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A MUSICOTERAPIA NO PROJETO PROJOVEM ADOLESCENTE: A PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE NO PROCESSO GRUPAL

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A MUSICOTERAPIA NO PROJETO PROJOVEM ADOLESCENTE: A PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE NO PROCESSO GRUPAL 
Rafael Marrero Brignol
Resumo: Este artigo apresenta um relato de experiência realizada no projeto Projovem adolescente, caracterizando uma intervenção grupal com a utilização da musicoterapia. O trabalho compreendeu três grupos, situados em diferentes bairros da periferia da cidade de Bagé-RS. Foram feitas atividades musicais, com a abordagem musicoterápica, que consistiam em colocar a música como meio de desenvolver potencialidades e a criatividade, bem como traçar novos tipos de relações dos jovens entre si e com a sociedade. Os coletivos encontraram na experimentação artística e relacional uma rede de interações, existindo neste meio os desejos, afetos e vínculos que ocorreram ao longo das experiências, envolvendo a estética, a relação com a alteridade, assim como a micropolítica das formações do desejo no campo social. 
Palavras Chave: Singularidade; Coletivos; Relações.
Abstract: This article introduces an experience report conducted from the Projovem teen project, featuring a group intervention using the music therapy. The work consisted of three groups, located in different neighborhoods around the city of Bage-RS’ outskirts. Musical activities were performed using the music therapy approach, which consisted in placing music as a mean to develop possibilities and creativity as well as drawing new kinds of relationships between young people and between themselves and with the society. Collectivities found, in this artistic and relational experimentation, a network of interactions, including their desires, preferences and ties that occurred throughout the experiments, involving the aesthetics, the relationship with otherness as well as micro-formations of desire in the social field.
Keywords: Uniqueness; Collectivities; Relationships.
Introdução
A musicoterapia tem como um de seus campos de ação as comunidades, dentre elas, as que sofrem com as desigualdades sociais, e o alto índice de pobreza como ocorre no Brasil. Neste contexto, voltamos o enfoque para a subjetividade produzida nos processos grupais dentro destas comunidades, entendendo o ser como social e político. A formação de grupos surge como elemento importante para abordar diferentes tipos de público, que se apresenta como demanda aos serviços sociais na rede municipal de assistência social. 
Este artigo apresenta uma experiência de intervenção com um grupo de jovens, durante o ano de 2011, tendo como foco a realização do trabalho musicoterápico, no Projovem Adolescente
. Este projeto foi desenvolvido no Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), de três comunidades situadas na periferia da cidade de Bagé-RS: Ivo Ferronato; Prado Velho; Artur Damé. Os grupos, denominados ‘coletivos’, eram constituídos por dez a quinze jovens com idades entre 15 a 17 anos, havendo encontros duas vezes na semana. Para o ingresso do jovem no projeto, analisou-se a situação de vulnerabilidade social de seu núcleo familiar, e foi colocado como critério de seleção que as famílias dos jovens sejam beneficiárias do Programa Bolsa Família
.
O Projovem adolescente é um serviço sócioeducativo que tem por objetivo o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários e também a (re)inserção do jovem no sistema de ensino. Além disso, trata de discutir temas transversais ligados à realidade do jovem. Seguindo os demais objetivos do projeto, há a aposta na formação da consciência cidadã e o empoderamento como sujeito social, visando que os jovens se transformem em protagonistas, tendo maior conhecimento e ação sobre sua realidade (BRASIL, 2008a).
Foi considerada a existência de uma demanda social para o jovem nos bairros de periferia, principalmente em núcleos onde há alta vulnerabilidade social, como são as comunidades em questão. Nesse contexto, atuou o Projovem adolescente, formado por uma equipe com uma coordenadora do projeto; três orientadores sociais nos coletivos (Psicólogos), um em cada coletivo e um oficineiro (Musicoterapeuta), atuando nos três coletivos. O trabalho acontecia de forma interdisciplinar, de modo que os demais profissionais realizavam o planejamento das ações em conjunto e ainda participavam da oficina. 
Este artigo visa o relato de uma experiência em musicoterapia e a análise de sua constituição como dispositivo
 de produção de subjetividade neste meio social e político. Neste contexto voltamos o enfoque para referências na musicoterapia, como campo teórico e prático híbrido, ao abordar a música e a terapia como importantes elementos na aplicação de grupos em comunidades; na utilização de conceitos da filosofia da diferença de Deleuze e Guattari; e com a intervenção musicoterápica visando às singularidades e devires, em meio a agenciamentos
 sociais e institucionais. 
