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Direito Penal II Aula 3: Penas privativas da liberdade Apresentação Nesta aula, apresentaremos as penas privativas da liberdade, tratando de suas origens, suas espécies, os regimes de cumprimento de penas e os estabelecimentos penitenciários. Identi�caremos os direitos e os deveres dos presos, o trabalho prisional, a remição e a detração. Objetivo Identi�car as penas privativas da liberdade; Debater os regimes de cumprimento de penas e demais regras penitenciárias. Origens A prisão como pena é de aparecimento tardio na história do direito penal. Na Idade Antiga, o encarceramento fazia-se em poços, nas masmorras, em mosteiros e castelos, como etapa preliminar da aplicação de penas corporais, notadamente a de morte, ou como fruto do arbítrio dos príncipes. As Ordenações do Reino de Portugal, que vigeram no Brasil, na parte criminal, até 1830, não previam a pena de prisão. Com o crescimento das cidades, surgem, na Idade Média, casas de trabalho e casas de correção, destinadas a mendigos e vagabundos. Na Inglaterra... Na Inglaterra, em 1552 em um Castelo abandonado em Bridewell, surge, por iniciativa dos protestantes, um local para alojamentos, que desde 1575 passou a denominar-se House of Correction. Em 1576, determinou- se por lei que em todos os condados deveria haver um estabelecimento dessa natureza. Na Holanda... Em Amsterdã, em 1595, foi construída uma Casa de Correção que se destinava a vagabundos, desordeiros, ladrões e crianças abandonadas. Em 1596 um estabelecimento similar foi construído para mulheres. Pouco tempo depois, iniciativas semelhantes surgiram em várias outras cidades. Na França A França constrói sua primeira instituição para vagabundos e mendigos em 1656. Na Itália Em 1703, o Papa Clemente XI constrói em Roma o Hospício de São Miguel, destinado também a menores incorrigíveis. A pena de prisão se difundiu no século XVIII quando desapareceu o corpo como alvo principal da repressão penal e passou-se a controlar e a dominar a alma, por meio da disciplina e da correção. 1790 Em 1790, sob in�uência dos Quakers, constrói-se em Filadél�a a prisão de Walnut, cujo regime se baseava na segregação e no silêncio. Os condenados eram submetidos a um período inicial de isolamento, que subsistia durante todo o cumprimento da pena, para os autores de crimes graves. Os autores de crimes sem gravidade podiam trabalhar em comum durante o dia, em silêncio. O sistema do completo isolamento (solitary system) foi introduzido nas prisões de Pittsburgh (Western Penitenciary) e Cherry Hill (Eastern Penitenciary) construídas em 1818 e 1829. 1829 A esse sistema se opôs ao de Auburn, adotado na prisão construída em 1829 na cidade de mesmo nome, no Estado de Nova Iorque. O sistema de Auburn permitia o trabalho em comum durante o dia, em completo silêncio, �cando conhecido como silent system. 1838 Mais importante foi o sistema irlandês ou progressivo, introduzido pelo capitão Alexandre Maconochie e Sir Walter Crofton. Maconochie, em 1838, criou um sistema de marcas ou pontos (mark system), por meio do qual a situação do preso fosse gradativamente melhorando, de acordo com o trabalho por ele realizado. Propôs que a duração da condenação fosse medida não por tempo determinado, mas sim por uma certa quantidade de trabalho a ser realizada, de modo a colocar a sorte do condenado em suas próprias mãos. Maconochie não pôde implementar o seu sistema, devido à legislação da época. 1854 Coube a Sir Walker Crofton, nomeado em 1854 diretor de prisões na Irlanda, pôr em prática um sistema na linha do que foi sugerido por Maconochie. Daí o nome sistema irlandês. Esse sistema começava com um estágio de nove meses de isolamento celular. Um segundo estágio era de obras públicas, no qual se aplicava um critério de marcas ou de pontos, pelo qual o condenado progredia por meio de cinco classes, podendo acelerar a passagem de uma a outra pelo bom comportamento e pela dedicação ao trabalho. Um terceiro estágio era uma espécie de teste para a liberação. Nele, o preso trabalhava sem supervisão e sem vigilância, sem o emprego de medidas disciplinares, mas podendo voltar a etapas anteriores. Finalmente, um quarto estágio era o do livramento condicional (ticket of leave), que poderia ser revogado se não houvesse bom comportamento. O ideal da prisão era, assim, a vigilância e controle total sobre a pessoa do preso. Jeremy Bentham publicou, em 1791, o seu plano para construção do Panótico, que seria não só um modelo na prisão, como também de todas as instituições de educação, assistência e trabalho. O Panótico é construção circular, dividido em raios convergentes para um ponto central, de onde um único vigilante poderia observar todo estabelecimento. A Casa de Correção que se inaugurou no Rio de Janeiro, em 1850, e cujas obras se iniciaram em 1834, pretendia ter como modelo o Panótico, mas um erro de construção levou ao abandono do projeto. Em realidade, a pena de prisão foi introduzida como castigo duro e feroz. Difundiu-se a ideia de que a prisão deve promover a custódia do condenado, neutralizando-o por meio de um sistema de segurança, no qual se esgota o sentido retributivo da pena e, ao mesmo tempo, ressocializá-lo ou emendá-lo, por meio de um tratamento. Como instituição total, a prisão pode deformar a personalidade, ajustando-a à subcultura prisional (prisonização). A reunião coercitiva de pessoas do mesmo sexo num ambiente fechado, autoritário, opressivo e violento, pode corromper e aviltar. Os internos são submetidos às leis da massa, ou seja, ao código dos presos, no qual impera a violência e a dominação de uns sobre outros. Conclui-se, assim, que o problema da prisão é a própria prisão, que apresenta um custo social demasiadamente elevado. Aos efeitos comuns a todas as prisões, somam-se os que são comuns nas brasileiras: superpopulação, ociosidade e promiscuidade. Fonte: Shutterstock Quanto mais graves forem as penas e as medidas impostas aos delinquentes, maior será a probabilidade de reincidência. O sistema será, portanto, mais e�ciente, se evitar, tanto quanto possível, mandar os condenados para a prisão, nos crimes pouco graves, e se, nos crimes graves, evitar o encarceramento demasiadamente longo. Espécies A prisão-pena signi�ca a legítima privação do direito de liberdade do condenado. O ordenamento jurídico brasileiro prevê três espécies dessa forma de punição: 1 Reclusão 2 Detenção 2 Prisão simples A propósito, o art. 1o, do Decreto-lei no 3.914/1941 (Lei de Introdução ao Código Penal) estabelece que as penas de reclusão e de detenção são destinadas para crimes ou delitos, de forma isolada, alternativa ou cumulativamente com a pena de multa. A prisão simples, por sua vez, é cominada para as contravenções penais, também isolada, alternativa ou cumulativamente com a sanção pecuniária. Deixando de lado a prisão simples, as duas principais penas privativas de liberdade (reclusão e detenção) diferenciam-se tanto por razões jurídicas, como práticas. Empiricamente, percebe-se que a reclusão é pena mais severa, sendo destinada às infrações penais consideradas mais graves. A despeito disso, critica-se, na atualidade, a relevância de se manter esse