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APOSTILA DE: Prof.ª CAROLINA RESMINI MELO MARQUES carolina.melo@satc.edu.br Disciplina: Fenômenos de Transferência I Curso: Engenharia Química – 5° Fase 2 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 4 1.1 DIMENSÕES E UNIDADES .......................................................................................................... 4 1.1.1 Sistemas de dimensões ...................................................................................................... 4 1.1.2 Sistemas de unidades ........................................................................................................ 5 1.1.3 Conversão de Unidades .................................................................................................... 6 2. FLUIDOS ................................................................................................................................. 8 2.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 8 2.2 O MEIO CONTÍNUO .................................................................................................................... 8 2.3 CONCEITO DE FLUIDO ............................................................................................................... 8 2.4 PROPRIEDADES DOS FLUIDOS .................................................................................................... 9 2.4.1 Massa Específica ............................................................................................................ 10 2.4.2 Peso Específico ............................................................................................................... 10 2.4.3 Peso Específico Relativo ................................................................................................ 10 3. ESTÁTICA DOS FLUIDOS ................................................................................................. 12 3.1 A EQUAÇÃO BÁSICA DA ESTÁTICA DOS FLUIDOS ..................................................................... 12 3.2 LEI DE PASCAL ........................................................................................................................ 14 3.3 MANOMETRIA ......................................................................................................................... 15 3.3.1 Barômetro de mercúrio .................................................................................................. 15 3.3.2 Manômetro de tubo em U com fluido manométrico ....................................................... 16 4. DINÂMICA DOS FLUIDOS .................................................................................................... 19 4.1 TIPOS DE ESCOAMENTOS ........................................................................................................ 19 4.1.1 De acordo com a medição de uma propriedade ............................................................. 19 4.1.2 De acordo com a medida do vetor velocidade ............................................................... 19 4.1.3 De acordo com as coordenadas de posição ................................................................... 19 4.1.4 De acordo com a trajetória seguida pelas partículas de fluido ..................................... 19 4.2 LEI DE VISCOSIDADE DE NEWTON ........................................................................................... 20 4.3 FLUIDOS NEWTONIANOS E NÃO NEWTONIANOS ..................................................................... 22 4.4 VAZÃO .................................................................................................................................... 23 5. BALANÇOS GLOBAIS DE MASSA, ENERGIA E QUANTIDADE DE MOVIMENTO 26 5.1 BALANÇO GLOBAL DE MASSA ................................................................................................. 26 5.2 EQUAÇÃO DE BERNOULLI ....................................................................................................... 29 5.2.1 Conservação da energia ................................................................................................. 30 5.3 BALANÇO GLOBAL DE ENERGIA .............................................................................................. 31 5.3.1 Perda de carga ............................................................................................................... 33 5.3.2 Equações globais de energia mecânica .......................................................................... 34 5.3.3 Cálculo da potência ........................................................................................................ 35 5.4 BALANÇO GLOBAL DE QUANTIDADE DE MOVIMENTO .............................................................. 37 6. BALANÇOS DIFERENCIAIS DE MASSA E QUANTIDADE DE MOVIMENTO ..... 41 6.1 BALANÇO DIFERENCIAL DE MASSA ......................................................................................... 41 6.2 BALANÇO DIFERENCIAL DE QUANTIDADE DE MOVIMENTO ...................................................... 43 6.2.1 Forças atuando sobre uma partícula fluida ................................................................... 43 6.2.2 Fluidos Newtonianos: Equação de Navier-Stokes ......................................................... 45 7. CAMADA LIMITE ............................................................................................................... 47 8. COEFICIENTE DE RESISTÊNCIA EM DUTOS DE SEÇÃO CIRCULAR ................ 49 3 8.1 ESCOAMENTO LAMINAR .......................................................................................................... 49 8.2 ESCOAMENTO TURBULENTO ................................................................................................... 49 9. ANÁLISE DIMENSIONAL E SIMILARIDADE .............................................................. 55 9.1 DIMENSÕES E UNIDADES ......................................................................................................... 55 9.2 HOMOGENEIDADE DIMENSIONAL ......................................................................................... 56 9.3 RESULTADOS DA ANÁLISE DIMENSIONAL ............................................................................ 56 9.4 TEOREMA DE Π DE BUCKINGHAM ......................................................................................... 57 9.5 ESCOLHA DAS VARIÁVEIS REPETIDAS...................................................................................... 57 9.6 GRUPOS ADIMENSIONAIS IMPORTANTES NA MECÂNICA DOS FLUIDOS ..................................... 59 9.6.1 Número de Reynolds (Re) ............................................................................................... 60 9.6.2 Número de Euler (Eu) ..................................................................................................... 60 9.6.3 Número de Froude (Fr) .................................................................................................. 61 9.6.4 Número de Weber (We) .................................................................................................. 61 9.6.5 Número de Mach (M) ..................................................................................................... 61 9.7 SIMILARIDADE (TEORIA DOS MODELOS) .................................................................................. 61 9.8 ESCALAS DE SEMELHANÇA ..................................................................................................... 62 9.9 RELAÇÕES ENTRE ESCALAS ..................................................................................................... 62 4 1. INTRODUÇÃO A importância do estudo dos Fenômenos de Transferência está na sua relevânciaem face do mundo em que vivemos. Não há praticamente nenhum setor da atividade humana que não seja de uma forma ou de outra afetada por problemas associados à Mecânica dos Fluidos, à Termodinâmica, à Troca de Calor e à Troca de Massa, ou seja, que não envolva interações de massa e de energia entre seus componentes. Assim, o engenheiro precisa ter noções básicas sobre essas ciências, pois, com frequência, ele precisará tomar ou influenciar decisões técnicas, políticas ou gerenciais envolvendo questões como a poluição de rios, lagos e lagoas; a construção de uma nova fábrica; o efeito estufa; a construção de coletores solares; etc. A disciplina de Fenômenos de Transferência I estuda particularmente a Mecânica dos Fluidos. Uma vez que todas as questões ambientais envolvem fluidos, de uma forma ou de outra, nada mais razoável que dedicar algum tempo para analisar o que acontece com um fluido, seja ele o ar atmosférico, os rios, um fluido em uma tubulação industrial, os gases da combustão ou o sangue humano. A movimentação dos fluidos está relacionada com as três dimensões espaciais além do tempo, o que complica um pouco o estudo. O estudo da mecânica dos fluidos é dividido basicamente em dois ramos, a estática dos fluidos e a dinâmica dos fluidos. A estática dos fluidos trata das propriedades e leis físicas que regem o comportamento dos fluidos livre da ação de forças externas, ou seja, nesta situação o fluido se encontra em repouso ou então com deslocamento em velocidade constante, já a dinâmica dos fluidos é responsável pelo estudo e comportamento dos fluidos em regime de movimento acelerado no qual se faz presente a ação de forças externas responsáveis pelo transporte de massa. Dessa forma, pode-se perceber que o estudo da mecânica dos fluidos está relacionado a muitos processos industriais presentes na engenharia e sua compreensão representa um dos pontos fundamentais para a solução de problemas geralmente encontrados nos processos industriais. 