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Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 0 LIÇÕES DE MACROECONOMIA DEZORDI, Lucas. Lições de Macroeconomia. Curitiba: CEC – Concursos e Editora Curitiba, 2009. Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 1 CAPÍTULO I 1. INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA E FORMAS DE MENSURAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA 1.1 INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ECONÔMICA Antes de definirmos a macroeconomia é importante destacar que o objeto de estudo da economia, em uma visão introdutória, pode ser considerado como: a administração dos recursos (fatores) produtivos limitados para atender as necessidades ilimitadas, isto é, cada vez mais complexas em nossa sociedade. Com isso, devemos definir e destacar a importância dos fatores de produção e do conceito de produto, para entendermos o objeto de estudo das ciências econômicas. FATORES DE PRODUÇÃO: Recursos ou Fatores de Produção são os elementos básicos utilizados na produção de bens e serviços. São classificados em 5 grandes grupos: I) TRABALHO: ( TR ) É todo esforço humano, físico, mental ou intelectual, despendido na produção de bens e serviços. É determinado pela População Economicamente Ativa (PEA): empregada. II) CAPITAL OU BENS DE CAPITAL: ( K ) São bens fabricados pelo homem e que são utilizados no processo de produção de outros bens. Ex: edifícios, computadores, máquinas, instalações fabris. III) RECURSOS NATURAIS OU TERRA: ( RN ) São as dádivas da natureza, tais como florestas, recursos minerais, hídricos, petróleo. IV) TECNOLOGIA: ( TEC ) Conjunto de conhecimento e de habilidades que ampliam a capacidade produtiva. V) CAPACIDADE EMPRESARIAL: ( CE ) É o empresário que organiza a produção, reunindo e combinando os demais recursos. Ele é muitas vezes representado pelo acionista ou diretores que tenham participação no lucro e que tenham poder de decisão. DETERMINAÇÃO DO PRODUTO FINAL (Y): O Produto da economia é todo bem final e serviço o qual será utilizado para atender uma necessidade humana. Com isso, este estará sendo disponibilizado para o mercado. Ele é determinado pela combinação dos fatores relacionados acima. O produto (Y) é função dos fatores de produção como demonstrado a seguir. Do lado direito, os bens e serviços, os quais irão atender as necessidades ilimitadas, são escassos porque os fatores os são. Gerando com isso um conflito fundamental na ciência econômica: administrar os recursos (fatores) produtivos escassos para atender as necessidades ilimitadas. Y = f ( T; Tr; K; Tec; CE ) Bens e serviços Recursos (Fatores) de produção Necessidades ilimitadas Escassos Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 2 É importante destacar que a produção a qual vai atender as necessidades humanas ilimitadas depende necessariamente dos fatores de produção que são escassos. Outra característica fundamental para entender a economia é observar que durante o processo de produção ocorrem remunerações aos fatores que são utilizados, que são os custos produtivos. Assim, todo o processo de produção é também, necessariamente um processo de geração de renda, a qual pode ser originada por diversas fontes. Vejamos as Remunerações dos Fatores de Produção, no quadro abaixo: QUADRO 1.1 - REMUNERAÇÃO DOS FATORES DE PRODUÇÃO Os fatores de produção à esquerda do quadro estão na sua forma física. Como destacado anteriormente são escassos e devem ser bem administrados. Consequentemente, as remunerações dos fatores de produção, à direita do quadro que estão na forma monetária ($) também serão escassas. Perceba que o desenvolvimento dos fatores de produção é fundamental para a economia gerar renda e riqueza para a sociedade. Por isso, políticas ou ações as quais visam melhorar os recursos, tais como ampliação do nível de educação, utilização racional e não predatória do meio ambiente, pesquisa e desenvolvimento (P&D), ampliação da infra-estrutura são indispensáveis a qualquer país. 1.2 O QUE É MACROECONOMIA? Com o objetivo de fornecer uma análise consistente do conflito fundamental a ciência econômica é dividida em duas grandes áreas: microeconomia e macroeconomia. Estas são consideradas estudo da escassez e da administração eficiente dos recursos. Na prova de Auditor Fiscal da Receita Federal (AFRF), o conteúdo está voltado para a análise da macroeconomia, sendo a parte da economia estudada neste curso. Contudo, é importante definirmos bem a diferença entre essas duas áreas. Ambas vão discutir as relações produtivas dos agentes econômicos. O quadro a seguir destaca os quatro agentes econômicos e suas atividades. QUADRO 1.2 – AGENTES ECONÔMICOS E SUAS PRINCIPAIS ATIVIDADES FATORES DE PRODUÇÃO REMUNERAÇÃO DOS FATORES RECURSOS NATURAIS ALUGUEL TRABALHO SALÁRIO CAPITAL JUROS TECNOLOGIA ROYALTIES CAPACIDADE EMPRESARIAL LUCRO AGENTES ECONÔMICOS ATIVIDADES ECONÔMICAS Famílias (pessoas físicas – CPF) Consumo, poupança, recebem salários, ofertam mão-de-obra. Empresas (pessoas jurídicas – CNPJ) Investimentos privados, produção de bens e serviços, geram lucros e demandam mão-de- obra. Governo (setor público: Federal, Estadual e Municipal) Investimentos públicos em infra-estrutura, administração pública, tributação, transferências. Resto do Mundo (setor externo, não- residentes) Exportações e importações de bens e serviços não-fatores, envio e recebimento de renda. Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 3 A microeconomia estuda a atividade econômica dos agentes de uma forma específica. Por exemplo: o consumo de sapatos das famílias; e o investimento em novas fábricas da Ford. Percebam que nos dois casos especificamos inicialmente o tipo de consumo e em seguida o nome (ou área de atuação) da empresa. Ainda na microeconomia, podemos destacar mais alguns exemplos: oferta e demanda de automóveis; investimentos privados na construção civil; exportações de soja brasileira para os EUA; e investimento público em saneamento básico. A macroeconomia analisa as atividades dos agentes econômicos em seu conjunto: agregado. Por exemplo: consumo das famílias; e o investimento das empresas. Neste caso, não especificamos o tipo de consumo e investimento e muito menos determinamos o nome das empresas envolvidas no investimento. Neste termo, a macro considera o consumo agregado das unidades familiares, ou simplesmente o consumo das famílias e, o investimento privado nacional ou investimento privado. Percebam que é fundamental definirmos o objeto de estudo da prova AFRF que é a Macroeconomia. Portanto, seguem mais alguns exemplos de variáveis ou atividades da macroeconomia: Gasto do governo; Exportações de bens para o exterior ou para um determinado país; Importações de bens para o exterior ou para um determinado país; Balança comercial; Saldo em transações correntes; Setor externo Tributação ou carga tributária; Oferta e Demanda Agregada; Produto (Renda) Nacional ou Interna; A Macroeconomia estuda o comportamento agregado dos econômicos (famílias, empresas, governo e resto do mundo) que participam do processo de produção de bens e serviços. Conseqüentemente seu objeto de estudo está focalizado no desempenho econômico do país. Portanto, analisa as políticas econômicas e as principais variáveis, tais como: taxa de inflação; taxa de câmbio; taxa de juros; salários; emprego (ou desemprego) da economia; produção e renda agregada. 1.3 FORMAS DE MENSURAÇÃO DO PRODUTO: UMA VISÃO QUALITATIVA Até agora apresentamos as definições de fatores de produção, conflito fundamental, agentes econômicos e macroeconomia. Será que todos estes conceitospodem ser estudados em conjunto? A resposta é sim. Quando analisamos todos eles ao mesmo tempo em uma lógica econômica criamos o conceito de sistema econômico. Este se organiza da seguinte forma, conforme figura 1. Os fatores de produção escassos são alocados no aparelho produtivo o qual, no lado direito vai gerar o produto nacional (oferta agregada) e do lado esquerdo a renda nacional (demanda agregada). No lado direito do aparelho produtivo há a produção de bens finais e serviços a qual ocorre fisicamente e em várias unidades de medidas, como destacadas na figura. Estas por sua vez não podem ser inicialmente somadas, pois não podemos somar quilograma com metro, ou metro quadrado com hora aula. Antes precisamos transformar todas as medidas em um denominador comum, que no caso da economia é a unidade monetária ($). Após essa transformação somamos todos os bens finais e serviços produzidos e obtemos o Produto Nacional, pela metodologia da Oferta Agregada. Neste sentido, temos: O produto agregado ou nacional (PN) mensurado pela ótica da Oferta Agregada é o valor monetário de todos os bens finais e serviços produzidos no decorrer de um determinado período (trimestre, semestre e ano). Ele inclui o valor dos bens produzidos, como casas e automóveis e valor dos serviços como educação e segurança. Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 4 FIGURA 1 – ANÁLISE QUALITATIVA DO SISTEMA ECONÔMICO CAPITALISTA RENDA NACIONAL PRODUTO NACIONAL DEMANDA AGREGADA OFERTA AGREGADA Durante o processo de produção da economia há, necessariamente, o processo de remuneração dos fatores de produção, isto é a renda. No lado esquerdo da figura 1 ocorre a geração da Renda Nacional: que é a somatória em valores monetários dos salários, juros, aluguel, royalties e lucros pagos na economia em um período de tempo determinado. Assim, obtemos o Produto Nacional (PN) pela ótica da Renda Nacional ou remuneração dos fatores de produção. E, concluímos que produto e renda são equivalentes: )()( RNNACIONALRENDAPNNACIONALPRODUTO Em termos técnicos prefiro utilizar o conceito de equivalência entre produção e renda, pois o primeiro é gerado no lado direito da atividade econômica e o segundo no lado esquerdo. São processos interligados, mas diferentes. Em termos metafóricos poderíamos pensar em sua imagem em um espelho sem defeitos o qual reproduz o seu corpo. A imagem equivale a sua pessoa, mas não é você. Contudo, por motivo de simplificação, os professores de economia afirmam que produto é igual à renda (tudo bem!). Dado que ocorre a geração da renda pode-se calcular o Produto Nacional (PN) também pela ótica da demanda agregada a qual é a somatória dos gastos de todos os agentes econômicos: FATORES DE PRODUÇÃO Recursos Naturais, Trabalho, Capital, Tecnologia, Capacidade Empresaria. APARELHO PRODUTIVO Setores da Economia (Primário, Secundário e Terciário) BENS FINAIS E SERVIÇOS: Alimentos, Kg Vestuário, m Habitação, m2 Educação, H/a Saúde, H/t Segurança, H/t REMUNERAÇÃO DOS FATORES ($): Salários Aluguel Juros Royalties Lucro MERCADO NACIONA L Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 5 consumo das famílias, investimentos das empresas, gasto do governo, exportações menos importações. Em uma visão qualitativa e preliminar do funcionamento do sistema econômico pode-se concluir que o desempenho do aparelho produtivo ou se preferir o Produto Nacional pode-se ser mensurado através de três metodologias distintas, a saber: i) Oferta Agregada (Produto); ii) Renda Nacional (remuneração dos fatores); e iii) Demanda Agregada (dispêndio)1. DEMANDARENDAPRODUTO Em termos quantitativos, análise que ainda não fizemos, o valor numérico em unidades monetárias deve ser necessariamente o mesmo para cada metodologia empregada. Ou seja, se calcularmos que o Produto Nacional em um determinado ano, pela ótica da oferta agregada, foi de R$ 1.450.000,00 (hum milhão e quatrocentos e cinqüenta mil reais), então este mesmo valor será encontrado pela metodologia da renda e da demanda. Naturalmente, os alunos atentos se perguntarão: Por que estudar essa três formas de mensuração? Na verdade, quando estudamos as três formas de mensuração do Produto em uma economia, passamos a conhecer a metodologia e consequentemente obtemos novas variáveis e informações extremamente relevantes do sistema econômico. Por exemplo: O cálculo do PN pela ótica da oferta agregada (produção) possibilita a distinção entre Produto Nacional Real e Nominal; índices de preços: Laspeyres, Paasche e Fischer e suas respectivas taxas de inflação. O cálculo do PN pela ótica da renda nacional possibilita uma visão mais clara da distribuição de renda no aparelho produtivo, bem como identificar problemas de má distribuição de renda. É útil para diferenciar o produto a preços de mercado e a custos de fatores. O cálculo do PN pela ótica da demanda agregada é útil para diferenciar o produto bruto do líquido; o Produto Nacional Bruto (PNB) e o Produto Interno Bruto (PIB); conceitos do setor externo (saldo em transações correntes); identidade macroeconômica básica e análise de políticas econômicas. Na prova de AFRF, a primeira e a última metodologia são as mais requisitadas pela ESAF. É importante que o candidato conheça a origens das questões para saber o que está fazendo e como fazer. Neste sentido, esta visão inicial do sistema econômico deve ficar bem clara e, a partir desse ponto, podemos atacar as questões da prova com maior clareza técnica, fundamental para um bom raciocínio lógico. Destaco aos candidatos, que esta prova é de raciocínio econômico, sendo as questões bem formuladas dentro dos principais conceitos da macroeconomia. PONTOS IMPORTANTES (RESUMO): O processo de produção é, necessariamente, um processo de geração de renda Produto Nacional (PN) é equivalente (igual) à Renda Nacional (RN), em unidades monetárias: RNPN . Há três formas de mensuração do PN, isto é, da atividade econômica: i) Produto (oferta agregada); ii) Renda (remuneração dos fatores de produção); e iii) Demanda Agregada (dispêndio). 1.4 MENSURAÇÃO DA ATIVIDADE PRODUTIVA: UMA VISÃO QUANTITATIVA 1.4.1 ÓTICA DO PRODUTO (OFERTA AGREGADA) Neste caso, o produto nacional (PN) será calculado pela somatória de todos os bens e serviços produzidos, em unidade monetária, durante um período de tempo específico. Seria como mensurar a atividade econômica pelo lado direito da figura 1. Percebam que os produtos A e B são diferentes e podendo ser qualquer bem ou serviço e as quantidades físicas devem ser 1 Os dados do PIB sob as três óticas na economia brasileira são demonstrados no quadro final desse capítulo, para os anos de 2004 a 2006. Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 6 transformadas em unidades monetárias. A melhor forma de entendermos o cálculo do PN pela ótica da oferta é através de um exemplo. Exemplo 1.1: Considere uma hipotética economia registrou no ano 1, os seguintes dados macroeconômicos para os bens finais A e B. Produto Preço em R$ Quantidade em Kg A 7 10 B 5 16 Esta mesma economia registrou no ano 2, os seguintes dados macroeconômicos. Produto Preço em R$ Quantidade em Kg A 9 11 B 6 19 Neste caso iremos resolver e apresentar os conceitos das principias variáveis a partir de cinco etapas fundamentais, os quais os alunos devem repetir nos testes propostos. a) Calcular o Produto Nacional Nominal (PN nominal) ou a preços correntes para ambos os anos e sua taxa de crescimento. No ano 1: 11111min BBAAalno QPQPPN Sendo P e Q, preçose quantidades dos respectivos bens finais e serviços produzidos. 00,150$1651071min RPN alno Temos que no ano 1 o PN nominal foi de R$ 150,00. No ano 2: 22222min BBAAalno QPQPPN 00,213$1961192min RPN alno Temos que no ano 2 o PN nominal foi de R$ 213,00. Taxa de crescimento: Para calcularmos a taxa de crescimento do PN nominal (tx do PN nominal) entre os anos 1 e 2, devemos utilizar a seguinte relação: 100 1min 1min2min min alno alnoalno alno PN PNPN PNdoTx Com isso, temos, após eliminarmos a unidade monetária no numerador e denominador, temos: %00,42100 150 150213 min alnoPNdoTx Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 7 O Produto Nominal cresceu a uma taxa anual de 42,00% entre os anos 1 e 2. Conceito: O Produto Nominal ou a Preços Correntes para os respectivos anos será determinado pela somatória do produto dos preços e das quantidades, descrito a seguir: )(min ttalno QPPN (1.1) Sendo t o ano em análise. Com isso, o Produto nominal mede tanto as variações nos preços como nas quantidades. b) Calcular o Produto Real do ano 2 a preços de 1 ( 1/2realPN ): método de Paasche e sua taxa de crescimento. Na metodologia de Paasche, o ano-base é o inicial, neste exemplo 2006. Assim temos que: 21211/2 BBAAreal QPQPPN Percebam que como o ano-base é 1, os preços ficam constantes, NÃO ALTERANDO A BASE! 00,172$1951171/2 RPN real Portanto, o produto real do ano 2 a preços de 1 é de R$ 172,00. Como não podemos alterar a base, se não sairíamos da metodologia de Paasche, o produto nominal, no ano-base, por definição é igual ao produto real. Assim pode-se afirmar que o produto real do ano 1 é igual a R$ 150,00. Não precisando calcular novamente. Taxa de crescimento A taxa de crescimento do produto real entre os anos de 1 a 2 é determinada pela seguinte expressão: 100 1 11/2 real realreal real PN PNPN PNdoTx Aplicando os valores: %67,14100 150 150172 realPNdoTx c) Calcular o Produto Real do ano 1 a preços do ano 2 ( 2/1realPN ): método de Laspeyres e sua taxa de crescimento. Na metodologia de Paasche, o ano-base é o inicial, neste exemplo 2006. Assim temos que: 12122/1 BBAAreal QPQPPN Percebam que como o ano-base é 2, os preços ficam constantes, NÃO ALTERANDO A BASE! 00,186$1661092/1 RPN real Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 8 Portanto, o produto real do ano 1 a preços de 2 é de R$ 186,00. Como não podemos alterar a base, se não sairíamos da metodologia de Laspeyres, o produto nominal, no ano-base, por definição é igual ao produto real. Assim pode-se afirmar que o produto real do ano 2 é igual a R$ 213,00. Não precisando calcular novamente. Taxa de crescimento A taxa de crescimento do produto real entre os anos de 1 a 2 é determinada pela seguinte expressão: 100 2/1 2/12 real realreal real PN PNPN PNdoTx Aplicando os valores: %52,14100 186 186213 realPNdoTx O Produto Real ou a Preços Constantes mede apenas as variações nas quantidades dos bens produzidos. É calculado a partir da definição de um ano-base o qual permanece fixo. Neste exemplo, obtemos dois anos bases: 1 e 2. Quando definimos o ano 1 como base estamos usando a metodologia de Paasche e ao determinar o ano 2 como base utilizamos Laspeyres. A fórmula do produto real é dada por: )( treal QPPNB (1.2) Sendo: P o nível de preços do ano-base; e tQ a quantidade produzida no período t. d) Calcular os índices de preços e suas respectivas taxas de inflação Os índices de preços podem ser calculados a partir de três metodologias: Índice de Preços de Paasche ( PI ); Índice de Preços de Laspeyres ( LI ); e o Índice de Fisher ( FI ). Todos medem apenas as variações nos preços. Índice de Preços de Paasche: é calculado a partir da razão do Produto nominal do ano 2 sobre o Produto real de 2 a preço do ano 1. 