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PRÁTICAS INCLUSIVAS 
PARA FORMAÇÃO DE 
PROFESSORES 4
LÍNGUA BRASILEIRA DE 
SINAIS – LIBRAS
Caro cursista! Dando continuidade aos nossos estudos, selecionamos o 
quarto capítulo dessa formação para aprofundarmos um pouco mais sobre 
aspectos que envolvem a educação de alunos surdos. No capítulo anterior, 
apresentamos os principais aspectos dos transtornos e deficiências e dentre 
essa demanda encontramos especificado o conceito e as características das 
pessoas com deficiência auditiva.
Portanto, def in imos para este momento, s i tuarmos his tór ica e 
educacionalmente as pessoas surdas, apresentando desde a importância da 
aquisição da sua língua materna, no caso Libras, até a construção da identidade 
surda em nosso país.
A partir disso, afunilamos o nosso tema destacando as características da 
educação bilíngue proposta pela Política de Educação Especial na Perspectiva 
da Educação Inclusiva, em que se defende a aprendizagem das duas línguas 
para os surdos, além de se definir como de fundamental importância o apoio 
de profissionais como os instrutores e intérpretes de Libras, o atendimento 
educacional especializado e o trabalho do professor em sala de aula para 
atender as especificidades desses alunos.
E, para finalizar esta etapa, apresentamos uma breve discussão sobre o 
ensino da Língua Portuguesa como segunda língua para o surdo e sugerimos 
algumas atividades que possam contribuir na aquisição dessa língua. Boa 
leitura!
APRESENTAÇÃO
Organização
Ana Clarisse Alencar 
Barbosa
Reitor da 
UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Pró-Reitora do EAD
Prof.ª Francieli Stano 
Torres
Edição Gráfica 
e Revisão
UNIASSELVI
Autora
Carolina dos 
Santos Maiola
 CURSO LIVRE - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS
LÍNGUA BRASILEIRA 
DE SINAIS – LIBRAS
.04
1 A IMPORTÂNCIA DA AQUISIÇÃO DA LÍNGUA MATERNA 
PARA O SURDO
A língua brasileira de sinais – LIBRAS, é uma língua visual-espacial, 
articulada através das mãos, das expressões faciais e do corpo. Por ser uma 
língua visual, apresenta algumas peculiaridades, porém são complexas 
e apresentam todos os níveis de análises da linguística tradicional. Ela é 
considerada a língua materna do surdo, ou seja, sua primeira língua.
FIGURA 1 - ALFABETO EM LIBRAS - DATILOLOGIA
FONTE: Disponível em: <http://www.rioeduca.net/blogViews.php?bid=14&id=3380>. 
Acesso em: 24 maio 2016.
 CURSO LIVRE - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS
Salles (2004), juntamente com Pimenta (2001), nos trazem uma reflexão 
muito interessante sobre a condição de ser surdo. Para eles, a surdez deve ser 
reconhecida como apenas mais um aspecto das infinitas possibilidades da 
diversidade humana, pois ser surdo não é pior nem melhor do que ser ouvinte, 
é apenas diferente. Se considerarmos que os surdos não são “ouvintes com 
defeito”, mas pessoas diferentes, estaremos aptos a entender que a diferença 
entre pessoas ouvintes e pessoas surdas gera uma visão não-limitada, não-
determinada de uma pessoa ou de outra, mas uma visão diferente de mundo, 
um “jeito ouvinte de ser” e um “jeito surdo de ser”, que nos permite falar em 
uma cultura da visão e outra da audição.
FIGURA 2 - LIBRAS
FONTE: Disponível em: <http://danianepereira.blogspot.com.br/2015/06/
faculdades-tem-de-pagar-interpretes-de.html>. Acesso em: 23 maio 2016.
Estudar sobre a aquisição da língua materna para o surdo nos remete a 
pensarmos em quais condições esse processo acontece. Ou seja, se a criança 
surda é filha de pais surdos ou de pais ouvintes, se ela teve contato com a 
língua de sinais desde muito cedo ou tardiamente.