1.1 Dimensões e Unidades 1.1.1 Sistemas de dimensões Referimo-nos a quantidades físicas tais como comprimento, tempo, massa e temperatura como dimensões. Em termos de um sistema particular de dimensões, todas as quantidades mensuráveis podem ser divididas em dois grupos – quantidades primárias (ou fundamentais) e quantidades secundárias (ou derivadas). Referimo-nos a um pequeno grupo de dimensões básicas, a partir do qual todos os outros podem ser formados, como quantidades primárias para as quais estabelecemos arbitrariamente escalas de medida. Quantidades secundárias são aquelas cujas dimensões são expressas em termos das dimensões das quantidades primárias. Unidades são os nomes (e magnitudes) arbitrários dados às dimensões primárias adotadas como padrões de medidas. Por exemplo, a dimensão primária de comprimento pode ser medida em unidades de metros, pés, jardas ou milhas. Cada unidade de comprimento é relacionada às outras por fatores de conversão de unidades (1 milha = 5280 pés = 1609 metros). Em fenômenos de transferência as grandezas fundamentais empregadas são: • massa (M); • comprimento (L); • tempo (ϴ); • temperatura (T); • Intensidade de corrente elétrica (i); • Quantidade de matéria (mol). Os símbolos entre parênteses não se tratam das unidades, mas sim de uma abreviação usualmente utilizada para indicar a grandeza em si. As unidades adotadas serão exclusivamente as do Sistema Internacional de Unidades (SI). A tabela 1.1 mostra algumas unidades do SI das 5 grandezas fundamentais e daquelas definidas a partir das mesmas. Algumas grandezas como velocidade (Lϴ−1) e aceleração (Lϴ−2), por exemplo, não possuem unidades com nomes padrão no SI, como é o caso, por exemplo, da unidade não-SI de velocidade nó, utilizada em navegação. Tabela 1.1 – Unidades SI. Quantidade Unidade Símbolo no SI Fórmula Comprimento metro m - Massa quilograma kg - Tempo segundo s - Temperatura kelvin K - Ângulo plano radiano rad - Energia joule J N.m Força newton N Kg.m/s2 Potência watt W J/s Pressão pascal Pa N/m2 Trabalho joule J N.m A Tabela 1.2 apresenta os principais prefixos utilizados. Tabela 1.2 – Prefixos. Fator de multiplicação Prefixo Símbolo no SI 1 000 000 000 000 = 1012 tera T 1 000 000 000 = 109 giga G 1 000 000 = 106 mega M 1 000 = 103 quilo K 0,01 = 10-2 centi c 0,001 = 10-3 mili m 0,000 001 = 10-6 micro µ 0,000 000 001 = 10-9 nano n 0,000 000 000 001 = 10-12 pico p 1.1.2 Sistemas de unidades Há mais de uma maneira de selecionar a unidade de medida para cada dimensão primária. Apresentaremos apenas os sistemas de unidades mais comuns na engenharia para cada um dos sistemas básicos de dimensões. - Sistema Internacional (SI): a unidade de massa é o quilograma (kg), a unidade de comprimento é o metro (m), a unidade de tempo é o segundo (s) e a unidade de temperatura é o kelvin (K). A força é uma dimensão secundária e a sua unidade, o newton (N), é definida em termos da segunda lei de Newton como: 1 N = 1 kg.m/s2 - Sistema Métrico Absoluto: a unidade de massa é o grama, a unidade de comprimento é o centímetro, a unidade de tempo é o segundo e a unidade de temperatura é o kelvin. Posto que a força é uma dimensão secundária, a sua unidade o dina, é definida em termos da segunda lei de Newton como: 1 dina = 1 g.cm/s2 - Sistema de Unidades Gravitacional Britânico: a unidade de força é a libra-força (lbf), a unidade de comprimento é o pé (ft), a unidade de tempo é o segundo e a unidade de temperatura é o Rankine (°R). Como a massa é uma dimensão secundária, a sua unidade, o slug, é definida em termos da segunda lei de Newton como: 1 slug = 1 lbf.s2/ft - Sistema de Unidades Inglês Técnico ou de Engenharia: a unidade de força é a libra-força (lbf), a unidade de massa é a libra-massa (lbm), a unidade de comprimento é o pé (ft), a unidade 6 de tempo é o segundo e a unidade de temperatura é o Rankine. Posto que ambas, força e massa, foram escolhidas como unidades primárias, a segunda Lei de Newton é escrita como: . c m a F g Uma libra-força (1 lbf) é a força que dá à massa de uma libra-massa (1 lbm) uma aceleração igual à aceleração padrão da gravidade na Terra, 32,2 ft/s2. Da segunda lei de Newton concluímos que: 21 .32,2 / 1 c lbm ft s lbf g ou 2 32,2 . . c ft lbm g lbf s A constante de proporcionalidade, gc, tem dimensões e unidades. As dimensões surgiram porque escolhemos força e massa como dimensões primárias; as unidades (e o valor numérico) são uma consequência de nossas escolhas para os padrões de medidas. Como uma força de 1 lbf acelera 1 lbm a 32,2 ft/s2, aceleraria 32,2 lbm a 1 ft/s2. Um slug também é acelerado a 1ft/s2 por uma força de 1 lbf. Portanto: 1 slug = 32,2 lbm 1.1.3 Conversão de Unidades Para vários problemas na engenharia, muitas vezes torna-se necessária a conversão de unidades. As Tabelas 1.3 a 1.6 apresentam algumas conversões de unidades primárias, e a Tabela 1.7 apresenta algumas conversões de unidades secundárias. Tabela 1.3 – Conversão de comprimento. Tabela 1.4 – Conversão de massa. 7 Tabela 1.5 – Conversão de área. Tabela 1.6 – Conversão de volume. Tabela 1.7 – Conversão de várias unidades secundárias. Exercício 1.1: Faça a conversão das seguintes unidades: a) 50 ft para m. b) 250 ft/min para cm/s. c) 0,005 J para lb.m2/min2. d) 30 in2/s para ft2/min. 8 2. FLUIDOS 2.1 Introdução Na natureza, assim como em sistemas projetados pelo homem, uma grande quantidade de fenômenos físicos ocorrem continuamente. O sucesso em se prever ou simular quantitativamente o comportamento de um determinado meio depende de nossa capacidade de formular modelos matemáticos dos seus fenômenos físicos mais importantes. É útil considerar um fenômeno físicocomo um processo a que um determinado sistema bem identificado é submetido, ou seja, como uma sequência de transformações no estado do sistema. Por estado do sistema entende-se o conjunto de suas propriedades físicas, tais como: massa, volume, pressão, temperatura, constituição química, etc. Em fenômenos de transferência estudam-se os processos por meio dos quais três propriedades físicas fundamentais são transportadas de um ponto a outro do espaço: massa, quantidade de movimento, e energia. Os meios físicos onde tais processos ocorrem serão supostos contínuos, ou seja, há uma distribuição contínua de matéria onde se pode definir as propriedades do meio como funções matemáticas contínuas do espaço tridimensional (x, y, z) e do tempo t. A hipótese do contínuo é válida se as escalas de comprimento relevantes no processo físico em questão forem várias ordens de magnitude maiores que o espaçamento médio entre as moléculas no meio. Uma das mais importantes hipóteses feitas em fenômenos de transferência é a de que os processos físicos procedem na direção do equilíbrio, ou seja: que o sentido dos processos obedece à segunda lei da termodinâmica. A todo processo físico em fenômenos de transferência estão associadas diferenças de concentração (de um soluto), temperatura (energia), ou quantidade de movimento que, por sua vez, dão origem a fluxos dessas quantidades em direção ao equilíbrio. Uma grande quantidade de fenômenos físicos pode ser enquadrada como objetos de estudo desta ampla disciplina chamada fenômenos de transferência. 2.2 O meio contínuo O comportamento da matéria, seja ela sólida ou fluida, está diretamente associado ao comportamento das moléculas que a constituem. Em geral, o número de moléculas por unidade de volume de matéria é enorme. Por exemplo, o número de moléculas em um centímetro cúbico de ar é da ordem de 1019. Se você decidisse contar o número de moléculas nesse pequeno volume a uma razão de uma molécula por segundo, ao final de 20 vezes a idade do universo, você não teria terminado! Obviamente, tentar compreender um sistema através da descrição de cada molécula individualmente é algo simplesmente impossível. Assim sendo, na melhor das hipóteses, os estudos são feitos em termos estatísticos pela chamada mecânica estatística. Alternativamente, pode-se propor uma abordagem macroscópica da matéria, e se torna conveniente pensar em termos de uma distribuição espacial contínua de massa, ou seja, de um meio contínuo. Conforme já mencionado anteriormente, o contínuo é um modelo válido desde que a menor escala de interesse no problema em questão seja muito maior que as escalas moleculares. Assim, quando se refere a propriedades em um ponto no meio contínuo, na verdade está se considerando a média estatística do efeito de um grande número de moléculas em torno deste ponto. 