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Diérese: técnicas e instrumentais

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TATIANA	DIAS	–	UFRPE	(@FUTURAVET_)	
DIÉRESE: 
 
- Diérese significa o conjunto de manobras manuais e/ou 
instrumentais que visam dividir os tecidos com 
finalidade terapêutica, diagnostica ou para facilitar o 
acesso ao campo operatório; 
 
- Todos os tecidos orgânicos podem ser submetidos à 
diérese; o que pode variar são os tipos de instrumentais 
e/ou materiais utilizados nos diferentes tecidos, 
conforme os objetivos pretendidos e/ou consistência do 
tecido; 
 
PRINCIPAIS INSTRUMENTAIS, MATERIAIS E 
EQUIPAMENTOS DE DIÉRESE INDICADOS PARA OS 
TECIDOS MOLES E DUROS: 
 
 
 
 
Tecidos moles 
Bisturi, bisturi elétrico, 
tesoura, trocarte, agulha, 
aparelho de criocirurgia, 
aparelho de raio laser, fio 
de sutura, emasculador, 
burdizzo, cureta, faca, 
pinça hemostática, 
afastador, tentacânula. 
 
 
 
 
 
Tecidos duros 
Pinça-goiva, cisalha, 
osteótomo, costótomo, 
martelo ortopédico, fio-
serra de Gigli, pinça de 
Kevison, faca de 
amputação, serra óssea, 
cureta, trépano, 
perióstomo, broca, 
removedor de cálculo 
dental. 
 
 
Auxiliares 
Pinça de dissecação com 
dentes, pinça de dissecação 
sem dentes, afastador, 
pinça de Allis, pinça óssea, 
pinça intestinal ou de 
coprostase. 
 
- A diérese pode ser classificada de acordo com a 
presença ou não de sangramentos após sua execução: 
§ Cruenta - divisão dos tecidos nos quais há considerável 
a moderada perda de sangue; 
§ Incruenta - divisão dos tecidos em que não há perda de 
sangue ou quando essa perda é mínima. 
1. DIÉRESE CRUENTAS: 
 
CURETAGEM: 
 
- Técnica empregada quando se deseja eliminar tecidos 
neoformados ou indesejáveis; também utilizada coleta 
enxertos de osso esponjoso; 
 
- Exemplos de utilização: 
§ Remoção de restos placentários aderidos ao 
endométrio; 
§ Remoção de fibrina nos casos de oto-hematomas 
graves; 
§ Reativação cicatricial de ulceras cutâneas ou das 
superfícies articulares (osteocondrose dissecante). 
 
- É realizada com o emprego de curetas, que são 
encontradas em diversas formas e tamanhos e 
apresentam bordas cortantes. 
 
DEBRIDAMENTO: 
 
- Processo no qual bridas (pregas ou faixas de tecido 
fibroso, resultantes de uma cicatrização inadequada) ou 
outros tecidos indesejáveis (ex.: tecido necrosado) são 
removido/eliminados, com o intuito de oferecer melhor 
função às estruturas (ex.: aderências intestinais) ou 
reativar o processo de cicatrização de uma ferida; 
 
- Pode ser realizado com o emprego de tesouras ou 
bisturi. 
 
ESCARIFICAÇÃO: 
 
- Caracteriza-se pelo raspado superficial, de pouca 
profundidade (diferentemente da curetagem, que é mais 
profunda); 
 
- Pode ser utilizada em úlceras, sendo incruento quando 
forem de córnea; 
 
- Os instrumentos utilizados são lâmina de bisturi, 
pequenas curetas ou ponta de uma agulha. 
 
EXÉRESE OU RESSECÇÃO: 
 
	
	
TATIANA	DIAS	–	UFRPE	(@FUTURAVET_)	
- Refere-se à eliminação de uma estrutura anatômica 
indesejável para o organismo ou parte dela, seja por sua 
natureza ou condição na qual se encontra; 
 
- A exérese pode se referir à remoção total ou parcial de 
um órgão ou estrutura, enquanto a ressecção está 
relacionada apenas à remoção parcial; 
 
- Exemplos: remoção de tumores, sacos herniários, 
cadeia mamária, amputação de membros e órgãos 
inteiros ou suas porções; 
 
- Esse procedimento é realizado utilizando tesouras e 
bisturis, podendo ainda ser empregados fios de sutura. 
 
