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Direito Penal II Aula 3 (resumo)

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Direito Penal II
Aula 3: Penas privativas da liberdade
Apresentação
Nesta aula, apresentaremos as penas privativas da liberdade, tratando de suas origens, suas espécies, os regimes de
cumprimento de penas e os estabelecimentos penitenciários.
Identi�caremos os direitos e os deveres dos presos, o trabalho prisional, a remição e a detração.
Objetivo
Identi�car as penas privativas da liberdade;
Debater os regimes de cumprimento de penas e demais regras penitenciárias.
Origens
A prisão como pena é de aparecimento tardio na história do direito penal. Na Idade Antiga, o encarceramento fazia-se em
poços, nas masmorras, em mosteiros e castelos, como etapa preliminar da aplicação de penas corporais, notadamente a de
morte, ou como fruto do arbítrio dos príncipes. As Ordenações do Reino de Portugal, que vigeram no Brasil, na parte criminal,
até 1830, não previam a pena de prisão.
Com o crescimento das cidades, surgem, na Idade Média, casas de
trabalho e casas de correção, destinadas a mendigos e vagabundos.
Na Inglaterra...
Na Inglaterra, em 1552 em um
Castelo abandonado em
Bridewell, surge, por iniciativa dos
protestantes, um local para
alojamentos, que desde 1575
passou a denominar-se House of
Correction. Em 1576, determinou-
se por lei que em todos os
condados deveria haver um
estabelecimento dessa natureza.
Na Holanda...
Em Amsterdã, em 1595, foi
construída uma Casa de
Correção que se destinava a
vagabundos, desordeiros, ladrões
e crianças abandonadas. Em
1596 um estabelecimento similar
foi construído para mulheres.
Pouco tempo depois, iniciativas
semelhantes surgiram em várias
outras cidades.
Na França
A França constrói sua primeira
instituição para vagabundos e
mendigos em 1656.
Na Itália
Em 1703, o Papa Clemente XI
constrói em Roma o Hospício de
São Miguel, destinado também a
menores incorrigíveis.
A pena de prisão se difundiu no século XVIII quando desapareceu o corpo como alvo principal da repressão penal e passou-se
a controlar e a dominar a alma, por meio da disciplina e da correção.
1790
Em 1790, sob in�uência dos Quakers, constrói-se em Filadél�a a prisão de Walnut, cujo regime se baseava na segregação e
no silêncio. Os condenados eram submetidos a um período inicial de isolamento, que subsistia durante todo o
cumprimento da pena, para os autores de crimes graves. Os autores de crimes sem gravidade podiam trabalhar em comum
durante o dia, em silêncio. O sistema do completo isolamento (solitary system) foi introduzido nas prisões de Pittsburgh
(Western Penitenciary) e Cherry Hill (Eastern Penitenciary) construídas em 1818 e 1829.
1829
A esse sistema se opôs ao de Auburn, adotado na prisão construída em 1829 na cidade de mesmo nome, no Estado de
Nova Iorque. O sistema de Auburn permitia o trabalho em comum durante o dia, em completo silêncio, �cando conhecido
como silent system.
1838
Mais importante foi o sistema irlandês ou progressivo, introduzido pelo capitão Alexandre Maconochie e Sir Walter Crofton.
Maconochie, em 1838, criou um sistema de marcas ou pontos (mark system), por meio do qual a situação do preso fosse
gradativamente melhorando, de acordo com o trabalho por ele realizado. Propôs que a duração da condenação fosse
medida não por tempo determinado, mas sim por uma certa quantidade de trabalho a ser realizada, de modo a colocar a
sorte do condenado em suas próprias mãos. Maconochie não pôde implementar o seu sistema, devido à legislação da
época.
1854
Coube a Sir Walker Crofton, nomeado em 1854 diretor de prisões na Irlanda, pôr em prática um sistema na linha do que foi
sugerido por Maconochie. Daí o nome sistema irlandês. Esse sistema começava com um estágio de nove meses de
isolamento celular. Um segundo estágio era de obras públicas, no qual se aplicava um critério de marcas ou de pontos, pelo
qual o condenado progredia por meio de cinco classes, podendo acelerar a passagem de uma a outra pelo bom
comportamento e pela dedicação ao trabalho. Um terceiro estágio era uma espécie de teste para a liberação. Nele, o preso
trabalhava sem supervisão e sem vigilância, sem o emprego de medidas disciplinares, mas podendo voltar a etapas
anteriores. Finalmente, um quarto estágio era o do livramento condicional (ticket of leave), que poderia ser revogado se não
houvesse bom comportamento.
O ideal da prisão era, assim, a vigilância e controle total sobre a pessoa do preso. Jeremy Bentham publicou, em 1791, o seu
plano para construção do Panótico, que seria não só um modelo na prisão, como também de todas as instituições de
educação, assistência e trabalho. O Panótico é construção circular, dividido em raios convergentes para um ponto central, de
onde um único vigilante poderia observar todo estabelecimento. A Casa de Correção que se inaugurou no Rio de Janeiro, em
1850, e cujas obras se iniciaram em 1834, pretendia ter como modelo o Panótico, mas um erro de construção levou ao
abandono do projeto.
Em realidade, a pena de prisão foi introduzida como castigo duro e feroz. Difundiu-se a ideia de que a prisão deve promover a
custódia do condenado, neutralizando-o por meio de um sistema de segurança, no qual se esgota o sentido retributivo da pena
e, ao mesmo tempo, ressocializá-lo ou emendá-lo, por meio de um tratamento.
Como instituição total, a prisão pode deformar a
personalidade, ajustando-a à subcultura prisional
(prisonização). A reunião coercitiva de pessoas do mesmo
sexo num ambiente fechado, autoritário, opressivo e
violento, pode corromper e aviltar. Os internos são
submetidos às leis da massa, ou seja, ao código dos presos,
no qual impera a violência e a dominação de uns sobre
outros. Conclui-se, assim, que o problema da prisão é a
própria prisão, que apresenta um custo social
demasiadamente elevado. Aos efeitos comuns a todas as
prisões, somam-se os que são comuns nas brasileiras:
superpopulação, ociosidade e promiscuidade.
 Fonte: Shutterstock
Quanto mais graves forem as penas e as medidas impostas aos delinquentes, maior será a probabilidade de reincidência. O
sistema será, portanto, mais e�ciente, se evitar, tanto quanto possível, mandar os condenados para a prisão, nos crimes
pouco graves, e se, nos crimes graves, evitar o encarceramento demasiadamente longo.
Espécies
A prisão-pena signi�ca a legítima privação do direito de liberdade do condenado. O ordenamento jurídico brasileiro prevê três
espécies dessa forma de punição:
1
Reclusão
2
Detenção
2
Prisão simples
A propósito, o art. 1o, do Decreto-lei no 3.914/1941 (Lei de Introdução ao
Código Penal) estabelece que as penas de reclusão e de detenção são
destinadas para crimes ou delitos, de forma isolada, alternativa ou
cumulativamente com a pena de multa. A prisão simples, por sua vez, é
cominada para as contravenções penais, também isolada, alternativa ou
cumulativamente com a sanção pecuniária.