Por um fazer ético, estético e político
A sociedade capitalista, para Guattari e Rolnik (2008), tem seus modos de funcionamento e produção que ultrapassam os níveis econômicos e se entrecruzam com os processos de subjetivação. Este tipo de produção se ocupa da sujeição subjetiva em torno de modelizações que ditam padrões identitários que direcionam o desejo, com a criação de modos de semiotização relativos. A cultura de massa fabrica moldes sociais que enquadram as existências a valores dominantes, hierarquizados segundo uma lógica ‘racional’, que prima pelo individualismo e a competitividade, atuando como moldes relacionais com a alteridade e o ambiente, em função de uma ética do capital. 
Por outra via, pensa-se na singularidade, em que o sujeito ou coletivos se reapropriam de seus modos de produção, visando à micropolítica do desejo, que se insere junto à ética e à política numa estética existencial. Nesta abordagem há a substituição de paradigmas: no lugar do paradigma científico é colocado o ético estético e político. Este último não se preocupa em legitimar o saber científico em detrimento de outros saberes, mas, sim, entender as relações que são colocadas entre elementos postos em produção, em forma de agenciamentos de subjetividade, que atravessam as máquinas desejantes e singularidades que são sociais e políticas (GUATTARI, 1990). 
O traço comum entre os diferentes processos de singularização é um devir diferencial que recusa a subjetivação capitalística. Isso se sente por um calor nas relações, por determinada maneira de desejar, por uma vontade de amar, por uma vontade de simplesmente viver ou sobreviver, pela multiplicidade dessas vontades. É preciso abrir espaço para que isso aconteça. O desejo só pode ser servido em vetores de singularidade (GUATTARI, ROLNIK, 2008, p.56).
Durante o Projovem Adolescente foi importante perceber este jovem que chegava ao serviço com suas relações no ambiente familiar, escolar e comunitário. Principalmente enquanto inseridos, ou imersos, em uma cultura ditada pelo capital, onde a periferia se encontra em posição pouco privilegiada na hierarquia social. Em seus relatos ansiavam por uma condição melhor de vida, entendendo esta condição em relação a outra parcela da sociedade, que possui maior poder econômico. O trabalho não pensou em um direcionamento do jovem a uma estrutura social baseada em modelos de ‘sucesso’, pois o modelo capitalístico trata de um sistema subjetivante, que atua no desejo. O ponto de partida, pelo contrário, foi relacionado à autonomia e produção de processos diferenciais. O que se verifica no traçado metodológico proposto pelo projeto:
O conjunto de necessidades decorrentes da pobreza e dos processos de exclusão social e vulnerabilidades sociais, aliado às necessidades peculiares do desenvolvimento dos jovens em seu ciclo de vida, exigem ações que vão além da transferência de renda e bens materiais. Trata-se de associar serviços e benefícios que permitam a prevenção de riscos e contribuam para o reforço da autoestima dos jovens, o desenvolvimento de sua autonomia e capacidade de sobrevivência futura, bem como para a ampliação de do acesso e usufruto à cultura e aos bens sociais (BRASIL, 2008b,p.6).
A concepção inicial do trabalho parte do adolescente não ser um cidadão obediente e passivo a um sistema de valores dominantes, mas outra via que propõe novos modos existenciais em meio a um sistema homogeneizante, onde se possam traçar linhas e propor outros movimentos de subjetivação. Foucault apud Branco (2008) coloca em questão a luta pela autonomia, considerando que existem relações de poder a controlar as formas existenciais, que podem ser afrontadas através de um modo agonístico de atuação. Frente a esta situação é necessário identificar os perigos existentes em mecanismos de sujeição subjetivos institucionais e sociais, de modo a traçar processos de resistência em direção à experimentação e criação. Surge o conceito de “estética da existência”, que se caracteriza por conferir certa beleza à existência através das relações éticas traçadas, com o enfrentamento da moralidade e a atuação crítica e inventiva no mundo.
O que faz é tratar de uma posição ética social, sendo ela definida pelo “(...) rigor com que escutamos as diferenças que se fazem em nós e afirmamos o devir a partir dessas diferenças preservando seu potencial inventivo e produzindo relações diferenciais.” (DELEUZE apud ROLNIK 1995, p.2). Para este autor é possível voltar o pensamento para a relação ética, pois não é seguido um conjunto de regras morais, tomadas como verdades universais. Indissociável da ética está a estética, presente na arte, mas também fazendo do pensamento uma obra em constante luxo de construção e desconstrução de formas e concepções. Novos modos de ser e estar no mundo podem ser experimentados, seja através da arte em criação coletiva, seja pelo modo de lidar com a realidade em curso. O caráter político também se insere pensado como potência transformadora de coletivos, em relação às forças reativas que obstruem a criação e tentam suprimir os devires (Idem, 1995).
Este trabalho foi realizado em um setting móvel
, na sala do CRAS ou em outros locais da comunidade como o centro comunitário. Ao invés de pacientes, se encontram coletivos desejantes que puderam se sentir empoderados nas suas escolhas e caminhos, sendo envolvidos por questões políticas, mas também éticas e estéticas. A arte não é utilizada dentro de uma abordagem formal, pois não existiu intenção de ‘produto artístico’, mas de inseri-la a partir de uma experiência artística que envolve a ética relacional grupal e comunitária. Desta forma, a arte é tomada na perspectiva da invenção da vida como um processo, onde impera a criação de existências singulares. A estética, aqui, é percebida como campo subjetivo a pensar a micropolítica nas transformações coletivas do desejo e suas relações sociais e ambientais.
