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AÇÕES POSSESSÓRIAS - RESUMO

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Direito Processual Civil IV – Curso de Direito – UNIABEU 
Prof. Leonardo Nolasco 
1 
 
INTERDITOS POSSESSÓRIOS 
 
ASPECTOS RELEVANTES DO DIREITO MATERIAL 
POSSE é o exercício aparente de um dos atributos da propriedade. O art. 
1.196 do C.C., embora não defina a posse, define o possuidor como sendo 
“aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes 
inerentes à propriedade”. Ex. Quando você observa uma pessoa dirigindo um 
carro na rua, a impressão que se tem é de que aquela pessoa é a proprietária 
daquele bem, mas essa percepção só afirma que o motorista está usando o 
bem. O uso, por exemplo, é um dos atributos da propriedade. 
A POSSE existe no plano da APARÊNCIA e a PROPRIEDADE no plano da 
REALIDADE. 
Sempre que você observa uma pessoa agindo como dona do bem, a única 
certeza que se tem é de que a referida pessoa é possuidora do mesmo, pois a 
POSSE está no PLANO DA APARÊNCIA. Você só descobrirá se a pessoa é 
dona (proprietária) quando da apresentação do registro, o que demonstrará, aí 
sim, a realidade. 
A POSSE ainda se distingue da DETENÇÃO. A princípio aquele que exerce o 
poder de fato sobre a coisa, ao utilizá-la, por exemplo, naturalmente, deterá a 
POSSE da mesma. No entanto, há casos em que a lei desqualifica essa 
apreensão física da coisa, considerando a mera DETENÇÃO. 
Ex. Quando eu vejo alguém dirigindo um carro na rua eu posso imaginar que 
aquele motorista é o dono do carro, pois ele detém a apreensão física da coisa 
e por isso é aparentemente o dono, mas se o carro for de uma empresa e o 
motorista o seu empregado, estaremos diante de uma DETENÇÃO, na forma 
do art. 1198 do C.C. 
Ex². Quando eu vejo alguém dirigindo um carro na rua eu posso imaginar que 
aquele motorista é o dono do carro, pois ele detém a apreensão física da coisa 
e por isso é aparentemente o dono, mas se o carro acabara de ser furtado, por 
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exemplo, o condutor do carro, autor do crime, é apenas o detentor do mesmo, 
conforme aduz o art. 1.208 do C.C. 
TEORIA OBJETIVA DA POSSE: Defende que posse é CORPUS. Corpus é 
poder de fato sobre a coisa, a apreensão física. A regra no direito brasileiro é 
essa! Criada por Rudolf Von IHERING 
TEORIA SUBJETIVA DA POSSE: Posse é CORPUS + ANIMUS DOMINI. A 
teoria subjetiva entende que para se ter posse, além de se comportar como 
dono, por simplesmente deter a coisa (aparência), é necessário que se tenha 
intenção de se tornar dono. Criada por Friedrich Carl von SAVIGNI. 
Obs. Se eu me utilizasse da teoria de Savigni para definir a posse, significaria 
dizer que um inquilino, por exemplo, não seria possuidor, não podendo se valer 
dos interditos para a defesa de sua posse. Na verdade, não haveria que se 
falar em posse, pela ausência do animus domini. 
A teoria subjetiva é utilizada no direito brasileiro para a usucapião, pois nesse 
instituto a posse é ad usucapionem (se prolonga no tempo e, diante da 
previsão legal, enseja a aquisição do domínio) e não ad interdicta (pode ser 
defendida pelos interditos, mas não conduz a usucapião). Na usucapião a 
pessoa deve utilizar o bem, como se proprietário fosse (corpus) e ter a intenção 
de ser dono (animus domini). 
