Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Gabriela Batista ATM 2021/2 PSIQUIATRIA TRANSTORNOS DE SINTOMAS SOMÁTICOS E TRANSTORNOS RELACIONADOS São inclu ídos os t ranstornos s intomas somáticos, transtorno conversivo, transtorno de ansiedade doença e o transtorno factício. Os sintomas somáticos associados trazem grande prejuízo e sofrimentos, é comum nesses transtornos. TRANSTORNO DE SINTOMAS SOMÁTICOS É uma nova classificação do DSM-5, se caracteriza pela existência de um ou mais sintomas somáticos que causam alteração nas esferas cognitivas, afetiva e/ou comportamental, o que mais importa nesse transtorno não é o sintoma somático em si mas como e interpretado e experimentado pelo individuo. O termo somatização é tradicionalmente definido como a ocorrência de múltiplos sinais e sintomas não validados objetivamente, nem completamente justificados por uma condição medica conhecida, no DSM-5 se reduziu a centralidade da falta de explicação clinica e se focou mais na vivência subjetiva do indivíduo, depende das interações mente- corpo, há duas correntes que tentam explicar a somatização, uma a biológica fala que e causado por estresse a longo prazo e a psicanalítica fala que tem uma origem inconsciente do conflito psíquico suprimido. Prevalência: Na população adulta, varia de 5-7%, mulheres tentem a se queixar mais de sintomas somáticos do que os homens, em muitos casos os paciente não recebem diagnóstico adequado e ficam expostos a diversos procedimentos iatrogênicos, é mais frequente em pacientes com baixa escolaridade, que passaram por eventos estressantes recentemente, causa diversos problemas sociais e psicológicos podendo interferir no trabalho, estudo… HISTÓRIA CLÍNICA O transtorno de sintomas somáticos apresenta-se como múltiplos sintomas somáticos que provocam perturbação significativa, embora pode-se �1 Gabriela Batista ATM 2021/2 apresentar somente com um sintoma grave, em geral dor. A preocupação a respeito da doença é elevada e tendem a avaliar suas queixas físicas como ameaçadoras, pode ou não estar associado a uma síndrome clinica \, se houver uma condição médica as reações cognitivas e comportamentais serão excessivas e desproporcionais. Em geral apresentam histórico de múltiplas investigações, internações, terapias invasivas ( cirurgias) com achados negativos, inconsistentes ou contraditórios, não respondem aos tratamentos propostos e demonstram bastante sensibilidade aos efeitos colaterais de medicamentos. É possível notar associação entre sintomas somáticos e estressores psicológicos. Criterios Diagnóstico: Diagnóstico Diferencial: Algumas doenças podem mimetizar um quadro de somatização com diversas queixas flutuantes como esclerose múltipla, LES, Porfiria aguda, também é preciso fazer diagnóstico diferencial com as síndromes clinicas funcionais como Síndrome da fadiga crônica, fibromialgia, síndrome do cólon irritável. Tratamento: Desenvolvimento da consciência da associação dos sintomas somáticos aos problemas psicológicos e a melhora da qualidade de vida , psicoterapia, uso de psicofármacos apenas se há outros transtornos mentais comórbitos. �2 Gabriela Batista ATM 2021/2 TRANSTORNO DE ANSIEDADE DE DOENÇA O transtorno de sintomas somáticos é diagnosticado quando esses sintomas estão presentes, enquanto no ansiedade de doença existe pouco ou nenhum sintoma somático e o que predomina é a preocupação com a ideia de estarem doentes. Epidemiologia: 3-8% em consultas, semelhantes em ambos os sexos, raros em crianças, possui 2 picos um no adulto jovem e outro na meia idade.É uma doença crônica recidivante ,frequentemente estão em serviços de saude mas estão insatisfeitos com o atendimento. Diagnóstico: preocupações dos pacientes com a falsa crença de que têm ou irão desenvolver uma doença grave e a existência de poucos sinais ou sintomas físicos. A crença deve durar pelo menos 6 meses, e não existem achados médicos significativo. A crença não pode ter a intensidade de um delírio ( transtorno delirante) e não pode ser um sofrimento pela aparência ( transtorno dismórfico corporal), a ansiedade acerca da doença deve ser incapacitante ou causar prejuízo em áreas importantes da vida, pode ser do tipo que consulta muitos médicos ( tipo que busca cuidados), ou o que não busca médicos ( tipo que evita cuidados). �3 Gabriela Batista ATM 2021/2 MANISFESTAÇÕES CLÍNICAS Tem uma preocupação constante em ter uma doença grave que ainda não foi diagnosticada, mantem uma crença que tem uma doença em particular, a medida que passa o tempo podem transferir essa crença para outra doença, seu medo persiste apesar dos diversos exames negativos e de terem sido tranquilizados