“O novo paradigma estético tem implicações ético-políticas porque quem fala em criação, fala em responsabilidade da instância criadora em relação à coisa criada, em inflexão ao estado das coisas, em bifurcação para além de esquemas pré-estabelecidos (...) (GUATTARI, 1992, p.137).” A criação em estado nascente, como uma perspectiva da invenção contínua, assim que se caracteriza a abordagem artística frente ao cotidiano, não somente no campo dos objetos de arte, mas nos processos ativados pelos fazeres artísticos. Para Pereira (2012) uma experiência estética é um acontecimento cultural e artístico que não serve para ser compreendido, mas experimentado pela abertura e expansão à diversidade de sentidos sobre a realidade. As experimentações estéticas remetem sempre a novas e inéditas experiências, desta forma atua a: “Ampliar o território cultural, ampliar o repertório de experiências representa, assim, uma ampliação na capacidade dos sujeitos orientarem sua percepção e compreensão ante as infinitas possibilidades de existência” (Idem, 2012, p. 117).
Intervenção em grupos comunitários musicoterápicos
O trabalho com grupos constitui uma prática em musicoterapia, podendo ser utilizado como modo de intervenção na comunidade, em que se propõe a atuações do indivíduo e seu grupo em relação à comunidade a que pertence, bem como à sociedade na qual está inserido. Segundo Chagas (2001) a musicoterapia comunitária se caracteriza por ter como cliente a comunidade. Ao focar em jovens de uma determinada comunidade, abordamos sua relação como ator social inserido em seu contexto familiar, escolar e ecológico. Desta forma, a oficina de musicoterapia no Projovem Adolescente trabalhou com a inserção do jovem nas esferas institucionais e comunitárias, sendo produtor de seu meio, ao mesmo tempo em que o produz num sistema autopoiético
. 
Ao pensar nas intervenções musicoterápicas, tem de ser considerada a musicoterapia como campo de conhecimento transdisciplinar, que une a arte à ciência, onde são articulados diferentes conhecimentos. A música envolve todo um saber específico em disciplinas como, por exemplo, a educação musical, a musicologia, a história da música e a estética musical. Por outro lado, a terapia comporta linhas teóricas como a psicanálise, humanismo, comportamentalismo entre outras, como a filosofia, que oferece subsídios para a atuação do musicoterapeuta (CHAGAS, PEDRO, 2008).
É com esta forma híbrida que se trabalhou, também com o ‘setting híbrido’
, já que o trabalho contou com a atuação de outros profissionais, que interviam diretamente no processo, através do trabalho em equipe. A conexão com os profissionais nos encontros fazia, algumas vezes, com que se mesclasse o trabalho de Musicoterapia com Psicologia. As intervenções poderiam se caracterizar como comunitárias, mas por que também não clínicas? A clínica, para Deleuze (2008), está mais próxima da arte do que propriamente as interpretações dos conteúdos inconscientes, bem como do que os melhoramentos sociais em nome de uma “evolução” social. Não se quer passar o “ser” de um estado a outro dentro de uma verticalidade, mas sim de ser contagiado com devires, perceber as trajetórias dos universos de referência e forjar novos. Deste modo, não se buscam ajustar pessoas segundo os moldes sociais, entretanto se procura perceber os sujeitos com o poder de criar sua vida e suas escolhas, em vias de vir a ser. 
Dentro do mesmo pensamento, Deleuze (2008) coloca a literatura como saúde, pois produz intensidades e devires, pois, ao escrever se faz a linguagem gaguejar na própria língua, tornar-se estrangeiro no seu próprio país. Esta é a literatura que transborda e se põe em devir. O que também ocorre com a música em musicoterapia, para Chagas (2007): as expressões musicais se utilizam das desafinações, a voz que engasga ou a letra de uma canção trocada. A música no setting musicoterápico traça territórios através dos sons, timbres, ritmos e canções com temas diversificados que desenvolvem tramas de sentidos e significados, bem como cadeias a-significantes. A utilização da voz e o ato de tocar o instrumento proporcionam diversas experimentações corporais e blocos de sensação. Ocorre a produção de afectos e perceptos pelo sujeito posto a cantar e improvisar, compondo novos modos de semiotização nos agenciamentos de enunciação.
