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AULA 1 ESTRATÉGIA DE MARKETING NA ERA DIGITAL Profª Juliana Machado de Sousa 02 CONVERSA INICIAL Olá! Sejam bem-vindos à disciplina de Estratégias de Marketing na Era Digital! Nossa primeira aula terá como objetivo relembrar conceitos e aspectos essenciais sobre marketing, assim como as ferramentas metodológicas existentes para a elaboração de um plano consistente, instrumento básico para o desenvolvimento de estratégias de marketing de toda natureza. Esse entendimento é muito importante, pois servirá de balizador para a futura construção de estratégias digitais eficientes, objeto principal desta disciplina. CONTEXTUALIZANDO Mesmo diante das novas possibilidades tecnológicas e da crescente busca pelo conhecimento das ferramentas digitais, é importante lembrar que não são apenas os “likes” ou o número de visitas a um site que fazem uma estratégia de marketing de valor. Antes, deve haver um trabalho duro de análise que constituirá a base para ações futuras. O mundo “off-line”, deixado em segundo plano, é tão importante quanto o on-line, assim como determinados aspectos e contextos ambientais que fazem parte dos elementos e análise de marketing. Logo, é importante conhecer tais aspectos e mantê-los em foco. Eles deverão servir como balizadores, tanto para a observação do contexto em que a organização está inserida e na qual irá atuar quanto para a determinação de ações que atenderão às estratégias definidas. Segundo a Startup Farm, maior aceleradora da América Latina que realizou o primeiro estudo sobre mortalidade de startups brasileiras, a taxa de encerramento ainda é alta. O levantamento analisou 191 empresas do portfólio entre 2011 e março de 2016. O estudo aponta que 74% das startups brasileiras fecham após cinco anos, enquanto 67% encerram suas atividades entre dois a cinco anos de funcionamento e 18% em até dois anos de operação. Entre os motivos da mortalidade estão os conflitos entre os sócios e o desalinhamento entre a proposta de valor e o interesse do mercado. Também segundo estudo realizado pela Fundação Dom Cabral, por meio de seu Núcleo de Inovação e Empreendedorismo, pelo menos 25% das startups morrem com pelo menos um ano; 50% em até quatro anos e 75% em até treze anos. Os pesquisadores constataram que, dentre os fatores que concorrem para isso, estão o número de sócios envolvidos, menor capacidade de adaptação dos gestores às mudanças e 03 necessidades do mercado e o local de instalação (aceleradora, incubadora, parque tecnológico, escritório próprio, loja ou sala alugada). No entanto, algumas apresentavam bons indicadores digitais (likes, interações, visitas). Mas porque será da extinção se tais números eram favoráveis? Qual sua opinião? Podemos pensar em outros fatores? Por quê? O quadro a seguir traz as percepções das startups (fechadas e em operação) com relação ao assunto. Pensemos sobre esses fatores, pois esses podem ser um ponto de partida para reflexão e para compreender a importância do conteúdo a seguir. Quadro 1 – Percepção das startups Fonte: Assessoria de Imprensa FDC – Andreoli MSL Group, em 16/10/2014. TEMA 1 – CONCEITOS ESSENCIAIS DE MARKETING Os conceitos essenciais encontram-se nessa simples definição de marketing, segundo Philip Kotler: “Marketing é atividade humana dirigida para satisfazer necessidades e desejos por meio de troca”. Assim, sem mais rodeios, vejamos cada um deles. 1.1 Troca O marketing é baseado na troca, feita de forma livre entre as partes, na qual ambos os lados, pelo menos teoricamente, saem ganhando. A troca ocorre quando: Existem pelo menos duas partes envolvidas; As partes entregam algo de valor para outra; As partes são livres para aceitar ou rejeitar a troca; 04 Na relação entre as partes existe comunicação de forma espontânea, assim como a entrega (desejo de troca); Há livre negociação entre as partes. A troca pode envolver várias coisas que não exclusivamente monetárias; uma campanha pode objetivar uma mudança de hábito, ou conscientização, por exemplo. Quanto mais se conhece a respeito do público, seus hábitos e preferências, maior a probabilidade de saber o que pode ser oferecido a fim de, consequentemente, realizar a troca. 