NATUREZA JURÍDICA DA POSSE 
Muito se discute acerca da natureza da posse. O primeiro ponto de divergência 
reside na seguinte indagação: a posse é um FATO ou um DIREITO? Ihering, 
por exemplo, entendia que direito seria todo o interesse juridicamente 
protegido. Pois bem, a considerar por esse ponto de vista a posse, realmente, 
é um direito. No entanto, da resposta dessa primeira indagação, surge uma 
segunda, qual seja: se a posse é um direito, ela se classifica como DIREITO 
PESSOAL ou REAL? Silvio Rodrigues defende que a posse é direito pessoal, 
pois se fosse real deveria constar no rol taxativo dos direitos reais previstos no 
art. 1.225 do C.C., assim como na seara processual Marcus Vinícius Rios 
Gonçalves. A despeito desses entendimentos, Câmara (assim como Maria 
Helena Diniz) afirma ser a posse um direito real, indicando que aquela guarda 
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todas as características destinadas a este, tais como: a oponibilidade erga 
omnes, a indeterminação do sujeito passivo, o objeto obrigatoriamente 
determinado, etc. Câmara também cita o art. 47 do CPC, que informa ser a 
competência fixada pelo foro da situação da coisa, tanto nas ações fundadas 
em direitos reais imobiliários quanto na posse. Para o referido autor isso 
aproxima os dois institutos e reforça a natureza real da posse. 
POSSE JUS POSSESSIONES x POSSE JUS POSSIDENDI 
JUS POSSESSIONIS é o direito DE posse, ou seja, é o poder sobre a coisa e, 
a possibilidade de sua defesa por intermédio dos interditos (interdito proibitório, 
de manutenção da posse ou de reintegração de posse). Trata-se de conceito 
que se relaciona diretamente com a posse direta. Ao possuidor direto é 
conferido o direito DE posse. 
Já o JUS POSSIDENDI é o direito À posse, decorrente do direito de 
propriedade, ou seja, é o próprio domínio. Em outras palavras, é o direito 
conferido ao titular de possuir o que é seu. 
Mas porque é importante saber disso? Antigamente acreditava-se que a 
propriedade era mais forte do que a posse, assim quem detinha o jus 
possidendi vencia a ação judicial em face daquele que somente detinha o jus 
possessiones. Atualmente o ordenamento jurídico nega o exceptio proprietatis 
(exceção de domínio) no juízo possessório. Nas ações possessórias não se 
discute propriedade, mas tão somente a posse. Os institutos ainda existem, 
mas não se fala mais em sobreposição da propriedade em relação à posse. 
Então, em contrato de locação, o locador tem posse jus possedendi e o 
locatário posse jus possessionis, mas isso não significa que o primeiro tenha 
mais direitos do que o segundo. 
CLASSIFICAÇÃO DA POSSE 
POSSE DIREITA é aquela exercida por quem está utilizando o bem, também 
chamada de posse imediata. POSSE INDIRETA é aquela exercida à distância, 
também conhecida como mediata. A princípio parece que só o possuidor direto 
exerce a posse, o que prejudicaria a utilização dos interditos possessórios por 
aquele que não está se utilizando da coisa, o possuidor indireto. Por isso, 
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concebe-se a posse indireta como uma ficção jurídica, justamente para garantir 
ao seu destinatário a utilização dos interditos possessórios (proteção da posse 
em juízo), inclusive contra o possuidor direto. 
POSSE JUSTA é aquela que não é INJUSTA. Essa afirmação só é razoável 
pelo fato de o Código Civil não ter apresentado o conceito de posse justa, mas 
sim de posse injusta. POSSE INJUSTA é aquela exercida de forma VIOLENTA 
(obtenção da posse de forma aparente com violência ou ameaça - roubo), 
CLANDESTINA (obtenção da posse de forma oculta - furto) ou PRECÁRIA 
(obtida mediante abuso de confiança – detentor que se apropria do bem. Ex. 
caseiro, motorista etc). 
POSSE DE BOA-FÉ X POSSE DE MÁ-FÉ 
A boa-fé (subjetiva) é aquela exercida por quem desconhece qualquer 
obstáculo ou impedimento ao exercício da posse. O possuidor de boa-fé tem 
intenção boa, pois acredita estar exercendo a posse sem vícios. Aqui não se 
fala em boa-fé objetiva, pois esta leva em conta os aspectos externos (dever de 
bom comportamento. Além de boa intenção deve haver boa conduta). A má-fé 
é aquela utilizada pelo invasor. A distinção se torna importante 
processualmente quando diante dos frutos e benfeitorias (direito de retenção, 
por exemplo). 