FIGURA 3 - ELABORANDO CONCEITOS
FONTE: Disponível em: <http://angelalibras.blogspot.com.br/2013/05/bebes-
surdos-devem-aprender-lingua-de.html>. Acesso em: 24 maio 2016.
http://angelalibras.blogspot.com.br/2013/05/bebes-surdos-devem-aprender-lingua-de.html
http://angelalibras.blogspot.com.br/2013/05/bebes-surdos-devem-aprender-lingua-de.html
 CURSO LIVRE - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS
Pesquisas mostram que crianças surdas filhas de pais surdos, apresentam 
o privilégio de terem acesso à língua de sinais em iguais condições que as 
crianças ouvintes têm em sua língua. Se o contato acontece desde muito 
cedo, a criança apresenta possibilidade de adentrar no mundo da linguagem 
com todas as suas nuances.
Caso a criança surda não tenha pais e/ou familiares surdos e que também 
não tenham conhecimento da língua de sinais, é importante que esta tenha, 
o quanto precocemente for possível, atendimento especializado para que se 
receba o suporte necessário às suas especificidades, juntamente com serviços 
de acompanhamento familiar.
2 IDENTIDADE SURDA
Quando convivemos ou estudamos sobre os processos históricos e a 
inserção da pessoa surda na sociedade, comumente ouvimos termos como 
cultura surda e identidade surda. É importante que essas definições fiquem 
bem claras para nós, pois compreender essas características influenciarão nas 
nossas práticas em sala.
A cultura surda é compreendida como um conjunto de práticas capazes 
de ser significadas por um grupo de pessoas que vivem e sentem a experiência 
visual, no caso dos surdos, de uma forma semelhante (VEIGA-NETO, 2010).
Considerando que surdos e ouvintes compartilham de espaços comuns 
na sociedade e de uma série de hábitos e costumes, podemos dizer que a 
cultura surda está em contato com a cultura ouvinte, tornando os surdos 
indivíduos multiculturais, sem desconsiderar suas peculiaridades.
FIGURA 4 – IDENTIDADE SURDA
FONTE: Disponível em: <http://danianepereira.blogspot.com.br/2015/06/
faculdades-tem-de-pagar-interpretes-de.html>. Acesso em: 24 maio 2016.
 CURSO LIVRE - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS
A existência de uma cultura surda auxilia na construção da identidade 
desses indivíduos. Para Perlin (1998, p. 15), a identidade pode ser definida como:
• Identidade f lutuante: na qual o surdo se espelha na representação 
hegemônica do ouvinte, vivendo e se manifestando de acordo com o mundo 
ouvinte.
• Identidade inconformada: na qual o surdo não consegue captar a 
representação da identidade ouvinte, hegemônica, e se sente numa identidade 
subalterna.
• Identidade de transição: na qual o contato dos surdos com a comunidade 
surda é tardio, o que os faz passar da comunicação visual-oral para a 
comunicação visual sinalizada – o surdo passa por um conflito cultural.
• Identidade híbrida: reconhecida nos surdos que nasceram ouvintes e 
perderam a audição, e terão presentes as duas línguas numa dependência 
dos sinais e do pensamento na língua oral.
• Identidade surda: na qual ser surdo é estar no mundo visual e desenvolver 
sua experiência na língua de sinais. Os surdos que assumem a identidade surda 
são representados por discursos que os veem capazes como sujeitos culturais, 
uma formação de identidade que só ocorre entre os espaços culturais surdos.
A preferência dos surdos de se relacionarem com seus semelhantes 
fortalece sua identidade e lhes traz segurança. É importante que haja esse 
contato e é nesse meio que se discutem também sobre a cultura, trabalho, 
bem-estar, a criação de movimentos surdos e demais rotinas do seu dia a dia.
FIGURA 5 – USO DAS LIBRAS
FONTE: Disponível em: <http://www5.usp.br/15125/pesquisa-do-ip-analisa-sistemas-
de-aprendizado-de-linguagem-para-surdos-e-deficientes-linguisticos/>. Acesso em: 
24 maio 2016. 
No Brasil, a Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos – 
FENEIS é um dos espaços conquistados pelos surdos e muito utilizado para 
compartilhar ideias, conhecimentos, manifestações culturais, entre outros.
 CURSO LIVRE - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS
FIGURA 6 - FENEIS
FONTE: Disponível em: <http://liliacamposmartins.blogspot.com.br/2010/11/
federacao-nacional-para-educacao-e.html>. Acesso em: 24 maio 2016. 
