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23.1 Sistema respiratório e homeostasia O sistema respiratório contribui para a homeostasia ao realizar a troca gasosa – oxigênio e dióxido de carbono – entre o ar atmosférico, o sangue e as células teciduais. Também ajuda a ajustar o pH dos líquidos corporais. As células do seu corpo usam oxigênio (O2) continuamente para as reações metabólicas que liberam energia de moléculas de nutrientes e produzem ATP. Ao mesmo tempo, estas reações liberam dióxido de carbono (CO2). Como o excesso de CO2 provoca acidez que pode ser tóxica para as células, o excesso de CO2 precisa ser rápida e eficientemente eliminado. Os sistemas circulatório e respiratório cooperam para fornecer O2 e eliminar CO2. O sistema respiratório possibilita a troca gasosa – aporte de O2 e eliminação de CO2 – e o sistema circulatório transporta o sangue contendo os gases entre os pulmões e as células do corpo. A falha em algum destes sistemas perturba a homeostasia, causando uma morte rápida das células pela falta de oxigênio e acúmulo de produtos residuais. Além de atuar na troca gasosa, o sistema respiratório também participa na regulação do pH do sangue, contém receptores para o sentido do olfato, filtra o ar inspirado, produz sons e elimina do corpo água e calor pelo ar expirado. Como nos sistemas digestório e urinário, que serão abordados nos capítulos subsequentes, no sistema respiratório há uma extensa área de contato entre o ambiente externo e os vasos capilares. Anatomia do sistema respiratório 1144 • • 1. 2. 3. OBJETIVOS Descrever a anatomia e a histologia do nariz, da faringe, da laringe, da traqueia, dos brônquios e dos pulmões Identificar as funções de cada estrutura do sistema respiratório. O sistema respiratório é constituído pelo nariz, pela faringe, pela laringe, pela traqueia, pelos brônquios e pelos pulmões (Figura 23.1). Suas partes podem ser classificadas de acordo com sua estrutura ou função. Estruturalmente, o aparelho respiratório é constituído por duas partes: (1) O sistema respiratório superior inclui o nariz, a cavidade nasal, a faringe e estruturas associadas; (2) o sistema respiratório inferior inclui a laringe, a traqueia, os brônquios e os pulmões. Funcionalmente, o sistema respiratório também é formado por duas partes. (1) A zona condutora consiste em várias cavidades e tubos interconectados (intrapulmonares e extrapulmonares). Estes incluem o nariz, a cavidade nasal, a faringe, a laringe, a traqueia, os brônquios, os bronquíolos e os bronquíolos terminais; sua função é filtrar, aquecer e umedecer o ar e conduzilo para os pulmões. (2) A zona respiratória consiste em tubos e tecidos nos pulmões onde ocorrem as trocas gasosas. Estes incluem os bronquíolos respiratórios, os ductos alveolares, os sacos alveolares e os alvéolos e são os principais locais de trocas gasosas entre o ar e o sangue. FUNÇÕES DO SISTEMA RESPIRATÓRIO Possibilitar as trocas gasosas: ingestão de O2 para entregá-lo às células corporais e remoção do CO2 produzido pelas células do corpo. Ajudar a regular o pH do sangue. Conter receptores para o sentido do olfato, �ltrar o ar inspirado, produzir sons vocais (fonação) e eliminar água e calor. Figura 23.1 Estruturas do sistema respiratório. O sistema respiratório superior inclui o nariz, a cavidade nasal, a faringe e estruturas associadas; o sistema respiratório inferior inclui a laringe, a traqueia, os brônquios e os pulmões. 1145 1146 Que estruturas fazem parte da zona condutora do sistema respiratório? O ramo da medicina que lida com o diagnóstico e tratamento das doenças das orelhas, do nariz, da faringe e da laringe (ORL) é chamado de otorrinolaringologia. O pneumologista é o especialista no diagnóstico e tratamento das doenças de pulmão. Nariz O nariz é um órgão especializado no sistema respiratório que consiste em uma parte externa visível e uma parte interna (intracraniana) chamada de cavidade nasal. A parte externa do nariz é a parte visível na face; consiste em uma estrutura de suporte constituída por osso e cartilagem hialina recoberta por músculo e pele e revestida por túnica mucosa. O frontal, os ossos nasais e as maxilas formam a estrutura óssea da parte externa do nariz (Figura 23.2A). A estrutura cartilaginosa do nariz é formada por várias porções de cartilagem hialina ligadas entre si e a determinados ossos do crânio por tecido conjuntivo fibroso. Os componentes da estrutura cartilaginosa são a cartilagem do septo nasal, que forma a parte anterior do septo nasal; as cartilagens nasais acessórias inferiormente aos ossos nasais; e as cartilagens alares, que formam uma parte das paredes das narinas. Como é formada por cartilagem hialina maleável, a estrutura cartilaginosa do nariz é um pouco flexível. Na face inferior do nariz estão duas aberturas chamadas de narinas. A Figura 23.3 mostra a anatomia da superfície do nariz. As estruturas internas do nariz têm três funções: (1) aquecimento, umidificação e filtragem do influxo de ar; (2) detecção de estímulos olfatórios; e (3) modificação das vibrações da fala à medida que elas passam pelas grandes e ocas câmaras de ressonância. A ressonância se refere a prolongar, amplificar ou modificar um som pela vibração. CORRELAÇÃO CLÍNICA | Rinoplastia A rinoplastia é um procedimento cirúrgico no qual o formato do nariz é modi�cado. Embora a rinoplastia muitas vezes seja feita por motivos estéticos, às vezes é 1147 realizada para reparar uma fratura de nariz ou um desvio de septo nasal. No procedimento, administra-se tanto anestesia local quanto geral. Inserem-se então instrumentos através das narinas, remodela-se a cartilagem nasal e fraturam-se e reposicionam-se os ossos nasais de modo a alcançar a forma desejada. Inserem-se um curativo interno e imobilização para manter o nariz na posição desejada enquanto ele cicatriza. A cavidade nasal é um espaço grande na face anterior do crânio que se encontra inferiormente ao osso nasal e superiormente à cavidade oral; está alinhada ao músculo e à túnica mucosa. Uma estrutura vertical, o septo nasal, divide a cavidade nasal nos lados direito e esquerdo. A parte anterior do septo nasal é composta principalmente por cartilagem hialina; o restante é formado pelos ossos vômer, lâmina perpendicular do etmoide, maxila e palatinos (ver Figura 7.11). Anteriormente, a cavidade nasal se funde ao nariz; posteriormente, comunicase com a faringe por meio de duas aberturas chamadas de cóanos (ver Figura 23.2B). Ductos dos seios paranasais (que drenam muco) e os ductos lacrimonasais (que drenam lágrimas) também se abrem na cavidade nasal. Lembrese do Capítulo 7 que os seios paranasais são cavidades em determinados ossos cranianos e faciais revestidos por túnica mucosa que são contínuos com o revestimento da cavidade nasal. Os ossos do crânio que contêm seios paranasais são o frontal, o esfenoide, o etmoide e a maxila. Além de produzir muco, os seios paranasais servem como câmaras de ressonância para um som ao falar ou cantar. As paredes laterais da cavidade nasal são formadas pelos ossos etmoide, maxila, lacrimal, palatino e concha nasal inferior (ver Figura 7.9); o etmoide também forma o teto do nariz. Os palatinos e os processos palatinos da maxila, que juntos constituem o palato duro, formam o assoalho da cavidade nasal. As estruturas ósseas e cartilagíneas do nariz ajudam a manter o vestíbulo do nariz e a cavidade nasal pérvios, ou seja, desobstruídos. A cavidade nasal está dividida em uma parte respiratória inferior maior e um parte olfatória superior menor. A região respiratória é revestida por epitélio colunar pseudoestratificado ciliado com diversas células caliciformes, que é frequentemente chamadade epitélio respiratório (ver Tabela 4.1). A parte anterior da cavidade nasal logo no interior das narinas, chamada de vestíbulo do nariz, é circundada por cartilagem; a parte superior da cavidade nasal é circundada por osso. Figura 23.2 Estruturas respiratórias na cabeça e no pescoço. Conforme o ar passa pelo nariz, é aquecido, filtrado e umedecido; e ocorre a olfação. 1148 1149 Qual é o trajeto das moléculas de ar para dentro e através do nariz? Figura 23.3 Anatomia de superfície do nariz. O nariz tem um arcabouço cartilagíneo e um arcabouço ósseo. 1150 1. 2. 3. Qual parte do nariz está ligada ao frontal? Quando o ar entra pelas narinas, passa primeiro pelo vestíbulo do nariz, que é revestido por pele contendo pelos grossos que filtram grandes partículas de poeira. Três conchas formadas por projeções das conchas nasais superior, média e inferior se estendem de cada parede lateral da cavidade nasal. Perto de alcançar o septo nasal, as conchas se subdividem em cada lado da cavidade nasal em várias estruturas semelhantes a cavernas – os meatos nasais superior, médio e inferior. Túnicas mucosas revestem a cavidade nasal e suas conchas. O arranjo das conchas e meatos aumenta a área de superfície da cavidade nasal e evita a desidratação por aprisionamento de gotículas de água durante a expiração. CORRELAÇÃO CLÍNICA | Tonsilectomia A tonsilectomia consiste na remoção cirúrgica das tonsilas. O procedimento geralmente é realizado sob anestesia geral, em esquema ambulatorial. As tonsilectomias são realizadas em indivíduos com tonsilites frequentes, ou seja, in�amação das tonsilas; tonsilas que desenvolvem um abscesso ou tumor ou tonsilas que obstruem a respiração durante o sono. Conforme o ar inspirado circula pelas conchas e meatos, é aquecido pelo sangue nos capilares. O muco secretado pelas células caliciformes umedece o ar e retém as partículas de poeira. A drenagem do ducto lacrimonasal também ajuda a umedecer o ar e às vezes é assistida por secreções dos seios paranasais. Os cílios movem o muco e as partículas de poeira retidas em direção à faringe, onde podem ser engolidas ou cuspidas, removendo assim as partículas do sistema respiratório. As células receptoras olfatórias, as células de sustentação e as células basais se encontram na região respiratória, que está perto da concha nasal superior e septo adjacente. Essas células formam o epitélio olfatório. Este contém cílios, mas não há células caliciformes. TESTE RÁPIDO Quais funções os sistemas respiratório e circulatório têm em comum? Quais características estruturais e funcionais são diferentes nas partes superior e inferior do sistema respiratório? Quais são as mesmas? Compare a estrutura e as funções do nariz e da cavidade nasal. 