status mais rigoroso para a reclusão, pois a privação da liberdade, em termos práticos, é fenômeno único. A prisão, em si, é a pena, e a disjuntiva reclusão-detenção acaba signi�cando uma pena dentro da pena. Atenção Apesar dessas considerações de ordem prática, sob o aspecto estritamente jurídico, observa-se que o art. 33, do CP, assinala que a reclusão é a pena cujo cumprimento pode ser iniciado em qualquer um dos três regimes prisionais: fechado, semiaberto ou aberto. A pena de detenção, por sua vez, pressupõe que o início do seu cumprimento se dê no regime semiaberto ou aberto. Não há, a princípio, previsão de regime fechado para a pena de detenção. Entretanto, essa distinção perde um pouco a sua força, pois o próprio art. 33, in �ne, prevê a possibilidade de transferência para o regime fechado, uma vez iniciado o cumprimentoda pena de detenção. Existem outras diferenças jurídicas marcantes entre estas duas espécies de privação da liberdade. Merece destaque, no particular, que as medidas de segurança têm um paralelo com aquelas penas. Ou seja, os delitos apenados com reclusão determinam a imposição, no caso de inimputável ou semirresponsável, da internação em hospital de tratamento e custódia. Para as infrações apenadas com detenção, em regra, a medida de segurança será cumprida em liberdade, ou seja, tratamento ambulatorial (arts. 96 e 97, do CP). Regimes de cumprimento de penas e estabelecimentos penitenciários Clique no botão acima. O CP adotou um sistema progressivo, que se destina a estimular o bom comportamento do preso, mantendo a disciplina e a ordem nas prisões (art. 33, § 2.°, CP). A lei prevê três regimes: Regime fechado - executado em penitenciária (art. 86, Lei de Execução Penal), em estabelecimento de segurança máxima ou média. Os estabelecimentos de segurança máxima caracterizam-se por possuírem muralhas elevadas, grades e fossos. Os presos �cam recolhidos à noite em celas individuais, trancadas e encerradas em galerias fechadas. Existem sistemas de alarmes contra fugas e guardas armados. A atenuação dos elementos que impedem a fuga permite classi�car o estabelecimento como de segurança média; Regime semiaberto é a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. O regime semiaberto se cumpre em estabelecimentos de segurança média, nos quais as precauções contra a fuga são atenuadas. Podem os presos ser colocados em alojamentos coletivos (art. 91, Lei de Execução Penal); Regime aberto é a execução da pena em casa de albergado ou outro estabelecimento de segurança mínima, em que não existam obstáculos para a fuga, mantendo-se a disciplina com base na palavra do preso e em seu deliberado propósito de se submeter às condições da sua prisão. A pena privativa da liberdade é executada de forma progressiva, com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e seu mérito indicar a progressão (art. 111, Lei de Execução Penal). O sistema progressivo de cumprimento de pena representou uma conquista histórica na trajetória de humanização das práticas punitivas. Por conta disso, bem como diante dos objetivos que conduziram o processo de reformulação legislativa de 1984 – que culminou com a nova Parte Geral do CP e a promulgação da LEP –, observa-se que a pena privativa de liberdade passou a ser cumprida de forma progressiva, sendo possível a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo Juízo da Execução Penal, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e tiver tido bom comportamento prisional (art. 33, § 2o, do CP, e art. 112, da LEP). Entretanto, com a promulgação da Lei no 8.072/1990, o sistema progressivo de cumprimento de pena sofreu parcial solução de continuidade. Para os condenados por delitos hediondos, cujo rol encontra-se indicado no art. 1°, daquela Lei, não era mais permitida a progressão de regime, sendo-lhes imposto o regime integralmente fechado (art. 2°, § 1°, redação original da Lei no 8.072/1990). Após considerar, por mais de uma década, como não afrontoso ao princípio constitucional da individualização da pena, o STF, em 2006, reviu seu posicionamento, passando a considerar aquele dispositivo como inconstitucional. Esta decisão gerou e�cácia erga omnes, retirando, do ordenamento jurídico brasileiro, a �gura do regime integralmente fechado. Diante da mudança de orientação jurisprudencial, foi promulgada a Lei no 11.464/2007, que alterou a Lei no 8.072/1990, �xando, para os delitos hediondos, o regime inicial fechado, permitindo-se a progressão após o cumprimento de dois quintos da pena, se o apenado for primário, ou de três quintos, se reincidente (redação atual dos §§ 1° e 2°, do art. 2°, da Lei no 8.072/1990). Curiosamente, não foi feita menção ao mérito do comportamento prisional como critério para a progressão. Sobre o assunto, dispõe a Súmula 471, do STJ: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei 11.464/2007, sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei 7.201/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional. Constata-se, assim, no tocante à progressão de regimes prisionais, a existência de duas sistemáticas. Para os delitos em geral, isto é, não considerados hediondos, a progressão se opera quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário. Por sua vez, para os delitos hediondos, há de ser cumprido o requisito temporal de dois quintos da pena, se o apenado for primário, e de três quintos, se reincidente. Merece, ainda, ser salientado que a progressão deve ser feita para o regime imediatamente seguinte. Não se pode passar do fechado para o aberto sem antes ter ingressado no semiaberto, mesmo se o apenado preencher, em termos globais, lapso de tempo su�ciente para ingressar diretamente no regime aberto. Nesse sentido é o teor da Súmula 491, do STJ: É inadmissível a chamada progressão de regime prisional. Tal fato não ocorre com a regressão de regime prisional, ou seja, com a transferência do regime menor para o mais rigoroso. Observa-se, portanto, que o direito adquirido à fruição de um determinado regime é sempre submetido aos termos da cláusula rebus sic stantibus, ou seja, enquanto a progressão pressupõe o concurso dos fatores lapso de tempo e mérito do apenado, a regressão se pauta apenas neste último. O art. 33, caput, parte �nal, do CP, bem como o art. 118, da LEP, preveem que a execução penal �cará sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o apenado: Praticar fato de�nido como crime doloso; Praticar falta grave; Sofrer condenação, por crime anterior, que importe, após a uni�cação das penas, em lapso temporal incabível com o regime em que se encontrava. Especi�camente para o regime aberto, o § 1o, do art. 118, da LEP, prevê, ainda, a possibilidade de regressão quando o apenado frustrar os princípios desse regime – autodisciplina e senso de responsabilidade – ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta na sentença condenatória. Atente-se, outrossim, para o fato de que, diferentemente do que ocorre com a progressão, a regressão de regimes pode ser feita em saltos, ou seja, do aberto para o fechado, sem precisar passar pela etapa intermediária. Tudo irá depender do teor da respectiva sentença a ser exarada pelo Juiz da Execução Penal (art. 66, III, “b”, da LEP). Por �m, saliente-se que o sistema progressivo de cumprimento de pena também se aplica no concurso de crimes, conforme o disposto no art. 69, parte �nal, e no art. 76, do CP. Conforme o art. 33, § 2.