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TEXTO - PRIMEIRA ENTREVISTA Jhon Haley

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conduzida a se comportar melhor na enfennaria ou se foi ajudada a tcr uma vida 
nonnal na comunidade. Uma vez que o terapeuta pense em termos organizacionais, 
deverá se pensar também como parte de um sistema social onde o problema do 
cliente se localiza. 
Além de lidar com as conseqüências sobre o seu lugar dentro do sistema so­
cial, um terapeuta que assume um ponto de vista centrado no problcr:la tem dificul­
dade para encontrar um local onde possa ser treinado a praticar psicoterapia. Algu­
mas instituições oferecem treinamentos voltados para a.solução de problemas atra­
vés de técnicas comportamentais. Outras, bastante diferentes, oferecem treinamen­
tos para psicoterapia orientada para a familia. g difícil encontrar um local onde se 
aprenda uma orientação centrada na solução de um problema e que, ao mesmo tem­
po. leve em consideraç:ro o contexto social mais amplo. O objetivo deste livro é pro­
mover maneiras de fonnular problemas. bem como fazer intervenções nas relações 
humanas visando soluções destes problemas. 
g destinado a terapeutas e não deverá ser compreendido como uma tentativa 
.de prescrever como a sociedade ou a fan1l1ia humana deveriam ser para serem me­
lhores. O que se pretende são fonnulações simples de situações sociais que possam 
ajudar-terapeutas a reconhecerem intercàmbiostípicos e a detenninar o que pode ser 
feito, 
22 
"0, ;,Y
~3kJ 
1';jÍ"l\5\~O 
~()ld "'dO:: CAPrTULO 1° 
PRIMEIRA ENTREVI~TA 
Sç definirmos uma psicoterapia-, bem sucedida, a partir da solução dos proble­
mas apresentados pelo cliente, o terapeuta deverá saber como formulá-los e soluCip~ 
ná-los. E desde que se exige a solução de uma grande variedade deles, é necessário· 
que ele não abrace uma abordagem rígida e estereotipada em relação à psicoterapia: 
Qualquer método padronizado; independente de quanto efetivo possa ser errrrela~ 
ção a alguns problemas. não terá sucesso com umaoampla variedade de questõ~s\lue; 
costumeiràmente, se apresentam a um terapeuta~ São necessárias flexibilidadl':'e es­
PQntaneidad~, além de que qualquer terapeuta deverá aprender a partir da pr6priâ 
experiência e repetir Q que foi bem sucedido nÓ passado, A combinação de procedi­
mentos conhecidos como téçnjcas jnm;arloras ilumenta a prohabjJjdade dQ.S1ICe$liQ. 
'0 ° 
; , 
- E<.;ra uma te mpia t:émlinar adequadamente é nçeessárjo que elacomec~ a'd~­
guadamentej ou seja_através da negociaçãQ de 11m problema solucionável e desco­
~crta da situação social Qllc Q tom~. necessário. b teraeia começa pela maneira co-: 
mo o problema é examinado; logo li entrevista o traz à tona Qem como gs padrões 
~cionamento que devcrão ser mudados. ° 
Um terapeuta habilidoso atenderá cada novoO'cliente pressupondo um úri:co 
prosseguimentQ que deycnj ser necessário para estassit!Jacõ~s. pessoa! e social. par:. 
.tjcu!1!res. As variáveis s,io muitas, mas deve tão estar compreendidas em categorias 
·.le tempo, lugar, honorários; nún\,ero de p~ssoas envolvidas ê asorlírelivàs especiais 
necessárias ao início. Um terapeuta. que possua total liberdade p6derá avaliar a me- / 
23 
_-_, J J J J J I , , , , , , 11 \ \ 1 
, 
Ihor solução para trabalhar, dependendo da situação, no consultório, em casa, no es­
critório do cliente, na rua ou, em se tratando de um problema escolar, na escola. A 
primeira entrevista poderá durar uma hora, meia hora, ou várias horas, O terapeuta 
pode;rá tomar providências imediatas para mudança ou talvez, cabnamente, não exi· 
gir nenhuma ação logo de imediato. Se, 'num caso, a cohrança dos honorários­
padrão do terapeuta pode ser adequada, em outros ele pode solicitar :to cliente que 
pague ~uilo que acreditar que merece; ou, ainda, pedir que o cliente pague, se não 
melhorar. A primeira entrevista poderá ser realizada com uma pessoa ou várias ao 
" 
mesmo tempo, poderá incluir somente membros da fam(}ia, amigos, e até mesmo " 
outros profissionais. Se para um determinado grupo étnico a abordagem requer que 
a entrevista seja feita formabnente, para outro grupo uma atitude mais casual pode­
rá ser muito mais efetiva. Existem militas maneiras diferentes, pelas"quais um tera­
~ta habilidoso poderá começar, mas Q Q.Ile será apresentado neste contexto se re­
fere à atu~o de um terapeuta médio, DO ''que diz respeito a como conduzir o pri­
meiro encontro. ' 
Atualmente parte-g; do pressuposto de Q.ue jnjcjar lima psicoterapia entr-:yÚj­
.tanUo-se apell~ uma P5fS0a e começar com uma deSVantagem.: Quando se pensava 
que um problema terapêutico era um fenõmeno monádico, esta atitude pareceria ra­
zoável. Sintomas ou problemas eram considerados mal adaptativos e inadequados; 
desta ronna não havia nenhuma razão para trazer para o consultório mais de uma 
pessoa além daquela que estava mal adaptada. Se uma esposa tinha ataque de. 
ansiedade, e não era levada em consideração'sUa adaptação ao casamento, imagina­
va-se que sua ansiedade era irracional. Desta maneira a presença de seu marido nli'o 
era considerada relevante, exceto como fateir de tensão para a mulher que, por seu 
Jado, apresentava um problema "real" .. 
Naturalmente é possível mudar um casamento ou uma famma entrevistan­
do-se a~nas uma pessoa; mas. este procedimento pode ser não ílPenas lento como 
difícil e, freqüentemente. falho ,orno os estudos SQbre resultadQS de psicoterapia. 
'têm ·demonstrado. Parece ser muito mais sensato entrevistar Q grupo natural onde 
.õs problemas se expressam e a partjr daí tomar ptQJI:jdências imediatas em relação 
lso1u~, 
Se num casamento é óbvio que ambos, Q marido e a mulhe!i deverão ser en­
trevistados, é ainda mais evidente que, quando o problema é com um adQlescenk 
que deve ser .ajudado a se tomar independente dê sua família. a famma como um 
todo deverá ser imediatamente e"volvida no processo terapêutico. O terapeuta de­
verá trabalhar com todas as pessoa!. juntas para ajudá-las a se individualizar; e é, ain­
da, mais sensato começar este processo de individualização de uma vez, logo na pri­
meira entrevista. 
24 
lL'LllLL~ll 
,~~;>?fJ 
" 
Se encararmos os problemas levando em conta o seu coritexto, ~ dfcotClinia::do ' 
passado. entre terapia "individuar' e terapia "'familiar", lorna-se irrelevante.Entre­
vistar um individuo é uma forma de fazer intervenções junto a unia famnfa:~Su&m... . 
terapeuta entrevista o pai, a mlIe, o avô, ou a criança. e não faz contat01iónl'ôuiros; 
membros da famma. ele forma uma coaljsão no escuro, sem saher a nljturezadaor. 
ganizacãQ na dúal 'está entrando. Após a terapia ter sido iniciada o terape"la poikiá .' 
sentit necessidade de entrevistaros memhros da famma isoladamente;ierii:!o~~rii 
consideração um objetivo partjcu)ljr' entretanto, no início. é melhor entre'lisiàr"to~ 
dos aqueles Que vivem Da casa de tal foupa Que possa rapidamente cáptaro próble­
ma e a situação social que Q mantém. .' ':'/./ 
Acresce o fato de que, geralmente, sabemos'que as pessoas não con~~:Jt~-
zer relatos apropriados sobre suas próprias situações sociais. Mesmoparücipârites', 
treinados como,observadores fazêmrelato~ tendenciosos devido à ma pQsjçrotlO .n 
00 seu sistema social. Um antropólogo, treinado, não consegue relatar adequadariléIlte, ;..1)-,;;:) 
--<G) as seqüências que têm lugar dentro da ma própria ·família. Na diScada de 1950 as'dú­
-
»0. 
'0 
vidas a respeito de auto-avaliação cOl1duziram os terapeu tas familiares e seuúuper-,zr­
,r .. visorcs em psicoterapia a observarem um psicoterapeuta no trabalho, atrayé~:dé(UriiYh:"~.; 
·~spe!ho falso ou através de vídea-teipe. Os supervisores compreenderiunquéáS~aes::T' ". 
crições de um terapeuta não eram adequadas, quando comparadas cóm umagravif:;\: 
ção. Quando os pacientes eram entrevistados privadamente sem gravações,e quando;~' 
os lterapeutas eram entrevistados pelos supervisores, ninguém acabava sabendo':.o', . 
que. realmente, havia ocorrido na terapia. Assim, uma esposapodéria relata(que. 
seu marido agiu de uma certa maneira, sem mencionar a suaparticipaçãó nasequên,::•. , 
cia que, por sua vez,conduziu ao ato seguinte, Por exemplo, a esposa ·pôdê'r~lãh\t;/.;.~:
\ ,.' , .," ",";"",' ."' . que seu marido "tirou-a da fossa" O terapeuta poderá relatar este .evento 1«> super'f;f::' 
visor. sem de~crcver C0ll10 encorajou a esposa a cO'ltar-llle sobre o inCidentê';·illiô':,';· 
mencionar;í que está, prcv;.lvclmente. acumpÍiciimilo-sc, sem consciênciadisso, éo!1l:' ~ 
a esposa contrá o marido e encorajandO-:a a criticá-lo. Neste caso; o supeiViso~r~!'era;,(t~ 
que adivinhar o que aconteceu a partir dos relatos de uma esposa, enquanto'i:elata'::'· .. 
do pelo terapeuta; 'ambos os relatos serão tendenciosos. É mais sensato entrevistai':, 
o marido e a esposa juntos. com um supervisor obseÍvando a ação quando isto for" . 
possíveL Através desta espécie de observação, a situação terapêutica muda de ,"in-.. 
dividual" para "familiar"; significa caminhar da escuridâ'o para a luz. 
Grande parte da dificuldade quécostuma ocorrer no início de u~a terapia de•.: 
yc-se à confusão entre diagnóstico atendendo razões institucionais e' diagnóstico'. 
com objetivos terapêutjG2s. No primeiro caso, é neêessário entrevistar umapêsSoa:'::; ': 
sozinha, e classificá-Ia segundo uma categoria diagnóstica. Este pr'ocedirneJtici éifhi-L 
levante para a terapia~,pode. até mesmo, se constituir numa dewantagem'pilra oieJ / 
rapel,1ta quê tenha em vista o 'como rcso!ver'o problema.~bemos. hoje. que o me-. 
"';25,;;. 
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lhor diagnóstico para' uma terapia éaquele Que pcrmite ao grupo social respqnder às , 
tentativas de mudança. Um terapcuta deverá faz,!!r intervenções que tenham a fun· 
ção terapêutica de prover informaçào diagnósticaj desta maneira. é melhor comeÇilr 
com todas as pessoas envolvidas, desde que a mudança !!pvolverá todas elas. 