1151 Faringe A faringe, ou garganta, é um tubo em forma de funil com aproximadamente 13 cm de comprimento que começa nos cóanos e se estende para o nível da cartilagem cricóidea, a cartilagem mais inferior da laringe (ver Figura 23.2B). A faringe encontrase discretamente posterior às cavidades nasal e oral, superior à laringe, e imediatamente anterior às vértebras cervicais. Sua parede é constituída por músculos esqueléticos e é revestida por túnica mucosa. Músculos esqueléticos relaxados ajudam a manter a faringe patente. A contração dos músculos esqueléticos auxilia na deglutição. A faringe atua como uma passagem para o ar e comida, fornece uma câmara de ressonância para os sons da fala e abriga as tonsilas, que participam das reações imunológicas contra invasores estranhos. A faringe pode ser dividida em três regiões anatômicas: (1) parte nasal da faringe (chamada nasofaringe na prática clínica), (2) parte oral da faringe (chamada orofaringe na prática clínica), e (3) parte laríngea da faringe (chamada laringofaringe na prática clínica). (Ver o diagrama de orientação na parte inferior da Figura 23.2B.) Os músculos de toda a faringe estão dispostos em duas camadas, uma circular externa e uma longitudinal interna. A parte superior da faringe, chamada de parte nasal da faringe, encontrase posterior à cavidade nasal e se estende até o palato mole. O palato mole, que forma a porção posterior do céu da boca, é uma partição muscular em forma de arco entre as partes nasal e oral da faringe que é revestida por túnica mucosa. Há cinco aberturas na sua parede: dois cóanos, dois óstios que conduzem às tubas auditivas e a abertura para a parte oral da faringe. A parede posterior também contém a tonsila faríngea. Por meio dos cóanos, a parte nasal da faringe recebe o ar da cavidade nasal, juntamente com o muco com pó. A parte nasal da faringe é revestida por epitélio colunar pseudoestratificado ciliado, e os cílios movem o muco para baixo em direção à parte mais inferior da faringe. A parte nasal da faringe também troca pequenos volumes de ar com as tubas auditivas para equalizar a pressão do ar entre a orelha média e a atmosfera. A porção intermédia da faringe, a parte oral da faringe, encontrase posterior à cavidade oral e se estende desde o palato mole inferiormente até o nível do hioide. Ela tem apenas uma abertura para ela, a fauce, a abertura da boca. Esta porção da faringe tem funções respiratórias e digestórias, servindo como uma via comum para o ar, a comida e a bebida. Como a parte oral da faringe está sujeita à abrasão por partículas de alimentos, é revestida por epitélio escamoso estratificado não queratinizado. Dois pares de tonsilas, as tonsilas palatina e lingual, são encontradas na parte oral da faringe. A parte inferior da faringe, a parte laríngea da faringe (conhecida como laringofaringe na prática clínica) começa no nível do hioide. Em sua extremidade inferior, se abre no esôfago (tubo alimentar) posteriormente e na laringe (pregas vocais) anteriormente. Como a parte oral da faringe, a parte laríngea da faringe é tanto uma via respiratória quanto digestória e é revestida por epitélio escamoso estratificado não queratinizado. Laringe A laringe é uma pequena conexão entre a parte laríngea da faringe e a traqueia. Encontrase na linha média do pescoço anteriormente ao esôfago e às vértebras cervicais IV a VI (C IV a C VI). A parede da laringe é composta por nove fragmentos de cartilagem (Figura 23.4). Três ocorrem isoladamente (cartilagem tireóidea, epiglote e cartilagem cricóidea) e três ocorrem em pares (cartilagens aritenóidea, cuneiforme e corniculada). Das cartilagens pares, as cartilagens aritenóideas são as mais importantes, porque influenciam as mudanças na posição e na tensão das pregas vocais (cordas vocais verdadeiras para a fala). Os músculos extrínsecos da laringe conectam as cartilagens a outras estruturas na garganta; os músculos intrínsecos conectam as cartilagens entre si. A cavidade da laringe é o espaço que se estende desde a entrada da laringe até a margem inferior da cartilagem cricóidea (descrita em breve). A parte da cavidade da laringe acima das pregas vestibulares (cordas vocais falsas) é chamada de vestíbulo da laringe. A parte da cavidade da laringe abaixo das pregas vocais é chamada de cavidade infraglótica (Figura 23.4D). A cartilagem tireóidea (pomo de Adão) consiste em duas lâminas fundidas de cartilagem hialina que formam a parede anterior da laringe e conferem a ela um formato triangular. Ela é encontrada tanto em homens quanto em mulheres, mas geralmente é maior no sexo masculino em decorrência da influência dos hormônios sexuais masculinos em seu crescimento durante a puberdade. O ligamento que liga a cartilagem tireóidea ao hioide é chamado membrana tíreohióidea. A epigloteé um segmento grande de cartilagem elástica em forma de folha que é recoberta por epitélio (ver também Figura 23.2B). Existe uma parte inferior afilada (pecíolo epiglótico) que está conectada à margem anterior da cartilagem tireóidea. A parte superior ampla em forma de “folha” da epiglote (cartilagem epiglótica) não está presa a nenhuma estrutura e se move para cima e para baixo como um alçapão. Durante a deglutição, a faringe e a laringe se movem para cima. A elevação da faringe ampliaa para receber alimentos ou bebidas; a elevação da laringe faz com que a epiglote se mova para baixo e cubra a glote, fechandoa. A glote é composta por um par de pregas de túnica mucosa, as pregas vocais 1152 (cordas vocais verdadeiras) na laringe, e o espaço entre elas é chamado de rima da glote. O fechamento da laringe desta maneira durante a deglutição desvia líquidos e alimentos para o esôfago e os mantêm fora da laringe e das vias respiratórias. Quando pequenas partículas de poeira, fumaça, alimentos ou líquidos passam para a laringe, ocorre um reflexo de tosse, geralmente expelindo o material. Figura 23.4 Laringe. A laringe é composta por nove peças de cartilagem. 1153 Como a epiglote impede a aspiração de alimentos e líquidos? A cartilagem cricóidea é um anel de cartilagem hialina que forma a parede inferior da laringe. Ela se insere ao primeiro anel de cartilagem da traqueia pelo ligamento cricotraqueal. A cartilagem tireóidea está ligada à cartilagem cricóidea pelo ligamento cricotireóideo. A cartilagem cricóidea é o marco para fazer um acesso de emergência às vias respiratórias chamado de traqueotomia (ver Correlação Clínica | Traqueotomia e intubação). O par de cartilagens aritenóideas são segmentos triangulares formados principalmente por cartilagem hialina localizados na margem posterior superior da cartilagem cricóidea. Eles formam articulações sinoviais com a cartilagem cricóidea e têm uma ampla gama de mobilidade. O par de cartilagens corniculadas, peças em forma de chifre de cartilagem elástica, está localizado no ápice de cada cartilagem aritenóidea. O par de cartilagens cuneiformes, cartilagens elásticas em forma de taco anteriores às cartilagens corniculadas, apoia as pregas vocais e as faces laterais da epiglote. O revestimento da laringe superiormente às pregas vocais é de epitélio escamoso estratificado não queratinizado. O revestimento da laringe inferiormente às pregas vocais é de epitélio colunar pseudoestratificado ciliado, constituído por células colunares ciliadas, células caliciformes e células basais. O muco produzido pelas células caliciformes ajuda a reter a poeira que não foi removida nas vias superiores. Os cílios da parte superior do sistema respiratório movem o muco e as partículas aprisionadas para baixo em direção à faringe; os cílios da parte inferior do sistema respiratório os movem para cima em direção à faringe. Estruturas envolvidas na produção da voz A túnica mucosa da laringe forma dois pares de pregas (Figura 23.4C): um par superior chamado de pregas vestibulares (cordas vocais falsas) e um par inferior chamado de pregas vocais (cordas vocais verdadeiras). O espaço entre as pregas vestibulares é conhecido como rima do vestíbulo. O ventrículo da laringe é uma expansão lateral da parte média da cavidade da laringe inferior às pregas vestibulares e superior às pregas vocais (ver Figura 23.2B). Embora as pregas 1154 vestibulares não atuem na produção da voz, têm outras funções importantes. Quando elas estão unidas, atuam no prender a respiração contra a pressão na cavidade torácica, como pode ocorrer quando uma pessoa faz força para levantar um objeto pesado. As pregas vocais são as principais estruturas envolvidas na produção da voz. Profundamente à túnica mucosa das pregas vocais, que é de epitélio escamoso estratificado não queratinizado, estão faixas de ligamentos elásticos entre as rígidas