Diante do exposto, verificamos a importância dessa identidade surda 
para o sujeito com deficiência auditiva, porém, é interessante que ele não 
fique restrito apenas a esse “mundo surdo”, ou seja, envolvido apenas com a 
culturasurda. É preciso que para a construção da sua subjetividade, para o seu 
desenvolvimento biopsicossocial, cultura e de produção de conhecimentos, 
ele também se envolva com outros meios sociais, e a escola comum é uma 
delas. Mas para isso, a acessibilidade a esses espaços deve acontecer, conforme 
atenta-nos FENEIS (2011, p. 24):
Os discursos que circulam no movimento surdo manifestam a insatisfação 
com relação à forma como está sendo conduzida a atual política de inclusão 
dos surdos, mas concordam que todos têm o direito de estar incluídos no 
sistema educacional geral, desde que tenha ‘modalidades específicas que 
acolham as diferenças linguístico-culturais’. 
FIGURA 7 - IMPORTÂNCIA DA LIBRAS PARA O SURDO
FONTE: Disponível em: <http://danianepereira.blogspot.com.br/2013/04/lingua-de-
sinais-compartilhe-essa-ideia.html>. Acesso em: 24 maio 2016.
Assim, faz-se necessário garantir acesso, permanência e aprendizagem 
na escola, podendo o surdo utilizar sua língua materna – Libras, para se 
comunicar e como meio de instrução e oportunidade de ensino da Língua 
Portuguesa como segunda língua, tendo assim, uma educação bilíngue, como 
poderemos acompanhar no nosso próximo tópico.
 CURSO LIVRE - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS
3 EDUCAÇÃO BILÍNGUE
A Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 
prioriza a educação bilíngue no ensino comum. Essa proposta tem como 
objetivo promover o acesso dos alunos surdos aos conhecimentos adquiridos 
na escola em duas línguas: em Libras (L1) e em Língua Portuguesa (L2).
FIGURA 8 - EDUCAÇÃO BILÍNGUE PARA SURDOS
FONTE: Disponível em: <http://gpsurdezeabordagembilingue.blogspot.com.br/2012_05_01_
archive.html>. Acesso em: 24 maio 2016.
A Libras deve ser garantida na proposta pedagógica para todos os níveis e 
séries, com o suporte dos intérpretes da língua de sinais e, também, o ensino 
do português escrito como segunda língua, presente na proposta pedagógica 
desde a educação infantil, como podemos acompanhar na citação a seguir:
[...] a organização da proposta de educação bilíngue nas escolas e classes 
com matrícula de estudantes surdos usuários da Libras, assegurando-lhes as 
medidas concernentes à implementação da Libras e da Língua Portuguesa na 
modalidade escrita, como línguas de instrução. Esta proposta deve fortalecer 
estratégias pedagógicas que considerem as especificidades dos estudantes 
na aquisição da Língua Brasileira de Sinais – Libras e da Língua Portuguesa 
escrita, de forma que a educação bilíngue não seja condicionada a espaços 
organizados pela condição da surdez, mas vinculada a uma organização 
curricular que possibilite o ensino e o uso das línguas de forma transversal, 
nas diferentes etapas e modalidades. (BRASIL, 2012, p. 2)
O ensino da Língua Portuguesa, como segunda língua para o surdo, é 
justificado pelo fato de que estes são cidadãos brasileiros e têm o direito de 
aprender e utilizar a língua oficial que é tão importante para o exercício de 
sua cidadania.
3.1 INSTRUTOR DE LIBRAS
O instrutor de libras, profissional que pode ser surdo ou ouvinte, tem 
como função o ensino da língua de sinais e também é fundamental como 
mediador do conhecimento em libras e modelo identitário para o surdo.
 CURSO LIVRE - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS
FIGURA 9 – INSTRUTOR DE LIBRAS
FONTE: Disponível em: <http://www.cruesp.sp.gov.br/?p=8670>. Acesso em: 24 
maio 2016.