2.3 Conceito de fluido Inúmeros pesquisadores já propuseram várias definições para fluido, nas mais diversas situações. Esta é uma tarefa difícil na medida em que os materiais que denominamos genericamente de fluidos tem seu comportamento associado a um grande número de variáveis, e que nem sempre é possível distinguir claramente a fronteira entre os sólidos e fluidos. Para os objetivos do presente texto, define-se fluido da seguinte forma: 9 “Um material é dito fluido quando se deforma indefinidamente ao ser submetido a uma tensão (tangencial) de cisalhamento, por menor que ela seja.” Figura 2.1 – Diferença entre sólidos e líquidos em termos de deformação e taxa de deformação. A Figura 2.1 ilustra a definição acima. Um material é colocado entre uma placa horizontal de área A e um plano horizontal em repouso. Ao se aplicar uma força tangencial F sobre a placa, a tensão tangencial aplicada sobre o material é F/A. Um sólido sofrerá uma deformação finita, e uma força elástica restauradora aparecerá sobre a placa, equilibrando F. Já um fluido se deformará continuamente enquanto F estiver aplicada. No primeiro caso, a força com que o sólido resiste ao esforço da placa é proporcional à própria deformação sofrida. Em termos das definições da Figura 2.1: . F x k A y enquanto que, no caso de um fluido, a força será proporcional à sua taxa de deformação: 1 . F x Vx k A t y y Eis neste exemplo uma diferença fundamental entre a mecânica dos sólidos e a mecânica dos fluidos: enquanto na primeira quer-se resolver as deformações (que se traduzem em deslocamentos), na segunda o enfoque é resolver as taxas de deformação (que se traduzem em velocidades). Um fluido é caracterizado como uma substância que se deforma continuamente quando submetida a uma tensão de cisalhamento, não importando o quão pequena possa ser essa tensão. Os fluidos incluem os líquidos, os gases, os plasmas e, de certa maneira, os sólidos plásticos. A principal característica dos fluidos está relacionada à propriedade de não resistir à deformação e apresentam a capacidade de fluir, ou seja, possuem a habilidade de tomar a forma de seus recipientes. Esta propriedade é proveniente da sua incapacidade de suportar uma tensão de cisalhamento em equilíbrio estático. Os fluidos podem ser classificados como: Fluido Newtoniano ou Fluido Não Newtoniano. Esta classificação está associada à caracterização da tensão, como linear ou não linear no que diz respeito à dependência desta tensão com relação à deformação e à sua derivada. Os fluidos também são divididos em líquidos e gases, os líquidos formam uma superfície livre, isto é, quando em repouso apresentam uma superfície estacionária não determinada pelo recipiente que contém o líquido. Os gases apresentam a propriedade de se expandirem livremente quando não confinados (ou contidos) por um recipiente, não formando, portanto, uma superfície livre. A superfície livre característica dos líquidos é uma propriedade da presença de tensão interna e atração/repulsão entre as moléculas do fluido, bem como da relação entre as tensões internas do líquido com o fluido ou sólido que o limita. Um fluido que apresenta resistência à redução de volume próprio é denominado fluido incompressível, enquanto o fluido que responde com uma redução de seu volume próprio ao ser submetido à ação de uma força é denominado fluido compressível. 2.4 Propriedades dos fluidos 10 Algumas propriedades são fundamentais para a análise de um fluido e representam a base para o estudo da mecânica dos fluidos, essas propriedades são específicas para cada tipo de substância avaliada e são muito importantes para uma correta avaliação dos problemas comumente encontrados na indústria. Dentre essas propriedades podem-se citar: a massa específica, o peso específico e o peso específico relativo. 2.4.1 Massa Específica Representa a relação entre a massa de uma determinada substância e o volume ocupado por ela. A massa específica pode ser quantificada através da aplicação da equação a seguir, onde ρ é a massa específica, m representa a massa da substância e V o volume por ela ocupado. No Sistema Internacional de Unidades (SI), a massa é quantificada em kg e o volume em m³, assim, a unidade de massa específica é kg/m3. m V ρ 2.4.2 Peso Específico A relação entre o peso de um fluido e o volume ocupado por ele pode ser obtido pela aplicação da equação a seguir: P V Ύ Como o peso (P) é definido pelo princípio fundamental da dinâmica (2ª Lei de Newton, onde P = m.g), a equação pode ser reescrita da seguinte maneira: .m g V Ύ A partir da análise das equações é possível verificar que existe uma relação entre a massa específica de um fluido e o seu peso específico, e assim, pode-se escrever que: .gΎ ρ onde, γ é o peso específico do fluido, P é o peso do fluido e g representa a aceleração da gravidade. Em unidades do SI, o peso é dado em N, a aceleração da gravidade em m/s2 e o peso específicoem N/m3. 2.4.3 Peso Específico Relativo Representa a relação entre o peso específico do fluido em estudo e o peso específico da água. Em condições de atmosfera padrão o peso específico da água é 10000 N/m3, e como o peso específico relativo é a relação entre dois pesos específicos, o mesmo é um número adimensional, ou seja, não contempla unidades. O 2 R H Ύ Ύ Ύ A Tabela 2.1 apresenta os valores de massa específica, peso específico e peso específico relativo de alguns líquidos. 11 Tabela 2.1 – Propriedades de alguns fluidos. Exercício 2.1: Sabendo-se que 1500 kg de massa de uma determinada substância ocupa um volume de 2m3, determine a massa específica, o peso específico e o peso específico relativo dessa substância. Dados: γ H2O = 10000N/m³, g = 10 m/s². Exercício 2.2: Um reservatório cilíndrico possui diâmetro de base igual a 2 m e altura de 4 m, sabendo-se que o mesmo está totalmente preenchido com gasolina, determine a massa de gasolina presente no reservatório. Sabe-se que a massa específica da gasolina é 720 kg/m3 e seu peso específico é 7200 N/m3. Exercício 2.3: A massa específica de uma determinada substância é igual a 740 kg/m³, determine o volume ocupado por uma massa de 500 kg dessa substância. Exercício 2.4: Sabe-se que 400 kg de um líquido ocupa um reservatório com volume de 1500 litros, determine sua massa específica, seu peso específico e o peso específico relativo. Dados: γH2O = 10000 N/m³, g = 10 m/s². Exercício 2.5: Determine a massa de mercúrio presente em uma garrafa de 2 litros. Dados: g = 10 m/s²; ρmercúrio = 13600 kg/m 3. Exercício 2.6: Um reservatório cúbico com 2 m de aresta está completamente cheio de óleo lubrificante (ρóleo lubrificante = 880 kg/m 3). Determine a massa de óleo quando apenas ¾ do tanque estiver ocupado. Exercício 2.7: Sabendo-se que o peso específico relativo de um determinado óleo é igual a 0,85, determine sua massa específica em kg/m³. Dados: γH2O = 10000 N/m³, g = 10 m/s². 12 3. ESTÁTICA DOS FLUIDOS A estática dos fluidos é a ramificação da mecânica dos fluidos que estuda o comportamento de um fluido em uma condição de equilíbrio estático. Um fluido é definido como uma substância que escoará ou deformará continuamente sempre que uma tensão de cisalhamento for aplicada sobre ela. Segue, então, que a tensão de cisalhamento sobre um fluido em repouso deve ser zero. Podemos concluir que, para um fluido estático, somente tensão normal está presente – em outras palavras, pressão. 3.1 A equação básica da estática dos fluidos Em um fluido em repouso (estático), submetido ao campo gravitacional, as únicas forças que atuam sobre um elemento fluido são o peso e as forças devidas às pressões estáticas p = p(x, y, z). Consideremos um elemento de volume ∆x∆y∆z, com faces paralelas aos planos de um sistema de coordenadas retangulares x, y, z, isolado de um fluido em repouso com massa específica ρ, conforme é mostrado na Figura 3.1. As forças de pressão atuam sobre o elemento fluido de acordo com a coordenada de posição da face do elemento cúbico sobre a qual atua a pressão. Figura 3.1 – Elemento de volume isolado de um fluido em repouso com as pressões estáticas exercidas pelo restante do fluido. O peso atua sobre todo o volume do corpo, não só na superfície. A força-peso do elemento fluido é dada por: . . . .pesoF x y z g ρ O balanço de força para a direção x fica: . . . . 0x xx x xP z y P z y Dividindo tudo por ∆V, teremos: 13 . . . . 0 . . . . 0 x xx x x x xx x x P z y P z y x y z x y z P P x Para analisar em um único ponto, fazendo limite de ∆V tendendo a zero, teremos: 0 dP dx Fazendo o balanço de forças para a direção y e para a direção z, teremos no final: . 0 dP g dy 0 dP dz Assim, pode-se perceber que a pressão não varia na direção x e nem na direção z, porém a pressão varia linearmente com o fator .g . Adotando a gravidade como sendo aproximadamente -9,81 m/s2, temos: . dP g dy Portanto, a forma vetorial geral da equação da Estática dos Fluidos é: .P g Sendo que .g , temos: P A variação da pressão com a altura é determinada por meio da integração da equação . dP g dy com as condições de contorno adequadas. Considerando que a pressão em um nível de referência y0 é P0, determina-se a pressão P(y) em uma altura y com a integração da equação . dP g dy , de forma que: ( ) 0 0 ( ) 0 0 . . .( ) yP y P y y dP g dy P P g y y ou seja, a diferença de pressão entre dois pontos, num fluido incompressível, é diretamente proporcional à diferença de altura entre esses dois pontos. Para líquidos, geralmente é mais conveniente a adoção de um referencial com um eixo h, paralelo ao vetor campo gravitacional, com origem na superfície livre. Portanto, a última equação pode ser simplificada para: .P h A equação .P h é conhecida como “Teorema de Stevin”. O teorema de Stevin também é conhecido por teorema fundamental da hidrostática e sua definição é de grande importância para a determinação da pressão atuante em qualquer ponto de uma coluna de líquido. O teorema de Stevin diz que: “a diferença de pressão entre dois pontos de um fluido em repouso é igual ao produto do peso específico do fluido pela diferença de cota entre os dois pontos avaliados”. 