cartilagens da laringe como as cordas de uma guitarra. Músculos intrínsecos da laringe se inserem tanto às cartilagens rígidas quanto às pregas vocais. Quando os músculos se contraem, eles movem as cartilagens, que tensionam os ligamentos elásticos, e isso distende as pregas vocais para fora para as vias respiratórias, de modo que a rima da glote é estreitada. Contrair e relaxar os músculos varia a tensão nas pregas vocais, de modo semelhante a soltar ou apertar uma corda de violão. O ar que passa pela laringe vibra as pregas e produz som (fonação) pela criação de ondas de som na coluna de ar na faringe, no nariz e na boca. A variação do tom do som está relacionada com a tensão nas pregas vocais. Quanto maior a pressão do ar, mais alto o som produzido pela vibração das pregas vocais. Quando os músculos intrínsecos da laringe se contraem, eles puxam as cartilagens aritenóideas, o que faz com que as cartilagens girem e deslizem. A contração dos músculos cricoaritenóideos posteriores, por exemplo, afasta as pregas vocais (abdução), abrindo assim a rima da glote (Figura 23.5A). Por outro lado, a contração dos músculos cricoaritenóideos laterais aproximas as pregas vocais uma da outra (adução), fechando assim a rima da glote (Figura 23.5B). Outros músculos intrínsecos podem alongar (e colocar tensão sobre) ou encurtar (e relaxar) as pregas vocais. O tom do som é controlado pela tensão nas pregas vocais. Se elas estão esticadas pelos músculos, vibram mais rapidamente, e isso resulta em um tom maior. A diminuição da tensão muscular nas pregas vocais faz com que elas vibrem mais lentamente e produzam sons de tons mais baixos. Por causa da influência de andrógenos (hormônios sexuais masculinos), as pregas vocais geralmente são mais espessas e maiores no sexo masculino do que no feminino e, portanto, vibram mais lentamente. É por isso que a voz do homem geralmente tem menor variação no tom do que em uma mulher. O som se origina da vibração das pregas vocais, mas outras estruturas são necessárias para a conversão do som em fala reconhecível. A faringe, a boca, a cavidade nasal e os seios paranasais atuam como câmaras de ressonância que dão à voz a sua qualidade humana e individual. Produzimos os sons das vogais pela constrição e relaxamento dos músculos da parede da faringe. Os músculos da face, da língua e dos lábios nos ajudam a pronunciar palavras. O sussurro é realizado ao fechar toda a rima da glote, exceto sua parte posterior. Como as pregas vocais não vibram durante o sussurrar, não há tonalidade nesse modo de expressão. No entanto, ainda é possível produzir a fala inteligível ao sussurrar alterando a forma da cavidade oral quando nos pronunciamos. À medida que o tamanho da cavidade oral muda, suas qualidades de ressonância mudam, o que dá ao ar um tom semelhante a vogal quando ele vai em direção aos lábios. Figura 23.5 Movimento das pregas vocais. A glote consiste em um par de pregas de túnica mucosa na laringe (pregas vocais) e do espaço entre elas (rima da glote). 1155 Qual é a principal função das pregas vocais? CORRELAÇÃO CLÍNICA | Laringite e câncer de laringe A laringite é uma in�amação da laringe que é mais frequentemente causada por infecção respiratória ou substâncias irritantes, como a fumaça do cigarro. A in�amação das pregas vocais provoca rouquidão ou perda da voz pela interferência na contração das pregas ou por fazer-lhes inchar até o ponto em que não podem vibrar livremente. Muitos fumantes de longa data apresentam rouquidão permanente pelo dano causado pela in�amação crônica. O câncer de laringe é encontrado quase que exclusivamente em indivíduos que fumam. A condição é caracterizada por rouquidão, dor ao engolir ou dor que irradia para a orelha. Otratamento consiste em irradiação e/ou cirurgia. Traqueia A traqueia é uma via tubular para o ar com aproximadamente 12 cm de comprimento e 2,5 cm de diâmetro. Está localizada anteriormente ao esôfago (Figura 23.6) e se estende desde a laringe até a margem superior da vértebra T V, onde se divide em brônquios primários direito e esquerdo (ver Figura 23.7). As camadas da parede da traqueia, da profunda à superficial, são a (1) túnica mucosa, (2) tela submucosa, (3) cartilagem hialina e (4) túnica adventícia (composta de tecido conjuntivo areolar). A túnica mucosa da traqueia consiste em uma camada de epitélio colunar pseudoestratificado ciliado e uma camada subjacente de lâmina própria que contém fibras elásticas e reticulares. Ela oferece a mesma proteção contra poeira que a túnica que reveste a cavidade nasal e a laringe. A tela submucosa consiste em tecido conjuntivo areolar que contém glândulas seromucosas e seus ductos. Figura 23.6 Localização da traqueia em relação ao esôfago. A traqueia encontrase anteriormente ao esôfago e se estende da laringe à margem superior de T V. 1156 Qual é a vantagem de a cartilagem traqueal não ter anéis completos entre a traqueia e o esôfago? Os 16 a 20 anéis horizontais incompletos de cartilagem hialina se assemelham à letra C, estão empilhados uns sobre os outros e estão ligados por tecido conjuntivo denso. Podem ser palpados através da pele inferiormente à laringe. A parte aberta de cada anel de cartilagem em formato de C está voltada posteriormente em direção ao esôfago (Figura 23.6) e é cruzada por uma membrana fibromuscular. Nessa membrana estão fibras musculares lisas transversais – chamadas músculo traqueal – e tecido conjuntivo elástico, que possibilita que o diâmetro da traqueia mude sutilmente durante a inspiração e a expiração; isso é importante para manter o fluxo de ar eficiente. Os sólidos anéis de cartilagem em formato de C fornecem um suporte semirrígido para manter a desobstrução de modo que a parede traqueal não colapse para dentro (especialmente durante a inspiração) obstruindo a passagem de ar. A túnica adventícia da traqueia é composta por tecido conjuntivo areolar que une a traqueia aos tecidos circunvizinhos. CORRELAÇÃO CLÍNICA | Traqueotomia e intubação Várias condições podem bloquear o �uxo de ar pela obstrução da traqueia. Os anéis de cartilagem que apoiam a traqueia podem ser acidentalmente esmagados, a túnica mucosa pode se in�amar e inchar a ponto de fechar a passagem, o excesso de muco secretado pelas membranas in�amadas pode entupir as vias respiratórias inferiores, um objeto grande pode ser aspirado (inalado) ou um tumor canceroso pode protrair-se para dentro da via respiratória. Dois métodos são usados para restabelecer o �uxo de ar em caso de obstrução traqueal. Se a obstrução está acima do nível da laringe, pode-se realizar uma traqueotomia. Neste procedimento, também chamado traqueostomia, uma incisão na pele é seguida por uma incisão longitudinal curta na traqueia abaixo da cartilagem cricóidea. Insere-se então um tubo traqueal de modo a criar uma passagem de emergência para o ar. O segundo método é a intubação, em que se introduz um tubo na boca ou no nariz que é passado inferiormente ao longo da laringe e da traqueia. A parede �rme do tubo empurra qualquer obstrução �exível, e o lúmen do tubo fornece uma passagem para o ar; o muco que obstrui a traqueia pode ser aspirado para fora por meio do tubo. Brônquios Na margem superior da vértebra T V, a traqueia se divide em um brônquio principal direito, que vai para o pulmão direito, e um brônquio principal esquerdo, que vai para o pulmão esquerdo (Figura 23.7). O brônquio principal direito é mais vertical, mais curto e mais largo do que o esquerdo. Como resultado, um objeto aspirado tem maior probabilidade de entrar e se alojar no brônquio principal direito do que no esquerdo. Tal como a traqueia, os brônquios principais contêm anéis incompletos de cartilagem e são revestidos por epitélio colunar pseudoestratificado ciliado. Figura 23.7 Ramificação das vias respiratórias a partir da traqueia: a árvore bronquial. A árvore bronquial é composta por vias respiratórias macroscópicas que começam na traqueia e continuam até os bronquíolos terminais. 1157 1. 2. 3. Quantos lobos e brônquios lobares existem em cada pulmão? No ponto em que a traqueia se divide em brônquios principais direito e esquerdo, uma crista interna chamada de carina é formada por uma projeção posterior e um pouco inferior da última cartilagem traqueal. A túnica mucosa da carina é uma das áreas mais sensíveis de toda a laringe e traqueia para desencadear um reflexo da tosse. O alargamento e distorção da carina é um sinal grave, pois geralmente indica um carcinoma dos linfonodos ao redor da região onde a traqueia se divide. Ao entrar nos pulmões, o brônquio principal se divide formando brônquios menores – os brônquios lobares, uma para cada lobo do pulmão. (O pulmão direito tem três lobos, o pulmão esquerdo tem dois.) Os brônquios lobares continuam ramificandose, formando brônquios ainda menores, chamados brônquios segmentares, que irrigam segmentos broncopulmonares específicos dentro dos lobos. Os brônquios segmentares então se dividem em bronquíolos. Os bronquíolos também se ramificam repetidamente e o menor dos ramos ramificase em tubos ainda menores chamados bronquíolos terminais. Estes bronquíolos contêm células exócrinas bronquiolares, células colunares não ciliadas intercaladas entre as células epiteliais. As células exócrinas bronquiolares podem proteger contra os efeitos nocivos de toxinas inaladas e substâncias cancerígenas, produzem surfactante (discutido em breve) e funcionam como célulastronco (células estaminais), que dão origem a várias células do epitélio. Os bronquíolos terminais representam o fim da zona de condução do sistema respiratório. Esta extensa ramificação da traqueia até os bronquíolos terminais se assemelha a uma árvore invertida e é comumente chamada árvore bronquial. À medida que a ramificação se torna mais extensa na árvore bronquial, várias mudanças estruturais podem ser observadas. A túnica mucosa na árvore bronquial muda de epitélio colunar pseudoestratificado ciliado nos brônquios principais, brônquios lobares e brônquios segmentares para epitélio colunar simples ciliado com algumas células caliciformes nos bronquíolos maiores, para principalmente epitélio cúbico simples ciliado sem células caliciformes nos bronquíolos menores, para principalmente epitélio cúbico simples não ciliado nos bronquíolos terminais. Recordese que o epitélio ciliado da membrana respiratória remove as partículas inaladas de duas maneiras. O muco produzido pelas células caliciformes retém as partículas, e os cílios movem o muco e as partículas retidas para a faringe para serem removidos. Em regiões com epitélio cúbico simples não ciliado, as partículas inaladas são removidas por macrófagos. As lâminas de cartilagem gradualmente substituem os anéis incompletos de cartilagem nos brônquios principais e por fim desaparecem nos bronquíolos distais. À medida que a quantidade de cartilagem diminui, a quantidade de músculo liso aumenta. O músculo liso circunda o 1158 4. 