Ocorrem, evidentemen.te, situações em que somente uma pessoa está disponí· 
vel para ser entrevistada isoladamente; assim sendo, a sessão inicial deverá 'ser indivi· 
dual. Se a pessoa está presa ou internada, o terapeuta naturalmente esperará que a 
faro ma esteja presente na primeira entrevista, visando planejar a futura saída. Se a 
pessoa que procura terapia é universitária, e vIve milhares de quilômetros de casa, é 
necessário que seja entrevistada individualmente. Ainda que posteriormente as car­
tas, telefonemas, visitas dos pais e outras formas de estarem juntos possam ter lugar, 
no início essa pessoa somente poderá ser atendida individualmente. Esta situação es­
pecial, e pouco usual, requer que o terapeuta faça uma estimativa e fale com li pes­
soa a respeito de sua situação e das conseqüências da mudança sobre as pessoas que 
n3'O estão presentes. l! possível mudar'uma pessoa entrevistando-a sozinha, mas a 
habilidade requerida é freqüentemente muito grande, levando-se em consideração 
um terapeuta de habilidade mediana. 
Na primeira entrevista, especialmente em se tratando de crianças, o terapeuta 
deverá esperar que todas, as pessoas envolvidas e stej anl presentes. Se o problema en.} 
volve a, escola, a melhor solução é ter presente, o professor ou psicólogo, a criança e 
os pai~. Estas pessoas compoem o grupo social.envolv,ido, e muito tempo poderá 
ser ganho se a terapia começar com todos oS membros deste grupo presentes. (A 
maneira de conduzir a primeira entrevista, aqui descrita, se aplica a este grupo.) Pa:\ 
ra a maioria dos problemas, .to.das as pessoas'intimamente relacionadas deverão serjl 
convidadas; as pessoas.que vivem na casa são membros de uma unidade própria e, se 
o terapeuta toma conhecimento de que uma avó vive na próxima esquina, deverá so.: 
licitar que ela, também'; esteja presente; quando o problema é uma criança, qualquer 
pessoa"seriamente envolvida com a mãe também deverá estar envolvida. 
A ênfase na participação de todos, na primeira entrevista, não significa que a 
terapia não poderá ser conduzida sem sua preSença~ Simplesmente significa que to· 
dos presentes na primeira sessão toma o trabalho bastante mais fácil. O estilo de 
.condução da primeira entrevista, aqui descrito, ajudará o terapeuta a iniciar a tera­
pia mais adequadamente. O procedimento esboça~o pode ser 1Is.,do com a maioriu 
dos probll:mas; naturalmente, sempre existirão situações particulares que exigirão 
soluções particulares. 
Por exemplo, quando a..pessoa está Ínt!:mada num hospital, este tipo..àe enlre:­
vj!ta exploratória não é adeguado.lieste casoiO terapeuta já sabe por antecipação, 
26 ',I 
uye o problema reside l1a hospitalização errui. Problemas de pessoa$Se~i~íne'Dte 
perturbadas geralmente não serão enfatizados ~este livro. outro livro, em prepara­
ção, lidará especificamente com processo terapêutico para estes casos. 4 estratégia 
tlestes casos exigeüma atitude mais autoritária e menos exploratÓria, desde'q"e éS~ 
tamos trabalhando com uma crise familia[. 
Às vezes es.te tipo de condução da primeira entrevistâé um procedifI1~~toiÍ1a­
dequado: a familia foi enviada para a terapia devido à incompreensão da fOrite' que a 
enviou. a entrevista é apenãs um c/leck-up ou· uma consulta; e nãoexiste.interésse 
em uma terapia. Algumas famíliaS desejam somente que li criança seja testidae"não 
procuram o profissional tendo como objetivo a terapia. (Mesmo se o objetivo é ape­
nas teste, a família toda poderá ser envolvida. Algumas -clínicas, atúalmeÍ1te;;f\ii'lcio~ :;. ,' .. 
nam de forma que a criança seja testada enquanto os. pais a obsetvánf aÚavé~(de:'ês~\ ;~;< 
pelhos falsos. para poderem ver as respostas da 'criança. Posterionnente',li(íÜllrldÓô,,~ 
aplicador dos testes e o pai discutem os resultados, estes, os pais;poderitó':férme: 
lho r base para julgar as conclusões do psicólogo e não somente receberemúm relá­
tório sumário do que oC.orreu. . 
Existem, ainda, aquelas indicações "compulsórias" que eXigeIl1 iíl1la;~~~~éi~', 
habilidade do terapeúta na primeira entrevista. Quando ,a família é enviadâporum 
juiz ou pela escola, a mãe ou o pai podem se apresentar agressivos e ~xigitem;\lnl:.!' 
tratamento bastante cortês por parte do terapeuta. Quando umterapeilti1;seiaer~ón-: 
ta com um cl!ente confuso, pu aparentemente se comportando defômla:in~dê'q\l'à-, 
da, deverá presumir que o cóntexto da situação é que é confuso e não merameiltea 
pessoa isolada. 
\ 
\ .' " 
Uma outra situação especial é a de uma entrevista de demonstração, naqual.o 
terapeuta deverá entrevistar uma fainília dian te de um grupo. Se um terapeuta t:àml: 
, . . 'ci'-"
liar decide assim fazê-lo, deverá tomar cuidado para que a famtlia nãose.;eXp·onha. 
mais do que deveria diante de um grupo de estran'hos. Um terapeutantiriéàlae~êrii 
entrevistar uma familia diante de um grupo, se não for posteriormente enÚ'evistar. 
esta mesma famOia novamente. Uma entrevista de demonstração para um terapei.íta 
visitante é uma exploração da faroma, e seus membros não receberam nenhuma 
compensação por sua exposição (a menos que recebam alguma forma de pagamen. 
to). Esta espécie de demonstração, .nada tem a ver com terapia. É, simplesmente, 
uma demonstração de c'omo conduzir uma família a se comullÍ'lar diante de uma au­
diência; e, um terapeuta-estudante nunca deverá partir do pressuposto de que deve­
rá conduzir um'a entrevista désta maneira. . . ..- .. 
" 
Um comentário adicional com relaçãO à; forma de conduçã<i'da pmITa entre­
vista. Geralmente, um~ pessoa que esteja vivendo ou não com seus pms podetá pre- / 
I 
27 
http:evidentemen.te
,:f':~~i~1' "J'JJ JIJ I~l 
ferir nio envolver sua família no processo tera~4tico. Outras vezes, esta mesma pes­
soa poderá ter se submetido a terapia individlial aotcrionlle~ltC por alguns anos c 
preferir este método. Um terapeuta não deverá permitir que Q cliente decida como a 
terapia deverá ser conduzida e~pecialmente aquele cliente que já se submeteu erc­
viamente a uma terapia que nãQ foi bem sucedida e pretende cgntinuar dentro do 
mesmo padrão. Outras vezes, pode acontecer que um adulto não queira que a espo­
sa participe da própriaterapia. Existe, ainda, o caso de uma pessoa que pode viver 
sozirula e a sua famma está vivendo na mesma região, mas ela não considera que a 
família tenha relevância em seus problemas. A terapia é mais efetiva emais rápida 
quanto mais pessoas estiverem envolvidas nas entrevistas. Às vezes podemos iniciar 
a terapia individualmente, desde que a pessóa insista; mas continuá-Ià desta maneira 
pode tomar o sucesso mais difícil. Geralmente entrevistar lima pessOa soziDha \li­
minui a possibilidade de trazer as outras pessoas envolvidas mais tarde· Alguns tera­
~utas, como Carl Whitaker, argumentam q\1e a questãO sobre quem deverá ser en­
a volvido na terapia pode determinar o seu reSlJltado. 
.fases da Primeira Entrevista 
'> entrevista tem início qUando é feito o primeiro contato visando-se um de­
terminado problema. Geralmente alguém ~ pedindo alguma consulta e algu­
ma irifonnação, a qual neste momento é fornecida através do telefonema. ~ 
oportunidade Q terapeuta deverá solicitar que todas as pessoas Que vivem na casa de­
verão'estar presentes para a primeira erltrev;st;l. 
Após a chegada da famnia ao consultório, as seguintes fases têm lugar: 
ú}- uma fise sociaJ.,em que a famma é cumprimentada e colocada à vontade; 
~_ !!...ÚSC de disçUSSão do problema, quando são feitas perguntas a respeito 
do problema apresentado; 
()_ aqui, :emos a fase de interação, ria qual a família e seus membros se in­
teragem, falando uns com os outros; .
®-- ª-.fase de explicitacão de objetivos. onde o terapeuta solicita que a famí­
lia tome claros os objetivos que tem e especifique quais mudanças está 
buscando. 
!l:ita entrevista tennioa com a decisão sobre lima próxima consulta com toda a fa­
!!u1ia ou com aRenas Rarte dela. 
Fase Social 
Todos os membros da família deverão estar envolvidos na acão durante todas, 
as fa~s da entrevista e e'specialmente durante a. fase inicial lIe cumprimentos e apre­
28 
sentações. Quando a família entra no consultório, o terape~ta de~;r~;~e~~):Ios
seus membros qJ.Ic se asseDtem &Bundo sua vontade. Imediatamente, após .deveifsé 
apresentar e falar com cada membro e procurar sa!.>er seunome'.'Êimp~rtlU!te'ob~; 
ter uma resposta de cada pessoa a fun de se definir sobre qú'emiéímpôrtante'~'quem 
está vencido, comp está envolvido, bem como a importância do envoMmento de cá- .. 
da um, Nesta fase o terapeuta terá oportunidade, ainda,de/sab§r quals asiPeSsôas', 
uivem na casá e ue deveriam estar presentes; Se al&ném C<)'lÍe~a a faJ3f'SQbrêo :' 
I?~ma o tefl!peuta deverá interrompê- o até 'que alguma re§pOstiísOêiiI:;$éíã·'Í:Íli~. 
tjda de cada pessoa. De certa forma, o modelo para ,esta fase édefinidópélâçchte~< 
sia que caracteriza o nosso comportamento com I~edes em Casa. dé'.modo·qíle to<:. ". 
lias as pessoas se sintam à vontade. . '.. " :.',·J.;\hli~lf~:lk;( ;~:. 
n! Enquanto a família está se assentando, o t!!rapeuta tem uma ótimá opôitiini<:" é.' 
} dade pára observar e, ao mesmo tempo, se orientar sobre como começar a pipXiri1a ..
0­ fase. ' ".....
:2 
.l::~ Mil maioria, as famflias que vão com 11m problema ao terapeutâ seapre~nta.m. 
~sivas com' relação a e~~. independ~ daeguãO ~olícitos seus meiJlbr.~~~~.ç ...~ 
parecer. C"llvenhamos que pode ser embaraçoso falar sobre problemas l'essoaJ,s'.!>ara;" 
alguém. Geralmente as famílias proçuraram anterionnente todas as fQnmiidÇ"'sQhí. 
&ão que não funcionaram e, somente depois, procuram muda com o terapeuta; e is­
to Bode significar para elçs um fracasso. Pode acontecer que n~m todos os membros 
estejam de acordo a respeito do problema ou sobre a consulta 'em si; e algUns 'deles 
podem ter sido, de alguma maneira, obrigados a comparecer, quando na yerdade., 
prefeririam estar em outro lugar. Podem achar que serão criticados. '. .:. ;fi~?~':;;;;'::; .'. 
