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RESUMO-Tecnologia da Informação e da Comunicação

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Tecnologias da Informação e da Comunicação Autoria: Márcia Araujo Oliveio
Tema 1 Tecnologia, Trabalho e Sociedade 
A relação entre a tecnologia e a comunicação 
A cada nova invenção tecnológica do homem, a questão da organização do espaço e do tempo é observada com mais atenção. Thompson (2008) faz uma leitura da história recente da humanidade e apresenta como os meios técnicos de comunicação alteraram a dimensão de espaço e tempo da vida social. 
Todos os meios técnicos têm uma relação com os aspectos de espaço e de tempo da vida social, mas o desenvolvimento da tecnologia da telecomunicação na segunda metade do século XIX foi particularmente significativo a este respeito (THOMPSON, 2008, p. 65). 
Se na sociedade primitiva a maneira de organizar o tempo estava ligada à organização social e às formas de religião, como observado por Durkheim e Mauss (1963) na obra Primitive Classification, na qual “a divisão entre dias, meses, anos, correspondem à periódica ocorrência dos fatos dos ritos, das festas e/ou cerimônias públicas” (SICHEL, 1989), percebe-se que as transformações na vida social em função de novas tecnologias de comunicação e transporte começaram já no século XIX, quando cada cidade, vila ou aldeia tinha seu padrão de tempo. Com a construção das ferrovias, houve uma constante pressão para calcular o tempo em níveis supralocais, o tempo universal padronizado. A influência de novas tecnologias nos hábitos sociais é constante. Trata-se de uma mudança contínua, em que, conforme vão surgindo novas tecnologias, a experiência com relação ao tempo e espaço também vai se transformando. Atualmente, com as tecnologias de mobilidade disponíveis, como celulares, laptops, tablets, redes Wi-Fi, 3G, entre outras, há um novo advento na história da telecomunicação com “uma disjunção entre o espaço e o tempo” (THOMPSON, 2008, p. 36), no sentido de que o distanciamento espacial não mais implica o distanciamento temporal. Com a popularização do acesso à Internet, mais especificamente dos aparelhos mobile e tablets, constata-se uma nova relação no ambiente social, interferindo não só na questão temporal e espacial, como também na formação de sentidos. Essas mudanças estruturais e institucionais que surgem com os aparatos tecnológicos e, mais recentemente, com as tecnologias de informação e comunicação criam um novo cenário de relacionamento entre diferentes economias e culturas, fazendo com que se influenciem mutuamente. Você leu na bibliografia indicada que a conceituação sobre o que é tecnologia pode ser interpretada de várias formas. Para Veloso (2012, p. 3), existem vários conceituações de tecnologia, mas 
em uma perspectiva mais superficial, o conceito de tecnologia pode ser aplicado a tudo aquilo que, não existindo na natureza, o ser humano inventa para expandir seus poderes, superar suas limitações físicas, tornar seu trabalho mais fácil e sua vida mais agradável. 
De maneira geral, o autor aborda como as novas tecnologias, principalmente as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) impactaram na promoção de valores no campo organizacional e social nas últimas décadas. Os sistemas técnicos nunca aparecem sozinhos ou funcionam isoladamente. Para o geógrafo Milton Santos, as técnicas são integradas funcionalmente. “Há uma solidariedade de fato”, diz R. Debray (1991, p. 239), entre o telégrafo elétrico e a ferrovia, o telefone e o automóvel, o rádio e o avião, a televisão e o foguete espacial, uma relação cronológica e cultural (SANTOS, 2006, p. 175). À medida que foram surgindo novos aparatos tecnológicos, os sistemas de comunicação também foram se aperfeiçoando. Por exemplo, se antes era necessário percorrer grandes distâncias montado em animais ou longas viagens de navio para enviar informações, a construção de ferrovias e a possibilidade de voar de um continente ao outro facilitou e possibilitou um acesso maior a informação. Sendo assim, não há como não perceber o impacto que toda essa oferta de tecnologia acabou gerando na vida das pessoas. Essas mudanças tecnológicas afetaram determinados valores, modo de pensar, agir, ser, fazer e a organização em todos os setores da sociedade. 
Essa mudança sempre ocorreu. A tecnologia não é necessariamente um aparato digital que necessita de eletricidade; as técnicas sempre existiram e, à medida que vão surgindo novos aparatos tecnológicos, a sociedade é influenciada, já que a tecnologia não é neutra e cria novos hábitos e práticas onde é inserida. 
Não é apenas a época atual que detém um caráter “tecnológico”. A expressão “era tecnológica” refere-se a toda e qualquer época da história, desde que os homens se constituíram em seres capazes de elaborar projetos e de realizar os objetos ou as ações que os concretizam (VELOSO, 2012, p. 4). 
A atual definição de “era tecnológica” tem um conteúdo ideológico, “podendo ser usada para legitimar a forma de organização social vigente.” (VELOSO, 2012, p. 5). 
Manuel Castells afirma que as “relações de propriedade e de produções estão sendo substituídas por relações de acesso ao capital científico e tecnológico” (RÜDIGER, 2007, p. 80). As tecnologias de informação surgidas em tempos recentes ensejam o aparecimento de um novo paradigma ou modelo de vida, que afeta as condições de funcionamento e a eficiência de todos os processos de produção, consumo e gerenciamento existentes (CASTELLS, 1989, p. 17 apud RÜDIGER, 2007, p. 81). 
Sendo assim, esse novo momento tecnológico influencia diretamente nas relações de trabalho e na organização de instituições. A utilização da tecnologia é muitas vezes focada para substituir recursos humanos e diminuir custos, ao invés de focar na construção de conhecimento coletivo e na melhoria das atuais práticas de trabalho. 
Outra questão importante de se destacar é que para utilizar determinada ferramenta tecnológica é necessário levar em conta as questões sociais, geográficas, políticas, religiosas e econômicas do lugar onde a tecnologia está inserida. Não se pode afirmar que uma ferramenta que funciona muito bem em determinada região terá a mesma eficiência se aplicada em outras. A aceitação e a utilização das técnicas dependem de vários fatores e isso se aplica também às tecnologias de informação e comunicação. 