5. 6. 7. lúmen em faixas espiraladas e ajuda a manter a permeabilidade. No entanto, como não há cartilagem de suporte, espasmos musculares podem fechar as vias respiratórias. Isto é o que acontece durante uma crise de asma brônquica, uma situação potencialmente fatal. Durante o exercício, a atividade na parte simpática da divisão autônoma do sistema nervoso (SNA) aumenta e a medula da glândula suprarrenal libera os hormônios epinefrinae norepinefrina; estes dois eventos causam o relaxamento do músculo liso nos bronquíolos, que dilata as vias respiratórias. Como o ar chega aos alvéolos mais rapidamente, a ventilação pulmonar melhora. A parte parassimpática do SNA e os mediadores de reações alérgicas, como a histamina, têm efeito oposto, causando contração do músculo liso brônquico, o que resulta em constrição dos brônquios distais. TESTE RÁPIDO Faça uma lista dos papéis de cada uma das três regiões anatômicas da faringe na respiração. Como a laringe atua na respiração e na produção da voz? Descreva a localização, a estrutura e a função da traqueia. Descreva a estrutura da árvore bronquial. Pulmões Os pulmões são órgãos cônicos pareados na cavidade torácica (Figura 23.8). Eles são separados um do outro pelo coração e por outras estruturas do mediastino, que dividem a cavidade torácica em duas câmaras anatomicamente distintas. Como resultado, se um traumatismo provocar o colapso de um pulmão, o outro pode permanecer expandido. Cada pulmão é fechado e protegido por uma túnica serosa de camada dupla chamada pleura. A camada superficial, chamada de pleura parietal, reveste a parede da cavidade torácica; a camada profunda, a pleura visceral, recobre os pulmões propriamente ditos (Figura 23.8). Entre a pleura visceral e a pleura parietal há um pequeno espaço, a cavidade pleural, que contém um pequeno volume de líquido lubrificante que é secretado pelas membranas. Este líquido pleural reduz o atrito entre as membranas, o que lhes possibilita deslizar facilmente uma sobre a outra durante a respiração. O líquido pleural também faz com que as duas membranas adiram uma à outra, assim como uma película de água faz com que duas lâminas microscópicas de vidro fiquem juntas, um fenômeno chamado de tensão superficial. Cavidades pleurais separadas circundam os pulmões esquerdo e direito. A inflamação da membrana pleural, chamada de pleurisia ou pleurite, pode em seus estágios iniciais causar dor decorrente do atrito entre as camadas parietal e visceral da pleura. Se a inflamação persistir, o líquido em excesso se acumula no espaço pleural, em uma condição conhecida como derrame pleural. Figura 23.8 Relação entre a pleura e os pulmões. A pleura parietal reveste a cavidade torácica, e a pleura visceral recobre os pulmões. Que tipo de membrana é a pleura? 1159 CORRELAÇÃO CLÍNICA | Pneumotórax e hemotórax Em determinadas condições, as cavidades pleurais podem se encher de ar (pneumotórax), sangue (hemotórax) ou pus. O ar nas cavidades pleurais, mais comumente introduzido em uma abertura cirúrgica do tórax ou como resultado de um ferimento por arma branca ou projetil de arma de fogo, pode fazer com que os pulmões colapsem. Este colapso de uma parte de um pulmão, ou raramente de um pulmão inteiro, é chamado de atelectasia. O objetivo do tratamento é evacuar o ar (ou sangue) do espaço pleural, o que possibilita a reinsu�ação do pulmão. Um pequeno pneumotórax pode ser reabsorvido espontaneamente, mas muitas vezes é necessário inserir um dreno de tórax para ajudar na evacuação. Os pulmões se estendem desde o diafragma até a região discretamente superior às clavículas e encontrase contra as costelas anterior e posteriormente (Figura 23.9A). A larga parte inferior do pulmão, a base, é côncava e se encaixa sobre a zona convexa do diafragma. A parte superior estreita do pulmão é o ápice. A superfície do pulmão apoiada sobre as costelas, a face costal, coincide com a curvatura arredondada das costelas. A face mediastinal (medial) de cada pulmão contém uma região, o hilo do pulmão, por meio da qual os brônquios, os vasos sanguíneos pulmonares, os vasos linfáticos e os nervos entram e saem (Figura 23.9E). Estas estruturas são mantidas unidas pela pleura e tecido conjuntivo e constituem a raiz do pulmão. Medialmente, o pulmão esquerdo também contém uma concavidade, a incisura cardíaca, em que o vértice do coração se encontra. Em razão do espaço ocupado pelo coração, o pulmão esquerdo é aproximadamente 10% menor do que o pulmão direito. Embora o pulmão direito seja mais espesso e mais largo, é também um pouco mais curto do que o pulmão esquerdo, porque o diafragma é maior no lado direito, acomodando o fígado que se encontra inferiormente a ele. Os pulmões preenchem quase todo o tórax (Figura 23.9A). O ápice dos pulmões encontrase superiormente ao terço médio das clavículas, e esta é a única área em que ele pode ser palpado. As faces anterior, lateral e posterior dos pulmões se apoiam sobre as costelas. A base dos pulmões se estende da 6a cartilagem costal anteriormente ao processo espinhoso da vértebra T X posteriormente. A pleura se estende de aproximadamente 5 cm abaixo da base, da 6a cartilagem costal anteriormente à costela XII posteriormente. Assim, os pulmões não preenchem completamente a cavidade pleural nesta área. A remoção do excesso de líquido na cavidade pleural pode ser feita sem lesionar o tecido pulmonar por meio da inserção de uma agulha anteriormente através do 7o espaço intercostal, em um procedimento chamado de toracocentese. A agulha é passada ao longo da margem superior da costela inferior para evitar danos aos nervos intercostais e vasos sanguíneos. Inferiormente ao 7o espaço intercostal há o perigo de penetrar o diafragma. Lobos, fissuras e lóbulos Uma ou duas fissuras dividem cada pulmão em lobos (Figura 23.9BE). Ambos os pulmões têm uma fissura oblíqua, que se estende inferior e anteriormente; o pulmão direito tem também uma fissura, a fissura horizontal do pulmão direito. A fissura oblíqua no pulmão esquerdo separa o lobo superior do lobo inferior. No pulmão direito, a parte superior da fissura oblíqua separa o lobo superior do lobo inferior; a parte inferior da fissura oblíqua separa o lobo inferior do lobo médio, que é limitado superiormente pela fissura horizontal. Cada lobo recebe seu próprio brônquio lobar. Assim, o brônquio principal direito dá origem a três brônquios lobares chamados brônquios lobares superior, médio e inferior; o brônquio principal esquerdo dá origem aos brônquios lobares superior e inferior. No pulmão, os brônquios lobares dão origem aos brônquios segmentares, que são constantes tanto em origem quanto em distribuição – existem 10 brônquios segmentares em cada pulmão. O segmento de tecido pulmonar que cada brônquio segmentar supre é chamado segmento broncopulmonar. As doenças brônquicas e pulmonares (como os tumores ou abscessos) que estão localizados em um segmento broncopulmonar podem ser removidas cirurgicamente sem perturbar gravemente o tecido pulmonar circundante. Cada segmento broncopulmonar dos pulmões tem muitos pequenos compartimentos, chamados lóbulos; cada lóbulo é envolvido por tecido conjuntivo elástico e contém um vaso linfático, uma arteríola, uma vênula e uma ramificação de um bronquíolo terminal (Figura 23.10A). Os bronquíolos terminais subdividemse em ramos microscópicos chamados bronquíolos respiratórios (Figura 23.10B). Eles também têm alvéolos (descritos adiante) ramificandose de suas paredes. Os alvéolos participam das trocas gasosas; portanto, os bronquíolos respiratórios iniciam a zona respiratória do sistema respiratório. Conforme os bronquíolos respiratórios penetram mais profundamente nos pulmões, o revestimento epitelial passa de cúbico simples para escamoso simples. Os bronquíolos respiratórios por sua vez se subdividem em vários (2 a 11) ductos alveolares, que consistem em epitélio escamoso simples. As vias respiratórias da traqueia aos ductos alveolares contêm aproximadamente 25 ordens de ramificação; a ramificação da traqueia em brônquiosprimários é chamada de ramificação de primeira ordem; aquela dos brônquios principais em brônquios lobares é chamada ramificação de segunda ordem, e assim por diante até os ductos alveolares. 