\. . . : "':"f':'~:'''' 
.~ importante que o terapeuta esteja atento para a disponibilidade ou 'l1umor: 
da faml1ia, desde que a partir desta observação é qye ele poderá obter sua COQPera~ 
ção no proceSSQ da mudança. Assim, os familiares podem estarfmgindo se(niais'" 
afetuosos do'que realmente o são; podem estar infelizes ou agressivos. Os ÍneIÍlbrds .. 
da família podem manifestar ainda a atitude de que trazer alguém para o conSultó­
rio constitui-se numa forma de punição que se está impondo a'essa pessoa, depois 
de tê-la ameaçado durante algum' tempo. E podem estar desesperados. Pode;tàm­
" ,.:,.~ 
• !::Lcsletipo de terapia espera-se que Q tl't3l'cul. trabalhe sozinho A IItiUzaçãQ de um . 
SQ::!erapeutu. geralmente tsim a ver com a segurança do clínico e não com o ditate Estudos 
realizados .sobre resultado não indicam que: a co-terapi;l funciona melhor, além de.seu eusto·ser· 
dobrado. No easo do treinamento, co-terapia'com uma pessoa mais experiente ensmá o .estUdan. 
te a fie!!! de fora c a· não asSumir responsabilidade pelo caso; isto, quando, em última instância, 
ele devcráapfender a' fazê-lo. Um terapeuta; trabalhando . sozinho , pode desenvolvere executar 
. idéias sem a demora implicada em consultar um COlega. Se o terapeuta necessita de aSsistência. / 
. 'um supervisor (ou até mesmo um colega) atrás de um espelho falso pode provê-lll. 
.. ·;29'" 
r· 
bém. acontecer que estão vindo porque alguma autoridade oU,dever os obrigou: co­
mo, por exemplo, a escola ou o juiz. ~JlI:Uld/) o' terapeuta cumprimenta os membros 
de uma famflia, a disponibilidade deles lhe será comunicada e ele deverá procurar 
trabalhar de acordo com ela. 
o...terapeuta dever3 observar as relações eQ1re pajs e mho~, na medida em que 
seus memhros se organizam dentro do cOhspltórig. Assim, os pais podem ser muiiõ 
severoS com as erianças ou muito tolerantes; ou apenas aguardam que as crianças os 
acompanhem. Por outro lado, as crianças podem cooperar espontaneamente até à 
sala ou poderão ter sido instruiJas pelos pais. A maneira pela qual eles disciplinam 
as crianças pode ser observada como parte do processo de _conduzi-las à sala e f:lzê­
las assentar, O terancuta não pode eSQuecer que os pais HãO estão meramente lidan­
do com as crianças, mas demonscr:,al/(Io ,"orno lidam com elas. Por exemplo, podem, 
geralmente, chamar a atençao da criança se ela faz uma travessura; mas, se estão 
preocupados com o que vão mostrar ao terapeuta, comportar-se-ão de maneira bas­
tante diferente. A criança, por seu turnQ demonstI1lrá çomQ~ comportam ela e 
~us pais, Neste caso, o terapeuta não estará nécessariamente coletando fatos forne­
cidos por eles, mas Qbservando-osh 
" Q terapeuta deverá observar o relacionamento existente entre os pais ou oU:: 
tras adultos que acompanham a criança (por exemplo; a mãe e a av6). Quando exis­
te uma criança problema, os adultos geralmente discordam a respeito de como lidar 
com ela, Às vezes esta discordância é colocada de imediato e, às vezes, os membros 
da família se apresentam unidos no início dã primeira entrevista. Se eles aparentam 
estar de acordo entre si e muito amigáveis uns. com os outros, esta situação é dife. 
rente de uma situação em que tenham de demonstrar que possuem opini6es diferen· 
tes sobre o problema da criança. O terapeuta deverá. também, observar se alguém, 
entre os adultos, dá pistas de que está presente contra sua vontade, 
Como os membros da família lidam com O terapeuta? O comportamento das 
crianças fornecerá alguma indicação de que os pais lhes terá prevenido sobre O local. 
desde que a terapia será conduzida (ora de casa eda eseola, Se '3 criança aparenta es­
tar com medo do terapeuta, o medo pode indicnr que ela pensa estar ali como uma 
forma de punição ou que será. abandonada. Às crianças que aparen Iam estar à von­
tade e curiosas, provavelmente deverá ter sido dito que o rugar era agradável. futi.:. 
~ulannente, o terapeuta deverá saber quem na ·famma procura se atu.npliciar ao 
Wapeuta ou colgcá.lo "g seu 13d" Se um dos pais se aproxima dele 011 dela 1ll1!ilQ. 
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1':1 a criança e em seguidapara o terapeuta com um olhar de "exaspeiaçãoc~rrt~'~rti. 
Ih:tda " podem estar procurando acuOlpliciar-seaoterapeuta contra a criança. "'" 
Quando uiva [amília se assenta ~ellinas vezes pua organização PQdeselclari-' 
l"ic;ld;1. Assim, a mãe pode se assentar entre as crianças e o pai na ponta d9 grupo; 
nu. ainda. os pais·e' as crianças podem se assentar em.cantos o..postos. A outrá possi­
bilidade é a de qUe os pais e a criança mais velha se assentem juntos e,isoléri, 'a 
cri:mça problema, rode acontecer que os b0Q:lcns se assentem juntos. Ç{qÚe'llP: 
ÜQ informar a respeito da impQ'rtância das diferenças sexuais na família::Ónde­
qllt'r que a criança problema se assente. isto poderá s.Jgerir sua (unção denfro,do 
casamento., 	 " '" ",;::~:r:,'{~::', , JJ 
É fundamental obter inroanjl~ão, mas é IAI,nbém impQr'a~ie não tjrá~Cq~-'>.~-(2..)->.~ 
.w\('S apres!i{ldamellle O terapeuta poderá estar eÚganado e as idéias poderão não es~ ~~-l.J 
~ ar muito firmes. A observação possihilita a informação que será, por sua vez. te~1i- ., 
.Ia na medida em QUe. a sessão se desenvolve. Um terapeuta Que se pren4e â uma 
idéia não está livre para considerar outras PQssihj!jdade~:,t.;},. ,'" 
" 	 , " .', 0'1l' ;;;!~$~)}~'
I:: ainda importante que o terapeuta /la0 cOW,aartjlhe 'ilias obrervu,W4,iCa.in:Jil'·, ' 
Jillntlil1. Se a criança problema está assentada entre a mãe e o pai, o terapeutàpode~',' 
rá levantar a hipótese de que o problema da criança tem alguma função nó casamen-' 
to. E:ttrl!t:mto. esta hipótese não poderá ser considerada muito seriamente:s~mda; 
dos posteriores e o terapeuta não devera lIunca discutir com a f~míliasobie'iip'ôsi: 
ç,io da criança. Primeiro, porque poderá estar enganad~; segundo, porqu~f~e"~siih:-,-:.; 
wr certo. cstàrá assinalando para li família aquilo que os seus membro's jása:~;n';:;;,r::~' ,) 
, ('nllrrontar 'lima falllJ1ia sobre li maneira como os ~us membros se assel1tam'é"éxi~~;!'}' '. 
\ . 	 " ." ~' ". '.,'
gir que ela adrilita algo que prefere não admitir; esta ação poderá dar lugar a defesa ': ' 
e produzir dificuldades d.esnecessárias na terapia 	 . , ' .. ", ,. 
;1!~'f:i:':!:-" 	 . "í,<i" _ 
.'!.-.:.:,: 
.~ ;;,. , 
:'. ',~•• ;..... ~.~,;.. '. I,.,: 
Fase do Problettíai. 
-"lll esta altür:1 ;Ja entrcvista o que flOuve foi um intercâmbio social com'a 'fa:', 
mília. o qual pode ter sido breve ou demtrado alguns minutos. A partir deste pon- ,; 
to. é necessário mudar o (oco da terapia para uma fase onde a situação não mais:é:' , 
definida como uma situaçáo de convivência social, ma$ caracterizada por Um objétj- • 
~ (: pouco usual a situação em que uma fam11ia proç~ra ajuda d.e alguém quete~' . 
nha por função fa7.cr algo por ela, Não existem regras I,âqronjzadasllara este tipo de ' 
s.ituação: assim, o tçrapmta.Jl a família deverão tmb3ThaT sobre ela. talcQmgsc, . 
. . ~presenta, ' 	 /' ,. / 
~3i .', 
http:t�rapmta.Jl
http:colgc�.lo
9
.- - - _. ·-'T.I.~,,""JJJ<Ii,IIIIII"'I"'\\~~\~\",~~~\ 
~0 .·:~;;:('~f~~;~;' 
o procedimento mais uS'l;lal consiste em <: terapeuta perguntar à família por 
que veio ao consyltório' e qlla! o problema, Estjl colocação !ll!l;!n ') sjwaç;jn de so· 
cial para terapêutica. É uma mensagem: "ponl, então vamos trabalhar". Existem, 
muitas maneirns ue conduzir esta fase, e cada uma delas apresenta suas vantagens 
e desvantagens. A fase do problema aborda dois aspectos' como o terapeuta a con· 
uz e para gu~m. na famflia. o terapeuta se dide:~ , 
Geralmente. os membros de uma família não sabem por Que toda a família (oi 
convidada a comparecer aI) COJlsllhÓrio.)"::l verdade. o (lue busc:\Vam era ajuda ~spe· 
cífica pará uma criança ou adulto, ,e a presençà ge todos pode confundi~, mesmo que 
ninguém faça perguntas neste sentido .. :':>csta maneira Ijmle Scr uma bOi! ;!Iéia o tc­
rapeuta começar por elucidar sua poSiçãO na situação ,Ele' pode dizer o Que já sabe'e 
par que convidou todos ª comparecer Quando estiver esclarecida sua posição. será 
mais fácil para os membros da família, por' seu lado, colocarem as suas respectivas 
posições também. 
o terapeuta poder;i, por exemplo, comcçar-djzendo algo como "me disseram 
pelo telefone algumas coisas e, a partir daí, formulei algumas idéias sobre a natureza 
do problema. Pedi que toda a família comparecesse para poder ouvir cada um". Em 
seguida, poderá perguntar m!lis diretamente a respeito dos problemas familiares. 
Uma maneira a1ternativ:l u.e começar:l tr:lbalhar consiste em dizer: "insisti 
que todos viessem' pam que pudC5.5e obter todas 'as suas opiniões sobre a situação". 
As possíveis variações c'm tomo desta colocação possibilitam uma explanaçãO par­
cial, dos motivos pelos quais estão ali e criam uma disponibilidade da parte dos 
membros da família, no sentido de coritribuir,com as próprias opiniões. . 