°, CP as regras para a determinação do regime inicial de cumprimento da pena são: a) o condenado a pena superior a oito anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado; b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a quatro anos e não exceda a oito, poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto. Se o condenado for reincidente, terá de cumprir pena em regime fechado; c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a quatro anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto. A �xação do regime prisional inicial deve ser feita na sentença condenatória (art. 59, III, do CP). Cuida-se de uma operação com certo grau de di�culdade, uma vez que, consoante o art. 33, e §§, do CP, devem ser analisados, além da espécie de pena (reclusão ou detenção), três fatores: Quantidade de pena; Primariedade ou reincidência; Circunstâncias judiciais. Para a pena de detenção, o processo de �xação do regime inicial é um pouco mais simples, pois só há a previsão de dois (semiaberto ou aberto). Quando não puder ser aplicado o regime aberto, o condenado necessariamente �cará no semiaberto. Dessa forma, se a quantidadede pena for inferior a quatro anos, se o apenado for primário e se as circunstâncias judiciais lhes forem favoráveis, ele poderá iniciar o cumprimento da pena no regime aberto. Entretanto, ausente algum desses requisitos, remanesce o semiaberto. A pena de reclusão, por sua vez, é um pouco mais complexa, pois envolve os três regimes (fechado, semiaberto ou aberto). Se não for reincidente, mas a pena imposta for maior do que oito anos, será também imposto o regime fechado. Não reincidente, com pena abaixo de oito anos, permite-se a �xação do regime semiaberto, conforme indicarem as circunstâncias judiciais. Por �m, não sendo reincidente, com pena abaixo de quatro anos, poderá ser estipulado regime aberto, desde que favoráveis as circunstâncias judiciais. Apesar de toda essa mecânica legal, observa-se que a jurisprudência tem �exibilizado a importância do fator reincidência, tendo em vista os postulados superiores de reinserção social do apenado. Nesse sentido, a Súmula 269, do STJ: É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais. Na mesma linha, decidiu o STF que a só reincidência não constitui razão su�ciente para imposição de regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada autorize. No início do cumprimento da pena em regime fechado, o preso deve ser submetido obrigatoriamente a exame criminológico. Esse exame é espécie do gênero exame da personalidade, que tem por �nalidade a investigação médica, psicológica e social da pessoa do infrator, visando detectar sua propensão para a prática de novos fatos delituosos. Para tanto, deve-se tomar como causa o delito perpetrado mediante violência ou grave ameaça e, como efeito, a higidez biopsicológica do apenado. Cuida-se, portanto, de um exame pericial a ser elaborado por uma equipe multidisciplinar (médicos psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais). O exame criminológico foi uma inovação da Reforma de 1984 com o objetivo de contrabalançar a revogação do sistema do duplo binário, ou seja, de imposição de medida de segurança aos autores de delitos violentos que, após o cumprimento da pena, ainda eram considerados perigosos. Dessa forma, por razões de cautela do legislador, a obtenção de benefícios prisionais – como, por exemplo, progressão de regime ou livramento condicional – passou a contar, dentre outros requisitos, com a realização do exame criminológico, nas hipóteses de condenados por delitos perpetrados com violência ou grave ameaça à pessoa. Em que pesem os merecidos elogios, no que diz respeito à revogação do sistema do duplo binário – pena e medida de segurança –, é forçoso reconhecer que o propósito do exame criminológico �cou aquém do esperado. De fato, o mais das vezes, consistiam em avaliações burocráticas, elaboradas em formulários preenchidos sem maiores preocupações criminológicas, acarretando atrasos excessivos no curso da execução penal. Diante disso, a nova redação do art. 112, da LEP, trazida de Lei no 10.792/2003, omitiu qualquer referência ao exame criminológico para �ns de progressão de regime e, por extensão, ao livramento condicional. Sendo assim, o entendimento jurisprudencial que se consolidou foi no sentido da perda da obrigatoriedade da sua realização. Dessa forma, a submissão do condenado ao exame criminológico passou a se constituir numa faculdade a ser determinada pelo juiz, sempre de maneira fundamentada. A propósito, dispõe a Súmula 439, do STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada. Diz a lei que o condenado, em regime fechado ou semiaberto, �ca sujeito a trabalho no período diurno, em comum. Já o regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado (art. 36, CP). Nesse regime, afrouxa-se a vigilância e a �scalização, procurando-se proporcionar ao preso convivência que se aproxime dos padrões do mundo livre. O ingresso do condenado em regime aberto supõe a aceitação de seu programa e das condições impostas pelo juiz. Só pode ingressar nesse regime o condenado que estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo imediatamente, apresentando, por seus antecedentes e pelos exames a que foi submetido, fundados indícios de que irá ajustar-se ao novo regime (arts. 112 e 113, Lei de Execução Penal). O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga (art. 36, § 1.°, CP). Só excepcionalmente se permitirá o recolhimento do bene�ciário de regime aberto em residência particular (se o condenado for maior de 70 anos ou acometido de doença grave, ou se tiver �lho menor ou de�ciente físico ou mental, ou se for mulher gestante). A execução da pena em regime aberto �cará sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, se o condenado praticar crime doloso ou falta grave, ou se ele sofrer condenação por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne incabível o regime, ou se frustrar os �ns da execução ou se não pagar, podendo, a multa que cumulativamente lhe tenha sido imposta (art. 117, Lei de Execução Penal). Por sua vez, as mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio, observando-se os deveres e direitos inerentes à sua condição pessoal. Embora chamado de regime das mulheres, às mulheres se aplicam as regras �xadas para os diversos regimes. A separação entre mulheres e homens é regra elementar do sistema penitenciário. A Constituição Federal assegura à presidiária condições de permanecer com seu �lho durante a amamentação (art. 5.