14 3.2 Lei de Pascal O Princípio de Pascal representa uma das mais significativas contribuições práticas para a mecânica dos fluidos no que tange a problemas que envolvem a transmissão e a ampliação de forças através da pressão aplicada a um fluido. O seu enunciado diz que: “quando um ponto de um líquido em equilíbrio sofre uma variação de pressão, todos os outros pontos também sofrem a mesma variação”. Pascal, físico e matemático francês, descobriu que, ao se aplicar uma pressão em um ponto qualquer de um líquido em equilíbrio, essa pressão se transmite a todos os demais pontos do líquido, bem como às paredes do recipiente. Essa propriedade dos líquidos, expressa pela lei de Pascal, é utilizada em diversos dispositivos, tanto para amplificar forças como para transmiti-las de um ponto a outro. Um exemplo disso é a prensa hidráulica e os freios hidráulicos dos automóveis. Os elevadores para veículos automotores, utilizados em postos de serviço e oficinas, por exemplo, baseiam-se nos princípios da prensa hidráulica. Ela é constituída de dois cilindros de seções diferentes. Em cada um, desliza um pistão. Um tubo comunica ambos os cilindros desde a base. A prensa hidráulica permite equilibrar uma força muito grande a partir da aplicação de uma força pequena. Isso é possível porque as pressões sobre as duas superfícies são iguais (Pressão = Força / Área). Assim, a grande força resistente (F2) que age na superfície maior é equilibrada por uma pequena força motora (F1) aplicada sobre a superfície menor (F2/A2 = F1/A1) como pode se observar na Figura 3.2. Figura 3.2 – Elevador para veículo automotivo. Exercício 3.1: A figura ao lado mostra uma prensa hidráulica cujos êmbolos têm seções A1=15cm 2 e A2 = 30cm 2. Sobre o primeiro êmbolo, aplica-se uma força F igual a 10 N, e, desta forma, mantém-se em equilíbrio um cone de aço de peso P, colocado sobre o segundo êmbolo. Determine o peso do cone, em N. 15 3.3 Manometria O manômetro é o instrumento utilizado na mecânica dos fluidos para se efetuar a medição da pressão, no setor industrial existem diversos tipos e aplicações para os manômetros. As medidas de pressão são realizadas em relação a uma determinada pressão de referência. Usualmente, adota-se como referência a pressão nula existente no vácuo absolutoou a pressão atmosférica local. Chama-se “pressão absoluta” aquela que é medida em relação à pressão nula do vácuo absoluto. Denomina-se “pressão relativa” aquela que é medida em relação à pressão atmosférica local. Os níveis de pressão medidos em relação à pressão atmosférica são denominados “pressões manométricas”. A Figura 3.3 ilustra uma medida de pressão em relação ao nível zero do vácuo absoluto e em relação à pressão atmosférica local (Patm). Figura 3.3 – Pressão absoluta e manométrica, mostrando níveis de referência. Assim, manometrica absoluta atmosfericaP P P 3.3.1 Barômetro de mercúrio A pressão atmosférica local, representada por Patm, pode ser medida por um barômetro. O mais simples é o barômetro de mercúrio, como pode ser visto na Figura 3.4. Figura 3.4 – Barômetro de mercúrio. Na Figura 3.4 anterior, tem-se que h é a altura da coluna de mercúrio no tubo de vidro; Patm é a pressão atmosférica local; e P0 é a pressão de vapor do mercúrio. Aplicando a equação básica da estática dos fluidos no barômetro de mercúrio, temos: 16 0 . . . . . B A Hg P h Hg P B A Hg P g dP g dy dP g dy P P g h Pontos que estão a mesma altura, dentro do mesmo fluido, têm a mesma pressão, de forma que PA = Patm e como PB = P0, obtém-se: 0 0 . . . . atm Hg atm Hg P P g h P P g h Em condições normais de temperatura e pressão, a pressão de vapor do mercúrio é praticamente nula, ou seja, P0 ≈ 0, resultando: . .atm HgP g h A pressão atmosférica normal, ao nível do mar, corresponde a uma coluna de mercúrio com altura h = 76 cm. Substituindo os dados, ρHg = 13600 kg/m 3, g = 9,81 m/s2, h = 0,76 m, na equação anterior, resulta: Patm = 101320 N/m 2 = 101,32 kPa 3.3.2 Manômetro de tubo em U com fluido manométrico A introdução de um líquido manométrico no manômetro de tubo em U permite utilizá-lo na medição de pressões de gases ou líquidos, pois esse líquido impede que o gás escape pelo tubo. É importante que se utilize um líquido manométrico que apresente um peso específico bastante elevado de modo a evitar colunas contendo o fluido manométrico muito alto. A Figura 3.5 apresenta um manômetro de tubo em U. Figura 3.5 – Manômetro de tubo em U. Os pontos C e D estão sob a mesma pressão. Assim pode-se fazer um balanço de forças, sabendo-se que PC = PD, temos: 1.atm DP h P Temos também que: 2.B CP h P ou 2.A CP h P 17 Fazendo a igualdade PC = PD, temos: 2 1 2 1 . . . . . . A atm A A atm LM P h P h P g h P g h Em muitas situações, o fluido de trabalho que está confinado na câmara, é um gás com peso específico muito menor que o peso específico do fluido manométrico, que deve sempre ser um líquido, de forma que fluidonacamara liquido manometrico . Sendo 2. .A g h um termo muito pequeno, temos então: 1. .A atm LMP P g h Exercício 3.2: No manômetro diferencial mostrado na figura abaixo, o fluido A é água, B é óleo e o fluido manométrico é mercúrio. Sendo h1 = 25 cm, h2 = 100 cm, h3 = 80 cm e h4 = 10 cm, determine qual é a diferença de pressão entre os pontos A e B. Dados: γH20 = 10000N/m³, γHg = 136000N/m³, γóleo = 8000N/m³. Exercício 3.3: O tubo A da figura abaixo contém tetracloreto de carbono com peso específico relativo de 1,6 e o tanque B contém uma solução salina com peso específico relativo de 1,15. Determine a pressão do ar no tanque B sabendo-se que a pressão no tubo A é igual a 1,72 bar. Sabe-se que o peso específico da água é de 10000 N/m3. 18 Exercício 3.4: Na figura ao lado, tem-se as seguintes leituras: Manômetro A = 5 psi Manômetro B = -3 psi Manômetro C = 4 psi Pressão atmosférica = 14,7 psi Pergunta-se: a) Qual deve ser a leitura no manômetro D? b) Qual a pressão absoluta em 1? 19 4. DINÂMICA DOS FLUIDOS 4.1 Tipos de Escoamentos As diferentes classificações que podem ser dadas aos escoamentos em Mecânica dos Fluidos é segundo o tipo de fluido, dependência temporal e espacial, segundo a superfície onde escoa, segundo a seção do escoamento e segundo a compressibilidade do fluido. 4.1.1 De acordo com a medição de uma propriedade Em um fluido escoando sob circunstâncias normais - um rio, por exemplo - se as propriedades (velocidade, pressão) em um ponto do campo de escoamento permanecem constantes com respeito ao tempo denomina-se escoamento estacionário ou permanente. Quando as propriedades do fluido em um ponto do campo de escoamento variam com o tempo o escoamento é denominado escoamento não estacionário ou transiente. 4.1.2 De acordo com a medida do vetor velocidade Se a medição da velocidade em dois pontos arbitrariamente fixados não muda em magnitude, denomina-se fluxo uniforme. Se a velocidade muda, denomina-se fluxo não uniforme. 4.1.3 De acordo com as coordenadas de posição Os escoamentos na natureza são geralmente tridimensionais, transitórios e complexos. O campo de velocidades é dependente das coordenadas de posição e do tempo v = v(x,y,z,t). Em um escoamento tridimensional o vetor velocidade apresenta três componentes de velocidade v = ui + vj+ wk. Embora em geral todos os fluidos escoem de forma tridimensional, com pressões e velocidades e outras propriedades de fluxo variando em todas as direções, em muitos casos as maiores mudanças ocorrem unicamente em duas direções ou até mesmo numa única direção. Nestes casos mudanças nas outras direções podem ser desprezíveis tornando-se a análise muito mais simplificada. Existem regimes de escoamento nos quais um dos componentes do vetor velocidade é pequeno em relação aos outros dois componentes. Neste caso falamos de escoamento bidimensional v = ui+ vj Existem também escoamentos unidimensionais, quando os parâmetros de fluxo (velocidade, pressão) em um instante dado de tempo, variam unicamente na direção de fluxo (v = ui). 4.1.4 De acordo com a trajetória seguida pelas partículas de fluido O cientista britânico Osborne Reynolds realizou experiências que permitiram visualizar os diferentes regimes de escoamento numa tubulação. Como mostra a Figura 4.1 é injetado líquido colorido em uma tubulação na qual escoa água. Regulando a vazão com um registro detectou-se diferentes regimes de escoamento. Para uma vazão "baixa" o fluido se comporta como lâmina sem perturbação, sendo o escoamento denominado laminar. Para "grandes" vazões o líquido mostra-se com flutuações aleatórias típicas de um escoamento turbulento. Para vazões "intermediárias" o fluido colorido apresenta leves flutuações no espaço e no tempo. Neste caso o escoamento está em uma fase de transição entre laminar e turbulento. Foi observado que a natureza laminar ou turbulenta estava relacionada com o diâmetro (D) da tubulação, a velocidade média do escoamento (v) e a viscosidade cinemática do fluido ν. Foi assim definido um número característico denominado na sua homenagem número de Reynolds: 20 . . Re v D Considera-se (dutos e tubos) que para número de Reynolds menores que 2000 o escoamento é laminar e para Reynolds maiores que 2400 o escoamento é turbulento. Há um regime de transição entre os dois tipos de escoamentos, que será visto mais adiante. Os escoamentos viscosos são classificados como escoamentos laminar e turbulento tendo por base a sua estrutura. O escoamento laminar se caracteriza pelo movimento suave e em lâminas ou camadas de fluidos. O escoamento turbulento é caracterizado por movimentos aleatórios, tridimensionais de partículas fluidas adicionadas ao movimento principal. No escoamento laminar é válida a relação entre a tensão de cisalhamento e o gradiente de velocidade (lei de viscosidade de Newton). Para o escoamento turbulento flutuações aleatórias e tridimensionaisda velocidade transportam quantidade de movimento através das linhas de corrente do escoamento aumentando a tensão de cisalhamento efetiva. Desta forma nos escoamentos turbulentos não existe uma relação universal entre o campo de tensões e o campo de velocidades. Figura 4.1 - Experiência de Reynolds para visualizar regimes de escoamento. 