1160 Figura 23.9 Anatomia de superfície dos pulmões. A fissura oblíqua divide o pulmão esquerdo em dois lobos. As fissuras oblíqua e horizontal dividem o pulmão direito em três lobos. Por que os pulmões direito e esquerdo têm formato e tamanho discretamente diferentes? Alvéolos Em torno da circunferência dos ductos alveolares estão diversos alvéolos e sacos alveolares. Um alvéolo é uma evaginação em formato de taça revestida por epitélio escamoso simples e apoiada por uma membrana basal fina e elástica; um saco alveolar é constituído por dois ou mais alvéolos que compartilham uma abertura comum (Figura 23.10A, B). As paredes dos alvéolos são formadas por dois tipos de células epiteliais alveolares (Figura 23.11). As células alveolares do tipo I (epiteliais escamosas pulmonares), mais numerosas, são células epiteliais escamosas simples que formam um revestimento quase contínuo da parede alveolar. As células alveolares do tipo II, também chamadas células septais, existem em menor 1161 número e são encontradas entre as células alveolares do tipo I. As finas células alveolares do tipo I são os principais locais de trocas gasosas. As células alveolares do tipo II, células epiteliais arredondadas ou cúbicas com superfícies livres contendo microvilosidades, secretam líquido alveolar, o que mantém úmida a superfície entre as células e o ar. Incluído no líquido alveolar está o surfactante, uma complexa mistura de fosfolipídios e lipoproteínas. O surfactante reduz a tensão superficial do líquido alveolar, o que diminui a tendência de colabamento dos alvéolos e, assim, mantém a sua perviedade a (descrita mais adiante). Figura 23.10 Anatomia microscópica de um lóbulo dos pulmões. Os sacos alveolares consistem em dois ou mais alvéolos que compartilham uma abertura comum. Que tipos de células compõem a parede de um alvéolo? Associados à parede alveolar estão os macrófagos alveolares, que removem partículas finas de poeira e outros detritos dos espaços alveolares. Também são encontrados fibroblastos, que produzem fibras reticulares e elásticas. Subjacente à camada de células alveolares do tipo I está uma membrana basal elástica. Na face externa dos alvéolos, as arteríolas e vênulas do lóbulo se dispersam em uma rede de capilares sanguíneos (ver Figura 23.10A) que consistem em uma camada única de células endoteliais e membrana basal. A troca de O2 e CO2 entre os alvéolos nos pulmões e o sangue se dá por difusão através das paredes alveolares e capilares, que juntos formam a membrana respiratória. Estendendose do alvéolo ao plasma sanguíneo, a membrana respiratória é composta por quatro camadas (Figura 23.11B): Figura 23.11 Componentes estruturais de um alvéolo. A membrana respiratória é constituída por uma camada de células alveolares dos tipos I e II, uma membrana basal epitelial, uma membrana basal capilar e o endotélio capilar. A troca de gases respiratórios ocorre por difusão através da membrana respiratória. 1162 1. Qual é a espessura da membrana respiratória? Uma camada de células alveolares dos tipos I e II, e macrófagos alveolares associados que constituem a parede alveolar. 1163 2. 3. 4. Uma membrana basal epitelial subjacente à parede alveolar. Uma membrana basal capilar que muitas vezes está fundida à membrana basal epitelial. O endotélio capilar. Apesar de ter várias camadas, a membrana respiratória é muito fina – tem somente 0,5 μm de espessura, aproximadamente 1/16 do diâmetro de um eritrócito – para possibilitar a rápida difusão dos gases. Estimase que os pulmões contenham 300 milhões de alvéolos, proporcionando uma imensa área de superfície de 70 m2 para as trocas gasosas – aproximadamente do tamanho de uma quadra de squash. Irrigação sanguínea dos pulmões Os pulmões são irrigados por dois conjuntos de artérias: as artérias pulmonares e os ramos bronquiais da parte torácica da aorta. O sangue venoso passa pelo tronco pulmonar, que se divide em uma artéria pulmonar esquerda que entra no pulmão esquerdo e uma artéria pulmonar direita que entra no pulmão direito. (As artérias pulmonares são as únicas artérias do corpo que transportam sangue desoxigenado.) O retorno do sangue oxigenado para o coração ocorre pelas quatro veias pulmonares, que drenam para o átrio esquerdo (ver Figura 21.29). Uma característica única dos vasos sanguíneos pulmonares é a sua constrição em resposta à hipoxia (baixo nível de O2) localizada. Em todos os outros tecidos do corpo, a hipoxia provoca a dilatação dos vasos sanguíneos para aumentar o fluxo sanguíneo. Nos pulmões, no entanto, a vasoconstrição em resposta à hipoxia desvia sangue pulmonar de áreas dos pulmões com pouca ventilação para regiões bem ventiladas para possibilitar trocas gasosas mais eficientes. Este fenômeno é conhecido como equilíbrio ventilação perfusão, porque a perfusão (fluxo sanguíneo) para cada área dos pulmões corresponde à extensão da ventilação (fluxo de ar) para os alvéolos nessa área. Os ramos bronquiais da parte torácica da aorta levam sangue oxigenado aos pulmões. Este sangue perfunde principalmente as paredes musculares dos brônquios e bronquíolos. No entanto, existem conexões entre os ramos bronquiais e os ramos das artérias pulmonares; a maior parte do sangue retorna ao coração por meio das veias pulmonares. Um pouco de sangue drena para as veias bronquiais, ramos do sistema ázigo, e retorna ao coração por meio da veia cava superior. CORRELAÇÃO CLÍNICA | Resfriado, gripe sazonal e gripe H1N1 Centenas de vírus podem causar resfriado comum, mas um grupo de vírus chamado rinovírus é responsável por aproximadamente 40% de todos os resfriados em adultos. Os sinais/sintomas típicos incluem espirros, secreção nasal excessiva, tosse seca e congestão. O resfriado comum não complicado geralmente não é acompanhado por febre. As complicações incluem sinusite, asma brônquica, bronquite, otite e laringite. Pesquisas recentes sugerem uma associação entre o estresse emocional e o resfriado comum. Quanto maior o nível de estresse, maior é a frequência e duração dos resfriados. A gripe sazonal (in�uenza) também é causada por vírus. Seus sintomas incluem calafrios, febre (geralmente superior a 39°C), cefaleia e mialgia. A gripe sazonal pode se tornar fatal e pode evoluir para pneumonia. É importante reconhecer que a gripe é uma doença respiratória, não gastrintestinal (GI). Muitas pessoas erroneamente relatam ter gripe sazonal quando na verdade estão com uma doença GI. A gripe H1N1, também conhecida como gripe suína, é um tipo de gripe provocado por um vírus novo chamado in�uenza H1N1. O vírus se dissemina do mesmo modo que a gripe sazonal: transmissão interpessoal por meio da tosse ou espirro ou por contato com objetos infectados seguido pelo toque da boca ou do nariz. A maior parte das pessoas infectadas com o vírus têm doença leve e se recupera sem tratamento médico, mas algumas pessoas têm a forma grave da doença e até mesmo morrem. Os sinais/sintomas da gripe H1N1 incluem febre, tosse, coriza, congestão nasal, cefaleia, dor no corpo, calafrios e fadiga. Algumas pessoas também têm vômitos e diarreia. A maior parte das pessoas que foram hospitalizadas por gripe H1N1 tinham uma ou mais condições clínicas preexistentes, como diabetes, doenças cardíacas, asma brônquica e doença renal, ou estavam grávidas. As pessoas infectadas com o vírus podem infectar outras pessoas de 1 dia antes de os sintomas ocorrerem a 5 a 7 dias ou mais depois de eles terem ocorrido. O tratamento da gripe H1N1envolve fármacos antivirais, como oseltamivir e zanamivir. A vacina também está disponível, mas a vacina contra a gripe H1N1 não substitui as vacinas contra a gripe sazonal. Perviedade do sistema respiratório Ao longo da discussão dos órgãos respiratórios, foram dados vários exemplos de estruturas ou secreções que ajudam a manter a perviedade do sistema de modo que as vias respiratórias permaneçam desobstruídas. Estas incluíram as estruturas ósseas e cartilagíneas do nariz, os músculos esqueléticos da faringe, as cartilagens da laringe, os anéis de cartilagem em 1164 8. 9. 10. 11. 23.2 • 1. 2. 3. formato de C da traqueia e brônquios, o músculo liso dos bronquíolos e o surfactante dos alvéolos. Infelizmente, há também condições que podem comprometer a perviedade. Estas incluem lesões por esmagamento de ossos e cartilagens, desvio de septo nasal, pólipos nasais, inflamação das túnicas mucosas, espasmos do músculo liso e deficiência de surfactante. Um resumo dos revestimentos epiteliais e características especiais dos órgãos do sistema respiratório é apresentado na Tabela 23.1. TESTE RÁPIDO Onde estão localizados os pulmões? Diferencie a pleura parietal da visceral. Defina cada uma das seguintes partes de um pulmão: base, ápice, face costal, face mediastinal, hilo, raiz, incisura cardíaca, lobo e lóbulo. O que é um segmento broncopulmonar? Descreva a histologia e função da membrana respiratória. Ventilação pulmonar OBJETIVO Descrever os eventos que causam a inspiração e a expiração. O processo de troca gasosa no corpo, chamado de respiração, tem três passos básicos: A ventilação pulmonar, ou respiração, é a inspiração (inalação) e expiração (exalação) do ar e envolve a troca de ar entre a atmosfera e os alvéolos dos pulmões. A respiração externa (pulmonar) é a troca de gases entre os alvéolos dos pulmões e o sangue nos capilares pulmonares através da membrana respiratória. Neste processo, o sangue capilar pulmonar ganha O2 e perde CO2. A respiração interna (tecidual) é a troca de gases entre o sangue nos capilares sistêmicos e as células teciduais. Nesta etapa, o sangue perde O2 e ganha CO2. Dentro das células, as reações metabólicas que consomem O2 e liberam CO2 durante a produção de ATP são denominadas respiração celular (discutida no Capítulo 25). Na ventilação pulmonar, o ar flui entre a atmosfera e os alvéolos dos pulmões em decorrência das diferenças de pressão alternadas produzidas pela contração e pelo relaxamento dos músculos respiratórios. A taxa de fluxo de ar e o esforço necessário para a respiração também são influenciados pela tensão superficial alveolar, complacência dos pulmões e resistência das vias respiratórias. TABELA 23.1 Resumo das estruturas do sistema respiratório. ESTRUTURA EPITÉLIO CÍLIOS CÉLULAS CALICIFORMES CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS NARIZ Vestíbulo Escamoso estrati�cado não queratinizado Não Não Contém inúmeros pelos. Região respiratória Colunar pseudoestrati�cado ciliado Sim Sim Contém conchas e meatos. Região olfatória Epitélio olfatório (receptores olfatórios) Sim Não Atua na olfação. FARINGE Parte nasal da faringe Colunar pseudoestrati�cado ciliado Sim Sim Passagem para o ar; contém cóanos, óstios para as tubas auditivas e tonsila faríngea. Parte oral da faringe Escamoso estrati�cado não queratinizado Não Não Passagem para o ar e alimentos e bebidas; contém abertura que vem da boca (fauces). 