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Filosofia e Ética - Aula 5 - Responsabilidade Moral, Determinismo e Liberdade

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Responsabilidade Moral, 
Determinismo e Liberdade 
AULA 5 
Izabela Costa | Filosofia e ética | 04/04/2020 
PÁGINA 1 
Introdução 
Na medida em que são avaliados pelos seus resultados e consequências, os atos 
morais são complexos por provocarem efeitos não só no sujeito que se propôs a realizá-
los, mas no comportamento de todos os que interagem na vida em sociedade. Quem age 
se responsabiliza pelo rumo escolhido de suas ações, tendo certa liberdade de opção e 
decisão. 
Nesta aula, veremos alguns exemplos dessas razões e suas consequências em sociedade. 
Responsabilidade moral 
Não são só as normas que servem de parâmetros para avaliarmos determinado ato, é 
necessário também examinarmos em que condições ocorre, graduando a 
responsabilidade de seu autor e perguntando: sob quais circunstâncias alguém é louvado 
ou censurado por agir de uma certa maneira? 
Vamos a um exemplo: 
− Roberto é um jovem bastante ativo na sociedade, ainda que conviva com o 
preconceito pelo fato de ser portador de síndrome de Down. Sua mãe, Rosângela, 
atribui a Roberto uma série de atividades diárias, como fazer a feira, ir ao banco 
etc. 
− Certo dia, ao entrar no supermercado, Roberto se viu diante da sessão de 
chocolates. Como já sabia que sua mãe confere sempre a nota fiscal, bem como 
sabia que ela não permite comprar esse tipo de alimento, Roberto resolveu 
colocar no bolso da calça uma pequena embalagem. 
Pare para pensar: podemos responsabilizar Roberto pelos seus atos, se pensarmos 
no roubo cometido por um doente mental? Questões correntes já na Grécia Antiga, com 
elas se ocupa Aristóteles em sua Ética a Nicômaco (2001, II, 4, 11º5ª30), refletindo sobre 
o ato voluntário e concluindo que ele se realiza quando “o agente se encontra disposto 
a fazê-lo, pois tem conhecimento do que faz. Além disto, deve escolher de sua própria 
vontade os atos em função dos mesmos; em terceiro lugar, sua ação deve proceder de 
uma disposição moral firme e imutável”. 
 
 
 
 
 
PÁGINA 2 
ANÁLISE DA AÇÃO MORAL 
Devemos destacar cinco momentos na análise das diversas ações morais: 
 
 
“(...) tão-somente o conhecimento, de um lado, e a liberdade, de outro, permitem falar 
legitimamente de responsabilidade. Pelo contrário, a ignorância, de uma parte, e a falta 
de liberdade, de outra (entendida aqui como coação), permite eximir o sujeito da 
responsabilidade moral” (VÁZQUEZ: 2002,110). 
 
Duas condições entram em consideração: consciência versus ignorância, 
liberdade versus coação externa/coação interna. 
Ignorância e responsabilidade moral 
Quem não tem consciência daquilo que faz está isento de qualquer 
responsabilidade moral? Animando as considerações seguidas no livro III, da Ética a 
Nicômaco, a discussão sobre este tema ganha um rumo definitivo, quando Aristóteles 
afirma (2001, III,1,1110ª): 
“São consideradas involuntárias aquelas ações que ocorrem sob compulsão ou por 
ignorância; e é compulsório ou forçado aquele ato cujo princípio motor é externo ao 
agente, e para o qual a pessoa que age não contribui de maneira alguma para o ato, 
porém, pelo contrário, é influenciado por ele. Por exemplo, quando uma pessoa é 
levada a alguma parte pelo vento, ou por homens que a têm em seu poder”. 
 
 
 
 
 
PÁGINA 3 
Distinguir ações que se passam por e na ignorância torna-se essencial. Vejamos o que 
Aristóteles considera: 
“Tudo o que é feito por ignorância é não-voluntário, e só que produz sofrimento e 
arrependimento é involuntário. Com efeito, o homem que fez alguma coisa por 
ignorância e não sente nenhum pesar pelo que fez, não agiu voluntariamente, pois não 
sabia o que fazia, nem tampouco agiu involuntariamente, visto que isso não lhe causa 
pesar algum. Desse modo, entre as pessoas que agem por ignorância, as que se 
arrependem, que sentem pesar, são consideradas agentes involuntários, e as que não se 
arrependem podem ser chamadas de agentes não-voluntários, pois em razão dessa 
diferença é melhor que tenham uma denominação distinta. 
 