pelo medico, interferindo na vida diária dessas pessoas. Diagnóstico Diferencial Transtorno de sintomas somáticos- preocupação com doença associada a múltiplos sintomas físicos Transtorno conversivo- é agudo, transitória, e geral apresenta um sintoma neurológico Transtorno depressivo ( humor deprimido), TAG ( múltiplas preocupações)- podem ser comorbidades dos transtornos somático e ansiedade doença Transtorno delirante Transtorno do panico Tratamento: Psicoterapia, pode se usar fármacos para diminuir a ansiedade TRANSTORNO CONVERSIVO É uma doença de sintomas ou déficits que afetam funções motoras ou sensoriais voluntárias, sugerindo outra condição clinica, mas que aparenta ser causada por fatores psicológicos, pois é precedida de conflitos ou outros estressores. Os sintomas ou déficits do transtorno conversivo não são produzidos de maneira intencional e não são causados pelo uso de substancias. O termo conversão foi introduzido por Freud que formulou a hipótese de que os sintomas eram causados por conflitos inconscientes. Epidemiologia: varia de 5-15% de consultas psiquiátricas, é mais comum em mulheres, pode se manifestar em qualquer momento da vida, em geral no final da infância e inicio da vida adulta ( sintoma motor é mais comum aos 40 anos), presença de doença neurológica que cause sintoma similar é um fator de risco. Diagnóstico: Sintomas que afetam uma função motora ou sensorial voluntaria, isto é, sintomas neurológicos, não sendo explicada por nenhuma condição neurológica conhecida. Manifestações clínicas: Paralisia, cegueira, mutismo são os sintomas mais comuns no transtorno conversar, pode estar associado a algum transtorno de personalidade �4 Gabriela Batista ATM 2021/2 Sintomas sensoriais: Anestesia, parestesia especialmente das extremidades, podem envolver órgãos de sentidos provocando surdez, cegueira, podem ser uni ou bilaterais, mas avaliação neurológica é normal Sintomas motores: Movimentos anormais, disturbios de marcha, fraqueza e paralisia, os movimentos costumam piorar quando a atenção esta voltada para eles Sintomas Convulsivos: Pseudoconvulsão, em geral não há perda esfincteriana nem mordedura da língua La belle indifférencee- atitude inapropriadamente arrogante de um paciente em relação a seus sintomas graves, ele parece estar despreocupado frente a um prejuízo grande de função, com freqüência esta associada a essa condição Diagnóstico Diferencial: Dificuldade de descartar com certeza uma patologia clínica, a presença de outras comorbidades e distúrbio neurológico atual nesses pacientes é comum, demência, doenças degenerativas, tumores devem ser considerado no diagnostico diferencial, transtorno factício, em geral os sintomas são inconsistentes e contraditórios Tratamento: Em geral, a resolução dos sintomas é espontânea, terapia comportamental, uso de relaxamento corporal. �5 Gabriela Batista ATM 2021/2 TRANSTORNO FACTÍCIO Falsificação de sinais e sintomas físicos ou psicológicos, indução de lesões. A pessoa se apresenta como doente e incapacitada.O comportamento fraudulento é perceptível mesmo na ausência de recompensa óbvia. É possível que a pessoa mude de médico ou hospital em busca de tratamento, o diagnostico é feitoapós descartar outros transtornos e ter evidencias de que a pessoa fingiu sintomas. Não existe tratamento eficiente, mas psicoterapia pode ajudar. O transtorno factício imposto a si próprio era denominado síndrome de Munchausen. É um problema de saude mental, a causa é desconhecida mas esteve e transtorno de personalidade limítrofe pode estar envolvidos, fingir uma doença pode ser um modo de aumentar ou proteger a autoestima culpando a doença por seus problemas sociais ou de trabalho �6 Gabriela Batista ATM 2021/2 Manifestações Clinicas: É possível que o paciente relate sintomas físicos como dor torácica para simular um ataque cardíaco, ou sintomas mais gerais como sangue na urina, diarreia e febre, a pessoa em geral tem bastante conhecimento sobre a doença que finge ter, pode causar a ou forjar os sintomas como tomar medicamentos para alterar a cor da urina, injetar bactérias sobre a pele para produzir feridas. O transtorno factício imposto a outro é a falsificação ou produção de sintomas de um transtorno físico ou psicológico em outra pessoa. Normalmente, isso é feito por cuidadores (geralmente pais) a alguém de quem cuidam. Dependência Química A dependência química é uma relação alterada entre o individuo e seu modo de consumir determinada substancia. É uma doença crônica, caracterizada por comportamentos impulsivos e recorrentes de utilização de determinada substancia para obter sensação de bem estar. O prejuízo causado pelo