1.2 Necessidades e Desejos As necessidades são exigências humanas básicas, tais como alimentação, descanso, homeostase etc. Elas costumam ser elencadas na famosa Pirâmide de Maslow, que as classifica a partir das mais primitivas (fisiológicas) às mais elevadas (autorrealização). Figura 1 – Pirâmide de Maslow Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Hierarquia_de_necessidades_de_Maslow>. Acesso em: 31 dez. 2017. Os desejos são necessidades dirigidas a produtos específicos tidos como capazes de satisfazê-los. Por exemplo: alimentar-se é uma necessidade básica vital; desejo é que essa necessidade seja satisfeita por determinada comida, como um bife, massa ou doce. Os desejos são moldados pela sociedade e a cultura em que um indivíduo vive. No Brasil, o desejo pode ser por uma feijoada, na Argentina, por um asado, e no Canadá por um poutine, por exemplo. 05 1.3 Demanda É importante lembrar que apenas a necessidade e o desejo não bastam para que exista a relação de troca. É preciso que o público tenha condições de adquirir determinado produto/serviço – isso determinará a demanda. A demanda é a real disposição para aquisição de um bem ou serviço, expresso tanto pelo desejo quanto pela capacidade financeira. Ela não está explicitamente mencionada na definição de marketing,1 porém, é um elemento importante cuja avaliação deve ser pensada. Isso porque ela será maior ou menor em função de uma série de questões ambientais, tanto macro quanto micro. Ao escolher pela produção de determinado bem ou serviço, a empresa deverá levar em conta seu planejamento, sua capacidade produtiva/de prestação, adaptação a novos desejos, inovação. 1.4 Produto O produto é o objeto da relação de troca. No entanto, é importante salientar que ele não se refere apenas a bens tangíveis, como um carro ou um livro. É preciso ter em mente que produto é qualquer coisa capaz de satisfazer uma necessidade ou desejo. Ele deverá ser avaliado constantemente a fim de saber se deve ser mantido/alterado/excluído em função das necessidades e desejos que mudam constantemente. Existem 10 tipos de produtos, apresentados na tabela abaixo: Tabela 1 – Tipos de produtos Bens Tangíveis. Livro, Carro, eletrodoméstico, celular Serviços Aula de espanhol, curso de artesanato, consultoria Experiências Proporcionam experiência específica (voar de balão na Capadócia) Eventos Relacionados a acontecimentos (Copa do Mundo, Tomorrowland) Pessoas Trata-se de uma pessoa específica (celebridade, personalidade) Lugares Cidade do México, Ilha de Rhodes Propriedades Direito intangível de posse (casa, ações, títulos) Organizações Empresa (Google), Universidades (Stanford), Grupo de Teatro (Tablado) Informações O produto é a informação (sites, mídias, revistas) Ideias O produto é um conceito ou benefício. Fonte: Adaptado de Gabriel, 2010. 1 Kotler, 2003. 06 1.5 Público-alvo Trata-se da parte mais importante, já que todos os esforços são dirigidos a atender seus desejos e necessidades a fim de efetivar a troca. Quanto mais se conhece a respeito do público, seus hábitos e preferências, maior a probabilidade de que ela ocorra. Até aqui, sem grandes novidades. O mais importante a respeito do público-alvo é ter em mente que em função dele é que as estratégias deverão ser definidas. O que ocorre, muitas vezes, é que as estratégias são definidas conforme as preferências, desejos e olhar de sócios, empresários e empreendedores. É fundamental separar gostos e opiniões pessoais daquilo que o público-alvo quer. Lembre-se: o importanteé o que o cliente quer! TEMA 2 – AMBIENTE DE MARKETING A análise do ambiente em que uma empresa está inserida é uma ação extremamente importante antes de determinar qualquer ação de marketing. Existem dois tipos de ambientes que impactam os negócios de uma organização: o macro e o micro. O microambiente é composto por fatores relativamente controláveis pela organização e que estão próximos a ela, como funcionários, clientes, fornecedores, concorrentes. O macroambiente é composto por fatores que impactam a organização, mas que estão fora de seu controle, como fatores econômico, legais e tecnológicos. Vejamos a seguir cada um deles. 2.1 Fatores Econômicos Afetam o poder de compra, a demanda e a oferta de produtos, impactando negócios e a economia como um todo. Podem estar relacionados a crises, (des)valorização monetária, pacotes econômicos do governo, inflação, ajustes cambiais, barreiras comerciais entre países/blocos etc. A desvalorização da moeda local pode afetar negativamente a indústria do turismo, mas por outro lado incentiva o setor de comércio exterior que ganha mais com as exportações. 