3.2 TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LIBRAS
A partir da conquista do surdo no exercício da sua cidadania através 
da utilização da sua língua materna, ou seja, a LIBRAS, surgem as atividades 
inicialmente voluntárias dos tradutores e intérpretes de língua de sinais, 
que foram se especializando no decorrer dos tempos. Com a legalização da 
Libras como língua, as instituições foram obrigadas a oferecer acessibilidade 
às pessoas surdas, contratando esses profissionais para fazer a interpretação.
Quadros (2004) relata que a presença dos intérpretes de língua de sinais 
iniciou no Brasil por volta dos anos 80 em trabalhos religiosos. Em 1988, foi 
realizado o I Encontro Nacional de Intérpretes de Língua de Sinais organizado 
pela FENEIS, promovendo um intercâmbio entre esses profissionais e a 
realização de uma avaliação sobre a ética do profissional intérprete.
Em 2002, homologa-se a lei federal que reconhece a língua brasileira de 
sinais como língua oficial da comunidade surda. Esta lei se tornou fundamental 
tanto para o surdo quanto para o profissional intérprete, pois viabilizou 
oportunidades no mercado de trabalho com respaldo legal.
 CURSO LIVRE - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS
FIGURA 10 - INTÉRPRETE NO MERCADO DE TRABALHO
FONTE: Disponível em: <http://www.artelibras.com.br/site/servicos/>. Acesso em: 23 
maio 2016.
Mas, quem é o intérprete de língua de sinais?
É o profissional que domina a língua de sinais e a língua falada do país. 
É preciso ter qualificação específica para atuar, ter domínio dos processos e 
técnicas de tradução e interpretação.
Qual é o papel do intérprete?
Segundo Quadros (2004), para realizar a interpretação da língua falada 
para a língua sinalizada e vice-versa é necessário seguir os seguintes preceitos 
éticos:
• Confiabilidade (sigilo profissional).
• Imparcialidade (o intérprete deve ser neutro e não interferir com opiniões 
próprias).
• Discrição (o intérprete deve estabelecer limites no seu envolvimento durante 
a atuação).
• Distância profissional (o profissional intérprete e sua vida pessoal são 
separados).
• Fidelidade (a interpretação deve ser fiel, o intérprete não pode alterar a 
informação por querer ajudar ou ter opiniões a respeito de algum assunto, 
o objetivo da interpretação é passar o que realmente foi dito).
Em muitas instituições escolares, este profissional é denominado de 
Intérprete Educacional, pois sua atuação está direcionada à educação e esta 
área está sendo muito requisitada atualmente devido à política de educação 
especial na perspectiva da educação inclusiva.
 CURSO LIVRE - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS
O intérprete educacional intermedia as relações entre professores e 
alunos, além dos colegas ouvintes e surdos. Porém, seu papel não pode ser 
confundido com a função do professor, que é o responsável pelo ensino dos 
conteúdos desenvolvidos em aula.
Quadros (2004, p. 56), apresenta alguns elementos sobre o intérprete de 
língua de sinais em sala de aula que devem ser considerados:
• Em qualquer sala de aula, o professor é a figura que tem autoridade absoluta.
• Considerando as questões éticas, os intérpretes devem manter-se neutros 
e garantirem o direito dos alunos de manter as informações confidenciais.
• Os intérpretes têm o direito de serem auxiliados pelo professor através da 
revisão e preparação das aulas que garantem a qualidade de sua atuação 
durante as aulas.
• Deve-se também considerar que o intérprete é apenas um dos elementos que 
garantirá a acessibilidade. Os alunos surdos participam das aulas visualmente 
e precisam de tempo para olhar para o intérprete, olhar para as anotações no 
quadro, olhar para os materiais que o professor estiver utilizando em aula.
FIGURA 11 - INTÉRPRETE EM SALA DE AULA
FONTE: Disponível em: <http://danianepereira.blogspot.com.br/2015/06/faculdades-
tem-de-pagar-interpretes-de.html>. Acesso em: 24 maio 2016. 
Como podemos perceber, o professor de sala também precisa se adequar 
a essa nova dinâmica inserida em sala. Para isso, é preciso atentar para a 
adaptação da estrutura física e a disposição das pessoas, a forma como o 
professor irá expor os conteúdos e sua movimentação no espaço da sala.
