Buscar

Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro - Âmbito Jurídico (3)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

23/03/2020 Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro - Âmbito Jurídico
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/lei-de-introducao-as-normas-do-direito-brasileiro/ 1/9
      
Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro
01/05/2016
Resumo: Este artigo possui função propedêutica ao buscar o esclarecimento dos ingressantes no
curso de Direito e interessados acerca dos seis primeiros artigos da Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro[1].
Palavras-chave: LINDB. Direito Civil. Lex legum. Introdução.
Abstract: This article has workup function to give clarification for the freshmen in the course of law
and interested about the first six articles of Introductory Law to Brazilian Rules.
Keywords: LINDB. Civil Law. Lex legum. Introduction.
Sumário: Introdução. 1. Aspectos gerais do Código Civil.  2. A Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro. 2.1. Vigência das leis. 2.2. Modificação e revogação das leis. 2.3. Obrigatoriedade
das leis. 2.4. Lacunas da lei. 2.5. Aplicação das leis. Conclusão. Referências.
Introdução
O ordenamento jurídico brasileiro é pautado nos ideais de um Estado Democrático de Direito, que
busca a proteção à dignidade humana em seus diversos aspectos. Os direitos básicos ao homem são
assegurados pelos princípios instituídos na carta constitucional, compreendida como a raiz de todo o
Direito nacional, pela qual os mais variados ramos da experiência jurídica se baseiam.
É necessária, para os juristas, a compreensão acerca do instrumento que objetiva regular a aplicação
das normas jurídicas:a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, que, embora anexa ao
Código Civil, possui caráter universal, sendo destinada a todas as esferas do Direito.
Pesquisar... 
https://ambitojuridico.com.br/
23/03/2020 Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro - Âmbito Jurídico
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/lei-de-introducao-as-normas-do-direito-brasileiro/ 2/9
1. Aspectos gerais do Código Civil
Com o passar dos anos, ocorre a transformação dos valores que permeiam a sociedade, seja por
momentos marcantes na história ou pelo próprio andamento social. O que antes era aceito
passivamente em determinada época e defendido fervorosamente pode ser, com o tempo, colocado à
prova diante de uma série de questionamentos, capazes de mudar o rumo do pensamento humano.
Os grandes conflitos armados que marcaram a primeira metade do século XX alteraram as ideias
então propagadas mundialmente, resultando no enfraquecimento da obediência absoluta à lei, em
razão da reflexão acerca da relação entre legalidade e legitimidade, e na preocupação com o homem e
sua dignidade. O engenho humano fora utilizado com finalidade mortífera, pela qual até mesmo os
civis foram alvos das tropas em guerra.
O papel do Direito partiria da necessidade de regular a conduta da sociedade de acordo com o tempo
e o espaço. É indispensável, portanto, que esteja ele adequado com a realidade de cada época,
modificando-se quando for o caso, visando ao acompanhamento do percurso social na história. Foi o
que ocorreu, por exemplo, com as diretrizes do direito privado brasileiro, baseando-se na
promulgação da Constituição cidadã.
O antigo Código Civil, elaborado pelo jurista Clóvis Beviláqua, fora baseado no Código Civil francês
e seguia os ideais propagados entre o final do século XIX e o início do século XX, período de forte
apego ao individualismo em relação ao direito de propriedade, em detrimento da integridade humana.
Com bases conservadoras – principalmente ao que diz respeito à família –e de caráter puramente
patrimonialista, o Código de 1916 era dividido em artigos breves e de profunda abstração, dotados de
clareza e técnica jurídica.Sua Lei de Introdução foi substituída pelo Decreto-lei n° 4657/1942,
consagrando a Lei de Introdução ao Código Civil, modificada pela Lei n° 12376 de 2010, que
resultou na atual Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, da qual trataremos
posteriormente.