2.2 Fatores Políticos/Legais Estão relacionados à toda sorte de regulamentos (leis, normas, portarias, regimentos, atos, registros, determinações, decisões judiciais entre outros), decisões ou barreiras impostas implícita ou explicitamente por órgãos governamentais, grupos de interesse, partidos, políticos, lobistas que afetam, 07 alteram de maneira direta ou indireta os negócios de uma empresa. Por exemplo, a reforma trabalhista e a lei de terceirização das atividades. Ambas alteram significativamente as relações entre empresa e empregados, podendo afetar em decisões sobre contratação, volume de mão de obra, perfil de funcionários, quantos contratar e quantos alocar por projeto. Essas são algumas decisões que impactam, por exemplo, no preço final e na oferta de produtos e serviços. 2.3 Fatores Demográficos/Sociais/Culturais Estão relacionados à sociedade em que uma organização está inserida. Referem-se às variações da população de consumidores em termos de densidade populacional, distribuição, idade, raça, cultura, hábitos de consumo, saúde e lazer, nível educacional, renda, perfil das famílias etc. Tais fatores afetam diretamente as decisões sobre o público-alvo; quais produtos/serviços ofertar, onde. Como, para quem, quais faixas etárias, entre outros. Também ajuda na definição da faixa de preços a praticar, formato por região, aumento, reforma ou diminuição de portfólio. O aumento da expectativa de vida, por exemplo, traz oportunidades para uma série de segmentos (academias, instituições de ensino, treinamentos, planos de saúde, turismo, gastronomia). 2.4 Fatores Ambientais Relacionados às condições ambientais e naturais que servem tanto como insumos para produtos e serviços ou que afetam atividades de marketing, como a logística, por exemplo. O clima quente do Nordeste propicia a atividade turística, assim como o frio e a neve em determinados períodos na região sul. Fenômenos naturais, como os vulcões, que afetam a costa leste dos Estados Unidos afetam negativamente a logística de vários setores, e empresas como a Fedex, uma vez que aviões não decolam e o transporte terrestre fica limitado. 2.5 Fatores Tecnológicos Relacionados ao aparecimento e introdução de novas tecnologias e conhecimento no cotidiano da sociedade. Esses fatores, quando presentes, afetam o ambiente de negócios de forma cada vez mais rápida. A criação dos smartphones, por exemplo, fez aflorar o desenvolvimento de inúmeros aplicativos, como o Uber, que transformou a forma de pensar transporte, assim como alterou a política de preços existente até então. A tecnologia alterou totalmente esse tipo 08 de serviço, impactando diretamente o setor de transporte de passageiros, indiretamente a indústria automobilística (pessoas podem deixar de comprar carros e arcar com custos muito elevados de manutenção) e até mesmo o mercado de trabalho, já que muitas pessoas se tornaram motoristas desse aplicativo e não pretendem voltar ao mercado formal. TEMA 3 – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE MARKETING 3.1 Estratégia Antes de falarmos em planejamento estratégico, é preciso entender o que é estratégia. Segundo Sun Tzu, no livro A Arte da Guerra, estratégia “é a definição de como os recursos são alocados para se atingir determinado objetivo”. Temos dois elementos importantes neste conceito: recursos e objetivo. A definição de como alocar recursos a fim de conseguir o que se deseja depende do ambiente, que conforme já vimos, são dois, o macro e o microambiente. Assim, o planejamento estratégico é um processo no qual uma empresa analisa o ambiente (macro e micro) no qual está inserida, reúne os recursos de que dispõe para atingir seus objetivos em relação a determinado público-alvo. 3.2 Matriz SWOT Como dito anteriormente, uma empresa sofre influência tanto do macroambiente, o qual ela não controla, e do microambiente, o qual ela tem relativo controle. No primeiro caso, ela apenas reage às circunstâncias; no segundo, seu poder de ação é maior. Agir ou reagir ao ambiente exige ajustar as variáveis controláveis do ambiente interno da empresa, avaliando pontos fortes e fracos e as variáveis das quais não tem controle, considerando possíveis ameaças ou oportunidades de negócio. Essa análise de forças e fraquezas (do ambiente interno) e das ameaças e oportunidades (do ambiente externo) resulta na Matriz SWOT, que