1/2 2min real alno P PN PN I (1.3) 2384,1 00,172$ 00,213$ R R I P Com isso, temos que a inflação medida por Paasche é igual: ( %84,23100)12384,1 . Índice de Preços de Laspeyres: é calculado pela razão do Produto real do ano 1 a preço de 2 sobre o Produto nominal do ano 1. Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 9 1min 2/1 alno real L PN PN I (1.4) 2400,1 00,150$ 00,186$ R R I L Com isso, temos que a inflação medida por Laspeyres é igual: ( %00,24100)12400,1 . Índice de Preços de Fischer: é conhecido como o índice ideal e foi proposto para tentar diminuir as distorções dos índices de Paasche e Laspeyres. É calculado pela média geométrica destes dois índices. LPF III (1.5) 2392,12400,12384,1 FI Com isso, temos que a inflação medida por Fischer é igual: ( %92,23100)12392,1 . e) Conferindo os resultados do exercício É importante destacar que os resultados obtidos podem ser conferidos e consequentemente verificados sua validade. O raciocínio é o seguinte: o produto nominal mede a soma das variações nos preço e nas quantidades, conforme expresso a seguir: eçosPNPN realalno Pr%%% min (1.6) Desenvolvemos os resultados de acordo com duas metodologias, com isso, devemos conferir o exercício a partir de um quadro. Entretanto, cabe ressaltar dois pontos. Primeiro, quando somamos porcentagens devemos antes transforma-las em índices, isto é, dividindo por 100 e acrescentando a unidade, sempre. Segundo, quando há soma transformamos em multiplicação. QUADRO 1.3 – CONFERINDO OS RESULTADOS DO EXEMPLO 1.1 Metodologia de Paasche Metodologia de Laspeyres %84,23%67,14%00,42 )100/84,231()100/67,141(%00,42 %00,424200,1)2384,1()1467,1(%00,42 %00,24%52,14%00,42 )100/00,241()100/52,141(%00,42 %00,424200,1)240,1()1452,1(%00,42 O quadro 1.3 destaca que os valores obtidos ao longo dos itens a – d estão corretos, pois a soma dos índices de preço e de quantidade em ambas as metodologias são iguais ao produto nominal, salvo erros de arredondamento. Percebam que se o índice de quantidade (ou o crescimento do produto real) pela metodologia de Paasche for maior que o de Laspeyres, então, o seu índice de preços (ou sua inflação) será necessariamente menor que o índice de Laspeyres. Caso a taxa de crescimento do produto real de Paasche seja igual a de Laspeyres, então, seus índices de preços (ou taxas de inflação) serão necessariamente iguais. Outro ponto importante refere-se à inflação. Se o índice de preços, por qualquer metodologia, for igual a unidade, significa que a taxa de inflação é igual a zero. Portanto, uma economia sem inflação, é descrita quando 1P . Sendo P = índice de preços. Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 10 PONTOS IMPORTANTES (RESUMO): -O PN nominal mede as variações em preço e quantidade. -O PN real mede apenas as variações no índice de quantidade. -No ano-base, o PN nominal será necessariamente igual ao PN real e o índice de preços será igual a 1. -Já os índices de preços medem apenas as variações nos preços. -O Índice de Preços de Paasche e Laspeyres tendem ser diverentes, devido ao crescimento do produto real. -O Índice de Preços de Fischer é conhecido como o índice geral: média geométrica do IL e IP. Portanto, é muito próximo dos dois índices. -Os índices de preços ao consumidor utilizados no Brasil são obtidos a partir da formulação de Laspeyres. Os mais conhecidos são: Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e o Índice Geral de Preços(IGP). - O deflator implícito do PIB (ou do PNB) é obtido pelo Índice de Preços de Paasche e o cálculo do Produto Real Agregado utiliza-se a metodologia de Laspeyres, pois compara com valor do presente. 1.4.2 ÓTICA DA DEMANDA AGREGADA (DISPÊNDIO) O produto calculado pela ótica da demanda agregada é contabilizado pelo gasto realizado por todos os agentes da economia. É importante destacar que a Demanda Agregada é determinada pela geração de Renda na economia e, assim, nesta metodologia iremos esclarecer as diferenças entre Produto Nacional e Interno e Produto Bruto e Líquido. Produto Interno ( PI )= Consumo das Famílias (C ) + Investimento Privado Nacional ( I ) + Gasto do Governo (G ) + Exportações de Bens e Serviços não Fatores ( X ) - Importações de Bens e Serviços não Fatores (M ) Consumo: Corresponde a demanda realizada pelos agentes familiares dos bens finais produzidos no período de mensuração do produto. Isto inclui escola, carro do ano, comida, geladeira nova, médico, transporte, a gasolina, entre outros. Investimento: O investimento é dividido em bruto e líquido, como veremos a seguir. Contudo, seu conceito deve ficar bem claro. Em economia investimento significa ampliação, por parte da empresa privada, do estoque de capital físico, ligado à produção. De fato, o investimento consiste a construção civil (novas casas), máquinas e equipamentos, construção e ampliação de fábricas e adições ao estoque de bens das empresas. Se uma empresa compra um carro novo então é investimento, mas se uma pessoa física o compra, então é consumo das famílias. Os investimentos do governo em novas rodovias, saneamento básico, aeroportos, entre outros, também são computados neste item. Se uma empresa compra um carro novo, então é investimento, mas se uma pessoa física o compra, então é consumo das famílias. De acordo o Sistema de Contas Nacionais (SCN), utilizado pelo Brasil, o investimento registra a ampliação da capacidade produtiva futura de uma economia por meio de investimentos correntes em ativos fixos, ou seja, bens produzidos factíveis de utilização repetida e contínua em outros processos produtivos por tempo superior a um ano, sem, no entanto, serem efetivamente consumidos pelos mesmos. Compra de terrenos não representam investimentos, pois é um ativo fixo não produzido. As fontes de informações dos investimentos são obtidas pelo formulário da Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), fornecido pela Secretaria da Receita Federal. As unidades familiares participam da formação bruta de capital fixo no momento em que constroem uma nova residência ou a ampliam, expandindo o capital da economia. Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 11 Equipamentos, máquinas e caminhões são considerados investimentos quando comprados por Produtores familiares. Gasto do Governo: representam as compras efetuadas de bens e serviços pelo setor público, tanto na esfera municipal, estadual e federal. Incluem gastos com a administração pública, salários, defesa e segurança nacional, rodovias, ferrovias, saneamento básico, aeroportos, entre outros. Não estão incluídos, neste item, gastos com aposentadorias e programas sociais. Exportações de Bens e Serviços não Fatores: Representam os produtos finais vendidos para o exterior. No caso de um bem físico, isto é, uma mercadoria ela é contabilizada na balança comercial e no caso de um serviço não fatores, por exemplo, uma viagem internacional ou um transporte internacional é contabilizado na balança de serviços. Importações de Bens e Serviços não Fatores: Representam os produtos finais comprados do exterior. O fato desses produtos não representarem a atividade produtiva do país devem ser excluídos do cálculo da produção. Com isso, temos que o Produto Interno (PI) é dado pela seguinte identidade: MXGICPI (1.7) Diferença entre Bruto versus Líquido: Para diferenciarmos o Produto Bruto do Produto Líquido devemos analisar somente o investimento privado nacional. Em economia a palavra investimento tem um sentido bem específico e diferente do jargão do mercado financeiro e popular. Vamos analisar esse conceito. O Investimento Privado Bruto: EFBKFIb (1.8) Sendo a FBKF a formação bruta de capital fixo corresponde aos gastos com novos equipamentos, edificações, máquinas sem descontar a depreciação do capital; e, ΔE variações nos estoques. Então temos que o Produto Nacional Bruto (PIB) é igual: MXGICPI b (1.9) ou MXGEFBKFCPI (1.10) O Investimento Privado Líquido: EFLKFI L (1.11) Sendo a FLKF a formação líquida de capital fixo corresponde aos gastos com novos equipamentos, edificações, máquinas descontando a depreciação do capital e, ΔE variações nos estoques. Neste caso, temos que o Produto Nacional Líquido (PIL) é igual: MXGICPIL L (1.12) ou MXGEFLKFCPIL (1.13) É importante ressaltar: Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 12 RILPILeRIBPIB Diferença entre PNB e PIB em um Sistema Econômico: Nacional versus Interno. A diferença entre nacional e interno só pode ser analisada pela mensuração da atividade produtiva através da ótica da demanda agregada. Como ela está relacionada a geração de renda, devemos fazer uma consideração da origem e destino dessa renda. Dois conceitos simples são necessários. O Produto Nacional Bruto (PNB) é medido através da renda gerada internamente e no exterior a qual irá ser gasta necessariamente no mercado nacional. Com