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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ CAMPUS PROFESSOR BARROS ARAÚJO CURSO DE BACHARELADO EM JORNALISMO – BLOCO II DISCIPLINA: REALIDADE. POLÍTICA. ECONOMICA. CULTURAL. DO BRASIL E PIAUÍ PROFESSORA: MAYARA SOUSA FERREIRA TEXTO CRÍTICO O PAPEL DA IMPRENSA NA SOCIEDADE ATUAL DISCENTE: VITÓRIA RUFINO PINHEIRO PICOS – PI JANEIRO, 2020 O PAPEL DA IMPRENSA NA SOCIEDADE ATUAL A comunicação sempre foi o entrelaço entre as sociedades, não haveria vida sem o ato de comunicar, que permite por milênios a estabilização social entre os seres existentes. Todos necessitam da mesma para sobreviver, mesmo que sejam os seres mais incomuns, como as moléculas de DNA que comunicam-se para gerar a identidade genética de cada ser e os cromossomos, que reunidos com seus pares podem tanto formar um ser considerado ideal, cientificamente falando, quanto gerar anomalias ao mesmo, isso tudo através da comunicação e, até mesmo por meios de suas falhas. Entretanto, o ato de comunicar através de instituições e órgãos oficiais não se deu de forma acelerada e organizada como a formação das outras profissões, pelo fato de não haver uma necessidade por parte da população em se ater aos problemas ocorridos em seus tempos. O analfabetismo tomava a maior parte da sociedade, que era genuinamente agrária, eram apenas trabalhadores braçais, não foi dado a eles o benefício da dúvida, assim os mesmos não possuíam um senso crítico para aterem-se aos problemas que os rodeavam, pois estavam sempre subordinados a um primeiro poder que os governava e falava por eles. Antes da oficialização do fazer jornalístico, do surgimento dos comunicadores sociais, veio o ato, vinculado principalmente a necessidades políticas, econômicas, de comércio, que era o principal meio de faturamento da época, atrelado ao desejo irrevogável de expansão territorial e colonização, como exemplo as cartas escritas por Pero Vaz de Caminha, o escrivão português responsável por descrever as primeiras impressões sobre o território brasileiro no ano de 1500, ao Rei de Portugal, Dom Manoel I. O ato de comunicar era necessário também para as negociações políticas, para fins de guerra, era também manifestado através de resistência, como na capoeira, onde os escravos treinavam entre si os golpes da luta, transformando-os em dança, para que pudessem se prepara para fugir da escravidão, sem que fossem descobertos. Contudo não eram atos em sua maior parte voltados a fatores de denuncia social, ou de vigiar os órgãos do poder, já que todos eram subordinados ao rei e suas instâncias, não tinham como opor-se. Todavia ao passar dos tempos e a partir da criação da prensa por Johannes Gensfleish, mais conhecido como Gutenberg, no Sec. XV, mais precisamente no ano de 1943, na Europa, promoveu uma revolução em massa no país, permitindo assim a impressão de diversos livros, que antes eram escritos a mão e abrindo portas para que novos modelos jornalísticos se instaurassem entres as sociedades. Esse modelo espalhou-se pelas outras partes do mundo, influenciando o desenvolvimento do jornalismo em todas as partes. Dessa forma vão surgindo as gazetas, os panfletos, entre outros. A expansão dos meios jornalísticos e consequente surgimento dos meios de comunicação de massa, utilizados excessivamente em regimes totalitários e também na forma de um mercado, tanto na vertente notícia, quanto na publicidade, marketing e propaganda, surgiu posterior àquele cenário. Dessa forma foram entrando em cena estudiosos, no intuito de analisar a influência desses meios de comunicação entre as massa e, em como sua expansão de fato, tornou-se a forma mais complexa de força nas sociedades. Os estudos resultaram em diversas Teorias da Comunicação, que hoje são aplicadas nos cursos de Jornalismo, como base para o conhecimento em comunicação, como a Teoria Hipodérmica, o Modelo de Harold Lasswell, o Modelo Teórico de Paul Lazaersfeld, o Paradigma Conceitual ou Crítico-Radical, da Escola de Frankfurt, entre outras teorias e autores que analisam o mundo da comunicação, seus usos e atuações. A sua força e mobilização sempre foi reconhecida, é tanto que foi censurada