explicita competências e análises de cenários, a fim de orientar a escolha da melhor estratégia para determinado fim. SWOT é o acrônimo em inglês para Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças (Strenghs, Weaknesses, Opportunities, Threats). Ao fazer uma Matriz SWOT, estão sendo percebidos e analisados pontos fortes e fracos, assim como ameaças e oportunidades relacionadas a uma empresa/produto/serviço. As forças e fraquezas estão relacionadas a fatores 09 internos da organização, como funcionários, estrutura, processos, tecnologias, know how etc. As oportunidades e ameaças estão relacionadas ao ambiente externo à organização, como mercado, economia, concorrentes, fornecedores. Para compreender melhor, faça o seguinte exercício: questione: O que a empresa faz bem? (Pontos fortes) Quais processos devemos melhorar? (Pontos fracos) Quais novos produtos/serviços do ramo de atuação da empresa foram legalizados/regulamentados pelo governo? (Oportunidade) A quais insumos meus fornecedores não têm acesso? (Ameaça) A figura a seguir resume os elementos da Matriz SWOT. Figura 2 – Elementos da Matriz SWOT 3.3 Posicionamento No planejamento estratégico, temos outro conceito bastante importante a considerar quando se trata de atingir objetivos junto ao público-alvo. No mercado, há uma miríade de empresas, concorrentes que fazem o mesmo trabalho, produzem o mesmo produto e prestam o mesmo serviço. E todos batalham por um lugar ao sol. Com exceção daquelas empresas que surgiram há vários anos e conseguiram o lugar como pioneiras, a maioria das marcas e produtos criados trava uma guerra com um mar de concorrentes. Assim surge o Posicionamento, a necessidade de assumir um lugar diferenciado na mente do consumidor para que este compre do “meu” negócio/empresa e não do meu concorrente. De forma mais abrangente e de Strenghts Weaknesses Opportunities Strenghts Threats FORÇAS FRAQUEZAS OPORTUNIDADES AMEAÇAS S W O T Ambiente Interno Ambiente Externo 010 acordo com os autores do conceito, Al Ries e Jack Trout (2005), posicionamento “é o modo como você se diferencia na mente de seu cliente potencial”. Em mercados competitivos e nos quais os produtos têm atributos muito similares, senão iguais, o posicionamento é essencial para a empresa/marca se diferenciar.Segundo Kotler (2003), a metodologia para definir o posicionamento envolve 8 etapas: 1. Definição do mercado de atuação e público-alvo. 2. Identificação dos atributos que caracterizam o produto/serviço. 3. Pesquisa sobre a percepção do público quanto aos atributos do produto/serviço. 4. Levantamento dos principais concorrentes. 5. Estabelecimento de um ranking de produtos/serviços dos concorrentes segundo a percepção do público-alvo. 6. Determinação de uma combinação excelente de atributos a partir do ranking. 7. Análise das possibilidades de ajuste do posicionamento dentro desse ranking de percepções e atributos considerados excelentes. 8. Posicionamento do produto/serviço/marca. O posicionamento tem como propósito encontrar um lugar ainda não ocupado na mente do consumidor para então ocupá-lo, posicionando seu produto, serviço ou marca nela. Claro que o desafio será diferente em função do tipo de produto e sua possibilidade de diferenciação. Uma marca de perfume, por exemplo, é mais fácil de ser posicionada do que uma marca de arroz. O ideal em termos de posicionamento é ser o pioneiro. As pessoas sempre lembram do primeiro! No entanto, se isso não for possível, o posicionamento pode ser determinado em função de um destes três conceitos: 1. funcional; 2. simbólico; 3. experiencial. Neles, os produtos/serviços/marcas: a. resolvem problemas, trazem benefícios; b. proporcionam identificação, sentimento de inclusão; c. fornecem estímulos sensoriais, cognitivos. 011 Independente da escolha, é preciso deixar claro que o posicionamento deve ser feito antes do plano de marketing; aquele está acima deste e envolve decisões estratégicas que afetarão as decisões sobre produto, linhas, marcas, ciclo de vida e inovação em longo prazo. 