A música, de maneira muito eficiente, produz novos enunciados aos sujeitos, seja através da improvisação, da audição, da composição ou da canção. Em muitas sessões, o paciente fica envolvido na tarefa de tocar, de improvisar, de experimentar sons, de entrar em contato com instrumentos musicais. Essas experimentações tecem novos agenciamentos, que oportunizam as cadeias a-significantes de experimentações subjetivas. Não existem efeitos de significação no sentido linguístico para essas práticas: há experimentação musical, ou seja, uma enunciação subjetiva muito própria dos processos musicoterápicos (CHAGAS, 2007, p.135).
Nesta leitura, podemos compreender o trabalho musicoterápico com adolescentes e seus processos de subjetivação. Os objetivos terapêuticos, neste contexto, visam a não padronização dos indivíduos, o momento singular, buscando seus processos criativos, de maneira que se abram caminhos a novas formas existenciais na comunidade. Faz-se necessário pensar a intervençãocomo criadora de linhas de fuga aos processos instituídos, com seus universos de valor a constituir territórios existenciais rígidos. Aqui, a ‘ecosofia’ trata da construção de outros valores nas esferas mentais, sociais e do trabalho, que deve ser vista como um movimento de múltiplas faces a colocar dispositivos analíticos e de produção de subjetividade nas práticas sociais. (GUATTARI, 1990).
Segundo Bruscia (2000), este tipo de intervenção não se reduz ao grupo ou a um setting
, pois atua também em outros espaços como escolas e eventos comunitários e sociais. O que se caracteriza como uma prática musicoterápica ecológica, na medida em que trabalha com os adolescentes na perspectiva da relação com seu meio, ou seja, sua comunidade e até mesmo fora dela. A prática ecológica em musicoterapia envolve o grupo como um sujeito em seu contexto social e cultural, já que é um agente de mudança a partir de seus modos de agir dentro dela.
Os grupos funcionam como disruptores nos sistemas instituídos, sendo tomados como dispositivos de produção de subjetividade, em uma perspectiva da análise institucional. O grupo, além de sua horizontalidade e verticalidade, possui também linhas transversais. Enquanto as primeiras se ocupam das individualidades e do grupo como unidade, a considerar os indivíduos inseridos no coletivo, a transversalidade lança o grupo em seu contexto político e institucional. Considera-se que o grupo se encontra inserido em meio a diversas instituições, onde pode ser agente produtor de relações diferenciais com a transformação dos processos instituídos (BARROS, 2007).
Produção de Subjetividade nos Coletivos
O primeiro momento do trabalho em grupo se constituiu na vinculação entre equipe e jovens. Os encontros aconteciam semanalmente em cada coletivo, com duração de uma hora e meia, um com a orientadora social (Psicóloga), discutindo assuntos transversais relacionados com a realidade do jovem. Em outro encontro acontecia a oficina de musicoterapia. O trabalho ocorria em comunicação entre a orientadora e o oficineiro, sendo que no coletivo do Bairro Prado Velho a orientadora social participava, por vezes, da oficina. 
 Foi visado o vínculo saudável com o grupo, para posteriormente serem desenvolvidas outras atividades, até mesmo fora dos CRAS. Assim, realizaram-se passeios, também momentos de integração entre os coletivos. Segundo Pichón Rivière (1991) o vínculo é sempre social, sendo movido por afetos harmoniosos e desarmoniosos. A relação pode existir de forma patológica quando é fixada uma estereotipia em um círculo fechado, de modo que a comunicação é comprometida. O vínculo saudável, por outro lado, se coloca como processualidade nas relações, em movimento dialético referente a um sistema de relações que deve ser aberto a possibilidades externas e fechado para assimilar e processar as informações. Assim, a oficina de musicoterapia tinha por objetivo propor a experimentação através da relação com a alteridade. 
Perceberam-se, primeiramente, os pontos de encontro entre os jovens através da música. Nisto se criaram possibilidades de ser e estar em grupo através da música, em atividades musicais onde não havia certo ou errado, o que importava era o processo de produção e os elos que eram criados a partir disto. Deste modo, foram se compondo processos heterogêneos nos coletivos, desde os processos grupais internos, até os momentos de relação do grupo com a sociedade, na medida em que se faziam apresentações musicais nas comunidades e em eventos públicos. O papel da musicoterapia comunitária, para Chagas (2001), é primeiramente de perceber as necessidades das pessoas ou grupos em questão. O musicoterapeuta tem de perceber as sonoridades próprias que atravessam os coletivos, como também os andamentos, ritmos, canções, gêneros musicais. O trabalho com grupos poderá proporcionar que os envolvidos se tornem sujeitos de sua própria história, com poder de ação sobre sua vida, tendo suas próprias vozes como seres sociais e políticos.