Após a elaboração do antigo CódigoCivil brasileiro, a sociedade passou por imensas mudanças,
através das quais as mulheres assumiram seus papéis no mercado de trabalho e conquistaram direitos
considerados restritos ao público masculino, o conceito de família tradicional com traços do
paternalismo colonial é enfraquecido e o olhar voltado à coletividade surge gradualmente.
23/03/2020 Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro - Âmbito Jurídico
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/lei-de-introducao-as-normas-do-direito-brasileiro/ 3/9
Na busca pela adequação a essa nova realidade, é lançado em 1960 um anteprojeto baseado em
modificações ao CC/16, sem que haja, porém, a criação de um novo Código. As antigas leis passam a
ser consideradas ultrapassadas e caem em desuso, o que obriga a elaboração de um novo anteprojeto
pelo jurista Miguel Reale, nos anos de 1968 e 1969. No entanto, o foco era a nova Constituição
federal e, consequentemente, o novo projeto permaneceu em segundo plano durante anos. Foram
necessárias diversas adaptações para que o novo Código atingisse os anseios de uma nova sociedade
brasileira que continuou em transformação enquanto a proposta de Reale se mantinha inativa.
O Direito Civil tem como foco a regulamentação no âmbito privado, no que diz respeito às pessoas,
suas relações e seus bens. Inúmeros princípios do direito privado estão positivados na Constituição de
1988, fazendo que muitos pensadores acreditassem na constitucionalização do Direito Civil. Assim
como as demais leis infraconstitucionais, as que se referem ao Código Civil devem estar de acordo
com as normas constitucionais, por meio do princípio da Supremacia da Constituição.
O Código de 2002 atribui uma nova face ao campo privado, concretizando os ideais coletivos na
defesa da função social da propriedade, em detrimento de um individualismo exacerbado advindo da
codificação anterior. Após a promulgação da Constituição cidadã, o objetivo de todos os campos do
Direito passou a ser os direitos do homem, sua dignidade e necessidades fundamentais.
Os princípios norteadores dessa nova obra legislativa são a sociabilidade, a eticidade, a operabilidade
e a concretude. O Direito, portanto, deve ser aplicado de forma a priorizar os interesses sociais na
busca pela diminuição das desigualdades e da concentração de terras nas mãos de poucos, com base
em fundamentos éticos e na boa-fé ao se adequar as normas jurídicas a fatos concretos.
O atual Código buscou manter a estrutura do anterior, abdicando-se do caráter individualista e
dividindo-se em: Parte Geral, que disciplina temas concernentes a pessoas, bens e fatos jurídicos, e
Parte Especial, que abrange, respectivamente, o Direito das Obrigações, Direito de Empresa, Direito
das Coisas, Direito de Família e Direito das Sucessões.
2. A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
Embora regule a aplicação das leis e limite seus movimentos, a Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro não integra o Código Civil, sendo dotada de autonomia. O significado desta Lei de
Introdução vai além de uma mera apresentação às leis civis, sendo destinada a todo o sistema
legislativo brasileiro e conceituada por muitos autores como um conjunto de normas sobre normas.
23/03/2020 Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro - Âmbito Jurídico
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/lei-de-introducao-as-normas-do-direito-brasileiro/ 4/9
Enquanto as leis em geral abordam temas referentes à conduta humana, a Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro diz respeito a própria norma, sua elaboração e vigência, além de sua
aplicação no tempo e espaço. Dentre seus dezenove artigos, os seis primeiros dispõem acerca de
direito público e os restantes, de direito civil internacional.
2.1 Vigência das leis
Segundo o art. 1°, a lei passa a vigorar em todo o país 45 dias após sua publicação oficial, salvo
disposições contrárias. No entanto, é possívelque esse prazo genérico seja alterado conforme a
complexidade e a urgência da norma. É o caso da medida provisória editada pelo chefe do Executivo
em situações emergenciais. Dotada de força de lei, a medida provisória possui eficácia imediata e é
capaz de suspender a eficácia de normas anteriores que com ela se choquem.