4.2 Lei de viscosidade de Newton Considere um elemento de fluido retangular 3D representado na Figura 4.2. Figura 4.2 - Elemento de fluido submetido a uma força de cisalhamento. 21 A força de cisalhamento F atua sobre a área no topo do elemento. Esta área é dada por A = dz.dx. Podemos determinar a tensão de cisalhamento que é igual à força F dividida pela área: F A A deformação que esta tensão origina é medida pelo tamanho do ângulo φ conhecido como ângulo de deformação. Em um sólido φ é constante para uma tensão de cisalhamento fixa τ. Em um fluido φ aumenta quando τ é aplicado, e o fluido escoa. Se uma partícula no ponto E (figura 4.2) move-se sob uma tensão de cisalhamento para o ponto E' e isto leva um tempo t, percorrendo a distância x; para pequenas deformações podemos escrever: Ângulo de deformação x y Taxa de deformação = 1 . x x v t ty t y y Onde x v t é a velocidade da partícula no ponto E. Resultados experimentais mostram que a tensão de cisalhamento é proporcional à taxa de deformação da tensão e desta forma: tan . v cons te y O termo v y é a mudança da velocidade com y, ou o gradiente de velocidade, e pode ser escrito na forma diferencial dv dy . A constante de proporcionalidade é conhecida como viscosidade dinâmica µ. Assim tem-se a Lei da viscosidade de Newton: dv dy Viscosidade é a propriedade de um fluido, devido à coesão e interação entre moléculas, que oferece resistência para deformação de cisalhamento. Fluidos diferentes deformam com valores diferentes para uma mesma tensão de cisalhamento. Fluidos com uma alta viscosidade deformam mais lentamente que fluidos com uma viscosidade baixa. Todos os fluidos viscosos denominados “Fluidos Newtonianos” obedecem à relação linear denominada Lei da Viscosidade de Newton. A viscosidade dinâmica, µ, é definida como a força de cisalhamento, por unidade de área, (ou tensão de cisalhamento τ), requerido para arrastar uma camada de fluido com velocidade unitária para outra camada afastada a uma distância unitária. A sua unidade, no SI, é kg/m.s. Porém, µ é também dado em Poise (P), sendo 10 Poise = 1 kg/m.s (1 centiPoise = 1cP = Pa s/1000). A Viscosidade Cinemática, ν, é definida como a relação entre a viscosidade dinâmica e a massa específica, ρ. A unidade de ν, no SI, é m2/s. Nos líquidos, a variação da viscosidade cinemática com a temperatura é menor que a variação da viscosidade cinemática nos gases. Isto ocorre, pois a massa específica dos líquidos pouco varia com a temperatura, o que não ocorre com a massa específica dos gases. 22 4.3 Fluidos Newtonianos e Não Newtonianos Até mesmo fluidos que são aceitos como tais podem ter grandes diferenças de comportamento quando submetidos a tensões de cisalhamento. Fluidos obedecendo a Lei de Newton onde o valor de µ é constante são conhecidos como fluidos newtonianos. Se µ é constante a tensão é linearmente dependente do gradiente de velocidade. Isto é verdadeiro para a maioria dos fluidos. Os fluidos em que o valor de µ não é constante são conhecidos como fluidos não newtonianos. Há várias categorias destes, sendo apresentados brevemente abaixo. Essas categorias são baseadas nas relações entre a tensão e o gradiente de velocidade (variação da tensão de cisalhamento) no fluido. Tais relações podem ser vistas no gráfico abaixo para várias categorias de fluidos. Figura 4.3 - Tensão de cisalhamento em função da taxa de deformação (du/dy). Cada uma das linhas pode ser representada pela equação: . n du A B dy onde A e B e n são constantes. Para fluidos newtonianos A = 0, B = µ e n = 1. Como fluidos não newtonianos independentes do tempo temos os seguintes: Plásticos: A tensão aplicada deve atingir certo valor mínimo antes de iniciar o escoamento. Um exemplo típico é a pasta de dentes que não flui para o exterior até apertar o tubo e superar certo esforço (nestes fluidos n = 1). Plástico tipo Bingham: Tal como o plástico (n = 1) deve atingir a tensão um valor mínimo. Como exemplo: chocolate, mostarda, maionese, tintas, asfalto, sedimentos de águas residuais. Pseudoplásticos: Não é necessária uma tensão mínima para se dar o escoamento. A viscosidade diminui com o aumento da taxa de tensão. Exemplos: plasma sanguíneo, polietileno fundido, soluções poliméricas e polpa de papel em água (n < 1). Conhecidos como não dilatantes. Fluidos Dilatantes: A viscosidade aumenta com a taxa de deformação (n > 1). No gráfico a tensão de corte se encontra por baixo da tensão de corte dos fluidos newtonianos. Inicia com uma inclinação baixa o que indica baixa viscosidade aparente. Suspensões de amido e de areia. Fluidos Tixotrópicos: Existem também fluidos não newtonianos dependentes do tempo, os quais são complicados de analisar e denominados fluidos tixotrópicos. Nestes o gradiente de velocidade varia com o tempo. Exemplo: alguns óleos de petróleo cru a baixa temperatura, a tinta de impressão, o nylon, a massa de farinha e várias soluções de polímeros. 23 Também em Mecânica dos Fluidos lidamos com o caso de fluidos que não são reais, conhecidos como fluidos ideais. Um fluido ideal é aquele que não tem nenhuma viscosidade. Trata-se de um conceito útil nas soluções teóricas para as posteriores soluções reais. No gráfico acima a curva sobre o eixo dos x representaria os fluidos ideais, isso é com viscosidade nula (µ = 0). No caso de um sólido real seria representando na figura sofrendo uma mínima deformação, e dentro do limite de proporcionalidade (lei de Hooke). A curva é uma linha reta quase vertical passando pela origem. 4.4 Vazão A vazão em volume pode ser definida facilmente pelo exemplo da Figura 4.4. Figura 4.4 – Vazão. Suponha-se que, estando a torneira aberta, seja empurrado o recipiente da Figura 4.4 embaixo dela e simultaneamente seja disparado o cronômetro. Admita-se que o recipiente encha em 10 s. Pode-se então dizer que a torneira enche 20 L em 10 s ou que a vazão em volume da torneira é 20L/10s = 2 L/s. Defini-se vazão em volume Q como o volume de fluido que atravessa uma certa seção do escoamento por unidade de tempo: V Q t Existe uma relação importante entre a vazão em volume e a velocidade do fluido. Figura 4.5 – Fluido em movimento. 24 Observe a Figura 4.5, onde se tem um fluido em movimento. No intervalo de tempo t, o fluido se desloca através da seção de área A a uma distância s. O volume de fluido que atravessa a seção de área A no intervalo de tempo t é V = s.A. Logo, a vazão será: .V s A Q t t mas s v t .Q v A É claro que essa expressão só seria verdadeira se a velocidade fosse uniforme na seção. Na maioria dos casos práticos, o escoamento não é unidimensional; no entanto, é possível obter uma expressão do tipo da equação .Q v A definindo a velocidade média na seção. Obviamente, para o cálculo da vazão, não se pode utilizar a equação .Q v A , pois v é diferente em cada ponto da seção. Adotando um dA qualquer no entorno de um ponto em que a velocidade genérica é v, como na Figura 4.6, tem-se: .dQ v dA Logo, a vazão na seção de área A será: . A Q v dA Define-se velocidade média na seção como uma velocidade uniforme que, substituída no lugar da velocidade real, reproduziria a mesma vazão na seção. Logo: . .m A Q v dA v A Dessa igualdade, surge a expressão para o cálculo da velocidade média na seção:1 .m A v v dA A Figura 4.6 – Representação do volume de controle. A Figura 4.7 apresenta a velocidade média e a velocidade real de um fluido escoando dentro de um tubo. Figura 4.7 – Velocidade média e velocidade real. 25 Além da vazão em volume, .Q v A , onde: Q = vazão em volume (m3/s) v = velocidade média do fluido (m/s) A = área da seção (m2) Temos também a vazão em massa, que é a massa do fluido que escoa através de uma certa seção em um intervalo de tempo. Assim, como: m m Q t e m V , temos que: . . . . .m V V Q Q v A t t Portanto, a vazão em massa é: . .mQ v A Podemos calcular também a vazão em peso, que é o peso do fluido que escoa através de uma certa seção em um intervalo de tempo. P P Q t e como .P m g temos que: . . . . . . . .P m m g Q Q g Q g g Q v A t Portanto: . .PQ v A Exercício 4.1: Calcular o tempo que levará para encher um tambor de 220 litros, sabendo-se que a velocidade de escoamento do líquido é de 0,45 m/s e o diâmetro do tubo conectado ao tambor é igual a 40 mm. Exercício 4.2: Calcular o diâmetro, em mm, de uma tubulação, sabendo-se que pela mesma, escoa água a uma velocidade de 6 m/s. A tubulação está conectada a um tanque com volume de 12000 litros e leva 1 hora, 5 minutos e 49 segundos para enchê-lo totalmente. 