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CENTRO UNIVERSITÁRIO CAMPO REAL ANA CAROLINE DA SILVA MARIA ELOÍSA MECHELIN TRABALHO BIMESTRAL Análise do Filme “Uma Lição de Vida” GUARAPUAVA - PR 2020 ANA CAROLINE DA SILVA MARIA ELOÍSA MICHELIN TRABALHO BIMESTRAL Análise do Filme “Uma Lição de Vida” Trabalho Bimestral apresentado ao curso de Psicologia na disciplina de Psicologia Hospitalar. Professora: Débora Rickli Fiuza. GUARAPUAVA - PR 2020 1. Parecer Psicológico 1.1 Identificação Paciente: Vivian Bearing Idade: 48 anos Profissão: Professora Médico: Harvey Kelekian 1.2 Diagnóstico A paciente foi diagnosticada com câncer ovariano, do tipo adenocarcinoma insidioso, encontrando-se no terceiro estágio, recebeu a orientação de seu médico oncologista, para realizar um tratamento quimioterápico experimental intensivo, com mínimas chances de melhora e diversos efeitos colaterais. Não possui filhos, marido ou qualquer membro familiar próximo. Trabalhava como docente em literatura inglesa em uma Universidade. 2. Análise Ao dar entrada no hospital para início do tratamento, durante os primeiros momentos e entrevista, a paciente demonstrou estar em um possível estado de negação da doença, não pela falta de compreendimento do diagnóstico, mas pelas condições em relação à doença, sendo a negação um mecanismo de defesa da paciente diante o diagnóstico. Muitas pessoas não estão preparadas para um prognóstico ruim, não aceitam de forma tranquila situação nem a compreendem totalmente. Ela não questionou sobre o tratamento apresentado, duração e nem sobre os possíveis efeitos colaterais que haveria. Após semanas exposta ao tratamento, os efeitos colaterais mostraram-se visíveis. Observando nesta etapa do tratamento que a paciente demonstra o estado da revolta, perguntando o porque ela estaria passando por esses momentos, o que haveria realizado em sua vida para merecer isso, em um dos momentos ela relata “se eu soubesse disso, teria perguntado mais” sic. Todavia, o médico realiza seu trabalho sem ao menos se importar com a dor ou sofrimento que ela esteja sentindo. Ela passa por vários constrangimentos ao fazer certos exames, sendo examinada na frente de vários médicos inclusive por um antigo aluno que também mostrava-se indiferente e insensível com seu sofrimento. Durante as semanas expostas ao internamento a paciente não recebeu visitas de amigos ou qualquer outra pessoa que não se remetesse aos funcionários do hospital, é inexistente a preocupação de que a cada dia a paciente enfraquece mais, sem ter ninguém para ajudar, ou ouvir no momento em que mais precisava. Em uma conversa informal com a enfermeira, a paciente enfrenta a posição do avanço do seu quadro, onde decide que não quer ser reanimada. Uma das grandes momentos positivos no filme à relação hospitalar é sobre a religiosidade, quando a Dra. Vivian estava muito fraca, aceitando sua doença e chegando a concepção de morte, quando cita que “a morte separará o seu corpo da alma”... “através da morte todos são mortais”, onde foi trabalhado pela Dra. Vivian com a sua religião, que tem de grande importância quando tratamos com o processo de luto, sendo de grande valor nas instituições hospitalares, onde traz um benefício psicológico emocional gerando um bem estar. Dessa forma através de sua compreensão e aceitação de sua vida, durante o filme é visível quando a Dra. Vivian assina o documento N.R (nenhuma reanimação/não ressuscitar), na cena final ela tem uma parada cardíaca, por mais que os médicos iniciaram a reanimação, foram impedidos pela enfermeira Susie, devido o documento. O filme apresentou sobre inúmeras discussões que abrangem a prevenção e promoção de saúde no processo hospitalar e sobre as éticas que abrangem essa área, tanto no processo de morte da Dra. Vivian sobre as dificuldades que ela percorreu e sobre a relação de médico com o paciente, assim foi exposto a difícil rotina hospitalar, sendo ela rígida e impessoal, trazendo uma visão diferente do que é mostrada sobre o que as pessoas têm do sistema hospitalar. 