consumo abusivo de bebidas alcóolicas vai muito além da dependência desenvolvido no indivíduo. A dependência ao álcool é reconhecida pela OMS desde 1970. A tolerância é o primeiro critério relacionado a dependência, é a necessidade de quantidades crescentes da substancia para conseguir o efeito desejado, ou quando não se aumenta a dose é entendido como um efeito diminuído. Existe um padrão de uso repetido da substancia que resulta em tolerância, abstinência e comportamento compulsivo de uso da droga. Fissura é o forte impulso subjetivo ou compulsão intolerável para usar a substância. Tende a ser experimentada por todo o indivíduo com abuso de substância. Os indivíduos com uso pesado de opióides desenvolvem níveis muito graves de tolerância, como se necessitasse 10X mais da quantidade depois de um tempo. �7 Gabriela Batista ATM 2021/2 Critérios Diagnósticos: �8 Gabriela Batista ATM 2021/2 Fatores que estão envolvidos na dependência: Aspectos Biológicos: Sistema de recompensa cerebral, responsável pela liberação de dopamina, relacionado com a área de prazer do cérebro. Aspectos Psicológicos: Sensação de bem estar no individuo faz com que o uso de drogas seja relacionado ao alivio de tensões emocionais, deusa forma a droga é entendida como um meio de amortecer os problemas do dia a dia Aspectos sociais: Facilitação da interação social, melhora dos vínculos sociais ABUSO DE ÁLCOOL O álcool é uma substancia socialmente aceita, por isso seu uso é indiscriminado, só é visto como um problema quando usado de forma exacerbada. Epidemiologia: 76,6% da população já experimentou, 19,5% dos alcoólatras são homens e 6,9% são mulheres. Está relacionado com 41% dos acidentes de transito, 50% dos abusos sexuais e 92% da violência doméstica. Tipo de consumo: Moderado: 15 doses/semana para homens ( 10 a 15 gramas de álcool) e 10 doses para mulheres, que equivale a 350ml de cerveja, 150ml de vinho e 40ml de destilado Episódico pesado: 5 ou + doses 1x nas últimas duas semanas para homens ou 4 ou + para mulheres Bebedor pesado: 2 ou + doses/dia homens e 1dose/dia mulheres Fatores de risco: A curiosidade do adolescente reforçada pelos fatores socioculturais é o aspecto que mais influencia na experimentação, no padrão e nas consequências do abuso. A fácil aquisição, falta de políticas adequadas, consumo familiar, histórico de alcoolismo na família, desestruturação familiar aumentam a chance de abuso de álcool. Há também uma predisposição genética ao consumo e problemas relacionados a bebida, transtornos mentais e de comportamento podem facilitar o consumo de álcool, assim como ansiedade e depressão. Como abordar o paciente? Em geral esses pacientes minimizam a quantidade do consumo, assim como os problemas decorrentes, sendo importante questionar também os familiares que acompanham o paciente. Exame clínico: Anamnese geral, anamnese focal detalhada sobre o uso do álcool, análise da freqüência e da quantidade, sinais e sintomas de intoxicação. Perguntar ao paciente se ele já ingeriu mais de 5 doses diárias de álcool? Se sim, altas chances de abuso e dependência de álcool �9 Gabriela Batista ATM 2021/2 Investigação: Pode se usar o CAGE, o AUDIT e o ASSIST. SADD teste para categorizar como leve, moderada e grave. E testes laboratoriais como VCM, TGO e TGP, B12 Sinais clínicos: Distúrbios do sono, depressão, ansiedade, irritabilidade, alterações de memória, faltas frequentes no trabalho, disfunção sexual, odor de álcool, tremores. Sinais e Sintomas de intoxicação: Comportamento sexual de risco, agressividade, diminuição do julgamento crítico, lentificação do pensamento, redução da capacidade de raciocínio, incoordenação motora, depressão respiratória e coma. Síndrome da dependência e abstinência de álcool: De acordo com a OMS devem estar presente 4 sintomas, necessidade ou urgência em beber, perda do controle ( uma vez que começa não consegue parar), tolerância- necessidade de beber quantidades cada vez maiores para obter efeito, dependência física. A maioria dos dependentes apresenta uma síndrome de abstinência de leve a moderada, caracterizada por tremores, insônia, agitação, inquietação psicomotora. Se inicia de 24 a 36 horas após a última dose, geralmente é autolimitada com duração de 7 dias. �10 Gabriela Batista ATM 2021/2 Em casos graves pode ocorrer delirium tremens ( obnubilação da consciência, desorientação tempero-espacial e alucinações) Tratamento: Ambiente tranquilo com pouco luminosidade, nutrição e hidratação, reposição de tiamina, benzodiazepínicos são primeira escolha no tratamento da abstinência e das crises convulsivas. Tratamento farmacológico: Dissulfiran ou naltrexona ( diminui