A AUTOTUTELA DA POSSE: LEGÍTIMA DEFESA X DESFORÇO IMEDIATO 
No tocante ao tema posse, a lei confere ao possuidor o direito de, por si só, 
proteger a sua posse. Esta proteção não pode ir além do indispensável à 
manutenção ou à restituição. Há duas situaçõesem que isso ocorre: a legítima 
defesa da posse e o desforço imediato. 
A LEGÍTIMA DEFESA DA POSSE consiste no direito de autoproteção da 
posse no caso do possuidor, apesar de presente na coisa, estar sendo 
perturbado (turbado). Neste caso, ainda não chegou a haver perda da posse. 
O DESFORÇO IMEDIATO consiste no direito de autoproteção da posse no 
caso de perda da posse (esbulho). A lei apenas permite o desforço imediato se 
a vítima do esbulho agir imediatamente após a agressão ou logo que possa 
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agir. Aquele que está ausente só perderá esse direito se não agir logo após 
tomar conhecimento da agressão à sua posse, ou, tentando recuperá-la, for 
violentamente repelido (1210 c/c 1224 DO CC). 
COMPOSSE se caracteriza pela pluralidade de possuidores. É equivalente ao 
condomínio (pluralidade de domínios). 
AÇÕES POSSESSÓRIAS (INTERDITOS POSSESSÓRIOS) 
São três as ações possessórias: a reintegração de posse (esbulho), a 
manutenção de posse (turbação) e o interdito proibitório (ameaça). Para cada 
espécie de moléstia perpetrada em face do direito de posse, temos um remédio 
processual. Vejamos um MACETE para decorar a relação entre 
PROCEDIMENTO X LESÃO AO DIREITO (AGRESSÃO À POSSE): 
MAtei um TUbarão (MANUTENÇÃO é a solução para a TURBAÇÃO) 
e REtirei o ESqueleto (REINTEGRAÇÃO é a solução para o ESBULHO) 
INteiro com A Mão (INTERDITO PROIBITÓRIO é a solução para a AMEÇA) 
É preciso distinguir os três atos, a AMEAÇA, a TURBAÇÃO e o ESBULHO. 
A AMEAÇA é o mais brando ato de ofensa à posse. Na verdade, na ameaça 
não há ainda que se falar em agressão, mas ela é iminente. Não está se 
falando de qualquer ameaça, mas sim daquela que sirva para incutir o temor no 
possuidor. 
Na TURBAÇÃO já existem atos concretos, mas a vítima ainda não foi 
desapossada. 
No ESBULHO o possuidor é expulso, perdendo a sua posse. 
FUNGIBILIDADE DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS 
Por vezes pode haver confusão entre a distinção dos vícios (ofensas) 
perpetrados contra a posse, pois aquilo que parece turbação pode se tratar de 
na verdade de um esbulho, ou vice e versa. Pode ser também que a ação seja 
ajuizada para evitar uma agressão, em caso de ameaça (interdito proibitório), 
mas mesmo antes da citação haja a concretização da ofensa, seja por esbulho 
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(reintegração) ou turbação (manutenção). E aí, o que fazer? Para resolver esse 
tipo de problema o legislador processual valeu-se do PRINCÍPIO DA 
FUNGIBILIDADE das ações possessórias. O referido princípio está consagrado 
na redação do art. 554 do CPC, permitindo que o juiz julgue um pedido pelo 
outro em ação possessória, desde que haja modificação dos fatos que 
ensejaram a propositura da demanda e tal circunstância seja devidamente 
comprovada. 