O processo legislativo se dá pela elaboração, promulgação e publicação das normas. Quanto maior for
a sua complexidade, mais extenso deverá ser o prazo para que a norma comece a vigorar, a fim de que
a sociedade possa se adaptar gradualmente à mudança. O intervalo entre a publicação e a vigência da
lei é chamado vacatio legis. A lei que entra em vigor na data de sua publicação é lei sem vacatio
legis.
Durante o período de vacância, a lei, embora válida, ainda não é eficaz. A eficácia é mantida com a lei
antiga, assim como a aplicação em casos concretos. A contagem do prazo é calculada pela data da
publicaçãooficial e o último dia do prazo indicado – ainda que incida sobre domingos e feriados –,
podendo ser diversa ao se tratar de negócios jurídicos e situações processuais.
Um dos benefícios da vacatio legis é previsto no §3° do referido artigo, o qual dispõe acerca da
possibilidade de correção de uma lei que ainda não entrou em vigor, havendo uma nova publicação do
texto normativo, passando a ser reiniciado o prazo de contagem a partir da nova publicação. Após o
fim do período de vacância, apenas uma nova lei poderá revogar ou modificar aquela que necessitar
de nova correção (§4° do art. 1°).
Ao tratar da obrigatoriedade das leis brasileiras nos Estados estrangeiros, o §1° do artigo inicial da
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro institui o início da vigência da nova lei, nesse caso,
três meses após a publicação oficial desta no Brasil. O parágrafo subsequente, revogado pela Lei
n.12036/09, permitia a elaboração de prazos próprios de vigência pelos governos estudais mediante
autorização do governo federal.
23/03/2020 Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro - Âmbito Jurídico
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/lei-de-introducao-as-normas-do-direito-brasileiro/ 5/9
2.2 Modificação e revogação das leis
O sistema do Common Law, observado por renomados juristas brasileiros, abrange uma forma
diversa de se viver o Direito. Baseado no direito costumeiro, países como a Inglaterra tem seu
ordenamento jurídico voltado atualmente às decisões judiciais. A ausência de apego às leis escritas
não é comum no Direito brasileiro, que busca nestas a afirmação e a segurança jurídicas, tendo o
costume um papel secundário no cenário jurídico nacional, tornando-o incapaz de modificar ou
revogar uma lei positivada.
Nesse sentido, o art. 2° da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, em consonância com o
caráter de permanência da lei, restringe a vigência da lei à sua revogação ou modificação por outra
que disponha integralmente acerca da matéria da lei revogada ou seja com ela incompatível (§1°). É
necessário, porém, o apontamento expresso do legislador quanto ao texto legal que está sendo
revogado, o que muitas vezes não ocorre. Diante dessa supressão, é papel do intérprete identificar
supostas revogações ocorridas de forma tácita.
Como disposto no §2° do referido artigo, uma lei nova que contenha disposições gerais ou especiais
com relação a leis já existentes não as revoga automaticamente. No ordenamento jurídico brasileiro, é
possível que mais de uma lei regule determinada matéria, desde que com ela não divirja, porém,
quando abordar inteiramente seu assunto, como dito no parágrafo anterior, estará revogando-a.
Com base no parágrafo seguinte, não ocorre no Brasil o fenômeno de repristinação da lei, por meio
do qual a lei revogada seria restaurada caso a lei revogadora não mais vigorasse. É admissível, no
entanto, a possibilidade de suspensão da vigência de uma lei em prol de outra norma, resultando na
ineficácia temporária daquela lei.
2.3 Obrigatoriedade das leis
O alcance da lei é universal, não se destinando somente a determinadas classes sociais, etnias ou
religiões. Uma vez publicada e em vigor, a lei é obrigatória para todos. Tendo a publicação o objetivo
de tornar a lei conhecida, o art. 3° estatui a impossibilidade de o indivíduo escusar-sede cumprir a lei
alegando que não a conhece (ignorantia legis neminem excusat).