o prazer em beber), recaídas são frequentes por isso deve-se trabalhar com estratégias de prevenção. Topiramato pode ser usado para diminuir a impulsividade. Grupos de autoajuda, desintoxicação também fazem parte do tratamento. Comorbidades relacionadas ao abuso de álcool: Esteatose hepática, cirrose hepática, pancreatite crônica, risco para ca de esófago, HAS, síndrome de wernicke, depressão, sintomas psicóticos, síndrome alcóolica fetal O abuso de substâncias é o transtorno coexistente mais comum entre portadores de transtornos mentais como transtornos de humor, depressão, bipolaridade e transtorno de conduta. Calcula-se que entre 80% a 90% dos dependentes alcóolicos também sejam dependentes de nicotina. Transtornos relacionados a Nicotina O tabaco é consumido pela humanidade há milhares de anos. Antes relacionado ao poder e ao status social, o seu uso somente se disseminou na história mais recente, principalmente a partir da industrialização do cigarro e das ações intensivas de marketing, tornando-se um problema para os sistemas nacionais de saúde. O consumo de tabaco é considerado um dos maiores problemas de saúde pública, os processos farmacológicos e comportamentais que determinam a dependência a nicotina são similares a outras drogas como cocaína. O tabaco é a 2a substância de maior incidência, estima-se que 7 milhões de pessoas morram por ano decorrente do tabagismo, configura-se hoje como a principal causa evitável de morte no Brasil e no mundo. O programa Nacional de controle do tabagismo foi criado pelo INCA e pelo Ministério da saúde para prevenção a iniciação do tabagismo, cessação do vício e ambientes livres do tabaco. Definição: Define-se como fumante regular o tabagista com consumo superiora 100 cigarros na vida e que continua fumando. Consumo inferior ao descrito caracteriza-se como fase de experimentação. A pessoa com consumo superior a 100 cigarros na vida e que interrompeu o uso é definida como ex-fumante (CENTER FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 2009). Beneficios da cessação do tabagismo: Parar de fumar antes dos 50 anos provoca uma redução de 50% no risco de morte por doenças relacionadas ao tabagismo após 16 anos de abstinência. O risco de morte por câncer de pulmão sofre uma redução de 30% a 50% em ambos os sexos após dez anos sem fumar, e o risco de doenças cardiovasculares cai pela metade �11 Gabriela Batista ATM 2021/2 após um ano sem fumar, parar de fumar após os 60 anos, aumenta a expectativa de vida em 3 anos. Dependência ao tabaco: A nicotina é considerada uma droga psicoativa (ou psicotrópica) estimulante do Sistema Nervoso Central (SNC), as principais razoes que levam o individuo a fumar são estimulação, ritual, prazer, redução do estresse e ansiedade e hábito. Efeitos no SNC: A nicotina, assim como as demais Drogas de Dependência, aumenta a liberação de diversos neurotransmissores no SNC, especialmente da dopamina nas sinapses neuronais do sistema mesolímbico. O cérebro dependente de nicotina, dessa forma, tem modificada a sua neurobiologia pelo uso contínuo da substância. Síndrome da Abstinência: A dependência psicológica consiste na ideação que a pessoa desenvolve quanto à necessidade da substância para se alcançar um equilíbrio ou percepção de bem-estar e, portanto, desempenha papel importante na manutenção do tabagismo. O fumo é percebido pela pessoa como um meio de alivio do vazio e da tristeza. Avaliação quantitativa: Avalia grau de dependência a nicotina, utiliza-se o teste de fagerstrom, soma acima de 6 indica que provavelmente o paciente terá síndrome de abstinência ao cessar o tabagismo. Estágios de motivação para a cessação do tabagismo: A identificação de qual estágio motivacional o usuário se encontra é de extrema importância no momento de se elaborar estratégias para intervenções. Pré contemplação: Eu não vou!, não se preocupa com a questão Contemplação: Eu quero parar de fumar, mas não sei quando! Já admite o problema Preparação: Eu tenho tentando parar de fumar! Já faz algumas ações para parar de fumar �12 Gabriela Batista ATM 2021/2 Ação: Implementa mudanças ambientais e comportamentais, investe tempo e energia na execução da mudança. Manutenção: Manter os ganhos e evitar as recaídas �13 Gabriela Batista ATM 2021/2 Tratamento: Avaliar sempre as comorbidades do paciente, aplicar o teste de fagerstrom, grupoterapia. Todo tratamento anti tabagismo é oferecido pelo SUS Reposição de nicotina ( adesivos, goma): Formulação de 21mg, 14 mg, 7mg. Inicia-se a reposição com a dose compatível com a quantidade de cigarros que o paciente consome e aos poucos vai-se diminuindo a dose. Não usar se o paciente ainda está