Tema 2 
O fenômeno técnico e suas particularidades no âmbito da comunicação e da cultura contemporânea
As TIC oferecem a possibilidade de disponibilizar informações para o mundo inteiro em tempo real, as tecnologias também oferecem uma maior possibilidade de participação dos indivíduos em todos os setores da sociedade. Porém, quando se fala em participação, deve-se levar em conta que todos os “atores” envolvidos em determinada decisão devem estar em grau de igualdade de direitos na hora de fazer as reivindicações. Não se pode esquecer que apesar da disponibilidadedas tecnologias de informação e comunicação na sociedade, ainda há muita exclusão em diferentes níveis. 
Essa igualdade também deve estar disponível nos mass media. No livro “A mídia e a modernidade”, o autor John B. Thompson escreve sobre como o fluxo de imagens e de informações e como a mídia desempenha um papel importante no controle do fluxo dos acontecimentos. Você pode perceber que atualmente é possível ter acesso a informações do mundo inteiro nos mais diversos canais de comunicação. Segundo Thompson (2008, p. 107), 
o crescimento dos múltiplos canais de comunicação e informação contribuiu significativamente para a complexidade e imprevisibilidade de um mundo já extremamente complexo. Criando uma variedade de formas de ação a distancia, dando aos indivíduos a capacidade de responder a ações e eventos que acontecem a distancia, o desenvolvimento da mídia fez surgir novos tipos de inter-relacionamento.
O processo de comunicação e formação de sentido não pode ser de mão única, e, sim, de uma maneira dialógica em que o ator social escuta, mas também tem a oportunidade de falar e expressar os seus anseios e suas necessidades. Existe uma pluralidade de culturas dentro de uma cidade, estado ou país; é importante que o gestor compreenda e dialogue com todas, pois essa pluralidade de ideias é que forma a identidade de determinada região. 
Para entender cultura, não se pode deixar de citar Raymond Willians, que realizou uma ampla investigação sobre estudos culturais juntamente, a Richard Hoggart e Edward Thompson. 
As transformações no termo ‘cultura’ devem-se à articulação com a Filosofia e com a História. Manifestam-se com força com o Iluminismo, assumem outra dimensão com o Romantismo e ganham novos contornos com o Marxismo (CUNHA, 2007, p. 16). 
Stuart Hall (1992, p. 197) afirma que essa influência nas identidades globais cria culturas híbridas nas nações modernas. Ao romper as barreiras de espaço e tempo, gera-se a impressão de um mundo menor, a “Parabolicamará” de Gilberto Gil, a contraposição de tempo existencial com um tempo psíquico, em que tudo é mais rápido. 
O cidadão não é um simples receptor de determinada mensagem, ele tem anseios, necessidades, desejos específicos e o gestor tem obrigação de valorizar esses espaços de diálogo. 
Com a chamada “revolução informacional”, “sociedade da informação” ou, como prefere Mandel, “terceira revolução tecnológica” (VELOSO, 2012, p. 14), ocorreu, como nunca antes havia ocorrido na história, uma fusão entre a produção, a ciência e a tecnologia, o que, para autores como Mandel, teve como efeito tanto o “desenvolvimento de forças do trabalho quanto forças alienantes e destrutivas da mercadoria e do capital” (VELOSO, 2012, p. 14). 
Você também viu que as mudanças ocorreram também no campo da comunicação e que essa transformação teve como eixo principal os grandes capitais, Moraes afirma que os grandes conglomerados industriais de comunicação exercem grande influência no que ele chamou de “revolução multimídia” (VELOSO, 2012, p.14), devido ao ritmo acelerado de troca de informação digital que integra diversos sistemas e redes. Porém, não se pode esquecer que a internet, apesar de ainda não estar claro quem a controla, possibilita ações entre diversos indivíduos que antes não era possível quando existiam apenas as mídias de massa. 
As tecnologias de informação e comunicação que surgiram nas últimas décadas influenciam o comportamento dos usuários e as relações produtivas.
Como em todas as economias, a produtividade do trabalho é o motor do desenvolvimento, e a inovação está na fonte da produtividade. Cada um desses processos é levado a cabo e transformado pelo uso da Internet como meio indispensável de organização em rede, processamento de informação e geração de conhecimento (CASTELLS, 2003, p. 87). 
É possível afirmar que a possibilidade de mobilidade do ciberespaço, da falta de fronteira, permite que escolas e alunos criem novos hábitos e rotinas de ensino. Com as tecnologias atuais, tem-se a possibilidade de conexão e comunicação por meio da Internet de qualquer ponto do planeta. Porém, as mudanças não estão somente no âmbito do espaço e tempo, já que as tecnologias de comunicação e informação influenciam a maneira de aprender, de compreender o mundo. Para Muniz Sodré (2009, p. 29), as mudanças são profundas: 
De fato, nesse nosso mundo hoje posto em rede técnica, modifica-se profundamente a experiência habitual do tempo, a da ordem temporal sucessiva, dando lugar à simultaneidade e à hibridização. Um novo tipo de fluxo liga a estrutura em rede da moderna organização urbana às novas configurações da informação eletrônica. Nesse novo fluxo, começamos a ler e a ouvir de modo diferente. 
O surgimento da web modificou a forma como as pessoas se relacionam: 
Redes constituem a nova morfologia social de nossas sociedades e a difusão da lógica de redes modifica de forma substancial a operação e os resultados dos processos produtivos e de experiência, poder e cultura. [...] eu afirmaria que essa lógica de redes gera uma determinação social em nível mais alto que a dos interesses sociais específicos expressos por meio das redes: o poder dos fluxos é mais importante que os fluxos do poder. A presença na rede ou a ausência dela e a dinâmica de cada rede em relação às outras são fontes cruciais de dominação e transformação de nossa sociedade: uma sociedade que, portanto, podemos apropriadamente chamar de sociedade em rede, caracterizada pela primazia da morfologia social sobre a ação social (CASTELLS, 1999, p. 565). 