Cada grupo apresentou suas particularidades, pois estavam inseridos em comunidades cujos modos de concepção e de ação eram distintos. Em destaque situa-se a experiência, que terá maior enfoque, com o coletivo formado no CRAS do bairro Prado Velho. Os jovens participantes deste coletivo eram oriundos de diversos outros bairros, que se situavam ao redor do CRAS. No início somente se cantavam canções, pois nos primeiros meses o projeto não contava com instrumentos musicais de percussão. As vozes saiam baixas e tímidas nos primeiros encontros, mas na medida em que as relações vinculares amadureceram, e com o decorrer do trabalho, a desinibição e o medo do erro foram sendo gradativamente perdidos. O grupo, neste caso, assumiu o caráter da processualidade em vias da produção de subjetividade. Para pensar a subjetividade como processo de produção da realidade, Guattari (2008) aponta o inconsciente como uma instância produtiva. Neste sentido, os processos de subjetivação são plurais e construídos nas individualidades, coletividades e nos níveis institucionais. 
A subjetividade é produzida em meio a atravessamentos pelo social, o individual, e outro aspecto incorpóreo referente à mídia, à informática, à robótica e às artes, entre outros modos de subjetivação relativos a componentes não humanos, como a própria música (Idem, 2008). Todos estes agenciamentos eram percebidos nas influências que havia dos meios de comunicação, dos celulares e até mesmos lap tops, que os jovens chegavam a utilizar nos encontros. Sua cultura familiar e comunitária se fazia presente, mas também agenciamentos não humanos, em especial os musicais. As músicas eram colocadas em computadores ou caixas de som musicais, também nos telefones. Guattari e Rolnik (2008) consideram a subjetividade nos coletivos formada por componentes humanos e não humanos, sendo pelo meio interpsíquico, intrapsíquico e infrapsíquico
 sem que haja predominância entre os modos de subjetivação. Desta forma são demarcados territórios existenciais, em meio ao desejo na composição de agenciamentos moleculares e molares.
Havia também uma comunicação grupal sonora, a partir da emissão de sons e a escuta da sonoridade do outro. Para Kinigsberg (2011) as relações intersubjetivas são tecidas no fazer musical em grupo, já que há uma comunicação não verbal e os afetos são compartilhados a partir das produções sonoras, bem como da escuta que se faz dos membros do grupo entre si e deles com o musicoterapeuta. Portanto, são muitos os elementos que se agenciam no grupo, fazendo com que haja transformações na comunicação com a emissão musical e verbal, que atuam diretamente nas relações entre o grupo em seu interior, ainda entre ele e a equipe interdisciplinar. 
 As atividades com música, no primeiro momento visaram à expressão de emoções através do canto. Segundo Milleco et al. (2001), o canto é uma importante forma de expressão, onde a pessoa externaliza suas emoções, se focando algumas vezes na letra da canção. Cantar em musicoterapia é comunicar, entrar em contato com a alteridade, no fazer musical em conjunto. O ato de cantar pode ter muitas funções, a música afeta o corpo e mobiliza sentimentos diversos que dificilmente são verbalizados. 
A atividade do canto, em um segundo momento, foi realizada juntamente com o toque de instrumentos de percussão. Os jovens optavam pelos meios em que se expressavam melhor, alguns primavam pela voz outros pelos instrumentos rítmicos como: o rebolo, a timba, o bongô, o cajón, o pandeiro, a meia lua, entre outros. O grupo improvisava, às vezes livremente, ou em outros momentos sob a condução do oficineiro. O que consiste, segundo Bruscia (2000), na técnica de improvisação, onde o cliente utiliza o som, seja através de instrumentos musicais, de vocalizações ou com o corpo. Os objetivos consistem em estabelecer canais de comunicação não verbais, bem como estimular a verbalização. Ao tocar em conjunto há a experimentação em conjunto, onde cada cliente vivencia aspectos intersubjetivos através de momentos lúdicos,criativos e de liberdade das expressões individuais e coletivas. 
O ritmo produzido era acompanhado pelo violão, que fazia uma base harmônica livre ou relacionada a músicas já existentes, como as canções trazidas pelos jovens. Esta abordagem parte do ISO, referente à identidade sonora do paciente. Estas identidades se manifestam de diferentes formas como gestáltica, complementar, grupal, cultural e universal, ou seja, a sua história sonora, construída desde seu nascimento e até mesmo vida intrauterina, envolvendo posteriormente as relações sociais estabelecidas em seu meio e sua cultura. É entendido que todos os sujeitos estão inseridos em grupos e culturas específicas, logo são afetados por elas ao longo de seu desenvolvimento, sendo a identidade sonora mutável ao longo da vida, bem como no decorrer do processo terapêutico, o que se caracteriza no ISO complementar. Assim, um grupo é formado por ISOS individuais, que a posteriori formarão um ISO grupal, isto é fundamental no processo terapêutico de grupo para se conseguir construir uma unidade grupal. Em um grupo vão existir afinidades musicais, mas também podem existir choques culturais com divergências sonoras que o grupo terá de lidar (BENENZON, 1985).
