Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
3. FAMÍLIAS NO ECA O ECA traz uma classificação trinária de família: natural, extensa ou ampliada e substituta. A seguir, analisaremos cada uma delas. FAMÍLIA NATURAL É aquela cuja origem é biológica, de acordo com o conceito clássico. ( Art. 25. Entende-se por f amília natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. ) ( Contudo, modernamente, sustenta ) ( se que é possível a existência de família natural, sem )Contudo, modernamente, sustenta-se que é possível a existência de família natural, sem ( origem biológica. ) ( Entendem que a ) ( família natural seria a família definitiva da criança, fundada em ) ( Entendem que a )origem biológica. família natural seria a família definitiva da criança, fundada em ( um vínculo de filiação biológico ou civil (adoção, reconhecimento de paternidade socioafetiva). )um vínculo de filiação biológico ou civil (adoção, reconhecimento de paternidade socioafetiva). adoção. Concluída a adoção, teremos a família natural por adoção. ( adoção. Concluída a adoção, teremos a família natural por adoção. ) FAMÍLIA EXTENSA OU AMPLIADA Foi incluída pela Lei 12.010/09. ( É aquela que vai além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, englobando parentes ) ( com os quais a criança e o adolescente convivem e mantém vínculos de afinidade (Eudemonismo) ) ( e afetividade ( ) ( socioafetividade) )É aquela que vai além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, englobando parentes com os quais a criança e o adolescente convivem e mantém vínculos de afinidade (Eudemonismo) e afetividade (socioafetividade). ( Art. 25, Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade. ) Ressalta-se que a família extensa ou ampliada não se confunde com a grande família do CC, que não possui o requisito de afinidade e afetividade. A família extensa ou ampliada possui papel fundamental no direito à conv ivência familiar e comunitária, tendo em vista que se a criança ou o adolescente precisar ser afastado de sua família natural, a prioridade é que sejam mantidos com os parentes que mantenham afinidade e afetividade, não se tratam de quaisquer parentes. FAMÍLIA SUBSTITUTA É aquela que tem lugar toda vez em que não houver exercício do poder familiar ou toda vez em que há exercício de forma deficiente. [Digite aqui] Há no ECA três modalidades de família substituta, são elas: Guarda; Tutela; Adoção. ( Art. 28. A colocação em família SUBSTITUTA far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção , independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta Lei. ) Oportunamente, será analisado cada uma das modalidades de colocação em família substituta. QUADRO ESQUEMÁTICO A título de fixação, observe o quadro abaixo: 4. LÓGICA DA CONVIVÊNCIA FAMILAR E COMUNITÁRIA 1ª LÓGICA Em regra, a criança e/ou o adolescente, devem ser mantidos junto à família natural. 2ª LÓGICA Há casos excepcionais (maus tratos, surras, falta de alimentação) em que será necessário o afastamento temporário* da criança e do adolescente de sua família natural . ( *Obs.: o afastamento, em um primeiro momento, deve ser temporário , a fim de que a situação seja resolvida. Desta forma, não poderá o juiz determinar a retirada de sua família e a imediata colocação para adoção. ) [Digite aqui] Após o afastamento, a criança ou o adolescente deverão ser encaminhados para (deve ser respeita a sequência): 1º Família extensa ou ampliada (avós, tios, irmãos), sob guarda ou tutela; 2º Terceiros que convivam e que mantenham com a criança vínculos de afinidade e afetividade, sob guarda ou tutela. Como exemplo, padrinhos, vizinhos. ( OBS.: É preferível um terce iro, não parente, que conviva e tenha afinidade e afetividade do que u m parente da criança e do adolescente que não conviva. ) 3º Acolhimento familiar trata-se de uma medida de proteção (aplicada toda vez que a criança ou o adolescente estejam em uma situação de risco, seja por sua própria conduta, pela conduta dos pais ou do Estado), em que a criança irá conviver com certas pessoas, por um determinado período, sem que tenham o direito de adotá-la. As pessoas que desejam acolher crianças ou adolescentes devem se inscrever no programa, a fim de que possam ser orientadas e p reparadas. Ressalta-se que o acolhimento familiar é uma medida provisória, justificada apenas nos casos de afastamento temporário, até que seja feita a reintegração familiar. 4º Acolhimento institucional tratam-se das entidades que recebem crianças ou adolescentes afastados do convívio familiar. ( OBS.: é a última alternativa. Não se confunde com as instituições destinadas ao cumprimento de medida socioeducativa de internação. Não significa privação de liberdade. ) 3ª LÓGICA A cada seis meses, até o período máximo de dois anos, salvo necessidade que atenda o superior interesse da criança ou do adolescente (poderá ser prorrogado), devem ser realizadas reavaliações periódicas sobre a situação de afastamento da família natural. Por exemplo, afastamento temporário devido ao uso de drogas pelos pais, os quais devem ser encaminhados a programas de recuperação. Após seis meses, será feita uma reavaliação, a fim de verificar se o programa de recuperação está dando certo, bem como se é possível a reinserção na família natural ou seguir outro caminho. Apenas diante de comprovada situação de superior interesse é que o prazo máximo de dois anos poderá ser prorrogado, de forma fundamentada pelo juiz. 4ª LÓGICA Após o prazo de dois anos, tem-se a definição, a qual poderá ensejar (na ordem abaixo): Reinserção à família natural comprovando-se o reestabelecimento da higidez do lar; Permanência junto à família extensa ou ampliada melhor opção, eis que se tratam de parentes com que a criança ou o adolescente convive e possui afetividade e afinidade. Poderá ser sob guarda, tutela ou adoção (não havendo impedimentos); Adoção medida excepcional; Acolhimento institucional preferencialmente, em programas de apadrinhamento afetivo. Permanecem até a maioridade. Esquematizando: ( REGRA EXCEÇÃO temporário) (quando ocorre o afastamento DEFINIÇÃO Após o prazo de dois anos: Retorna à família natural; Permanece na família extensa ou ampliada; Adoção Acolhimento institucional Afastamento temporário e encaminhamento para: Família extensa ou ampliada; Terceiros Acolhimento familiar Acolhimento institucional Obs: Reavaliação a cada seis meses (máximo 2 anos) Permanecia na famíla substituta ) ( QP Do direito à convivência familiar e comunitária, no ECA, compreende-se que a intervenção estatal deverá ser voltada prioritariamente a orientação, apoio e promoção social da família natural, junto à qual a criança e adolescente devem permanecer, salvo absoluta impossibilidade demostrada por decisão judicial. Correta! ) 5. PAIS PRIVADOS DE LIBERDADE O ECA prevê que é direito fundamental da criança e do adolescente ser criado e educado no seio da sua família (art. 19). Como garantir esse direito se o pai ou a mãe do menor estiver preso? A Lei n° 12.962/2014 determinou que a pessoa que ficar responsável pela criança ou adolescente deverá, periodicamente, levar esse menor para visitar a mãe ou o pai na unidade prisional ou outro centro de internação. ( Art. 19 (...), § 4º Será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade responsável, inde pendentemente de autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.962/2014) ) CONDENAÇÃOCRIMINAL E PERDA DO PODER FAMILIAR ( CS de ECA 2018.1 ) ( 89 ) Se o pai/mãe do menor for condenado (a), ele (a) perderá, obrigatoriamente, o poder familiar? Regra: a condenação criminal do pai ou da mãe NÃO implicará a destituição do poder familiar. Exceção: haverá perda do poder familiar se a condenação foi