Porém, não se pode correr o risco de tratar a tecnologia como algo homogêneo, em que todos os cidadãos se apropriam, utilizam e percebem as redes da mesma forma. Segundo o professor Milton Santos (2006, p. 264), as redes acrescentam uma “topologia à ‘topografia’, dando nascimento a um espaço ‘contemporâneo do tempo real’”, ou seja, a adoção das redes tecnológicas é influenciada por questões culturais, religiosas e econômicas. 
A diferença entre a visão de Santos (2006) sobre redes e a da maioria dos autores é que ele aborda como o espaço interfere no desenvolvimento das redes (tecnológicas ou não). Segundo Santos (2006, p. 181), “O espaço permanece diferenciado e esta é uma das razões pelas quais as redes nele se instalam são igualmente heterogêneas”. O autor ainda afirma que “no local onde as redes existem, elas não são uniformes” (SANTOS, 2006, p. 181). 
Porém, é possível encontrar nas redes, mesmo com as diferenças de acessos, trabalhos colaborativos que criam alternativas frente as grandes empresas. O Linux, sistema operacional não proprietário, é um exemplo de propostas colaborativas que foge a regra de que a tecnologia está sendo (ou pode ser) regida pelos conglomerados industriais. Sendo assim, a grande questão não é a tecnologia em si, mas como utilizar essa tecnologia de forma que ela possa atender a todos, como evitar que as grandes corporações se apropriem ou tente controlar a informação e as ferramentas que possibilitam essa comunicação entre as pessoas. Existem vários projetos de controle da internet, mas também existem projetos colaborativos que buscam combater as tentativas de controle.
Tema 3 
Exclusão digital no Brasil e a tecnologia da informação 
No capítulo sobre Exclusão Digital, você aprendeu que com o crescimento das tecnologias de informação e comunicação, a exclusão digital é um fenômeno que cresce na mesma proporção o acirramento das desigualdades sociais. Quando Veloso (2012) fala em exclusão digital não está falando somente do acesso à internet, mas de todos os sentidos que este conceito pode assumir, “como consequência da ausência ou dos obstáculos presentes no acesso às novas tecnologias disponíveis, sobretudo, mas não exclusivamente, a Internet” (VELOSO, 2012, p. 23). O mesmo autor também afirma que a grande preocupação de refletir sobre essa questão é para não “sucumbiràs posturas mistificadoras das atuais inovações e seus impactos para as relações sociais” (VELOSO, 2012, p. 23). Porém, é possivel citar outras definições para a exclusão digital. 
Uma definição mínima passa pelo acesso ao computador e aos conhecimentos básicos para utilizá-lo. Atualmente, começa a existir um consenso que amplia a noção de exclusão digital e a vincula ao acesso à rede mundial de computadores. A idéia corrente é que um computador desconectado tem uma utilidade extremamente restrita na era da informação, acaba sendo utilizada quase como uma mera máquina de escrever. Existem inúmeras outras definições, mas nesta introdução o termo em questão será considerado como a exclusão do acesso à Internet. Portanto, a inclusão digital dependeria de alguns elementos, tais como, o computador, o telefone, o provimento de acesso e a formação básica em softwares aplicativos (SILVEIRA, 2008). 
Pode-se afirmar que a exclusão digital não é algo isolado, ele reflete muito a exclusão social do país. 
Todo período histórico possui um conjunto de tecnologias que as sociedades dominantes e dentro delas, suas elites, utilizam como fonte especial de poder e de reprodução da riqueza. Não seria exagero apontar que as sociedades humanas se organizam como sociedades tecnodependentes. Dificilmente encontraremos exemplos históricos de sociedades ricas ou com qualidade de vida avançada em países que não dominam ou usam as principais tecnologias de seu período (SILVEIRA, 2008). 
As últimas pesquisas do IBGE identificou que o computador com internet está na casa de 22% dos brasileiros em 2011, apresentando um aumento de 16% se comparado com 2009. Segundo o IBGE, a presença do aparelho registrou o mais elevado percentual de crescimento (39,8%) entre os bens duráveis identificados nas casas brasileiras. Em seguida, está o crescimento dos computadores sem conexão à rede (29,7%). 
O acesso à banda móvel superou o acesso à banda fixa no Brasil, e esta mudança reflete uma tendência mundial de como as pessoas acessam a Internet, apontando que os usuários não acessam somente de lugares fixos; soma-se a isso a disponibilidade de redes wireless que expandem a cobertura de acesso à Internet. Porém, o acesso, apesar do crescimento, não atinge o país em sua totalidade. 
De acordo com o último levantamento divulgado pela fabricante de equipamentos de Telecom Huawei em parceria com a consultoria Teleco, no primeiro trimestre de 2010, o número de usuários de Internet móvel ultrapassou pela primeira vez o de usuários de banda larga fixa no Brasil. Ainda de acordo com o relatório, no mundo, o crescimento de celulares 3G foi de 43% nos últimos 12 meses. 
No Brasil, atualmente, há um olhar mais cuidadoso para a questão da mobilidade. Com a migração de celulares GSM para aparelhos com conexão 3G, houve um crescimento na venda de smartphones. A tendência é que eles se tornem o principal dispositivo de acesso à Internet. Não se pode esquecer, também, de outros dispositivos, como eReaders, Tablets e Netbooks. 
O Brasil terminou 2011 com 16,5 milhões de acesso de banda larga móvel e 79,9 milhões de usuários com acesso à Internet (TELECO, 2011), o que representa um crescimento de 1,8% em relação a 2010. O acesso à Internet por meio de Smartphones também muda o tipo de experiência que se tem com o espaço virtual. Além da questão da mobilidade, os serviços com base na web passam a ter uma importância para quem utiliza esse tipo de dispositivo. Apesar de muitos recursos, em vários casos, os dispositivos móveis não são os únicos ou o principal meio de acesso à Internet. 
O aumento de conexões resultantes de tecnologia móvel no país tem proporcionado diferentes oportunidades e desafios aos hábitos sociais e aos limites entre espaço públicos e privados. O acesso always-on com voz e dados tem aberto caminho para um novo manancial de distribuição e colaboração de informações em um contexto onde os aparelhos são “hiperpessoais”, pois eles são realmente usados por uma só pessoa, o que não ocorre necessariamente com o computador digital (PELLANDA, 2009, p. 11). 