Deixando de lado a prisão simples, as duas principais penas privativas de liberdade (reclusão e detenção) diferenciam-se tanto
por razões jurídicas, como práticas. Empiricamente, percebe-se que a reclusão é pena mais severa, sendo destinada às
infrações penais consideradas mais graves. A despeito disso, critica-se, na atualidade, a relevância de se manter esse status
mais rigoroso para a reclusão, pois a privação da liberdade, em termos práticos, é fenômeno único. A prisão, em si, é a pena, e a
disjuntiva reclusão-detenção acaba signi�cando uma pena dentro da pena.
Atenção
Apesar dessas considerações de ordem prática, sob o aspecto estritamente jurídico, observa-se que o art. 33, do CP, assinala que
a reclusão é a pena cujo cumprimento pode ser iniciado em qualquer um dos três regimes prisionais: fechado, semiaberto ou
aberto.
A pena de detenção, por sua vez, pressupõe que o início do seu cumprimento se dê no regime semiaberto ou aberto. Não há, a
princípio, previsão de regime fechado para a pena de detenção. Entretanto, essa distinção perde um pouco a sua força, pois o
próprio art. 33, in �ne, prevê a possibilidade de transferência para o regime fechado, uma vez iniciado o cumprimentoda pena
de detenção.
Existem outras diferenças jurídicas marcantes entre estas duas espécies de privação da liberdade. Merece destaque, no
particular, que as medidas de segurança têm um paralelo com aquelas penas. Ou seja, os delitos apenados com reclusão
determinam a imposição, no caso de inimputável ou semirresponsável, da internação em hospital de tratamento e custódia.
Para as infrações apenadas com detenção, em regra, a medida de segurança será cumprida em liberdade, ou seja, tratamento
ambulatorial (arts. 96 e 97, do CP).
 Regimes de cumprimento de penas e estabelecimentos penitenciários
 Clique no botão acima.
O CP adotou um sistema progressivo, que se destina a estimular o bom comportamento do preso, mantendo a
disciplina e a ordem nas prisões (art. 33, § 2.°, CP). A lei prevê três regimes:
Regime fechado - executado em penitenciária (art. 86, Lei de Execução Penal), em estabelecimento de segurança
máxima ou média. Os estabelecimentos de segurança máxima caracterizam-se por possuírem muralhas elevadas,
grades e fossos. Os presos �cam recolhidos à noite em celas individuais, trancadas e encerradas em galerias
fechadas. Existem sistemas de alarmes contra fugas e guardas armados. A atenuação dos elementos que impedem a
fuga permite classi�car o estabelecimento como de segurança média;
Regime semiaberto é a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. O regime
semiaberto se cumpre em estabelecimentos de segurança média, nos quais as precauções contra a fuga são
atenuadas. Podem os presos ser colocados em alojamentos coletivos (art. 91, Lei de Execução Penal);
Regime aberto é a execução da pena em casa de albergado ou outro estabelecimento de segurança mínima, em que
não existam obstáculos para a fuga, mantendo-se a disciplina com base na palavra do preso e em seu deliberado
propósito de se submeter às condições da sua prisão.
A pena privativa da liberdade é executada de forma progressiva, com a transferência para regime menos rigoroso, a ser
determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e seu mérito
indicar a progressão (art. 111, Lei de Execução Penal).
O sistema progressivo de cumprimento de pena representou uma conquista histórica na trajetória de humanização
das práticas punitivas. Por conta disso, bem como diante dos objetivos que conduziram o processo de reformulação
legislativa de 1984 – que culminou com a nova Parte Geral do CP e a promulgação da LEP –, observa-se que a pena
privativa de liberdade passou a ser cumprida de forma progressiva, sendo possível a transferência para regime menos
rigoroso, a ser determinada pelo Juízo da Execução Penal, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena
no regime anterior e tiver tido bom comportamento prisional (art. 33, § 2o, do CP, e art. 112, da LEP).
Entretanto, com a promulgação da Lei no 8.072/1990, o sistema progressivo de cumprimento de pena sofreu parcial
solução de continuidade. Para os condenados por delitos hediondos, cujo rol encontra-se indicado no art. 1°, daquela
Lei, não era mais permitida a progressão de regime, sendo-lhes imposto o regime integralmente fechado (art. 2°, § 1°,
redação original da Lei no 8.072/1990). Após considerar, por mais de uma década, como não afrontoso ao princípio
constitucional da individualização da pena, o STF, em 2006, reviu seu posicionamento, passando a considerar aquele
dispositivo como inconstitucional. Esta decisão gerou e�cácia erga omnes, retirando, do ordenamento jurídico
brasileiro, a �gura do regime integralmente fechado.
Diante da mudança de orientação jurisprudencial, foi promulgada a Lei no 11.464/2007, que alterou a Lei no
8.072/1990, �xando, para os delitos hediondos, o regime inicial fechado, permitindo-se a progressão após o
cumprimento de dois quintos da pena, se o apenado for primário, ou de três quintos, se reincidente (redação atual dos
§§ 1° e 2°, do art. 2°, da Lei no 8.072/1990). Curiosamente, não foi feita menção ao mérito do comportamento prisional
como critério para a progressão. Sobre o assunto, dispõe a Súmula 471, do STJ: Os condenados por crimes
hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei 11.464/2007, sujeitam-se ao disposto no art. 112
da Lei 7.201/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional.
Constata-se, assim, no tocante à progressão de regimes prisionais, a existência de duas sistemáticas. Para os delitos
em geral, isto é, não considerados hediondos, a progressão se opera quando o preso tiver cumprido ao menos um
sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário. Por sua vez, para os delitos hediondos,
há de ser cumprido o requisito temporal de dois quintos da pena, se o apenado for primário, e de três quintos, se
reincidente.
Merece, ainda, ser salientado que a progressão deve ser feita para o regime imediatamente seguinte. Não se pode
passar do fechado para o aberto sem antes ter ingressado no semiaberto, mesmo se o apenado preencher, em termos
globais, lapso de tempo su�ciente para ingressar diretamente no regime aberto. Nesse sentido é o teor da Súmula 491,
do STJ: É inadmissível a chamada progressão de regime prisional.
Tal fato não ocorre com a regressão de regime prisional, ou seja, com a transferência do regime menor para o mais
rigoroso. Observa-se, portanto, que o direito adquirido à fruição de um determinado regime é sempre submetido aos
termos da cláusula rebus sic stantibus, ou seja, enquanto a progressão pressupõe o concurso dos fatores lapso de
tempo e mérito do apenado, a regressão se pauta apenas neste último.
O art. 33, caput, parte �nal, do CP, bem como o art. 118, da LEP, preveem que a execução penal �cará sujeita à forma
regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o apenado:
Praticar fato de�nido como crime doloso;
Praticar falta grave;
Sofrer condenação, por crime anterior, que importe, após a uni�cação das penas, em lapso temporal incabível
com o regime em que se encontrava.
Especi�camente para o regime aberto, o § 1o, do art. 118, da LEP, prevê, ainda, a possibilidade de regressão quando o
apenado frustrar os princípios desse regime – autodisciplina e senso de responsabilidade – ou não pagar, podendo, a
multa cumulativamente imposta na sentença condenatória.