por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, praticado contra o próprio filho ou filha. ( Art. 23 (...) § 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder familiar, exceto na hipótese de condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, contra o próprio filho ou filha. (Incluído pela Lei nº 12.962/2014) ) AÇÃO DE PERDA OU SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR A perda ou suspensão do poder familiar ocorre mediante ação proposta pelo Ministério Público ou por alguma pessoa que tenha legítimo interesse (ex.: um avô) contra um ou ambos genitores do menor. As ações de perda ou suspensão do poder familiar são regidas por r egras processuais previstas no ECA (arts. 155-163). Subsidiariamente, aplicam-se as normas do CPC (art. 152). A competência para julgar essa ação será da: único do ECA); ou SUSPENSÃO LIMINAR DO PODER FAMILIAR Se houver motivo grave, após ouvir o Ministério Público, o juiz poderá decretar a suspensão liminar do poder familiar até o julgamento definitivo da causa, fi cando a criança ou adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade (art. 157). CITAÇÃO DO REQUERIDO O requerido (pai e/ou mãe) será citado para, no prazo de 10 dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas e documentos (art. 158). A citação do requerido deverá ser pessoal (via postal ou por meio de Oficial de Justiça). Somente será permitida a citação por edital se foram tentados todos os meios para a citação pessoal e, mesmo assim, não houver sido possível a localização do requerido. Ex .: enviou-se uma carta para o endereço e a correspondência voltou; após isso, o juiz determinou que o oficial de Justiça fosse até o local, mas chegando lá o meirinho constatou que o réu se mudou. ( Art. 158 (...) § 1º A citação será pessoal, salvo se esgotados todos os meios para sua realização. (Incluído pela Lei nº 12.962/2014) ) Como é a citação do requerido se ele estiver preso? Obrigatoriamente, a citação deverá ser PESSOAL. Aqui a Lei foi clara e peremptória. Portanto, deve -se entender que é nula a citação que não for pessoal na hipótese em que o requerido (pai ou mãe) estiver preso. Não há qualquer motivo justificado para que o Estado-juiz não faça a citação pessoal de alguém que está sob a sua custódia, em local certo e determinado. ( Art. 158 (...) § 2º O requerido privado de liberdade deverá ser citado pessoalmente. (Incluído pela Lei nº 12.962/2014) ) DEFESA TÉCNICA O requerido, obrigatoriamente, deverá ser assistido no processo por um advogado ou Defensor Público (defesa técnica). Caso ele não tenha possibilidade de pagar um advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, poderá requerer, em cartório, que lhe seja nomeado defensor dativo (art. 159) ou, então, mais corretamente, o juiz deverá remeter os autos à Defensoria Pública para que esta lhe preste assistência jurídica. E se o requerido estiver preso? Na hipótese de o requerido estar preso, o Oficial de Justiça, no momento em que for intimá-lo, deverá perguntar se ele deseja que o juiz nomeie um defensor para atuar no processo em seu favor. Trata -se de inovação correta da Lei n° 12.962/2014, considerando que a pessoa presa tem muito mais dificuldades de conseguir buscar auxílio de um profissional para realizar a sua defesa. ( Art. 158 (...), Na hipótese de requerido privado de liberdade, o oficial de justiça deverá perguntar, no momento da citação pessoal, se deseja que lhe seja nomeado defensor. (Incluído pela Lei nº 12.962/2014) ) OITIVA DOS PAIS DA CRIANÇA/ADOLESCENTE Em um processo de perda ou suspensão do poder familiar é obrigatória a oitiva dos pais do menor sempre que esses forem identificados e estiverem em local conhecido (§ 4º do art. 161). Se o pai ou mãe estiverem presos, mesmo assim será obrigatória a sua oitiva? SIM. A Lei n° 12.962/2014 determinou expressamente que, se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, o juiz deverá requisitar sua apresentação para que sejam ouvidos no processo. ( Art. 161 (...) § 5º Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, a autoridade judicial requisitará sua apresentação para a oitiva. (Incluído pela Lei nº 12.962/2014) ) 6. PODER FAMILIAR CONCEITO É uma prerrogativa ou autoridade que se exerce em face de crianças e adolescentes, implicando nos deveres de guarda, sustento e educação. ( Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no intere sse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais. Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) ) ISONOMIA ENTRE GÊNEROS Há igualdade entre homens e mulheres no exercício do poder familiar, antigamente denominado de pátrio poder. ( Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência ) FALTA DE RECURSOS MATERIAIS A deficiência de recursos financeiros, por si só, não é motivo suficiente para determinar a perda do poder familiar, nos termos do art. 23 do ECA. ( Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar. ) Diante de situações excepcionais, em que há a escassez de recursos financeiros, o Estado não pode retirar o poder familiar. Pelo contrário, deve fornecer meios para que as famílias permaneçam com os seus filhos, até porque um dos objetivos da República é a erradicação da pobreza. ALIENAÇÃO PARENTAL (LEI 12.318/2010) É um ato praticado por um dos pais, interferindo na formação psicológica, a fim de que haja uma repulsa em relação ao outro genitor. ( Art. 2 o Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de terceiros: ) ( - realizar campanha de desqualifi cação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade; - dificultar o exercício da autoridade parental; - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor; - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar; - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço; - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dif icultar a convivência deles com a criança ou adolescente; - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós. ) Ressalta-se que os atos de alienação parental violam o direito fundamental à convivência familiar (art. 3º) (Art. 3 o A prática de ato de alienação parental fere direito fundamental da criança ou do adolescente de convivência familiar saudável, prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parenta l ou decorrentes de tutela ou guarda. ) Em casos extremos, admite-se a suspensão ou a destituição do poder familiar. ( Art. 6 o Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso: - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador; - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; III - estipular multa ao alienador; - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial; - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão; - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente; VII - declarar a suspensão da autoridade par ental. Parágrafo único. Caracterizado mudança abusiva de endereço, inviabilização ou obstrução à convivência familiar, o juiz também poderá inverter a obrigação de levar para ou retirar a criança ou adolescente da residência do genitor, por ocasião das alternâncias dos períodos de convivência familiar ) 7. FAMÍLIA SUBSTITUTA Antes da análise de cada uma das modalidades de família substituta (guard a, tutela e adoção), iremos abordar pontos comuns. Posteriormente, em item separado, será estudado cada uma das modalidades e suas peculiaridades. CRITÉRIOS Conforme visto anteriormente, para a colocação em família substituta é necessária a observância dos seguintes critérios: Convivência; Afinidade; Afetividade. ( Art. 28, § 3o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar ou minorar as consequências decorrentes da medida. ) IGUALDADE ENTRE OS FILHOS Os filhos cuja origem é civil