1165 Parte laríngea da faringe Escamoso estrati�cado não queratinizado Não Não Passagem para o ar, alimentos e bebidas. LARINGE Escamoso estrati�cado não queratinizado acima das pregas vocais; colunar pseudoestrati�cado ciliado abaixo das pregas vocais Não acima das pregas; sim abaixo das pregas Não acima das pregas; sim abaixo das pregas Passagem para o ar; contém pregas vocais para a produção de voz. TRAQUEIA Colunar pseudoestrati�cado ciliado Sim Sim Passagem para o ar; contém anéis de cartilagem em forma de C para manter a traqueia aberta. BRÔNQUIOS Brônquios principais Colunar pseudoestrati�cado ciliado Sim Sim Passagem para o ar; contêm anéis de cartilagem em forma de C para manter a perviedade. Brônquios lobares Colunar pseudoestrati�cado ciliado Sim Sim Passagem para o ar; contêm lâminas de cartilagem para manter a perviedade. Brônquios segmentares Colunar pseudoestrati�cado ciliado Sim Sim Passagem para o ar; contêm lâminas de cartilagem para manter a perviedade. Bronquíolos maiores Colunar simples ciliado Sim Sim Passagem para o ar; contêm mais músculo liso do que nos brônquios. Bronquíolos menores Colunar simples ciliado. Sim Não Passagem para o ar; contêm mais músculo liso do que nos bronquíolos maiores. Bronquíolos terminais Colunar simples não ciliado Não Não Passagem para o ar; contêm mais músculo liso do que nos bronquíolos menores. PULMÕES Bronquíolos respiratórios Cúbico simples a escamoso simples Não Não Passagem para o ar; trocas gasosas. Ductos alveolares Escamoso simples Não Não Passagem para o ar; trocas gasosas; produz surfactante. Alvéolos Escamoso simples Não Não Passagem para o ar; trocas gasosas; produz surfactante para manter a perviedade. Estruturas condutoras Estruturas respiratórias Mudanças de pressão durante a ventilação pulmonar O ar se move para dentro dos pulmões quando a pressão de ar intrapulmonar é menor do que na atmosfera. O ar se move para fora dos pulmões quando a pressão de ar intrapulmonar é maior do que a pressão do ar na atmosfera. Inspiração A respiração envolve a inspiração (inalação). Pouco antes de cada inspiração, a pressão do ar dentro dos pulmões é igual à pressão do ar na atmosfera, que ao nível do mar é de aproximadamente 760 milímetros de mercúrio (mmHg), ou 1 atmosfera (atm). Para o ar fluir para os pulmões, a pressão intraalveolar tem de se tornar mais baixa do que a pressão 1166 atmosférica. Esta condição é alcançada aumentando o tamanho dos pulmões. A pressão de um gás em um recipiente fechado é inversamente proporcional ao volume do recipiente. Isto significa que se o tamanho de um recipiente fechado for aumentado, a pressão do gás no interior do recipiente diminui, e que se o tamanho do recipiente for diminuído, então a pressão em seu interior aumenta. Esta relação inversa entre o volume e a pressão, chamada de lei de Boyle, pode ser demonstrada como se segue (Figura 23.12): suponha que se coloque um gás em um cilindro que tem um êmbolo móvel e um medidor de pressão, e que a pressão inicial criada pelas moléculas de gás na parede do recipiente é de 1 atm. Se o pistão for empurrado para baixo, o gás é comprimido até um volume menor, de modo que a mesma quantidade de moléculas de gás colide com uma área de parede menor. O medidor mostra que a pressão dobra conforme o gás é comprimido até metade do seu volume original. Em outras palavras, a mesma quantidade de moléculas em metade do volume produz o dobro de pressão. Por outro lado, se o pistão é levantado de modo a aumentar o volume, a pressão diminui. Assim, a pressão de um gás varia inversamente com o volume. Diferenças de pressão causadas por alterações no volume do pulmão forçam o ar para dentro dos pulmões quando inspiramos e expiramos. Para que a inspiração ocorra, os pulmões precisam se expandir, o que aumenta o volume pulmonar e, assim, diminui a pressão nos pulmões para níveis inferiores aos da pressão atmosférica. O primeiro passo na expansão dos pulmões durante a inspiração tranquila normal envolve a contração do principal músculo inspiratório, o diafragma, com a resistência dos intercostais externos (Figura 23.13). Figura 23.12 Lei de Boyle. O volume de um gás varia inversamente com a sua pressão. Se o volume for reduzido de 1 ℓ para 1/4 ℓ, qual seria a mudança de pressão? Figura 23.13 Músculos da inspiraçãoe expiração. O músculo peitoral menor (não mostrado aqui) é ilustrado na Figura 11.14A. Durante a inspiração normal tranquila, os músculos diafragma e intercostais externos se contraem, os pulmões se expandem e o ar entra nos pulmões; durante a expiração normal tranquila, os músculos diafragma e intercostais externos relaxam e os pulmões recuam, forçando o ar para fora dos pulmões. 1167 Neste exato momento, qual é o principal músculo que está atuando na sua respiração? O músculo mais importante da inspiração é o diafragma, um músculo esquelético em formato de cúpula que forma o assoalho da cavidade torácica. Ele é inervado por fibras do nervo frênico, que emergem da medula espinal nos níveis cervicais 3, 4 e 5. A contração do diafragma faz com que ele se achate, abaixando a sua cúpula. Isto aumenta o diâmetro vertical da cavidade torácica. Durante a inspiração tranquila normal, o diafragma desce aproximadamente 1 cm, produzindo uma diferença de pressão de 1 a 3 mmHg e a inspiração de aproximadamente 500 m ℓ de ar. No respiração forçada, o diafragma pode descer 10 cm, o que produz uma diferença de pressão de 100 mmHg e a inspiração de 2 a 3 ℓ de ar. A contração do diafragma é responsável por aproximadamente 75% do ar que entra nos pulmões durante a respiração tranquila. A gravidez avançada, a obesidade excessiva ou roupas apertadas no abdome podem impedir a descida completa do diafragma. Os próximos músculos mais importantes à inspiração são os intercostais externos. Quando estes músculos se contraem, eles elevam as costelas. Como resultado, há aumento nos diâmetros anteroposterior e lateral da cavidade torácica. A contração dos intercostais externos é responsável por aproximadamente 25% do ar que entra nos pulmões durante a respiração tranquila normal. Durante inspirações tranquilas, a pressão entre as duas camadas pleurais na cavidade pleural, a chamada pressão intrapleural (intratorácica), é sempre subatmosférica (inferior à pressão atmosférica). Pouco antes da inspiração, ela mede aproximadamente 4 mmHg a menos do que a pressão atmosférica, ou aproximadamente 756 mmHg a uma pressão atmosférica de 760 mmHg (Figura 23.14). À medida que o diafragma e os músculos intercostais externos se contraem e o tamanho global da cavidade torácica aumenta, o volume da cavidade pleural também cresce, o que faz com que a pressão intrapleural diminua para aproximadamente 754 mmHg. Durante a expansão do tórax, as pleuras parietal e visceral normalmente estão firmemente aderidas uma à outra, em decorrência da pressão subatmosférica entre elas e da tensão superficial criada pelas suas superfícies úmidas adjacentes. Conforme a cavidade torácica se expande, a pleura parietal que reveste a cavidade é “puxada” para fora em todas as direções, e a pleura visceral e os pulmões são puxados com ela. Figura 23.14 Alterações de pressão na ventilação pulmonar. Durante a inspiração, o diafragma se contrai, o tórax se expande, os pulmões são puxados para fora e a pressão alveolar diminui. Durante a expiração, o diafragma relaxa, os pulmões recuam para dentro e a pressão nos alvéolos aumenta, forçando o ar para fora dos pulmões. 