Atente-se, outrossim, para o fato de que, diferentemente do que ocorre com a progressão, a regressão de regimes
pode ser feita em saltos, ou seja, do aberto para o fechado, sem precisar passar pela etapa intermediária. Tudo irá
depender do teor da respectiva sentença a ser exarada pelo Juiz da Execução Penal (art. 66, III, “b”, da LEP).
Por �m, saliente-se que o sistema progressivo de cumprimento de pena também se aplica no concurso de crimes,
conforme o disposto no art. 69, parte �nal, e no art. 76, do CP.
Conforme o art. 33, § 2.°, CP as regras para a determinação do regime inicial de cumprimento da pena são:
a) o condenado a pena superior a oito anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a quatro anos e não exceda a oito, poderá, desde o princípio,
cumpri-la em regime semiaberto. Se o condenado for reincidente, terá de cumprir pena em regime fechado;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a quatro anos, poderá, desde o início, cumpri-la em
regime aberto.
A �xação do regime prisional inicial deve ser feita na sentença condenatória (art. 59, III, do CP). Cuida-se de uma
operação com certo grau de di�culdade, uma vez que, consoante o art. 33, e §§, do CP, devem ser analisados, além da
espécie de pena (reclusão ou detenção), três fatores:
Quantidade de pena;
Primariedade ou reincidência;
Circunstâncias judiciais.
Para a pena de detenção, o processo de �xação do regime inicial é um pouco mais simples, pois só há a previsão de
dois (semiaberto ou aberto). Quando não puder ser aplicado o regime aberto, o condenado necessariamente �cará no
semiaberto. Dessa forma, se a quantidadede pena for inferior a quatro anos, se o apenado for primário e se as
circunstâncias judiciais lhes forem favoráveis, ele poderá iniciar o cumprimento da pena no regime aberto. Entretanto,
ausente algum desses requisitos, remanesce o semiaberto.
A pena de reclusão, por sua vez, é um pouco mais complexa, pois envolve os três regimes (fechado, semiaberto ou
aberto). Se não for reincidente, mas a pena imposta for maior do que oito anos, será também imposto o regime
fechado. Não reincidente, com pena abaixo de oito anos, permite-se a �xação do regime semiaberto, conforme
indicarem as circunstâncias judiciais.
Por �m, não sendo reincidente, com pena abaixo de quatro anos, poderá ser estipulado regime aberto, desde que
favoráveis as circunstâncias judiciais.
Apesar de toda essa mecânica legal, observa-se que a jurisprudência tem �exibilizado a importância do fator
reincidência, tendo em vista os postulados superiores de reinserção social do apenado. Nesse sentido, a Súmula 269,
do STJ: É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior
a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais. Na mesma linha, decidiu o STF que a só reincidência não
constitui razão su�ciente para imposição de regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada autorize.
No início do cumprimento da pena em regime fechado, o preso deve ser submetido obrigatoriamente a exame
criminológico. Esse exame é espécie do gênero exame da personalidade, que tem por �nalidade a investigação
médica, psicológica e social da pessoa do infrator, visando detectar sua propensão para a prática de novos fatos
delituosos. Para tanto, deve-se tomar como causa o delito perpetrado mediante violência ou grave ameaça e, como
efeito, a higidez biopsicológica do apenado. Cuida-se, portanto, de um exame pericial a ser elaborado por uma equipe
multidisciplinar (médicos psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais).
O exame criminológico foi uma inovação da Reforma de 1984 com o objetivo de contrabalançar a revogação do
sistema do duplo binário, ou seja, de imposição de medida de segurança aos autores de delitos violentos que, após o
cumprimento da pena, ainda eram considerados perigosos. Dessa forma, por razões de cautela do legislador, a
obtenção de benefícios prisionais – como, por exemplo, progressão de regime ou livramento condicional – passou a
contar, dentre outros requisitos, com a realização do exame criminológico, nas hipóteses de condenados por delitos
perpetrados com violência ou grave ameaça à pessoa.
Em que pesem os merecidos elogios, no que diz respeito à revogação do sistema do duplo binário – pena e medida de
segurança –, é forçoso reconhecer que o propósito do exame criminológico �cou aquém do esperado. De fato, o mais
das vezes, consistiam em avaliações burocráticas, elaboradas em formulários preenchidos sem maiores
preocupações criminológicas, acarretando atrasos excessivos no curso da execução penal.
Diante disso, a nova redação do art. 112, da LEP, trazida de Lei no 10.792/2003, omitiu qualquer referência ao exame
criminológico para �ns de progressão de regime e, por extensão, ao livramento condicional. Sendo assim, o
entendimento jurisprudencial que se consolidou foi no sentido da perda da obrigatoriedade da sua realização. Dessa
forma, a submissão do condenado ao exame criminológico passou a se constituir numa faculdade a ser determinada
pelo juiz, sempre de maneira fundamentada.
A propósito, dispõe a Súmula 439, do STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde
que em decisão motivada.
Diz a lei que o condenado, em regime fechado ou semiaberto, �ca sujeito a trabalho no período diurno, em comum.
Já o regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado (art. 36, CP). Nesse regime,
afrouxa-se a vigilância e a �scalização, procurando-se proporcionar ao preso convivência que se aproxime dos padrões
do mundo livre.
O ingresso do condenado em regime aberto supõe a aceitação de seu programa e das condições impostas pelo juiz.
Só pode ingressar nesse regime o condenado que estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo
imediatamente, apresentando, por seus antecedentes e pelos exames a que foi submetido, fundados indícios de que
irá ajustar-se ao novo regime (arts. 112 e 113, Lei de Execução Penal).
O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade
autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga (art. 36, § 1.°, CP). Só
excepcionalmente se permitirá o recolhimento do bene�ciário de regime aberto em residência particular (se o
condenado for maior de 70 anos ou acometido de doença grave, ou se tiver �lho menor ou de�ciente físico ou mental,
ou se for mulher gestante). A execução da pena em regime aberto �cará sujeita à forma regressiva, com a
transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, se o condenado praticar crime doloso ou falta grave, ou se ele
sofrer condenação por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne incabível o regime,
ou se frustrar os �ns da execução ou se não pagar, podendo, a multa que cumulativamente lhe tenha sido imposta (art.
117, Lei de Execução Penal).
Por sua vez, as mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio, observando-se os deveres e direitos inerentes à
sua condição pessoal. Embora chamado de regime das mulheres, às mulheres se aplicam as regras �xadas para os
diversos regimes. A separação entre mulheres e homens é regra elementar do sistema penitenciário. A Constituição
Federal assegura à presidiária condições de permanecer com seu �lho durante a amamentação (art. 5.°, L, CF).
Se, durante o cumprimento da pena, sobrevier, ao condenado, doença mental, deve o mesmo ser recolhido a hospital
de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado (art. 41). Este incidente no curso
da execução penal é denominado de conversão da pena em medida de segurança, consoante o disposto no art. 183,
da LEP.