Porém, ao verificar os dados de acesso da internet no Brasil, é possível perceber a distribuição desigual dos recursos tecnológicos; até mesmo nos grandes centros urbanos nota-se que os bairros centrais têm melhores condições de acesso, qualidade e opção do serviço em relação aos bairros mais periféricos. Como afirmado Veloso (2012), há uma marginalização informacional que cresce em vários os países. Essa marginalização precisa ser combatida, pois a exclusão digital se transforma em exclusão social a partir do momento que pessoas deixam de conseguir colocação no mercado de trabalho por não ter contato com as novas ferramentas tecnológicas que estão surgindo. 
Atualmente a temática da utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação está em voga e leva a reflexões como: Até que ponto você precisa das Tecnologias de Informação e Comunicação para realizar determinadas tarefas? Como diminuir a exclusão digital? Qual o papel das TIC da construção de uma sociedade mais justa? Como essas tecnologias podem auxiliar na representação e na construção do conhecimento? Somente em uma sociedade em que todos possam ter acesso de uma forma igualitária é possível medir as consequências e os frutos de uma sociedade tecnológica. No Brasil, é possível identificar várias ações, porém, a barreira de exclusão só será eliminada com políticas sociais e não só no âmbito digital (VELOSO, 2012). 
Tema 4 
Tecnologia como mediação da informação
Você leu no Livro-Texto que as TIC fazem parte de um corpo de aparatos tecnológicos criado para satisfazer as necessidades humanas. Isso interfere no tipo de experiência que você tem com o mundo e com as outras pessoas. Por exemplo, se você tem acesso à internet e às mídias digitais obviamente você está exposto, mas mesmo aquela pessoa que não tem contato acaba sofrendo interferência em função das novas dinâmicas ocasionadas pela adoção das tecnologias. 
Veloso (2012, p. 32) propõe pensar as TIC como mediação, 
como integrante de instrumentos teóricos metodológicos, éticos-políticos e técnico-instrumentais socialmente construídos que possibilitem aos sujeitos profissionais alcançar as finalidades presentes em seus projetos profissionais. 
Para autores como Pierre Lévy (1999b), o potencial das TIC vai além do que simplesmente a mediação, afirmando, por exemplo, que os limites econômicos e políticos nunca estiveram tão enfraquecidos.
Cada vez mais será um poder nascido da capacidade de aprender e de trabalhar de maneira cooperativa, relacionado com o grau de confiança e reconhecimento recíprocos reinantes num contexto social (LÉVY, 1999b). 
Apesar das afirmações do autor, a experiência humana registra que esse enfraquecimento depende muito das relações para com as práticas, e como as pessoas se apropriam das técnicas. 
Pierre Lévy (1999) insiste na questão da reconexão da humanidade para falar da Cibercultura. 
Todos os seres humanos conversavam e conviviam no mesmo espaço físico. Esse seria o universal em que todos compartilhavam dos mesmos sentidos, das mesmas significações. Com os processos migratórios e a expansão da humanidade, criaram-se movimentos separados – o homem se desconectou. 
A partir dessa origem insondável, desde esse ponto de partida unitário quase mítico, a humanidade separa-se, dispersa-se: afastamento geográfico, divergência de línguas, separação progressiva das culturas, invenção de mundos subjetivos e sociais cada vez menos comensuráveis (LÉVY, 1999b, p. 184). 
O conceito de reconexão da humanidade traz consigo a ideia de que os meios de comunicação, de alguma maneira, tentam reconectar o ser humano que foi separado e compartilhava, na antiguidade, as mesmas significações. Isso começou na Revolução Industrial, quando a maioria dos seres humanos viviam no campo, e, hoje, aparece como o início da Revolução Informacional Contemporânea (LÉVY, 1999b). 
Lévy (1999b) faz uma leitura de como isso aconteceu em diversosperíodos da história. O autor acredita que, ao escrever um texto, parte-se do princípio de que o mesmo terá um sentido comum, ou seja, que as pessoas em diferentes locais vão entendê-lo de maneira parecida. 
Ainda na concepção desse autor, o universal está separado do totalizante, pois uma coisa é você, o ser humano, estar exposto a uma coisa comum e produzindo sentidos diferentes, outra coisa é produzir, de qualquer parte do planeta, o mesmo sentido a uma coisa comum. Segundo Lévy (1999a, p. 118) “o ciberespaço dissolve a pragmática da comunicação que, desde a invenção da escrita, havia reunido o universal e a totalidade”. O embate do ser com o mundo é universal, mas o sentido se multiplica, se altera. O pós-modernismo derrubou as questões totalizantes das metas narrativas, não existem mais aspectos universais na experiência humana de maneira geral, ou seja, “[...] é impossível fixar o significado humano de uma galáxia técnica em transformação contínua” (LÉVY, 1999a, p. 112). 
Por outro lado, para Lévy (1999a, p. 113), 
o significado último da rede ou o valor contido na Cibercultura é precisamente a universalidade. Essa mídia tende à interconexão geral das informações, das máquinas e dos homens. E, portanto se, como afirmava McLuhan, “a mídia é a mensagem”, a mensagem dessa mídia é o universal, ou a sistematicidade transparente e ilimitada. 
Em função disso, Pierre Levy é considerado um otimista em relação à tecnologia, um tecno-utópico. Apesar de não reivindicar esse rótulo, os tecno-utópicos acreditam que as novas tecnologias e as mídias digitais têm o poder de causar uma reestruturação das estruturas do poder vigente (mediático, político, social), descentralizando-o (LEMOS, 2004). 
Os regimes políticos e econômicos estão de fato com menos capacidade de controle como antes, o que não quer dizer que não existe controle ou tendência de achar métodos para controlar a internet. China, Irã e outros regimes mais fechados já mostraram a possibilidade do controle, se não total, mas com relativo sucesso. Por outro lado, a internet tem uma capacidade de procurar novos caminhos para burlar os bloqueios e a censura na rede. Essa é uma característica da rede. 