isso, o PNB expressa o valor global de bens e serviços produzidos por brasileiros localizados no país ou fora dele. O Produto Interno Bruto (PIB) é medido apenas pela renda gerada internamente destinada para o mercado nacional e externo. Com isso, o PIB expressa o valor global de todos os bens e serviços produzidos nos limites geográficos do país. É importante analisar a renda recebida do exterior (RRE) e a renda enviada ao exterior (REE). A Renda Líquida Enviada ao Exterior (RLEE): )( RREREERLEE Com isso temos três possibilidades: a) Se RREREE , então: PNBPIB RLEEPNBPIB (1.14) Historicamente, o Brasil apresenta um PIB maior que o PNB por dois motivos. Primeiro, por ter sido durante muito tempo devedor internacional, pagando sistematicamente juros da dívida externa. Segundo, por receber muitas empresas multinacionais para operar no país, elas enviam lucro para suas matrizes no exterior. TABELA 1.1 VALORES ANUAIS DO PIB E DO PNB NA ECONOMIA BRASILEIRA (EM BILHÕES DE R$) Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, Sistema de Contas Nacionais. Alguns valores podem ser ligeiramente diferentes em virtude dos arredondamentos. Considerando o PIB do Brasil: .558.2$)54(504.2 bilhõesRPIB b) Se RREREE , então: PNBPIB RLEEPIBPNB (1.15) ou Ano Produto Interno Bruto (PIB) Produto Nacional Bruto (PNB) Renda Líquida Enviada ao Exterior (RLEE) 2004 1.941 1.883 58 2005 2.147 2.085 62 2006 2.332 2.274 58 2007 2.558 2.504 54 Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 13 RLEEMXGEFBKFCPNB )( (1.16) Historicamente, os Estados Unidos apresentam um PNB maior que o PIB, também por dois motivos básicos: primeiro, ganharam as duas Guerras Mundiais tornando-se credores internacionais, com isso recebendo juros como remuneração do capital. Segundo, o país tem várias empresas multinacionais operando no exterior. Com isso, a economia norte-americana recebe muitos lucros de suas filiais. TABELA 1.2 VALORES ANUAIS DO PIB E DO PNB NA ECONOMIA DOS ESTADOS UNIDOS(EM BILHÕES DE US$). Fonte: Bureau of Economic Analysis. Site: www.bea.gov. Tabelas 1.1.5 e 1.7.5, agosto de 2008. Alguns valores podem ser ligeiramente diferentes em virtude dos arredondamentos. Considerando o PNB dos Estados Unidos em 2007: .910.13$)103(807.13 bilhõesUSPNB c) Se RREREE , então: PNBPIB Hipoteticamente, em uma economia fechada, isto é, sem transações econômicas com o resto do mundo, o seu PIB será igual ao PNB. É difícil um país apresentar um histórico com PIB exatamente igual ao PNB. 1.5 PRODUTO A PREÇO DE MERCADO E A CUSTO DE FATORES Apresentamos as metodologias de cálculo do produto, tanto pela ótica da demanda agregada quanto pela oferta. Neste caso, devemos diferenciar entre Produto a preço de mercado e a custo de fatores. O Produto Interno Bruto a custo de fatores ( CFPIB ) é dado por: subsídiosindiretosimpostosPIBPIB PMCF ou subsídiosdelíquidosindiretosimpostosPIBPIB PMCF Consequentemente, o Produto Interno Bruto a preço de mercado é dado por: subsídiosindiretosimpostosPIBPIB CFPM Exemplo 1.2 Numa determinada economia hipotética, o Produto Nacional Líquido a Custo de Fatores é 210. Sabendo-se que: Renda Líquida Enviada ao Exterior = 50 Impostos indiretos = 80 Subsídios = 20 Depreciação = 80 Calcule o valor do Produto Interno Bruto a Preços de Mercado. RLEEodepreciaçãsubsídiosindiretosimpostosPNLPIB CFPM Ano Produto Interno Bruto (PIB) Produto Nacional Bruto (PNB) Renda Líquida Enviada ao Exterior (RLEE) 2004 11.685 11.762 -77 2005 12.421 12.514 -93 2006 13.178 13.256 -78 2007 13.807 13.910 -103 Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 14 400$50802080210 PMPIB 1.6 O PIB PELAS TRÊS ÓTICAS NA ECONOMIA BRASILEIRA O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em seu Departamento de Contas Nacionais, calcula o Produto Interno Bruto (PIB), isto é, a geração de riqueza a partir das três metodologias . Pelo lado da produção - o PIB é igual ao valor bruto da produção (VBP) menos o consumo intermediário (CI) mais os impostos, líquidos de subsídios. Em 2006, o PIB segue o seguinte cálculo: 797.369.2$491.1554.336032.087.2766.121.4 RPIBPM milhões. Pelo lado da demanda - o PIB é igual a despesa de consumo final ( GC ) mais a formação bruta de capital fixo mais a variação de estoques ( bI ) mais as exportações de bens e serviços menos as importações de bens e serviços ( NX ). Em 2006, o PIB segue o seguinte cálculo: 797.369.2$679.271457.340457.340340.397679.903.1 RPIBPM milhões. Pelo lado da renda - o PIB é igual a remuneração dos empregados mais o total dos impostos, líquidos de subsídios, sobre a produção e a importação mais o rendimento misto bruto mais o excedente operacional bruto. Em 2006, o PIB segue o seguinte cálculo: 797.369.2$872.4048.367311.825919.212391.969 RPIBPM milhões. Rendimento misto equivale ao rendimento obtido pelos empregadores e pelos trabalhadores por conta própria. O Excedente Operacional Bruto é o PIB a custo de fatores descontado dos salários, sendo assim, o total de aluguel, juros e lucros. Quadro 1.3 Os componentes do PIB pelas três óticas: Produção, Renda e Demanda Agregada na Economia Brasileira: 2004 a 2006. Componentes do Produto Interno Bruto Produto Interno Bruto (1.000.000 R$) 2004 2005 2006 A – Ótica da produção Total 1.941.498 2.147.239 2.369.797 Produção 3.432.735 3.786.683 4.121.766 Impostos sobre produtos 276.077 306.545 336.554 Subsídios aos produtos (-) (-) 837 (-) 1.559 (-) 1.491 Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 15 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais, Sistema de Contas Nacionais 2002-2006. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 1. (ESAF - AFRF)- Suponha uma economia que só produza dois bens finais (A e B). Considere os dados a seguir: Quantidade do bem A Preço do bem A Quantidade do bem B Preço do bem B Período 1 10 5 12 6 Período 2 10 7 10 9 Com base nestes dados, é incorreto afirmar que: a) o produto nominal do período 2 foi maior do que o produto nominal do período 1. Consumo intermediário (-) (-) 1.766.477 (-) 1.944.430 (-) 2.087.032 B – Ótica da despesa Total 1.941.498 2.147.239 2369.797 Despesa de consumo final 1.533.895 1.721.783 1903.679 Despesas de consumo das famílias 1.135.125 1.265.094 1903.679 Despesa de consumo das instituições sem fins de lucro a serviço das famílias 25.486 29.136 32.872 Despesa de consumo da administração pública 373.284 427.553 474.773 Formação bruta de capital 332.333 347.976 397.340 Formação bruta de capital fixo 312.516 342.237 389.328 Variação de estoque 19.817 5.739 8.012 Exportação de bens e serviços 318.892 324.842 340.457 Importação de bens e serviços (-) 243.622 (-) 247.362 (-) 271.679 C – Ótica da renda Total 1.941.498 2.147.239 2.369.797 Remuneração dos empregados 763.237 860.886 969.391 Salários 597.452 681.067 770.938 Contribuições sociais efetivas 133.012 141.130 163.467 Rendimento misto bruto 189.254 200.859 212.919 Excedente operacional bruto 690.690 755.082 825.311 Impostos sobre a produção e importação 301.026 334.521 367.048 Subsídios a produção e importação (-) (-) 2.709 (-) 4.109 (-) 4.872 Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 16 b) o crescimento do produto nominal entre os períodos 1 e 2 for de, aproximadamente, 31%. c) não houve crescimento do produto real entre os períodos 1 e 2, considerando o índice de Laspeyres de preço. d) a inflação desta economia medida pelo índice de Laspeyres de preço foi de 30%. e) não houve crescimento do produto real, entre os períodos 1 e 2, considerando o índice de Fisher. Resolução Item a) 00,122$1261051 nomPN 00,160$1091072 nomPN De fato: o PN nominal do ano 2 foi maior que do ano 1. Verdadeiro. Item b) 100 122 122160 min alnoPNdoTx = 31,15% A taxa de crescimento foi de aproximadamente 31%. Verdadeiro. Caso o valor encontrado fosse maior ou igual a 31,50%, então arredondando-o teríamos a taxa de 32% e a afirmação estaria incorreta. Item c) Para obtermos o crescimento do PN real pela metodologia de Laspeyres, devemos calcular o PN real do ano 1 a preço de 2, isto é, o passo c) do Exemplo 1.1: 00,178$1291072/1 realPN 100 178 178160 realPNdoTx = -10,11% O produto real cresceu, pela metodologia de Laspeyres, a uma taxa negativa de 10,11% no período 2 em relação ao período 1. Com isso, não houve crescimento do produto real. Verdadeiro. Item d) 4590,1 00,122$ 00,178$ LI = 10014590,1 = 45,90% A inflação foi de 45,90% e não de 30% como afirmado pelo exercício. Incorreta. e) O Índice de Fisher é composto pela média geométrica dos Índices de Paasche e Laspeyres, com isso, podemos argumentar que o Fisher é muito próximo deles e se o item c) é verdadeiro então o item e) também o é. Verdadeiro. Dica do professor: Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 17 Esse exercício pode ser feito de uma maneira muito mais rápida. Primeiro, é fundamental que o aluno tenha a visão geral e lógica do cálculo do produto pela ótica da oferta agregada. Minha dica consiste em analisar os seguintes pontos: A quantidade do produto A entre os dois períodos não se altera, mas a quant. Do produto B cai de 12 para 10. Com isso, podemos afirmar com certeza que houve taxa de crescimento negativa do produto real. Ou melhor ainda: não houve crescimento do produto real; Os preços dos bens A e B aumentaram, indicando inflação; Sempre calcule o produtonominal e sua respectiva taxa de crescimento. Comece o exercício assim. Neste caso, você iria encontrar a taxa de 31,15%; Sabendo que: eçosalod Pr%Re.Pr%%15,31 E que o produto real foi necessariamente negativo, então pode-se concluir que em termos lógicos a variação percentual nos preços devem ser necessariamente maior do que 31%. Invalidando, assim, a afirmação do item d). 