fumando, e se teve IAM recente. Varenciclina ( Champix) Bupropiona: Iniciar com 150mg 1x ao dia pela manhã, marcar um dia, pelo menos 30 dias após o inicio do medicamento, para ser o dia D ( o dia em que ele irá parar de fumar), nesse dia dobrar a dose de bupropiona e iniciar adesivo de reposição de nicotina. Normalmente o tratamento dura 2-3 meses. Cuidar o uso da bupropiona em pacientes com histórico de convulsão e HAS. Dependência a Maconha Cannabis é uma planta mais conhecida por maconha, com diversos princípios ativos sendo o mais abundante o tetraidrocanabidyol, seus efeitos euforizantes são conhecidos a milhares de anos. Os potenciais efeitos medicinais são analgésico, anticonvulsivante e hipnótico. A maconha é a droga ilícita mais consumida no mundo. Intoxicação a cannabis: Os efeitos euforizantes se desenvolvem após meia hora da administração e duram de 2 a 4 horas, os efeitos incluem euforia, risos imotivados, comprometimento da coordenação, sensação de lentificação do tempo, prejuízo da memória a curto prazo. Os efeitos físicos mais comum são hiperemia conjuntiva, boca seca, taquicardia, pode ocorrer sintomas psicóticos. Complicações: Agudas: Quadros de ansiedade, reações de pânico e sintomas psicóticos �14 Gabriela Batista ATM 2021/2 Crônicas: Danos cognitivos pelo uso crônico, ineficiência em processo de tarefas complexos, dobra a chance de desenvolver esquizofrenia. Síndrome amotivacional que é a relutância da pessoa persistir em uma tarefa seja na escola ou no trabalho em qualquer contexto que exija atenção prolongada ou tenacidade. Tratamento: abstinência e apoio. Podem ser usados ansiolíticos, uso de antidepressivos e apoio psicológico e social. Dependência a cocaína A cocaína é uma das drogas ilícitas mais aditivas e perigosas, sendo consumida por 0,3% da população mundial. A prevalência entre os homens é 2x maior do que em mulheres, sendo mais comum no adulto jovem. É derivada da folha de coca e sendo transformada em diversos subprodutos como crack, pó O mecanismo de ação se da pela inibição da recaptação de dopamina e também bloqueio da recaptação de serotonina e noradrenalina. O crack é um derivado da cocaína muito associado com HIV e violência urbana, a demanda por tratamento é grande, constitui o maior numero de internações por droga. A euforia desencadeada pelo uso da droga reforça e motiva, o desejo pelo uso, quanto menor a duração do efeito maior é o risco de dependência e abuso. A tolerância é cada vez menor, precisa de mais droga de uma maneira muito rápida. Quadro clínico: Deve ser suspeitado em pessoas que mudam seu comportamento do habitual apresentando irritabilidade, capacidade comprometida de concentração, insônia severa e perda de peso. Os efeitos agudos incluem euforia, aumento do estado de vigília, aumento da autoestima, pode haver delírios e alucinações. Os efeitos físicos incluem taquicardia, hipertensão, hipertermia, sudorese, tremor leve, midríase. Possui efeito anestésico Overdose: Doses maiores estão relacionados a irritabilidade, sintomas maníacos, comportamento sexual compulsivo, podendo causar falência de um ou mais órgãos em decorrência do uso agudo da cocaína ( overdose) geralmente no sistema cardiovascular e SNC. Complicações: IAM, arritmias, angina, AVC, convulsões, altas doses estão relacionadas a depressão respiratória e infarto. Tratamento: Maior obstaculo é a intensa avidez do paciente por essa droga. O principal é a reinserção social, grupos de apoio como o narcóticos anônimos, estabilização física e mental, volta as atividades académicas e de trabalho, e em alguns casos é necessário internação ( voluntaria, involuntária e compulsória) Transtorno relacionados a anfetaminas e ecstasy As anfetaminas foram sintetizadas na década de 30, conhecido como bala , rebite, Ecstasy…. Tem um alto risco de causar dependência, estima-se que �15 Gabriela Batista ATM 2021/2 0,6% da população mundial façam uso de anfetaminas. Brasil é o terceiro maior consumidor de anfetaminas legalizadas. Atualmente existem indicações para o tratamento de TDAH ( metilfenidato), narcolepsia ( modafenil), obesidade ( anfepramoma). O público de uso é bem heterogêneo, atingindo principalmente o público feminino com intuito de perda de peso, estudantes antes de provas, motoristas de caminhão, uso por jovens em baladas. Seu uso é justificado pelo melhor desempenho, diminuição do sono, atuação como anorexígenos, indução de euforia por ser um estimulante do SNC. Efeitos agudos: Diminui sono e apetite, diminui a fadiga, pode causar euforia, aceleração de pensamento e midríase. Seu uso agudo pode causar irritabilidade, tremor, ansiedade, cefaleia, sudorese. O