adotiva possuem os mesmos direitos dos filhos de origem biológica. Não se admite qualquer diferenciação. ( Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. ) MANUTENÇÃO DOS GRUPOS DE IRMÃOS Em muitos casos, com o afastamento familiar restam apenas os irmãos, por isso se deve dar preferência para a manutenção de grupos de irmãos. ( Art. 28, § 4 o Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos fratern ais ) PREPARAÇÃO GRADATIVA E ACOMPANHAMENTO POSTERIOR Para a colocação em família substituta deverá ser feita uma preparação gradativa da criança e adolescente, bem como que seja feito um acompanhamento posterior, a fim de se verificar as condições físicas e psicológicas dos infantes. ( Art. 28, § 5 o A colocação da criança ou adolescente em família substituta será precedida de sua preparação gradativa e acompanhamento p osterior, realizados pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar ) TERMO DE COMPROMISSO NOS AUTOS Igualmente, é necessário que seja prestado termo de compromisso nos autos da ação que esteja determinando a guarda, a tutela ou a adoção. ( Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, mediante termo nos autos. ) NÃO TRANSFERÊNCIA A TERCEIROS Não é possível que se transfira a terceiros a guarda, a tutela ou a adoção, apenas o juiz poderá determinar. ( Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades governamentais ou não- governamentais, sem autorização judicial. ) ESTRANGEIROS Tratando-se de família substituta estrangeira a única modalidade admitida é a adoção. Jamais será deferida a guarda ou tutela de uma criança ou adolescente para uma família estrangeira. ( Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui me dida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção. ) 8. GUARDA (ARTS. 33 a 35 DO ECA) CONCEITO É uma modalidade de família substituta (mais tênue) que regulariza a posse de fato de criança e adolescente. É uma situação de fato que é regulada de forma provisória, onde o guardião terá alguns atributos do poder familiar (exemplo: exigir obediência, garantir educação e apoio nece ssário). Em contrapartida, não terá o direito de representação, salvo em hipóteses excepcionais. ( Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material , moral e educaciona l à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros , inclusive aos pais . § 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros. § 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o direito de representação para a prática de atos determinados. § 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de dependente, pa ra todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários. ) ( § 4º Salvo expressa e fundamentada determinação em contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a medida for aplicada em preparação para adoção, o deferim ento da guarda de criança ou adolescente a terceiros não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar alimentos, que serão objeto de regulamentação específica, a pedido do interessado ou do Ministério Público. ) ( OBS.: Em Direito Civil, na parte de família, estudamos a guarda decorrente do poder familiar, a qual poderá ser compartilhada, poderá ser concedida unilateralmente a um dois pais. Não se co nfunde com a guarda estudada no Direito da Criança e do Adolescente que é espécie de família substituta, a qual se torna autônoma, diante da impossibilidade de os membros da família natural exercerem o poder familiar. ) FORMA DE CONCESSÃO A guarda pode ser deferida de forma incidental no processo, onde se requer a tutela ou adoção, ou a guarda pode ser o pedido principal do processo. Esta hipótese ocorre quando for para atendimento de situações de ausência momentânea dos pais, nos termos do art. 33, §2º ECA : ( Art. 33, §2º. Excepcionalmente , deferir-se-á a guarda, fora dos casos de tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável , podendo ser deferido o direito de representação para a prática de atos determinados (perceber que a prática de SOMENTE determinados atos) . ) Exemplo: Uma empregada doméstica resolve trabalhar na casa de uma família em outra comarca e leva seu filho consigo. Deveria a família onde a empregada trabalha, apresentar a criança a um juiz da Vara de Infância e Juventude, sob pena de cometer infração administrativa.Esta é uma hipótese de dar o direito de representação ao guardião. A sentença que defere a guarda do pedido principal faz COISA JULGADA MATERIAL? Resposta: Para a maioria da doutrina, a sentença faz coisa julgada material sim, porém havend o mudança de uma situação há possibilidade de revisão desta decisão (cláusula rebus sic stantibus). DEVERES Os guardiões possuem o dever de assistir criança e adolescente: Materialmente; Educacionalmente; Moralmente. PODERES Há uma série de poderes conferidos aos guardiões, podendo se opor contra terceiros, inclusive contra os pais da criança ou do adolescente. Assim, afastando temporariamente uma criança ou adolescente do convívio familiar, colocando-os na modalidade de guarda, será possível que o guardião se oponha aos pais, quando não houver a perda do poder familiar. EFEITOS PREVIDENCIÁRIOS A guarda confere dependência para todos os fins, inclusive previdenciários, nos termos do § 3º do art. 33 do ECA. ( Art. 33, § 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários. ) Contudo, a Lei 8.213/91, em seu artigo 16, §2º, após alteração ocorrida em 1997, excluiu a dependência previdenciária decorrente da guarda. Diante do conflito aparente entre o ECA e a Lei 8.213/91, o STJ aplicava o critério da especialidade (L. 8.213/91), afirmando que criança e adolescente não são mais dependentes para fins previdenciários, salvo em casos de óbitos ocorridos até 1997. ( Lei 8.213/91, § 2º. O enteado e o menor tutelado equiparam-se ao filho mediante declaração do segurado e desde que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no Regulamento. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997) ) Há um aparente conflito de normas, pois a lei previdenciária inclui entre seus dependentes apenas o menor TUTELADO não se referindo aquele que está sob a GUARDA do segurado, ao passo que o ECA declara que a guarda tem alcance previdenciário. Como dito acima, chamado a se manifestar sobre o assunto em diversas oportunidades, o STJ entendia que o ECA não deveria prevalecer. Assim, prevalecia a lei previdenciária por ser específica, razão porque o menor sob guarda NÃO tem direito a benefícios previdenciários. Porém, em fevereiro de 2014, o STJ reviu o seu entendimento. o STJ, o ECA não é uma simples lei, uma vez que representa política pública de proteção à criança e ao adolescente, verdadeiro cumprimento do mandamento previsto no art. 227 da CF/88. Ademais, não é dado ao intérprete atribuir à norma jurídica conteúdo que atente contra a dignidade da pessoa humana e, consequentemente, contra o princípio de proteção integral e preferencial a crianças e adolescentes, já que esses postulados são a base do Estado Democrático de Direito e devem orientar a interpretação de todo o ordenamento jurídico. Desse modo, embora a lei previdenciária aplicável ao segurado seja lei específica da previdência social, não menos certo é que a criança e adolescente tem norma específica que confere ao menor sob guarda a condição de dependente para todos os efeitos, inclusive previdenciários. Logo, prevalece a previsão do ECA trazida pelo art. 33, § 3º, mesmo sendo anterior à lei previdenciária. DIREITO DE VISITA E ALIMENTOS O exercício da guarda por terceiros não impede o direito de visita pelos pais, pois pode acontecer de existir uma situação intermediária, pelo fato da criança ser posta numa família substituta até que a família natural