2. (ESAF - AFRF) Considere uma economia hipotética que produza apenas 3 bens finais: arroz, feijão e carne, cujos preços (em unidades monetárias) e quantidades (em unidades físicas), para os períodos 1 e 2, encontram-se na tabela a seguir: período arroz feijão carne preço quant . preço quant . preço quant. 1 2,20 10 3,00 13 8,00 13 2 2,30 11 3,50 14 15,00 8 Considerando que a inflação utilizada para o cálculo do Produto Real Agregado desta economia foi de 59,79% entre os dois períodos, podemos afirmar que: a) O Produto Nominal cresceu 17,76% enquanto o Produto Real cresceu apenas 2,26%. b) O Produto Nominal cresceu 12,32% ao passo que não houve alteração no Produto Real. c) O Produto Nominal cresceu 17,76% ao passo que o Produto Real caiu 26,26%. d) O Produto Nominal cresceu 15,15% ao passo que o Produto Real caiu 42,03%. e) O Produto Nominal cresceu 15,15% ao passo que o Produto Real caiu 59,79%. Primeiro ponto: esse exercício tem um erro no valor da inflação de 59,79%. O valor correto é de 59,70%. O cálculo do Produto Real Agregado é obtido pela metodologia de Laspeyres. Resolução: Item a) 00,165$1300,81300,31020,21 nomPN 30,194$800,151450,31130,22 nomPN 100 0,165 0,1653,194 min alnoPNdoTx = 17,76% Calculando o produto nacional real do ano 1 a preço de 2: Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 18 50,263$1300,151350,31030,22/1 realPN 100 50,263 50,2633,194 realPNdoTx = -26,26% O produto nominal cresceu a uma taxa de 17,76% e o real caiu 26,26%. Falso. Item b) O produto nominal não cresceu a taxa de 12,32%. Falso. c) Correto! Itens d); e) Ambos são incorretos, pois afirmam que o produto nominal cresceu a uma taxa de 15,15%. Dica do professor: Vamos analisar esse exercício pelo passo e) do Exemplo 1.1: O exercício afirma que a inflação foi de 59,70% (corrigido); Você calculou a variação no produto nominal de 17,76%; Então temos que: %70,59Re.Pr%%76,17 alod %70,59%76,17Re.Pr% alod Dividindo as porcentagens e somando à unidade: 7374,05970,1 1776,1 Re.Pr% alod . Em taxa: 10017374,0 = -26,26%. Caso você não tenha tanta habilidade ou tempo na hora da prova para fazer os cálculos da variação percentual do produto real, perceba que a soma da inflação (59,70%) com o produto real deve ser necessariamente igual a 17,76%. Com isso, fica fácil perceber que a variação do produto real deve ser negativa. Daria, portanto, para eliminar os itens: b); d); e). Na dúvida entre os itens a); c), podemos seguir o raciocínio de que a queda no produto real deve ser expressiva para compensar a elevada inflação. E, assim, ficaríamos com o item c)....de Certo!, fazendo apenas o cálculo da variação percentual do produto nominal. 3. (ESAF - AFRF) Suponha uma economia hipotética que produza apenas 2 bens finais: A e B. Considere a tabela: Ano Preço de A Quantidade A Preço de B Quantidade de B 1 2,00 10 3,50 15 2 2,50 12 4,83 10 Com base nestas informações e utilizando-se do índice de preços de Laspeyres, é correto afirmar que, entre os períodos 1 e 2: a) O produto nominal apresentou uma variação positiva de 8% e o produto real não apresentou variação. Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 19 b) O produto nominal apresentou uma variação positiva de 12% e o produto real uma variação negativa de 19,65%, aproximadamente. c) O produto nominal apresentou uma variação positiva de 8% e o produto real uma variação negativa de 8,33 %, aproximadamente. d) O produto nominal apresentou uma variação positiva de 8% e o produto real uma variação positiva de 2,5%. e) O produto nominal apresentou uma variação positiva de 8% e o produto real uma variação negativa de 19,65%, aproximadamente. Resolução: Item a) 50,72$1550,31000,21 nomPN 30,78$1083,41250,22 nomPN 100 50,72 50,7230,78 min alnoPNdoTx = 8,00% Calculando o produto nacional real do ano 1 a preço de 2: 45,97$1583,41050,22/1 realPN 100 45,97 45,973,78 realPNdoTx = -19,65% O produto nominal cresceu 8,00% e o produto real caiu 19,65%. Falso. Item b) O produto nominal não cresceu 12%. Falso. Item c) O produto real não caiu 8,33%. Falso. Item d) O produto real não cresceu 2,5%. Falso Item e) É o item verdadeiro. Ver os cálculos do item a). 4. (ESAF - AFRF)- Considere um sistema de contas nacionais para uma economia aberta sem governo. Suponha os seguintes dados: Importações de bens e serviços não fatores = 100 Renda líquida enviada ao exterior = 50 Renda nacional líquida = 1.000 Depreciação = 5 Exportações de bens e serviços não fatores = 200 Consumo pessoal = 500 Variação de estoques = 80 Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 20 Com base nessas informações, é correto afirmar que a formação bruta de capital fixo é igual a: a) 375 b) 275 c) 430 d) 330 e) 150 Resolução: Podemos resolver esse exercício pelo Produto Nacional Bruto (PNB) ou pelo Produto Interno Bruto (PIB). Percebam que no enunciado, a ESAF deixa claro que é sem governo: .0G Pelo PNB: RLEEPIBPNB RLEEMXGICPNB b RLEEMXGEFBKFCPNB Todo processo de produção, nas contas nacionais, é um precenso de geração de renda: 5000.1 RNBPNB = 1005 Então temos que: 501002000805001005 FBKF FBKF = 375 Pelo PIB: RLEEPNBPIB 501005PIB = 1.055 MXGEFBKFCPIB 1002000805001055 FBKF FBKF = 375 Letra correta: item a). 5. (INSS 2002) Considere os seguintes dados: Produto Interno Bruto a custo de fatores = 1.000; renda enviada ao exterior = 100; renda recebida do exterior = 50; impostos indiretos = 150; subsídios = 50; depreciação = 30. Com base nessas informações, o Produto Nacional Bruto a custo de fatores e a Renda Nacional Líquida a preços de mercado são, respectivamente: a) 1.250 e 1.050 b) 1.120 e 1.050 c) 950 e 1.250 d) 950 e 1.020 e) 1.250 e 1.120 Calculado o CFPNB RLEEPIBPNB CFCF 50100000.1 CFPNB = 950 Calculando o pmRNL Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 21 odepreciaçãsubsídiosindiretosimpostosPNBPNLRNL CFpmpm 10203050150950 pmPNL Letra correta: item d) Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 22 CAPÍTULO II 2. SETOR EXTERNO, BALANÇO DE PAGAMENTOS E A IDENTIDADE MACROECONÔMICA BÁSICA. 2.1 CONCEITOS DO SETOR EXTERNO O setor externo é representado por todas as transações econômicas (bens, serviços e ativos) entre residentes e não-residentes, em um determinado período. O Balanço de Pagamentos (BP) registra contabilmente, em dólares norte-americanos (US$), estas transações externas. Os residentes são compostos pelas famílias e empresas que atuam no país. Consideramos residentes as pessoas que têm permanência fixa no país, ou se está temporariamente trabalhando no exterior. Também deve-se levar em consideração as filias de empresas multinacionais instaladas no país, que logicamente tem CNPJ para operar no território nacional. O próprio governo em suas esferas é considerado residente, com isso, gastos diplomáticos(embaixadas e consulados) no exterior devem ser registrados no balanço de pagamentos. O Balanço de Pagamentos tem como finalidade analisar a entrada e saída de dólares, isto é, divisas em uma determinada economia. Quando há entrada direta de dólares o país deve registrar a transação com sinal positivo ou crédito. Quando há saída direta de dólares o país deve registrar a transação com sinal negativo ou débito. Contudo, há transações entre residentes e não-residentes que devem ser registradas no BP, porém não representam nem saída e nem entrada líquida de dólares. Todos esses casos iremos analisar no exemplo 2.1, mas antes devemos estudar a estrutura do Balanço de Pagamentos. Créditos: (sinais positivos) Exportações de bens e serviços não fatores Recebimentos de doações e indenizações de estrangeiro Vendas de ativos para estrangeiro Recebimentos de fretes internacionais, serviços de seguros, etc. Débitos: (sinais negativos) Importações de bens e serviços não fatores Pagamentos de doações e indenizações a estrangeiro Compra de ativos de estrangeiro Pagamentos de fretes internacionais, serviços de seguros, gastos diplomáticos, etc. 2.2 A ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 23 A estrutura básica de um Balanço de Pagamentos é dada pelas seguintes contas: ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS (US$) Sendo que: A.1. Balança Comercial: inclui basicamente as exportações e as importações de mercadorias. Se as exportações forem maiores do que as importações, a balança comercial do país será superavitária. Se ocorrer o contrário, a balança comercial será deficitária. O termo FOB, free on board, indica que devem ser incluídos nas exportações e importações todos os gastos até o embarque da mercadoria. A.2.1. Balança de Serviços não Fatores: inclui transportes e seguros internacionais, viagens internacionais, gastos governamentais diplomáticos. A.2.2 Serviços de Fatores (Renda de Capital): São incluídos juros, lucros, salários e royalties pagos (ou recebidos) ao exterior. A.3. Transferências