°, L, CF). Se, durante o cumprimento da pena, sobrevier, ao condenado, doença mental, deve o mesmo ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado (art. 41). Este incidente no curso da execução penal é denominado de conversão da pena em medida de segurança, consoante o disposto no art. 183, da LEP. Deve-se, contudo, atentar que embora convertida em medida de segurança, o tempo de duração da pena inicialmente imposta continuará a ser observado. Dessa maneira, conforme decidido pelo STJ, extrapolado o prazo máximo de pena privativa de liberdade, não há como manter o paciente no cumprimento da medida de segurança, a qual deve ser declarada extinta. Estabelecimentos penais Quanto aos estabelecimentos penais, De acordo com o art. 82, da LEP, os estabelecimentos penais destinam-se ao condenado, ao submetido à medida de segurança, ao preso provisório e ao egresso. Há ressalvas quanto a determinados casos especiais, como o da mulher e do idoso, bem como acerca da estrutura do estabelecimento, como previsto no art. 83 da mesma Lei. Segundo Dotti (2004 apud Japiassú, 2018), há diferenças quanto aos estabelecimentos no que concerne ao tipo de pena imposta. São os seguintes os estabelecimentos penais previstos na lei brasileira: Cuida-se de estabelecimento destinado aos condenados à pena de reclusão, em regime fechado. Os arts. 87 e 88, da LEP, estabelecem que o condenado deverá ser alojado em cela individual, com área mínima de 6,00 m² (seis metros quadrados), que conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório, além de salubridade do ambiente, pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência humana. Penitenciária Trata-se de estabelecimento penal destinado a abrigar pessoas presas que cumprem pena em regime semiaberto (art. 33, § 1°, “b”, do CP, e art. 91, da LEP). Tem um menor aparato de segurança e admite a possibilidade de alojar apenados em alojamentos coletivos. Colônia agrícola, industrial ou similar Esta espécie de estabelecimento penal é destinada a abrigar pessoas presas que cumprem pena privativa de liberdade em regime aberto, ou pena de limitação de �ns de semana. O prédio deve estar situado no centro das cidades, não apresentaobstáculos à fuga e contém espaço físico adequado para palestras e cursos (arts. 93 a 95, da LEP). Casa de albergado A cadeia pública, que existe desde o Brasil Colônia, destina-se, na atualidade, ao recolhimento de pessoas presas em caráter provisório, sempre de segurança máxima (art. 102, da LEP). Cadeia pública Comissões Técnicas de Classi�cação (art. 8°, da LEP), as quais indicarão o tipo de estabelecimento e o tratamento adequado para cada pessoa presa. Centro de observação Conforme exposto no Capítulo XXXIII, o hospital de custódia e tratamento destina-se a abrigar pessoas submetidas à medida de segurança de internação (art. 99, da LEP). Hospital de custódia e tratamento psiquiátrico Direitos dos presos A regulamentação geral do sistema penitenciário e os direitos dos presos, no ordenamento jurídico brasileiro, estão estabelecidos na Lei no 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) e na Resolução no 14/1994, do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), que �xou as regras mínimas para o tratamento do preso no Brasil, bem como em disposições de outros diplomas legais, além, é claro, do contido na própria Constituição Federal de 1988. A propósito, o art. 38, do CP, garante que o preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e moral (cf. art. 5o, XLIX, da CF/1988, e art. 3o, da LEP). No mesmo sentido, a LEP estabelece, no art. 41, diversos direitos dos presos, compreendendo: Alimentação su�ciente e vestuário; Atribuição de trabalho e sua remuneração; Previdência social; constituição de pecúlio; Proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação; Exercício das atividades pro�ssionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena; Assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa; Proteção contra qualquer forma de sensacionalismo; Entrevista pessoal e reservada com o advogado; Visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos, em dias determinados; Chamamento nominal; Igualdade de tratamento, salvo quanto às exigências da individualização da pena; Audiência especial com o diretor do estabelecimento; Representação e petição a qualquer autoridade em defesa de direito; Contato como mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes. Saiba mais Cumpre observar, outrossim, que, consoante a Súmula 520, do STJ, o benefício de saída temporária é ato jurisdicional insuscetível de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional. Deveres dos presos - Trabalho Clique no botão acima. Dentre os deveres estabelecidos pela legislação brasileira, podem ser destacados a submissão às normas da execução penal, a disciplina, o respeito, a execução do trabalho imposto e conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina (art. 38, da LEP). Sobre o trabalho prisional, o Código Penal e a Lei de Execução Penal referem-se ao trabalho como mecanismo crucial ao processo de reintegração social do apenado. Segundo Anabela Rodrigues (2002 apud Japiassú, 2018), observa-se, nesse particular, que ao longo da história, a atividade laborativa do encarcerado correspondeu a três grandes ideologias. A primeira, de fundo religioso, pressupunha que o trabalho era fundamental para a regeneração moral do delinquente. O trabalho incessante o afastaria da vida ociosa, do pecado e do crime. Isso �cou bem evidenciado nos estabelecimentos surgidos a partir do século XVIII. A segunda ideologia concebeu o trabalho como um elemento da própria punição, ou seja, um castigo dentro do castigo. Foi essa mentalidade que justi�cou, no Brasil, o aparecimento da �gura da prisão com trabalhos, espécie punitiva diversa da prisão simples (sem trabalhos), conforme dispunha o CC/1830. A última ideologia – presente na generalidade dos países – é a identi�cação do trabalho prisional como fundamental para o processo de ressocialização do apenado. Sobre o assunto, Anabela Rodrigues (2002 apud Japiassú, 2018) assinala a coerência existente entre o exercício de atividade laborativa e a �nalidade precípua da execução penal. Segundo a autora, se a socialização do recluso é essencialmente prevenção da reincidência, há fundadas esperanças de que aquela capacidade contribua decisivamente para que o recluso consiga conduzir a sua vida futura sem praticar crimes. Como dito, o trabalho é elemento essencial ao tratamento penitenciário, não somente por ser um dever social, mas, igualmente, por se constituir expressão da dignidade humana. Muito embora não esteja submetido ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho, o trabalho prisional deve ser remunerado com quantia não inferior a três quartos do salário mínimo. A lei �xa, no entanto, que o produto da remuneração deve ser aplicado para indenizar os danos causados pelo crime (se forem determinados judicialmente), na assistência à família e no ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com a manutenção do condenado (art. 28, da LEP). A Lei de Execução Penal diz, ainda, que o trabalho será em comum tanto para o regime fechado como para o semiaberto. No regime fechado, o trabalho será no interior do estabelecimento; no regime semiaberto, o trabalho será em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. O trabalho externo é admissível em qualquer regime. No regime fechado, o condenado poderá trabalhar em obras públicas, desde que tomadas as cautelas contra fuga e em favor da disciplina. No regime semiaberto o trabalho externo se realiza com �scalização e