Deve-se, contudo, atentar que embora convertida em medida de segurança, o tempo de duração da pena inicialmente
imposta continuará a ser observado. Dessa maneira, conforme decidido pelo STJ, extrapolado o prazo máximo de
pena privativa de liberdade, não há como manter o paciente no cumprimento da medida de segurança, a qual deve ser
declarada extinta.
Estabelecimentos penais
Quanto aos estabelecimentos penais, De acordo com o art. 82, da LEP, os estabelecimentos penais destinam-se ao condenado,
ao submetido à medida de segurança, ao preso provisório e ao egresso. Há ressalvas quanto a determinados casos especiais,
como o da mulher e do idoso, bem como acerca da estrutura do estabelecimento, como previsto no art. 83 da mesma Lei.
Segundo Dotti (2004 apud Japiassú, 2018), há diferenças quanto aos estabelecimentos no que concerne ao tipo de pena
imposta.
São os seguintes os estabelecimentos penais previstos na lei brasileira:
Cuida-se de estabelecimento destinado aos condenados à pena de reclusão, em regime fechado. Os arts. 87 e 88, da LEP,
estabelecem que o condenado deverá ser alojado em cela individual, com área mínima de 6,00 m² (seis metros
quadrados), que conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório, além de salubridade do ambiente, pela concorrência
dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência humana.
Penitenciária 
Trata-se de estabelecimento penal destinado a abrigar pessoas presas que cumprem pena em regime semiaberto (art. 33,
§ 1°, “b”, do CP, e art. 91, da LEP). Tem um menor aparato de segurança e admite a possibilidade de alojar apenados em
alojamentos coletivos.
Colônia agrícola, industrial ou similar 
Esta espécie de estabelecimento penal é destinada a abrigar pessoas presas que cumprem pena privativa de liberdade em
regime aberto, ou pena de limitação de �ns de semana. O prédio deve estar situado no centro das cidades, não apresentaobstáculos à fuga e contém espaço físico adequado para palestras e cursos (arts. 93 a 95, da LEP).
Casa de albergado 
A cadeia pública, que existe desde o Brasil Colônia, destina-se, na atualidade, ao recolhimento de pessoas presas em
caráter provisório, sempre de segurança máxima (art. 102, da LEP).
Cadeia pública 
Comissões Técnicas de Classi�cação (art. 8°, da LEP), as quais indicarão o tipo de estabelecimento e o tratamento
adequado para cada pessoa presa.
Centro de observação 
Conforme exposto no Capítulo XXXIII, o hospital de custódia e tratamento destina-se a abrigar pessoas submetidas à
medida de segurança de internação (art. 99, da LEP).
Hospital de custódia e tratamento psiquiátrico 
Direitos dos presos
A regulamentação geral do sistema penitenciário e os direitos dos presos, no ordenamento jurídico brasileiro, estão
estabelecidos na Lei no 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) e na Resolução no 14/1994, do Conselho Nacional de Política
Criminal e Penitenciária (CNPCP), que �xou as regras mínimas para o tratamento do preso no Brasil, bem como em disposições
de outros diplomas legais, além, é claro, do contido na própria Constituição Federal de 1988.
A propósito, o art. 38, do CP, garante que o preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se
a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e moral (cf. art. 5o, XLIX, da CF/1988, e art. 3o, da LEP).
No mesmo sentido, a LEP estabelece, no art. 41, diversos direitos dos presos, compreendendo:
Alimentação su�ciente e vestuário;
Atribuição de trabalho e sua remuneração;
Previdência social; constituição de pecúlio;
Proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação;
Exercício das atividades pro�ssionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a
execução da pena;
Assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;
Proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;
Entrevista pessoal e reservada com o advogado;
Visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos, em dias determinados;
Chamamento nominal;
Igualdade de tratamento, salvo quanto às exigências da individualização da pena;
Audiência especial com o diretor do estabelecimento;
Representação e petição a qualquer autoridade em defesa de direito;
Contato como mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não
comprometam a moral e os bons costumes.
Saiba mais
Cumpre observar, outrossim, que, consoante a Súmula 520, do STJ, o benefício de saída temporária é ato jurisdicional insuscetível
de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional.
 Deveres dos presos - Trabalho
 Clique no botão acima.
Dentre os deveres estabelecidos pela legislação brasileira, podem ser destacados a submissão às normas da
execução penal, a disciplina, o respeito, a execução do trabalho imposto e conduta oposta aos movimentos individuais
ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina (art. 38, da LEP).
Sobre o trabalho prisional, o Código Penal e a Lei de Execução Penal referem-se ao trabalho como mecanismo crucial
ao processo de reintegração social do apenado. Segundo Anabela Rodrigues (2002 apud Japiassú, 2018), observa-se,
nesse particular, que ao longo da história, a atividade laborativa do encarcerado correspondeu a três grandes
ideologias. A primeira, de fundo religioso, pressupunha que o trabalho era fundamental para a regeneração moral do
delinquente. O trabalho incessante o afastaria da vida ociosa, do pecado e do crime. Isso �cou bem evidenciado nos
estabelecimentos surgidos a partir do século XVIII.
A segunda ideologia concebeu o trabalho como um elemento da própria punição, ou seja, um castigo dentro do
castigo. Foi essa mentalidade que justi�cou, no Brasil, o aparecimento da �gura da prisão com trabalhos, espécie
punitiva diversa da prisão simples (sem trabalhos), conforme dispunha o CC/1830.
A última ideologia – presente na generalidade dos países – é a identi�cação do trabalho prisional como fundamental
para o processo de ressocialização do apenado. Sobre o assunto, Anabela Rodrigues (2002 apud Japiassú, 2018)
assinala a coerência existente entre o exercício de atividade laborativa e a �nalidade precípua da execução penal.
Segundo a autora, se a socialização do recluso é essencialmente prevenção da reincidência, há fundadas esperanças
de que aquela capacidade contribua decisivamente para que o recluso consiga conduzir a sua vida futura sem praticar
crimes.
Como dito, o trabalho é elemento essencial ao tratamento penitenciário, não somente por ser um dever social, mas,
igualmente, por se constituir expressão da dignidade humana. Muito embora não esteja submetido ao regime da
Consolidação das Leis do Trabalho, o trabalho prisional deve ser remunerado com quantia não inferior a três quartos
do salário mínimo. A lei �xa, no entanto, que o produto da remuneração deve ser aplicado para indenizar os danos
causados pelo crime (se forem determinados judicialmente), na assistência à família e no ressarcimento ao Estado
das despesas realizadas com a manutenção do condenado (art. 28, da LEP).
A Lei de Execução Penal diz, ainda, que o trabalho será em comum tanto para o regime fechado como para o
semiaberto. No regime fechado, o trabalho será no interior do estabelecimento; no regime semiaberto, o trabalho será
em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. O trabalho externo é admissível em qualquer regime. No
regime fechado, o condenado poderá trabalhar em obras públicas, desde que tomadas as cautelas contra fuga e em
favor da disciplina. No regime semiaberto o trabalho externo se realiza com �scalização e precauções menos
rigorosas.