uso de MDMA pode causar crises hipertensos, arritmias, rabdomiólise e convulsões. Complicações crônicas: Sintomas psicóticos, a tentativa de abandonar a droga resulta em depressão com risco de suicídioMDMA ECSTASY: Anfetamina modificada com maior afinidade pelos receptores serotoninérgicos 5HT1 e 5HT2, seus efeitos são observados 30-60 min após a ingestão com duração de 4-6 horas. Efeitos: Euforia, aumento da percepção de sons e cores, taquicardia, diminuição do sono e do apetite, tensão maxilar, aumento da confiança e empatia ( droga do amor), aumento do interesse sexual, psicose induzida, pode causar hipertermia e desidratação. Tratamento na intoxicação aguda: Tratamento de suporte, manter vias aéreas, tratar os sintomas ( convulsão, hipertermia, agitação), monitorar sinais vitais, pode ser usado carvão ativado mas só ate 6 horas do uso. Fases da Abstinência: Fase I: crash, drástica redução do humor e energia, instala-se de 12-30 minutos podendo se estender de 8 horas a 4 dias, depressão, ansiedade e fissura podem estar presentes. Fase II: Sindrome disfórica tardia, se inicia de 12 a 96 horas após ter cessado o uso da droga e pode durar de 2 a 12 semanas, nos primeiros 4 dias há muita sonolência, desejo do consumo da droga, anedonia, irritabilidade, recaídas são frequentes como modo de aliviar os sintomas disfóricos. Fase III: Extinção, sintomas disfóricos diminuem ou cessam Medidas Anti-craving: Cognitivas: Relaxamento, cartões de enfrentamento, refocalização Farmácos: Antipsicóticos, estabilizadores do humor, antidepressivos, benzodiazepínicos �16 Gabriela Batista ATM 2021/2 Transtorno de Déficit de atenção e hiperatividade Epidemiologia: Estima-se que 5% das crianças e 2% dos adultos sofram de TDAH, adultos iniciam com o transtorno na infância e adolescência. É mais frequente no sexo masculino, em meninas a forma mais comum de TDAH é a desatenção o que pode causar subdiagnósticos. Etiologia: As causas precisas ainda não são conhecidas, mas a influencia de fatores genéticos e ambientais é amplamente aceita. Agentes psicossocial como desentendimentos familiares, presença de transtornos mentais nos pais parecem estar relacionados com a doença. Herdabilidade no TDAH é substancial. Anormalidades funcionais nas redes neurais frontais e frontoestriatais parecem ser o substrato neurológico da síndrome. Quadro clínico: Tríade clássica- Desatenção, hiperatividade e impulsividade Duração dos sintomas: Normalmente essas crianças se apresentam com os sintomas desde antes da fase escolar. Para o diagnóstico é preciso que seis dos sintomas de desatenção e/ou seis dos sintomas de hiperatividade estejam presentes frequentemente na vida da criança Persistência dos sintomas em vários locais como por exemplo escola e casa Prejuízo significativo na vida da criança, normalmente essa criança passa a ser evitada pelos colegas, expulsa da escola e tem atraso escolar. É preciso avaliar os sintomas conforme o contexto, se a criança esta em uma situação nova ou sob a supervisão dos pais é possível que os sintomas diminuam. Desatenção: Desorganização, falta de foco, divagação durante as atividades, não episódico e sim contínuo Hiperatividade: Atividade motora excessiva Impulsividade: Ações precipitadas, responde antes dos outros, se mete na conversa. Tipos: TDAH com predominio de sintomas de desatenção TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade TDAH combinado ( maior prejuízo de funcionamento global) Diagnóstico: Segundo o DSM-5, há 18 sintomas principais do TDAH, sendo nove referentes à desatenção e nove, à hiperatividade/impulsividade. Durante o processo diagnóstico, é necessário que o indivíduo apresente, no mínimo, seis sintomas (para adultos o número necessário é cinco) persistentes por, pelo menos, seis meses. Além disso, é preciso que estes sintomas tenham se iniciado antes dos 12 anos, causando impactos negativos em, pelo menos, dois ambientes. Apoiam o diagnóstico: Baixa tolerância a frustração, labilidade de humor e irritabilidade. �17 Gabriela Batista ATM 2021/2 Exames como Eletroencefalograma pode ser pedido para descartar epilepsia. Comorbidades: Possui alta prevalência de comorbidades entre TDAH e transtorno disruptivos do comportamento ( Transtorno de conduta e transtorno opositor desafiante) em até 50% dos pacientes. Também pode estar associado a depressão, ansiedade e transtornos de aprendizagem Impacto da doença: aumento do estresse na família, prejuízo da vida acadêmica, efeito negativo na auto estima da criança. Diagnóstico Diferencial: Déficit auditivo, déficit visual, epilepsia, abuso infantil, apneia do sono. �18 Gabriela Batista ATM 2021/2 Tratamento: Principal