PUNÇÃO: 
 
- Pode ser realizada com um trocarte ou outro 
instrumento perfurante/punctório (ex.: agulha, cateter 
ou lamina de bisturi nº 11); 
 
- Tem o objetivo de remover líquidos, gases ou qualquer 
outro material acumulado em órgãos ocos ou cavidades 
(ex.: rumenocentese, toracocentese e 
pericardiocentese); 
 
- Pode ser empregada com fins diagnósticos ou para 
aliviar a pressão dentro da região (ex.: cisticentese); 
pode ser realizada também para a administração de 
contrastes, medicamentos e anestésicos nos vasos 
sanguíneos (ex.: angiocentese) ou para realizar aferições 
(ex.: pressão arterial ou venosa central). 
 
PUNÇO-INCISÃO: 
 
- Inicialmente, é realizada uma punção com um 
instrumento cortante e agudo (ex.: bisturi, lanceta) e, 
logo após, esse mesmo instrumento é utilizado para 
promover uma incisão que amplia a abertura inicial; 
 
- Uma das principais indicações seria para a drenagem de 
um abscesso ou oto-hematoma. 
 
INCISÃO: 
 
- Consiste no corte/secção de um tecido com um 
instrumento cortante (ex: bisturi, tesoura), com a 
finalidade de visualizar o campo operatório e dar acesso 
aos planos mais profundos; 
 
- Recomendações a serem seguidas durante a realização 
de uma incisão: 
§ Todas as incisões na pele precisam ser realizadas com a 
lamina de bisturi deitada sobre o tecido, para prevenir 
os cortes biselados; 
§ Deve-se incidir, exclusivamente, o tecido necessário, 
evitando cortar os que não estejam no campo cirúrgico, 
para reduzir o trauma tecidual; 
§ A incisão deve ser realizada de uma só vez, em um só 
tempo, para evitar que as bordas da ferida se tornem 
irregulares (anfractuosas) e o tecido seja seccionado em 
diferentes pontos (bifamento); 
§ O bisturi é empregado apenas nas incisões da pele, 
ligamentos, tendões, mucosa gengival, na remoção de 
bridas resistentes (debridamento) ou para abrir 
cavidades (fazer o “pique”); nos demais planos, o 
instrumento de incisão a ser utilizado é, principalmente 
a tesoura; 
§ A execução da incisão é facilitada quando o tecido é 
colocado sob tensão com o apoio dos dedos ou da mão; 
§ A incisão deve ser praticada na mesma direção das fibras 
dos tecidos; em casos de tumores, acompanhar 
preferencialmente a direção do eixo longitudinal maior. 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS INCISÕES: 
- As incisões nos tecidos moles, especialmente na pele, 
podem ser classificadas como simples ou composta, de 
acordo com a linha de incisão. 
 
INCISÃO SIMPLES: 
- Incisão realizada em um único sentido e com uma só 
manobra ou movimento; 
 
- O instrumento de incisão segue uma linha reta ou uma 
curva, partindo de um ponto para outro determinado; 
 
- As incisões simples são classificadas de acordo com: 
§ Sentido: reta ou curva. 
§ Plano: longitudinal (linha contínua), transversal (linha 
tracejada) ou oblíqua (linha pontilhada). 
§ Direção: da direta para a esquerda, da esquerda para a 
direita, de cima para baixo ou de baixo para cima. 
§ Extensão: longa, grande ou magistral longa; curta, 
pequena ou magistral breve. 
§ Profundidade: superficial ou profunda 
	
	
TATIANA	DIAS	–	UFRPE	(@FUTURAVET_)	
INCISÃO COMPOSTA (OU COMBINADA): 
- Consiste na combinação de mais de uma incisão simples 
com o principal objetivo de ampliar a visualização do 
campo operatório; 
 
- De acordo com o procedimento cirúrgico que se 
pretende realizar, pode-se optar por uma grande 
variedade de configurações: X H Y T V Z. 
 
2. DIÉRESES INCRUENTAS: 
 
ARRANCAMENTO: 
 
- Consiste na remoção do tecido por meio de uma tração 
vigorosa e brusca; 
 
- Quando realizado em vasos sanguíneos, é preciso ter 
cuidado, pois estes podem sofrer sequestro e levar ao 
desenvolvimento de hemorragias internas. 
 
DESCOLAMENTO (DIVULSÃO): 
 
- Procedimento no qual as fibras tissulares que se 
encontram unidas por um TC são separadas, sem que 
sejam incididas, o que reduz a possibilidade de 
sangramentos e morte celular; 
 
- A divulsão respeita a integridade e a funcionalidade dos 
tecidos e é realizada com instrumentos rombos (ex.: 
tesouras, pinças hemostáticas e afastadores), com as 
pontas dos dedos (limpos ou envolvidos com gaze ou 
compressa) ou ainda com o cabo do bisturi. 
 