Paradoxalmente, cumpre observar a existência de uma exceção ao ideal ressocializador do trabalho prisional. Cuida-se
da regra do art. 200, da LEP, que diz que o condenado por crime político não está obrigado ao trabalho. Excetuado o
preso político, os demais encarcerados têm o direito e o dever de desempenhar atividade laborativa no
estabelecimento penitenciário, sendo certo que ela há de ter �nalidade educativa e produtiva (art. 29, da LEP).
A prática, porém, revela que apenas uma pequena parcela da população carcerária nacional efetivamente trabalha. A
grande maioria do coletivo de presos no Brasil vive na ociosidade, por não lhe ser oferecida tal oportunidade ou por se
rejeitar a cumprir as que lhes forem apresentadas.
Remição e detraçãos
O desempenho de atividade laborativa constitui-se importante motor
do processo de reinserção social do apenado.
Um exemplo da valoração positiva que, modernamente, o trabalho propicia à execução penal se materializa no instituto da
remição penal. Remição signi�ca o direito daquele que cumpre pena, no regime fechado ou semiaberto, de abater, pelo
trabalho, parte do tempo de pena que tem que cumprir. O abatimento se processa à razão de 1 (um) dia de pena a cada 3 (três)
dias de trabalho (art. 126, § 1o, II, da LEP).
Atenção
A Lei no 12.433, de 30/06/2011, alterou diversos dispositivos da Lei de Execução Penal, com o objetivo de estender a
possibilidade de remição penal não apenas para o trabalho, mas, também, para o estudo prisional. Na verdade, os tribunais já
vinham deferindo remição penal em casos de presos que envidavam esforços no sentido da sua formação educacional. Nesses
termos, conforme a nova redação do art. 126, da LEP, o condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá
remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena.
No caso de estudo, a contagem de tempo deve ser feita à razão de 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência
escolar – atividade de ensino fundamental, médio, inclusive pro�ssionalizante, ou superior, ou ainda de requali�cação
pro�ssional –, divididas, no mínimo, em 3 (três) dias (cf. art. 126, § 1o, I, da LEP, com a redação da Lei no 12.433/2011). Prevê,
ainda, a LEP, uma espécie deprêmio àquele que conseguir concluir seus estudos, qual seja, o acréscimo de 1/3 (um terço) no
total das horas a serem remidas, desde que seja expedido certi�cado de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior
pelo órgão competente do sistema de educação (art. 126, § 5o, da LEP).
É interessante, ainda, observar que a remição pelo estudo é válida, inclusive, para o apenado que se encontra no regime aberto
ou usufruindo livramento condicional (art. 126, § 6°, da LEP). Diferentemente, a remição pelo trabalho não abrange o regime
aberto e o livramento condicional, tendo em vista ser da essência desses dois institutos a obrigatoriedade do desempenho de
atividade laborativa (art. 114, I, e art. 132, § 1o, “a”, da LEP).
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A inovação legislativa sob consideração é digna de aplausos. Com efeito, o processo de reinserção social não se dá,
unicamente, pela via do trabalho, englobando, ainda – e talvez de forma mais e�caz –, a quali�cação educacional.
Portanto, é dever da Administração Penitenciária propiciar mecanismos e estímulos ao encarcerado que se interesse
em realizar atividades educacionais. A rigor, o trabalho pode e deve ser conjugado com os estudos, inclusive para �ns
de remição cumulativa (art. 126, § 3°, da LEP).
Caso o preso �que impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos, continuará a bene�ciar-se
com a remição sob consideração (art. 126, § 4°, da LEP).
Sobre o assunto, outra importante alteração trazida pela Lei no 12.433/2011 diz respeito às consequências da punição
do apenado por falta grave. Originariamente, o art. 127, da LEP, dizia que no caso de aplicação de sanção disciplinar
por falta classi�cada como grave (arts. 50, da LEP), o condenado perdia todo o tempo remido, começando novo
período a partir da data da infração disciplinar.
Muito embora houvesse questionamentos acerca da inconstitucionalidade daquela disposição – por afronta ao
princípio da proporcionalidade, pois as faltas graves acarretam sanções especí�cas, limitadas a trinta dias, com
exceção da imposição do RDD – fato é que o STF rechaçou a suposta inconstitucionalidade, �rmando entendimento
no sentido de que o art. 127, da LEP, foi recepcionado pela CF/1988, não se lhe aplicando o mencionado limite
temporal de trinta dias (cf. Súmula Vinculante no 9).
Atualmente, foi mitigado o rigor da perda total do tempo remido em razão da aplicação da sanção por falta grave.
Conforme a nova disciplina, em caso de falta grave, passa a ser facultado ao juiz da execução penal impor a revogação
de até 1/3 (um terço) do tempo remido, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar (art. 127, da
LEP, com a redação da Lei no 12.433/2011).
Por �m, o tempo remido – isto é, devidamente homologado judicialmente – será computado como pena cumprida,
não somente para �ns de concessão de livramento condicional ou indulto, mas, sim, para todos os efeitos (art. 128, da
LEP, com a redação da Lei no 12.433/2011).
Detrair (detrahere) signi�ca abater o crédito. No caso vertente, detração penal é o desconto ou abatimento, no tempo
de�nitivo da pena ou da medida de segurança imposta na sentença, do período em que o agente esteve privado da
liberdade em virtude de prisão processual, prisão administrativa ou internação cautelar em hospital de tratamento e
custódia, conforme referido no art. 42, do CP.
Prisão processual ou provisória compreende tanto aquela havida no país como no estrangeiro. É o que ocorre, por
exemplo, nos casos de extradição ativa, ou seja, daquela pedida ao do Governo do Brasil, pelo Estado interessado ou
pela Interpol, que o encaminhará ao Supremo Tribunal Federal (art. 82, da Lei n. 6.815/1980, com a redação dada pela
Lei n. 12.878/2013). Ao lado da prisão para �ns de extradição, o gênero prisão provisória compreende as seguintes
espécies:
Prisão em �agrante (art. 301, do CPP);
Prisão preventiva (arts. 311 e 312, do CPP, com a redação dada pela Lei n. 12.403/2011);
Prisão temporária (art. 1o, da Lei no7.960/1989).
A prisão administrativa ainda existia quando da promulgação do Código de 1984 e dizia respeito àquela então
decretada pelo Ministro da Justiça, bem como às de cunho militar. Na atualidade, somente remanesce a prisão
administrativa militar. A prisão administrativa civil – incidente nas hipóteses de extradição ou expulsão de estrangeiros
– deixou de existir com a determinação constitucional de que ninguém será preso senão em �agrante delito ou por
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente (art. 5o, LXI, da CF/1988).
A detração opera não somente com a prisão provisória ou prisão militar, mas, também, nas hipóteses de imposição de
medida de segurança de internação, quando o agente tenha permanecido, no curso do processo, recolhido em hospital
de custódia e tratamento psiquiátrico.
Segundo Cezar Bitencourt (apud Japiassú e Souza, 2018), essa regra deveria ser igualmente estendida para os casos
de internação em casas de saúde, com �nalidade terapêutica. Diverge-se, todavia, de tal opinião, pois, além da falta de
amparo legal, essa possibilidade de abatimento ressentir-se-ia de controle judicial adequado, podendo dar margem a
diversos abusos, em especial para inculpados que tiverem condições �nanceiras para arcar com internações em
clínicas particulares.