3.4 O Composto de Marketing O composto ou mix de marketing é uma ferramenta estratégica para elaborar o plano de marketing, pois aborda os aspectos essenciais da gestão mercadológica. É também conhecido como os 4 Ps: Produto, Preço, Praça, Promoção. Não é a intenção aprofundarmos em excesso neste tema, visto que essa é uma tarefa para a disciplina de marketing, mas para que vocês tenham uma noção ou relembrem os conceitos, vejamos resumidamente cada um deles: Produto O produto é a oferta que serve para satisfazer necessidades e desejos. Possui três dimensões distintas: o produto em si, sua marca e embalagem. O produto é a oferta cujos atributos podem ser determinados, alterados conforme o plano de marketing. A marca é o sinal, símbolo, nome que serve para diferenciar um produto de seus concorrentes. É um elemento extremamente importante, já que muitas vezes quando bem posicionada é a responsável pelo sucesso ou fracasso de um produto. A embalagem é o invólucro do produto e desempenha importantes funções para o produto, como a possibilidade de armazenagem e transporte. Além disso, auxilia na promoção e venda. O produto é formado por três níveis que podem ser usados como elementos estratégicos: parte central (atributos do produto), parte tangível (parte física, estilo, qualidade, marca) e ampliação (fatores que envolvem o produto, ampliando sua percepção, como garantia, entrega, instalação, pós-venda). O serviço é um tipo especial de produto que possui as seguintes características: Intangibilidade (não pode ser tocado, segurado), Inseparabilidade (é consumido no mesmo momento em que é produzido), Variabilidade (varia mesmo sendo prestado pela mesma pessoa – cada vez será diferente), Perecibilidade (não pode ser estocado). Preço É o item que define as condições de troca e é por meio dele que se geram as receitas da empresa. É o fator que estabelece a percepção de qualidade 012 perante o mercado e mais especificamente sobre o público-alvo. Preços que terminam em “,99” passam ideia de produtos com baixo valor agregado, enquanto itens sem preço visível ou que tem muitos “zeros” passam a ideia de qualidade, sofisticação, de serem “premium”. Outros componentes relacionados ao preço, como forma de pagamento, parcelamentos (ou não) são elementos que podem ser usados estrategicamente a fim de atingir o público-alvo. Por isso, o preço também é um fator importante de posicionamento do produto, embora seja de alteração mais fácil que os outros elementos do composto (produto, praça e promoção). Praça É o componente do composto que diz respeito às estratégias para colocação do produto no mercado (como chegará ao ponto de venda e como será exposto e disponibilizado ao cliente potencial). Embora não seja tão abordado quanto os “Ps” de produto e promoção, ele é extremamente importante, pois é o passo inicial para propiciar que a troca ocorra. Muitos não percebem, mas muitas ações de marketing digital estão voltadas para esse “P” do composto. Um exemplo disso são as lojas virtuais de roupas, que não existe fisicamente e que contam com a exposição digital em ferramentas como o Instagram para efetivar as vendas. Ao se definir estratégias de praça, é preciso levar em consideração: as características do público-alvo (onde se encontram e como compram), as características do produto (perecibilidade, necessidade ou não estocagem, preço), condições da empresa (capacidade de distribuição, estocagem e produção) e, por fim, as estratégias de comercialização definidas. Promoção É o elemento do composto que visa promover produtos e serviços para que cheguem ao conhecimento do público-alvo e, depois dessa fase, interajam com este a fim de promover trocas reiteradas vezes. Para isso, existem as ferramentas de comunicação, cada qual com suas características específicas segundo as intenções que se pretende atingir. Vejamos, resumidamente, quais são e para que são utilizadas: Propaganda: do latim propagare, é o meio utilizado para propagar uma mensagem ao público-alvo. A comunicação é feita de forma repetida e impessoal e costuma custar caro, já utiliza em geral mídia de massa, como a TV. 013 Promoção de Vendas: Ação que visa incentivar a experimentação e estabelecer um relacionamento com o público-alvo. Em geral, oferece incentivos para a aproximação do consumidor em direção à marca/produto com prazo de duração determinado. Marketing Direto: conjunto de ações destinadas a construir um relacionamento direto com o público-alvo. Para que assim seja caracterizada, deve ter um momento call-to-action2, no qual se “exige” uma resposta por parte do cliente, a fim de que haja uma evolução no grau de intimidade estabelecido entre produto/marca e consumidor. É uma ação privada, imediata, personalizada e interativa. Relações