3.3 O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE
 
O atendimento educacional especial izado também real iza papel 
fundamental no processo de aprendizagem e inclusão do aluno surdo na 
escola. Como já visto em nossos estudos, esse atendimento:
 CURSO LIVRE - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS
[...] identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que 
eliminam as barreiraspara a plena participação dos alunos, considerando as 
suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento 
educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de 
aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento 
complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia 
e independência na escola e fora dela (BRASIL, 2008, p. 16).
No atendimento ao aluno surdo, é assegurado, através da oferta de uma 
educação bilíngue, três momentos didático-pedagógicos no AEE: o AEE para 
ensino de Libras, o AEE em Libras e o AEE para o ensino da Língua Portuguesa.
 AEE de Libras: esse atendimento envolve o ensino da língua brasileira de 
sinais para o aluno surdo. Utilizam-se critérios metodológicos que utilizam 
referencias visuais, dactilologia (alfabeto manual), classificadores e sinais. 
Para atuar nesse atendimento, o professor precisa ter conhecimento da 
estrutura e fluência na Libras. Recursos comumente utilizados são DVDs, 
livros, dicionários, material concreto, dentre outros.
FIGURA 12 – AEE DE LIBRAS
FONTE: Disponível em: <http://igrejanova.al.gov.br/secretaria-de-educacao-
de-igreja-nova-ensina-libras-para-estudantes-especiais/>. Acesso em: 23 maio 
2016. 
	AEE em Libras: tem como proposta trabalhar a base conceitual dos 
conteúdos curriculares desenvolvidos em sala, dessa forma, o aluno surdo 
terá melhor compreensão e poderá participar mais ativamente das aulas. Esse 
atendimento ocorre no contra turno e serve como trabalho complementar 
ao que se está sendo realizado em sala.
 CURSO LIVRE - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS
FIGURA 13 – AEE EM LIBRAS
FONTE: Disponível em: <http://arivieiracet.blogspot.com.br/2011/02/atendimento-
educacional-especializado_24.html>. Acesso em: 24 maio 2016. 
 AEE para o ensino da Língua Portuguesa: como o próprio termo nos diz, 
esse atendimento consiste no ensino da Língua Portuguesa escrita para os 
alunos surdos, tendo como orientação a concepção bilíngue. Nele, busca-
se desenvolver competência linguística e textual para que se realize leitura 
e escrita, produções e interpretações em português.
FIGURA 14 - LÍNGUA PORTUGUESA PARA SURDOS
FONTE: Disponível em: <http://pt.slideshare.net/alexandrerosado/apresentao-cristina-
lacerda>. Acesso em: 24 maio 2016.
 CURSO LIVRE - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS
4 A ALFABETIZAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA PARA O 
ALUNO SURDO
O Português é a língua oficial do nosso país e considerada a segunda 
língua para as pessoas surdas, necessitando assim, de um processo formal de 
aprendizagem da mesma. Dentro de uma perspectiva de educação bilíngue, 
acompanharemos algumas ideias que auxiliarão você, leitor, a compreender 
um pouco melhor o processo de alfabetização do surdo na sua segunda 
língua e em seguida, apresentaremos algumas sugestões de atividades que 
colaboram com essa aprendizagem.
FIGURA 15 - ALFABETIZAÇÃO
FONTE: Disponível em: <http://parasurdos.blogspot.com.br/2013/04/meu-filho-
surdo-de-5-anos-precisa.html>. Acesso em: 24 maio 2016.
Vários métodos e técnicas de alfabetizar o aluno surdo por meio do 
português já foram realizadas e elas são reflexo do aporte teórico que 
sustentam sua prática. Utilizamos nesse texto, algumas concepções difundidas 
por Quadros (2004), que ao longo de sua experiência profissional e acadêmica 
retoma alguns fatores importantes para esse processo de aprendizagem da 
Língua Portuguesa. 
No processo de apropriação da leitura e da escrita, o professor precisará 
utilizar constantemente materiais visuais para o aluno surdo, prática esta que, 
de certa forma, beneficiará a todos em sala de aula, não é mesmo? Além de 
provocar o interesse pelo tema a ser tratado, sugerimos realizar uma discussão 
prévia do assunto e coletar informações sobre o que os alunos já conhecem 
sobre o conteúdo.