CUMULAÇÃO DE DEMANDAS 
O procedimento especial das ações possessórias previu a possibilidade de o 
autor cumular ao pedido possessório, os seguintes pedidos: 
a) Condenação por perdas e danos; 
b) Indenização dos frutos 
c) Cominação de multa para o caso de nova turbação ou esbulho; 
d) Tutela provisória (Desfazimento de construção ou plantação, por 
exemplo). 
O pedido de condenação por perda e danos pode, em sendo reconhecido, ser 
executado nos mesmos autos. A cominação de pena para o caso de nova 
turbação também não dependerá de nova demanda. No entanto, pode ocorrer 
de ser difícil comprovar documentalmente a ocorrência de novo esbulho ou 
turbação (art. 514 do CPC). Assim, como não há que se falar em prova 
testemunhal nesse momento processual, seria necessário intentar nova ação. 
Com exceção desse caso, não será necessário outro processo caso haja nova 
turbação ou esbulho pelo mesmo ofensor, bastando ao interessado que solicite 
o revigoramento do mandado e cobre a multa em face da desobediência. 
NATUREZA DÚPLICE 
É de conhecimento de todos de que nas ações dúplices o réu poderá formular 
seus pedidos em face do autor na própria contestação. No entanto as ações 
possessórias não são intrinsecamente dúplices, como são as ações de 
prestação de contas, porque é necessário que o réu formule os pedidos na 
contestação, sem o que não serão conhecidos. 
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Obs. Não pode o réu em contestação solicitar a concessão de liminar. A um, 
porque se a liminar não foi concedida ao autor, o réu restar-se-á mantido na 
posse, padecendo de interesse jurídico para tanto. A dois, porque caso a 
liminar tenha sido concedida pelo autor, não se admitirá uma nova liminar para 
cassar aquela anteriormente concedida. 
EXCEÇÃO DE DOMÍNIO 
No juízo possessório não se discute domínio, mas tão somente a posse. 
Discute-se a posse pela posse e, em sendo a posse um direito, será defendida 
em juízo como tanto. E que não se fale que um dos litigantes detém o domínio 
(propriedade), pois essa alegação será irrelevante em sede de defesa. A posse 
jus possessionis pode ser utilizada em face da posse jus possidendi, 
inexistindo hierarquia entre elas, mesmo que a última decorra do domínio. No 
juízo petitório, aí sim, discute-se domínio, de tal sorte que aquele que 
reivindicar a posse em razão da propriedade provavelmente vencerá a 
demanda. 
SÚMULA 487 do STF: “Será deferida a posse a quem, evidentemente, tiver o 
domínio, se com base neste for ela disputada.” 
Segundo entendimento do STJ, “não cabe, em sede possessória, a discussão 
sobre domínio, salvo se ambos os litigantes disputam a posse alegando 
propriedade ou quando duvidosas ambas as posses alegadas” (STJ, 4ª Turma, 
REsp 5462-MS, rel. Min. Athos Carneiro) 
Os arts. 1.210 §2º do CC e 557 §único do CPC estabelecem: “Não obsta à 
manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro 
direito sobre a coisa.” 
O art. 557 do CPC, por sua vez, disciplina: “Na pendência de ação possessória, 
é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do 
domínio...” 
Assim, duas conclusões podem ser extraídas dos comentários acima. Em 
primeiro lugar, a de que não se pode discutir propriedade no juízo possessório. 
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Em segundo lugar, a de que desde o ajuizamento até a coisa julgada não é 
possível que o proprietário se valha de ação petitória (reivindicatória). 
 
PROCEDIMENTO DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS 
O art. 558 do CPC indica a existência de dois tipos de procedimento, o especial 
e o comum. O marco de distinção dos dois procedimentos é o tempo que 
transcorreu (ano e dia) a contar do momento em que a agressão à posse foi 
descoberta. 
Obs. Nada impede que o autor se utilize do procedimento sumaríssimo (art. 3º 
IV da Lei 9099/95). 
CUIDADO!!! A agressão pode se prolongar quando a violência ou 
clandestinidade perdurarem. Isso mesmo! Vejamos dois dispositivos do Código 
Civil que esclarecem essa colocação: 
“Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim 
como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão 
depois de cessar a violência ou a clandestinidade.” 