A forma como o terapeuta introduzir, e definir sua posição vai Jependçr uo 
nível de instrução da família~ eie .deve fazê-lo de torma a ser comVreendidopor to­
uos. Se,um terapeuta sente que se trata de uma família reservada, deverá particular· 
mente enfatizar que já possui alguma infOrmação através do telefonema dado na 
marcação da consulta. A partir dis~o, ficará claro para. todos que alguém (geralmeR­
te a mãe) já havia colocado o problema e qu~ o te'rapeuta já possui uma versão, 
Quando o terapeuta solicita opiniões mais específicas, a forma como ele pros~, 
segue sua investigação pode dete~inar o modo Pelo qual a entrevista se desenvolv~~ 
rã. Algumas das várias'maneiras comumente usadas são: 
o terapeutá pode perguntar: "Qual é o seu problema?". Esta maneira de colo· 
car ~efine uma situação !la qual serão tratados' os problemas. Geralmente a autorida· 
32 
d~ 110 problema, tipicamei'!te a mãe da família, já antecipou,'esta pergÍliltà},e~ia 
j1mnta com lima r.esposta sobre as dificuldades a.presentadas pelà criançúFr~qüén-' 
temente uma mãe e5tá pronta para fornecer um~úesenha hist9Iis;:a'dequandó:6pro­
blema se desenvolveu, Colocar a petgun1a desta fOtDl'a prée'nebeplenamenté~a$ilS.~' 
pcctativas da mãe~' ," , _", "':")::;;::Tr;':~:; 
o terapeuta 'pode se diri&r ~ uma manejrainais pessoal. p _ ,TO> 
llue você espe'ra de millll". Esta ,espécie de pergunta reduz as possjbUidlídés'ge'(Ún", 
relatório. Esta colocação não apenas exige que as pessoa pensern sobre o pióblerria;' 
mas pensem em termos do que o terapeuta poderá fazer a respeito dele •. Está·forma. 
'.h:- iavcstigaç,io tom:1 :l SitU:IÇUQ menos profissional e mais pessoale"pode'em:,cêi'ta 
o C'> medida, ser incúmoda para alguns terapeutas. 	 ' " 
2l~
G)
~--< Em vez ueper~lIl1Wr qual é () prohlema. o terapeuta poderápergu'ntar'''$luais .,.}! 
, - o. 	 mudanças você espera'?" Colocar a questão desta maneira situa a terapia e a 'situa-' 
;;;t<l I.:r:tl'êulka. uelltro de) contexto Je l11uJança. Assim. o pai deverá colocar o pro­
hlema em termos de como a criallça deverá mudar, em vez de Jiscutii oqiui"êstáer- ' 
rado com ela. Mesmo...qlle a discussão posteriormente se centre no prôbleiTiá'{(estê\i" " ' 
rt'l'erencial pí)sÂil?Jlita o teralleuta voltar atrás c pedir a família para diiefà<c(u~'eià~;;';:'c 
9ústaria de mudar.,';: 
Uma outra maneira de conduzir a investigação consiste em dizer "Eotguevo-:' 
,:és estáo :l<:)ui'?", I;;S\n maneira de colocàr permite que a famfIiatenhaoPQrtunida~e , 
de se centrar no probleDla ou na llludanc'a, Alguns membros podem dizer·~estamos, 
aqui po:. c~a de' Johnny" C outros poderão dizer "estamos aquiparafaz~ràlg~'p~r' 
J,)!umy , , '" , ',-:X': '," 
/ Como regra geral. quanto mais ambíguo e abstrato o tipo de' investigaç;~dO', " 
I terapeuta, mais espaço' sobra para os membros da faI'Qfliá apreseritarem,:({pi6pri.ó~~\,>i' 
" ponto de vista. Eles 'podem enfatizar o problema ou a mudança, ou mesmodeScr~~X:,' , 
; vê-lo como um problema mais da faIrlllia do que da criança. Quantorríaisespeçífi~":' 
( co o terapeuta for, mais ',a famflia estará presa a uma área exclusiva nadiSctissãÓ'.: "~; 
'--	 " ", ,;:~:~W:\, 
(JIlÓIl deverá ser COllsultatlosohre 11 problema. Quando o terapeuta muda sua, 
aluaçãô da fase social para a terapêutica, deverá falar pare o grup9 como um'todo', 
ou para uma pessoa. gexatamente neste', ponto que o envolvimento peSs~: 
~lcins.o_.do terapeuta se coosUtui Duma qUestão importante, Um terapetita2qú'e 
acha que as'crianças s~o vítimas dos pais pode se colocar do lado dascrianças;'nà 
maneira como conduz sua ,investigação em relação aos probleIl'!as;Jpresentados.~Es. , 
te terapeuta pode pergurttarà criança qual é oproblema, deixand~éxplícito;que' / 
ela. a criança, é provavelmenté Íllçompreendida. Ou se ele, consistentemente,dividé 
i, 
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,!I 41 • ~ 41 •• • •••••••• ,"511111111'11""\"\""'~,I ' 
o mundo em homens e Illulhere,s, o fato de pergulltar sobre o problema, c a quem. 
/'AIPse tomará uma questão sexista. Falar com um ,homem em primeiro lugar poderá 
LP implicar que a Illulh.:r era incapaz. Se o terapellt;l for mais velho e avô, poderá. 
nUllla entrevista familiar que conta com a presença de avós, considerá-los as pessoas 
que deverão falar sobre os. problemas, desde que poderá estar admilindo que estes. 
sem dúvida alguma, se apresentam com as m'aiores condições. Camo podemos ob­
~i \lma eRlteYista (amiliar é bastante difereGJc de lima enl~vlW.Lal. 
):!Slis força o teupeuta a selecionar tópicos no momento Que começa a explorar 
}In:! ~eterini~.CI~C: problema.. 
Existem várias dimensões relevantes neste .caso. Em primeiro lugar, costuma 
acontecer que exista uma única pessoa extremamente preocupada com o problema, 
e ela traz toda a fuml1ia para a entrevista. Geral:nente, neste caso, existe alguém que 
discorda que exista o problema ou que ele seja tão grave, e então comparece rehltan­
temente. Este é o tipo de conflito típico de uma fan1l1ia que tcm um problema. 
Uma segunda dimensão é a hierarquia. Em qualquer organização, seus mem­
#,bros não são iguais entre si. O terapeuta deverJ respeitar a hierarquia de lima famí­
lia, se espera ter cooperação. Infelizmente, o.s preconceitos de um terapeuta podem 
fazer com que ele não deixe claro quem é a autoridade. Se os avós estão presentes, 
muitos terapeutas poderão considerá-los ocupando um ponto mais alto na hierar­
quia familiar em relação aos pais, e, desta maneira, solicitar-lhes que falem sobre o 
problema. Outros, não considerando os avós como as autoridades, se dirigirão aos 
pais, polidamcnte ignorando os avós. Da mesma forma, alguns terapeutas poderão 
observar que o pai se apresenta afastado e marginal no grupo farrúliar; neste caso, 
dirigirá a primeira pergunta a ele e o tratará como se fora o líder da casa. Ao tomar 
esta atitude não estará acreditando que o pai ocupa esta posição, mas, se o solicita 
desta maneira, o pai deverá responde., tomando-se mais envolvido e assumindo 
maior responsabilidade diante da situação_ Nestes ,casos, os terapeutas estarão !ltili·' , 
zando o estereótipo de que os pais deverão serps chefes-de-família, visando com is­
so resolver os problemas familiares. Da mesma maneira, se um terapeuta, com a fi­
nalidade de resolver o problema apresentado, acredita que uma mãe deverá ser man­
tida em sua posição, deverá se dirigir a ela em primeiro lugar e tratá-Ia como se ela 
fosse o chefe da famma. Entretanto, esta de~isão deverá ser tomada em relação a 
questões, apresentaoas" e não em relação às idéias que o terapeu ta tenha ou possa 
ter sobre a posição de cada um dos sexos, o que não é o problema relevante pa~a a 
terapia. 
Há uma outra dimensão muito mais importante numa situação terapêutica de 
que em outra situação. ~;Lterapeu.la tem lima tarefa a realizar e necessita manter a 
34 ­
I ..' ~0 
I
I ' 
i família envolvida pau Que possa conseguj-J.g. Geralmente exj~te num de1telÍIlÍ.ÍIladlo 
i grupo familiar uma pessoa que pode impe<.lir a continuidade da terapia e;exaiwen­
; te \lar esta razãb., ela deverá ser tratada mais respeiíQsamentr.. Por exempl0,i:nera~ 
; , peu!a poderá 'ouvir com especial deferência um avô e constatar que,nareaJ~dade, 
ele não acredita na existência de qualquer p.roblema'que poSsa justificar uma,tera-, 
pia, e entretanto, mesmo que tenha esta opirúão, toda a família não deiXaria de vir, 
, I para atendê-lo. AS,sim, dando-lhe excessivo respeito, o terapeúta poderá estar'Hdân­do com a pessoa menos influente do grupo familiar. ' ',~,',: ' 
I 
 , ' , 
Como exemplo da habilidade exigida de um terapeuta. pOdemosmê~~ionar 
uma famma: em que a mãe é que tem o poder dé manter a lamília na te'rapiii'énão 
o pai. O terapeuta deverá enfatizar o statlls do pai para aumentar seu envolVimento, 
o ,) quando este for necessário como parte do processoterapêutieo. E ainda que o tera­
e? ~ peuta trate o pai como uma autoridade em rtllação ao problema da criança,deverá 
,~ ~ comunicar a mãe que esta atitude faz p'arte do processo terapêutico, nada té'ndo ,a 
r~G ver com o fato de que não reconheça o papel marginal do pai dentro do grupo fa­
,- miliar. ' , ' 
Se o 
c.2!!l9 igIDlis entre si. Jt.com portar-se como se a escolha para falar 
~.1~2Jeita randQmicamente, a soluça0 será mais simples. Esta seria a maneira 
de se comportar com um grupo artificial nUrtla terapia de grupo_ Entretanto; está na 
natureza de grupos naturais que o terapeuta deva lidar com a questã'o da nier,!rguia' 
e. não evitá-la. - " ~;:';;:;., ' 
. : :; ·;-:~~:·f'~f~~·':::·r:;:.·"·~' 
ertçomendávél que o terapeuta se dirija à pessoa aparentemente~erl;;si~ri- , 
y.clW1a com º-..nroblemª'--e....a.~m_~l!ll!.~~á tratar com átenção e resileitQ;.! 
pessoa que detém o poder de manutenção da família no processo terapêuti<;Q~ 
r~t~~jf'~~Qã--mais.~lt(!t~~SQ.1! .1!!!l_~_Q.PP.!:1tjQa c..Q.f.ll,.IlS::prQblemasqull 
(~rjII.rU!.(l!!Il.ília.p.au...gJ<QIlSllJt6rhl- A situação mais típica, qué costum:àdêóI;iéc, 
numa clínica onde aparece uma família com uma criança problema, éa de"üiJíá"li1ite< ' 
bastante preocupada e um pai que se apresenta mais superticial_ NeSta,siti.iâÇÍi'o,' 'é: "? 
aconselhável solicitar que o pai fale sobre o problema em primeiro lugaf,'desdeque;, 
com isso, poderemos estar defmindo s~ultaneamente seu envolvimento,na-ié'bpia' 
e também descobrindo qual é o grau de responsabiÜdade que ele está dispoSto a as­
sumir, quando alguma forma de ação for solicitada. ,<:;'' 
Uma certa pércentagem das faniílias 'possili um p;'Fque é ~ pessOa que:~pieó- " 
cupa excessivamente com a criança, enquanto a mãe assume um papel mais perifé­
rico. Algumas ~zes. o envolvimento pareçe ser determinado poraqllelapessoaque 
assume mais as funções pe cuidar da criiql~a em casa e, desta' forma;se toma mais I 
1 .' . .... ", . 