precauções menos rigorosas. Paradoxalmente, cumpre observar a existência de uma exceção ao ideal ressocializador do trabalho prisional. Cuida-se da regra do art. 200, da LEP, que diz que o condenado por crime político não está obrigado ao trabalho. Excetuado o preso político, os demais encarcerados têm o direito e o dever de desempenhar atividade laborativa no estabelecimento penitenciário, sendo certo que ela há de ter �nalidade educativa e produtiva (art. 29, da LEP). A prática, porém, revela que apenas uma pequena parcela da população carcerária nacional efetivamente trabalha. A grande maioria do coletivo de presos no Brasil vive na ociosidade, por não lhe ser oferecida tal oportunidade ou por se rejeitar a cumprir as que lhes forem apresentadas. Remição e detraçãos O desempenho de atividade laborativa constitui-se importante motor do processo de reinserção social do apenado. Um exemplo da valoração positiva que, modernamente, o trabalho propicia à execução penal se materializa no instituto da remição penal. Remição signi�ca o direito daquele que cumpre pena, no regime fechado ou semiaberto, de abater, pelo trabalho, parte do tempo de pena que tem que cumprir. O abatimento se processa à razão de 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho (art. 126, § 1o, II, da LEP). Atenção A Lei no 12.433, de 30/06/2011, alterou diversos dispositivos da Lei de Execução Penal, com o objetivo de estender a possibilidade de remição penal não apenas para o trabalho, mas, também, para o estudo prisional. Na verdade, os tribunais já vinham deferindo remição penal em casos de presos que envidavam esforços no sentido da sua formação educacional. Nesses termos, conforme a nova redação do art. 126, da LEP, o condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena. No caso de estudo, a contagem de tempo deve ser feita à razão de 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar – atividade de ensino fundamental, médio, inclusive pro�ssionalizante, ou superior, ou ainda de requali�cação pro�ssional –, divididas, no mínimo, em 3 (três) dias (cf. art. 126, § 1o, I, da LEP, com a redação da Lei no 12.433/2011). Prevê, ainda, a LEP, uma espécie deprêmio àquele que conseguir concluir seus estudos, qual seja, o acréscimo de 1/3 (um terço) no total das horas a serem remidas, desde que seja expedido certi�cado de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior pelo órgão competente do sistema de educação (art. 126, § 5o, da LEP). É interessante, ainda, observar que a remição pelo estudo é válida, inclusive, para o apenado que se encontra no regime aberto ou usufruindo livramento condicional (art. 126, § 6°, da LEP). Diferentemente, a remição pelo trabalho não abrange o regime aberto e o livramento condicional, tendo em vista ser da essência desses dois institutos a obrigatoriedade do desempenho de atividade laborativa (art. 114, I, e art. 132, § 1o, “a”, da LEP). Saiba mais sobre Remição e detração Clique no botão acima. A inovação legislativa sob consideração é digna de aplausos. Com efeito, o processo de reinserção social não se dá, unicamente, pela via do trabalho, englobando, ainda – e talvez de forma mais e�caz –, a quali�cação educacional. Portanto, é dever da Administração Penitenciária propiciar mecanismos e estímulos ao encarcerado que se interesse em realizar atividades educacionais. A rigor, o trabalho pode e deve ser conjugado com os estudos, inclusive para �ns de remição cumulativa (art. 126, § 3°, da LEP). Caso o preso �que impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos, continuará a bene�ciar-se com a remição sob consideração (art. 126, § 4°, da LEP). Sobre o assunto, outra importante alteração trazida pela Lei no 12.433/2011 diz respeito às consequências da punição do apenado por falta grave. Originariamente, o art. 127, da LEP, dizia que no caso de aplicação de sanção disciplinar por falta classi�cada como grave (arts. 50, da LEP), o condenado perdia todo o tempo remido, começando novo período a partir da data da infração disciplinar. Muito embora houvesse questionamentos acerca da inconstitucionalidade daquela disposição – por afronta ao princípio da proporcionalidade, pois as faltas graves acarretam sanções especí�cas, limitadas a trinta dias, com exceção da imposição do RDD – fato é que o STF rechaçou a suposta inconstitucionalidade, �rmando entendimento no sentido de que o art. 127, da LEP, foi recepcionado pela CF/1988, não se lhe aplicando o mencionado limite temporal de trinta dias (cf. Súmula Vinculante no 9). Atualmente, foi mitigado o rigor da perda total do tempo remido em razão da aplicação da sanção por falta grave. Conforme a nova disciplina, em caso de falta grave, passa a ser facultado ao juiz da execução penal impor a revogação de até 1/3 (um terço) do tempo remido, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar (art. 127, da LEP, com a redação da Lei no 12.433/2011). Por �m, o tempo remido – isto é, devidamente homologado judicialmente – será computado como pena cumprida, não somente para �ns de concessão de livramento condicional ou indulto, mas, sim, para todos os efeitos (art. 128, da LEP, com a redação da Lei no 12.433/2011). Detrair (detrahere) signi�ca abater o crédito. No caso vertente, detração penal é o desconto ou abatimento, no tempo de�nitivo da pena ou da medida de segurança imposta na sentença, do período em que o agente esteve privado da liberdade em virtude de prisão processual, prisão administrativa ou internação cautelar em hospital de tratamento e custódia, conforme referido no art. 42, do CP. Prisão processual ou provisória compreende tanto aquela havida no país como no estrangeiro. É o que ocorre, por exemplo, nos casos de extradição ativa, ou seja, daquela pedida ao do Governo do Brasil, pelo Estado interessado ou pela Interpol, que o encaminhará ao Supremo Tribunal Federal (art. 82, da Lei n. 6.815/1980, com a redação dada pela Lei n. 12.878/2013). Ao lado da prisão para �ns de extradição, o gênero prisão provisória compreende as seguintes espécies: Prisão em �agrante (art. 301, do CPP); Prisão preventiva (arts. 311 e 312, do CPP, com a redação dada pela Lei n. 12.403/2011); Prisão temporária (art. 1o, da Lei no7.960/1989). A prisão administrativa ainda existia quando da promulgação do Código de 1984 e dizia respeito àquela então decretada pelo Ministro da Justiça, bem como às de cunho militar. Na atualidade, somente remanesce a prisão administrativa militar. A prisão administrativa civil – incidente nas hipóteses de extradição ou expulsão de estrangeiros – deixou de existir com a determinação constitucional de que ninguém será preso senão em �agrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente (art. 5o, LXI, da CF/1988). A detração opera não somente com a prisão provisória ou prisão militar, mas, também, nas hipóteses de imposição de medida de segurança de internação, quando o agente tenha permanecido, no curso do processo, recolhido em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico. Segundo Cezar Bitencourt (apud Japiassú e Souza, 2018), essa regra deveria ser igualmente estendida para os casos de internação em casas de saúde, com �nalidade terapêutica. Diverge-se, todavia, de