Nesse caso, quando os atos cessam a posse continua injusta, pois em razão 
da injustiça é que a posse foi agredida, mas só a partir daí é que inicia a 
contagem do prazo. Enquanto a violência ou clandestinidade perdurarem, 
haverá mera detenção por parte do agressor. 
“Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o 
esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, 
tentando recuperá-la, é violentamente repelido.” 
Entenda! O prazo não corre da agressão, mas da ciência. Antes do 
conhecimento o ato era clandestino, notadamente em razão do 
desconhecimento por parte do possuidor. 
A diferença entre a POSSE NOVA (até um ano e um dia) e a POSSEVELHA 
(mais de um ano e um dia) só serve para fins processuais. Processualmente 
esse prazo influi de duas formas, seja para que se estabeleça o procedimento 
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adotado, ou em razão da concessão de liminar. Se for POSSE NOVA caberá 
liminar e o procedimento será especial, mas se for POSSE VELHA não caberá 
e o procedimento será comum. 
LIMINAR NA POSSE NOVA X TUTELA ANTECIPADA NA POSSE VELHA 
Nas ações possessórias de força nova o juiz concederá liminar INAUDITA 
ALTERA PARTE ou após audiência de justificação para deferir de imediato a 
manutenção ou a reintegração da posse ao autor da ação. No entanto a 
concessão não observará os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in 
mora. São apenas dois os requisitos, vejamos: 
A ORDEM TEMPORAL: é preciso que a ação tenha sido ajuizada no prazo de 
ano e dia da turbação ou do esbulho. 
 A COGNIÇÃO SUMÁRIA: a formação de um juízo de probabilidade a respeito 
das alegações deduzidas pelo demandante em sua petição inicial. A lei (art. 
562 do CPC) exige que haja uma instrução probatória mínima, indispensável 
para a formação do convencimento do magistrado. Por isso, inclusive, em não 
se convencendo da plausibilidade dos fatos sustentados pelo autor, designará 
o juiz uma audiência de justificação, para que assim possa se convencer da 
necessidade de concessão da liminar. 
Obs. Câmara, adotando a corrente majoritária, afirma ser a liminar em ação 
possessória uma verdadeira TUTELA ANTECIPADA, embora os seus 
requisitos não sejam os mesmos do art. 300 do CPC. 
Resta-nos uma pergunta: cabe tutela provisória de urgência para as ações 
possessórias de força velha (mais de ano e dia)? Sim, cabe! Câmara cita o 
caso em que, ocorrida a moléstia à posse o esbulhador não pratica qualquer 
ato que atente contra o bem, mas apenas passa o utilizar. No entanto, passado 
de ano e dia, o esbulhador passa a destruir a coisa o bem, gerando iminente 
estado de perigo. 
PROCEDIMENTO ESPECIAL 
COMPETÊNCIA: As ações possessórias não seguem a regra geral de 
competência, em que se considera competente o foro do domicílio do réu (art. 
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46 do CPC). Nas ações possessórias de bens imóveis, assim como nas reais 
que discutam o mesmo objeto, o foro competente é o da situação do imóvel 
(art. 47 do CPC). Só será do domicílio do réu nas possessórias de bens 
móveis. 
LEGITIMIDADE: No que diz respeito à LEGITIMIDADE ATIVA, bastará que o 
autor detenha a posse. Será irrelevante se autor é ou não proprietário, basta 
que seja possuidor. Ademais, o mero detentor não terá legitimidade para 
ajuizar a ação. Em caso de morte do possuidor, o direito se transfere aos 
herdeiros ou sucessores (art. 1207 do CC). 
O DIREITO DO POSSUIDOR DE EXERCER A POSSE PODE SER 
TRANSFERIDO PARA TERCEIROS. Se uma pessoa tinha a posse e foi 
esbulhada, pode “vender” os seus direitos sobre a coisa, inclusive de reavê-la, 
por meio de ação possessória, o que influi diretamente na legitimidade ativa da 
demanda. 