é o farmacológico! Se sem comorbidades - Metilfenidato (Ritalina), Longa ação efeito dura 6 horas, eliminação imediata dura 4 horas ou Concerta efeito dura 12 horas Com comorbidades associar terapia + Metilfenidato + ISRS ou estabilizador do humor caso bipolaridade Em casa: Estabelecer rotina diária, criar um ambiente de estudo silencioso e com poucos objetos, estimular a criança a realizar tarefas. Na escola: Tempo maior para a realização de atividades, reforço escolar, sentar mais perto do professor. Efeitos Colaterais dos estimulantes: Insônia, perda do apetite, dor abdominal, boca seca e cefaleia. Avaliação neuropsicológica TDAH causa muito polêmica e preconceito quanto ao uso de medicação na infância, não há nenhum registro que o metilfenidato cause problemas de memória e nem que retire a espontaneidade da criança. O TDAH é um transtorno biológico. Lembrar! Sempre é importante avaliar o grau de comprometimento na vida da criança com prejuízos familiares e na escola, bem como baixo desempenho acadêmico que são essenciais para o diagnóstico. TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE Personalidade pode ser conceituada como o conjunto de características que definem uma pessoa. Em palavras mais simples é o jeito da pessoa. Sua maneira de ser e se relacionar. A personalidade se apresenta doente de duas maneiras: foi sempre assim, desde a infância e adolescência, chamado de Transtornos Específicos de Personalidade ou alterou-se a certa altura da vida após passar por um estresse muito grave ou alguma doença psiquiátrica chamado de Alteração Permanente de Personalidade. Transtornos Específicos de Personalidade: A personalidade é considerada alterada por apresentar desvios importantes do modo como o indivíduo �19 Gabriela Batista ATM 2021/2 médio em uma dada cultura percebe, sente, pensa e se relaciona com os outros. A pessoa sempre foi assim diferente, esses transtornos já aparecem na infância e adolescência mas o diagnóstico nunca é dado antes dos 16 e 17 anos. Pode ser um traço de determinada alteração até um transtorno. É necessário: Jeito permanente, persistente, inflexível e que traz prejuízos ao funcionamento do indivíduo. Os principais são: Paranóide, esquizóide, histriônico, dependente, anti- social, limítrofe (borderline), anancástico, evitação e narcisista. A dificuldade de tratar esses pacientes se dá por eles não acharem que são doentes, chamamos de egosintônico. Alterações Permanentes na personalidade: Nesse caso os familiares e amigos notam que “fulano não é mais o mesmo”, a personalidade pode alterar-se de forma permanente após a vivencia prolongada de um estresse grave, a psicoterapia pode alcançar bons resultados nestes casos. Personalidade Paranóide: Tendencia a guardar rancores, desconfiança, tendencia a distorcer erroneamente ações neutras como hostis, suspeita recorrente e sem justificativa da fidelidade do companheiro. Personalidade esquizóide: Poucas atividades produzem prazer, frieza emocional, capacidade limitada de expressar sentimentos, preferencia por atividades solitárias, falta de amigos, comportamento introspectivo. Personalidade Esquizotípica: Crenças bizarras, pensamentos mágicos (telepatia…), experiencias perceptivas incomuns como ilusões, pensamento e discurso extravagante. Personalidade Antissocial: Indiferença e insensibilidade pelos sentimentos alheios, desrespeito por normas e regras, incapacidade demanter relacionamentos, muito baixa tolerância a frustração com respostas agressivas e violentas, incapacidade de experimentar culpa Personalidade Borderline: Esforços frenéticos para evitar o abandono, comportamento suicida e automutilante, perturbação da autoimagem, forte impulsividade, instabilidade afetiva, dificuldade de controlar a raiva Personalidade Histriônica: Dramatização, expressão exagerada de emoções, facilmente influenciadas, afetividade superficial, procura constante para ser o centro das atenções, preocupação exagerada com a aparência. Personalidade Narcisista: Sentimentos grandiosos da própria importância, crença em ser especial e “único”, exigência de admiração excessiva, tenta tirar vantagem dos outros para atingir seus obejtivos, se diz invejado pelos outros mas sente inveja também. Personalidade Anancástica (Obsessivo-Compulsiva): Sentimentos de dúvida e cautela excessivas, preocupação com regras, listas e organização, perfeccionismo, rigidez e teimosia Personalidade de Evitação: Sentimentos persistentes e invasivos de apreensão, crença em ser socialmente inepto, preocupação excessiva e, ser criticado, baixa autoestima. �20 Gabriela Batista ATM 2021/2 Personalidade Dependente: Deixar para os outros tomarem a maioria das decisões em sua vida, medos exagerados de incapacidade de se cuidar, preocupação com o medo de ser abandonados Psiquiatria na infância e adolescência Transtorno do Espectro Autista: O TEA é caracterizado por déficit de comunicação verbal/não verbal, interação social e comportamento/ interesses/atividades repetitivas manifestadas precocemente entre 12-24 meses não melhor explicado por deficiência intelectual ou atraso global do desenvolvimento. Epidemiologia: Estima-se que o TEA pode afetar !