e há ainda nos tempos de hoje, tentativas de calá-la, mesmo tendo sido utilizada massivamente pelos que a reprimiram e ainda tentam, assim como o presidente Brasileiro Getúlio Vargas a utilizou durante seu governo, com destaque em 1937, quando instaurou o Estado Novo no Brasil, se apoiando no rádio e nas propagandas para disseminar suas ideologias e centralizar o poder, contaminado diretamente pelo modelo facista de Adolf Hitler, que se utilizou dos mesmos meios para dominar a Europa e persuadir a população em concordar com seus ideias políticos, pelo fato de saberem o papel desempenhado pelos meios de comunicação e em como os mesmo estão arraigados na confiança do público, que acredita veementemente na função desenvolvida pelos meios, com ideias ligadas a promoção da reflexão dos leitores quanto a liberdade de expressão, igualdade, inclusão, etc, e todos os seu direitos sociais, que devem ser garantidos com força e apoio daqueles que trabalham em favor da informação de qualidade. O papel da imprensa e dos meios de comunicação complementou-se ao longo dos anos, trazendo as sociedades atuais uma nova visão quanto ao fazer jornalístico, é tanto que se tornou uma função social, foi legalizado como profissão, atribuíram-se conceitos éticos e morais quanto sua atuação, assim como regras de conduta e comportamento e, exigida também à utilização da gramática normativa e a norma culta, tanto para a escrita, quanto para fala, cada país instaurou seu próprio Código de Ética para os profissionais da área. O jornalista é visto pela sociedade como tradutor e portador da verdade, defensor das causas sociais e vigia dos órgãos públicos, assim como é destacado pelo jornalista e escritor norte- americano, Nelson Traquina em seu livro: Teorias do Jornalismo: Porque as notícias são como são. Vol I, (2005, p.50), que o jornalismo pode ser intitulado como um “Quarto poder”, podendo deliberar de uma liberdade “negativa”, que seria a de vigiar o poder político e proteger os cidadãos de eventuais abusos dos governantes e a liberdade “positiva”, que seria o papel de fornecer aos cidadãos as informações necessárias para o desempenho de suas responsabilidades cívicas, tornando central o conceito de serviço público como parte da identidade jornalística. O autor ainda o coloca como um Gatekeeper, que seria uma espécie de porteiro, responsável por selecionar e filtrar as notícias que deveriam ser reportadas ao público. O jornalismo está passando por diversas transformações desde muito cedo em seu cenário, às mesmas podem ser vistas tanto de forma negativa, quanto positiva, dependendo do contexto em que estão inseridas. O documentário “O Mercado de Notícias”, lançado em 2014, sob roteiro e direção de Jorge Furtado, trata sobre mídia e democracia, é dividido em Atos, pois é narrado em forma de peça de teatro. O Ato I traz cenas no palco, onde os atores iniciam o enredo. É destacada presenças inestimáveis, como as da senhora tagarela, expectativa, censura e a senhora prazeres, que estão ali presentes para analisarem e julgarem a peça. Essa situação representa bem uma das transformações em que passa a imprensa e, que pode ser vista de forma negativa, pois no meio dessas transformações surgiram os curiosos e tagarelas, que expõem suas opiniões pelos cotovelos, aliados as expectativas criadas pela mídia e pelo público, dando prazer aos curiosos que xeretam as notícias e muitas vezes a distribuem de forma maldosa, despertando assim nos grandes centros o prazer da censura. Esses fatores podem está modificando a forma de se fazer o jornalismo e de vê-lo também, transformando-o em um mercado de notícias. Essespoderes geraram a ideia da centralização de determinados órgãos da imprensa, que dominam esse mercado, criando uma competição e desencadeando assim atos como o sensacionalismo, que faz com que as instituições percam cada vez mais sua credibilidade, em função da corrida “armamentista” (poder da palavra), para ver quem publica mais, quem ganha mais visualizações, deturpando os meios menores, tudo isso em favor das expectativas criadas pelo público, falatórios e prazeres que serão dados aso mesmos. Como parte da função de responsável