se arranje e essa retorne ao lar. Ademais, não desobriga os pais a prestarem alimentos aos filhos. Há duas exceções, onde há perda da visita pelos pais: Guarda incidental em processo de adoção; Se houver expressa determinação em contrário. ACOLHIMENTO FAMILIAR Nos termos do art. 34 ECA, para que a criança possa permanecer junto à família que detém a guarda, pode o Poder Público conceder incentivos para o acolhimento familiar. O acolhimento familiar ocorre quando há uma família acolhedora e o juiz entrega a criança/adolescente aos cuidados desta. ( Art. 34 ECA. O poder público estimulará, por meio de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios , o acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente afastado do convívio familiar. § 1º A inclusão da criança ou adolescente em programas de acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento institucional, observado, em qualquer caso, o caráter temporário e excepcional da medida , nos termos desta Lei. § 2º Na hipótese do § 1º deste artigo a pessoa ou casal cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá receber a criança ou adolescente mediante guarda, observado o disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei. § 3o A União apoiará a implementação de serviços de acolhimento em família acolhedora como política pública, os quais deverão dispor de equipe que organize o acolhimento temporário de crianças e de adolescentes em residências de famílias selecionadas, capacitadas e acompanhadas que não estejam no cadastro de adoção. (Incluído pel a Lei nº 13.257, de 2016) § 4o Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, distritais e municipais para a manutenção dos serviços de acolhimento em família acolhedora, facultando-se o repasse de recursos para a própria família acolhedora . (Incluíd o pela Lei nº 13.257, de 2016) ) Ex.: Zezinho está com sua família desestruturada (pai alcoólatra e mãe com problemas de saúde, além de ser extremamente promíscua), o juiz o retira e o entrega à família acolhedora. A esta pode ser concedida a guarda da criança. Para isso, ela pode receber incentivos/subsídios, como por exemplo, R$ 100,00 por mês. Quem pagará é o Poder Público, através da Política Pública de Convivência Familiar. Esta política deverá ser implantada no país (Estados e Municípios). Como é escolhida a família acolhedora? Resposta: Esta está inserida num PROGRAMA. Ela se candidata e é instruída para tal. Ela deve dar amparo à criança. Pode acontecer posteriormente, da família do Zezinho se reestruturar (o pai procura os Alcoólicos Anônimos e a mãe melhora de saúde e fica comportada). Daí a criança sai da família acolhedora e retorna à natural (coisa julgada material que teve sua decisão revista). Os meios de execução para o acolhimento familiar, nos termos do art. 34, §2º ECA, podem se dar: Através de ENTIDADE DE ATENDIMENTO, que recebe a criança, que já tem uma família e a entregará a uma família acolhedora. Esta entidade é responsável pela assistência à criança. Através do juiz que entregará a criança direto à família acolhedora. CARÁTER PROVISÓRIO O art. 35 do ECA diz que a guarda poderá ser REVOGADA a qualquer tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público. ( Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público. ) Ressalta-se que a guarda, por si só, não suspende o nem faz cessar o poder familiar. GUARDA COMPARTILHADA É uma responsabilidade simultânea em relação à criança e ao adolesc ente. Atualmente, a regra é a guarda compartilhada. ( Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada. § 1 o Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua ( art. 1.584, § 5 o ) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direi tos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns. § 2 o Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em vi sta as condições fáticas e os interesses dos filhos: ) ( CS de ECA 2018.1 ) ( 96 ) Novamente, salienta-se que a guarda compartilhada é uma forma de exercício do poder de guarda, decorrente do poder familiar. Não se confunde com a guarda, modalidade de família substituta, prevista no ECA. GUARDA AVOENGAÉ a guarda exercida por avós, perfeitamente admitida. 9. TUTELA (ARTS. 36 a 38 DO ECA) CONCEITO É a modalidade de família substituta que implica no dever de guarda e autoriza, em regra, a representação dos interesses da criança e do adolescente. Por isso, pressupõe a suspensão do ou a destituição do poder familiar, diferentemente da guarda. Constitui-se num conjunto de direitos e obrigações conferidas a um terceiro para que proteja a pessoa, seja ela uma criança ou adolescente que não se ache sob o poder familiar. PODERES O tutor tem o poder de representação em relação à criança e o adolescente. A concessão da tutela pressupõe a EXTINÇÃO do poder familiar, que pode acontecer com a morte dos pais, com a destituição ou perda do poder familiar, que se dará com a sentença judicial, ou então através da suspensão do poder familiar. HIPOTECA LEGAL E CAUÇÃO Nos casos em que o patrimônio da criança ou do adolescente é elevado, é possível que o juiz fixe uma caução, a fim de proteger o patrimônio e evitar prejuízos. TUTELA TESTAMENTÁRIA Pode-se ter a indicação de um tutor, cujo procedimento é: uma vez feito o testamento, aquele que fora indicado como tutor deverá no prazo de 30 dias após a abertura da sucessão ingressar com pedido destinado ao controle judicial do ato, observando o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 do ECA, na Vara da Infância e Juventude. ( Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer documento autêntico, conforme previsto no parágrafo único do art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da sucessão, ingressar com pedido destinado ao controle judicial do ato, observando o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei . Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão observados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei, somente sendo deferida a tutela à ) ( pessoa indicada na disposição de última vontade, se restar comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra pessoa em melhores condições de assumi-la ) De acordo com o parágrafo único do art. 37 do ECA, a indicação da pessoa como tutor no testamento, não vincula à autoridade judiciária, pois esta deverá observar cada caso concreto. Ou seja, somente será deferida a tutela à pessoa indicada na disposição de última vontade, se r estar comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra pessoa em melhores condições de assumi-la. 10. ADOÇÃO EVOLUÇÃO LEGISLATIVA CC/1916 = a adoção era deferida mais de acordo com os interesses dos adotantes do que do adotado. Fundamentos: i) a idade mínima para o adotante realizar a adoção era de 50 anos; ii) não podiam ter prole (filhos). 1957 (alterou o CC/16) = foi reduzida a idade do adotante para 30 anos de idade. 1979 (criação do Código dos Menores) = criou a adoção plena (rompim ento total dos vínculos familiares) e simples (não importava no rompimento dos vínculos familiares). 1990 (ECA) = a adoção prevista pelo ECA era única e exclusivamente a PLENA rompimento total dos vínculos familiares, seja tanto para a criança/adolescent e, mediante sentença (adoção regida pelo ECA), como também para a adoção de adultos, mediante escritura pública de adoção (regida pelo Código Civil). 2002 (NCC) = Tanto a adoção de criança/adolescente como a de adulto exigiam sentença, na qual podia se utilizar o CC + ECA. Havia apenas um choque entre as normas, no tocante à idade mínima. 