Penal 
Fase Postulatória 
Fase Instrutória 
Fase Decisória 
Fase Recursal 
 
2.1 Fase Postulatória – abrange não apenas a acusação oferecida pelo querelante ou Ministério Público, mas também 
alguns atos praticados pelo querelado, por exemplo, apresentação da defesa preliminar. 
- Oferecimento da peça acusatória; 
- Apresentação de defesa preliminar (previsto em alguns procedimentos especiais). 
2.2 Fase Instrutória – trata-se da fase destinada a colheita e produção das provas, tanto as requeridas pelas partes 
quanto as determinadas pelo magistrado, subsidiariamente (iniciativa probatória residual). 
 
 
 
 
31 
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Na fase instrutória, em regra, os instrumentos informativos colhidos na investigação criminal deverão ser 
reproduzidos sob a égide do contraditório e da ampla defesa (art. 155, CPP). 
2.3 Fase Decisória – diferentemente do que se possa pensar, a fase decisória inicia-se com a apresentação das 
alegações orais. 
Corroborando ao exposto, Renato Brasileiro de Lima descreve “nesta fase, objetivando formar a convicção da 
entidade julgadora no sentido da condenação ou absolvição do acusado, as partes terão a oportunidade de se 
pronunciar quanto ao material probatório constante dos autos do processo”. 
Em sequência, é proferida a sentença. 
2.4 Fase Recursal – momento oportuno para impugnar a decisão, em decorrência do direito ao duplo grau de 
jurisdição. às partes o ordenamento jurídico outorga instrumentos para impugnação de decisões judiciais contrárias 
aos seus interesses, em fiel observância ao princípio do duplo grau de jurisdição, previsto expressamente na 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos. 
3. Violação às regras procedimentais 
Prevalece o entendimento de que a violação as regras procedimentais produz nulidade relativa, o que significa que 
deverá ser arguida oportunamente sob pena de preclusão. Ademais, deve ficar demonstrado o prejuízo, sob pena de 
não ser reconhecida. 
Nessa esteira, ensina Renato Brasileiro “quanto às consequências decorrentes da inobservância do procedimento 
fixado em lei, prevalece o entendimento de que eventual inversão de algum ato processual ou a adoção, por exemplo, 
do procedimento comum ordinário em detrimento de rito especial conduz à nulidade do processo apenas se houver 
prejuízo à parte”. 
Exemplo: inversão da ordem de oitiva das testemunhas de acusação e de defesa. 
4. Persecução penal de crimes conexos e/ou continentes sujeitos a procedimentos distintos 
Trata-se de situação em que há a pratica de crimes com previsão de procedimentos distintos, para cada infração 
penal. 
- JÚRI 
Exemplo: homicídio doloso (Tribunal do Júri) em conexão com o crime de furto (juiz singular). Nesse caso, os dois 
crimes serão julgados perante o Tribunal do Júri, isso porque o Tribunal do Júri possui força atrativa. 
Homicídio Furto 
Aplica-se o procedimento especial do Tribunal do Júri 
 
 
 
 
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Exemplo: Crime de Roubo praticado em conexão com Tráfico de Drogas. 
Trata-se de dois crimes de competência de um juiz singular, porém com procedimentos diversos. O crime de roubo 
terá procedimento comum ordinário, ao passo que o Tráfico de Drogas é submetido a procedimento especial (Lei nº 
11.343/2006). 
Roubo Tráfico de Drogas 
Aplica-se o procedimento mais amplo! 
 
O art. 28 da antiga Lei de Drogas (Lei nº 6.368/76) disciplinavaque “nos casos de conexão e continência entre os 
crimes definidos nesta Lei outras infrações penais, o processo será o previsto para a infração mais grave, ressalvados 
os da competência do Tribunal do Júri e das Jurisdições Especiais”. 
Sucede-se, porém que, o referido dispositivo legal não fora reproduzido pela atual Lei de Drogas. Antes mesmo de 
ser revogado, o dispositivo legal supra já era alvo de severas críticas. 
O entendimento atual é de que deve ser adotado o procedimento mais amplo. 
Segundo Renato Brasileiro, procedimento mais amplo é aquele que melhor assegure as partes o exercício de suas 
faculdades processuais, e não necessariamente o mais demorado. Assim, procedimento mais amplo é o que oferece 
maiores oportunidades para o exercício das faculdades processuais! 
No exemplo acima (Roubo x Tráfico de Drogas), aplicar-se-á o procedimento ordinário, pois contempla maior 
possibilidade do exercício das faculdades processuais, ou seja, é mais amplo. Nesse sentido, inclusive, já tem se 
manifestado o STJ, senão vejamos. 
STJ: “(...) Configurado o concurso material de crimes, alguns previstos na Lei Antitóxicos e outros cujo rito é o 
estabelecido no Código de Processo Penal, este deve prevalecer, haja vista a maior amplitude à defesa no 
procedimento nele preconizado (Precedentes STJ). Ainda que se considerasse que o rito a ser adotado fosse o 
previsto na Lei nº 10.409/02, a sua inobservância implicaria em nulidade relativa do processo. (...)”. (STJ, 5ª Turma, 
HC 170.379/PR, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 13/12/2011, Dje 01/02/2012). 
Cumpre ainda trazer ao conhecimento o entendimento da Jurisprudência no sentido de que “havendo conexão ou 
continência entre crimes afetos a procedimentos distintos, não há nulidade na adoção do rito ordinário, por ser 
mais amplo, viabilizando ao paciente o exercício da ampla defesa de forma irrestrita: STJ, 6ª Turma, HC 
118.045/RJ, Rel. Min. Og Fernandes, j. 24/08/2009, DJe 28/09/2009”. 
5. Classificação dos procedimentos penais 
 