,,' ;,35,' 
http:rjII.rU!.(l!!Il.�lia.p.au
http:c..Q.f.ll
http:1!!!l_~_Q.PP
http:Lterapeu.la
\ 
!, 
consciente dos ·problemas. Existe um OUICO 'aspecto da 5ilUillfâu qu~ é Ircqucllt.;­
mente negligenciado pelo terapeuta que se dei~il :Ip:lnhllr na llllp.st;io dos pal)~is se­
xuais, muito mais do que na questão da organil:tção familiar. Geralmellte. q~ml} 
~Q.s_~~_<:~~~iS_jmY.QlvlQJL~ 'preocupado f'Onl a c:ia?Ça ,; .detcrlllin:lcI~) pelo tipo . 
de envolvimento que este gm tem j'O!ll os SCU5-pmpOOS paiS C respectivos sogros. 
I;i~' é, uma mãe que compete coni a própril mãe sobre educação de filhqs,' 
se preocupará.excessiv;lIllente com o comportí"nento da criallça. porque se tr;:ta de., ~ 
um contlito de geraçórs. De fonna similar. um pai que está provando para o próprio' 
pai ,como um filho deve ser educado, p"de sér aquele parque o terapeuta observa es- " 
tar muito envolvido no prOblema da criança. QI/a/quer relacjonamento faz parte de 
outro relacionamento, e é in&ênuo pensar nesta questão como uma qnes!:jo mera­
;;;'te ligada aos papéis masculinos e femininos. O supcrenvolvimenlo ou superfi­
cialidade no relacionamento com a criança estão presentes quando os ildultos envol· 
vidos são do mesmo sexo. l\ mãe c a :iVÓ podcm expressar problcl1ll1s. bem COIllO U 
pai e o avô, e inclusive um parceiro homossexual pode estarem conflitos sobre se a 
criança tem um problema ou quem é a autoridade. 
Neste capítulo, um modelo estereotipado é apresentado através da descrição 
de um arranjo típico, no, qual os dois pais 'trazem a criança como um problema ao 
consultório. Entretanto, o mesmo tipo de abordagem através da entrevista pode ser 
feito, caso seja o pai ou o avô, a innã ou o irmão, ou qualquer outro tipo de relacio­
namento. O problema pode ser da filha ou do filho, do mais velho ou da criança . .M 
diferentes fases já discutidas para a entrevista iRiçia' se aplicam em q!lalquer que SI:::... 
ia ª composição do ~ruRo. 
A quem se dirigir a respeito dos problemas pode ser em parte detenninado pe· 
lo sexo do terapeuta, mas isto pode se constituir num problema de menor importân- ~~'tP-!f' 
cia na primeira entrevista, exceto em algumas situações pouco usuais. A competên- '\J I 
cia do terapeuta é muito mais importante do que o sexo. Se o pai se comporta co­
mo se estivesse sendo deixado de lado, quando a mãe e a terapeuta discutem um 
problema, a terapeuta deverá desenvolver esforços especiais no sentid!? de inclui-lo. 
Entretanto, esta mesma coalizão pode surgir' comum terapeuta, enquànto este con· 
versa com o pai. A consciência destas coaljzÕes, explícitas QI! implícitas, que resi­
dem no sexo do terapeuta, deverá ser assumida por qualquer terapeuta competent';. 
Não costuma ser uma boa idéia começar com a criança problemática e pergun­
tar·lhe por que a família compareceu âo consultório. Esta pode se sentir na berlinda 
e achar que o terapeuta a está censurando por obrigar todas as pessoas a comparece­
rem. e melhor lidar com a criança posterionnente. Todo terapeuta deverá estar 
atento quanto a tendência a ser benevolente com a pessoa com problemas, quando 
ele (o terapeuta) ,está ansioso e tenso. As pessoas problemlíticas tendem!! obter li 
36 
~6 
atenção l:US seus íntimos. quando estão nervosas e agressivas, e os terapeutas típica­
II1c'lIe seguem o plldrão de dar esta espécie de atenção. t geralmente melhor, para O' . 
terapeuta nervoso, lidar diretamente com os país nos momentos de tensão. 
Uma oul ra consideracão é de que li crí,:1nça, às veles, está intimidada e qu~a 
~orgue não comP,tcCQdc o contexto e a razâQ para a entrevista .. Oterapeuta deverá 
,i . scmpre definir sua própria osi [o e esclarecer a situa ão •. todas as vezes que obser­
,I Y!)r quc..algJlém está preocupado.,Uma criança pode temer ficar trancada naque e u­
.~ I g'dr ou acreditar que está ali porque as pesso:ls acreditam que ela está doida. Poderá 
ser rJe !Imita valia se o terapeuta falar tudo que sabe a respeito de por que cada um I ali está, e. se puder, oQ.rmaJiza( li Si!!HIÇiiQ enfatizando que àquele é a CGAtexto.... 
'" usual mIra a resolução ~e grobl!.illUlS-.-~ 2. 
.,..;;, .:;~ ~, ­
A!guns ter:lpeutas, às vezes, p~eferem começar com a criança menos eovolvida 
V'- í.'-~' e perguntar por que a família está 1')0 consultório.· Por "menos envolvida" quere­
~;.:?; 
I ,:' 
I 
1 
. J..... 
mos nos referir à eriança que está assentada mais afastaqa do grupo e, aparentemen­
te, mais desligada. Freqüentemente, trata·se da criança mais jovem, e', se ela fala 
com o terapeuta. isto possibilita deixar claro que todos deverão tomar parte na ses­
são. Com esta atit)Jde, ele acaba por salientar que se trata de uma situação onde não 
apenas os adultos falam sopre as crianças e estas apenas os ouve~. As crianças mais 
jovens podem dizer coisas muito perspicazes, desde que não forin ainda ensinadas 
a discriminar claramente o que deve ser dito e o que não deve ser dito em público. 
Quando perguntamos a uma criança a razão de sua 'presença, freqüente'mente 
descobrimos que nenhuma delas foi avisada pelos pais sobre a vinda ao consultório. 
Esta descoberta provê ao terapeuta a ínfonnação a respeito de como os segredosfa­
núliares são tratados e quais os tipos d~ divisões podem existir entre adultos e 'crian­
ças. ou enite os adultos e a criança problema e o restante das crianças em,casá. 
Algumas vezes, oterapeuta poderá olhar para o chão ou para o teto e, não se y 
dirigindo a nenhuma. pessoa em particular, dizer: "Alguém poderia me falar'sobre 
gual é o problema?", Esta atirilde, usualmente, possibilitará a emergência da pesso'i"' 
qye fala pela filmíJia Fomecerá, ainda, a informação da posição do pai na família,. 
desde que, se ele responde pela colocaçãO do problema, é mais provável que seja um 
participante mais disponível nas questõ~~familiares. Entretanto, nio se dirigir a nin­
guém tende a tornar a situação jmpreviS('l.el; alguns terapeutas preferem se dirigír a 
tlma pessoa em particuÍar. de tal modo que aquilo que for dito o seja de fonna or­
denada' e segundo ele próprio o espera. 
• Começar eom a criança menos envolvida é um procedimento que observei sendo usado, 
pela primeira vez, por Frank PiUman. / 
37 
http:jmpreviS('l.el
JJIIJIII""""'III'IIIIIII""'II\'1",",""'", 
o terapeuta pode "passar" da fase de cumprimentos para li fase lerapê\l[icil. 
~~um comentário a propósito. A partir de uma conversa com as crianças du­
rante a primeira fase - sobre a escola ou qualquer outra atividade - a conversa po· 
de ser conduzida at~ à uiscuss.to da família. ,em qualquer investigaç.lo. $ohrl.' por 
que eles ali estão, e qual o problema existente. Se isto ocorre desta forma. t) tera· 
peuta poderá uispensar oll antecipar a fála dós pais e impeuir que a criança seja ft}­
tulada como uma criança problemática: mesmo porque, ao longo da entrevista fi­
cará patente a existência de numerosos problemas, e que todas as crianças são mui­
to similares entre si. 
Existem dois erros básicos decorrentes da confusão da fase social com a fase 
de discussão de problemas na primeira entrevista. O primeiro deles aplica-se a qual­
quer abordagem terapêutica e o segundo é relevante para a abordagem apresentada 
neste livro. Primeiro, a família pode começ;r·.a ficar confusa se o terapeuta não fo­
caliza sua atenção no problema, porque os dei.xa em dúvida sobre se se trata de uma 
terapia ou de uma situação social. E\t' perde oportunidade de esclarecer qual a dife­
rença entre uma situação terapêutica e uma conversa entre amigos. Às vezes, além 
disso, esta atitude amplia o problema. tomai\do-o não mencionável. Em algum mo­
mento o terapeuta deverá esclarecer a situação: 
~rdo com li abordaEem proposta ncste livro. o que º terapeuta pre!<:oge 
~ focalizar claramente o problema. de tal fOmla tiUe O relacionamento familiar 22s­
sa ser mudado usando-se o ble uma alavanc . Nã'o pretende que a crian­
ça pro ema seja colocada como igual às outras crianças ou que o problema seja mi­
nimizado. Não pretende, também, uma discussãO dos relacionamentos antes que o 
problema seja colocado. N!o se trata de uma ierapia onde os relacionaDlentos sjp 
lII!!dados falando-se sobre relacionamentos, mas exigindo-se novos comportamentos 
para solucionar o problema. Assim, por exemplo, uma menina de 13 anos foi levada 
ao consultório por scus pais porque estava furtando dinheiro do vizinho. A nlãe, pe­
lo telefone, relatou ao terapeuta que havia se casado de novo, recentemente, e a me­
nina tinha agora um novo padrasto. No momento da entrevista familiar, todos se 
apresentaram relutantes para colocar o prohlema. O terapeuta bateu papo com a fa­
mília, e o pai falou da sua dificuldade em ser padrasto ellã'o saber como disciplinar 
as crianças de forma a agradar sua esposa. Finalmente, o supervisor do terapeuta lhe 
telefonou e pediu-lhe que perguntasse quãl o problema que trazia a fali\í\i:\ 'para0 
consultório. Quando o terapeuta investigou desta maneira a questão, a criança co­
meçou a chorar e os pais falaram sobre a integração do padrasto na faroma deluma 
manéira bastant(: diferente. Não era mais uma conversa sobre o relacionamento, mas 
sobre por que a meninll furtou, e o que deveria ser fe.ito. 
38 
.._-	
. li 
Olmiuiv.Q problel1Jll A família poderá descrever o que atl'jlZ ao consultório 
.;omo algo não usual ou como um fato rotineiro. Na medida em queo teral?euta ou­
w. !louení tornar certas atitudes e não outras. 
Primeiro. á'terapeuta não dc.vc rá fazer Qu~uer=t~oo~o 
para ajudar a pessoa ª encarar a sitUª&ãQ de fQ~; di Deve, tão somente, 
aceitar o que é dito. Se alguma coisa não ficou clara, deve perguntar a respeito. Se 
?lP 	 o terapeuta sente ~ecessidade de reconstruir qualquer frase para verificar se compre­
elideu bem, deverá fazê-lo; mas não deverá fazê-lo no sentido de ajudar a ouu: pes-. 
soa a "descobrir" alguma coisa_ . a 
o(}
;00
-"1:J 
Ci)--<; Te.rceiro,n(o deverá peQ:untar como algnémse sente sobre alguma coisa, 
;Z"O !,!\as somente coletar fatos e opiniõe.!i..
~b 	
\ 
Quarto, a atitude do terapeuta deverá ser de interesse por aJudar NãO devJUá 
se distanciar daquilo que está realmente trazendo a famQia ao $ey CQhlltlltÓrlo. 