Outro aspecto interessante é trabalhar com palavras-chave, que auxiliam 
na condução do tema, pois além da aquisição de novas palavras escritas, 
estimula também na busca por seus significados. Nesse caso, aproveite e 
http://parasurdos.blogspot.com.br/2013/04/meu-filho-surdo-de-5-anos-precisa.html
http://parasurdos.blogspot.com.br/2013/04/meu-filho-surdo-de-5-anos-precisa.html
 CURSO LIVRE - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS
utilize o dicionário e quem sabe também, crie um e acrescente as novas 
palavras apropriadas pelo aluno para que ele tenha esse material construído 
durante a sua caminhada de estudos.
FIGURA 16 - DICIONÁRIO INDIVIDUAL
FONTE: Quadros (2006, p. 49)
Quadros (2006), ainda sugere que num estágio inicial de produção escrita, 
o mais importante é que o aluno surdo consiga expor suas ideias, portanto, 
não é necessário haver, num primeiro momento, uma preocupação exagerada 
na estruturação frasal. Isso se dará mais adiante, quando o aluno estiver 
mais seguro para se “arriscar” no mundo da escrita. Veja, logo a seguir, uma 
produção textual realizada por um aluno surdo em processo de apropriação 
da Língua Portuguesa escrita:
Chapeuzinho Vermelho
Mãe fala Chapeuzinho Vermelho
A vovó muito doena (doente?!)
Chapeuzinho Vermelho foi vê flor muito bonita
Chapeuzinho Vermelho assauto lobo
Lobo corre muito casa vovó lobo come vovó
Chapeuzinho Vermelho lobo quem chapeuzinho
Vermelho porque olho grande, porque nariz grande,
Porque orelha grande, porque boca grande come
Chapeuzinho Vermelho
O homem ovido [ouviu?] quem homem cama lobo dorme.
Chapeuzinho Vermelho gosta muito da vovó. (QUADROS, 2006, p. 37)
Perceba no exemplo, que o aluno ainda utiliza como referência a estrutura 
frasal da sua língua materna e ainda realiza alguns erros gramaticais. No 
entanto, já podemos identificar o contexto da história escrita e as intenções 
do autor na comunicação de suas ideias.
 CURSO LIVRE - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS
Quadros (2006, p. 43) ainda destaca que, no processo da leitura, o aluno 
surdo passa por diversos níveis:
1) Concreto – sinal: ler o sinal que refere coisas concretas, diretamente 
relacionadas com a criança.
2) Desenho – sinal: ler o sinal associado com o desenho que pode representar 
o objeto em si ou a forma da ação representada por meio do sinal. 
3) Desenho – palavra escrita: ler a palavra representada por meio do desenho 
relacionada com o objeto em si ou a forma da ação representado por meio 
do desenho na palavra.
4) Alfabeto manual – sinal: estabelecer a relação entre o sinal e a palavra no 
português soletrada por meio do alfabeto manual.
5) Alfabeto manual – palavra escrita: associar a palavra escrita com o alfabeto 
manual.
6) Palavra escrita no texto: ler a palavra no texto.
Veja alguns exemplos de atividades que podem ser desenvolvidas 
seguindo esses princípios. Essas e outras propostas você poderá encontrar 
no livro “Ideias para ensinar português para alunos surdos” (BRASIL, 2005), da 
autora Ronice Quadros. Acompanhe!
Trabalhando com "LEITURA E VOCABULÁRIO" 
A sugestão colocada aqui é que tanto a aquisição quanto a fixação de 
vocabulário, e consequentemente o desenvolvimento na leitura, aconteçam 
também a partir de jogos e brincadeiras realizados com a criança.
OBJETIVO
Ampliar e fixar o conhecimento de palavras da Língua Portuguesa de 
forma lúdica.
DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES
a) Jogo de memória:
Montar diferentes jogos de memória, sejam:
 sinal x gravura sinal x palavra alfabeto manual x palavra 
gravura x palavra
Utilizar vocabulário que esteja sendo trabalhado em aula (verbos, meios 
de transporte, países etc) para fixação, ou confeccioná-lo por classificação 
aleatoriamente (comidas, bebidas, vestuário, brinquedos, animais) para 
introdução de palavras novas.
Trazê-los prontos ou confeccioná-los com os alunos.