Unilaterais (Donativos): Refere-se a pagamentos sem contrapartida de um país para outro, principalmente entre as unidades familiares e os governos. São as doações em dinheiro ou em mercadorias. B.1. Investimento: refere-se ao capital de não-residentes no país aplicados no país, sejam diretos ou de carteira. B.2. Reinvestimentos: Refere-se basicamente aos investimentos de empresas estrangeiras já operando no país com suas filiais. B.3. Empréstimos e Financiamentos a Longo e Médio Prazo: são recursos externos basicamente utilizados para aumentar o ativo imobilizado das empresas. B.4. Empréstimos a Curto Prazo: são recursos destinados a melhorar o ativo circulante das empresas e em geral seu vencimento é menor do um ano B.5. Amortizações: registra os pagamentos do principal referente a empréstimos ou financiamentos obtidos no exterior, ou vice versa. A BALANÇA DE TRANSAÇÕES CORRENTES A.1. Balança Comercial (FOB – Free on Board) A.1.1. Exportações FOB A.1.2. Importações FOB A.2 Balança de Serviços (Invisível) A.2.1. Serviços não Fatores A.2.2. Serviços de Fatores (Renda de Capital) A.3. Transferências Unilaterais B. BALANÇA (MOVIMENTO) CAPITAIS AUTÔNOMOS B.1. Investimentos B.2. Reinvestimentos B.3. Empréstimos de Financiamentos a Longo e Médio Prazo B.4. Empréstimos a Curto Prazo B.5. Amortizações C. ERROS E OMISSÕES A+B+C SALDO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS D VARIAÇÕES NAS RESERVAS OU MOVIMENTO DE CAPITAIS COMPENSATÓRIOS Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 24 C. ERROS E OMISSÕES: surgem em função de equívocos existentes no registro das operações do país com o exterior D. VARIAÇÕES NAS RESERVAS (R) ou MOVIMENTOS DE CAPITAIS COMPENSATÓRIOS: De acordo com o saldo do balanço de pagamentos teremos variações nas reservas. O interessante notar é que os acréscimos nas reservas internacionais são lançadas em débito (sinal negativo) e as perdas em crédito (sinal positivo). A conta reservas irá mostrar o saldo do balanço de pagamentos com o sinal trocado, como veremos a seguir. Desconsiderando a conta “Erros e Omissões”, o setor externo pode ser representado pelas seguintes contas: SCKSTCSBP Sendo: SBP = Saldo do Balanço de Pagamentos. STC = Saldo em Transações Correntes SCK = Saldo da Conta Capital O setor externo pode registrar três saldos ( SBP ): Se o total de Créditos for maior que o total de Débitos externos, em um determinado período, então: 0SBP , Superávit Externo e neste caso, as variações nas reservas serão negativas e de igual valor ao superávit 0R , que significa aumento das reservas para o país. Se o total de Crédito for menor do que o total de Débitos externos, em um determinado período, então: SBP < 0, Déficit Externo e variações positivas e igual valor nas reservas 0R , indicando uma perda de reservas do país. Se o total de Crédito for igual ao total de Débitos externos, em um determinado período, então: SBP = 0, Equilíbrio Externo e 0R . Em termos econômicos o Balanço de Pagamentos também pode ser analisado da seguinte forma: A balança comercial registra as transações de bens A balança de serviços e dividida em não fatores e renda (remuneração dos fatores) As transferências unilaterais não são transações econômicas diretas, isto é, compra e venda de bens e serviços. A conta de capital representa todas as compras e vendas de ativos, isto é, controle das empresas, títulos privados e públicos, moeda estrangeira e amortizações de dívidas. A diferença entre a balança comercial e de serviços não fatores representa o saldo das transferências de recursos (capital) enviados menos os recursos recebidos do exterior ( STR ). Ela é dada por: nfnf MXSTR Sendo: nfX = Transferência de recursos (capital) enviado ao exterior ou exportações de bens e serviços não fatores do balanço de pagamentos; e Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 25 nfM = Transferência de recursos (capital) recebido do exterior ou importações de bens e serviços não fatores do balanço de pagamentos; A diferença entre a balança de serviços fatores (renda) com as transferências unilaterais representam a renda líquida enviada ao exterior ( RLEE ). Ela é dada por: RREREERLEE O saldo em transações correntes do balanço de pagamentos pela ótica da Demanda Agregada é dado por: RREREEMXSTC nfnf ou RLEEMXSTC nfnf Exemplo 2.1 Este exercício tem como objetivo apresentar os lançamentos mais requisitados das provas de economia e não somente da ESAF. Considere os seguintes dados que refletem as relações de uma economia hipotética com o resto do mundo, num determinado período de tempo, em unidades monetárias: - exportações com pagamento a vista: 250; - importações com pagamento a vista: 80; - importações de máquinas e equipamentos com financiamento externo: 100; - pagamento de juros de empréstimos, remessa de lucros e pagamento de aluguéis: 30; - recebimento de pagamentos de fretes e seguro internacional: 15 - amortização de empréstimos: 80; - recebimento de mercadorias como doações: 10; - reinvestimentos de lucros de multinacionais: 50 Com base nestas informações, calcule: a) O saldo da balança comercial, de serviços e transações correntes; b) O saldo da conta capital, do balanço de pagamento e a variação nas reservas; c) Pelo lado da demanda agregada calcule a renda líquida enviada ao exterior, as transferências líquidas de recursos e o saldo em transações correntes. Para realizar esse exercício é necessário, inicialmente realizar corretamente todos os lançamentos na estruturado balanço de pagamentos. Quadro 2.1 Estrutura do Balanço de Pagamentos: (em moeda estrangeira (US$). A BALANÇA DE TRANSAÇÕES CORRENTES: +5 A.1. Balança Comercial (FOB – Free on Board): +60 A.1.1. Exportações FOB: +250; A.1.2. Importações FOB: -80; -100; -10 A.2 Balança de Serviços (Invisível): -65 A.2.1. Serviços não Fatores: +15 A.2.2. Serviços de Fatores (Renda de Capital): -30; -50 A.3. Transferências Unilaterais: +10 Doações em dinheiro e/ou mercadorias: +10 B. BALANÇA (MOVIMENTO) CAPITAIS AUTÔNOMOS: +70 Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 26 É fundamental explicar cada lançamento do exemplo. Não podemos esquecer que o saldo do balanço de pagamentos tem como função determinar se ocorreu entrada ou saída líquida de moeda estrangeira ou dólares norte-americanos. Exportações com pagamento a vista: 250 Deve-se creditar na balança comercial, sub-conta exportações. Como o pagamento é à vista, há entrada de dólares. Importações com pagamento a vista: 80 Deve-se debitar na balança comercial, sub-conta importações. Como o pagamento é à vista, há saída de dólares. Importações de máquinas e equipamentos com financiamento externo: 100 Esse lançamento é interessante. Quando há a importações de máquinas e equipamentos deve- se, necessariamente debitar a conta balança comercial, mas pelo fato do pagamento não ter sido feito com pagamento à vista temos que creditar a conta financiamento externo. Percebam que não ocorreu nem entrada nem saída líquida de dólares. Pagamento de juros de empréstimos, remessa de lucros e pagamento de aluguéis: 30 Essas são as formas de remuneração de fatores. Com está sendo feito o pagamento há saída de divisas, isto é, débito na conta balança de serviços fatores (renda). Recebimento de pagamentos de fretes e seguro internacional: 15 Pelo fato do país estar recebendo o pagamento de fretes e seguros internacionais ocorre o crédito na conta de balança de serviços não fatores. Amortização de empréstimos: 80 A amortização de empréstimos significa o pagamento do principal, por isso é contabilizado com valor negativo. Recebimento de mercadorias como doações: 10 Toda mercadoria que um país recebe deve ser necessariamente registrada na balança comercial, neste caso, importação (débito). Como é uma doação, não há o pagamento e, consequentemente, a saída líquida de moeda estrangeira. Deve-se creditar a conta transferências unilaterais. Reinvestimentos de lucros de multinacionais: 50 Todo o lucro de uma empresa multinacional (residente) deve ser enviado para sua matriz (não- residente). Se esta decidir reinvestir o lucro então há somente a seguinte operação contábil: débito na balança de serviços fatores (renda) e, automaticamente, crédito na conta reinvestimento do saldo da conta capital. Agora, as a matriz decidir realmente ficar com o lucro, então registra-se, com sinal negativo, apenas o valor do lucro enviado. a) O saldo da balança comercial é igual a +60; o saldo da balança de serviços é igual a - 65; e o saldo em transações correntes é igual a +5. B.1. Investimentos B.2. Reinvestimentos: +50 B.3. Empréstimos de Financiamentos a Longo e Médio Prazo: +100 B.4. Empréstimos a Curto Prazo B.5. Amortizações: -80 C. ERROS E OMISSÕES: 0 A+B+C SALDO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS: +75 D VARIAÇÕES NAS RESERVAS: -75 Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 27 b) O saldo da conta capital é igual a +70 e do balanço de pagamentos igual a +75. Com isso, a variação nas reservas (capital compensatório) foi de -75. c) O calculo do saldo em transações correntes do balanço de pagamentos pela ótica da demanda agregada. RLEEMXGICPNB nfnfb STCGICPNB b Em valores absolutos temos os seguintes dados sobre o saldo das transferências de recursos (capital) enviados menos os recursos recebidos do exterior STR : nfX = 250+15 = 265 nfM = 80+100+10 = 190 STR = (265 – 190) = +75 Em valores absolutos temos os seguintes dados sobre a renda líquida enviada ao exterior RLEE : REE 30+50 = 80 RRE 10 RLEE (80 – 10) = +70 Então temos que o saldo da transferência de recursos enviado e recebido do exterior ( STR ) é igual a +75 e da renda líquida enviada ao exterior ( RLEE ) igual a +70 Perceba que podemos afirmar com certeza que o PIB é maior que o PNB, pois REE > RRE. Com o objetivo de calcular o saldo em transações corrente ( STC ) podemos descontar do STR a RLEE : RREREEMXSTC nfnf 570751080190265 STC Com isso, temos que o STC é igual a +5, necessariamente o mesmo valor encontrado nos lançamentos contábeis na Estrutura do Balanço de Pagamentos. 