EnqUanto ouve., deve.rã. encorajar a pessoa li faJar Algumas pessoas o faze.nl 
com facilidade, outras sentem muít~ar~dev.eni.se.r.laL:iU: 
tado o máximo possív$!!.. . . 
Se alguém interrompe, o terapeuta deverá permitir à interrupção, observar 
I, brevemente e, em seguida', intervir e voltar-se para a pessoa que estava falando. Po­
! de-se dizer \pessoa que interrompeu que ela terá a Sua vez. . . . 
I, 
Todos deverão ter oportunidade, Após o problema ter sido COlOCíldo por. al­
guém, todas as outras pessoas deverão ser solicitadas a dar sua opinião a respeito. 
O terapeuta f!ão deverá dar a impress:ro de que está buscando desacordo entre du~s. 
pessoas ou derrotar o argumento de alguém'. Apenas .ouve cada uma das opiniões. 
Quando ocorrem desacordos, não deverão ser feitas discussões em tomo deles, a não 
ser posteriormente. Além disso, uma pessoa não deverá, apenas ela, falar todo o 
tempo. O terapeuta deverá solicitar de todos que prestem atenção ao que está sendo 
dito, se não o estiverem ~aiendo. 
Assegurar-se de que cada pessoa, tenha a sua vez, o mais naturalmente possí­
vel, é importante. Assim, o que alguém diz sobre algUém pode con'duzir naturalmen. 
te o terapeuta a se voltar para uma outra pessoa. Entretanto, nesta fase, o terapeuta, 
/ 
39 
z::; 
http:investiga�.lo
http:uiscuss.to
• 
. . ~~~ ••••••~••I'IJJJJJIJII",,\\,\\\\\\\\\""'I 
nã.:l deverá retomar à pessoa que vinha falando em primeiro lugar; deverá partir pa­
ra uma terceira. OjáloBo entre duas pessoas não é recorncndáuel.ncS1a fase. 
o terapeuta deseja se aproxinulr do universo familiar e compreendê-lo. mas. 
ao mesmo tempo, deseja produzir mudanças suncientes no seu ~\lmportallle:lHl r. 
por causa disto, a entrevista deverá lcr Ulll curso ordenado. ~s. a fal))í\j;1 é Icnt;l. n 
terapeuta deverá se mover lentamente; se é rápida. ele deverá acompanhar o seu rito 
mo- Se um dos pais insiste em interromper. o feí'apclIta deverá intervir ...:-: fonna a 
p;;nitir que cada um expresse o seu ponto de vista. Não apenas todos deverão ter 
oportunidade de falar, como ele \h:wC'Í I iri.;i r o que está aCOIl tc~clldo. :';c iI Camília 
dirige. tudo jlcontecerá como no passadQ. !': não haverá nenhuma mudança. 
Se o terapeuta ouve apenas UI11 dos pais e pcnnite que este fale todas as ve7.es 
que outra pessoa fala. está dizendo por suas :Ições flue somente :IS pal:ivf:ls .Jaquck 
pai são importantes. Deverá convencer as outras pessoas de que elas tcm alguma coi· 
sa a dizer, e eOlão dar-lhes igual respeito. Impedindo que um dos pis Elh.' ü tempo 
todo e seja o único a falar, () terapeuta. 11:1 \'.:rdallc, o está ajudando. desde que evi· 
ta que a família faça exatamente aquilo que foi feito antes e falhou. 
Às vezes. a criança com o problema pode sc aprescnt<lr relutante em falar. par­
ticulannente depois que seus pais descreveram sua dificuldade. Para mudar esta si­
tuação, o terapeuta deverá ser persuasivo e m'udar sua cndeira para perto du criul1~i1. 
Griralmente, é melhor conversar com a crian~a por último. Depois que seus irmãOS e 
innãs já tiverem dito algo. a criança poderá se tornar mais disponível e expor o seu 
ponto de vista. 
Observação do terapellla, EnQuanto'o terapéuta está investigando o problema' 
ou encorajando as pessoas à falar. deverá observar ÇQIl)O cada um age, :,en~ Cll'jO f) 
q§ Ca?3 um diz. Não deverá compartilhar stias observações com a famíl!:!. 
"'-- Na medida em que !llguém fala sobre o problema. o terapeuta deverá observar 
se a pessoa que eS'tá falando age polidamente quando na vl!rdade sente raiva; obser­
var se ela fala da criança como se esta foss.~ UII1 ohjcto e não uma pessoa: ou se se 
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preocupa com o que a criança ou as outras pessoas vão pensar daquilo que ela dis­
se, etc. O terapeuta deverá observar ainda, particularmente/a pessoa que está falan­
do sobre o problema, se o faz como já o tivesse feito muitas vezes anteriormente, ou 
se parece estar descrevendo-o pela primeira vez. {Algumas vezes, a família já se sub­ .,
meteu a tratamento anteriormente; esta é uma informação importante.} Pela maneio 
ra que os participantes falam. demonstrarão também se acreditam que o terapeuta 
poderá fazer algo: ou se acham que tudo aquilo é sem soluçãO e ali estlJ:o, simples­
mente, participando como um dever. 
Deve-se observar também quem é responsabilizado pelo problema da criança. 
Se a mãe a censura. estamos diante de uma situação diferente daquela quando cen­
sura a si mesma. ou daquela onde censura ou culpa pessoas, tais como parentes que 
não estão presentes, ou a escola. Se em última instância o terapeuta quiser que toda 
a famJ1ia assum'\ a responsabilidade pela solução do problema. estará interessado em 
observar quão- facilmente os seus membros aceitarão responsabilidade por ele. 
Enquanto uma p~ssoa está falandQ, Q terape.uta deverá .Q!:tservar as rea\:ões-w>s 
~ Através' do comportamento. dos outros o terapeuta poderá saber se estão 
concorqando ou discordando, se já ouviram antes o que está sendo relatado e estã'o 
entediados como que está sendo dito. se estão satisfeitos em ver a criança ser cen· 
surada ou culpada. etc. A obsc(YaçãQ destas reações aJuda.o ª decidjr cQrno se J!!: 
riglr a c§tas pessoas, Dever:! particularmente observar como a criança, que é.defIDida 
como problema, está respondendo: se está ansiosa, aborrecida ou entediada; etc. De­
verá. ainda. observar o pai quando a mãe está falando'e a mãe quando está falando o 
pai, desde que irá trabalhar com as suas discordâncias. . 
QUallt,o mais responsivas e envolvidas se apresentam as pessoas que estão ou­
vindo, e quanto mais ansiosas e agressivas em relaçãO àquilo que está sendo·.dito, 
mais provável é que a família se encontre num estado de crise e, conseqüentem~nte, 
instável. Quanto mais calmas e desligadas as pessoas se apresentarem, mais Pl'9vá~el 
que a situação esteja razoavelmente estáv~l e, desta fonna, a mudança será mais di­
fícil. : 
-..: 
Enquanto ouye as pess.o,as falaretil sohre..fl problema o terapeuta não dell~ 
esgueçer que elas não estã'Q apenas llre contando fatos e opiniões. mas também.di­
~endo indÍretamente coisas gueillão poderiam ser ditas diretamente. Estas mensll­
~ns indiretas são particl!larroe.nte'evidentes Quando a mãe e o pai descrevem o com~ 
~ortamento da criança com o problema. 
o terapeuta poderá ouvir a,ial; Ihmãe sobre a' crianya, de duas founas: como 
colQCações sobre a cÕança, mas também· como colocações sobre o seu marido e sa: / 
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lm: o casamento. Por exemplo, se a mãe "iz que scu filho é obstinado, dcvc:sc acres· 
centar que provavelmente ela está dizendo que seu marido ê obstinado. Se () pai diz 
que a criança ameaça fugir de casa lodo () lempo, ~ possível que;! mãe eSleja amea· 
çando deixá-lo. 
~ Útil partjr do pressuposto de que o prohi.:tna da crj;mça rellelc ou .: a ima· 
~m de um problema conjygal. t possível obter informação sobre a questão con· 
jugal antecipadamente, ouvindo a m:Uleira como os pais falam sohre a criaH';:!. Ole· 
rapeuta pode pensar sobre os dados, hipoteticamente, e confirmá-los posteriormen. 
te; mas, é importante guardar esse tipo de informação para si mesmo. O tempt:J.IW 
!.1ffO deverá verbalizar quaisquer interpretações 110 çentklo de relocioltar os proMe. 
mos da cnanca com Uma siQ4ação conjugal. Deverá. simplesmente. encorajar os par­
ticipantes a falar e a Quvir os diferentes significados daquilo que eles dizem. Muitas 
coisas não podem ser ditas diretamente, do contrário elas provavelmente não se 
constituiriam num problema. 
Na verdade, existem três formas diferente·s de receber o problema, c todas a~ 
três deverão ser usadas em momentos diferentes da elltr~vista. Na priOlciru inyesti­
~ o terapeuta deverá ser geraI e pJ:DIlitir ql!e o problema se expresse metafoli: 
~ Uma atenção excessiva a especificidades centra o problema na criança e li. 
mita a metáfora. Mais tarde, após a fase de interação, deve-se buscar uma colocação 
maiS ~specífica e detalhada do problema bem como dos objetivos, de tal forma que 
alguém possa eventualmente usar o que foi estabelecido para avaliar o desenvolvi· 
mento da terapia e determinar se ela foi bem sucedida. A cspcciCicidade rcqueilil.a 
~cas:o é a do tipo "quantas vezes por dja" e "q.mnto tempo" nllma base de fre­
qüência de inform~ Finabnente, relacionado à solicitação que o terapeuta faz de 
uma descriçãO especifica do problema, no final da entr~yista deve ser solicitado um 
sumário qye defma as mudanças pretendidas pela famma. Especificamente, quais 
são os objetivos da família,llU o que ela pretende atingir? Todas as 3 maneiras de li­
j.lac: com o problema são. necessárias e possibilitarão ;nfoDIlação de natl!feza difeteL!.. 
~ 
Quando um terapeuta estiver na fase de encorajar uma discussão metafórica, 
não apenas deverá evitar ser muito específico e 'concreto, mas tanlbém tentará se co· 
municar num nível mais geral. Assim, se o pai se queixa de que é muito difícil cc..m­
preender sua filha, o terapeuta poderá responder que as mulheres são muito diffceis 
de serem c,ompreendidas pelos homens. Este comentário relaciona mãe e fllha num 
nível geraI sem tomar o fato um problema a ser discutido. Se a mãe diz que o meni, 
no é muito agressivo e agride a ela ou às meninas, o terapeuta poderá dizer que é 
muito ruim quandó os homens aprendem a tratar as mulheres desta maneira. A mãe 
reconl].ecerá que ele está ouvindo sua queixa sobre' seu marido. mas não está forçan­
42 
r-;)" <ri ,. '"" 
~ 'o+.':,r; 
0b 
do a explicitaçao de forma a tornar a coisa mais perturbadora. Quando o terapeuta 
responde num nível metafórico, este receberá mais informação' porque os membros 
da família saherão que ele não s~rá descortês o sufici~nte para ressaltar aquilo que 
"realmente" está sendo dito. 
É particularmente importante não comentar diretamente m' "orm õ . di . 