2009 (L. 12.010/09) = revogou a maioria dos artigos relativos à adoção no CC/02. E dentro dos dispositivos que permaneceram foi a adoção de criança e adolescente, bem como a adoção de adulto que passa a ser regida pelo ECA, guardadas as respectivas observações que devem ser feitas em relação aos adultos. Ex.: Adoção de adulto não precisa da observância do cadastro de adoção. Os artigos 1620/1629 do CC foram revogados. As sim, a partir de NOV/2009 exige-se a efetiva assistência do Poder Público, não é permitida em qualquer hipótese a adoção por escritura pública, somente se fará por sentença e o diploma legal que rege a adoção é o ECA. Qual a diferença fundamental entre 1916 a 2009? Resposta: A principal mudança é que se mudou o foco, pois agora se busca o superior interesse da criança. Ademais, a adoção é tão e somente a plena. CONCEITO É a modalidade de família substituta que estabelece um vínculo de filiação. Trata-se de uma medida excepcional, apenas quando não é possível a manutenção da criança em sua família natural, nem a colocação em família extensa ou ampliada. ESPÉCIES 10.3.1. Quanto ao rompimento do vínculo anterior UNILATERAL rompe-se apenas um vínculo. Hipóteses: adotado encontra-se registrado somente em nome de um dos pais (geralmente a mãe) família monoparental. Neste caso, não há necessidade de prévia destituição do poder familiar, pois já está registrado no nome de um dos pais (preenchendo aquele espaço vazio) jurisdição voluntária. família monoparental. Também não há necessidade de prévia destituição do poder familiar, até porque com a morte há a extinção do poder familiar jurisdição voluntária. trata-se de uma hipótese de jurisdição contenciosa. BILATERAL rompe-se os dois vínculos, tanto com o pai quanto com a mãe biológicos. Por exemplo, quando o pai e a mãe não se encontram mais em condições de exercer o poder familiar. 10.3.2. Quanto à formação de novo vínculo SINGULAR forma-se mais de um vínculo ou um novo vínculo. CONJUNTA formam-se dois vínculos, um com o novo pai e um com a nova mãe. ADOÇÕES ESPECIAIS 10.4.1. Adoção por ex-cônjuges ou ex-companheiros Em regra, para adoção conjunta é necessário que as pessoas sejam casadas ou convivam em união estável. Contudo, admite-se que a adoção seja realizada por ex-cônjuge ou ex- companheiros, quando já houver sido iniciado o estágio de convivência e desde que ha ja acordo quanto à guarda e quanto aos regime de visitação. ( Art. 42, § 4 o Os divorciados, os judicialmente separados e os ex- companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do período de convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão ) Será possível o deferimento de guarda compartilhada. ( § 5o Nos casos do § 4o deste artigo, desde que demonstrado efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda compartilhada , conforme previsto no art. 1.584 da Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil. ) 10.4.2. Adoção póstuma Relacionada aos adotantes. Ocorre quando o adotante falece, mas houve manifestação, inequívoca, do desejo de adotar antes de ser proferida a sentença de adoção. Pedro (30 anos) cria o órfão Huguinho (4 anos) desde que ele nasceu como se fosse seu filho biológico, dando carinho, afeto, cuidados materiais etc. As pessoas que conhecem Pedro, sabem que ele considera Huguinho como seu filho. Antes que pudesse ingressar com um pedido de adoção de Huguinho, Pedro vem a falecer. É possível que os sucessores de Pedro ingressem com uma ação para que Huguinho seja adotado como filho de Pedro, mesmo ele já tendo morrido sem ter iniciado o procedimento? Se quiser saber a resposta trazida pelo texto da Lei para essa pergunta, consulte o § 6º do art. 42 do ECA ( Art. 42, § 6 o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença ) Requisitos para que ocorra a adoção póstuma: SEGUNDO O TEXTO DO ECA SEGUNDO A JURISPRUDÊNCIA DO STJ a) O adotante, ainda em vida, manifesta inequivocamente a vontade de adotar aquele menor; b) O adotante,ainda em vida, dá início ao procedimento judicial de adoção; c) Após iniciar formalmente o procedimento e antes de ele chegar ao fim, o adotante morre. Nesse caso, o procedimento poderá continuar e a adoção ser concretizada mesmo o adotante já tendo morrido. Se o adotante, ainda em vida, manifestou inequivocamente a vontade de adotar o menor, poderá ocorrer a adoção post mortem mesmo que não tenha iniciado o procedimento de adoção quando vivo. O que pode ser considerado como manifestação inequívoca da vontade de adotar? O adotante trata o menor como se fosse seu filho; Há um conhecimento público dessa condição, ou seja, a comunidade sabe que o adotante considera o menor como se fosse seu filho. Nesse caso, a jurisprudência permite que o procedimento de adoção seja iniciado mesmo após a morte do adotante, ou seja, não é necessário que o adotante tenha começado o procedimento antes de morrer. No julgado deste informativo, o STJ reafirma esse entendimento. A Min. Nancy Andrighi explica que o pedido de adoção antes da morte do adotante é dispensável se, em vida, ficou inequivocamente demonstrada a intenção de adotar: vontade do de cujus em adotar, as mesmas regras que comprovam a filiação socioafetiva: o tratamento do menor como se filho fosse e o conhecimento público ( dessa condição. O pedido judicial de adoção, antes do óbito, apenas selaria com o manto da certeza, qualquer debate que porventura pudesse existir em relação à vontade do adotante. Sua ausência, porém, não impede o reconhecimento, no plano substancial, do desejo de adotar, mas apenas remete para uma perquirição quanto à efetiva intenção do possível adota nte em ) A decisão do STJ (em um caso parecido com os nossos exemplos) foi tomada pela Terceira Turma, no REsp 1.217.415-RS, cuja Relatora foi a excelente Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/6/2012. 10.4.3. Adoção homoparental Entende-se por adoção homoparental aquela adoção requerida por duas pessoas do mesmo sexo que mantém relação homoafetiva. Ou seja, é adoção por casais homossexuais. STJ - Não há óbice à adoção feita por casal homoafetivo desde que a medida represente reais vantagens ao adotando. Informativo 567 STJ - É possível a inscrição de pessoa homoafetiva no registro de pessoas interessadas na adoção (art. 50 do ECA), independentemente da idade da criança a ser adotada 10.4.4. Adoção conjunta por irmãos Exemplo hipotético: Júlia (25 anos) e Pedro (30 anos) são irmãos e, por serem solteiros, ainda moram juntos. Júlia e Pedro criam, há alguns anos, um menor que encontraram na porta de sua casa. Júlia e Pedro podem adotar esse menor? Se quiser saber a resposta trazida pelo texto da Lei, consulte o § 2º do art. 42 do ECA. SEGUNDO O TEXTO DO ECA SEGUNDO ENTENDEU O STJ NÃO De acordo com o texto do ECA, a adoção conjunta somente pode ocorrer caso os adotantes sejam casados ou vivam em união estável (§ 2º do art. 42). Excepcionalmente, a Lei permite que adotem se já estiverem separados, mas desde que o estágio de convivência com o menor tenha começado durante o relacionamento amoroso (§ 4º do art. 42). Art. 42 (...) § 2º Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família. § 4º Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do período de SIM A interpretação do ECA deve atender ao princípio do melhor interesse do menor. O conceito de núcleo familiar estável não pode ficar restrito às fórmulas clássicas de família, devendo ser ampliado para abarcar a noção plena de família, apreendida nas suas bases sociológicas. O simples fato de os adotantes serem casados ou companheiros, apenas gera a presunção de que exista um núcleo familiar estável, o que nem sempre se verifica na prática. Desse modo, o que importa realmente para definir se há um núcleo familiar estável que possa receber o menor são os elementos subjetivos, que podem ou não existir, independentemente do estado civil das partes. Esses elementos subjetivos são