1168 O ar se move para os pulmões quando a pressão alveolar é inferior à pressão atmosférica, e para fora dos pulmões quando a pressão alveolar é superior à pressão atmosférica. Como a pressão intrapleural se altera durante uma respiração normal, tranquila? Conforme o volume dos pulmões aumenta desta maneira, a pressão no interior dos pulmões, a chamada pressão alveolar (intrapulmonar), cai de 760 para 758 mmHg. Uma diferença de pressão é então estabelecida entre a atmosfera e os alvéolos. Como o ar flui sempre da região de pressão mais alta para a região de pressão mais baixa, ocorre a inspiração. O ar continua fluindo para os pulmões enquanto existir diferença de pressão. Durante inspirações profundas e forçadas, os músculos acessórios da inspiração também atuam no aumento do tamanho da cavidade torácica (ver Figura 23.13A). Os músculos são assim chamados porque têm pouca contribuição, se é que têm alguma, durante a inspiração tranquila normal, mas durante o exercício ou ventilação forçada podem se contrair vigorosamente. Os músculos acessórios da inspiração incluem os músculos esternocleidomastóideos, que elevam o esterno; os músculos escalenos, que elevam as duas primeiras costelas; e o músculo peitoral menor, que eleva as costelas III a V. Como tanto a inspiração tranquila normal quanto a inspiração durante o exercício ou ventilação forçada envolvem a contração muscular, o processo de inspiração é dito ativo. Expiração O ato de soprar o ar, na chamada expiração (exalação), é também decorrente de um gradiente de pressão, mas neste caso o gradiente é no sentido oposto: a pressão nos pulmões é maior do que a pressão atmosférica. A expiração normal durante a respiração tranquila, ao contrário da inspiração, é um processo passivo, pois não há contrações musculares envolvidas. Em vez disso, a expiração resulta da retração elástica da parede torácica e dos pulmões, sendo que ambos têm uma tendência natural de retornar à posição inicial depois de terem sido distendidos. Duas forças dirigidas para dentro contribuem para a retração elástica: (1) a retração das fibras elásticas que foram distendidas durante a inspiração e (2) a força para dentro da tensão superficial decorrente da película de líquido alveolar. A expiração começa quando a musculatura inspiratória relaxa. À medida que o diafragma relaxa, sua cúpula se move superiormente, graças a sua elasticidade. Conforme os músculos intercostais externos relaxam, as costelas são deprimidas. Estes movimentos reduzem os diâmetros vertical, lateral e anteroposterior da cavidade torácica, o que diminui o volume do pulmão. Por sua vez, a pressão alveolar aumenta para aproximadamente 762 mmHg. O ar então flui da área de pressão mais elevada nos alvéolos para a área de pressão mais baixa na atmosfera (ver Figura 23.14). 1169 A expiração tornase ativa apenas durante a respiração forçada, como ocorre ao tocar um instrumento de sopro ou durante o exercício. Nestes momentos, os músculos expiratórios – abdominais e intercostais internos (ver Figura 23.13A) – se contraem, o que aumenta a pressão nas regiões abdominal e torácica. A contração dos músculos abdominais move as costelas inferiores para baixo e comprime as vísceras abdominais, forçando assim o diafragma superiormente. A contração dos músculos intercostais internos, que se estendem inferior e posteriormente entre costelas adjacentes, puxa as costelas inferiormente. Embora a pressão pleural seja sempre menor do que a pressão alveolar, pode exceder brevemente a pressão atmosférica durante uma expiração forçada, como durante a tosse. Outros fatores que in�uenciam a ventilação pulmonar Como você acabou de ver, as diferenças de pressão no ar controlam o fluxo de ar durante a inspiração e a expiração. No entanto, outros três fatores afetam a taxa de fluxo de ar e a facilidade da ventilação pulmonar: a tensão superficial do líquido alveolar, a complacência dos pulmões e a resistência das vias respiratórias. Tensão superficial do líquido alveolar Como já foi mencionado, uma fina camada de líquido alveolar reveste a face luminal dos alvéolos e exerce uma força conhecida como tensão superficial. A tensão superficial surge em todas as interfaces arágua, porque as moléculas de água polares são mais fortemente atraídas umas pelas outras do que o são pelas moléculas de gás no ar. Quando o líquido envolve uma esfera de ar, como em um alvéolo ou em uma bolha de sabão, a tensão superficial produz uma força dirigida para dentro.As bolhas de sabão “estouram” porque se retraem por causa da tensão superficial. No pulmão, a tensão superficial faz com que os alvéolos assumam o menor diâmetro possível. Durante a respiração, a tensão superficial deve ser ultrapassada para expandir os pulmões a cada inspiração. A tensão superficial é também responsável por dois terços da retração elástica pulmonar, o que diminui o tamanho dos alvéolos durante a expiração. O surfactante (uma mistura de fosfolipídios e lipoproteínas) presente no líquido alveolar reduz a sua tensão superficial abaixo da tensão superficial da água pura. A deficiência de surfactante em prematuros provoca a síndrome da angústia respiratória do recémnascido, em que a tensão superficial do líquido alveolar é grandemente aumentada, de modo que muitos alvéolos colabam ao final de cada expiração. Então é necessário grande esforço na próxima inspiração para reabrir os alvéolos colabados. CORRELAÇÃO CLÍNICA | Síndrome de angústia respiratória do recém- nascido A síndrome de angústia respiratória do recém-nascido (SARRN) é um distúrbio respiratório do recém-nascido prematuro no qual os alvéolos não permanecem abertos em decorrência da falta de surfactante. Recorde-se que o surfactante reduz a tensão super�cial e é necessário para evitar o colabamento dos alvéolos durante a expiração. Quanto mais prematuro o recém-nascido, maior a chance de ocorrer SARRN. A condição também é mais comum em �lhos de diabéticos e do sexo masculino; também ocorre com mais frequência em norteamericanos de origem europeia do que em afro-americanos. Os sinais/sintomas da SARRN incluem respiração trabalhosa e irregular, batimento de asa de nariz durante a inspiração, grunhidos durante a expiração e, às vezes, pele de coloração azulada. Além dos sinais/sintomas, a SARRN é diagnosticada de acordo com radiogra�as de tórax e exame de sangue. Um recém-nascido com SARRN leve pode exigir apenas a administração de oxigênio suplementar por meio de uma tenda de oxigênio ou tubo colocado no nariz. Em casos graves, pode ser necessário administrar oxigênio por meio de pressão positiva contínua nas vias respiratórias (CPAP) (cateteres nasais ou máscara facial). Nestes casos, pode-se administrar surfactante diretamente aos pulmões. Complacência dos pulmões A complacência se refere a quanto esforço é necessário para distender os pulmões e a parede torácica. Uma complacência alta significa que os pulmões e a parede torácica se expandem facilmente, enquanto uma complacência baixa significa que eles resistem à expansão. Por analogia, um balão fino que é fácil de insuflar tem alta complacência, e um balão pesado e rígido que precisa de um esforço grande para ser insuflado tem baixa complacência. Nos pulmões, a complacência está relacionada com dois fatores principais: a elasticidade e a tensão superficial. Os pulmões normalmente têm complacência alta e se expandem facilmente porque as fibras elásticas do tecido pulmonar são facilmente distendidas e o surfactante no 1170 líquido alveolar reduz a tensão superficial. A redução da complacência é uma característica comum em condições pulmonares que (1) levam a cicatrizes no tecido pulmonar (p. ex., tuberculose), (2) fazem com que o tecido pulmonar se encha de líquido (edema pulmonar), (3) provocam deficiência de surfactante ou (4) impedem a expansão pulmonar de alguma maneira (p. ex., paralisia dos músculos intercostais). A complacência pulmonar diminuída ocorre no enfisema pulmonar (ver Distúrbios | Desequilíbrios homeostáticos no final do capítulo) decorrente da destruição das fibras elásticas nas paredes alveolares. Resistência das vias respiratórias Do mesmo modo que o sangue flui pelos vasos sanguíneos, a velocidade do fluxo de ar pelas vias respiratórias depende da diferença de pressão e da resistência: o fluxo de ar é igual à diferença de pressão entre os alvéolos e a atmosfera dividida pela resistência. As paredes das vias respiratórias, especialmente os bronquíolos, oferecem alguma resistência ao fluxo normal de ar para dentro e para fora dos pulmões. À medida que os pulmões se expandem durante a inspiração, os bronquíolos se ampliam porque suas paredes são “puxadas” para fora em todas as direções. Vias respiratórias mais calibrosas têm menor resistência. A resistência das vias respiratórias então aumenta durante a expiração conforme o diâmetro dos bronquíolos diminui. O diâmetro das vias respiratórias também é regulado pelo grau de contração e relaxamento do músculo liso das paredes das vias respiratórias. Os impulsos da parte simpática da divisão autônoma do sistema nervoso causam o relaxamento deste músculo liso, o que resulta em broncodilatação e diminuição da resistência. Qualquer condição que estreite ou obstrua as vias respiratórias aumenta a resistência, de modo que é necessário mais pressão para manter o mesmo fluxo de ar. A característica da asma brônquica ou da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) – enfisema pulmonar ou bronquite crônica – é o aumento da resistência das vias respiratórias decorrente de sua obstrução ou colapso. TABELA 23.2 Movimentos respiratórios modificados. MOVIMENTO DESCRIÇÃO Tosse Uma inspiração profunda e prolongada seguida pelo fechamento completo da rima da glote, o que resulta em expiração forte que empurra bruscamente a rima da glote aberta e envia um jato de ar através das vias respiratórias superiores. O estímulo para este ato re�exo pode ser um corpo estranho alojado na laringe, traqueia ou epiglote. Espirro Contração espasmódica dos músculos expiratórios que expele forçosamente o ar através do nariz e da boca. O estímulo pode ser a irritação da túnica mucosa do nariz. Suspiro Uma inspiração prolongada e profunda seguida imediatamente por uma expiração mais curta, mas forçada. Bocejo Inspiração profunda pela boca amplamente aberta que produz uma depressão exagerada da mandíbula. Pode ser estimulado pela sonolência, ou pelo bocejo de outra pessoa, mas a causa exata é desconhecida. Choro soluçante Uma série de inspirações convulsivas seguidas por uma única expiração prolongada. A rima da glote se fecha mais cedo do que o normal após cada inspiração, de modo que somente um pouco de ar entra nos pulmões a cada inspiração. Choro Uma inspiração seguida por muitas expirações convulsivas curtas, durante as quais a rima da glote continua aberta e as pregas vocais vibram; acompanhado de expressões faciais características e lágrimas. Riso Os mesmos movimentos básicos do choro, mas o ritmo dos movimentos e as expressões faciais geralmente diferem dos do choro. O riso e o choro às vezes são indistinguíveis. Soluços Contração espasmódica do diafragma seguida pelo fechamento espasmódico da rima da glote, o que produz um som agudo durante a inspiração. O estímulo geralmente é uma irritação das terminações nervosas sensitivas do sistema digestório. Manobra de Valsalva Expiração forçada contra uma rima da glote fechada, como pode ocorrer durante os momentos de esforço para defecar. Pressurização da orelha O nariz e a boca são mantidos fechados e ar dos pulmões é forçado contra a tuba auditiva na orelha média. Empregada por aqueles que mergulham com snorkel ou cilindro durante a descida para equalizar a pressão da orelha média com a do ambiente externo. 