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Ciclos de vida de parasitas e estratégias de prevenção

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PARASITOLOGIA
Eduardo Valentim
Aline Passos
Rio de Janeiro, RJ
2017
Descrever ciclos de vida dos protozoários parasitos; Toxoplasma gondii, Leishimania braziliensis, Trypanosoma cruzi e Plasmodium falciparum em seguida elaborar estratégias para prevenir e controlar estas parasitoses, levando em conta os aspectos epidemiológicos da transmissão.
Plasmodium falciparum
O ciclo do Plasmodium inicia-se quando o mosquito Anopheles inocula os esporozoítos diretamente na circulação. Eles vão para o fígado e se transformam em criptozoítos. No fim do crescimento, o núcleo do criptozoíto começa a se dividir várias vezes, de forma assexuada. Esse processo resulta em uma forma multinucleada, o esquizonte. Rompe-se o esquizonte e são liberados os merozoítos. Essa etapa completada é denominada esquizogonia pré-eritrocítica e dura entre seis e 16 dias após a inoculação.
Cada merozoíto, liberado na fase anterior, infecta uma hemácia. No interior da hemácia o merozoíto realiza esquizogonia e evolui para trofozoíto. O núcleo do trofozoíto começa a se dividir várias vezes, de forma assexuada, o que resulta em uma forma multinucleada, o esquizonte. O esquizonte rompe-se, liberando merozoítos que podem repetir o processo assexuado ou iniciar o ciclo sexuado. A repetição do ciclo assexuado nas hemácias é denominada ciclo eritrocítico. Nesse caso as esquizogonias se repetem com uma periodicidade que é específica de cada espécie e se relaciona com o ritmo das crises febris.
Já no ciclo sexuado, dá-se a formação de gametócitos masculinos ou femininos, a partir dos merozoítos. Os gametócitos, formados no homem, são ingeridos por um mosquito anofelino, durante a hematofagia. A fecundação ocorre no tubo digestivo do mosquito. A fusão dos gametócitos leva a formação do oocisto, em célula do epitélio intestinal do mosquito. Com a esporulação, ocorre a ruptura do oocisto para dentro da hemocele do mosquito, liberando os esporozoítos. Estes migram para a glândula salivar do mosquito, sendo inoculados no hospedeiro vertebrado, posteriormente.
Estratégia
Para controle da doença existem as medidas preventivas, como a redução ou eliminação dos criadouros dos mosquitos através de obras de engenharia sanitária (drenagem, desaguamentos, etc.) e o uso de inseticida, de repelentes e de medicamentos supressores da doença em zonas endêmicas. É preciso também efetuar a notificação da doença às autoridades locais de saúde, evitar o contato do paciente infectado com o meio ambiente e submetê-lo imediatamente ao tratamento específico.
As organizações internacionais de saúde recomendam que os governos desenvolvam programas de erradicação, que, entretanto, são dificultados pela resistência do parasita aos medicamentos e dos mosquitos aos inseticidas. Acredita-se que o desenvolvimento de vacinas irá contribuir no futuro para o controle mais eficaz da doença.
Leishimania braziliensis
O ciclo de vida das espécies é ligeiramente diferente, mas há pontos comuns. As formas promastigotas (flageladas e móveis) são libertadas na pele junto com a saliva de flebotomíneos, ou flebótomos (em inglês são denominados sand flies) no momento da picada. Ligam-se por receptores específicos aos macrófagos ou outras células fagocitárias presentes na pele, pelos quais são fagocitadas. Estes parasitas são imunes aos ácidos e enzimas dos lisossomas com que os macrófagos tentam digeri-las, e transformam-se nas formas amastigotas após algumas horas (cerca de 12h). Então começam a multiplicar-se por divisão binária, saindo para o sangue ou linfa por exocitose e por fim conduzem à destruição da célula, invadindo mais macrófagos. Os amastigotas ingeridos pelos insetos transmissores demoram oito dias ou mais a transformarem-se em promastigotas e multiplicarem-se no seu intestino, migrando depois na forma promastigota metacíclico para a válvula estomodial, que degradam e onde formam um tampão. Este tampão impede a ingestão do sangue durante a refeição sanguínea e é expelido e injetado na pele, infectando assim o mamífero e completando o ciclo.
Estratégia
Medidas preventivas, como a redução ou eliminação dos criadouros dos mosquitos através de obras de engenharia sanitária (drenagem, desaguamentos, etc.) e o uso de inseticida, de repelentes em zonas endêmicas. É preciso também efetuar a notificação da doença às autoridades locais de saúde.
Trypanosoma cruzi
No ciclo de vida do Trypanosoma existem, portanto,  dois hospedeiros: o homem (ou outro mamífero) e o barbeiro.
Os barbeiros vivem normalmente em frestas e orifícios no chão e nas paredes de pau-a-pique ou, ainda, entre a palha da cobertura dessas casas. Têm hábito noturno, saindo à noite à procura de alimento; geralmente, picam as pessoas no rosto, pois, com frequência, é a porção do corpo normalmente descoberta durante o sono. É em função de picar o rosto das pessoas durante a noite que o Trypanosoma passou a ser vulgarmente denominado barbeiro. Esses animais têm como característica defecar enquanto picam, eliminando juntamente com as fezes os tripanossomos.
A picada provoca irritação no homem, que coça o local, espalhando as fezes contaminadas com tripanossomos sobre o ferimento. Esses protozoários penetram a corrente sanguínea e instalam-se em tecido muscular, preferencialmente no coração. Nesse órgão eles perdem o flagelo, tornam-se arredondados e reproduzem-se assexuadamente por bipartição, dando origem a muitos indivíduos. Nas fibras musculares do coração formam-se vários "ninhos" de tripanossomo, os quais prejudicam o funcionamento desse órgão, levando a insuficiência cardíaca que pode ser fatal. Depois dessa fase de intensa reprodução assexuada no tecido muscular, alguns tripanossomos voltam a apresentar a forma flagelada típica, passando para a corrente circulatória. Esse individuo doente, ao ser picado pelo triatoma, transmite o parasita para o inseto. No corpo do barbeiro, o Trypanosoma instala-se nas porções finais do intestino, dividindo-se assexuadamente por bipartição, dando origem a varias formas infestante.
Estratégia
O modo mais eficiente de se erradicar a doença de Chagas é eliminar o barbeiro; uma das formas é evitar a construção de casas de pau-a-pique.
 