Públicas: Trabalho realizado no intuito de estabelecer uma imagem positiva da marca/produto perante o público-alvo e a comunidade envolvida com os negócios de uma organização. Isso é feito por meio de veiculações na mídia de forma geral e de um porta-voz (assessor de imprensa) que deve passar credibilidade acima de tudo. Venda pessoal: Como o próprio nome diz, é a interação pessoal que proporciona contato direto com o público-alvo. É a chance de vender direta ou indiretamente não apenas o produto, mas qualidades e características desejáveis da empresa que produz e/ou promove o produto/serviço/marca. TEMA 4 – ESTRUTURA E PASSO A PASSO DO PLANO DE MARKETING A fim de concatenar os conceitos revisados/aprendidos, chagamos ao fim desta primeira aula, quando vamos colocar na prática como elaborar o plano de marketing. É só seguir o passo a passo! 4.1 1º Passo: Análise Ambiental Lembram-se dos conceitos de macro e microambiente, dos fatores controláveis e não controláveis por parte da organização? Pois bem, como dito algumas vezes, não se pode começar uma estratégia de marketing sem antes analisar: Um a um os fatores do macroambiente (econômicos, demográficos, político/legais, sócio/culturais, ambientais e tecnológicos).Esses fatores 2 Call-to-action (CTA) ou chamada para agir, são ações que provocam a resposta do cliente/usuário de forma imediata. Em geral este deve responder a uma demanda para dar continuidade à interação com determinado produto/serviço/site. 014 serão, então, elencados na Matriz SWOT dentro de oportunidades ou ameaças para o negócio; Aspectos do microambiente relacionados ao mercado, aos concorrentes e ao público-alvo. Esses são os principais, mas nada impede que sejam levados em conta também fornecedores, novos entrantes etc., que também serão elencados na Matriz SWOT dentro de oportunidades ou ameaças; O ambiente interno da organização em todos seus aspectos: recursos, estrutura, tecnologia, produtos/serviços/marcas (4 Ps), know how, processos, procedimentos, cultura etc. Esses fatores serão, então, elencados na Matriz SWOT dentro das forças e fraquezas do negócio. 4.2 2º Passo: Objetivos Com a análise SWOT e dos ambientes em mãos, assim como o público- alvo em mente, inicia-se a etapa de definição dos objetivos de marketing, que podem ser desde o aumento de vendas, decisões sobre descontinuidade de produtos ou ampliação de mercado até campanha para fortalecimento de imagem ou mudança de posicionamento. O importante é que sejam estabelecidos objetivos quantificáveis, mensuráveis no tempo. Mas atenção: para cada objetivo em relação a um determinado público-alvo (a empresa pode ter vários em função de diversas linhas de negócios) é preciso desenvolver um plano de marketing específico! Posso citar como exemplo os seguintes objetivos: lançar 3 novas linhas de produtos nos próximos 5 anos; alcançar um market share de 55%3 em 2 anos; aumentar o volume de vendas em 25% nos próximos 2 meses; ampliar os canais de marketing de 8 para 20 em 2 anos. Os objetivos dependerão de empresa para empresa, conforme seu ramo de atuação, segmento, estrutura, patrimônio e caixa. O importante, aqui, é que fique bem claro quais perguntas devem ser feitas. O passo a seguir é sobre as respostas. Siga comigo! 3 Os percentuais utilizados aqui são meramente exemplificativos e não constituem um valor obrigatório a ser utilizado pelos gestores. 015 4.3 3º Passo: Plano de Ação O plano de ação compõe a parte tático-operacional da estratégia, ou seja, a parte em que literalmente se “coloca a mão na massa”. As ações delineadas para cada um dos itens do composto de marketing (4 Ps) deverão ter um plano que dirá como tais ações deverão ser executadas. Respostas para perguntas como: o quê, por que, quando, onde, para quem, por quem, a que custo/preço, em que prazo devem ser respondidas pelo plano de ação. Por exemplo: A empresa decide expandir seus canais de distribuição, que até então eram apenas físicos também para o digital. O plano de ação deve ter as respostas para as seguintes perguntas: Por quê estamos fazendo isso? (as pessoas precisam entender o porquê do que fazem para dar sentido à ação; com isso, tendem a fazer melhor) Como? Quais canais digitais serão utilizados para comercializar nossos produtos? On-line e off-line ao mesmo tempo? Só on-line? Quem vai administrá-los? (administração de pedidos, geração de conteúdo, relacionamento, SEO, SEM) Em