• , II aç es 111 re­
tas. ASSim, por, ex;emplo, se a mãe diz que seu marido é muIto soHcito e ao esm 
tempo cobre~, ~rópria boca com a mão, está dizendo que existe algun:a COis~sobr~ 
el~ que preferlna n~o faJar agora. O terap<:uta não deverá, jamais, salientar-lhe que 
eXistem algumas cOisas que ela náo está dizendo ou explicar-lhe seus movimentos 
Ela já 'O sabe e considerará seu comentário rude. O terapeuta tão SOmente deverá 
ouvi-la e encorajá·la a falar mais. Se assim o fizer, a comunicação se tomará mais 
..:ompreellsível, em parte porque ela s~be que está a salvo para faIar e dar pistas bem 
como opiniões diretas.' • 
ComeMo dQ, problema aprt!.Setlta~ Quando os..membros de uma faroOia fi. 
lam sobre UI!l problema. urabnente descrevem uma pessoa. Dirão o que está errado 
com ele ou ela. Esta é, entretanto, apenas uma das muitas maneiras de se pensar so· 
bre a questão. Por exemplo, a mãe diz: "Ele nunca dá notícia de nada';. Desta ma· 
neira, está dizendo que O fIlho é O problema. Entretanto, a máe poderia dize!,: "Eu 
não sei como fazer para que meu filho dê notícias das coisas". Assim, ela poderá es­
tar dizendo 'lue alguém é o problema, que tarito poderá ser ela mesma quanto seu 
111110. t ainda possível pensar. não apenas em terI!!,0s de uma ,Jlessoa, mas: de duas 
ou mais pessoa~ Por exemplo, a mãe podem dizer: '~Meu fIlho e eu lidamos um com 
o outro de uml! forma que nos toma inseguros e nós não podemos fazer nada". Nes­
te caso, ~probl~ma não é uma pessoa, mas duas. Uma outra maneira de co~ceber­
mos a mesina situação poderia ser a mãe dizer: ':Meu marido e eu não conCOrdamos 
sobre como' lidarmos com nosso filho, e então meu filho não dá notícia de nilda". 
Aqui, três pessoas estarão sendo de.flnidas como o problema. 
A questão mais importante é de que quaIquercolocação sobre O que estã er· 
r. jo l',derá ser interpretada em tennos de uma pessoa, duas pessoas, três pessoas 
ou até mais. O mesmo comportamento de uma pessoa pode se apresentar diferente 
em temlOS do que está érrado ou do que pode ser feito, se o pensamos segundo o 
número de pessoas envolvidas com, o referido comportamento. Assim, gerabnente 
os membros de uma faroma dizem que uma pessoa é o problema. A tarefa do tera­
peuta li pensar em lermos de mais de uma pessoa. Desta maneira terá filais condi· 
ções de ,produzir mudanças. Conseqüentemente. estará pensando de uma maneira 
diferente da dos membros da família. mas não terá de convencê·los a pensar de 
acordo com a sua, mane~ra. Deverá aceitar o que lhe é dito e, caminhar com eles, 
mas, consigo mesmo, terá de estar pilnsaltio sobre a questão de um ponto de vista 
diferente. " . ': / 
", ~. 
.,!' 43 
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Numa clínica infantil o pai dirá que a pessoa é um problema e que cla está er· 
rada. Geralmente, a família diz que a criança não se comporta bem ou não dá aten· 
ção aos seus pais. Outras vezeS, os membros da família dirão que a criança não se 
comporta bem ou não dá atençâo ao seu professor na escola. Existem pelo menos 
três maneiras pelas quais uma criança "não dá noticia das coisas": I - ela pode es· 
tar agindo abertamente de forma rebelde e desafiadora; 2 - pode não fazer o que 
lhe é pedido, mas não desafia ninguém, simplesmente "não liga"; 3 - "não liga", 
mas pode demonstrar que não pode se ajudar por estar muito ansiosa ou com medo, 
muito nervosa, sentindo-se mal, tendo dores ou, geralmente, sendo muito dependen­
tE' ou desamparada para fazer aquilo que U\e é solicitado. Na maioria dos casos, um 
dos pais dirá que o menino não liga para as coisas e este permanecerá sentado timi· 
damente. As vezes, um dos pais dirá que a criança é ansiosa e medrosa e, somente 
mais ta!de, dirá que simplesmente não faz nada que lhe é pedido, e que ninguóllJ 
gosta de forçá-Ia porque ela fica muito nervosa. ' 
Quando um dos pais diz que o problema está na escola, e o professor se quei. 
xa de que o menino não dá notícias das coisas e não faz bem os seus deveres, exis· 
tem três possibilidades. Primeiro, pode ser que o problema seja realmente a escola; 
depois, pode ser que o menino esteja respondel)do na escola a problemas que estão 
em casa; e, em terceiro lugar, pode estar acontecendo um problema entre os pais e 
a escola, e o menino estar preso frente as duas situações e respondendo a ambas 
através do problem'\. 
Quando um dos pais faz uma lista das coisas que a criança faz errado, pode 
ser que ela nunca faça aquilo que está sendo dito que faz, como mentir, enganar, 
furtar, urinar na cama, brigar com seus irmãos e iimãS, etc. Através desta lista o pai 
, estát'ambém dizendo que ele, ou a mãe, não é competente para lidar com o proble. 
ma. E é exatamente por isso que vieram pedir ajuda. O pai é incompetente para li· 
dar com a criança e ninguém 'mais na família pode ajudar para que a 'famma possa 
ela mesma, cuidar da questão. Geralmente, os pais preferem dizer que o problema 
não é deles, mas sim da criança. Gostam de pensar que existe algo dentro da crian· 
ça que faz com que ela se comporte da maneira como vem se comportando. Pensar 
sobre o problema da criança desta forma nãoajuda os pais e, se o mesmo ')corre 
com o terapeuta, este não conseguirá nada mais,.além do que os pais já conseguí· 
ramo Para que a criança possa se comportar de.maneira mais normal, é necessário 
que a situação mude. Enquanto ouve o relatório dos problemas da criança, o tera· 
peuta deverá pensar sobre o que está acontecendo lia situação global da criança e 
que a esteja levando a se comportar da maneira como vem se comportando. 
Por exemplo, a mãe pode dizer que seu filho de 9 anos tem medo de sair de 
c~ e é dependente dela todo o tempo. O terapeuta poderá observar que no consul· 
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44 
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tório o menino se assenta ao lado da mãe e permanece abraçado a ela. A mãe pode­
rá, ainda, informar que ele mente e que fica o tempo todo à. toa dentro de casa; 
mas, afirma que o problemaconsíste, principalmente, em que o medo do ftlho está 
no fato de ele nunca sair do seu lado. Inclusive, dorme COm ela, a ponto de o pai 
ter que dormir no. divã' da sala. As outras crianças não se comportam desta maneira; 
. pelo contrário, parecem normais. 
Esta iilformaçao da mãe não diz ao terapeuta qual o problema ou o que' fazer. 
Ele, apenas, tem a versão da mãe afirmando que o problema está na criança, e que 
ninguém mais tem nada a ver com isso: O objetivo de lima entrevista familiar bem 
conduzida é 'obter mais informaçÕes e começar a produzir lima mudança, Após a 
mãe ter se referido ao problema, o terapeuta deverá ouvir opai sobre seus pontos de 
vista. Em seguida, deverá ouvir os irmãos e irmãs, esal?er o que .eles têm a dizer a 
respeito. Após tcr ouvido cada um, começará. a observar o surgimento de ,discordãn­
cias. Por exemplo, observará que o pai não concorda com a mãe prontamente e pen­
sa que ela está cuidando excessivamente da criança, não permitindo que esta cuide 
de si mesma. Além disso, ele não gosta de sair de sua própria cama e ficar à. disposi­
ção da criança, mesmo se isto ajuda a eliminar o medo que ela está sentindo. Prova­
velmente, a mãe argumentará que o pai é negligente. Quando a mãe e o pai conver. 
sam sobre SUas discordâncias, pode surgir a informação de que a criança é um pro­
blema entre ambos. 
Nesta fase da entrevista, provavelmente se tomará mais claro como pénsar a 
respeito do problema em termos de màis pessoas envolvidas, além da criança. b te­
rapeuta poderá pensá-lo como uma forma de relacionamento peculiar entre ai ~ãe 
e o fllho; à'mãe poderá ter tanta dificuldade em dei,xar o filho independente, dSsim 
como ele terrl dificuldade em deixá-Ia. O terapeuta pode, ainda, pensar em terinos . 
de três pessoas envolvidas e considerar a possibilidade de que a criança esteja áju­
dando a mãe e ..o pai. Se eles não podem conviver sem brigar, particularmente na ca­
ma, então a criança os ajuda tendo medo e os mantendo mais separadps. Desta'ma'" 
neira, poderão dizer que é a ,criança quem tem o problema e que não;existem senti­
mentos hostis entre eles. 
Quando da coleta de informações, o terapeutá deverá estar atento sobre uma 
parte da razão pela qual a cri~ça fica erp casa, bem como se isto se deve a uma vizi. 
nhança difícil ou a perigo'real:nas ruas. Ela permanece em casa, e isto se deve a uma 
,situação fora da família ou a uma situação familiar? Todos estes fatores deverão ser 
considerados, na medida em que o terapeuta formule idéias sobre'o que fazer para 
promover a mudança. A entrevista em ~, e a maneira pela qual ela é conduzida, po­
dem ser uma forma de promover mudança numa primeira fase. Assim. poi exemplo, / 
se o terapeu ta pede que a criança se assente perto de seu pai, está começando a afas- , 
~~~:f~~;'~~f-r;.)1.:: ...B:;'::': . ,--::-;:-- ~---""."'------.-----_ .._-". 
45 
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tar a criança duma excessiva proximidade de sua mãe. Está.> também, aprendendo 
temlinar o primeiro passo. Por exemplo. pode dizer: "Bem; antes de irmos quão maleáveis a criança e sua mãe são e quão receptivo o pai se apresenta. f· . al 'dé' d para a rente, vamos OUVIr gumas I las as outras pessoas sobre esta situação". E s ­
guida, deverá falar ao pai, irmãos e imlãs. ~, posteriormente, passar para a fase ~ i~-
Todas as fammas são diferentes entre SI; por isso, o terapeuta deverá adaptar 
teração, lia qual os membros da família poderão se dirigir uns aos outros. .aquil~ que faz, levando em consideração cada f:llmlia em particular. Entretanto,;,) 
que acontece em cada família é semelhaAte às outras, desde que constatamos ornes· 
Nunca é de,snecessário enfatizar a importância de fazer com que os membros 
mo padrão de problemas em todas elas. Com ,alguma experiência o terapeuta apren· 
da família interajam uns com os outros, em vez de fazê-lo com o terapeuta, nesta fa, 
de a lidar com certos padrões de comportamento da família. Assim, um dos pais ti­
se de interação. rndependente de quão ins.iste,lltemente tentam envolvê-lo. é neces­
picamente acusa o outro de ser muito duro com a criança, enquanto se diz que o sário fazer com que se voltem para um diálogo comum entre eles. 
primeiro é muito tolerante. A tarefa do terapeuta é pensar sobre aquilo que vê na , 
 famma, de modo a divisar uma idéia que, conseqüentemente, possa produzir mu· 
dança. Deverá, também, imaginar como fazer com que cada membro desta famnia Sempre que duas pessoas estejam conversando, o terapeuta deverá estar per­
~artícular poderá ser levado a cooperar para obtermudança. - manentemente pronto para introduzir uma terceira pessoa nesta conversação, Em 
~'j \g. última instância. todos deverão conversar entr~ si. Por exemplo, se uma mãe e um 
filho estão conversando e se fechando num diálogo, é apropriado dizer ao pai algo'$ -~ 
5' como: "Parecé que eles não estão conseguindo ir direto ao ponto; quem sabe você
Fase de Interação ~;E 
. Q. poderia ajudá·los?". Desta fonua opai é colqcado no diálogo e o terapeuta poderá 
observar de que forma ele se oporá à mãe ou, ao filho, e em que medida o consegui. 