3. Foco e intervenções a serem realizadas. Contribuindo com os profissionais da saúde, como médicos e enfermeiros o psicólogo poderia desenvolver a psicologia assistencial provendo foco, escuta qualificada e orientações à paciente, utilizando a abordagem psicoeducativa ajudando no esclarecimento de dúvidas, compreendendo as necessidades da paciente, assim no processo de adoecimento, a paciente poderia se sentir amparada e conseguir trabalhar de forma mais leve, acolhendo as frustrações e as conquista de cada enfermo. O indivíduo vai além de um corpo físico, Vivian no próprio hospital tinha uma posição de respeito, a qual era chamada de doutora e professora, se sentia na obrigação de ensinar, mesmo em forma de paciente, sendo visível o desconforto. O conceito de humanização e de bom atendimento poderia ter sido integrada, para que o paciente seja tomado como um todo, considerando os aspectos emocionais, alterando o manejo médico, para criação de vínculo entre paciente e equipe do hospital, tentando evitar o máximo a fragmentação do paciente. Nota-se ainda que às intervenções realizadas a paciente eram notificadas somente em seu prontuário, não havendo indícios de alguma reunião multidisciplinar para discussões acerca do quadro clínico e intervenções a serem realizadas, sendo essa prática relevante para o processo e desenvolvimento do trabalho. Os profissionais da saúde contam com o MCCP (método clínico centrado na pessoa) é um recurso que contém orientações para uma abordagem mais centralizada no indivíduo, é estruturado em seis componentes, o primeiro passo que contêm é a exploração da patologia e a experiência da pessoa com a doença, avaliando além do corpo físico, mas também a condição, sentimentos, ideias, esse mecanismo realiza a anamnese de forma ampla, desde história de vida até suporte social. Elabora da mesma forma um projeto de tratamento com o paciente e demais profissionais envolvidos no caso, incorpora a prevenção e promoção à saúde, fortalece o vínculo medico-pessoa, assim apresentando resultados positivos como redução de sintomas, melhora na saúde mental, recuperação de problemas recorrentes, diminuição na utilização dos serviços de saúde, entre outros. Outro ponto em que o psicólogo poderia contribuir no caso de Vivian, seria a identificação por meio da associação livre, de figuras positivas, pessoas que a paciente considera importante em sua vida, e que poderiam auxiliar no processo favorecendo a humanização e a oportunidade do paciente se sentir escutado. A busca pelos valores culturais da paciente é de suma importância para tentar compreender os motivos do adoecimento, como também a melhora obtida. Esses valores vão desde a cultura religiosa à linguagem, por isso o psicólogo precisa compreender o significado desses aspectos para trabalhar. O importante é escutar o paciente falar do sintoma com suas palavras,interpretando assim o sentido que ele atribui a doença. Através da transferência e contra-transferência, o psicólogo reconhece a posição que a paciente se coloca em relação a ele e aos outros profissionais envolvidos no processo. Além disso, o psicólogo deixa em aberto espaços para que o paciente sinta-se a vontade de lhe falar o que quiser, livre de receber qualquer julgamento. 4. Referências Fossi, L. B.; Guareschi. N. M. F.; A psicologia hospitalar e as equipes multidisciplinares. Rio de Janeiro, 2004. Fuzikawa, A. K.; Método Clínico Centrado na Pessoa. 2014. Scannavino, A. S. S.; Sorato, D. B.; et al; Psico-Oncologia: Atuação do Psicólogo no Hospital de Câncer de Barretos. São Paulo, 2013. Simonetti, A. Manual de psicologia hospitalar: o mapa da doença. São Paulo, 2004.