social, sendo também um portador da “verdade”, contribuiu fortemente para inserção do cidadão comum ao conflitos políticos de forma geral e para uma maior promoção do senso crítico e análise minuciosa dos fatos pelos leitores, conta nos dias de hoje com o apoio das novas tecnologias, que estão promovendo uma mudança no jornalismo contemporâneo, que pôde assim através desses agendar diversos debates públicos e também dar vez ao jornalismo independente, que aos poucos desvincula-se das amarras das instituições governamentais, tendo assim uma maior liberdade de atuação. Esse novo cenário dos meios de comunicação permitiu uma maior aproximação entre os produtores e o público, que abriram camadas de inserção para os mesmo na sua atual produção e difusão de notícias. No artigo Preocupações Ética no Jornalismo feito por Não- Jornalistas, o autor Rogério Christofoletti traz uma reflexão quanto a essa aproximação dos produtores e consumidores de notícias, o que estaria modificando o papel dos meios de comunicação no atual contemporâneo. O autor faz alusão a alguns acontecimentos midiáticos que envolveram a contribuição de não-jornalistas no fornecimentos de fatores para a construção das mesmas, como foi o caso do atentado terrorista, ocorrido em Londres em 2005, onde a empresa BBC chegou a receber 22 mil mensagens de texto e e-mails com relatos e informações sobre o ocorrido, feito por pessoas comuns que estavam no local, além de 300 fotos e diversos vídeos, traz também o caso da Mídia Ninja, uma empresa jornalística amadora, composta por ativistas, jornalistas profissionais e comunicadores amadores, que ganharam grande visibilidade por divulgarem as Jornadas de Junho, tendo seu conteúdos veiculados até por mídias tradicionais. Vê-se que essa abertura, se selada de forma passiva entre produtores e consumidores, pode trazer bons resultados para esse novo formato comunicacional, destacando mais um dos papeis da imprensa de educar seu público, aproximando-se deles e, quebrando a barreira tradicional antes construída para segregar o conhecimento apenas à classes específicas. O autor Jean Leach (2009) é frisado no artigo citado anteriormente, o mesmo defende que “os amadores tem que ter conhecimento da ética jornalística”, para que possam assim participar de forma concisa de tais atos, ainda destaca que “os jornalistas devem colaborar na formação desses usuários, que é um potencial colaborador (abram suas caixas- pretas)”. À vista dos fatores discutidos, pode-se notar a forte contribuição e papel da imprensa/meios de comunicação nas construções sociais, políticas, econômicas e culturais de uma nação, o papel desenvolvido pela mesma, é de suma importância, sendo os olhos e ouvidos da população, para tirar-lhes das garras dos avacalhadores, principalmente no cenário contemporâneo que conta com a presença não solicitada da pós-verdade. Portanto a imprensa não deve desempenhar um papel diferente ao de fiscalizar os órgãos e manter o público atento a realidade, pois ela é o único poder que pode servir ao povo sem restrições. Os meios de comunicação transformam os cenários. É desejável que todos os membros da população tenham acesso e conhecimento quanto ao papel e trabalho desempenhado pelos mesmos, fala- se em uma “educação para mídia” (LEACH, 2009), de forma geral, para aterem-se aos seu deveres e, cobrar-lhes seu papel, para que não se desvirtuem, funcionando como os fiscalizadores do “Quarto poder”. Como diz a famosa frase de George Orwell, “Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade”. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHRISTOFOLETTI, ROGÉRIO. Preocupações éticas no jornalismo feito por não-jornalistas. Comunicação e Sociedade, vol. 25, 2014. POLISTCHUCK, ILANA. Modelos Teóricos da Comunicação. IN: POLISTCHUCK, I. Teorias da Comunicação: O Pensamento e a Prática da Comunicação Social. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2003. Cap. 4, p.83-141. POSSETI, JROGE. O Mercado de Notícias – Um documentário sobre Jornalismo. 2014. TRAQUINA, NELSON. Teorias do jornalismo: porque as notícias são como são. v1. Florianópolis: Insular, 2012.
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