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Alessandra Furiama Morita AGRESSÃO E REPARAÇÃO VISÃO GERAL A célula normal é confinada a uma faixa razoavelmente estreita de função e estrutura, por seu estado de metabolismo, diferenciação e especialização; por limitações das células vizinhas e pela disponibilidade de substratos metabólicos. Sua principal função é manter a HOMEOSTASIA do organismo. As adaptações são respostas estruturais e funcionais reversíveis, a estresse fisiológicos wamais excessivos e a alguns estímulos patológicos, durante os quais estados constantes novos, porém alterados, são alcançados, permitindo que a célula sobreviva e continue a funcionar. As respostas adaptativas pode consistir em um aumento do tamanho da célula (hipertrofia) e da atividade funcional, aumento do número de células (hiperplasia), uma diminuição do tamanho e da atividade metabólica das células (atrofia) ou uma mudança do fenótipo da célula (metaplasia). Assim que o estresse for eliminado, a célula pode retornar a seu estado original, sem ter sofrido qualquer consequência danosa. ADAPTAÇÃO DO CRESCIMENTO E DIFERENCIAÇÕES CELULARES. HIPERTROFIA A hipertrofia é um aumento do tamanho das células que resulta em aumento do tamanho do órgão. Não há novas células, apenas células maiores, além disso essas células que respondem ao estresse não são capazes de se dividir, não sofrem mitose. A hipertrofia pode ser fisiológica ou patológica e é causada pelo aumento da demanda funcional ou por estimulação de hormônios e fatores de crescimento, culminando na síntese de maior quantidade proteínas estruturais. O estimulo mais comum do músculo estriado esquelético é o aumento da carga de trabalho, o exemplo mais comum são os músculos definidos dos fisiculturistas, que são resultados aumento do tamanho das fibras musculares individuais, em resposta ao aumento da demanda. O estímulo mais comum para hipertrofia das fibras cardíacas é, geralmente, uma sobrecarga hemodinâmica crônica, devido ou a hipertensão arterial ou as valvas deficientes. Ocasiona uma demanda aumentada das sínteses de proteínas e o número de miofilamentos aumenta, o que culmina no aumento de força de cada miócito, aumentando a força e a capacidade de trabalho do músculo como um todo. Alessandra Furiama Morita A hipertrofia fisiológica do útero durante a gravidez é um crescimento induzido por hormônios estrogênicos, resultando em hipertrofia das fibras musculares e aumento do tamanho do órgão. DESTAQUES: MÚSCULOS ESTRIADO ESQUELÉTICOS, MÚSCULOS CARDÍACOS (MIOCÁRDIO) E ÚTERO GRAVÍDICO. MECANISMO DA HIPERTROFIA É o resultado do aumento de produção das proteínas celulares, a qual pode ser induzida por ações conjuntas de sensores mecânicos (iniciadas por aumento da carga de trabalho), fatores de crescimento e agentes vasoativos. As duas principais vias bioquímicas são: • Via do fosfoinositídio 3-cinase/ Akt (induzida por exercício) • Via de sinalização em cascata da proteína G ligada a receptor (induzida por fatores de crescimento e agentes vasoativos) A hipertrofia pode estar associada com uma mudança das proteínas contráteis adultas para uma forma fetal ou neonatal. Por exemplo, durante a hipertrofia muscular, a isoforma alfa da cadeia pesada da miosina é substituída pela isoforma beta, a qual possui uma hipertrofia mais lenta e energeticamente mais econômica. Tem-se também a reexpressão do gene do FNA, um hormônio peptídico que causa a redução do volume sanguíneo e da pressão arterial e, portanto atua no sentido de reduzir a carga hemodinâmica. Hipertrofia de organelas também pode acontecer, como em indivíduos tratados com barbitúricos causando hipertrofia do retículo endoplasmático agranular (REA) dos hepatócitos, apresentando uma resposta adaptativa que aumenta a quantidade de enzimas (oxidases de função mista citocromo P-450) disponíveis para desintoxicar drogas. Outro exemplo é a ingestão de álcool, o qual causa hipertrofia do retículo endoplasmático agranular e pode levar a níveis reduzidos de barbitúricos disponíveis que estejam sendo utilizados ao mesmo tempo, sendo resultado da adaptação de uma droga que resulta no aumento da capacidade de metabolizar outras drogas. DESTAQUES: HIPERTROFIA