Quanto mais computadores conectados a rede, quanto mais pessoas utilizando esses computadores, maior será a importância do índice de centralidade de um lugar (LÉVY, 1999b). Cada pessoa conectada é um nó de fluxo, os centros são mais densamente conectados e a periferia acaba sendo a região mal conectada consigo mesma e controlada pelo centro (LÉVY, 1999b). 
Segundo Lévy (1999b), “um computador é um instrumento de troca, de produção e de estocagem de informações. Ao canalizar e entrelaçar múltiplos fluxos, torna-se um centro virtual, instrumento de poder”. 
Se a revolução industrial, como o próprio nome já aponta, foi um ponto de virada na história da humanidade e na sua relação com o próximo, trazendo uma nova configuração social, demográfica e informacional. A Cibercultura, que não tem status e nem, aparentemente, um destaque ao ponto de ser considerada uma revolução, trouxe mudanças nas relações sociais e empresariais no mundo inteiro. 
Quando McLuhan (1969) afirma que o meio é a mensagem, não podemos descartar a influência que as mídias digitais e a internet podem ocasionar no modo de vida dos próximos séculos. Nesse sentido, McLuhan foi importante sendo clara a sua influência na Cibercultura. 
O foco dos estudiosos da Cibercultura nos próximos anos será os fluxos comunicacionais, a produção de informação será determinante para mostrar qual a relevância do momento atual para a história. 
Por exemplo, um garoto que hoje utiliza a ferramenta Twitter para divulgar sinteticamente suas ideias na internet em 140 caracteres pode ser comparado com o profissional que trabalhava com past-up e doagramava os classificados de antigamente? Nesse caso, o diferencial é que o profissional de antigamente estava restrito a divulgar suas ideias somente no jornal do qual era contratado, quem utiliza o Twitter pode divulgar suas ideias para o mundo inteiro. Talvez o diferencial desse novo momento na história é que o profissional atual vai produzir informação, ser um nó com produção de informação, de fluxo, ou simplesmente copiar e repassar a informação já existente.
 Tema 5 
A aplicação das Tecnologias da Informação ao trabalho
Cada vez mais aumenta o debate sobre a importância das Tecnologias de Informação e Comunicação nos diversos níveis da sociedade. Pesquisadores têm estudado o impacto dessas novas tecnologias no cotidiano das pessoas e a transformação que elas geram na sociedade. 
As pessoas se relacionam por meio de interações e intercâmbio de formas simbólicas. Uma risada, olhar, gesto, pode ser um complemento, por exemplo, para um conteúdo transmitido verbalmente. 
Durante a maior parte da história da humanidade as interações sociais foram face a face. Tradições eram passadas de pai para filho pelas histórias. A interação face a face tem um caráter dialógico – de copresença – quando emissor e receptor partilham do mesmo referencial de espaço e tempo o que implica em uma ida e volta no fluxo de informação e comunicação. 
Porém, as inovações tecnológicas trouxeram uma disjunção do espaço e tempo, mas fica difícil fazer uma análise dessa transformação sem fazer uma análise das tecnologias atuais. As tecnologias são datadas; ao analisar determinada tecnologia é possível visualizar em quais épocas ela era aplicada (tempo) e qual era sua utilidade (espaço). Muitos aparatos tecnológicos deixaram de existir e tantos outros ainda vão deixar de existir. Isso acontece porque, conforme a humanidade apresenta novas possibilidades tecnológicas, essas inovações podem interferir nos meios de produção e troca de informação. 
Em Veloso (2012), verifica-se que a palavra tecnologia, como disciplina, surge na segunda metade do século XIX. 
Diferencia-se, como ressalta Vargas, do estudo das técnicas e da engenharia, sendo sua finalidade inicial a descrição e a interpretação das técnicas, dos processos técnicos e da forma de preparação ou fabricação de produtos industriais. A tecnologia pode ser entendida, como sugere Gama, como o saber da técnica, estando o seu conceito estritamente ligado ao conceito de produção. Tecnologia tem uma conotação de desenvolvimento, e sua essência reside no saber científico moderno voltado para a solução de problemas da técnica (VELOSO, 2012, p.40). 
O fato é que se faz necessário olhar para a tecnologia não só como aparato técnico, é preciso reconhecer sua importância na transformação das relações humanas, tanto sociais como de trabalho. 
Por exemplo, se você tem acesso à Internet e às mídias digitais, obviamente você está exposto. Mesmo a pessoa que não tem acesso – de alguma maneira – acaba sendo exposta às redes de telecomunicação. Dessa maneira, as tecnologias de informação e comunicação influenciam o comportamento dos usuários, as relações produtivas e educacionais. 
Como em todas as economias, a produtividade do trabalho é o motor do desenvolvimento, e a inovação está na fonte da produtividade. Cada um desses processos é levado a cabo e transformado pelo uso da Internet como meio indispensável de organização em rede, processamento de informação e geração de conhecimento (CASTELLS, 2003, p. 87). 
É possível afirmar que a possibilidade de mobilidade do ciberespaço, da falta de fronteira, permite que escolas e alunos criem novos hábitos e rotinas de ensino. Com as tecnologias atuais, há a possibilidade de conexão e comunicação por meio da Internet de qualquer ponto do planeta. Porém, as mudanças não estão somente no âmbito do espaço e tempo, já que as tecnologias de comunicação e informação influenciam a maneira de aprender, de compreender o mundo. Para Muniz Sodré (2009, p. 29), as mudanças são profundas: 
De fato, nesse nosso mundo hoje posto em redetécnica, modifica-se profundamente a experiência habitual do tempo, a da ordem temporal sucessiva, dando lugar à simultaneidade e à hibridização. Um novo tipo de fluxo liga a estrutura em rede da moderna organização urbana às novas configurações da informação eletrônica. Nesse novo fluxo, começamos a ler e a ouvir de modo diferente.
O surgimento da web modificou a forma como as pessoas se relacionam: 
Redes constituem a nova morfologia social de nossas sociedades e a difusão da lógica de redes modifica de forma substancial a operação e os resultados dos processos produtivos e de experiência, poder e cultura. [...] eu afirmaria que essa lógica de redes gera uma determinação social em nível mais alto que a dos interesses sociais específicos expressos por meio das redes: o poder dos fluxos é mais importante que os fluxos do poder. A presença na rede ou a ausência dela e a dinâmica de cada rede em relação às outras são fontes cruciais de dominação e transformação de nossa sociedade: uma sociedade que, portanto, podemos apropriadamente chamar de sociedade em rede, caracterizada pela primazia da morfologia social sobre a ação social (CASTELLS, 1999, p. 565). 