26 5. BALANÇOS GLOBAIS DE MASSA, ENERGIA E QUANTIDADE DE MOVIMENTO As equações do movimento dos fluidos são definidas em sistemas. Um sistema fechado é uma quantidade fixa de massa separada do meio exterior por fronteiras. O contorno do sistema denomina-se Superfície de Controle (SC). A massa não pode atravessar as fronteiras. A energia em forma de Calor e Trabalho podem atravessar as fronteiras do sistema. As fronteiras podem ser móveis ou fixas. Sistemas Abertos denominam-se Volume de Controle (VC), que consiste em uma região fixa no espaço e na qual se estuda o escoamento do fluido que atravessa o volume. Neste VC, calor, trabalho e massa podem atravessar as fronteiras. Tal conceito é utilizado para a dedução das equações da continuidade, quantidade de movimento e da energia. A velocidade em um ponto dado do campo de escoamento pode variar de um instante de tempo para outro. Desta forma pode-se representar como V = V(x,y,z,t). O fluido pode estar atravessando a fronteira de um elemento diferencial de volume dV. O vetor de área dA do elemento de superfície aponta sempre para fora da superfície do VC. No VC podem agir forças de superfície e forças de campo. As forças de superfície ( SF ) agem nas superfícies do VC devido à pressão ( SPF ) e às tensões de cisalhamento ( SF ). As forças de campo ( BF ) são forças que atuam sem contato físico e distribuídas sobre o volume de controle tais como forças de campo gravitacional e forças de campo eletromagnético. O produto escalar de dois vetores é dado pelo produto dos módulos de ambos os vetores multiplicados pelo cosseno do ângulo formado entre eles. Também sabemos que o vetor de área dA do elemento de superfície sempre aponta para fora da superfície do VC. Consideremos o caso de um VC para um escoamento simplificado unidimensional representado na Figura 5.1. Em um sistema de coordenadas cartesiano o vetor velocidade é dado por V = u(x)i. Quando o fluido entra e sai do VC apontará sempre no sentido positivo (+) do eixo x. Já o vetor de área dAx aponta na direção positiva (+) quando sai do VC e na direção negativa(-) do eixo x quando entra no VC. Desta forma a resultante do produto escalar VdA destes vetores será: Positivo: (+) Na seção de saída do VC. Negativo (-) Na seção de entrada do VC. Figura 5.1 – Produto escalar simplificado. Se escolhermos um VC em que a velocidade seja normal às seções onde atravessa as fronteiras, a convenção de sinais do produto escalar do VdA, acima analisado, se manterá válida para o caso de escoamentos bidimensionais e tridimensionais. 5.1 Balanço global de massa 27 O caso mais utilizado da equação da continuidade é o caso particular em que se considera escoamento uniforme e permanente e pode ser deduzido com ajuda da Figura 5.2 Figura 5.2 – Esquema de escoamento em um tubo de corrente. Para qualquer VC o princípio da conservação da massa é definido como: SAI ENTRA ACUMULADA GERADAm m m m 0SAI ENTRA ACUMULADAm m m Podendo ser escrita da seguinte maneira (admitindo-se o acúmulo = 0): 0 VC VC d dV VdA dt No escoamento permanente não existe variação da massa dentro do VC e desta forma o primeiro termo da equação acima é nulo. Como o escoamento é permanente a primeira expressão na equação é nula. Considerando que o VC selecionado é um tubo de corrente o fluido atravessará unicamente as fronteiras nas superfícies A1 (entrada) e A2 (saída) obtemos a equação da conservação da massa resultante: 1 2 1 1 1 2 2 2 0 A A V dA V dA Como o escoamento é uniforme a massa específica não se modifica, nem é dependente da área, ficando fora da integração. A velocidade é uniforme e não varia em função da área. A integral é desta forma equivalente ao produto escalar dos vetores V e A. O produto escalar de dois vetores é dado pelo produto dos módulos de ambos os vetores multiplicados pelo cosseno do ângulo formado entre eles. Também sabemos que sempre o vetor área aponta para fora da superfície. Considerando escoamento uniforme numa seção n, temos: n n n n A VdA V A ou em grandezas escalares n n n n A VdA V A Desta forma a resultante do produto escalar será: Positivo: (+) quando a massa escoa para fora do volume de controle: n n nV A Negativo: (-) quando a massa escoa para dentro do volume de controle: n n nV A Adicionando ambas as parcelas obtemos a expressão: 1 2 1 1 1 2 2 2 1 1 1 2 2 2 0 A A V dA V dA V A V A entrando por unidade de tempo saindo por unidade de tempom m Esta expressão é denominada fluxo de massa e representa a quantidade de massa escoando por unidade de tempo. No SI o fluxo de massa é dado em kg/s. 1 1 1 2 2 2 mm v A v A vA Q Quando o escoamento é incompressível, 1 2 constante, se obtém a vazão ou fluxo volumétrico: Q vA 28 O termo .Q v A é denominado vazão ou fluxo em volume. A vazão representa volume de fluido escoando por unidade de tempo. No SI a vazão é dada em m3/s. O fluxo de massa se relaciona com a vazão pela expressão .mQ m Q . A Figura 5.3 ilustra os vetores normais em um fluido e nas fronteiras do VC. Figura 5.3 - Vetores normais em um fluido entrando e nas fronteiras de um VC. Utilizando o balanço global de massa: SAI ENTRA ACUMULADA GERADAm m m m 0SAI ENTRA ACUMULADAm m m 0SAI ENTRA ACUMULADAm m m Sabe-se que a massa acumulada é dm/dt, temos: 0SAI ENTRA dm m m dt Assim, substituindo as vazões mássicas ( m ) temos a Equação do Balanço Global de Massa: 0m dm Q dt Podendo ser escrita da seguinte maneira: ( . . ) 0 dm v A dt Exercício 5.1: Para a tubulação mostrada na figura, calcule a velocidade na seção (2), sabendo-se que A1 = 10 cm² e A2 = 5 cm². Dados: ρ = 1000 kg/m³ e v1 = 1 m/s. 29 Exercício 5.2: Tem-se uma esponja de umidificação cilíndrica de diâmetro D = 20 cm e comprimento L = 20 cm, perfurado no centro (d = 5 cm). Para se ter uma umidificação eficiente, consome-se 15g/(cm2.min) de água. Supondo que a velocidade do fluido na esponja não varia com z, calcule a velocidade de alimentação para se manter uma umidificação eficiente. Exercício 5.3: O tanque cilíndrico mostrado na figura é cheio pelas duas torneiras A e B. A torneira A sozinha enche o tanque em 4 horas a torneira B em 5 horas, a torneira C esvazia o tanque em 3 horas e a torneiraD em 6 horas. Com o nível do tanque pela metade, as quatro torneiras são abertas simultaneamente. Pergunta-se: a) O nível do tanque subirá, abaixará ou ficará no mesmo lugar? b) Se abaixar ou subir, calcular o tempo que levaria para esvaziar ou encher. Considerar que as vazões em C e D não variam com o nível do fluido. 5.2 Equação de Bernoulli Na maioria dos problemas, relacionados com escoamento de fluidos em dutos e tubulações, se requer a determinação das condições de uma seção do sistema quando se conhece alguma das condições de outra seção. Isto é ilustrado na Figura 5.4 onde se apresenta um sistema de distribuição de fluido com o escoamento da seção 1 para a seção 2. Em qualquer seção do sistema estamos interessados na pressão, velocidade e elevação do fluido. A elevação (z) é definida como a distância vertical desde algum sistema de referência a um ponto de interesse. Quando se trata de dutos a elevação é medida até a linha central da seção de interesse. A equação utilizada neste tipo de problema é conhecida como Equação de Bernoulli, deduzida a partir da equação de conservação da energia. 30 Figura 5.4 – Esquema de duto inclinado. 5.2.1 Conservação da energia No movimento de sólidos podemos aplicar o princípio da conservação da energia considerando que o atrito é desprezível. Nesse caso a soma da energia cinética e a energia potencial gravitacional considera-se constante. No escoamento de fluidos consideramos toda a energia do sistema. Pelo mesmo princípio de conservação de energia a energia total no sistema não muda considerando o atrito desprezível. No escoamento em dutos (sem atrito) são consideradas três formas de energia: energia cinética, energia potencial e energia de pressão. Analisemos um elemento de fluido com massa específica ρ escoando dentro da tubulação. Este terá certa velocidade v, uma pressão P, sendo localizado a uma altura z acima de um nível de referência. Estas formas de energia são dadas como: 1. Energia Cinética: Energia devido à velocidade do fluido. 2 2. v EC g 2. Energia Potencial: Energia devido à elevação do fluido acima de um plano de referência. EP z 3. Energia de Pressão: Também conhecida como energia de escoamento ou trabalho de fluxo. Representa a quantidade de trabalho necessária para forçar um elemento de fluido percorrer certa distância contra a pressão P. . P EF g ou P EF A quantidade total de energia destas três formas será a soma da mesma representada como: 2 2. v P ENERGIA TOTAL z g Cada um dos termos se expressa em unidades de energia newton-metro (N.m) no SI. A soma de todas as energias por unidade de peso é denominada energia total por unidade de peso. Pelo princípio da conservação da energia, a energia total não muda no sistema. Desta forma a equação do Bernoulli pode ser escrita: 2 2 2 1 2 1 2 1 0 2. P P v v z z g ou 2 . 