Os coletivos de jovens tenderam a formar um repertório de músicas, seguindo suas referências musicais. Os estilos como pagode, sertanejo, rock nacional, fazem parte da subjetividade grupal e social. Assim, os adolescentes cantavam canções ou faziam acompanhamentos rítmicos nas músicas que reconheciam alguma familiaridade. Entre as atividades também foram propostos jogos rítmicos, onde se lançavam em outro momento, a experimentar sons, timbres e afetos em grupo. Segundo Hegi apud Sá (2003), os jogos musicoterápicos não têm a finalidade de êxito, mas uma série de interações onde os participantes se expõem, expressam e compartilham o mesmo fazer musical. 
Através dos jogos que ocorrem no setting musicoterápico, pode-se dar a realização de possibilidades e/ou a atualização das virtualidades; criar a partir do previsível e/ou criar a partir do imprevisível. O tempo virtual e o tempo atual estariam, assim, em coexistência. E, principalmente, a música estaria propiciando tais experiências (...) (SÁ, 2003, p.45).
Segundo Milleco (1997), as experiências sonoras se formam como territórios existenciais, na medida em que as músicas, ou as sonoridades, constroem universos de referências na vida dos sujeitos. Este autor utiliza o conceito de território de Deleuze e Guattari (2005), que fala na demarcação de territorialidades subjetivas como atos auto-referenciais, onde há formas de expressão e conteúdo a construir uma morada frente ao desconhecido que se apresenta como caótico. As músicas constituem múltiplos territórios que podem ser desfeitos e refeitos a qualquer momento. Os gostos e preferências musicais se dão em detrimento de outros, mas podem ser modificados como territórios a se desfazer, ou se abrir a outros e voltar a se fechar. Deste modo, somos atravessados por agenciamentos musicais, que põem em movimento fluxos, desfazendo a ideia de identidade musical estática, pois os territórios musicais são múltiplos e móveis. 
As músicas tocadas no setting são predominantemente vindas do rádio, ou da influência da televisão ou mesmo da internet. A indústria da música apresenta, muitas vezes, pouca preocupação com a qualidade do som, tanto no nível das estruturas melódicas, quanto das harmônicas. Nesse sentido, Milleco (1997) fala na banalização de algumas canções que chegam ao setting musicoterápico como territórios massificados, formando pseudo-identidades sonoras culturais, que são ditadas como modismos para o consumo em grande escala. Sobre esta questão Guattari coloca que
A juventude, embora esmagada nas relações econômicas dominantes que lhe conferem um lugar cada vez mais precário, e mentalmente manipulada pela produção de subjetividade coletiva da mídia, nem por isso deixa de desenvolver suas próprias distâncias de singularização com relação à subjetividade normalizada. A esse respeito, o caráter transnacional da cultura do rock é absolutamente significativo: ela desempenha o papel de uma espécie de culto iniciático que confere uma pseudo-identidade cultural a massas consideradas jovens, permitindo-lhes construir o mínimo de Territórios Existenciais (GUATTARI, 1990, p.14).
Na musicoterapia se pode considerar esta mesma música massificada como meio de desenvolvimento de potencialidades. Para tanto, utiliza-se a técnica musicoterápica de recriação musical, que consiste justamente em tocar e/ou cantar canções populares. Segundo Chagas (2007), ao cantar ou tocar uma música nos colocamos na condição não de meros reprodutores musicais, mas são criadas versões próprias no fazer musical de cada um. Ao recriar a canção são feitas ressignificações e releituras de canções que apresentam padrões musicais de estruturas harmônicas, em geral, simples, a partir de um conteúdo superexposto na mídia. As músicas tocadas ou cantadas no setting nunca são idênticas. Ainda deve-se considerar a relação com o musicoterapeuta, como uma realização musical em conjunto, vindo a mobilizar afetos e modificar relações.
No segundo momento, após seis meses de trabalho foram sendo feitas modificações nos repertórios. Anteriormente eram tocadas somente canções referentes às identidades sonoras culturais e midiáticas. Porém, com o tempo foram incorporadas outras músicas, não tão familiares, trazidas por sugestão do musicoterapeuta ou do grupo. Cantores como Tim Maia e Jorge Bem Jor, até mesmo de um grupo espanhol chamado Maná ganharam espaço, porém os jovens, através dos instrumentos, conferiam sua marca às músicas, alterando o andamento e colocando o ritmo de samba e pagode. Esta intervenção foi feita na intenção de considerar conexões com o que está fora da identidade, de modo a produzir relações diferenciais, a partir do estranhamento com sonoridades não conhecidas. 
Este trabalho específico se detém, no primeiro momento, ao coletivo desenvolvido no CRAS do Bairro Prado velho, no qual o grupo adquiriu maior evolução sonora, e consequentemente maturidade em nível das relações sociais. Como os coletivos se reuniam para ensaios antes de apresentações públicas, logo os demais jovens de outros grupos foram se inserindo a partir destes contatos, nas interações sociais que ocorriam verbalmente e musicalmente, em um plano de composição, que se misturava com outro de imanência. 