A grande transformação tecnológica das últimas décadas foi o surgimento da internet e como isso tem afetado o dia a dia das pessoas. No livro “A mídia e a modernidade”, o autor John B. Thompson aborda a questão do fluxo de imagens e de informações e como a mídia desempenha um papel importante no controle do fluxo dos acontecimentos. Atualmente, se tem acesso a informações do mundo inteiro nos mais diversos canais de comunicação. 
O crescimento dos múltiplos canais de comunicação e informação contribuiu significativamente para a complexidade e imprevisibilidade de um mundo já extremamente complexo. Criando uma variedade de formas de ação a distância, dando aos indivíduos a capacidade de responder a ações e eventos que acontecem a distancia, o desenvolvimento da mídia fez surgir novos tipos de inter-relacionamento (THOMPSON, 2003, p. 107). 
Atualmente, é possível assistir a um acontecimento em tempo real em qualquer lugar do mundo. Além disso, filmadoras de celulares, MP3, máquinas digitais e a internet podem transmitir imagens e sons do mesmo acontecimento sem passar pelos meios tradicionais de produção da notícia como a televisão, rádio ou jornal. Isso dá ao receptor a opção de expandir o seu conhecimento sobre determinado acontecido e ainda pegar referências de pessoas que presenciaram tal fato. Num mundo de múltiplos canais de mídia é importante estabelecer canais de comunicação sempre com muita transparência e respeito 
em relação a todos os possíveis interessados na informação que você divulga.
 Tema 6 
A Blogosfera e as Alternativas à Comunicação Hegemônica
As TIC como alternativa à comunicação hegemônica As mídias de massa comercial, que dominaram as esferas públicas até então, foram extensamente estudadas por autores como Thompson (2009). Percebe-se, de modo geral, que essas mídias apresentaram uma série de falhas, como plataformas para o discurso público. 
Segundo Benkler (2006), informação, conhecimento e cultura são centrais para a liberdade e o desenvolvimento humano. A forma como são produzidos e trocados em nossa sociedade afeta criticamente nossa visão do mundo como ele é e como poderia ser; quem decide essas questões; e como nós, como sociedades e governos, viemos a entender o que pode e o que deve ser feito. Durante mais de 150 anos, democracias modernas complexas têm dependido em grande medida de uma economia industrial da informação para estas funções básicas. Nos últimos 15 anos, nós começamos a ver uma mudança radical na organização da produção de informação. Habilitados pela mudança tecnológica, estamos começando a ver uma série de adaptações econômicas, sociais e culturais que tornam possível uma transformação radical na forma como construímos o ambiente informacional que ocupamos como indivíduos autônomos, cidadãos e membros de grupos culturais e sociais. Parece ultrapassado hoje em dia falar da "Revolução da Internet". Em alguns círculos acadêmicos, isso é verdadeiramente ingênuo, mas não deveria ser. A mudança trazida pelo ambiente da rede de informações é profunda, é estrutural. Ela vai até as bases de como mercados e democracias liberais têm coevoluído por quase dois séculos.
As mídias de massa comercial apresentam um espaço relativamente pequeno para receber opiniões, observações, reclamações e atender todos os anseios de uma sociedade moderna e cheia de variantes. Além disso, em alguns lugares, os meios de comunicação são concentrados na mão de poucos, o que proporciona um excessivo poder aos proprietários desses meios que decidem o que, quando e como divulgar. Diante dessas considerações, a afirmação de Benkler (2006) é que uma esfera pública conectada possibilita uma organização de interesses individuais que não possui, necessariamente, interferência dos interesses financeiros.O mesmo autor ainda sugere que, 
na formação dessas limitações da mídia de massa, eu sugiro que uma esfera pública interligada possibilita muito mais indivíduos comunicarem suas observações e pontos de vista a muitos outros, e fazê-lo de modo que não pode ser controlado pelos donos da mídia e não facilmente corrompido pelo dinheiro assim como a mídia de massa. 
Com relação ao poder real das redes de informação, também há pesquisadores que alertam para o cuidado de uma visão muito otimista das redes. É o que o professor Evgeny Morozov (2012) chama de ciberutópicos; segundo ele, é preciso rever a ideia de que a internet favorece somente aos oprimidos e não também ao opressor. Para o pesquisador a ingenuidade de criar-se uma natureza emancipatória da comunicação on-line está na recusa em avaliar o lado negativo que a tecnologia pode oferecer. 
Em sua defesa, o pesquisador costuma citar países como a Rússia, a China e o Irã que apresentaram cases bem sucedidos de controle da rede. No caso da Rússia e da China, além de controlar o acesso a redes fora do país, a eficácia do bloqueio está no fato do governo oferecer alternativas "caseiras" aos sites bloqueados, por exemplo, a Rússia e a China que possuem clones do Facebook, o VKontakte e o RenRen, respectivamente. 
De modo geral, entende-se que existe uma grande possibilidade de utilizar as TIC como ferramenta na difusão de valores e conceitos que não estão na grande mídia. Pode-se argumentar que o posicionamento de Morosov (2012) é radical, pois acaba descartando as manifestações da chamada "primavera árabe" que resultou na queda de alguns ditadores na região, mas, em sua argumentação retórica, o pesquisador afirma que não se pode levar a sério casos como do Egito, onde a organização das manifestação foi planejada durante meses sem nenhuma atenção do governo para as ações da internet. Tais ações podem ter sido impulsionadas mais por uma vontade da juventude em experimentar ferramentas contra a censura do que uma questão ideológica.
Mesmo revoluções auxiliadas pelos meios de comunicação social têm seus pontos fracos, pois podem ser facilmente cortado pela raiz, se o governo souber onde eles estão.. Mubarak foi forçado a desligar internet do Egito, mas os chineses reprimiram manifestações on-line com apenas alguns memorandos. (MOROZOV, 2011, tradução nossa). 