ASSOCIADA À GENES E HIPERTROFIA DE ORGANELAS. HIPERPLASIA É caracterizada pelo aumento do número de células em um órgão ou tecido, resultando geralmente em aumento da massa de um órgão ou tecido. Esse processo é característicos de células capazes de realizar divisão celular. Embora a hiperplasia e a hipertrofia sejam processos de adaptação diferentes, frequentemente ela ocorrem juntas e podem ser induzidas pelos mesmos estímulos externos, sensores mecânicos, fatores de crescimentos, fatores induzidos por hormônios e agentes vasoativos. A Alessandra Furiama Morita hiperplasia pode ser fisiológica ou patológica. Hiperplasia fisiológica pode ser dividida em: - Hiperplasia Hormonal: que aumenta a capacidade funcional de um tecido quando necessário. Um bom exemplo é a proliferação do epitélio glandular da mama feminina na puberdade e durante a gravidez, geralmente acompanhada por aumento -hipertrofia- das células epiteliais glandulares. - Hiperplasia Compensatória: que aumenta a massa de tecido após lesão ou ressecção parcial. Um exemplo da hiperplasia compensatória é a capacidade do fígado regenerar-se, eme indivíduos que doam um lobo do fígado para transplante as células restantes proliferam de tal maneira que o órgão cresce e retomam ao seu tamanho original. Hiperplasia patológica, em sua maioria, é causada pelo excesso de hormônios ou fatores de crescimento atuando em células alvo. Tem-se como exemplo a hiperplasia endometrial anormal induzida por hormônios. A qual acontece após um período menstrual, este normalmente apresenta um surto rápido de atividade proliferava e pelos níveis crescente de progesterona, porém o desequilíbrio entre estrogênio e progesterona, resultando em aumento e aumento absoluto ou relativo do estrogênio, com consequente hiperplasia das glândulas endometriais. É comum sangramento menstrual anormal. Outro exemplo é a hiperplasia prostática benigna induzidas por resposta ao hormônio androgênicos. O processo permanece controlado porque não há mutações em genes que regulam a divisão celular e a hiperplasia regride se a estimulação hormonal for eliminada. A hipertrofia é uma resposta característica a certas infecções virais, como papilomavírus, que causa verrugas cutâneas e varias lesões de mucosa composta por massas de epitáfios hiperplásico. Nesses locais fatores de crescimento induzido por genes virais ou por células infectadas podem estimulas a proliferação celular. MECANISMO DA HIPERPLASIA A hiperplasia é o resultado da proliferação de células maduras induzidas por fatores de crescimento, em alguns casos, pelo surgimento elevado de novas células a partir de células-tronco teciduais. ATROFIA Atrofia é a redução do tamanho de um órgão ou tecido que resulta em diminuição do tamanho e do número de células. A atrofia pode ser fisiológica ou patológica. Sendo a atrofia fisiológica comum durante o desenvolvimento normal do indivíduo. Algumas estruturas Alessandra Furiama Morita embrionárias, como a notocorda e o ducto tireoglosso, sofrem atrofia durante o desenvolvimento fetal. O timo involui e o útero sofre diminuição do tamanho após o parto. A atrofia patológica depende da causa básica e pode ser local ou generalizada. As causas comuns são: • Redução da carga de trabalho (atrofia de desuso) Osso fraturado imobilizado por um gesso e/ou um paciente é restrito a repouso completo no leito, rapidamente sobrevém a atrofia dos músculos esqueléticos. A redução inicial do tamanho celular é reversível quando a atividade é reiniciada. Com o desuso prolongado, as fibras musculares diminuemem número devido à apoptose, assim como em tamanho e pode levar a osteoporose por desuso -aumento da reabsorção óssea. • Perda da inervação (atrofia por degeneração) Uma lesão dos nervos leva à atrofia das fibras musculares esqueléticas, as quais suprem o metabolismo e função desses. • Diminuição do suprimento sanguíneo Resultante de uma doença oclusiva arterial que se desenvolve lentamente, levando a atrofia do tecido. Na idade adulta avançada, o cérebro sofre atrofia progressiva, principalmente por causa da redução do suprimento sanguíneo causada por arteroesclerose -atrofia senil- e afeta também o coração. • Nutrição inadequada Desnutrição proteico-calórica