Tal dispositivo busca garantir a manutenção da ordem jurídica, que poderia ser prejudicada caso fosse
permitida a alegação de ignorância diante do descumprimento da lei vigente.
23/03/2020 Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro - Âmbito Jurídico
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/lei-de-introducao-as-normas-do-direito-brasileiro/ 6/9
2.4 Lacunas da lei
Por mais amplo que seja o rol de normas previstas no ordenamento jurídico brasileiro, é evidente que
o legislador é incapaz de abranger todos os casos destinados à análise judicial. Considerando a
inadmissibilidade da omissão do Direito na solução de conflitos encaminhados aos tribunais com base
na ausência do dispositivo legal, o art. 4° da Lei de Introdução dispõe acerca do preenchimento de
lacunas por meio da analogia, dos costumes e dos princípios gerais de direito. Embora não afaste a
vigência do dispositivo, o novo Código de Processo Civil limitou o papel desses três institutos, que
passaram a ser aplicados de forma subsidiária.
As operações analógicas não se resumem meramente a um procedimento lógico, por meio do qual o
intérprete analisa situações de maneira mecânica, buscando a semelhança entre estas e o caso a que
lhe é incumbido. São necessários juízos de valor e um vasto aparato ético ao suprimir lacunas da lei
pelo uso de analogias. Muitas vezes, uma grande quantidade de características em comum entre o
caso previsto e o não previsto em lei facilita o uso de analogias, porém não é algo assegurado. Há
circunstâncias em que apenas uma semelhança é capaz de interligá-los, a fim de concretizar o aparato
analógico e dar solução ao caso.
Há autores que dividem a analogia legal da analogia jurídica. Enquanto a primeira parte da
identificação do modelo em certo ato legislativo, as situações embasadas na segunda espécie de
analogia seriam reconhecidas como o ordenamento jurídico em si.
A interpretação extensiva, diferentemente do procedimento analógico, não é caracterizada como
lacuna, pois a lei prevê determinado caso, embora de maneira insuficiente. Neste caso, é evidente a
existência de um dispositivo, sendo necessária, portanto, somente a sua ampliação verbal, de modo a
alcançar o real significado do que fora redigido, embora seja necessário, em ambos os casos, uma
busca por procedimentos alternativos na busca por uma solução que vise à justiça.
Embora possua menor grau de influência em países de direito escrito em razão da expansão
legislativa, é comum a utilização dos costumes na esfera do Direito Comercial brasileiro, e, mesmo
em países onde predomina o Common Law, surge uma forte tendência à positivação de práticas
costumeiras.
Os costumes partem do exercício reiterado de determinada conduta, resultando na prática constante
de um comportamento específico por certa parcela da sociedade, não sendo necessário, porém, que a
atinja como um todo. Para que se tenha um costume, três requisitos são necessários: a incidência dele
23/03/2020 Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro - Âmbito Jurídico
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/lei-de-introducao-as-normas-do-direito-brasileiro/ 7/9
sobre um grande número de pessoas, um lapso razoável de tempo para que ele se propague e a
repetitividade daquela prática pelo grupo em que ele foi disseminado, tornando-se um hábito definido.
 Juridicamente, devem convergir os elementos objetivo, ou seja, a notável repetição habitual de um
comportamento durante um lapso temporal, e o subjetivo, que consiste na consciência popular da
obrigatoriedade de tal comportamento.
O uso atinge um menor âmbitode atuação, e quando reiterado, constante e aceito pelos tribunais,
passa a ser considerado um costume, o qual pode ser secundum legem, contra legem ou praeter
legem. O primeiro mencionado consiste no costume erigido em lei, de forma que o segundo seria o
seu oposto. Os costumes contra legemdivergem do que dispõe o texto legal, podendo causar a
inutilização de certa lei pela sociedade, pondo-a em desuso. É o caso da lei que dispunha acerca do kit
de primeiros socorros no interior dos veículos. A terceira espécie de costume possui caráter
integrativo visando ao preenchimento das lacunas às quais se refere o art. 4° da LINDB.