O plano de composição, segundo Deleuze e Guattari (2010), se expressa por afectos e perceptos. Neste campo há movimentos, velocidades e repousos, trata-se de lidar com as forças do caos: a arte recorta o caos, produzindo movimentos incessantes e inventivos. O plano faz a abertura para que surjam territórios existenciais e movimentos desterritorializantes. Sobre o caos são traçadas linhas de latitude e longitude, onde o desejo e as multiplicidades estão presentes no que os autores chamam de ‘deserto povoado’, em meio a fluxos e intensidades surgem os devires. Aqui, a produção de subjetividade se propõe à diferença e à conexão com devires pelo contágio. 
O devir envolve o desejo, mas também um plano de consistência. Assim, desejar não está relacionado a uma carência ou uma falta, mas a um campo de intensidades, fluxos, movimentos de velocidade e repouso que se orientam no caos. Surge, então, a inventividade, justamente ao lidar com as forças do caos, sem a tentativa de ordem ou organização, já que isto resultaria na supressão do desejo (DELEUZE, PARNET, 2004).
O desejo não é, pois, interior a um sujeito, nem tão-pouco tende para um objecto: é estritamente imanente a um plano ao qual não preexiste, a um plano que é preciso construir, onde são emitidas partículas, onde há fluxos que se conjugam. Não há desejo enquanto não houver o desenvolvimento de um tal campo, propagação de tais fluxos, emissão de tais partículas. Longe de supor um sujeito, o desejo só pode ser atingido no ponto que é despojado do poder de dizer Eu (Idem, 2004, p.112).
Neste plano são feitas asexperimentações sonoras e vivenciais, criados agenciamentos em meio a outros agenciamentos. Entre eles, agenciamentos sonoros, musicais, grupais, corporais, afetivos entre diversas composições de elementos heterogêneos. Os jovens, através de uma máquina abstrata musical, fazem parte do plano e seus devires que se agenciaram e contagiam os demais outros coletivos. Os planos de composição e de imanência se intercalam passam de um a outro, a imanência como uma vida, e a vida como uma obra de arte. Os elementos são transformados e acontecimentos são criados, não se cessam de extrair variações (DELEUZE, GUATTARI, 2010).
As apresentações musicais
 dos coletivos surgiram de propostas estéticas. No entanto, os objetivos grupais não consistiam na beleza do som. Buscou-se a integração do grupo a partir das experiências musicais, trabalhando, assim aspectos relacionais com a mobilização do desejo, bem como os vínculos entre os jovens. As apresentações em eventos sociais produziam uma conexão entre os adolescentes e a sociedade, na medida em que eram valorizados por suas práticas. Esta valorização acontecia no contato e reconhecimento social dado, o que, muitas vezes, não ocorria em outras esferas da vida dos adolescentes. Para cada apresentação havia a união dos três coletivos para ensaios nos diferentes CRAS, contando com a participação de todos os profissionais envolvidos no projeto. 
Os vínculos eram fortalecidos e a identidade sonora posta à prova, por conexões exteriores que fazem desaparecer o sujeito, em um campo de intensidades pré-individual. Cantar em uma língua estrangeira, sem mesmo saber o que se está falando; mas é necessário saber? Ao cantar a música vivir sin aire
 não importam significante e significado, pois são perceptos e afectos. Os afectos são blocos de sensação que ultrapassam os sentidos empíricos, pois excedem o vivido, induzindo corpos de um estado a outro, eles possuem potências que atuam no campo das virtualidades (Idem, 2010).
Conteúdos a-significantes circulam no grupo, afecções, não se trata de ser artista, mas da vida enquanto obra de arte. Produzir um estranhamento que ultrapassa as experiências e excede o vivido. Cantar em uma língua estrangeira, sem saber o que se diz. Produzir sonoramente um território, sem um significado ou significante. Segundo Chagas (2007) o fazer musical em musicoterapia conserva blocos de duração no instante, e ainda modifica o estado de corpos através de intensidades e devires que provocam movimentos em corpos. Através da música os corpos se agenciam, misturando-se uns com os outros e com a música. Agenciamentos corporais e musicais em uma máquina abstrata, a traçar um plano de composição artística e grupal.
Considerações Finais
Os grupos se apresentaram de formas diferentes nas comunidades, considerando o fato de que cada bairro tem suas características peculiares. Foram percebidas diferenças culturais, étnicas, sociais e econômicas, nas discrepâncias entre os grupos, cada um merecendo uma análise específica. No entanto, este trabalho procura pontos de encontro entre os diferentes coletivos, cada qual com sua especificidade, mas apresentando muitos aspectos em comum, principalmente por se tratarem de adolescentes em situações semelhantes de certa vulnerabilidade social e todos os grupos se misturarem a partir do fazer musical.