0 2 P v g z A equação de Bernoulli é uma das equações mais importantes e úteis da Mecânica dos Fluidos tendo as seguintes restrições para sua aplicação: • Escoamento em regime permanente; • Massa específica constante (escoamento incompressível); 31 • Forças de atrito desprezíveis; • Não pode existir transferência de calor para dentro ou fora do sistema; • Não podem existir dispositivos mecânicos (bombas, ventiladores, turbinas) entre as seções de interesse que possam agregar ou absorver energia do sistema já que a equação estabelece que a energia total do fluido é constante. Todas estas condições são impossíveis de satisfazerem qualquer instante de tempo num fluido real. Afortunadamente para muitas aplicações reais a Equação de Bernoulli fornece resultados satisfatórios. Quando se aplica a equação de Bernoulli é essencial que a pressão nos dois pontos de referência se expresse como absoluta ou como relativa (manométrica). Isto significa que devem ter a mesma pressão de referência. Na maioria dos problemas é conveniente utilizar a pressão manométrica já que partes do sistema, expostas para a atmosfera, terão pressão relativa zero. Exercício 5.4: Determine a velocidade do jato de líquido na saída do reservatório de grandes dimensões mostrado na figura abaixo. Dados: ρH20 = 1000 kg/m³ e g = 10 m/s². Exercício 5.5: Água escoa em regime permanente através do tubo de Venturi mostrado. Considere no trecho mostrado que as perdas são desprezíveis. A área da seção (1) é 20 cm² e a da seção (2) é 10 cm². Um manômetro de mercúrio é instalado entre as seções (1) e (2) e indica o desnível mostrado. Determine a vazão de água que escoa pelo tubo. 5.3 Balanço global de energia Várias são as hipóteses adotadas para utilização da Equação de Bernoulli. Porém, há casos em que algumas hipóteses não se encaixam, como no caso em que se tem algum dispositivo introduzido ao longo do escoamento, o qual fornece ou retire energia dele, na forma de trabalho, ou na forma de troca de calor. É denominada bomba qualquer máquina que forneça energia ao fluido e denominada turbina qualquer máquina que retire energia dele. A Figura 5.5 ilustra um escoamento de um fluido por um tubo onde tem uma máquina. 32 Figura 5.5 – Escoamento com uma máquina. Se não houvesse uma máquina entre as seções 1 e 2, seria válida a equação de Bernoulli, onde: 2 2 2 1 2 1 2 1 0 2. P P v v z z g ou seja 1 2H H Ou seja, a energia por unidade de peso do fluido em 1 é igual à energia por unidade de peso do fluido em 2, ou ainda, a carga total em 1 é igual à carga total em 2. Porém, quando se tem alguma máquina entre as seções estudadas (Figura 5.5), outras energias estão envolvidas. Sendo ∆E a variação de energia, tem-se: E Q W Onde: Q = calor que entra ou sai do sistema; W = trabalho realizado pelo sistema ou sob o sistema. A Tabela 5.1 apresenta os sinais de Q e W. Tabela 5.1 – Sinais de Q e W. Q (+) Calor absorvido pelo sistema. (-) Calor cedido pelo sistema. W (+) Trabalho realizado pelo sistema. (-) Trabalho recebido pelo sistema. A fórmula geral do balanço de energia é: SAI ENTRA ACUMULADO GERADOE E E E As quantidades de energia que entra e que sai dizem respeito às quantidades que passam pela fronteira. A energia acumulada é quantidade que aumentou ou diminuiu dentro do VC com o tempo. E a energia gerada é o calor mais o trabalho. Admitindo-se o volume de controle da Figura 5.6. Figura 5.6 – Volume de controle para determinação da equação de energia. Tem-se: 33 . . . .SAI ENTRA A E E E V n dA . .ACUMULADO V d E E dV dt GERADOE Q W Juntando-se todos os termos e substituindo na fórmula: SAI ENTRA ACUMULADO GERADOE E E E Tem-se: . . . . . . A V d E V n dA E dV Q W dt . . .cos . . . A V d E v dA E dV Q W dt Devemos transformar esses elementos em grandezas que do ponto de vista da engenharia é mais útil. Como sabemos que: .U H PV 2 . 2 v E H PV g z E sabe-se que existem dois tipos de trabalho, o trabalho de eixo ( SW ), que é o trabalho de agitação do fluido, e o trabalho de deslocamento ( DW ). O trabalho de deslocamento é: . .cos . . .D A W v PV dA Substituindo as equações acima na equação de balanço de energia, tem-se: 2 . .cos . . . . . . .cos . . . 2 S A V A v d v H PV g z dA E dV Q W v PV dA dt 2 . .cos . . . . 2 S A V v d v H g z dA E dV Q W dt Para ficar ainda mais útil na engenharia, aplica-se a equação acima no estudo por meio da geometria de uma tubulação onde escoa um fluido. Assim, chega-se a equação geral do balanço global de energia: 2 ( . ) 2 S v dE H g z Q W dt 5.3.1 Perda de carga Sabemosque a equação de Bernoulli não assume perdas de energia por atrito ou ganhos de energia (por exemplo, de uma bomba) ao longo da linha de corrente. Podemos considerar a equação geral da energia como uma extensão da Equação de Bernoulli que pode ser utilizada, nestes casos, incluindo os termos de energia apropriados. Além da energia fornecida ou realizada pelo fluido em forma de trabalho, temos em alguns casos perda de carga (perda de trabalho útil), que está associada ao aumento de entropia, e/ou perda por atrito, perda de carga devido à presença de válvulas, etc. Assim, podemos expressar o trabalho como sendo a soma do trabalho devido ao deslocamento causado pelo fluido mais a perda de carga ( lw ). Assim, temos: 2 1 . V V W P dV lw 34 Sabe-se também que a variação de energia interna de um sistema é: U Q W E que a variação de entalpia de um sistema é: .H U PV ( . )H U PV E que: 2 2 1 1 ( . ) . . V P V P PV P dV V dP Fazendo-se algumas substituições, tem-se: 2 2 2 1 1 1 ( . ) ( . ) . . . V V P V V P H U PV Q W PV Q P dV lw P dV V dP 2 1 . P P H Q lw V dP Substituindo o valor de ∆H na equação do balanço de energia, temos: 2 ( . ) 2 S v dE H g z Q W dt 2 1 2 . . 0 2 P S P v g z V dP lw W Para o caso de fluidos incompressíveis, cuja massa específica é constante, o termo 2 1 . P P V dP pode ser substituído por: 2 2 1 1 . P P P P dP P V dP Para SW = 0 e lw = 0, tem-se a Equação de Bernoulli: 2 . 0 2 v P g z 5.3.2 Equações globais de energia mecânica 5.3.2.1 Bombas A Bomba Centrífuga tem como base de funcionamento a criação de duas zonas de pressão diferenciadas, uma de baixa pressão (sucção) e outra de alta pressão (recalque). Para que ocorra a formação destas duas zonas distintas de pressão, é necessário existir no interior da bomba a transformação da energia mecânica (de potência), que é fornecida pela máquina motriz (motor ou turbina), primeiramente em energia cinética, a qual irá deslocar o fluido, e posteriormente, em maior escala, em energia de pressão, a qual irá adicionar “carga” ao fluido para que ele vença as alturas de deslocamento. Existem três partes fundamentais na bomba: Corpo (carcaça), que envolve o rotor, acondiciona o fluido, e direciona o mesmo para a tubulação de recalque; Rotor (impelidor), constitui-se de um disco provido de pás (palhetas) que impulsionam o fluido; Eixo de acionamento, que transmite a força motriz ao qual está acoplado o rotor, causando o movimento rotativo do mesmo. 35 Antes do funcionamento, é necessário que a carcaça da bomba e a tubulação de sucção estejam totalmente preenchidas com o fluido a ser bombeado. Para o caso em que se tem uma bomba no sistema em estudo, o trabalho está sendo recebido pelo sistema; pois a vizinhança é que está fornecendo, portanto: 0SW bombas . A perda de carga total, lw , é igual a soma da perda de carga referente ao escoamento do fluido ( Flw ) com a perda de carga referente a bomba ( Blw ), ou seja, uma perda localizada, que foi dissipada pela bomba. Assim: F Blw lw lw Define-se rendimento (ou eficiência) de uma bomba como sendo a relação entre a potência fornecida e a realizada pela bomba. A eficiência da bomba então é: S B B S W lw W ou .S B S BW W lw Assim, substituindo as duas equações acima na equação global de energia, obtém-se a equação do balanço global de energia mecânica para bombas: 2 . 0 2 S v P g z lw W 2 . ( ) ( . ) 0 2 F B S B B v P g z lw lw W lw 2 . . 0 2 F B S v P g z lw W 5.3.2.3 Turbinas As turbinas são definidas como qualquer máquina onde o sistema está realizando trabalho sobre a vizinhança, portanto o 0SW turbinas . À custa da energia do fluido ela move dispositivos internos e dá trabalho à vizinhança. No caso de turbinas, tem-se: F Tlw lw lw S T S T W W lw ou ST S T W lw W Assim, substituindo as duas equações acima na equação global de energia, obtém-se a equação do balanço global de energia mecânica para turbinas: 2 . 0 2 S v P g z lw W 2 . ( ) 0 2 F T S v P g z lw lw W 2 . ( ) 0 2 S F S S T Wv P g z lw W W 2 . 