extraídos da existência de laços afetivos; da congruência de interesses; do compartilhamento de ideias e ideais; ( da solidariedade psicológica, social e financeira, fatores que somados, e talvez acrescidos de outros não citados, possam demonstrar o animus de viver como família e deem condições para se associar, ao grupo assim construído, a estabilidade reclamada pelo texto de lei. Nesse sentido, a chamada família anaparental (ou seja, sem a presença de um ascendente), quando constatado os vínculos subjetivo s que remetem à família, merece o reconhecimento e igual status daqueles grupos familiares descritos no art. 42, §2º, do ECA. Em suma, o STJ relativizou a proibição contida no § 2º do art. 42 e permitiu a adoção por parte de duas pessoas que não eram casadas nem viviam em união estável. Na verdade, eram dois irmãos (um homem e uma mulher) que criavam um menor há alguns anos e, com ele, desenvolveram relações de afeto . ) 10.4.5. ( convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão. )Adoção poliafetiva É a adoção em que a formação de três ou mais vínculos em relação à criança ou ao adolescente. Por exemplo, uma mãe e dois pais (biológico e socioafetivo). Não há no ECA vedação a esta forma de adoção. CARACTERÍSTICAS São características sistematizadas com base em entendimento doutrinário. 10.5.1. Ato personalíssimo Não se admite adoção por procuração. É necessária a presença do adotante. ( Art. 39, § 2 o É vedada a adoção por procuração. ) 10.5.2. Medida excepcional Apenas nos casos em que não seja possível a manutenção da criança em sua família natural, nem sendo possível que seja colocada em família ampliada ou extensa, seguindo a lógica vista acima, após os períodos de reavaliação, será possível a adoção. ( Art. 39. § 1 o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei. ) Deve apresentar reais vantagens ao adotando. ( Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos. ) 10.5.3. Medida irrevogável Uma vez deferida, não se admite a revogação da adoção. Obviamente, é possível que a nova família tenha extinto o poder familiar, quando não o cumprir de forma determinada pela lei. 10.5.4. Medida incaducável Significa que a morte dos pais adotivos não reestabelece o vínculo com os pais originários. A morte confere direitos sucessórios. ( Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais naturais. Art. 41, § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária. ) 10.5.5. Medida plena A adoção rompe com todos os vínculos familiares anteriores, salvo os impedimentos matrimoniais. ( Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimonia is. ) 10.5.6. Constituição por sentença A adoção apenas será constituída por sentença judicial, não se admite nenhuma outra forma. ( Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial , que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão. § 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais , bem como o nome de seus ascendentes. § 2º O mandado judicial, que será arquivado,cancelará o registro original do adotado . § 3º A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de sua residência. § 4º Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá constar nas certidões do registro. § 5º A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do prenome incluindo do adotando adulto. § 6º Caso a modificação de prenome seja requerida pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando , observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 28 desta Lei. § 7º A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva , exceto na hipótese prevista no § 6º do art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à data do óbito adoção pos-mortem . ) ( § 9º Terão prioridade de tramitação os processos de adoção em que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com doença crônica. (Incluído pela Lei nº 12.955, de 2014) ) REQUISITOS 10.6.1. Requisitos objetivos a) Idade Os adotantes devem ter no MÍNIMO 18 anos de idade, não há idade máxima para adoção. ( Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado civil ) É necessária diferença mínima de 16 anos de idade entre adotantes e adotados. Tratando - se de adoção conjunta, prevalece que basta um dos adotantes ter a idade mínima. ( Art. 42, § 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o adotando. ) b) Consentimento dos pais/representantes ou destituição do poder familiar Para que ocorra a adoção é necessário que os pais consintam com a adoção ou sejam destituídos do poder familiar. ( Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando. § 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar . ) Segundo o STJ, não se admite pedido implícito da perda do poder familiar, de modo que mesmo o deferimento da adoção NÃO implica sua perda, devendo esta ocorrer em procedimento autônomo, com direito ao contraditório. ( OBS: Se admite a cumulação dos pedidos de adoção e destituição do poder famil iar, mas é imprescindível o contraditório em relação ao pedido. ) STJ Inf.: 492 Na ação de destituição do poder familiar proposta pelo Ministério Público não cabe a nomeação da Defensoria Pública para atuar como curadora especial do menor. Caso o Ministério Público perceba que os pais do menor não estão cumprindo regularmente suas atribuições e que a criança ou o adolescente encontra -se em situação de risco, poderá ajuizar ação de destituição do poder familiar. # Sendo ajuizada ação de destituição do poder familiar contra ambos os pais, será necessário nomear a Defensoria Pública como curadora especial deste menor ? R: NÃO. Argumentos: Não existe prejuízo ao menor apto a justificar a nomeação de curador especial considerando que a proteção dos direitos da criança e do adolescente é uma das funções institucionais do MP (arts. 201 a 205 do ECA); Cabe ao MP promover e acompanhar o procedimento de destituição do poder familiar, atuando o representante do Parquet como autor, na qualidade de substituto processual, sem prejuízo do seu papel como fiscal da lei; Dessa forma, promovida a ação no exclusivo interesse do menor, é despicienda a participação de outro órgão para defender exatamente o mesmo interesse pelo qual zela o autor da ação; Não há sequer respaldo legal para a nomeação de curador especial no rito prescrito pelo ECA para ação de destituição. A Relatora entendeu que a nomeação de curador ao menor deve ocorrer nos casos previstos no art. 142, parágrafo único do ECA, o que não se verificava no caso. ( Obs.: Adoção multiparental, pluriparental ou ad itiva é aquela em que há adição de mais uma mãe ou mais de um pai, sem que haja a destituição do poder familiar. ) c) Consentimento do adolescente Tratando-se de adolescente, para que seja adotado, é necessário o seu consentimento, o qual é determinante. ( Art. 45, § 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade , será também necessário o seu consentimento. ) d) Estágio de convivência Na adoção bilateral NACIONAL, o estágio de convivência é obrigatório , porém pode ser dispensado, quem diz o prazo é o juiz (§1º, art. 46). Já na adoção bilateral INTERNACIONAL, também é obrigatório, não podendo ser dispensado, cujo prazo mínimo é de 30 dias (§ 3º do art. 46). ( Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar , observadas as peculiaridades do caso. § 1o O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja po ssível avaliar a conveniência da constituição do vínculo. § 2o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa da realização do estágio de convivência. § 3o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País , o estágio de convivência, cumprido no território nacional, será de, no mínimo, 30 (trinta) dias . § 4o O estágio de convivência será acompanhado pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos t écnicos responsáveis pela execução da ) ( política de garantia do direito à convivência familiar, que apresentarão relatório minucioso acerca da conveniência do deferimento da medida. ) A guarda, por si só, não dispensa o estágio de convivência. e) Prévio cadastramento Ao tomar a decisão de adotar uma criança e/ou um adolescente, o candidato a adotante irá preencher um formulário, respondendo a inúmeros questionamentos. Após, será feito o seu cadastramento, aparecendo uma criança que se encaixe no perfil, serão chamados. O cadastro respeita a ordem cronológica das inscrições e habilitações, sendo, obviamente, móvel, em razão dos diferentes perfis existentes. Há casos em que o prévio cadastramento é excepcionado, vejamos: HIPÓTESE DE ADOÇÃO FORA DA ORDEM DO CADASTRO Adoção unilateral: é aquela realizada por um dos cônjuges ou companheiros em relação ao filho do outro. Adoção por parentes: chamados pelo estatuto como família extensa, assim entendidos os parentes que a criança mantém relação de afeto. OBS: irmãos e ascendentes não podem adotar. Quando o adotante já tenha a GUARDA ou TUTELA da criança MAIOR de 03 anos ou de adolescente e haja fixação de laços de afinidade e efetividade, desde que não haja má-fé ou fraude. ( É possível o deferimento da adoção conjunta, sem a observância do cadastro? Resposta: Pela L. 12.010/09 não é permitido a adoção intuitu personae (aquela que ocorre quando os próprios pais biológicos escolhem a pessoa que irá adotar seu filho), isto é, é necessário a observância do cadastro. Tal modalidade de adoção não é EXPRESSAMENTE autorizada no atual ordenamento jurídico. Em que pese à inexistê ncia de previsão legal para esta modalidade de adoção, há quem sustente que ela é possível, uma vez que também não é vedada. Nesse sentido, Maria Berenice Dias: E nada, absolutamente nada impede que a mãe escolha quem sejam os pais de seu filho. Às vezes é a patroa, às vezes u ma vizinha, em outros casos um casal de amigos que têm uma maneira de ver a vida, uma retidão de caráter que a mãe acha que seriam os pais ideais para o seu filho. É o que se chama de adoção intuitu personae, que não está prevista na lei, mas também não é vedada. A omissão do legislador em sede de adoção não significa que não existe tal possibilidade. Ao contrário, basta lembrar que a lei assegura aos pais o direito de nomear tutor a seu filho ( CC , art. 1.729). E, se há a possibilidade de eleger quem vai ficar com o filho depois da morte, não se justifica negar o direito de escolha a quem dar em adoção ". ) Destarte, há julgados no STJ em que se admite a adoção intuitu personae (sem observância do cadastro), em prol do superior interesse da criança. STJ - A observância do cadastro de adotantes não é absoluta, podendo ser excepcionada em prol do princípio do melhor interesse da criança. ( CS de ECA 2018.1 ) ( 109 ) Imagine a seguinte situação hipotética: João e Maria conheceram uma criança órfã, chamada Lucas e resolveram adotá -la. Ocorre que, em vez de iniciarem o procedimento legal para a adoção, eles simplesmente começaram a criar Lucas em sua casa. O Ministério Público ajuizou ação contra o casal e o juiz deferiu liminar determinando a busca e apreensão da criança e a sua entrega para outra família de vidamente cadastrada no programa de adoção. Contra a decisão do juiz, o casal impetrou habeas corpus pedindo que a criança permanecesse com eles e não fosse levada para outra família. Agiu corretamente o casal? É cabível habeas corpus neste caso? NÃO. Não cabe habeas corpus para impugnar decisão judicial liminar que determinou a busca e apreensão de criança para acolhimento em família devidamente cadastrada junto a programa municipal de adoção. A jurisprudência majoritária do STJ entende que o habeas corpus não é instrumento processual adequado para a concessão desse tipo de provimento jurisdicional. Ademais, o caso não se enquadra na hipótese de ameaça de violência ou coação em liberdade de locomoção prevista no art. 5º, LXVIII, da CF/88. 10.6.2. Requisitos subjetivos a) Reais Vantagens De acordo com a doutrina, é um juízo de proporcionalidade ou de razoabilidade que se faz em relação à adoção, em cada caso concreto. b) Motivos Legítimos Os motivos devem ser legítimos, observando o interesse do menor. Por exemplo, querer adotar pura e simplesmente para cumprimento de uma promessa, não é um motivo legítimo. c) Desejo de Filiação É o desejo claro de ter um filho, tratando-o como tal. Antigamente, era comum famílias de classe alta adotarem meninas para que fizessem o serviço de casa. IMPEDIMENTOS 10.7.1. Ascendentes ( Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado civil. § 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando. ) Os ascendentes não podem adotar, em regra. A ideia é que a adoção imite a origem biológica, não sendo possível que um avô seja pai de seu neto. Assim, os avós não podem adotar os seus netos, podem tê-los em guarda ou tutela. Ressalta-se que no REsp.1.448.969, excepcionalmente, o STJ admitiu a adoção por avós, levando em consideração as circunstancias do caso concreto. 10.7.2. Irmãos Da mesma forma, não pode haver adoção de um irmão por outro, pois a adoção tende a imitar a realidade biológica. ( OBS.: O T IO , por outro lado, pode adotar, mesmo sem a permissão dos pais , já que não é considerado ascendente e detém apenas parentesco colatera l (decisão da 3ª Câmara Cível do TJ/GO Apelação Cível 87.053-2/188 2005.00.57225-3) ) 10.7.3. Tutor/curador ( Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado. ) O tutor ou o curador estão impedidos de adotar até que prestem contas, a fim de evitar que adoção com finalidade econômica. Ocorreu adoção bilateral. É possível ainda que o adotado ingresse po steriormente com ação de investigação de paternidade? Resposta: Para o STJ, é possível sim. Não se pode confundir a investigação de PARENTALIDADE ou PATERNIDADE com a investigação de ORIGEM GENÉTICA ou ANCESTRALIDADE, está no Art. 48 do ECA. REsp 833.712/RS. ( ECA Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica , bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica. ) A investigação de origem genética é um direito de personalidade, de forma que o MP não tem legitimidade para a ação de investigação de origem genética (direito personalíssimo). A intenção é a aferição dos direitos eugênicos (ver abaixo). PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ADOÇÃO 10.8.1. Princípio da regra mais favorável ao menor Toda criança ou adolescente tem direito a um lar, a uma família. 10.8.2. Princípio da não distinção entre filhos consanguíneos e adotivos Art. 227, § 6º, CF e Art. 20, ECA por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à 10.8.3. Princípio da igualdade de direitos civis e sucessórios (Decorrência do princípio anterior). A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos inclusive os sucessórios. Os adotados não devem sofrer restrições referentes à filiação. Seja qual for o tipo de adoção a ser formalizada (nacional ou internacional) na Justiça brasileira, exige-se que os candidatos à adoção estejam inscritos numa lista de espera, elabora pela entidade judiciária competente, conforme já mencionado. ADOÇÃO INTERNACIONAL (ARTS. 52-A ao 52-D) 10.9.1. Introdução Houve a incorporação ao ECA da Convenção de Haia, existente para cooperação de matéria à adoção internacional. Está errado afirmar que é a adoção de uma criança brasileira por um casal estrangeiro, pois poderá um brasileiro com dupla nacionalidade adotar. Caracteriza, assim, pela retirada da criança ou adolescente do território brasileiro. 