tal opinião, pois, além da falta de amparo legal, essa possibilidade de abatimento ressentir-se-ia de controle judicial adequado, podendo dar margem a diversos abusos, em especial para inculpados que tiverem condições �nanceiras para arcar com internações em clínicas particulares. De outro lado, tem-se que a efetivação da detração há de pressupor a existência de vínculo fático entre a pena privativa de liberdade ou a medida de segurança e a privação da liberdade que lhes antecedeu. Numa palavra, é preciso que o título da prisão de�nitiva tenha a mesma base empírica da prisão cautelar. Por conta disso, questiona-se sobre a possibilidade dela ser estendida para fatos diversos daqueles que motivaram a prisão. Imagine-se a hipótese de alguém permanecer preso preventivamente por quatro anos e, ao cabo da sentença condenatória, sofrer uma pena privativa de liberdade no patamar de dois anos. Os outros dois anos de crédito poderiam ser utilizados para abater uma condenação por outro delito? Em regra, a doutrina repele o chamado efeito conta-corrente, só o admitindo, excepcionalmente, para hipóteses em que o delito diverso tenha sido cometido antes do seu encarceramento. Da mesma maneira, é �rme a jurisprudência do STF no sentido de não ser possível creditar-se ao réu qualquer tempo de encarceramento anterior à prática do crime que deu origem a condenação subsequente. A�gura-se correto o entendimento restrito de extensão da detração para outro processo, desde que se trate de delito anteriormente cometido. A tese de um crédito a ser sacado a posteriori é incompatível com os fundamentos do Direito Penal. Nada impede, por óbvio, que aquele que se sinta lesado com uma prisão cautelar que não redundou em condenação ou que tenha �cado aquém do tempo de segregação provisória possa vir a pleitear indenização civil contra o Estado. O raciocínio ora exposto é corroborado pela regra do art. 5°, LXXV, da CF/1988. Por �m, não cabe detração para os casos de prisão civil do devedor de alimentos, (art. 5°, LXVII, da CF/1988), decorrente do atraso das respectivas prestações, decretada nos termos do art. 733, do CPC. Dessa forma, ainda que esteja relacionado com o delito capitulado no art. 244, do CP, mas por se tratar de prisão estritamente civil, resta excluída a possibilidade de detração penal. Disciplina e regime disciplinar diferenciado A disciplina penal é de�nida como dever geral do preso provisório e do condenado à pena privativa da liberdade ou restritiva de direitos, consistente nas seguintes obrigações: colaboração com a ordem, obediência às determinações e desempenho no trabalho (art. 44, parágrafo único, da LEP). O princípio da legalidade exige prévia e expressa de�nição legal das faltas e das sanções disciplinares (art. 45, da LEP), proibindo-se sanções coletivas, celas escuras e expor ao perigo a integridade física e moral do condenado. As faltas disciplinares, conforme previsto na legislação brasileira, sãode�nidas como graves, médias e leves (art. 49, da LEP), sendo que as primeiras são de�nidas pela própria Lei de Execuções, em seu art. 50, e as demais são estabelecidas pelas legislações dos Estados brasileiros. São faltas graves para as penas privativas da liberdade: 01 Incitar ou participar de movimentos de subversão à ordem ou à disciplina; 02 Fugir; 03 Ter a posse indevida de instrumento capaz de ferir a integridade corporal de outrem; 04 Provocar acidente de trabalho; 05 Violar os deveres de obediência ao servidor e respeito a outras pessoas e de execução dos trabalhos, tarefas e ordens(art. 50, da lep). Saiba mais sobre Disciplina e regime disciplinar diferenciado Clique no botão acima. Por �m, a prática de fato de�nida como crime doloso também constitui falta grave. De outra maneira, se tiver como resultado a subversão da ordem e da disciplina interna, pode acarretar a imposição do Regime Disciplinar Diferenciado (art. 52, da LEP), a seguir analisado. No direito brasileiro, as sanções disciplinares são aplicadas levando em conta a natureza, os motivos, as circunstâncias e as consequências do fato, a pessoa do condenado, e o tempo de prisão (art. 57, da LEP). No que se refere ao procedimento disciplinar, assegura-se o direito à defesa e à decisão motivada, sendo certo que durante esse período admite-se o isolamento celular preventivo, no interesse da disciplina e da apuração do fato (arts. 59 e 60, da LEP). Compete ao diretor do estabelecimento penitenciário a aplicação das sanções disciplinares, mediante o procedimento especí�co (arts. 47 a 54, da LEP). A única exceção é a imposição do regime disciplinar diferenciado, que depende de decisão judicial, precedida de manifestação do Ministério Público e a defesa do condenado (art. 54, §§ 1° e 2°, da LEP). São as seguintes as sanções disciplinares previstas no direito brasileiro: Advertência verbal e repreensão; Suspensão ou restrição de direitos; Isolamento celular; Regime disciplinar diferenciado (RDD). A advertência verbal e a repreensão são sanções disciplinares aplicáveis às faltas leves e médias, de�nidas nas legislações estaduais. Já a suspensão ou restrição de direitos e o isolamento celular dizem respeito às faltas graves, respeitado o limite de 30 (trinta) dias, além da necessidade de imediata comunicação ao Juiz da Execução (art. 58 e parágrafo único, da LEP). Por seu turno, o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) constitui uma alteração recente na Lei de Execuções Penais (incluída pela Lei no 10.792/2003). Em realidade, o Regime Disciplinar Diferenciado surgiu, inicialmente, no estado de São Paulo, por força da Resolução da Secretaria de Administração Penitenciária no 26/2001, em resolução de rebelião em diversas penitenciárias estaduais, organizada por um mesmo grupo criminoso organizado. Tal medida gerou uma discussão sobre a sua constitucionalidade, que, a�nal, foi superada com a mencionada Lei no 10.792/2003. Sobre o tema, vide Kuehne, Maurício. Lei de Execução Penal anotada. 4. ed., Curitiba: Juruá, 2004, p. 149-158. É aplicável o RDD aos presos, condenados ou provisórios, nos seguintes casos: Prática de crime doloso que determine subversão da ordem ou da disciplina interna; Situações de alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade; Situações de fundadas suspeitas de envolvimento ou participação em organizações criminosas, associação criminosa (art. 52, §§ 1o e 2o, da LEP). O RDD tem duração máxima de 360 (trezentos e sessenta) dias, sem prejuízo de repetição da sanção disciplinar, no caso de falta grave da mesma espécie, até o limite de 1/6 (um sexto) da pena aplicada. Deve ser cumprido em cela individual, admitindo-se visitas de até 2 (duas) pessoas, além de crianças, com duração de até 2 (duas) horas e com saída para banho de sol, por duas horas diárias (art. 52, I a IV, da LEP). O procedimento para imposição do RDD se inicia por requerimento circunstanciado do diretor do estabelecimento prisional, com manifestação do Ministério Público e respeito ao direito de defesa, mediante decisão prévia e fundamentada do juiz de execução, por prazo de 15 (quinze) dias. Excepcionalmente, a autoridade administrativa pode decretar o isolamento do preso por até 10 (dez) dias, sendo certo