No que diz respeito à LEGITIMIDADE PASSIVA, a mesma se assentará 
naqueles que foram responsáveis pela ofensa à posse do autor, seja pelo 
esbulho, pela turbação ou pela ameaça. 
Cuidado! Se a coisa houver sido transferida para terceiro, indispensável que se 
verifique se o adquirente da posse estava de boa ou má-fé. Se estiver de má-fé 
a ação poderá ajuizada contra ele, caso contrário, não poderá. Esse é o 
entendimento do art. 1.212. do C.C., assim vejamos: “O possuidor pode 
intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro, que recebeu 
a coisa esbulhada sabendo que o era.” 
Ainda na legitimidade passiva, se o seu ocupante for a FAZENDA PÚBLICA 
aplica-se a regra do art. 562 §único do CPC (para a concessão de liminar 
deverá haver a audiência dos representantes legais). Agora, se a FAZENDA 
PÚBLICA já tiver dado à área invadida uma finalidade pública, o possuidor 
poderá pleitear uma reparação pela área perdida. Se for dono, poderá ajuizar 
uma desapropriação indireta. O fato de não ser dono não prejudica eventual 
pedido de restituição, pois a posse é um direito que integra o patrimônio de seu 
titular e por isso pode ser apreciada economicamente. 
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PETIÇÃO INICIAL: Além dos requisitos do art. 319 e 106 I do CPC, deverá o 
autor comprovar os elementos do art. 561 do CPC. A petição também deve 
contemplar as dimensões do bem, objeto da lesão. 
AUDIÊNCIA DE JUSTIFICAÇÃO e RESPOSTA DO REÚ: Estando adequada a 
inicial, o juiz passará aos requisitos da concessão da liminar, eis que a mesma 
se dá sem a oitiva da parte contrária (inaudita altera partes). Para liminar 
observar-se-ão os requisitos da ORDEM TEMPORAL e da CONIGNIÇÃO 
SUMÁRIA. Se o primeiro requisito estiver presente, mas o segundo nebuloso, 
poderá o juiz designar audiência para sanar a dúvida de justificação (art. 562 
do CPC). Nessa audiência o réu deverá ser citado para comparecer, mas não 
poderá produzir provas. Se ouvir a oitiva de testemunhas do autor, ao réu será 
dada a oportunidade, se estiver assistido por advogado, de fazer perguntas e 
contraditar. Após, o juiz julgará de pronto, concedendo ou não a 
reintegração/manutenção, ou remeterá o processo à conclusão para o 
julgamento em 30 dias. Se a decisão se der em audiência, estando presente o 
réu, será o mesmo intimado, ocasião em que passará o correr o prazo de 15 
dias para o agravo de instrumento da decisão interlocutória e o prazo de 15 
dias para apresentar contestação, porquanto, a partir daí, o procedimento já 
tenha se convertido em comum. 
IMPORTANTE! Com a apreciação da liminar, o procedimento especial será 
convertido em comum. 
SENTENÇA: Como para Câmara a sentença somente se classifica em 
meramente declaratória, constitutiva ou condenatória (majoritário), o referido 
autor não reconhece que a mesma, nas ações possessórias, tem natureza 
executiva (para a ação de reintegração) ou mandamental (para a ação de 
manutenção). Para Câmara a sentença é condenatória, pois impõe ao 
demandado o dever de restituir ou de se abster de cometer novas turbações. 
PECULIARIDADES DO INTERDITO PROIBITÓRIO 
O INTERDITO PROIBITÓRIO mostra-se adequado em caso de ameaça à 
posse. Nota-se que ainda não houve lesão, mas sim perigo de lesão. Trata-se 
de uma demanda preventiva, de caráter inibitório (preventivo). Nesse caso o 
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pedido será para que o réu seja compelido a se abster de turbar ou esbulhar a 
posse do autor, sob pena de multa. Poderá, então, ser condida media liminar 
(inaudita) com a essa finalidade. No mais, o procedimento segue as mesmas 
regras das demais ações possessórias.

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