2.3 IDENTIDADE MACROECONÔMICA BÁSICA Através da ótica da demanda agregada podemos obter o produto nacional, bruto ou líquido. Sabemos que, no sistema de contas nacional, todo processo de produção é necessariamente um processo de geração de renda. Com isso, podemos substituir o produto pela renda. A renda nacional bruta, que por convenção iremos chamar de Y , é dada por: RLEEMXGICY nfnfb Entretanto, para estudarmos a identidade expressa acima e suas relações com a formação da poupança e do investimento iremos separar a análise em três partes, descritas a seguir. a. Economia fechada e sem governo O produto da economia (Y ) será determinado por dois agentes econômicos: Famílias e Empresas. ICY A renda é igual a soma do consumo das famílias e o investimento das empresas. Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 28 CYI Como, por definição de poupança privada das famílias ( PS ) como sendo a parcela da renda não consumida, temos: CYSP Neste caso, a poupança privada será igual ao investimento das empresas. ISP A poupança privada pode ser líquida ou bruta, assim como o investimento privado. EFBKFS pb Poupança bruta EFLKFS pl Poupança líquida Na contabilidade nacional, há somente a diferenciação de bruto e líquido para a poupança privada e não para a poupança governamental e externa como iremos analisar em seguida. b. Economia fechada e com governo Neste caso, o produto da economia (Y ), ou seja, a renda será determinada por três agentes econômicos: Famílias; Empresas; e Governo. GICY A renda nacional é igual à soma do consumo das unidades familiares, dos investimentos das empresas e do gasto governamental. Para analisar a identidade macroeconômica pela lado da popança dos agentes da economia devemos subtrair a tributação (T ) em ambos os termos da identidade acima. Percebam que não estaremos alterando a identidade. TGICTY Define-se como a renda disponível a parcela da renda descontada dos tributos (impostos): TYY d . TGICY d TGIS p A poupança privada é igual à soma do investimento das empresas com o déficit do governo TG . IGTCY d Sendo: CYS dP , poupança privada; e GTSG , poupança do governo (ou saldo do governo em conta corrente). Neste caso teremos que poupança privada acrescida da poupança do governo é igual ao investimento: ISS Gp Sendo poupança total igual a: )( GPT SSS IST c. Economia aberta e com governo Neste caso, o produto da economia (Y ) será determinado por quatro agentes econômicos: Famílias; Empresas; Governo; e Resto do Mundo. RLEEMXGICY b Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 29 RLEEMXSTC Subtraindo a tributação (T ) em ambos os termos da identidade acima, temos: )()( RLEEMXTGICTY IXRLEEMGTCY d A poupança externa é igual a: XRLEEMSE . De fato, a poupança externa é o déficit em transaçõescorrentes do balanço de pagamentos ( STC ). ISSS EGP Sendo poupança total igual a: )( EGPT SSSS IST Conclusão: no equilíbrio macroeconômico, identidade macroeconômica básica, a poupança sempre será igual ao investimento. Atenção no seguinte detalhe: poupança bruta é igual ao investimento bruto e poupança líquida é igual ao investimento líquido, seguindo a lógica expressa a seguir: EFBKFXRLEEMSS GPb EFLKFXRLEEMSS GPl QUADRO 2.2 A IDENTIDADE MACROECONÔMICA BÁSICA: UM RESUMO Situações Relações contábeis Exemplos Dicas Economia fechada e sem governo ISP . EFBKFS pb EFLKFS pl 10;50 ES pb , então: .40FBKF 5;10;50 dES pb , então: .35FLKF Atenção na determinação da poupança privada, para verificar se ela é liquida ou bruta. E se for o caso descontar ou acrescentar a depreciação do capital ( d ). Economia fechada e com governo ISS Gp TGIS p IS p Déficit do Governo 50;100 GP SS , então: .150I 20;100 GP SS , então: 120I 50;100 GP SS (déficit do governo), então: 50I A poupança do governo pode ser positiva e, com isso, aumentar os investimentos, caso a pS permaneça constante. E, quanto menor a GS , menor será o Investimento, de acordo com o Exemplo. Economia aberta e com governo ISSS EGP )( RLEEMXISS Gp 80;100;200 EGp SSS então: .380I 40;100;200 EGp SSS então: 340I 30;100;200 EGp SSS então: 270I A ES é determinada pelo déficit em transações correntes e, quanto maior for essa variável e mantendo-se constante as poupanças privadas e do governo, maior será o investimento. Isso significa que um determinado país Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 30 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 1. (ESAF - AFRF) Com relação ao balanço de pagamentos, é incorreto afirmar que: a) as exportações de empresas multinacionais instaladas no Brasil são computadas na balança comercial do país. b) os investimentos diretos fazem parte dos chamados movimentos de capitais autônomos. c) o saldo da conta “transferências unilaterais” faz parte do saldo do balanço de pagamentos em transações correntes. d) o saldo total do balanço de pagamentos não é necessariamente nulo. e) as chamadas rendas de capital fazem parte do denominado balanço de serviços não fatores. Resolução Item a) As filias das empresas multinacionais operando no país são residentes e com isso, suas exportações devem ser registradas na balança comercial. Correto. Item b) Os investimentos estrangeiros diretos são compra ou venda de ativos entre residentes e não- residentes e são registrados na conta B. Correto. Item c) O Saldo em transações correntes é igual a soma: balança comercial; balança de serviços; e transferências unilaterais. Correto. Item d) O saldo do balanço de pagamentos pode ser superavitário, deficitário e nulo. Correto. Item e) Rendas de capital devem ser computadas na balança de serviços fatores. Incorreto. 2. (ESAF - AFRF) Considere os seguintes saldos do balanço de pagamentos para uma determinada economia hipotética, em unidades monetárias: saldo da balança comercial: superávit de 100 saldo em transações correntes: déficit de 50 saldo total do balanço de pagamentos: superávit de 10 Com base nestas informações e considerando que não ocorreram lançamentos na conta "erros e omissões", é correto afirmar que: consegue crescer mais do com seus recursos domésticos, absorvendo poupança externa. Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 31 a) o saldo da conta "transferências unilaterais" foi necessariamente superavitário. b) independente do saldo da conta "transferências unilaterais", podemos afirmar com certeza que o saldo da balança de serviços foi superavitário. c) o saldo dos movimentos de capitais autônomos foi negativo. d) se a conta "transferências unilaterais" foi superavitária, podemos afirmar com certeza que a balança de serviços apresentou saldo positivo. e) se a conta "transferências unilaterais" foi superavitária, podemos afirmar com certeza que a balança de serviços apresentou saldo negativo. Resolução Item a) STC = balança comercial + balança de serviços + transferências unilaterais -50 = +100 + balança de serviços + transferências unilaterais A conta transferências unilaterais, neste caso, pode ser negativa ou positiva de acordo com o saldo da balança de serviços. Por exemplo: Se a balança de serviços for positiva em + 200, então necessariamente a conta transferências unilaterais será deficitária em – 350. Se a balança de serviços for negativa em – 200, então necessariamente a conta transferências unilaterais será superavitária em + 50. Incorreto. Item b) Como exposto no item a) o saldo da balança de serviços depende da conta transferências unilaterais. Incorreto. Item c) SCKSTCSBP 60 5010 SCK SCK O saldo da conta capital autônomos foi superavitário em +60. Incorreto. Item d) STC = balança comercial + balança de serviços + transferências unilaterais Se transferências unilaterais for igual a +50, então: -50 = +100 + balança de serviços + 50 Balança de serviços = - 200. Incorreto. Item e) Seguindo o raciocínio do item d), pode-se afirmar que se a conta transferências unilaterais foi superavitária podemos afirmar que a balança de serviços apresentou saldo negativo. Correto. 