Agir por ignorância (...) parece diferir de agir na ignorância, pois se considera que um 
homem (...) encolerizado age não por ignorância, (...) mas sem saber o que faz, (...) na 
ignorância” (ARISTÓTELES:2001,III,1,1110b17-29). 
Ações “por” e “na” ignorância 
Veremos algumas situações sobre ações por ignorância e ações na ignorância. Ao 
final, haverá uma situação na qual você deverá responder à pergunta formulada. Vamos 
começar? 
AÇÕES POR IGNORÂNCIA: João Pedro decidiu se embriagar. Após beber, 
pegou seu carro e atropelou um casal que estava aguardando o ônibus para voltar para 
casa. Embriagado, um sujeito não tem consciência de um crime que comete, mas podia 
e não devia ignorar que a bebida poderia levá-lo à delinquência. Agir por ignorância não 
exime a responsabilidade moral do agente. 
AÇÕES NA IGNORÂNCIA: Patrício era um jovem lutador de boxe, e 
finalmente havia conseguido chegar à final do campeonato amador que disputava. Na 
luta final, acabou acertando um golpe que provocou em seu adversário um AVC 
(acidente vascular cerebral). Logo após a luta, Patrício soube que seu oponente havia 
morrido. Patrício comportou-se inocentemente, ignorando as circunstâncias que o 
levaram a agir: agiu na ignorância, não sendo responsável por aquilo que fez. 
Agora vamos aplicar à uma situação: 
− Cristina, de 5 anos de idade, estava numa fase de pura brincadeira; tudo era 
motivo para risos e diversão no apartamento em que morava com os pais. Certa 
vez, decidiu jogar um ovo pela janela simplesmente pela curiosidade de ver como 
o ovo ficaria, já que em sua casa ela não poderia fazer isso. Entretanto, o ovo 
atingiu o olho do porteiro do prédio e o cegou. Agora lhe pergunto, essa ação, 
foi “por ignorância” ou “na ignorância”? 
Cristina não tinha qualquer consciência da possibilidade de cegar o porteiro, muito menos sabia 
que algo tão frágil, como um ovo, poderia ferir alguém. As ações POR ignorância não eximem a 
responsabilidade moral do agente. Uma criança que não atingiu a maturidade necessária para ser 
responsabilizada por sua ignorância e comportamentos que são determinados por contextos 
histórico-sociais, como na antiga sociedade grega, em que relações morais ocorriam apenas entre 
PÁGINA 4 
homens livres, nunca entre homens livres e escravos. Dados objetivos, assim (desenvolvimento 
psicológico, condições histórico-sociais), desobrigam sujeitos de qualquer responsabilidade 
moral. 
Coação externa, coação interna e responsabilidade moral 
Segunda condição para alguém ser responsabilizado moralmente: seu 
comportamento ser desencadeado pela sua própria vontade, inexistindo algo ou uma 
pessoa que o force a realizar o ato. Pois, como menciona Aristóteles (2001:III, 1,1110b): 
Que espécies de ações (...) devem ser chamadas forçadas? São aquelas em que, sem 
restrições de nenhum tipo, a causa é externa ao agente, o qual em nada contribui para 
tal ação (...). Os que agem forçados e contra a sua vontade, agem sofrendo, mas quem 
pratica atos por serem agradáveis ou nobres, pratica-os com prazer. 
Na medida em que a causa do ato forçado está fora do agente, escapando ao seu 
poder e controle, inexiste a liberdade para decidir e agir por conta própria: age-se 
pressionado por uma coação externa. 
LIBERDADE VERSUS COAÇÃO 
A relação coação-ato apresenta-se sob duas modalidades distintas, e veremos 
alguns casos que tratam deste tema. Ao final, haverá uma situação na qual você deverá 
responder à pergunta formulada. Vamos começar? 
− Renato trabalha como segurança numa firma de transportes bancários, e faz 
parte de seu cotidiano profissional acompanhar os veículos que transportam 
dinheiro até os bancos, fazendo a escolta dos carros-fortes da firma. 
− Certa vez o patrão de Renato, Rodrigo, determinou a ele que aproveitasse uma 
dessas viagens profissionais para cobrar uma dívida pessoal que Sandro havia 
adquirido junto a Rodrigo. O patrão disse: “bota a arma na cara delee cobra o 
dinheiro”. Renato tentou discordar, mas foi ameaçado de demissão caso não 
cumprisse tal ordem. 
No caso de um tirano que ordena a alguém que pratique um ato ignóbil, 
determina-se a escolha pela circunstância. Perdendo o controle da situação, o agente 
não decide, nem escolhe livremente o que irá realizar. Estando a causa de seu 
comportamento fora de si, ele não pode ser responsabilizado pelo que acontece. 
Vamos agora à outra situação: 
− Carolina é uma escritora que sofre uma doença degenerativa grave e que pode 
sobreviver dois ou três anos caso receba tratamento adequado. Inicialmente ela 
segue a orientação médica, tomando regularmente os medicamentos 
recomendados, mas começa a escrever o livro de seus sonhos. 
PÁGINA 5 
− Os remédios, abalando sua concentração e tornando-a bem menos criativa, lhe 
impõem um dilema: continuar o tratamento e prolongar sua vida, ou terminar 
com êxito seu livro? 
A partir dessa situação, pergunto-lhe: Podemos considerar o ato de Carolina 
isenta de responsabilidade moral caso pare de tomar os remédios que irão salvar sua 
vida? 
Há uma escolha interna neste caso, apesar da coação extrema importa pelo quadro de 
doença terminal, que não pode eximir a responsabilidade moral do agente. 
 
Mais um caso... 
A atriz Winona Ryder foi um caso notório de cleptomania, que se tornou público 
quando a atriz foi detida pelo segurança de uma loja de departamento nos Estados 
Unidos ao tentar sair sem pagar, apesar de possuir dinheiro (muito!) mais do que 
suficiente para adquirir os produtos pelas vias “normais”. 
Acabamos de ver duas situações em que os conceitos de liberdade e coação foram 
explorados. E no caso da cleptomania, como poderíamos situá-la dentro deste contexto? 
A cleptomania é um estado considerado doentio para a psiquiatria, uma neurose 
obsessiva, onde, a pessoa é inteiramente submissa às obrigações que lhe impedem de ser 
ele mesmo. 
Sob a força desta compulsão, não estando consciente do que faz, o agente 
desconhece os motivos verdadeiros de sua ação e não tem meios para avaliar sua 
natureza moral e consequências. 
Em linhas gerais, esse é um quadro psíquico que altera “A vida psíquica em um 
determinado momento, já que a cada momento do tempo (em que agimos, pensamos, 
refletimos ou mesmo sonhamos) corresponde uma experiência vivenciada 
correlativamente a uma certa ordem ou certa desordem, a uma diferenciação ativa ou 
relaxamento da consciência” (cf. EY,BERNARD,BRISSET:1981,99). 
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