De outro lado, tem-se que a efetivação da detração há de pressupor a existência de vínculo fático entre a pena privativa
de liberdade ou a medida de segurança e a privação da liberdade que lhes antecedeu. Numa palavra, é preciso que o
título da prisão de�nitiva tenha a mesma base empírica da prisão cautelar.
Por conta disso, questiona-se sobre a possibilidade dela ser estendida para fatos diversos daqueles que motivaram a
prisão. Imagine-se a hipótese de alguém permanecer preso preventivamente por quatro anos e, ao cabo da sentença
condenatória, sofrer uma pena privativa de liberdade no patamar de dois anos. Os outros dois anos de crédito
poderiam ser utilizados para abater uma condenação por outro delito?
Em regra, a doutrina repele o chamado efeito conta-corrente, só o admitindo, excepcionalmente, para hipóteses em
que o delito diverso tenha sido cometido antes do seu encarceramento. Da mesma maneira, é �rme a jurisprudência
do STF no sentido de não ser possível creditar-se ao réu qualquer tempo de encarceramento anterior à prática do
crime que deu origem a condenação subsequente.
A�gura-se correto o entendimento restrito de extensão da detração para outro processo, desde que se trate de delito
anteriormente cometido. A tese de um crédito a ser sacado a posteriori é incompatível com os fundamentos do Direito
Penal. Nada impede, por óbvio, que aquele que se sinta lesado com uma prisão cautelar que não redundou em
condenação ou que tenha �cado aquém do tempo de segregação provisória possa vir a pleitear indenização civil
contra o Estado. O raciocínio ora exposto é corroborado pela regra do art. 5°, LXXV, da CF/1988.
Por �m, não cabe detração para os casos de prisão civil do devedor de alimentos, (art. 5°, LXVII, da CF/1988),
decorrente do atraso das respectivas prestações, decretada nos termos do art. 733, do CPC. Dessa forma, ainda que
esteja relacionado com o delito capitulado no art. 244, do CP, mas por se tratar de prisão estritamente civil, resta
excluída a possibilidade de detração penal.
Disciplina e regime disciplinar diferenciado
A disciplina penal é de�nida como dever geral do preso provisório e do condenado à pena privativa da liberdade ou restritiva de
direitos, consistente nas seguintes obrigações: colaboração com a ordem, obediência às determinações e desempenho no
trabalho (art. 44, parágrafo único, da LEP). O princípio da legalidade exige prévia e expressa de�nição legal das faltas e das
sanções disciplinares (art. 45, da LEP), proibindo-se sanções coletivas, celas escuras e expor ao perigo a integridade física e
moral do condenado.
As faltas disciplinares, conforme previsto na legislação brasileira, sãode�nidas como graves, médias e leves (art. 49, da LEP),
sendo que as primeiras são de�nidas pela própria Lei de Execuções, em seu art. 50, e as demais são estabelecidas pelas
legislações dos Estados brasileiros.
São faltas graves para as penas privativas da liberdade:
01 Incitar ou participar de movimentos de subversão à ordem ou à disciplina;
02 Fugir;
03 Ter a posse indevida de instrumento capaz de ferir a integridade corporal de outrem;
04 Provocar acidente de trabalho;
05 Violar os deveres de obediência ao servidor e respeito a outras pessoas e de execução dos trabalhos, tarefas e ordens(art. 50, da lep).
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Por �m, a prática de fato de�nida como crime doloso também constitui falta grave. De outra maneira, se tiver como
resultado a subversão da ordem e da disciplina interna, pode acarretar a imposição do Regime Disciplinar Diferenciado
(art. 52, da LEP), a seguir analisado.
No direito brasileiro, as sanções disciplinares são aplicadas levando em conta a natureza, os motivos, as
circunstâncias e as consequências do fato, a pessoa do condenado, e o tempo de prisão (art. 57, da LEP). No que se
refere ao procedimento disciplinar, assegura-se o direito à defesa e à decisão motivada, sendo certo que durante esse
período admite-se o isolamento celular preventivo, no interesse da disciplina e da apuração do fato (arts. 59 e 60, da
LEP).
Compete ao diretor do estabelecimento penitenciário a aplicação das sanções disciplinares, mediante o procedimento
especí�co (arts. 47 a 54, da LEP). A única exceção é a imposição do regime disciplinar diferenciado, que depende de
decisão judicial, precedida de manifestação do Ministério Público e a defesa do condenado (art. 54, §§ 1° e 2°, da LEP).
São as seguintes as sanções disciplinares previstas no direito brasileiro:
Advertência verbal e repreensão;
Suspensão ou restrição de direitos;
Isolamento celular;
Regime disciplinar diferenciado (RDD).
A advertência verbal e a repreensão são sanções disciplinares aplicáveis às faltas leves e médias, de�nidas nas
legislações estaduais. Já a suspensão ou restrição de direitos e o isolamento celular dizem respeito às faltas graves,
respeitado o limite de 30 (trinta) dias, além da necessidade de imediata comunicação ao Juiz da Execução (art. 58 e
parágrafo único, da LEP).
Por seu turno, o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) constitui uma alteração recente na Lei de Execuções Penais
(incluída pela Lei no 10.792/2003).
Em realidade, o Regime Disciplinar Diferenciado surgiu, inicialmente, no estado de São Paulo, por força da Resolução
da Secretaria de Administração Penitenciária no 26/2001, em resolução de rebelião em diversas penitenciárias
estaduais, organizada por um mesmo grupo criminoso organizado. Tal medida gerou uma discussão sobre a sua
constitucionalidade, que, a�nal, foi superada com a mencionada Lei no 10.792/2003. Sobre o tema, vide Kuehne,
Maurício. Lei de Execução Penal anotada. 4. ed., Curitiba: Juruá, 2004, p. 149-158.
É aplicável o RDD aos presos, condenados ou provisórios, nos seguintes casos:
Prática de crime doloso que determine subversão da ordem ou da disciplina interna;
Situações de alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade;
Situações de fundadas suspeitas de envolvimento ou participação em organizações criminosas, associação
criminosa (art. 52, §§ 1o e 2o, da LEP).
O RDD tem duração máxima de 360 (trezentos e sessenta) dias, sem prejuízo de repetição da sanção disciplinar, no
caso de falta grave da mesma espécie, até o limite de 1/6 (um sexto) da pena aplicada. Deve ser cumprido em cela
individual, admitindo-se visitas de até 2 (duas) pessoas, além de crianças, com duração de até 2 (duas) horas e com
saída para banho de sol, por duas horas diárias (art. 52, I a IV, da LEP).
O procedimento para imposição do RDD se inicia por requerimento circunstanciado do diretor do estabelecimento
prisional, com manifestação do Ministério Público e respeito ao direito de defesa, mediante decisão prévia e
fundamentada do juiz de execução, por prazo de 15 (quinze) dias. Excepcionalmente, a autoridade administrativa pode
decretar o isolamento do preso por até 10 (dez) dias, sendo certo que a inclusão no RDD dependerá, necessariamente,
de decisão judicial. Esse isolamento preventivo será detraído no período de cumprimento da sanção disciplinar (art. 60,
parágrafo único, da LEP).