Ainda assim, o pesquisador acredita que é possível “salvar” a internet das tentativas de controle e censura para que ela continue como uma ferramenta para a luta contra o autoritarismo, mas, pra isso, é necessário abandonar os ensinamentos ciberutópicos e o que ele chama de “internet centrismo”. 
Como destacado no início do texto, Benkler (2006) afirma que deve-se comparar a internet e suas possibilidades frente às mídias tradicionais. Diante disso, não há como negar que, atualmente, os indivíduos consigam fazer mais por eles, com os outros e pelosoutros. Também vale lembrar que existe uma gama muito grande de tecnologias que vão além de simples redes sociais, mas outras possibilidades de conexões como o bluetooth, por exemplo, que permitem o compartilhamento de informação e conteúdo sem a necessidade de passar por um poder central e de censura. 
Benkler (2006) ainda afirma que indivíduos estão usando a sua recém expandida liberdade prática para agir e cooperar com outros em formas que melhoram a experiência praticada da democracia, justiça e desenvolvimento, uma cultura crítica e comunidade.
 Tema 7 
A Incorporação das TIC ao Trabalho
A partir de uma síntese das teorias vygotskyanas, é possível perceber que determinados processos, como percepção, memória e pensamento, dependem da relação que os atores estabelecem com o meio. 
Todas as funções psicointelectuais superiores aparecem duas vezes no decurso do desenvolvimento da criança: a primeira vez, nas atividades coletivas, nas atividades sociais, ou seja, como funções interpsíquicas; a segunda, nas atividades individuais, como propriedades internas do pensamento da criança, ou seja, como funções intrapsíquicas (VYGOTSKY, 1988, p. 114). 
Com a profusão de novos suportes digitais, muda-se a forma como se produz o conteúdo e, em específico, a forma como são elaborados os conteúdos, que passam a ser cada vez mais segmentados e diversificados, permitindo ao aluno, a partir do que foi transmitido, também reenviar e reelaborar conteúdos. “Assim, no mundo inter e intraconectado, as pessoas passam a ser os produtores e disponibilizadores de informação, num vai e vem de conteúdos ainda não experimentado” (SQUIRRA, 1999, p. 6).
Segundo Vygotsky (1988), a construção do conhecimento humano ocorre por meio da interação, e o processo de ensino-aprendizagem envolve aquele que ensina e o que aprende. 
Os suportes tecnológicos, portanto, podem ser vistos como meios para se construir o conhecimento, por possibilitar acesso às informações em que a linguagem e os conteúdos interativos auxiliam na aquisição do saber. Por exemplo, a educação, antes um ato solitário, passa a acontecer de forma interativa e colaborativa. Essa experiência colaborativa é algo que aparece com mais intensidade na cultura digital por meio das diversas ferramentas disponíveis e utilizadas pelos nativos digitais (PRENSKY, 2001). 
As novas gerações emergem em outra visão de mundo e, muitas vezes, deparam-se com um conceito educacional “analógico”, fruto da experiência da geração conhecida como imigrantes digitais. 
Segundo Prensky (2001), introduzir novas tecnologias na sala de aula não melhora o aprendizado automaticamente, porque a tecnologia dá apoio à pedagogia e não o contrário. Infelizmente, a tecnologia não serve de apoio à velha aula expositiva, a não ser da forma mais trivial, como passar fotos e filmes. Para que a tecnologia tenha efeito positivo no aprendizado, os professores precisam, primeiramente, mudar o jeito de dar aula. A expressão “Pedagogia de Parceria” (PRENSKY, 2001) é utilizada para definir esse novo método, no qual a responsabilidade pelo uso da tecnologia é do aluno – e não do professor. 
Ainda segundo Prensky (2001), existe uma diferença básica entre a antiga e a nova pedagogia, uma mudança nos papéis de professores e alunos. Antigamente, os alunos se limitavam a ouvir e tomar notas, agora, com o aparecimento dos nativos digitais, os alunos passam a ensinar a si mesmos, sob a orientação dos professores. Por isso a real necessidade de os professores usarem ferramentas que ajudem seus alunosa aprender. 
O papel do aluno passa a ser o de pesquisador, de usuário especializado em tecnologia. O professor passa a ter o papel de guia e de “treinador”. Ele estabelece metas para os alunos e os questiona, garantindo o rigor e a qualidade da produção da classe. Para Vygotsky (2003), novas ferramentas no cotidiano dos estudantes podem favorecer o aprendizado, e, a partir dessas ferramentas, o professor deve apresentar novos desafios e possibilidades. 
A regra psicológica geral de desenvolvimento do interesse é a seguinte: por um lado, para que um assunto nos interesse, ele deve estar ligado a algo que nos interessa, a algo já conhecido e, ao mesm o tempo, sempre deve conter algumas novas formas de atividade; Tudo o que é completamente novo ou velho é incapaz de despertar nosso interesse, de promover o interesse por algum objeto ou fenômeno (VYGOTSKY, 2003, p. 53).
Segundo Azevedo (2008, p. 29), neste novo modelo educacional interativo, o aluno deve ser agente de construção do seu saber e o professor, o mediador, responsável por facilitar a transformação das informações em conhecimento. Para isto, não só as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) devem ser utilizadas para mediar o ensino, como também é preciso pensar em novas formas de comunicação e também em métodos de educação, oferecendo ao aluno realmente um novo formato de ensino e aprendizagem. Muitas vezes, o que se percebe é que as teleaulas só são transmitidas por meios tecnológicos, mas continuam dentro de uma pedagogia tradicional, chamada pelo educador Paulo Freire de educação bancária (SOBREIRO, 2009, p. 18). 
A chegada das novas TIC trouxe com elas uma gama de possibilidades para todas as áreas. Cabe agora às instituições reposicionarem-se. As adequações devem ir além da estruturação de novos modelos gestão. Essa função nasce na área educacional, onde é necessário repensar os caminhos para promover experiências de aprendizagem interdisciplinares, interativas e colaborativas, definindo novos formatos de conteúdos e linguagens. 