que a inclusão no RDD dependerá, necessariamente, de decisão judicial. Esse isolamento preventivo será detraído no período de cumprimento da sanção disciplinar (art. 60, parágrafo único, da LEP). O RDD vem sendo objeto de inúmeras e severas críticas por parte importante da doutrina brasileira, sob o argumento da inconstitucionalidade de tal medida, por violar, entre outros, o princípio da dignidade da pessoa humana. No mesmo sentido, ao editar a Resolução no 08/2004, o próprio Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), Órgão subordinado ao Ministério da Justiça, ao qual compete propor diretrizes e sugerir metas e prioridades da política criminal e penitenciária, dentre outras atribuições previstas no art. 64 da LEP, acolheu o Parecer contrário à instituição do RDD, aprovado, por unanimidade, sustentando a violação da Constituição Federal, de Tratados Internacionais de Direitos Humanos e das Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento de Prisioneiros. Ademais, ressaltou-se a incompatibilidade da nova sistemática em diversos e centrais aspectos, tais como a falta de garantia para a sanidade do encarcerado e duração excessiva, implicando violação à proibição do estabelecimento de penas, medidas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes, prevista nos instrumentos citados. Por �m, sustentou-se que a falta de de�nição clara das condutas, além da ausência de correspondência entre a suposta falta disciplinar praticada e a punição decorrente, revelam que o RDD não possui natureza jurídica de sanção administrativa, sendo, antes, uma tentativa de segregar presos do restante da população carcerária, em condições não permitidas pela legislação. Monitoramento eletrônico Em 16 jun. 2010, entrou em vigor a Lei no 12.258, que alterou o Código Penal e a Lei de Execução Penal para possibilitar a utilização de equipamento de vigilância indireta pelo condenado. Essa lei é passível de inúmeras críticas, principalmente se se considerar que poderíamos ter aprovado uma legislação que realmente utilizasse o monitoramento eletrônico de presos para reduzir o contingente carcerário e os custos do aprisionamento. Nesse sentido, critica-se a Lei no 12.258/2010 pela não previsão de utilização experimental do monitoramento eletrônico, um grave problema na medida em que não é possível prever, sem testes, os efeitos bené�cos da medida no sistema penitenciário brasileiro. Origem do Monitoramento Eletrônico Clique no botão acima. A partir de 1946, experiências de controle com a manutenção do preso em seu domicílio foram utilizadas no Canadá. Segundo Rodríguez-Magariños (2007), nos anos sessenta do século passado, o professor da Universidade de Harvard, Ralph Schwitzgebel, propôs medidas eletrônicas como forma de controle penitenciário de delinquentes e enfermos mentais. Na década seguinte, L. Barton, Ingraham e Gerald Smith defenderam o uso do monitoramento eletrônico como uma alternativa real ao cárcere. Contudo, a verdadeira origem do monitoramento ou bracelete eletrônico decorreu de uma prática judiciária mais recente. De acordo com Jean-Paul Céré (apud Japiassú, 2018), em 1979, o magistrado norte-americano Jack Love, de Albuquerque (Novo México), idealizou a criação de um dispositivo que pudesse melhor vigiar os presos, inspirado em uma história em quadrinhos do Homem-Aranha, na qual o vilão �xa um bracelete eletrônico conectado a um radar no braço daquele herói, permitindo-lhe localizá-lo onde quer que ele estivesse. Sendo assim, Jack Love entrou em contato com o engenheiro eletrônico Michael Goss e pediu-lhe que desenvolvesse um sistema de monitoramento, o qual foi testado pelo próprio magistrado em 1983, tendo ordenado, posteriormente, a utilização do mecanismo parasupervisionar cinco delinquentes de sua cidade. A primeira pulseira eletrônica passou a denominar-se Gosslink, decorrente da união da palavra link e do sobrenome do engenheiro que a criou. Portanto, foi nos Estados Unidos que se deu início ao monitoramento eletrônico, cujo desenvolvimento originou-se de projetos pilotos, notadamente em Washington, na Virgínia e na Flórida. Partindo das justi�cativas encontradas nos países em que o monitoramento eletrônico foi introduzido, pode-se determinar um triplo objetivo para a utilização de tal sistema: Combate à superpopulação carcerária; Redução dos custos advindos do encarceramento; Diminuição do risco de reincidência criminal, contribuindo para a ressocialização do condenado. Na prática, os braceletes ou tornozeleiras eletrônicas têm sido utilizados para evitar a prisão do indivíduo que espera julgamento, do condenado a uma pena curta de prisão, ou, ainda, daquele que esteja prestes a cumprir a totalidade da pena privativa de liberdade. Em alguns casos, o dispositivo é utilizado para menores e aos chamados multirreincidentes. Por isso, tal medida foi vista como idônea a evitar os efeitos dessocializadores da prisão, permitindo ao indivíduo conservar ou restabelecer uma vida social e pro�ssional. Registre-se que a adoção do monitoramento eletrônico pode ser feita, basicamente, por meio de dois sistemas: A variante front-door busca evitar o ingresso do condenado na prisão, podendo consistir em uma pena principal ou em uma alternativa à execução da pena privativa de liberdade, além de aplicar-se a casos de suspensão condicional da pena e prestação de serviços à comunidade; O modelo back-door pressupõe uma redução do tempo do condenado na prisão por meio da substituição do período restante a ser cumprido no cárcere pelo monitoramento eletrônico, de forma a proporcionar uma readaptação gradual do presidiário ao meio extramuros. É necessário frisar que, a despeito de não se pode afastar por completo o argumento �nanceiro (que foi utilizado, inclusive, durante a votação da lei sobre o monitoramento eletrônico francês), nos países europeus, prevalece a ideia de que as medidas penais devem ser escolhidas não apenas pelo seu aspecto econômico, mas, precipuamente, por sua utilidade social. Ademais, a acolhida do monitoramento eletrônico é justi�cada por sua potencialidade preventiva, eis que constitui um poderoso instrumento de neutralização de atos de delinquência durante a execução da medida. A retirada do condenado do contato carcerário, bem como os benefícios advindos do trabalho e da manutenção de uma vida social e familiar, concorre para a diminuição do risco de recidivas. Ressalta-se que existe a possibilidade de instituição de cobrança de uma taxa elevada do condenado em caso de reincidência. A demonstrar a utilidade e a relevância da medida, na França, entre os anos de 2000 e 2003, computaram-se somente quinze casos de reincidência de um total de 1.136 medidas de monitoramento eletrônico aplicadas. É neste contexto que se iniciaram as experiências de controle a distância por meio da utilização do monitoramento eletrônico de presos que constitui, hoje, instrumento indispensável aos sistemas de justiça criminal. A título ilustrativo, o monitoramento eletrônico foi implementado nos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Suécia, Países Baixos, Holanda, França, Bélgica, Itália, Alemanha, Espanha, Portugal, Suíça, Hungria, Andorra, Austrália, Nova