ESMAGAMENTO LINEAR: 
 
- Refere-se ao esmagamento de vasos responsáveis pela 
irrigação de um determinado tecido pela aplicação de 
algum instrumental (ex.: pinça de Burdizzo), que impede 
a passagem de sangue para o local e leva à morte celular; 
 
- Técnica empregada nas castrações de ruminantes. 
 
SECÇÃO COM BISTURI ELÉTRICO: 
 
- Apresenta como vantagem o fato de produzir 
hemorragiasreduzidas, pois, ao mesmo tempo que 
corta, cauteriza os vasos da região. Além disso, reduz a 
quantidade de ligaduras realizadas (o que reduz a 
quantidade de fios de sutura que permanecem no 
animal) e permite menor tempo cirúrgico; 
 
- Como desvantagens, apresenta: gera calor e inflamação 
com retardo da cicatrização, maior dos pós-operatória 
e maior suscetibilidade à infecção da ferida. 
 
CORTE E DESTRUIÇÃO COM RAIO LASER: 
 
- Tem sido amplamente empregado nas cirurgias 
oftálmicas (ex.: remoção do cristalino em casos de 
catarata), pela sua precisão no corte e pelo fato de 
produzir mínimo sangramento. 
 
CRIOCIRURGIA: 
 
- Consiste na aplicação de baixas temperaturas (próximas 
a -40ºC) nos tecidos, levando à necrose destes, pelo 
congelamento da água presente nas células; 
 
- As principais substâncias utilizadas para promover 
congelamento dos tecidos são: 
§ Nitrogênio líquido; 
§ Óxido nitroso; 
§ Dióxido de carbono. 
 
- Na Medicina Veterinária, tem principal indicação nas 
afecções neoplásicas e inflamatórias que não tiveram 
boa resposta ou são difíceis de tratar por métodos 
cirúrgicos convencionais, encontram-se em áreas muito 
irrigadas ou em pacientes que não podem ser 
submetidos à anestesia geral. 
 
3. DIÉRESES ÓSSEAS: 
 
- As indicações para uso desta técnica são: 
§ Quando se deseja corrigir uma fratura anterior; 
§ Nas amputações de membros; 
§ Na correção de malformações (ex.: displasia 
coxofemoral) e de crescimentos angulares dos 
membros (ex.: síndrome do rádio e ulna curvos); 
§ Em ressecções de estruturas osteoarticulares visando 
ao alívio da dor (ex.: excisão de cabeça e colo femoral); 
§ Na coleta de material ósseo para posterior enxertia. 
 
- É necessário o uso de instrumentais ortopédicos 
específicos, como o osteotomo associado a um martelo 
	
	
TATIANA	DIAS	–	UFRPE	(@FUTURAVET_)	
ortopédico, furadeira, broca, fio-serra de Gigli e/ou 
serra manual, elétrica ou pneumática do tipo oscilatória. 
 
4. REQUISITOS BÁSICOS PARA A REALIZAÇÃO DE 
UMA BOA DIÉRESE: 
 
- Os requisitos básicos para realizar uma boa diérese e, 
consequentemente, minimizar o trauma tecidual são: 
§ Realizar a incisão em um único movimento; 
§ A extensão da diérese deve ser suficiente para permitir 
um fácil acesso e boa visualização do campo cirúrgico; 
§ Produzir bordas nítidas e sem irregularidades, o que 
propicia uma cicatrização mais rápida e de melhor 
aparência estética; 
§ Determinar antecipadamente um plano a atingir, 
visando evitar a morte tecidual desnecessária e o maior 
traumatismo cirúrgico; 
§ Os procedimentos de diérese devem respeitar a 
anatomia da região e serem realizados plano por plano; 
§ Ao atingir planos mais profundos, evitar a formação de 
espaço morto; 
§ Sempre que possível, acompanhar as linhas de tensão da 
pele (linhas de Langer), pois quando a incisão é feita no 
sentido dessas linhas, ocorre menor contração nas 
bordas da ferida, o que facilita sua aproximação, acelera 
a cicatrização e apresenta melhor resultado estético; 
§ Hidratar frequentemente os tecidos expostos até sua 
síntese, evitando seu ressecamento; 
§ Manipular delicadamente todos os tecidos, visando 
reduzir ao máximo o trauma tecidual, o que propicia 
melhor cicatrização.

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