Devido a sua abstração lógica e amplitude, os princípios gerais de direito não possuem uma definição
certa, no entanto, podem ser compreendidos como enunciações genéricas que buscam orientar o
ordenamento jurídico em seus diversos ramos, compondo o campo do Direito sem se restringir a
meros preceitos morais ou econômicos. O foco na concretização da justiça permite que a
compreensão acerca dos princípios gerais de direito possa ser embasada em um dos mais famosos
brocardos de Ulpiano: honeste vivere, neminem laedere, suum cuique tribuere.
2.5 Aplicação das leis
O art. 5° da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro representa uma nova forma de se
aplicar a lei, atuando como um rumo a ser seguido pelo julgador para que haja a consolidação dos
ideais de justiça e de democracia, em contraposição a uma aplicação neutra, isenta de fundamentação
axiológica, comum nas primeiras codificações modernas, pelas quais o positivismo jurídico
consagrava-se. As leis deveriam ser aplicadas em seu sentido literal. O Código Civil francês, por
exemplo, foi considerado por Napoleão uma obra legislativa completa, e que não necessitava de
interpretação.
Como preceitua o dispositivo legal em exame, o juiz deve proferir suas decisões conforme as
exigências do bem comum e atender aos fins sociais que lhe couberem. De forma a atingir o maior
número de casos possíveis, o art. 5° é considerado pela doutrina como uma cláusula aberta, sendo
papel do julgador adequá-la ao caso concreto.
23/03/2020 Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro - Âmbito Jurídico
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/lei-de-introducao-as-normas-do-direito-brasileiro/ 8/9
Observa-se que o papel do juiz não mais se restringe à aplicação mecânica da lei, ampliando sua
função ao direcioná-lo a uma exegese que atenda aos valores clamados pela sociedade. É necessário,
portanto, que o aplicador do Direito esteja atento aos novos princípios morais que passam a penetrar
no campo social.
O artigo subsequente da Lei de Introdução, em conformidade com o art. 5°, inciso XXXVI, da
Constituição Federal, diz respeito à segurança jurídica diante da proteção ao direito adquirido, ao ato
jurídico perfeito e à coisa julgada. Por incorporarem a esfera dos direitos e garantias individuais, não
podem ser afetados por propostas de emendas à Constituição pelo poder constituinte reformador,
tratando-se das chamadas cláusulas pétreas, asseguradas no art. 60, §4°/CF.Os parágrafos que
seguem o art. 6° da Lei de Introdução conceituam, brevemente, os três institutos mencionados.
Conclusão
Com basena Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro é possível perceber a ampliação da
hermenêutica jurídica na busca pela concretização da justiça. A concepção puramente estatal do
direito e o apego exacerbado à letra da lei, reduzindo o papel do aplicador do Direito a uma mera
subsunção, são gradualmente extintos, em prol da mais profunda interpretação das normas jurídicas,
visando ao bem comum e ao fim social.
Referências
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil: Parte Geral. 21 ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014. –
(Coleção Sinopses Jurídicas; vol. 1).
NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 37ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015.
REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral – vol. 1. 15 ª ed. São Paulo: Atlas, 2015.
 
Nota:
[1]Trabalho orientado pelo Prof. Edvaldo José de Lima, Promotor de Justiça no PR.
Informações Sobre o Autor
Rebecca Victória Lima
Acadêmica de Direito na Universidade Estadual de Londrina
23/03/2020 Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro - Âmbito Jurídico
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/lei-de-introducao-as-normas-do-direito-brasileiro/ 9/9
Direito Civil Revista 148
Deixe uma resposta
 Salvar meus dados neste navegador para a próxima vez que eu comentar.
Deixe seu comentário...
Nome
E-mail
Site
Publicar comentário
https://ambitojuridico.com.br/category/cadernos/direito-civil/
https://ambitojuridico.com.br/category/edicoes/revista-148/

Outros materiais