% da população, sendo mais comum no sexo masculino. Etiologia: Natureza multifatorial e forte influencia genética. Manifestações Clínicas: Variam em intensidade o que determina grande variabilidade fenotípica entre as crianças. Comunicação verbal varia desde ausência de palavras, conversas simples, dificuldade de manter um diálogo Comunicação não verbal: Apontar, mostrar o que deseja Interação Social: Falha de compartilhar sentimentos e pensamentos, diminuição de interesse em brincar com outras crianças, preferencia por ficar sozinho, e brincam sempre da mesma forma. Comportamento repetitivo: Balançar as mãos, ecolalia, tendência a empilhar, alinhar brinquedos. Observa-se com freqüência deficiência intelectual associada. O tratamento é multidisciplinar e utiliza abordagens baseadas no comportamento que encoraje interações sociais ( fonoterapia, terapia comportamental), pode-se utilizar alguns fármacos como antipsicóticos para ajudar nos distúrbios comportamentais ( agressividade, autolesão) �21 Gabriela Batista ATM 2021/2 Deficiência Intelectual: Esta síndrome traz prejuízo das funções adaptativas de instalação precoce antes dos 18 anos. Deve preencher os 3 critérios: Déficit das funções intelectuais: Raciocínio, pensamento abstrato, aprendizado académico Déficit de funções adaptativas: Funções que envolvem o autocuidado ( alimentação, banho, vestimenta), responsabilidade social e vida independente nas esferas do lar, escola e trabalho Inicio dos déficits intelectuais e adaptativos durante o período de desenvolvimento Etiologia: Síndromes cromossômicas, malformações do SNC, causas toxicas e infecciosas no pré natal, retardo familiar, asfixia perinatal. Na maioria dos critérios propostos para o diagnóstico da DI se ressalta a importância da avaliação do QI. Apesar das críticas que são feitas a este parâmetro, é quase que uma constante observarmos nas inúmeras definições de DI que um dos itens é a presença de QI inferior a 70. Transtorno Opositor Desafiante É um padrão recorrente ou persistente de comportamento negativo, desafiador e hostil contra figuras de autoridade, em geral afeta mais meninos do que meninas, prevalência pode chegar até 15%. A característica �22 Gabriela Batista ATM 2021/2 principal é irritabilidade e desafio, o principal diagnóstico diferencial é o distúrbio de conduta nesse a criança viola repetidas vezes os direitos dos outros ( bullying, roubos, maus tratos aos animais). Sinais e Sintomas: Impaciente, argumentativo com adultos, desafia os pais e professores, recusa-se a obedecer regras, culpam os outros pelos seus próprios erros, aborrecem-se facilmente, são rancorosos. Diagnóstico: a criança apresenta > 4 desses comportamentos por pelo menos 6 meses. Diagnóstico Diferencial: TDAH, transtorno do humor ( irritabilidade causado por depressão pode ser diferenciado pela presença de outros sintomas como anedonia, falta de apetite), ansiedade e TOC. Tratamento: Terapia Transtorno de Conduta O acometimento geralmente ocorre no final da infância e inicio da adolescência, sendo mais comum nos meninos. A etiologia é complexa interagindo fatores genéticos e ambientais, pode ter associação com pais usuários de drogas, com comportamento antissocial, distúrbios do humor. �23 Gabriela Batista ATM 2021/2 Sinais e Sintomas: Não tem sentimentos de preocupação com o bem estar das outras pessoas, podem demonstrar agressividade, fazer ameaças, cometer atos de crueldade física, podem ser agressivos e cruéis com animais. Tem baixa tolerância a frustração, desobedecem regras e proibições dos pais ( fogem de casa e da escola), os meninos tendem a brigar, roubar e vandalizar e as meninas tendem a mentir e fugir, tendem ao uso de drogas e dificuldades escolares. Diagnóstico: >3 das descrições nos últimos 12 meses Agressividade com pessoas e animais Destruição de propriedade Trapaça, mentira ou roubo Violações graves a autoridade dos pais Prognóstico: Cerca de 1/3 dos adolescentes persiste na vida adulta, muitos se encaixam em critérios de personalidade antissocial Tratamento: Psicoterapia + farmacológico (risperidona, estabilizador do humor, antipsicóticos) �24
Compartilhar