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PROCESSO PENAL CONCEITO INICIAL O inquérito policial tem objetivo precípuo trazer indícios de autoria e prova da materialidade. Trata-se de uma fase pré-processual, procedimento administrativo, em que a Polícia Civil ou Federal investiga para formação da justa causa. Essa justa causa é um elemento necessário para que quem vai oferecer a denúncia venha a ter esses elementos. O destinatário é o órgão acusatório (MP ou vítima). INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO O inquérito policial pode ser instaurado, aberto de ofício pelo próprio delegado. De acordo com a própria atuação do delegado, ele pode descobrir indícios de materialidade de um crime e instaurar, por meio de uma portaria, o inquérito policial de ofício. Além disso, o inquérito também pode ser instaurado mediante pedido, ou esse pedido pode ser indeferido. CARACTERISTICAS DE INQUÉRITO POLICIAL 1) OFICIOSIDADE: A autoridade policial (Delegado) deverá atuar de ofício; 2) DISCRICIONARIEDADE: Diz respeito à condução da investigação e às diligências determinadas pelo Delegado de Polícia; 3) ESCRITO: As peças do Inquérito Policial serão reduzidas a termo e juntadas no caderno investigatório; 4) SIGILOSO: Com atenção ao acesso do advogado as peças já produzidas e documentadas, conforme SV. 14 do STF; 5) AUTORITARIEDADE: Presidido pelo Delegado de Polícia que é Autoridade Pública; 6) INDISPONIBILIDADE: A Autoridade Policial não poderá mandar arquivar os autos do Inquérito Policial; 7) INQUISITIVO: Não há neste momento o contraditório; 8) OFICIALIDADE: O inquérito policial é um procedimento oficial. Com relação aos prazos para o término do inquérito policial, este tem como regra geral o disposto no art. 10 do CPP, ou seja, 10 (dez) dias se o indiciado estiver preso e 30 (trinta) dias quando estiver solto. ➢ ATENÇÃO: É preciso ter atenção com relação aos prazos para término do inquérito policial previstos na legislação extravagante. Como exemplo, a Lei n. 11.343/2006 (lei de Drogas) prevê o prazo de 30 (trinta) dias para o indiciado preso e 90 (noventa) dias para o indiciado solto. NOTITIA CRIMINIS A notitia criminis pode ser de cognição imediata, cognição mediata e cognição coercitiva, de acordo com a classificação doutrinária. Notitia criminis é o conhecimento, espontâneo ou provocado, por parte da autoridade policial, acerca de um fato delituoso, sendo subdividida, de acordo com Renato Brasileiro, em: • Notitia criminis de cognição imediata (ou espontânea): ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso por meio de suas atividades rotineiras. É o que acontece, por exemplo, quando o delegado de polícia toma conhecimento da prática de um crime por meio da imprensa. ➢ Atenção: Nesse caso, o delegado é obrigado a instaurar o inquérito. • Notitia criminis de cognição mediata (ou provocada): ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento da infração penal através de um expediente escrito. É o que acontece, por exemplo, nas hipóteses de requisição do Ministério Público, representação do ofendido, pedido de terceiros etc. ➢ Atenção: Nesse caso, o delegado não é obrigado a instaurar o inquérito; o pedido pode ser indeferido e, nessa situação, é cabível recurso administrativo. • Notitia criminis de cognição coercitiva: ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso através da apresentação do indivíduo preso em flagrante. PROVA Produzida pelas partes (defesa e acusação), como regra, ou mesmo pelo juiz, de maneira complementar. Isso acontece, porque o sistema penal brasileiro é acusatório em que o juiz é uma figura equidistante das partes e recebe os elementos dados pela acusação e pela defesa. A partir deles, ele decide. Objeto da Prova: fatos que geram dúvidas ao Magistrado e precisam ser comprovados. Em outras palavras, tudo aquilo que é alegado pela parte deve ser comprovado. NÃO precisam ser provados: FATOS NOTÓRIOS: Situações conhecidas por parcela significativada população. FATOS EVIDENTES: Situações que podem ser facilmente demonstrados. FATOS INÚTEIS: Situações que não possuem relevância para a causa. FATOS LEGAIS: Fato presumido por lei. Obs.: Nos crimes contra a dignididade sexual, como o estupro, que geralmente é praticado em locais onde não há testemunhas, a jurisprudência entende, em regra, a palavra da vítima tem mais valor que o interrogatório (palavra do réu). No entanto, nesse tipo de crime, em regra, apenas a palavra da vítima não é suficiente pode gerar condenação do réu. PROVA EM ESPÉCIE PROVA ILEGAIS Exemplo Ilícitas Por Derivação: Uma pessoa é torturada e revela a localização de um documento importante para o processo. Mesmo sendo um documento essencial, ele é ilegal, pois foi obtido a partir de outra prova ilegal: confissão mediante tortura. CORPO DE DELITO E PERÍCIAS OBRIGATORIEDADE DO CORPO DE DELITO Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o corpo de delito, direto ou indireto, NÃO PODENDO supri-lo a confissão. Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal PODERÁ SUPRIR-LHE a falta. Corpo de delito direto: perícia no próprio corpo de delito. Corpo de delito indireto: não existe mais o corpo de delito, mas existem testemunhas que viram a situação, imagens que a descrevem, boletim médico. PERITOS E EXAMES REGRA • Corpo de delito e perícias serão realizados por perito OFICIAL, com curso superior. • Exames complexos, que envolvam mais de uma área de conhecimento, pode-se usar mais de um perito oficial. • Na FALTA de perito oficial o exame é feito por 2 pessoas idôneas. • Devem ter curso superior PREFERENCIALMENTE na área relacionada com natureza do exame. • DEVEM prestar compromisso. Outros pontos relevantes: • MP, assistente de acusação, ofendido, querelante e o acusado PODEM formular dequesitos e indicar assistente técnico; • A admissão do assistente técnico é feita pelo juiz e se dará APÓS a conclusão dos exames e elaboração do laudo; • O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora; • Há prioridade na realização de corpo de delito? SIM, no caso de violência doméstica e familiar contra mulher e violência contra vulneráveis (criança, adolescente, idoso e pessoa com deficiência) Lei n. 13.721 de 2018. PRISÃO CAUTELAR É aquela decretada antes do trânsito em julgado de sentença penal condenatória com o objetivo de assegurar a eficácia das investigações ou do processo criminal. O art. 283 do Código de Processo Penal disciplina que ninguém pode ser preso senão em decorrência de flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada em julgado. O mencionado dispositivo legal está em consonância ao art. 5º, inciso LVII, da Constituição Federal. Assim, é proibida a chamada “execução provisória da pena”. A doutrina majoritária aponta três espécies de prisão cautelar: • prisão em flagrante; • prisão preventiva; e • prisão temporária. PRISÃO EM FLAGRANTE
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