Aproveitando a brincadeira: durante a partida sempre que um par for 
encontrado o aluno, individualmente, ou o grupo terá que repetir a palavra 
em alfabeto manual.
 CURSO LIVRE - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS
No final do jogo cada criança registra no caderno os seus pares para 
desenhá-losdepois ou formar frases escritas; o professor aproveita as palavras 
para atividades posteriores.
b) Jogo do Mico:
Usar a ideia do jogo do mico e criar, junto com os alunos, um baralho 
sinal-palavra-figura para jogar em sala. 
Aproveitando a brincadeira: ao terminar o jogo cada criança deve fazer 
para os colegas, em alfabeto manual, todas as palavras dos seus pares, de 
preferência sem apoio visual, e registrá-las no caderno;
c) Bingo:
Montar diferentes jogos de bingo:
– cartões com palavras e cartelas com sinais.
– cartões com sinais e cartelas com palavras.
– cartões com alfabeto manual e cartelas com letras ou palavras.
– cartões com configuração de mão e cartelas com figura e palavra.
– cartões com palavras e cartelas com figuras.
Utilizar o vocabulário dos conteúdos de aula para fixação.
No fim de cada rodada todos terão que copiar as palavras marcadas na 
sua cartela.
 CURSO LIVRE - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS
d) Quebra-cabeças:
Confeccionar quebra-cabeças ou aproveitar jogos já existentes.
Os quebra-cabeças podem ser montados individualmente, em duplas ou 
em pequenos grupos, pela turma em conjunto, ou ainda como competição 
entre equipes.
Aproveitando a brincadeira: após ser montado o quebra-cabeça pode 
ser bem explorado quanto aos elementos que aparecem nele (substantivos, 
verbos, adjetivos), primeiro através de conversação em língua de sinais e 
depois através de registro em Língua Portuguesa.
Criar uma história em língua de sinais sobre o quadro montado e depois 
transcrevê-la para o português.
Trabalhando com “PRODUÇÃO ESCRITA” 
OBJETIVO
Proporcionar à criança o conhecimento e aprimoramento do uso da 
Língua Portuguesa escrita.
 Estimular, através de diferentes técnicas e recursos, a criatividade e a 
capacidade da criança de externar seus pensamentos de forma clara e 
objetiva.
DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE
Serão apresentadas várias sugestões para estimular a produção escrita:
a) Produção livre a partir de gravuras:
• Selecionar gravuras que possibilitem riqueza de conteúdo/informações.
• Explorar em língua de sinais tudo o que se observa na gravura: personagens, 
objetos, cenário, detalhes que chamem a atenção, ações ali identificadas, 
sentimentos ou emoções expressas na gravura.
• Registrar no quadro todas as palavras ou expressões que surgirem ou forem 
solicitadas neste momento.
• Estimular o pensamento e criatividade das crianças para além do que se vê: 
O que aconteceu antes? O que se fará ou acontecerá depois? Com quem? 
Onde? E depois ainda?
• Aproveitar a gravura para identificar e discutir temas trabalhados em aula.
• Criar histórias escritas individual ou coletivamente.
• Trabalhar posteriormente com o vocabulário novo posto no quadro e 
solicitado pelas crianças.
 CURSO LIVRE - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS
Explorando a gravura:
– O que você vê?
– Quem você acha que são estas pessoas?
– Onde elas estão?
– O que pensa que estão fazendo?
– Será que são apenas amigos ou uma grande família?
– Porque estão parados ali?
– De onde eles vieram?
– E para onde irão? Fazer o quê?
– E depois o que acha que vai acontecer?
– Para onde o menino e a menina estão indo?
– O que será que eles viram?
– Você já esteve num lugar assim?
Com base nessas ideias, o professor poderá elaborar outras estratégias, 
de acordo com os conteúdos a serem desenvolvidos no seu planejamento, 
que auxiliarão na aprendizagem dos alunos. No nosso próximo capítulo, você 
também encontrará ideias para a produção de materiais que qualificarão o 
trabalho do professor e deixarão as aulas mais interessantes, construtivas e 
contextualizadas. 
 CURSO LIVRE - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS
REFERÊNCIAS
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Saúde auditiva. Bauru: H.P.R.L.L.P. USP, FUNCRAF, Secretaria de Saúde do 
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http://www.fiocruz.com.br
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