profunda (marasmo-atrofia progressiva dos órgãos e magreza excessiva que se sucedem a uma longa enfermidade), após a depleção de outras fontes de reserva.A caquexia está presente nesse processo, como em outros, doença inflamatória -produção excessiva de fator de necrose tumoral (TNF) responsável pela perda de apetite e depleção lipídica- e câncer. • Perda de estimulação endócrina Como exemplo temos a perda da estimulação estrogênica após a menopausa resultando em atrofia fisiológica do endométrio, epitélio vaginal e mama. • Pressão Compressão tecidual por qualquer período de tempo pode causar atrofia, por alteração isquêmica causada pelo comprometimento do suprimento sanguíneo pela pressão exercida da massa em expansão. MECANISMO DA ATROFIA A atrofia resulta da dminuicao da síntese proteica e aumento da degradação das proteínas nas células. A síntese da proteína diminui em função da atividade metabólica reduzida. A degradação das proteínas ocorre principalmente pela via ubiquitina- proteossoma. O desuso e a Alessandra Furiama Morita deficiência de nutrientes podem ativar as ligases da ubiquitina, que ligam o pequeno peptídeo ubiquitina as proteínas celulares, tornando-as alvo para para a degradação nos proteossomas, via também responsável pela proteólise acelerada observada em varias alterações catabólicas, como a caquexia no câncer. A atrofia também é acompanhada de autofagia, com aumento de número de vácuolos autofágicos. A autofagia é o processo no qual as células privadas de alimentos digerem seus próprios componentes na tentativa de encontrar nutrientes e sobreviver. METAPLASIA A metaplasia é uma alteração reversível na qual um tipo celular diferenciado (epitelial ou mesenquimal) é substituído por outro tipo celular. Ela apresenta uma substituição adaptativa de células sensíveis ao estresse por tipos celulares mais capazes de suportar o ambiente hostil. A metaplasia mais comum é a substituição do tecido colunar para o tecido escamoso, como ocorre no trato respiratório em irritação crônica. Ta processo é muito comum em fumantes habituais, onde as células epiteliais, colunares e ciliadas da traqueia e dos brônquios são substituídas por células epiteliais escamosas estratificadas. Embora o revestimento epitelial se torne mais rígido, os mecanismo de proteção contra infecções -secreção de muco e acho dos cílios do epitélio colunar- são perdidos. Cálculos nos dutos excretores das glândulas salivares, pâncreas ou duetos biliares podem causar a substituição do epitélio colunar secretor normal por epitélio escamoso estratificado. As influencias que predispõem à metaplasia, se persistirem, podem iniciar transformações malignas no epitélio metaplásico, como surgimento de células escamosas em áreas de metaplasia do epitélio colunar normal para o epitélio escamoso. A metaplasia do tipo escamoso para o colunar pode ocorrer no esôfago de Barrett por influencia do refluxo do ácido gástrico. Os cânceres podem surgir nessas áreas e são tipicamente carcinomas glandulares -Adenocarcinomas. A metaplasia do tecido conjuntivo é a formação de cartilagem, osso ou tecido adiposo -tecidos mesenquimais- em tecidos com ausência desses elementos. Como exemplo temos a miosite ossificante, onde tem-se a formação de osso no músculo, a qual ocorre ocasionalmente após hemorragia intramuscular. MECANISMOS DA METAPLASIA A metaplasia não resulta de uma alteração no fenótipo de um tipo celular já diferenciado, em vez disso, ela é resultado de uma reprogramação de células-tronco existentes em tecidos normais ou Alessandra Furiama Morita de células mesenquimais indiferenciadas presentes no tecido conjuntivo. As diferenciações são causadas por sinais gerados por citocinas, fatores de crescimento e componentes da matriz extracelular no ambiente das células, promovendo a expressão de genes que direcionam as células para uma via especifica de diferenciação. HIPERTROFIA DO MÚSCULO ESQUELÉTICO EM RESPOSTA AO EXERCÍCIO HIPERTROFIA DO ÚTERO GRAVÍDICO HIPERTROFIA DO MIOCÁRDIO Hipertrofia Hiperplasia Atrofia Metaplasia Hipertrofia do músculo esquelético em resposta ao exercício Hipertrofia do útero gravídico Hipertrofia do miocárdio
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