O RDD vem sendo objeto de inúmeras e severas críticas por parte importante da doutrina brasileira, sob o argumento
da inconstitucionalidade de tal medida, por violar, entre outros, o princípio da dignidade da pessoa humana.
No mesmo sentido, ao editar a Resolução no 08/2004, o próprio Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária
(CNPCP), Órgão subordinado ao Ministério da Justiça, ao qual compete propor diretrizes e sugerir metas e prioridades
da política criminal e penitenciária, dentre outras atribuições previstas no art. 64 da LEP, acolheu o Parecer contrário à
instituição do RDD, aprovado, por unanimidade, sustentando a violação da Constituição Federal, de Tratados
Internacionais de Direitos Humanos e das Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento de Prisioneiros.
Ademais, ressaltou-se a incompatibilidade da nova sistemática em diversos e centrais aspectos, tais como a falta de
garantia para a sanidade do encarcerado e duração excessiva, implicando violação à proibição do estabelecimento de
penas, medidas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes, prevista nos instrumentos citados. Por �m,
sustentou-se que a falta de de�nição clara das condutas, além da ausência de correspondência entre a suposta falta
disciplinar praticada e a punição decorrente, revelam que o RDD não possui natureza jurídica de sanção administrativa,
sendo, antes, uma tentativa de segregar presos do restante da população carcerária, em condições não permitidas
pela legislação.
Monitoramento eletrônico
Em 16 jun. 2010, entrou em vigor a Lei no 12.258, que alterou o Código Penal e a Lei de Execução Penal para possibilitar a
utilização de equipamento de vigilância indireta pelo condenado. Essa lei é passível de inúmeras críticas, principalmente se se
considerar que poderíamos ter aprovado uma legislação que realmente utilizasse o monitoramento eletrônico de presos para
reduzir o contingente carcerário e os custos do aprisionamento.
Nesse sentido, critica-se a Lei no 12.258/2010 pela não previsão de utilização experimental do monitoramento eletrônico, um
grave problema na medida em que não é possível prever, sem testes, os efeitos bené�cos da medida no sistema penitenciário
brasileiro.
 Origem do Monitoramento Eletrônico
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A partir de 1946, experiências de controle com a manutenção do preso em seu domicílio foram utilizadas no Canadá.
Segundo Rodríguez-Magariños (2007), nos anos sessenta do século passado, o professor da Universidade de Harvard,
Ralph Schwitzgebel, propôs medidas eletrônicas como forma de controle penitenciário de delinquentes e enfermos
mentais. Na década seguinte, L. Barton, Ingraham e Gerald Smith defenderam o uso do monitoramento eletrônico
como uma alternativa real ao cárcere.
Contudo, a verdadeira origem do monitoramento ou bracelete eletrônico decorreu de uma prática judiciária mais
recente. De acordo com Jean-Paul Céré (apud Japiassú, 2018), em 1979, o magistrado norte-americano Jack Love, de
Albuquerque (Novo México), idealizou a criação de um dispositivo que pudesse melhor vigiar os presos, inspirado em
uma história em quadrinhos do Homem-Aranha, na qual o vilão �xa um bracelete eletrônico conectado a um radar no
braço daquele herói, permitindo-lhe localizá-lo onde quer que ele estivesse. Sendo assim, Jack Love entrou em contato
com o engenheiro eletrônico Michael Goss e pediu-lhe que desenvolvesse um sistema de monitoramento, o qual foi
testado pelo próprio magistrado em 1983, tendo ordenado, posteriormente, a utilização do mecanismo parasupervisionar cinco delinquentes de sua cidade. A primeira pulseira eletrônica passou a denominar-se Gosslink,
decorrente da união da palavra link e do sobrenome do engenheiro que a criou.
Portanto, foi nos Estados Unidos que se deu início ao monitoramento eletrônico, cujo desenvolvimento originou-se de
projetos pilotos, notadamente em Washington, na Virgínia e na Flórida.
Partindo das justi�cativas encontradas nos países em que o monitoramento eletrônico foi introduzido, pode-se
determinar um triplo objetivo para a utilização de tal sistema:
Combate à superpopulação carcerária;
Redução dos custos advindos do encarceramento;
Diminuição do risco de reincidência criminal, contribuindo para a ressocialização do condenado.
Na prática, os braceletes ou tornozeleiras eletrônicas têm sido utilizados para evitar a prisão do indivíduo que espera
julgamento, do condenado a uma pena curta de prisão, ou, ainda, daquele que esteja prestes a cumprir a totalidade da
pena privativa de liberdade. Em alguns casos, o dispositivo é utilizado para menores e aos chamados
multirreincidentes. Por isso, tal medida foi vista como idônea a evitar os efeitos dessocializadores da prisão,
permitindo ao indivíduo conservar ou restabelecer uma vida social e pro�ssional.
Registre-se que a adoção do monitoramento eletrônico pode ser feita, basicamente, por meio de dois sistemas:
A variante front-door busca evitar o ingresso do condenado na prisão, podendo consistir em uma pena principal
ou em uma alternativa à execução da pena privativa de liberdade, além de aplicar-se a casos de suspensão
condicional da pena e prestação de serviços à comunidade;
O modelo back-door pressupõe uma redução do tempo do condenado na prisão por meio da substituição do
período restante a ser cumprido no cárcere pelo monitoramento eletrônico, de forma a proporcionar uma
readaptação gradual do presidiário ao meio extramuros.
É necessário frisar que, a despeito de não se pode afastar por completo o argumento �nanceiro (que foi utilizado,
inclusive, durante a votação da lei sobre o monitoramento eletrônico francês), nos países europeus, prevalece a ideia
de que as medidas penais devem ser escolhidas não apenas pelo seu aspecto econômico, mas, precipuamente, por
sua utilidade social.
Ademais, a acolhida do monitoramento eletrônico é justi�cada por sua potencialidade preventiva, eis que constitui um
poderoso instrumento de neutralização de atos de delinquência durante a execução da medida. A retirada do
condenado do contato carcerário, bem como os benefícios advindos do trabalho e da manutenção de uma vida social
e familiar, concorre para a diminuição do risco de recidivas. Ressalta-se que existe a possibilidade de instituição de
cobrança de uma taxa elevada do condenado em caso de reincidência.
A demonstrar a utilidade e a relevância da medida, na França, entre os anos de 2000 e 2003, computaram-se somente
quinze casos de reincidência de um total de 1.136 medidas de monitoramento eletrônico aplicadas.
É neste contexto que se iniciaram as experiências de controle a distância por meio da utilização do monitoramento
eletrônico de presos que constitui, hoje, instrumento indispensável aos sistemas de justiça criminal. A título ilustrativo,
o monitoramento eletrônico foi implementado nos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Suécia, Países Baixos,
Holanda, França, Bélgica, Itália, Alemanha, Espanha, Portugal, Suíça, Hungria, Andorra, Austrália, Nova Zelândia,
Argentina, Israel, Singapura e África do Sul.