0 2 S F T Wv P g z lw 5.3.3 Cálculo da potência Para calcular a potência teórica de uma máquina (P), usa-se a seguinte fórmula: 36 . .SP W Q Onde: SW = energia específica da máquina (trabalho de eixo) Q = vazão volumétrica = massa específica do fluido Exercício 5.6: Vamos considerar o fluxo de um tanque através de um buraco na base. O arranjo geral e um detalhe do orifício e linhas de corrente são mostrados na figura abaixo. Determine a vazão do fluido obtida na saída do orifício, sabendo-se que o diâmetro do orifício é de 3 mm, e a altura (h) é de 5 m. Exercício 5.7: Colocou-se um manômetro na tubulação de sucção de uma bomba (D1 = 1 ft) e este registrou uma leitura de (-5 psig). O mesmo procedimento foi feito na tubulação de descarga (D2 = 0,83 ft), registrando-se (40 psig). A descarga está situada a 5 ft acima da sucção, e a vazão de água é 4 ft3/s. Qual é a potência da bomba se sua eficiência é de 80 % e as perdas de carga na tubulação são desprezíveis? Dados: Densidade do Fluido: 62,14 lb/ft3 g = 32,17 ft/ s2 Exercício 5.8: Uma indústria precisa bombear água a uma vazão de 0,005 m3/s de uma represa para seu reservatório. Em um projeto preliminar, constatou-se que seriam necessários 1000 m de cano e que o desnível do reservatório até a represa é de 100 m. A indústria dispõe do seguinte material: Cano 1 - perda por metro = 0,2 m/s2 custo por metro = R$ 0,20 custo = R$ 200,00 37 Cano 2 - perda por metro = 1,5 m/s2 custo por metro = R$ 0,15 custo = R$ 150,00 Bomba A- potência= 20 HP custo = R$ 200,00 Bomba B- potência=10 HP custo = R$ 150,00 Qual o conjunto tubulação-bomba economicamente mais viável? Justifique com os cálculos. Dados: 1 HP = 745,7 Watts Densidade da água = 1000 Kg /m3 g = 9,81 m/s2 Exercício 5.9: Para o sistema mostrado na figura abaixo, qual deve ser a relação entre L1 e L2 para que ocorra a mesma vazão nas duas tubulações? A perda de carga é de 15 m2/s2 para cada 30 m de tubo, supor o nível do tanque constante e D1 igual a D2. Dados: h1 = 10 m h2 = 15 m g = 9,81 m/s2 Exercício 5.10: O transporte de água entre um lago A e a cidade B era feito através de um sistema de tubulação no qual estavam instaladas 10 bombas de 5 HP cada uma e eficiência 0,8 dando uma vazão de 20 kg/s. Um belo dia pifou uma das bombas, a qual foi substituída por outra de 3 HP e eficiência 0,7. Sabendo-se que a cidade está situada a 50 m acima do nível do lago, calcular: a) A distância entre o lago e a cidade, sabendo-se que a perda na tubulação é de 0,1 m/s2 por metro de cano. Considerar que a perda por atrito não varia com a vazão. b) A vazão atual do sistema. Dados: Densidade do fluido: 1 g/cm3 g = 9,81 m/s2 1 HP = 745 Watts. 5.4 Balanço global de quantidade de movimento Em muitos problemas da engenharia, é necessário determinar as forças que agem em estruturas sólidas, fixas ou em movimento, devidas a fluidos que se movem em contato com elas. A equação que permitirá essa análise chama-se equação da quantidade de movimento. 38 A equação da quantidade de movimento nada mais é que a segunda Lei de Newton da dinâmica modificada funcionalmente para o estudo da Mecânica dos Fluidos. Segundo essa lei, a aceleração de uma certamassa implica a existência de uma força resultante sobre ela que tem, em cada instante, a direção e o sentido da aceleração. Acelerar uma massa significa modificar sua velocidade em módulo e/ou direção, e por essa observação, para que a velocidade de um fluido seja modificada em módulo ou direção, será necessário aplicar uma força provocada por algum agente externo, em geral uma superfície sólida em contato com o escoamento. Pelo princípio da ação e reação, se a superfície aplica uma força no fluido, este aplicará, sobre a superfície, uma outra de mesmo módulo e de sentido contrário. A observação destes fatos permitirá a construção da equação da quantidade de movimento, nos moldes desejados. . . dv F m a m dt Nota-se que essa equação deve ser mantida na forma vetorial, pois a velocidade pode variar em direção sem que seja alterado o seu módulo. Como .m v é, por definição, a quantidade de movimento do sistema, então pode-se dizer que a força resultante, que age no sistema em estudo, é igual à variação com o tempo da quantidade de movimento do sistema. Admitindo-se o volume de controle da Figura 5.7. Figura 5.7 – Volume de controle para determinação da equação de quantidade de movimento. Tem-se a equação geral do balanço: SAI ENTRA ACUMULADO GERADOQM QM QM QM Fazendo cada termo separado, para o transporte de movimento na direção x, temos: . . . .SAI ENTRA A QM QM vV n dA . .ACUMULADO V d QM v dV dt Onde: n = vetor normal à área em questão V = vetor velocidade Ainda temos que . . . mV n dA Q E o termo de geração da quantidade de movimento é a somatória das forças na direção que está sendo considerada, que neste caso é a direção x: GERADOQM Fx A somatória das forças na direção x é: P D GFx Fx Fx Fx Rx Onde: 39 PFx = é a força devido à pressão sofrida pelo fluido. DFx = é a força devido ao atrito que o fluido sofre ao longo do deslocamento. Tem rugosidades no tubo, tendo assim uma força resistiva (força de atrito). GFx = é a força da gravidade. Ela está presente somente se o escoamento ocorre em um plano inclinado; na horizontal esta força não está presente. Rx = atua externamente à parede do duto onde passa o fluido. Assim, o VC tem que ser externo à tubulação. Este balanço leva em conta a área externa, portanto quando o VC leva em consideração a área externa, o termo DFx não vai ser levado em consideração, e vice-versa (quando o VC é interno à tubulação, o Rx não é levado em consideração). A Figura 5.8 apresenta um esquema das forças referentes ao termo de geração. Figura 5.8 – Representação das forças. Substituindo todos os termos na equação geral do balanço da quantidade de movimento, temos: SAI ENTRA ACUMULADO GERADOQM QM QM QM . . . . . . P D G A V d vV n dA v dV Fx Fx Fx Rx dt Para ficar ainda mais útil na engenharia, aplica-se a equação acima no estudo por meio da geometria de uma tubulação onde escoa um fluido. Assim, chega-se a equação geral do balanço global de quantidade de movimento: ( . )m dP Q v F dt Exercício 5.11: A figura abaixo apresenta o escoamento de um fluido. Sendo a vazão volumétrica de 0,02m3/s, a massa específica do fluido de 1,33 g/cm3 e a força devido à pressão ( PFx ), na direção x, de 750 N; determine a força externa ( Rx ) atuante. Exercício 5.12: Ar escoa em regime permanente em um trecho reto de tubulação que apresenta diâmetro interno igual a 102 mm. A velocidade média na seção (2) é 300 m/s quando a velocidade média do ar é 90 m/s na seção (1). Admitindo que os perfis de velocidades são uniformes nas seções (1) e (2), determine a força de atrito ( DFx ) exercida pelo tubo no escoamento de ar entre as seções (1) e 40 (2). A massa específica do ar é de 0,42 kg/m3, a pressão na seção (1) é de 500 kPa e na seção (2) é de 150 kPa. 41 6. BALANÇOS DIFERENCIAIS DE MASSA E QUANTIDADE DE MOVIMENTO As equações integrais vistas até agora são úteis quando estamos interessados no comportamento genérico de um campo de escoamento e nos seus efeitos sobre um ou mais dispositivos. Contudo, a abordagem integral não nos permite obter conhecimentos detalhados ponto por ponto do campo de escoamento. Por exemplo, a metodologia integral pode fornecer informações sobre a sustentação gerada por uma asa, mas não pode ser usada para determinar a distribuição de pressão que produz a sustentação sobre a asa. Para obter o conhecimento detalhado, devemos aplicar as equações de movimento dos fluidos na forma diferencial. 6.1 Balanço diferencial de massa A Figura 6.1 apresenta um volume de controle para o balanço diferencial de massa, para coordenadas retangulares, sendo um cubo infinitesimal com lados de comprimento dx, dy, dz. A massa específica é e a velocidade é admitida como ˆˆ ˆ. . .v i u j v k w Figura 6.1 – Volume de controle para o balanço diferencial de massa. A equação geral para o balanço de massa é: SAI ENTRA ACUMULADA GERADAm m m m Assim, temos: . . . . . . . . . . . . . . . . . . ( . . . ) 0 x x x y y y z z z d u y z u y z v x z v x z w y x w y x x y z dt Dividindo toda a expressão acima pelo volume total do cubo, . .V x y z , temos: 42 . .. . . . 0 y y yx x x z z z v vu u w w d x y z dt Aplicando o limite para tender a um ponto, temos: 0 . .. . . . lim 0 y y yx x x z z z V v vu u w w d x y z dt Em coordenadas retangulares, a equação diferencial para conservação da massa é: ( . ) ( . ) ( . ) 0 d u d v d w d dx dy dz dt Posto que o operador vetorial, , em coordenadas retangulares, é dado por: ˆˆ ˆd d di j k dx dy dz Então: ( . ) ( . ) ( . ) . . d u d v d w V dx dy dz Assim, a equação diferencial da massa pode ser escrita como: . . 0 d V dt Dois casos de escoamento para os quais a equação diferencial da continuidade pode ser simplificada cabem destacar. Para um fluido incompressível, = constante; a massa específica não é função nem das coordenadas espaciais nem do tempo. Para um fluido incompressível, a equação da continuidade é simplificada para: . 0 du dv dw V dx dy dz Portanto, o campo de velocidade ( , , , )v x y z t , para escoamento incompressível deve satisfazer . 0v . Para escoamento permanente, todas as propriedades dos fluidos são, por definição, independentes do tempo; assim / 0d dt e, no máximo, ( , , )x y z . Para escoamento permanente, a equação da continuidade pode ser escrita como: ( . ) ( . ) ( . ) . . 0 d u d v d w V dx dy dz Exercício 6.1: A figura abaixo apresenta um conjunto pistão-cilindro. Sabe-se que 0 .L L V t Determine: a) A taxa de variação da massa específica ( /d dt ). b) ( )t 43 6.2 Balanço diferencial de quantidade de movimento Uma equação dinâmica descrevendo o movimento de um fluido pode ser obtida aplicando a segunda lei de Newton a uma partícula. Para deduzir a forma diferencial da equação da quantidade de movimento, aplicaremos a segunda lei de Newton a uma partícula fluida infinitesimal de massa dm . A segunda lei de Newton para um sistema é dada por: Sistema dQM F dt Onde a quantidade de movimento, QM, do sistema é dada por: ( ) . massa sistema QM V dm Então, para um sistema infinitesimal de massa dm , a segunda lei de Newton pode ser escrita: Sistema dV dF dm dt Introduzindo a expressão obtida para a aceleração de um elemento de fluido de massa dm em movimento em um campo de velocidade, podemos escrever a segunda lei de Newton na seguinte forma vetorial: . dV dV dV dV dF
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