quanto tempo esse novo canal deverá estar plenamente operante? Em quanto tempo deverá se pagar? (1 mês, 11 meses, 2 anos?) Quantas pessoas serão necessárias para operacionalizar tudo? (funcionários, freelancers, agência, profissionais liberais, entre outros) Qual estrutura a parte deverá ser montada para atender esse novo negócio? (escritório de advocacia, apoio logístico, agentes etc.) Quanto essa nova estratégia de negócio custará? Qual o mix de produtos será comercializado? (será o mesmo dos canais físicos? Será completamente diferente? Serão complementares?) Qual será o público-alvo desta estratégia? (os mesmos clientes ou clientes de outro perfil, para ampliar segmentos?) Como comunicaremos a novidade ao mercado? E assim por diante, pessoal! Essas são perguntas como exemplos; muitas outras podem e devem ser feitas. Vejam quantos aspectos envolvem a operacionalização de uma estratégia. Aqui, além das perguntas, é essencial ter as respostas certas, claras, para orientar o pessoal e executar a estratégia conforme idealizada. Para se ter uma noção clara da responsabilidade e dos ganhos ou prejuízos que se pode ter com atrasos e comunicação ineficiente, é 016 preciso ter noção também dos cronogramas e orçamentos previstos. A ordem é caprichar no planejamento para executar sem falhas! 4.4 4º Passo: Orçamento e Cronograma Neste estágio do plano são elaborados os esquemas (gráficos, planilhas) que conterão os recursos (financeiros, de pessoal, material, estrutural etc.) necessários para a execução do planejamento, bem como um cronograma de execução com todos os passos em começo, meio e fim. É uma etapa crucial, pois atrasos acarretam custos adicionais, como multas, taxas, aluguéis e horas extras, serviços, contratos adicionais, entre outros. Assim, é importante que sejam considerados no cronograma não apenas os prazos de execução, mas também “folgas” para eventuais imprevistos ou remanejamentos, já que alguns recursos poderão faltar, ou não serem suficientes conforme esperado. Após a elaboração do cronograma, é necessário reavaliar a viabilidade de sua execução e implementação para que quando se inicie a execução tudo ocorra como previsto. 4.4 5º Passo: Avaliação e Controle Este é o último passo de um plano de marketing, mas não o menos importante. Muito pelo contrário. Ele trata da mensuração de tudo que foi estabelecido versus o que de fato ocorreu. Esse passo diz respeito a eventuais inconsistências nos objetivos traçados e traz limitações que devem ser trabalhadas a fim de que o objetivo seja alcançado. A posse de dados é importante, mas não é nada sem a mensuração que permite o efetivo gerenciamento. Para tanto, é necessário o prévio estabelecimento de indicadores de desempenho que deverão guiar as análises de resultados. Nesse ponto, tudo o que foi alcançado ou não, redefinido, reorganizado, o que deu certo ou não deve ser registrado de forma a orientar futuros planos. FINALIZANDO Nesta aula, revisamos os principais conceitos e aspectos do marketing, assim como as ferramentas existentes para que pudéssemos seguir no aprendizado de forma consistente, já que tais conhecimentos são instrumento básico para o desenvolvimento de estratégias de marketing vencedoras, em especial as digitais, foco desta disciplina. Na sequência, estudaremos as 017 transformações ambientais que vêm ocorrendo nos últimos anos para compreender o contexto no qual as tecnologias e plataformas digitais apareceram e se desenvolveram e porque elas chegaram para ficar. 018 REFERÊNCIAS AMA – AMERICAN MARKETING ASSOCIATION. Disponível em: <https://www.ama.org>. BLOG O MELHOR DO MARKETING. Disponível em: <http://omelhordomarketing.com.br/posicionamento-de-marca>. GABRIEL, M. Marketing na Era Digital. São Paulo: Novatec, 2010 KOTLER, P. Administração de Marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson, 2003/2012. _____. Marketing de A a Z: 80 Conceitos que todo profissional precisa saber. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. PORTER, M. Estratégia Competitiva. 1. ed. São Paulo: Campus, 2005. TROUT, J. Estratégia de Marketing. 1. ed. São Paulo: M. Books, 2005. TROUT, J.; RIES, A. Positioning: A Battle for your Mind. 1. ed. New York: McGraw-Hill, 2001. TZU, S. A Arte da Guerra. 1. ed. São Paulo: L&PM Pocket, 2012. FUNDAÇÃO DOM CABRAL. Disponível em: <www.fdc.org.br>.
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