Existem dois passos para serem dados ao longo da investigação de um proble­ rá. Este tipo de abordagem produz informação sobre qual é a melhor maneira de-y-,P:;'~ 
ma. O primeiro deles consiste em obter o comentário de todos. E. neste caso, o te­ u~ , intervir posteriormente, quando ai famma estiver na fase de resoluçãO dos proble­
rapeuta precisa ter controle sobre a situação.Q segundo passo consiste em fazer mas. 
com gue OS membros da ramma conversem entre si sobre o problema. Neste ponto, 
o ierapeu ta terá que parar de ser o centro da corivers~o. Em vez de ser a pessoa I (\pesar dI': a ênfase estarsen-do na verbalização, o terapl':uta deverj preferir 
a quem cada membro da famma se dirige, cada vez mais fará com 'que eles falem uns ação às palavras corno fonte de- informação. A conversação é-menos conseqüente ~ ~cccom os outros. Esta mudança tem de ocorrer naturalmente; quando já tiverem emi­ produz menos resultado. Em lugar de apenas cOllversar sobre o problema, o terapeu­
tido suas opiniões sobre o problema, as discordâncias tenderão a ocorrer. O terª'l(iu­ !! deverá. nesta fase, produzir alguma ação no consultório com relação ao :proble. 
!.ª d~verá. continuar com O controle ctg Que está ijcontecendo, maE a partir de agora ma. Por exemplo, se uma criança, deliberadamente. bate em sua cabeça, pode-se pe­
1em início a fase de interação, na qual ele se afasta e encopija OS membros a falarem (jfr"a ela qu~ O faça. E a família, conseqüentemente, demonstrará de que man'eira ela 
!!!l~.c a' ·scordâncias. Se aS pessoas insistem em se dirigir responde. Se a criança ateia fogo às coisas, pode fazê-lo (num cinzeiro de metát), de _ 
aó terapeuta, este deverá devolver as colocações para as outras pessoas do grupo. Po· modo que a maneira como manipula fósforos, bem como a resposta de cada :uma 
de ser útil aproximar aspessdás umas das outras, fisicamente, para facilitar esta tro, das pessoas,. possa ser eklarecida. At~avés de brinquedos as situações podem ser de­
ca de idéias. sempenhadas. Se uma: esposa se queixa'e está deprimida,pode-se solicitar a ela que 
se comporte desta forma; assim, todos poderão ser observados como respondem. 
Pode ocorrer de o terapeuta constatar que começou a fase de interação en.tre Entretanto. ~s procedimentos ma-js' ativos de...erão ser utilizados somente Q.Uandp 
os membros antes de ter sido encerrada a fase_ na qual cae13 um dos membros deverá \) terapeuta apreO(!~ a usar as diretivas:terapêllticaS efetivamente (veja Capítulo 2). 
.
ter oportunidade de expressar sua opinião, Por exemplo, a mãe pode dizer como o 
" 
menino apresenta comportamentos indesejáveis e o menino pode começar a argu­ Organização da [amflil1. 9s membros de uma [amma não podem dizer ao te­
mentar com ela a esse respeito. Se o terapeuta os encoraja a falar. neste caso. um [!l?eut~is são as segGências e padrw<s de coiTipõrtamento que têm, porque nãQ 
I 
\ com outro, e nP.<'ligencia os outroS membros da fanúlia. roJe UCOfíCI' que 11 mãe e II ...!2LSQ!!l!~t'. So:mentc pela observação de como se comportam entre si, pode-se 
filho _ se envolvam de,forma a tomar muito difícil atuar qualquer COIsa com eles. Se, úuteresta infomlação. Possjbilitafido,se que os membroLda famllia se relacionem, 
por acaso, isto ocorrer, o terapeuta dever.í parar o que está fazendo, voltar atrás e ~sibilita.:~~~1Q~JJ~rnpeuta..2Q..spar qual tipo de scqiiência existe ne~!a_ fa!"ília. /
- -, 
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http:sibilita.:~~~1Q~JJ~rnpeuta..2Q
-JIIII11Illll(11111111111Iil(t([{[[lll\\\\~"'lí 
A família é uma organização muito complexa e cada uma delas apresenta ca­
racterísticas únicas_ Visando-se objetivos práticos, é possível imaginar uma família 
de uma maneira supersimplificada. Esta forma de apresentar tipos de sequências de 
comportamento constitui-se numa orientação que'não lida com todos os comporta­
mentos complexos quc os adultos tipicamente elilpregam para "salvar" a criança 
uns dos outros, como costumam fazê-lo com as. crianças com problema. S~ a fase de 
iot,e.raçãcu1a.lldrnCi[3 entrevista for conduzjda çorretamcnle, a estml!!m da f3'DOh 
se tomará aparente. Quando um dos pais fica do lado de uma.criança, contra o ou· 
tro pai, esta situação se tomará óbvia na medida em que eles falam. Se a avó fica do 
lado da criança, contra a mãe, este comportamento será aparente durante a entrevis­
ta (se a avó está presente porque .vive na mesma casa; por outro lado. o comporta­
mento deverá ser estimado a partir do que os outros membros da família dizem a 
respeito dela. e então ela deverá estar presen'te na próxima entrevista). Se a organi­
zação familiar apresenta uma criança atuando como pai em relação a outras crian­
ças. esta situação também se tomará aparente. (Para descrição de uma scquência, ve­
ja o Capítulo 4.) 
Para descrever a organização de uma outra famt1ia poderíamos dizer que, 
quando existe uma criança com problema, um' adulto da família violou um limite 
tomando-se superenvolvido e preocupado com a criança. Este adulto é a autoridade 
sobre os problemas da criança e é, ao mesmo tempo, benevolentemente preocupado 
e exasperado com ela. Quando a criança fala .com um outro adulto. a pessoa super­
envolvida será um intruso e ficará do lado da criança. Assim, por exemplo, em uma 
farnma sem um dos pais, a mãe dirá que é um mistério para ela por que sua filha 
não lhe dá atenção ou por que lhe mente. O terapeuta poderá dizer: "Gostaria que 
você escolhesse uma das mentiras. e falasse com sua filha sobre ela". Na medida em 
que a mãe e a filha conversam, uma avó se introduzirá e questionará a filha ou fará 
objeções à maneira pela qual a mãe se dirige à filha. É muito difícil impedir a avó de 
se intrometer; fazer com que a mãe e a filha se falem entre si é, simultaneamente, 
fazer um diagnóstico e começar uma mudança, e é isto exatamente o que acontece 
quando a primeira entrevista é bem conduzida: 
Às ve'zcs o terapeuta pode querer submeter II criança a um teste de joteJigên­
s.ia ou qualquer outro tipo de teste psicolÓgico mas muitas infonnações sobre ela 
pOdem. ser obtidas através ae uma entrevista famili.ar ..Como.parte dll fase de intera~ 
ção, o terapeuta pode pedir que a criança faça algono quad.ro-negro, desenhe uma 
pessoa numa folha de papel ou faça uma conta: Não apenas a habilidade da criança' 
para desempenhar, como o tipo de envolvimento familiar, tornam-se evidentes atra­
vés de um procedimento desta natureza. Por exemplo, se um pai que parece não es­
tar envolvido na famüia é solicitado a dizer para o filho de 9 anos, aparentando ser 
48 
retardado, que escreva o no~e de seu professor ou alg~ mais complicado .no quadro, 
uma grande quantidade de mformação poderá ser obtida através deste proçesso. Co_o 
mo o pai pede ao menino que o faça, quer o mesmo obedeça ou não, corno a mãe 
oferece ajuda, etc .. são informações importantes, disponíveis a partir de uma si­
tuação bastante simples. '. 
Definição nas Mudanças D,,:seiadas 
,....,;:: ç: 
5-< 
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~r; .. ,:.'" 
;lpós os membros da família se terem interagído, muitas das questõ~ia­
res terão sido esclarecidas. Nesta altura, é importante obter uma colocação ll!Z.0a­
'{elmente cl~ra de quais mudanças cada um, inclusive a criança com problema, espe­
~a terae!!- Este processo ajuda todos eles a se centrarem em questões importan­
tes e possibilita o estabelecimento de objetivos para a terapia. Essencialmente, o te­
rapeuta está estabelecendo um contrato terapêuticO. Quanto mais claro este contm­
to (gr. mais organizada será a tera~ia. S~ os problemas e as mudanças desc:jadas ~o 
deixados confusos e obscuros, a participaçlIo da famma e as chances de sucesso do 
tIDpenta scrlIo dificl!ltadas Assim, por exemplo, se os membros da famOia dizem 
clara e definitivamente que esperam que a criança deixe de urinar na cama, entre 
outros problemas, e então, quando o terapeuta dá aos membros da família, poste-, 
riormcnte, uma tarefa para ajudar na resolução do problema, eles se sentirão mais 
obrigados a atender a solicitação. Se não for estabelecido claramente um acordo so­
bre as mudanças desejadas desde o início, a família responderá de forma menos coo. 
perativa. . 
o}P S,empre é necessário enfatizar que o problema que Q terapeuta define· como 
tal deva 1er o problema que a'família deseja mndar, mas deve fazê·lo de forma a 
torná-lo solucionável. A negociação que tem lugar deverá envolver pessoas que O 
tomarão inais operacional. Por exemplo, se uma família diz que o problema ,é de' 
uma pessoa ansiosa, não temos pela frente um problema solucionável. As formas pe­
las qU:1is esta ansiedade se manifesta, e a resposta a ela, são o problema. Nermuma 
Qtegoria diagnóstica tradicional é um problema soll1cioll~1. Dizer que o problema 
é "esquiÍ:ofrenia;' ou "retardo:mental" nlIo significa absolutamente nada para a te­
rapia. "Identidade confusa" ou·'·'baixa autoconfiança" ou "infelicidade" ou, ainda, 
a maioria da terminologia usada pela· linguagem psicodinânúca, nada disso é útil na 
formulação de um problema. Uma "fobia por escola" não é um problema que possa 
ser resolvido; màs uma' criança que não vâi' à escola (um probiema operacional. 
roblemas, chame'mo-Ios sintomas ou queixas, deverão se 'constituir e.m...aJgg 
que se possa contar, observar, medir 6U, de a1gum:un.arieira "saber a respejtg de sua 
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influência. As espécies de informação que o tera'peuta necessita ter a respeito dé sin­
tomas, dependendo de seu tipo, são como: ele está presente todo o tempo ou é in­
tennitente'!. seu aparecimento é inesperado ou previsível? desaparece súbita ou len­
tamente? é mais intenso algumas vezes do qúe outras? ~lla ocorrência é mais frc­
t\itente durante o dia ou a nojtc~ nos dias de semana \111 nos fins de scm:lIla'! qunn­
tas vezes, por hora, ele aparece? em se tratando, porexemplo, de enurese,

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