Toxoplasma gondii
Os felídeos são os únicos animais em que o protozoário pode completar o seu ciclo, ou seja, eles constituem os hospedeiros definitivos do parasito. Outros animais, como o homem, apenas podem manter a fase assexuada do parasito, logo representam os hospedeiros intermediários. Os felídeos são infectados ao ingerir o hospedeiro intermediário com Toxoplasma e isso faz com que eles eliminem oocistos imaturos nas suas fezes.
O ciclo assexuado tem início quando o oocisto é formado, no tubo digestivo do hospedeiro definitivo, e eliminado. Após a sua eliminação se dá a esporulação, que é caracterizada pelo aumento de volume do parasito e pela produção de esporozoítos no seu interior. Esse processo só estará completo quando cada esporoblasto formar esporozoítos, que é o que caracteriza o oocisto infectante. O tempo da esporulação depende das condições ambientais no solo onde está o oocisto. No caso do Toxoplasma, o processo da esporulação deve produzir, no interior do oocisto, dois esporocistos, sendo que cada um deve conter quatro esporozoítos.
A ingestão do oocisto constitui uma das formas de infecção dos hospedeiros intermediários na toxoplasmíase. O oocisto se rompe no intestino, liberando os esporozoítos que invadem os enterócitos. Dentro do enterócito, cada parasito é denominado taquizoíto. O taquizoíto se divide várias vezes, de forma assexuada até o rompimento da célula hospedeira. Esse processo se repete várias vezes, liberando grande número de taquizoítos para a invasão de novas células, no sangue e nos tecidos parenquimatosos. Logo após a invasão de uma nova célula por um taquizoíto, o ciclo assexuado pode levar à formação de bradizoítos intracelulares. A formação de bradizoítos começa a ocorrer com maior intensidade quando o hospedeiro intermediário desenvolve imunidade específica, caso contrário ostaquizoítos continuam infectando novas células. Os bradizoítos se multiplicam bem mais lentamente que os taquizoítos, mas estão menos acessíveis a resposta imune, no interior de cistos teciduais. O ciclo se completa, quando o felídeo ingere os tecidos infectados do hospedeiro intermediário. Isso possibilita aos bradizoítos encistados infectarem o seu intestino, levando a formação final de oocistos.
Estratégia
Portanto, a prevenção da toxoplasmíase é feita através de higiene alimentar e pessoal adequada, do acompanhamento de gestantes e da ingestão de carnes bem cozidas, visto que os cistos são inativados a 65° por cinco minutos ou a -15° por três dias.
O cuidado com a saúde dos gatos de estimação também é primordial. Estes animais jamais podem ser utilizados para o controle de roedores. Com isso reduz-se consideravelmente a chance dos gatos eliminarem oocistos.
Referências
Malária. Disponível em: <http://www.cpqrr.fiocruz.br/informacao_em_saude/CICT/malaria/malaria.htm> Acesso em 04 de junho de 2017.
Doença de Chagas e ciclo de vida do Trypanosoma cruzi. Disponível em: <https://reginarubim.wordpress.com/2008/04/20/doenca-de-chagas-e-ciclo-de-vida-do-trypanosoma-cruzi/> Acesso em 04 de junho de 2017.
Toxoplasma gondii. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/para-site/siteantigo/Imagensatlas/Protozoa/Toxoplasma.htm> Acesso em 04 de junho de 2017.

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