1171 12. 13. 14. 15. 23.3 • • média Padrões respiratórios e movimentos respiratórios modi�cados O termo para o padrão normal de respiração tranquila é eupneia. A eupneia pode consistir em respiração superficial, profunda ou superficialprofunda combinada. Um padrão respiratório superficial (torácico), chamado de respiração costal, consiste em movimento ascendente e para fora do tórax decorrente da contração dos músculos intercostais externos. Um padrão respiratórioprofundo (abdominal), chamado de respiração diafragmática, consiste no movimento do abdome para fora decorrente da contração e da descida do diafragma. A respiração também fornece aos seres humanos métodos para expressar emoções como rir, suspirar e soluçar. Pode ainda ser usada para expulsar substâncias estranhas das passagens aéreas mais inferiores por meio de ações como espirros e tosse. Os movimentos respiratórios também são modificados e controlados ao falar e cantar. Alguns dos movimentos respiratórios modificados que expressam emoção ou desobstrução das vias respiratórias estão listados na Tabela 23.2. Todos estes movimentos são reflexos, mas alguns deles também podem ser iniciados voluntariamente. TESTE RÁPIDO Quais são as diferenças básicas entre a ventilação pulmonar, a respiração externa e a respiração interna? Compare o que acontece durante a respiração calma e a respiração forçada. Descreva como a tensão superficial alveolar, a complacência e a resistência das vias respiratórias afetam a respiração. Demonstre os vários tipos de movimentos respiratórios modificados. Volumes e capacidades pulmonares OBJETIVOS Explicar as diferenças entre o volume corrente, o volume de reserva inspiratório, o volume de reserva expiratório e o volume residual Diferenciar entre a capacidade inspiratória, a capacidade residual funcional, a capacidade vital e a capacidade pulmonar total. Em repouso, um adulto médio saudável respira 12 vezes por minuto, movendo a cada inspiração e expiração aproximadamente 500 mℓ de ar para dentro e para fora dos pulmões. O volume de uma respiração é chamado volume corrente (VC). A ventilação minuto (VM) – o volume total de ar inspirado e expirado a cada minuto – é dada pela frequência respiratória multiplicada pelo volume corrente: VM = 12 ciclos/min × 500 mℓ/respiração = 6 ℓ/min A ventilação minuto menor do que o normal geralmente é um sinal de disfunção pulmonar. O aparelho utilizado para medir o volume de ar trocado durante a respiração e a frequência respiratória é o espirômetro ou respirômetro. O registro é chamado de espirograma. A inspiração é registrada como uma deflexão para cima, e a expiração é registrada como uma deflexão para baixo (Figura 23.15). O volume corrente varia consideravelmente de uma pessoa para outra e na mesma pessoa em momentos diferentes. Em um adulto típico, aproximadamente 70% do volume corrente (350 m ℓ) alcança efetivamente a zona respiratória do sistema respiratório – bronquíolos respiratórios, ductos alveolares, sacos alveolares e alvéolos – e participa na respiração externa. Os outros 30% (150 mℓ ) permanecem nas vias respiratórias de condução do nariz, faringe, laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos e bronquíolos terminais. Coletivamente, as vias respiratórias de condução com ar que não é submetido à troca respiratória são conhecidas como espaço morto anatômico (respiratório). Nem toda a ventilação minuto pode ser usada nas trocas gasosas, pois um pouco dela permanece no espaço morto anatômico. A taxa de ventilação alveolar é o volume de ar por minuto que efetivamente alcança a zona respiratória. No exemplo dado, a taxa de ventilação alveolar seria de 350 mℓ/respiração × 12 incursões respiratórias/min = 4.200 mℓ/min. Figura 23.15 Espirograma dos volumes e capacidades pulmonares. São indicados os valores médios de um homem e uma mulher adulta saudáveis, com os valores da mulher entre parênteses. Observe que o espirograma é lido da direita (início do registo) para a 1172 esquerda (fim do registo). As capacidades pulmonares são a combinação de vários volumes pulmonares. Se você inspirar o mais profundamente possível e depois expirar o máximo possível de ar, qual capacidade pulmonar você demonstrou? Vários outros volumes pulmonares são definidos em relação à respiração forçada. Em geral, esses volumes são maiores no sexo masculino, indivíduos mais altos e adultos mais jovens, e menor nas mulheres, indivíduos mais baixos e idosos. Vários distúrbios também podem ser diagnosticados pela comparação entre os valores encontrados e os valores normais preditos para o gênero, altura e idade do paciente. Os valores aqui apresentados representam médias para adultos jovens. Ao realizar uma inspiração muito profunda, você pode inspirar mais 500 m ℓ de ar. Este ar inspirado adicional, chamado de volume de reserva inspiratório, é de aproximadamente 3.100 mℓ em um homem adulto médio e 1.900 mℓ em uma mulher adulta média (Figura 23.15). Ainda mais ar pode ser inspirado se a inspiração seguir uma expiração forçada. Se você inspirar normalmente e depois expirar com o máximo de força possível, você deve ser capaz de expulsar consideravelmente mais ar, além dos 500 mℓ do volume corrente. Os 1.200 mℓ adicionais no sexo masculino e 700 mℓ nas mulheres é chamado de volume de reserva expiratório. O volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) é o volume de ar que pode ser expirado pelos pulmões em 1 s, ao esforço máximo depois de uma inspiração máxima. Normalmente, a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) reduz muito o VEF1, porque este distúrbio aumenta a resistência das vias respiratórias. Mesmo depois que o volume de reserva expiratório é expirado, um volume considerável de ar permanece nos pulmões, porque a pressão intrapleural subatmosférica mantém os alvéolos discretamente insuflados, e um pouco de ar permanece nas vias respiratórias não colabáveis. Este volume, que não pode ser medido pela espirometria, é chamado de volume residual. Representa aproximadamente 1.200 mℓ nos homens e 1.100 mℓ nas mulheres. Se a cavidade torácica é aberta, a pressão intrapleural sobe para se igualar à pressão atmosférica e força para fora um pouco do volume residual. O ar que permanece é chamado de volume mínimo. O volume mínimo fornece uma ferramenta clínica e jurídica para determinar se o feto é natimorto ou morreu após o nascimento. A presença de um volume mínimo pode ser demonstrada por meio da colocação de uma parte do pulmão em água e observar se ele flutua. O pulmão fetal não contém ar, de modo que o pulmão de um feto natimorto não flutua na água. As capacidades pulmonares são combinações de volumes pulmonares específicos (Figura 23.15). A capacidade inspiratória é a soma do volume corrente e do volume de reserva inspiratório (500 mℓ + 3.100 mℓ = 3.600 m ℓ nos homens e 500 mℓ + 1.900 mℓ = 2.400 mℓ nas mulheres). A capacidade residual funcional é a soma do volume residual e do volume de reserva expiratório (1.200 mℓ + 1.200 mℓ = 2.400 mℓ nos homens e 1.100 mℓ + 700 mℓ = 1.800 mℓ nas mulheres). A capacidade vital é a soma do volume de reserva inspiratório, volume corrente e volume de reserva expiratório (4.800 mℓ nos homens e 3.100 mℓ nas mulheres). Por fim, a capacidade pulmonar total é a soma da capacidade vital e do volume residual (4.800 mℓ + 1.200 mℓ = 6.000 mℓ nos homens e 3.100 mℓ + 1.100 mℓ = 4.200 mℓ nas mulheres). 1173 16. 17. 18. 19. 23.4 • • TESTE RÁPIDO O que é um espirômetro? Qual é a diferença entre um volume pulmonar e uma capacidade pulmonar? Como é calculada a ventilação minuto? Defina taxa de ventilação alveolar e VEF1. Troca de oxigênio e dióxido de carbono OBJETIVOS Explicar a lei de Dalton e a lei de Henry Descrever a troca de oxigênio e dióxido de carbono na respiração externa e interna. A troca de oxigênio e dióxido de carbono entre o ar alveolar e o sangue pulmonar ocorre por meio da difusão passiva, que é regida pelo comportamento dos gases, como descrito por duas leis dos gases, a lei de Dalton e a lei de Henry. A lei de Dalton é importante para a compreensão de como os
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