No Brasil, o escasso debate sobre a monitoramento eletrônico se alterna justamente por essas duas vias, ou seja, a da
utilização como mecanismo para reduzir a superpopulação carcerária ou, de outro lado, como instrumento para
aumentar o controle sobre aqueles que estão fora dos estabelecimentos penitenciários.
Como já mencionado, o sistema penal brasileiro é marcado por um crescente número de pessoas submetidas à prisão
ou outras penas e medidas alternativas. Apesar das elevadas taxas de encarceramento, existe ainda uma elevada
sensação de insegurança, que tem feito com que inúmeros setores da sociedade peçam por punições mais severas e
aumento da segurança pública. Daí a evidente discrepância na utilização do monitoramento eletrônico que tem se
manifestado no Brasil.
Mesmo diante de debate insu�ciente e de não se ter tornado um tema central em matéria penal e penitenciária no
Brasil, foram aprovadas leis estaduais sobre monitoramento eletrônico, como, por exemplo, a Lei do Estado de São
Paulo no 12.906/2008.
No âmbito federal, como dito anteriormente, entrou em vigor a Lei no 12.258/2010, que alterou o Código Penal e a Lei
de Execução Penal para possibilitar a utilização de equipamento de vigilância indireta pelo condenado. Essa Lei prevê
as hipóteses em que caberá o monitoramento eletrônico.
A lei federal prevê alterações nos arts. 122, 124 e 146, todos da Lei de Execução Penal. O art. 122 só teve aprovado o
seu parágrafo único, que dispõe a respeito de não ser impedida a utilização do monitoramento eletrônico por
condenados mesmo em casos de ausência de vigilância direta, se assim determinar o juiz da execução.
Na hipótese do atual art. 122, mesmo nos casos de ausência de vigilância direta será possível a colocação do
condenado sob monitoramento eletrônico quando houver determinação judicial, o que demonstra apenas um aumento
do controle penal por parte do Estado e não o cumprimento dos objetivos da medida (diminuição dos custos e redução
do número de encarcerados).
A alteração realizada no art. 124 consiste na inclusão do parágrafo primeiro, com a presença de três incisos, e dos
parágrafos segundo e terceiro. Versa a alteração sobre as condições impostas para a obtenção do benefício da saída
temporária:
Fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante o gozo do
benefício;
Recolhimento à residência visitada, no período noturno;
Proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres;
Possibilidade de imposição de outras condições quando o juiz entender compatível com as circunstâncias do
caso e com a situação do condenado.
Além das condições anteriormente mencionadas, o parágrafo segundo estabelece que quando se tratar de frequência
a curso pro�ssionalizante, de instrução de ensino médio ou superior, o tempo de saída será o necessário para o
cumprimento das atividades discentes. E, nos demais casos, as autorizações para saídas temporárias somente
poderão ser concedidas se houver um prazo mínimo de quarenta e cinco dias de intervalo entre uma saída e outra
(parágrafo terceiro). A proposta de alteração do art. 146, prevista na Seção VI, Da Monitoração Eletrônica, também foi
objeto de vetos, sendo aprovados os arts. 146-B, 146-C e 146-D. Apenas o último não sofreu vetos parciais.
O art. 146-B de�ne as hipóteses de cabimento do monitoramento eletrônico pelo juiz quando este autorizar saídas
temporárias no regime semiaberto e quando determinar a prisão domiciliar.
Com relação à saída temporária no regime semiaberto cabe a mesma a�rmação feita anteriormente, ou seja, haverá
um aumento do controle penal por parte do Estado em condenados que, em virtude de já terem cumprido parte de sua
pena ou por terem praticado crimes que permitam tal regime, já são considerados aptos a não �carem sob vigilância
estatal permanente, não ocorrendo, entretanto, a diminuição dos custos e a redução do número de encarcerados,
como pretendido pelo legislador.
O art. 146-C versa sobre os cuidados que o condenado deverá ter com o aparelho que realizará a vigilância e sobre os
seus deveres, bem como as consequências para a violação de tais regras. Este artigo não merece reparos, vez que as
consequências que podem ser originadas no caso de violação comprovada dos deveres e das condições impostas
pela lei estão previamente descritas pelo legislador e não violam direitos fundamentais do condenado. Além disso,
prevê o dispositivo legal que o monitoramento eletrônico será revogado depois de ouvidoo Ministério Público e a
defesa, o que garante ao condenado a oportunidade de se manifestar a respeito do não cumprimento de suas
obrigações.
Por �m, o art. 146-D versa sobre a revogação do monitoramento eletrônico quando este se apresentar desnecessário
ou inadequado e quando o acusado ou condenado violar os deveres a que estiver sujeito ou cometer falta grave.
Importante destacar que o artigo não faz menção à necessidade de fundamentação da decisão judicial quando for
necessária, por qualquer dos motivos indicados na norma, a revogação da medida e também não se refere à
necessidade de manifestação das partes. Apesar disso, a decisão judicial que revogar a medida deverá ser
fundamentada, sob pena de nulidade (art. 93, IX, da CF/1988) e, seguindo a regra do art. 146-C, o Ministério Público e a
defesa deverão se manifestar com relação à revogação.
Atividades
1. São penas privativas da liberdade previstas na legislação penal brasileira, exceto:
a) Prisão.
b) Detenção.
c) Reclusão.
d) Prisão simples.
e) Prisão domiciliar.
2. O CP brasileiro adotou o sistema:
a) Auburniano.
b) Filadélfico.
c) Progressivo.
d) Do completo isolamento.
e) Regressivo.
3. Sobre o regime inicial de cumprimento das penas privativas da liberdade, assinale a alternativa correta:
a) Caso a pena seja de 3 anos de reclusão, o regime inicial poderá ser o fechado.
b) Caso a pena seja de 6 anos de detenção, o regime inicial poderá ser o fechado e o semiaberto.
c) Caso a pena seja de 3 anos de detenção, o regime inicial será o aberto.
d) Caso a pena seja de 6 anos de detenção, cabe sempre, como regime inicial, o semiaberto.
e) Caso a pena seja superior a 8 anos, cabe, como regime inicial, o fechado e o semiaberto.
4. A legislação penal brasileira prevê para o regime fechado:
a) A proibição do trabalho extramuros.
b) Cumprimento em estabelecimento penal de segurança máxima, média ou mínima.
c) Admissibilidade de celas individuais ou duplas.
d) Trabalho comum durante o dia.
e) Desnecessidade de exame criminológico.
5. São regimes prisionais, exceto:
a) Regime fechado.
b) Regime semiaberto.
c) Regime disciplinar diferenciado.
d) Regime aberto.
e) Regime das mulheres.
NotasReferências
JAPIASSÚ, C. E. A.; SOUZA, A. B. G. Direito penal: volume único. São Paulo: Atlas, 2018, p. 314-333.
FREITAS, B. G. Direito Penal II. Rio de Janeiro: SESES, 2016, p. 62-63 e 87-97.
RODRÍGUEZ-MAGARIÑOS, F. G. . Valencia: Tirant lo
Blanch, 2007. p. 55.
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Substituição e conversão;
Pena de multa.
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Dotti, René Ariel. Curso de Direito Penal. Parte Geral. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004.

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