O fato que é as novas gerações já nascem sob uma perspectiva tecnológica muito mais avançada do que as gerações anteriores, e lidar com esses aparatos tecnológicos no ambiente de trabalho será algo fundamental para os novos profissionais. A questão é em muitos locais de trabalho os processos de informação são precários, parciais ou em fase de implementação e, apesar de muitos profissionais considerarem que as TIC têm uma grande importância, “boa parte deles, em muitos casos, não consegue efetivamente utilizá-la, tendo em vista a sua inexistência ou escassez (VELOSO, 2012, p. 61). 
Segundo VELOSO (2012), essa falta de acesso pode criar uma resistência ao uso das TIC pelos profissionais 
Tais condições, por sua vez, criam uma aparência de resistência ao uso das TIC, quando na verdade ocorre é uma enorme dificuldade em utilizá-la, tendo em vista os diversos obstáculos que se põem a seu acesso. Assim, tanto a existência de condições de trabalho adequadas, quanto o incentivo do uso das TIC, são aspectos fundamentais para que este recurso seja adequadamente incorporado e aplicado no trabalho profissional (VELOSO, 2012, p. 66).
 Tema 8 
A Possibilidade Colaborativa das TIC
Benkler (2006) afirma que nos últimos anos a tecnologia trouxe mudanças na produção de informação. De certa maneira, a democracia moderna tem dependido dessa produção industrial da informação para garantir funções básicas. Mas, impulsionados pelas TIC, estamos acompanhando, nas últimas duas décadas, mudanças sociais, econômicas e culturais no mundo "que tornam possível uma transformação radical na forma como construímos o ambiente informacional que ocupamos como indivíduos autônomos, cidadãos e membros de grupos culturais e sociais." (BENKLER, 2006). 
Essas mudanças favorecem, por exemplo, ações colaborativas de criação e produção de conteúdo não proprietário. Uma produção que se posiciona a margem do sistema de mercado de produção e distribuição de informação. Essas práticas têm apresentado sucesso em diversas áreas da economia, saindo da questão da produção da informação e passando pela produção de software, construção de bibliotecas colaborativas, participações em ações governamentais com foco em uma melhor governança. 
O modelocolaborativo ganhou mais força com as inovações tecnológicas que surgiram nas últimas décadas. Manuel Castells, entusiasmado com as potencialidades contidas no novo meio de comunicação, não hesita em afirmar que o tipo de informação que mais prospera na Internet é a livre expressão (OLIVERIO, 2012, p.53) 
É possível ver em diversas áreas um movimento em que a tecnologia é usada para agregar e aprimorar o conhecimento por meio do compartilhamento de informação entre os diversos atores que acessam uma mesma rede e, segundo Noveck (2009, p.18, tradução nossa), 
a colaboração é uma reivindicação fundamental, mas não é bem entendida da prática democrática. Existe uma crença de que o público não possui tanto expertise quanto as pessoas no governo
Essas ações apontam para uma maior liberdade individual de expressão da opinião, possibilidade que era menor em uma época quando a informação era produzida e transmitida por grandes corporações que decidiam o que era ou não importante ser divulgado. 
Para Benkler (2006), Essa nova liberdade traz grandes promessas práticas: como uma forma de liberdade individual; como uma plataforma para melhor participação democrática; como um meio de fomentar uma cultura mais crítica e autorreflexiva; e, numa economia global cada vez mais dependente da informação, um mecanismo para obter melhorias no desenvolvimento humano em todo lugar. 
Porém, o surgimento de espaços para a produção e compartilhamento de informação, fora do sistema de mercado, ameaça aqueles que já estavam em um mercado industrial. 
O que caracteriza a economia de informação na rede é a ação descentralizada, do indivíduo, uma ação nova e colaborativa, distribuída por toda rede e fora dos padrões do mercado, sem depender de uma plataforma proprietária. O processo que impulsionou essa mudança foi o barateamento do aparato tecnológico, principalmente dos computadores com impacto em todas as tecnologias de comunicação e armazenamento. Esse processo possibilitou que boa parte da população mundial tivesse acesso a ferramentas de distribuição e produção de informação e cultura. 
Ao citar os diversos exemplos colaborativos e participativos que estão surgindo com o advento das novas tecnologias, como o já citado software livre, que tem como grande exemplo o sistema operacional Linux, fica a questão do que leva milhares de pessoas a se dedicarem a produção de algo que será distribuído de graça, ou mesmo a Wikipédia, uma biblioteca colaborativa que pode ser encarada como uma séria concorrente da Biblioteca Britânica. 
Para Benkler (2006), já é hora de ver esse fenômeno como um novo modelo de produção emergindo no meio das mais avançadas economias do mundo – essas são as mais integradas em redes de computadores e nas quais produtos e serviços de informação vieram a ocupar os papéis mais valorizados. 
De que maneira essas novas práticas também não interferem no modelo de participação política? 
Durante o século XX, o capital físico sempre necessitou de grandes investimentos na infraestutura das grandes corporações e – de certa maneira – esses investimentos orientavam as estratégias das empresas. Em economias geridas pelo Estado, esse investimento orientava a produção em função dos objetivos da burocracia estatal. Nos dois casos, o processo de colaboração, da liberdade individual em opinar, era diminuído em função dos interesses e da complexidade dos requerimentos de capital de produção. 
Na economia de informação em rede, o capital físico necessário para a produção éamplamente distribuído pela sociedade. Computadores pessoais e conexões de rede são ubíquos. Isso não significa que eles não possam ser usados por mercados, ou que indivíduos deixem de buscar oportunidades de mercado. Isso significa, porém, que sempre que alguém, em qualquer lugar, dentre os bilhões de seres humanos conectados, e em última instância dentre todos os que estarão conectados, queria fazer alguma coisa que requeira criatividade humana, um computador e uma conexão de rede, ele ou ela poderáfazê-lo sozinho, ou em cooperação com outros (BENKLER, 2006). 
Sendo assim, o capital necessário para a produção, se não sozinho, está disponível em cooperação com outras pessoas, o resultado é uma produção feita por indivíduos que interagem uns com os outros socialmente - de acordo com os seus interesses – e não, em tese, de acordo com os interesses de mercado.

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