Zelândia, Argentina, Israel, Singapura e África do Sul. No Brasil, o escasso debate sobre a monitoramento eletrônico se alterna justamente por essas duas vias, ou seja, a da utilização como mecanismo para reduzir a superpopulação carcerária ou, de outro lado, como instrumento para aumentar o controle sobre aqueles que estão fora dos estabelecimentos penitenciários. Como já mencionado, o sistema penal brasileiro é marcado por um crescente número de pessoas submetidas à prisão ou outras penas e medidas alternativas. Apesar das elevadas taxas de encarceramento, existe ainda uma elevada sensação de insegurança, que tem feito com que inúmeros setores da sociedade peçam por punições mais severas e aumento da segurança pública. Daí a evidente discrepância na utilização do monitoramento eletrônico que tem se manifestado no Brasil. Mesmo diante de debate insu�ciente e de não se ter tornado um tema central em matéria penal e penitenciária no Brasil, foram aprovadas leis estaduais sobre monitoramento eletrônico, como, por exemplo, a Lei do Estado de São Paulo no 12.906/2008. No âmbito federal, como dito anteriormente, entrou em vigor a Lei no 12.258/2010, que alterou o Código Penal e a Lei de Execução Penal para possibilitar a utilização de equipamento de vigilância indireta pelo condenado. Essa Lei prevê as hipóteses em que caberá o monitoramento eletrônico. A lei federal prevê alterações nos arts. 122, 124 e 146, todos da Lei de Execução Penal. O art. 122 só teve aprovado o seu parágrafo único, que dispõe a respeito de não ser impedida a utilização do monitoramento eletrônico por condenados mesmo em casos de ausência de vigilância direta, se assim determinar o juiz da execução. Na hipótese do atual art. 122, mesmo nos casos de ausência de vigilância direta será possível a colocação do condenado sob monitoramento eletrônico quando houver determinação judicial, o que demonstra apenas um aumento do controle penal por parte do Estado e não o cumprimento dos objetivos da medida (diminuição dos custos e redução do número de encarcerados). A alteração realizada no art. 124 consiste na inclusão do parágrafo primeiro, com a presença de três incisos, e dos parágrafos segundo e terceiro. Versa a alteração sobre as condições impostas para a obtenção do benefício da saída temporária: Fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante o gozo do benefício; Recolhimento à residência visitada, no período noturno; Proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres; Possibilidade de imposição de outras condições quando o juiz entender compatível com as circunstâncias do caso e com a situação do condenado. Além das condições anteriormente mencionadas, o parágrafo segundo estabelece que quando se tratar de frequência a curso pro�ssionalizante, de instrução de ensino médio ou superior, o tempo de saída será o necessário para o cumprimento das atividades discentes. E, nos demais casos, as autorizações para saídas temporárias somente poderão ser concedidas se houver um prazo mínimo de quarenta e cinco dias de intervalo entre uma saída e outra (parágrafo terceiro). A proposta de alteração do art. 146, prevista na Seção VI, Da Monitoração Eletrônica, também foi objeto de vetos, sendo aprovados os arts. 146-B, 146-C e 146-D. Apenas o último não sofreu vetos parciais. O art. 146-B de�ne as hipóteses de cabimento do monitoramento eletrônico pelo juiz quando este autorizar saídas temporárias no regime semiaberto e quando determinar a prisão domiciliar. Com relação à saída temporária no regime semiaberto cabe a mesma a�rmação feita anteriormente, ou seja, haverá um aumento do controle penal por parte do Estado em condenados que, em virtude de já terem cumprido parte de sua pena ou por terem praticado crimes que permitam tal regime, já são considerados aptos a não �carem sob vigilância estatal permanente, não ocorrendo, entretanto, a diminuição dos custos e a redução do número de encarcerados, como pretendido pelo legislador. O art. 146-C versa sobre os cuidados que o condenado deverá ter com o aparelho que realizará a vigilância e sobre os seus deveres, bem como as consequências para a violação de tais regras. Este artigo não merece reparos, vez que as consequências que podem ser originadas no caso de violação comprovada dos deveres e das condições impostas pela lei estão previamente descritas pelo legislador e não violam direitos fundamentais do condenado. Além disso, prevê o dispositivo legal que o monitoramento eletrônico será revogado depois de ouvidoo Ministério Público e a defesa, o que garante ao condenado a oportunidade de se manifestar a respeito do não cumprimento de suas obrigações. Por �m, o art. 146-D versa sobre a revogação do monitoramento eletrônico quando este se apresentar desnecessário ou inadequado e quando o acusado ou condenado violar os deveres a que estiver sujeito ou cometer falta grave. Importante destacar que o artigo não faz menção à necessidade de fundamentação da decisão judicial quando for necessária, por qualquer dos motivos indicados na norma, a revogação da medida e também não se refere à necessidade de manifestação das partes. Apesar disso, a decisão judicial que revogar a medida deverá ser fundamentada, sob pena de nulidade (art. 93, IX, da CF/1988) e, seguindo a regra do art. 146-C, o Ministério Público e a defesa deverão se manifestar com relação à revogação. Atividades 1. São penas privativas da liberdade previstas na legislação penal brasileira, exceto: a) Prisão. b) Detenção. c) Reclusão. d) Prisão simples. e) Prisão domiciliar. 2. O CP brasileiro adotou o sistema: a) Auburniano. b) Filadélfico. c) Progressivo. d) Do completo isolamento. e) Regressivo. 3. Sobre o regime inicial de cumprimento das penas privativas da liberdade, assinale a alternativa correta: a) Caso a pena seja de 3 anos de reclusão, o regime inicial poderá ser o fechado. b) Caso a pena seja de 6 anos de detenção, o regime inicial poderá ser o fechado e o semiaberto. c) Caso a pena seja de 3 anos de detenção, o regime inicial será o aberto. d) Caso a pena seja de 6 anos de detenção, cabe sempre, como regime inicial, o semiaberto. e) Caso a pena seja superior a 8 anos, cabe, como regime inicial, o fechado e o semiaberto. 4. A legislação penal brasileira prevê para o regime fechado: a) A proibição do trabalho extramuros. b) Cumprimento em estabelecimento penal de segurança máxima, média ou mínima. c) Admissibilidade de celas individuais ou duplas. d) Trabalho comum durante o dia. e) Desnecessidade de exame criminológico. 5. São regimes prisionais, exceto: a) Regime fechado. b) Regime semiaberto. c) Regime disciplinar diferenciado. d) Regime aberto. e) Regime das mulheres. NotasReferências JAPIASSÚ, C. E. A.; SOUZA, A. B. G. Direito penal: volume único. São Paulo: Atlas, 2018, p. 314-333. FREITAS, B. G. Direito Penal II. Rio de Janeiro: SESES, 2016, p. 62-63 e 87-97. RODRÍGUEZ-MAGARIÑOS, F. G. . Valencia: Tirant lo Blanch, 2007. p. 55. Próxima aula Penas restritivas de direitos; Substituição e conversão; Pena de multa. Explore mais Dotti, René Ariel. Curso de Direito Penal. Parte Geral. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
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