3. (ESAF - AFRF) Considere as seguintes informações para uma economia hipotética aberta e sem governo, em unidades monetárias: exportações de bens e serviços não-fatores = 100; renda líquida enviada ao exterior = 50; formação bruta de capital fixo mais variação de estoques = 150; poupança líquida do setor privado = 50; depreciação = 5; saldo do governo em conta corrente = 35. Com base nestas informações e considerando as identidades macroeconômicas de um sistema de contas nacionais, é correto afirmar que as importações de bens e serviços não-fatores é igual a: a) 110 Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 32 b) 30 c) 80 d) 20 e) 200 Resolução No enunciado do exercício, há a afirmação de que a economia é sem governo. Contudo, oferece os dados do saldo do governo em conta corrente e devemos considerar o setor público. EFBKFXRLEEMSS Gpb 110 1501005035550 M M Com isso, o item correto é o a). 4. (ESAF – AFRF) No ano de 1999, a conta de capital do sistema de contas nacionais no Brasil apresentou os seguintes dados (em R$ 1.000.000): Poupança bruta: 149.491 Formação bruta de capital fixo: 184.087 Variação de estoques: 11.314 Transferências de capital enviada ao resto do mundo: 29 Transferências de capital recebida do resto do mundo: 91 Com base nessas informações, é correto afirmar que a necessidade de financiamento foi igual a: a) 34.566 b) 45.848 c) 80.414 d) 11.282 e) 195.401 Resolução Sabendo que o saldo das transferências de recursos (capital) enviados menos os recursos recebidos do exterior ( STR ). Ela é dada por: nfnf MXSTR Sendo: nfX = Transferência de recursos (capital) enviado ao exterior ou exportações de bens e serviços não fatores do balanço de pagamentos; e nfM = Transferência de recursos (capital) recebido do exterior ou importações de bens e serviços não fatores do balanço de pagamentos; EFBKFXRLEEMSS Gpb Com não há referência da renda líquida enviada ao exterior, então .0RLEE 848.45 314.11087.18429091491.149 G G S S A necessidade de financiamento do setor público é igual a R$ 45.848 milhões. Letra b). Prof. Dr. Lucas LautertDezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 33 Dica do Professor: Os exercícios 3 e 4 são clássicos da prova de AFRF e são resolvidos pela identidade macroeconômica de um sistema de contas nacionais. Portanto, a identidade é muito clara: poupança total será sempre igual ao investimento (formação bruta de capital fixo + variação nos estoques). Neste caso, o investimento bruto foi de R$ 195.401 milhões e o exercício pediu para você calcular o valor da poupança do governo que faltava para preencher o investimento. Como a poupança privada é igual a R$ 149.491 milhões e a poupança externa R$ 62 milhões, então falta efetivamente R$ 45.848 milhões para financiar o valor do investimento de R$ 195.401 milhões. 5. (ESAF - AFRF) Considere as seguintes informações para uma economia hipotética (em unidades monetárias): Exportações de bens e serviços não fatores: 200 Importações de bens e serviços não fatores: 300 Renda líquida enviada ao exterior: 100 Com base nessas informações e considerando as identidades macroeconômicas básicas decorrentes de um sistema de contas nacionais, é correto afirmar que essa economia hipotética apresentou: a) déficit no balanço de pagamentos em transações correntes de 100. b) déficit no balanço de pagamentos em transações correntes de 200. c) superávit no balanço de pagamentos de 200. d) saldo nulo no balanço de pagamentos em transações correntes. e) superávit no balanço de pagamentos de 100. Resolução O saldo em transações correntes do balanço de pagamentos pela ótica da Demanda Agregada é dado por: RREREEMXSTC nfnf ou RLEEMXSTC nfnf Substituindo os valores: 200 100300200 STC STC Déficit no balanço de pagamentos em transações correntes de 200. Letra b). 6. (ESAF – AFRF) Considere: Ipr = investimento privado Ipu = investimento público Spr = poupança privada Sg = poupança do governo Se = poupança externa Com base nas identidades macroeconômicas fundamentais, pode-se afirmar que: a) Ipr + Ipu = Spr + Sg b) Déficit público = Spr - Ipr + Se Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 34 c) Ipr + Ipu + Se = Spr + Sg d) Déficit público = Spr + Ipr + Se e) Ipr = Spr + Se Resolução O investimento público ( PUI ) é despesa do governo: TGISS PREPR Déficit do governo TG . Déficit do governo = EPRPR SIS . Letra b). 7. (ESAF – AFRF) Considere os seguintes dados que refletem as relações de uma economia hipotética com o resto do mundo, num determinado período de tempo, em unidades monetárias: - exportações com pagamento a vista: 100; - importações com pagamento a vista: 50; - entrada de investimento direto externo sob a forma de máquinas e equipamentos: 200; - pagamento de juros de empréstimos, remessa de lucros e pagamento de aluguéis: 80; e - amortização de empréstimos: 50. Pode-se afirmar que a) o saldo da balança comercial é de +50; o saldo da balança de serviços é de -130; o saldo em transações correntes é de -230; e o saldo total do balanço de pagamentos é de -80. b) o saldo da balança comercial é de +50; o saldo da balança de serviços é de -80; o saldo em transações correntes é de -230; e o saldo total do balanço de pagamentos é de - 80. c) o saldo da balança comercial é de -150; o saldo da balança de serviços é de -130; o saldo em transações correntes é de -230; e o saldo total do balanço de pagamentos é de -80. d) o saldo da balança comercial é de -150; o saldo da balança de serviços é de -80; o saldo em transações correntes é de +230; e o saldo total do balanço de pagamentos é nulo. e) o saldo da balança comercial é de -150; o saldo da balança de serviços é de -80; o saldo em transações correntes é de -230; e o saldo total do balanço de pagamentos é de - 80. Resolução Devemos lançar as transações econômicas na estrutura do balanço de pagamentos. ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS (US$) A BALANÇA DE TRANSAÇÕES CORRENTES: -230 A.1. Balança Comercial (FOB – Free on Board): -150 A.1.1. Exportações FOB: +100 A.1.2. Importações FOB: -50; -200 A.2 Balança de Serviços (Invisível): -80 A.2.1. Serviços não Fatores Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 35 A letra e) está correta. Dica do Professor: Caso a ESAF peça um exercício do setor externo com lançamentos, o candidato deverá necessariamente fazer um esboço rápido e correto da Estrutura do Balanço de Pagamentos. E, a partir dessa estrutura realizar os lançamentos corretos. O Exemplo 2.1 é similar a este só que é mais completo e mais difícil. Sugiro ao candidato um estudo detalhado do Balanço de Pagamentos e seus lançamentos. A prova é feita de detalhes. A.2.2. Serviços de Fatores (Renda de Capital): -80 A.3. Transferências Unilaterais: 0 Doações em dinheiro e/ou mercadorias: B. BALANÇA (MOVIMENTO) CAPITAIS AUTÔNOMOS: +150 B.1. Investimentos B.2. Reinvestimentos B.3. Empréstimos de Financiamentos a Longo e Médio Prazo: +200 B.4. Empréstimos a Curto Prazo B.5. Amortizações: -50 C. ERROS E OMISSÕES: 0 A+B+C SALDO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS: -80 Prof. Dr. Lucas Lautert Dezordi LIÇÕES DE MACROECONOMIA. CEC – Concursos e Editora Curitiba 36 CAPÍTULO III 3. AS CONTAS DO SISTEMA FINANCEIRO MONETÁRIO E A CRIAÇÃO DE MOEDA Calculamos o produto (PNB ou PIB) pelo seu valor monetário. No Brasil, o produto é calculado em reais, nos EUA em dólar norte-americano, na Inglaterra a libra e na maioria dos países europeus o euro. Todavia, o que vem a ser moeda? Como ela é criada? Neste item iremos responder essas perguntas. Para um sistema econômico, moeda é representada pelos ativos de elevadíssima liquidez (aceitação generalizada), podendo ser utilizado para a liquidação oficial de uma dívida. No Brasil, a moeda oficial utilizada pelos agentes econômicos é o Real (R$). Esta moeda é conhecida como Meios de Pagamento (MP) e podem estar em duas formas: i) moeda manual, conhecida como Papel Moeda em Poder do Público; e ii) moeda escritural, representada pelo volume de Depósitos à Vista nos bancos comerciais. Neste caso teremos então: BCDVPMPPMP (1) A criação dos Meios de Pagamento só pode ser realizada pelo: i) Banco Central do Brasil (Bacen) – Emissão de Moeda Manual; e ii) Bancos Comerciais (BC) – Criação de Moeda Escritural ou bancária Conseqüentemente o Sistema Financeiro Monetário é formado pela Autoridade Monetária (Bacen) e pelos Bancos Comerciais (instituições financeiras autorizadas a receber depósitos à vista). O Bacen cria moeda manual ou a moeda física através da impressão e os bancos comerciais criam moeda escritural a partir das operações de empréstimos. 3.1 CRIAÇÃO DE MOEDA MANUAL (PMPP): O Banco Central tem o poder instituído legalmente para emitir o papel-moeda. Entretanto, nem todo Papel Moeda Emitido (PME) transforma-se em moeda. O quadro abaixo mostra como o PME se transforma em moeda no sistema econômico. 1 passo Bacen autoriza a emissão de moeda: PME 2 passo PME – Caixa do Bacen = PMC 3 passo PMC – Reservas totais nos bancos comerciais (R) = PMPP Com isso, temos: PMC = Papel Moeda em Circulação R = Reservas Totais Reservas Totais = Reservas Voluntárias + Reservas Compulsórias Reservas Voluntárias no Banco Central: são feitas pelos bancos comerciais com o objetivo de atender excesso de pagamentos frente a recebimentos na compensação de cheques. Reservas Compulsórias ou Obrigatórias: são recolhidas junto ao Banco Central como proporção dos depósitos à vista, e são utilizadas para garantir uma segurança mínima ao sistema bancário. No Brasil a taxa de compulsório é de 45% sobre os DVbc. PME = Caixa do Bacen + R + PMPP (2) PMC = R + PMPP (3) O Papel Moeda em
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