 
 
 
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33 
O procedimento comum é rito para apuração de crimes para os quais não haja procedimento especial previsto em 
lei. Aplica-se a todos os processos o procedimento comum, salvo disposição em contrário do CPP ou de lei especial. 
Por outro lado, o procedimento especial são os ritos previstos no CPP ou em leis especiais para determinados crimes 
específicos. 
Esquematizando 
Procedimentos Especiais Lei nº 11.343/2006 (exemplo) 
 
Procedimento Comum 
• Ordinário 
• Sumário 
• Sumaríssimo 
 
Nas lições de Renato Brasileiro, procedimento especial é aquele previsto no CPP ou em leis especiais para hipóteses 
específicas, incorporando regras próprias de tramitação do feito de acordo com as peculiaridades da infração penal. 
Exemplos: 
• Procedimento especial dos crimes dolosos contra a vida (CPP, art. 406 a 497); 
• Procedimento especial dos “crimes de responsabilidade” dos funcionários públicos (CPP, arts. 513 a 518); 
• Procedimento especial da Lei de Drogas (Lei nº 11.343/06); 
• Procedimento especial dos crimes contra a honra não submetidos à competência dos Juizados (CPP, arts. 
519 a 523); 
• Procedimento originário dos Tribunais (Lei nº 8.038/90). 
O procedimento comum é utilizado de maneira residual, isso porque se visualizado que o crime não é submetido a 
nenhuma das hipóteses de procedimento especial, aplicar-se-á o procedimento comum. 
Art. 394. O procedimento será comum ou especial. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 
§ 1º O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo: (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de 
pena privativa de liberdade; 
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena 
privativa de liberdade; 
III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, 
de 2008). (...) 
 
 
 
 
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a) Ordinário: crimes com pena máxima igual ou superior a 4 anos; 
b) Sumário: crimes com pena máxima inferior a 4 *e superior a 2 anos (pois se for igual ou inferior a 2 anos, será 
considerado infração de menor potencial ofensivo e estará fora). 
c) Sumaríssimo: reservado para os juizados especiais criminais, ou seja, para as infrações de menor potencial 
ofensivo (contravenções e crimes com pena máxima não superior a dois anos, cumulada ou não com multa, sujeitos 
ou não a procedimento especial, ressalvados os casos envolvendo violência doméstica e familiar contra a mulher). 
5.1 Concurso de crimes, qualificadoras, privilégios, causas de aumento e de diminuição de pena, agravantes e 
atenuantes* 
→As hipóteses de concurso de crime são levadas em consideração para fins de fixação do procedimento a ser 
adotado. 
Nas hipóteses de concursos de crimes, deve ser levado em consideração o quantum resultante da somatória das 
penas, nas hipóteses de concurso material (CP, art. 69) e concurso formal impróprio (CP, art. 70, in fine), assim 
como a majoração resultante do concurso formal próprio (CP, art. 70, 1ª parte) e do crime continuado (CP, art. 71). 
Em se tratando de majorantes, leva-se em consideração o quantum que mais aumenta a pena; em se tratando de 
minorantes, o quantum que menos diminui a pena. 
Agravantes e atenuantes, por sua vez, não são levadas em consideração para fins de fixação do procedimento a ser 
adotado. 
Obs.1: Infrações penais praticadas no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher: 
independentemente da pena cominada, não pode sofrer aplicação da Lei nº 9.099/95 (Art. 41, Lei 11.340/2006). 
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena 
prevista, não se aplica a Lei n. 9.099/95. 
Aplicando-se, inclusive, o mesmo entendimento as contravenções. 
Obs.2: Crimes tipificados no Estatuto do Idoso cuja pena máxima não ultrapasse 4 (quatro) anos. 
Obs.3: Crimes previsto na nova Lei das Organizações Criminosas e infrações conexas: aplicação do procedimento 
ordinário independentemente do quantum da pena 
Art. 22. Os crimes previstos nesta Lei e as infrações penais conexas serão apurados mediante procedimento ordinário 
previsto no Código de Processo Penal, observado o disposto no parágrafo único deste artigo. 
 
 
 
 
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Parágrafo único. A instrução criminal deverá ser encerrada em prazo razoável, o qual não poderá exceder a 120 dias 
quando o réu estiver preso, prorrogáveis por igual período, por decisão fundamentada, devidamente motivada pela 
complexidade da causa ou por fato procrastinatório atribuível ao réu. 
Denota-se, que a Lei de Organização Criminosa, diferentemente do CPP o qual prevê um limite da sanção máxima 
prevista para aplicação do procedimento ordinário, não faz menção a qualquer limite de pena. Assim, podemos 
concluir que “será aplicado o procedimento ordinário aos crimes praticados no âmbito das Organizações Criminosas 
independentemente do quantum da pena cominada ao delito”. 
Lembre-se!!! o legislador instituiu o procedimento comum ordinário como regra para os crimes previstos na Lei nº 
12.850/13 e para as infrações conexas, independentemente do quantum de pena a eles cominados. 
Ademais, a lei prevê expressamente prazo para conclusão do feito quando o acusado estiver preso, que é de 120 
dias, podendo ser prorrogado a depender da complexidade do caso. 
Obs.4: Preferência de julgamento dos processos concernentes a crimes hediondos 
Trata-se de inovação legislativa introduzida pela Lei nº 13.285, com vigência a partir do dia 11 de Maio de 2016. 
Art. 394-A. Os processos que apurem a prática de crimes hediondos terão prioridade de tramitação em todas as 
instâncias (acrescentado pela Lei nº 13.285). 
Segundo o Professor Renato Brasileiro, embora o texto normativo faça menção apenas aos crimes hediondos,

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