Não há como não considerar o contexto social, político e econômico no qual o jovem está inserido. A subjetividade produzida por máquinas sociais se ocupa do desejo, bem como da produção a níveis estéticos, eróticos e de desejo que envolve diferentes modos de semiotização. O jovem está imerso em um sistema de consumo e de modelos de identidade a serem seguidos. 
O trabalho de musicoterapia realizado dentro do Projovem Adolescente é abordado aqui, como meio de potencializar o processo grupal e produzir singularidades. O fazer musical é inserido na prática comunitária e grupal, de modo a efetuar linhas de fuga nos planos instituídos. Assim, a musicoterapia contribui não somente para a utilização da música com a finalidade da beleza, mas de proporcionar novos campos de possibilidades para os sujeitos em meio à ética e a política. 
O grupo se caracterizou como um dispositivo onde ocorrem as relações humanas, bem como a experiência estética, colocando à prova a questão da identidade estática, bem como os modelos de relação com a alteridade. Foi no grupo que novos valores puderam ser compostos, em uma ética grupal de respeito aos colegas, profissionais e à sua comunidade. A partida foi a valorização dos adolescentes e seu mundo, para posteriormente, com o estabelecimento dos vínculos, poderem ser operadas pequenas transformações. Assim como a identidade sonora foi modificada através da experimentação coletiva, os universos de valor também foram modificados a partir de uma rede de interações. Desde a comunidade que recebia e valorizava as apresentações musicais, mas, principalmente, pela afetividade que ocorria no interior do grupo entre os jovens e com os profissionais.
REFERÊNCIAS 
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� Psicólogo graduado na URCAMP (Universidade da Região da Campanha – Bagé- RS); Musicoterapeuta pós-graduado no CBM – CEU (Conservatório Brasileiro de Música- Centro Universitário - RJ); Mestrando em Educação, na linha de Filosofia da Educação, na UFPEL-RS (Universidade Federal de Pelotas). rafabrig@yahoo.com.br 
� Este projeto faz parte da Política Nacional de Assistência Social (PNAS), realizado através da Prefeitura Municipal pela SMTAS (Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social).
�  O Programa Bolsa Família (PBF) é um programa de transferência direta de renda que beneficia famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza em todo o País. Tem como foco de atuação os 16 milhões de brasileiros com renda familiar per capita inferior a R$ 70 mensais, e está baseado na garantia de renda, inclusão produtiva e no acesso aos serviços públicos.
� Barros (2007) situa os grupos como dispositivos de intervenção em leitura feita com base na Análise Institucional, onde o grupo é um agente transformador, e a clínica não é dissociada da política.
� O agenciamento é um composto de elementos ou mistura de corpos, que se agenciam pelo acoplamento de materiais e de regime de signos, sendo formada por conteúdo, expressão e linhas de territorialização e desterritorialização (DELEUZE, GUATTARI, 1995).
� Entendo por setting móvel como a utilização de vários espaços onde pode ocorrer o processo musicoterápico, seja em salas ou pátios dentro de instituições ou mesmo diversos locais na comunidade. Assim, se percebem os sujeitos imersos no seu ambiente, como efeito do seu meio e, ao mesmo tempo, produtores de sua realidade.
� Segundo Maturana e Varela (1995) a autopoiese é uma função dos organismos se criarem a todo o momento em processo de produção do seu meio a partir de suas interações, ao mesmo tempo em que sofrem influências de diversos processos que ocorrem neste meio.
� O Setting Hibrído remete ao trabalho transdisciplinar em Musicoterapia, onde podem ser utilizadas atividades não musicais como verbalizações, entre outras técnicas de trabalho em grupos advindas de outras áreas, que envolvam os objetivos em questão. Neste caso utilizou-se técnicas do trabalho de Psicologia em grupos juntamente com as musicoterápicas.
� As intervenções feitas no Centro de Referência de Assistência social, dentro da própria comunidade, visam o vínculo entre comunidade e CRAS com sua equipe interdisciplinar.
� A subjetividade é produzida por agenciamentos de enunciação havendo uma: “natureza infra-humana, infrapsíquica, infrapessoal (sistemas de percepção, de sensibilidade, de afeto, de desejo, de representação, de imagem e valor, modos de memorização e de produção de ideias (...) (GUATTARI, ROLNIK, 2008, p.39)
� As apresentações ocorriam em eventos municipais, promovidos pelas secretarias. O grupo contava com instrumentos, alguns amplificados, como microfone e violão, além de diversos instrumentos de percussão. Para as apresentações foram feitos ensaios, reunindo os três coletivos dos diferentes bairros em um dos CRAS. Neste momento acontecia a integração entre os grupos.
� Esta música, do grupo mexicano Maná, foi tocada em uma apresentação de inauguração de um prédio público municipal, que reuniu os três coletivos. Dentre os adolescentes os meninos optaram por tocar instrumentos de percussão, enquanto as meninas escolheram cantar.

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