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Magistratura e Ministério Público Teoria Geral dos Direitos Difusos e Coletivos Luiz Antonio Data: 09/12/2014 Aula 05 Magistratura e Ministério Público Anotadora: Jéssica Damásio Educacional RESUMO SUMÁRIO 1. Prova, Ônus da Prova e Perícia 1.1. Perícia 2. Competência 3. Conexão, Continência e Litispendência 4. Sentença e Recursos 1. Prova, Ônus da Prova e Perícia 1.1. Perícia a) Princípio da Facilitação da defesa metaindividual: LACP, artigo 18. Ocorre que começou a ser aplicado o artigo 333, CPC, o MP ingressou com RESP para que o artigo 18 fosse aplicado. b) RESP 1.253.844/SC – o perito não pode trabalhar gratuitamente, o STJ quando couber ao MP assumir a perícia quem paga é a Fazenda Pública, súmula 232, afastaram desta forma o artigo 18. STJ Súmula nº 232 A Fazenda Pública, quando parte no processo, fica sujeita à exigência do depósito prévio dos honorários do perito. c) MP – faz ação civil pública através de inquérito civil e perícia, o MP defende que quando faz perícia na ação civil pública tem valor de prova. RESP 849.841/MG – as provas colhidas no inquérito civil terão valor probatório e serão afastadas se houver contraprova do réu e se o réu pede perícia ele paga. Se não puder ser feita perícia no inquérito civil, caberá inversão do ônus da prova. Ementa: PROCESSUAL CIVIL – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – LESÃO AO MEIO AMBIENTE – AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO – INCIDÊNCIA DA SÚMULA 284/STF. 1. Impõe-se o não-conhecimento do recurso especial, pois não basta a mera indicação do dispositivo supostamente violado. As razões do recurso especial devem exprimir, com transparência e objetividade, os motivos pelos quais o recorrente visa reformar o decisum. Incidência da Súmula 284/STF. 2. Inexiste ofensa ao contraditório no inquérito civil – preparatório da ação civil pública, pois representa mera peça informativa que pode ser colhida sem a observância do princípio do contraditório. Precedentes: REsp 849.841/MG, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 28.8.2007, DJ 11.9.2007, 2 de 5 REsp 644.994/MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Segunda Turma, julgado em 17.2.2005, DJ 21.3.2005. 3. In casu, a nulidade foi bem afastada pelo Tribunal de origem pois, nem sequer foram aproveitadas as provas colhidas no inquérito civil uma vez que o juiz sentenciante determinou a elaboração de perícia judicial a fim de comprovar o dano ao meio ambiente. Recurso especial não- conhecido. O MP não pode assumir o encargo da perícia porque o artigo 18 da LACP proíbe, e não pode tirar do fundo de interesses difusos lesados, aplica-se a súmula 232 do STJ, ou seja, quem paga a perícia é a Fazenda. 2. Competência Geralmente o polo passivo da ação é que define a competência. Exemplo: quando a ação estadual comum envolver medicamentos, o polo passivo pode ser escolhido de forma solidária entre Estado e Município. Súmula 150 do STJ: STJ Súmula nº 150 Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas. Quando se tratar de competência federal, quem cuida do processo é o MP federal, mesmo se a ação for proposta pelo MP estadual. Lei 7347/85 – interesses difusos e coletivos, artigo 2º: As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa (competência territorial absoluta, pode ser reconhecida a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição). Se houver situação de dano local aplica-se esse artigo 2º, caput, ou seja, a ação civil pública será proposta no local onde o dano ocorreu. Se a ação for de cunho preventivo (ainda não há dano, previne um futuro dano local), a ação será proposta no local em que ocorreria o dano. Exemplo: uma empresa está localizada numa divisa de duas comarcas, causando danos ambientais nos dois lados, de um lado há uma ação civil pública proposta pelo MP e outra proposta por uma associação. Qual será o juiz prevento? Artigo 219, CPC não é aplicado! Artigo 2º, parágrafo único da LACP - A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. Valerá a ação civil pública de quem ingressar com a ação primeiro. Se houver dano nacional ou regional: CDC, artigo 93, II – será competente o foro da Capital do Estado ou o do Distrito Federal. Existe um entendimento de que se o dano for regional a competência teria que ser do foro da Capital do Estado e quando o dano for nacional a competência teria que ser do DF, mas esse entendimento e afastado e não deve ser seguido. Não confundir dano nacional ou regional com dano local, afinal, quando o dano for local a ação deverá ser proposta na localidade do dano (exemplo: dificilmente um dano ambiental no interior terá reflexo nacional ou regional). 3 de 5 Se o dano é regional mínimo (na prática, até 7 comarcas) a competência será local. Se o dano regional for médio para máximo, a competência será na capital do Estado. Exemplo: uma empresa está causando danos nas cidades de SP e MG – vale a ação de quem propuser a ação primeiro. Os efeitos da coisa julgada só terão efeitos comente onde foi preferida a decisão (artigo 16 da LACP – o MP defende que este artigo não deve ser aplicado, afinal, a decisão deve valer para todos e não somente onde foi proferida a decisão). Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova. Se o dano for local aplica-se o artigo 93, I, CDC – propor ação no local onde ocorreu o dano ou onde ele deva ocorrer trata-se de competência funcional absoluta. Se o dano for regional ou nacional aplica-se o artigo 93, II, CDC. Regra de competência do ECA, artigo 209 (ressalvada a competência da justiça federal). Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas a competência da Justiça Federal e a competência originária dos tribunais superiores. Artigo 80 do Estatuto do Idoso: Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do domicílio do idoso, cujo juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas as competências da Justiça Federal e a competência originária dos Tribunais Superiores. 3. Conexão, Continência e Litispendência I) ação civil pública X ação civil pública: a) litispendência: para que haja deve haver tríplice identidade de partes, causa de pedir e pedido. Exemplo: MP de SP ingressou com ação civil pública e 20 dias depois uma associação civil pública também ingressou. As duas possuem a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. Existe litispendência? Há litispendência. Pelo artigo 2º, parágrafo único a primeira propositura é que vale e a associação civil ingressa na ação civil pública do MP como assistente consorcial até o trânsito em julgado. A doutrina moderna defende que junta as duas ações e não extingue a segunda, os dois funcional no polo ativo como autores, como se estivessem proposto juntos a ação civil pública. 4 de 5 2) continência: não há definição legal, aplica-se o CPC artigo 104 – quando entre duas ou mais ações houver mesmas partes, mesma causa de pedir e o pedido de uma é mais amplo que o pedido da outra. Na prática as ações propostas pelo MP são as quem possuem o pedido mais amplo. Aplica-se o artigo 105 do CPC: o juiz de oficio pode ordenar a união dos processos. Ocorre que o MP entende que o juiz deve unir as ações, o princípio da facilitação da defesa metaindividualmanda unir as ações civis públicas nesse caso e inverte a expressão do artigo 105 do CPC “pode” para “deve”. O regimento interno do TJ diz que a câmara que decidir primeiro a ação, a decisão valerá para todos os outros casos que dizer respeito a mesma ação. 3) conexão: artigo 103 do CPC: quando lhes for comum o objeto ou a mesma causa de pedir. O juiz poderá reunir os processos, mas deve ser lido “deverá” unir os processos, consagrando o princípio da facilitação da defesa metaindividual. II) Ação civil pública X várias ações individuais a) litispendência: não há litispendência porque não há as mesmas partes (artigo 104, CDC). b) continência: não há, porque não há as mesmas partes (artigo 104, CDC). c) conexão: há conexão, afinal basta que seja mesma causa de pedir e normalmente a causa de pedir da ação civil pública é a mesma da ação individual. Não reúne as ações (artigo 104, CDC), não aplica o artigo 105 do CPC, a ação individual deve ser suspensa se o autor quiser ingressar junto com a ação civil pública. 4. Sentença e Recursos 1) Sentença: Defende-se a dogma da efetividade do processo para que ele dê o direito. Toda sentença será cabível. A tutela especifica tem um valor inestimável, artigo 84 do CDC, caput e §5º e artigo 461 do CPC. Não existe absoluta congruência entre pedido e sentença, afinal, o juiz pode ampliar ou modificar o pedido para a efetividade do direito. Artigo 84, §1º, CDC – provimento condenatório em pecúnia só excepcionalmente. Artigo 84, §4º – o juiz poderá fixar multa diária ao réu, mesmo sem pedido do autor, o juiz pode inclusive alterar o valor do pedido. Artigo 461, §6º do CPC – o juiz pode modificar o valor da multa. A multa se destina para o fundo (artigo 13 LACP). Artigo 12, §2º LACP – a multa só será exigida após o trânsito em julgado da sentença, mas há entendimento no sentido de que pode ser executado o valor da multa antes do trânsito em julgado: - RESP 1.098.028/SP; - Agravo Regimental no Agravo de RESP 50.816/RJ; - Agravo Regimental no Agravo de RESP 421.057/GO. 5 de 5 2) Recurso: Usa-se a sistemática recursal do CPC com algumas peculiaridades: a) efeitos dos recursos: LACP, artigo 14 – o juiz pode conferir efeito suspensivo (excepcionalmente) aos recursos para evitar dano irreparável à parte (autora e não a parte ré, é como entende o MP, o judiciário aplica o efeito suspensivo para ambas as partes, autor e réu), o efeito normal dos recursos é apenas devolutivo. b) regras especiais: o ECA no artigo 198, VII diz que antes de determinar a remessa dos autos à superior instancia, em 5 dias o juiz pode mudar a sentença, mesmo na apelação há possibilidade de retratação. O artigo 4º, §1º da lei 7853/89 diz que há reexame obrigatório quando a sentença for de improcedência ou carência. Próxima aula: coisa julgada e execução.
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