10.9.2. Definição (art. 51 ECA) A adoção internacional é o instituto jurídico de ordem pública que concede a uma criança ou adolescente, em estado de abandono, a possibilidade de viver em um novo lar, em outro país, assegurados o bem-estar e a educação, desde que obedecidas às normas do país do adot ado e do adotante. Segundo o art. 31 do ECA o pedido de adoção formulado por estrangeiro residente ou domiciliado fora do País, tem caráter excepcional, face que a colocação em família substituta estrangeira apenas se dará quando não houver nacional intere ssado na adoção. Não existe, neste contexto, nenhuma discriminação entre brasileiro e estrangeiro. Há, entretanto, uma maneira legalmente reconhecida de proteger a nacionalidade do menor adotando . ( Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui MEDIDA EXCEPCIONAL , somen te admissível na modalidade de adoção. ) Excepcionalidade: Art. 51 ECA Cuidando-se de pedido de adoção formulado por estrangeiro residente ou domiciliado fora do País, observar -se-á o disposto no art. 31. Caráter excepcional da adoção internacional: colocação em família substituta estrangeira apenas quando não houver nacional interessado na adoção. Não é distinção entre nacional e estrangeiro, mas sim forma de proteger a cultura, a nacionalidade e a raça/etnia da criança ou adolescente. ( Art. 51 ECA. Considera-se adoção internacional aquela na qual a pessoa ou casal postulante é residente ou domiciliado fora do Brasil, conforme previsto no Artigo 2 da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto Legislativo nº 1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto nº 3.087, de 21 de junho de 1999. § 1º A adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro ou domiciliado no Brasil som ente terá lugar quando restar comprovado: - que a colocação em família substituta é a solução adequada ao caso concreto; - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da criança ou adolescente em família substituta brasileira, após consulta ao s cadastros mencionados no art. 50 desta Lei; - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi consultado, por meios adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e que seencontra preparado para a medida, mediante parecer elaborado por equipe inter profissional, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. § 2o Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros , nos casos de adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro. § 3o A adoção internacional press upõe a intervenção das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção internacional. ) 10.9.3. Procedimento da adoção internacional No Brasil, a adoção internacional observará o procedimento previsto nos ar ts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes adaptações: ( Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes adaptações : (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação à adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção internacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde está situada sua residência habitual; (Acrescentado pelo L-012.010-2009) - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um relatório que con tenha informações sobre a identidade , a capacidade jurídica e adequação dos solicitantes para adotar , sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio ) social, os motivos que os animam e sua aptidão para assumir uma adoção internacional; III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório à Autoridade Central Estadual CEJA (Comissão Estadual Judiciária de Adoção) ou CEJAI (Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional) , com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira; IV - o relatório será instruído com toda a documentação necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe interprofissional habilitada e cópia autenticada da legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova de vigência; V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradução, por tradutor público juramentado; VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulante estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida; VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade Central Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacional, além do preenchimento por parte dos postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe esta Lei como da legislação do país de acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção internacional, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano; VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente, conforme indicação efetuada pela Autoridade Central Estadual. § 1º Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar, admite-se que os pedidos de habilitação à adoção internacional sejam intermediados por organismos credenciados. (Acrescentado pelo L-012.010-2009) § 2º Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção internacional, com posterior comunicação às Autoridades Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio próprio da internet. § 3º Somente será admissível o credenciamento de organismos que: I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade Central do país onde estiverem sediados e no país de acolhida do adotando para atuar em adoção internacional no Brasil; II - satisfizerem as condições de integridade moral, competência profissional, experiência e responsabilidade exigidas pelos países respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira; III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação e experiência para atuar na área de adoção internacional; IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade Central Federal Brasileira. § 4º Os organismos credenciados deverão ainda: I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do país onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela Autoridade Central Federal Brasileira; II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e de reconhecida idoneidade moral, com comprovada formação ou experiência para atuar na área de adoção internacional, cadastradas pelo Departamento de Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade Central Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão federal competente; III - estar submetidos à supervisão das autoridades competentes do país onde estiverem sediados e no país de acolhida, inclusive quanto à sua composição, funcionamento e situação financeira; IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem como relatório de acompanhamento das adoções internacionais efetuadas no período, cuja cópia será encaminhada ao Departamento de Polícia Federal; V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do relatório será mantido até a juntada de cópia autenticada do registro civil, estabelecendo a cidadania do país de acolhida para o adotado; VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira cópia da certidão de registro de nascimento estrangeira e do certificado de nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos. § 5º A não apresentação dos relatórios referidos no § 4º deste artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a suspensão de seu credenciamento. § 6º O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro encarregado de intermediar pedidos de adoção internacional terá validade de 2 (dois) anos. § 7º A renovação do credenciamento poderá ser concedida mediante requerimento protocolado na Autoridade Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término do respectivo prazo de validade. § 8º Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu a adoção internacional, não será permitida a saída do adotando do território nacional. § 9º Transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária determinará a expedição de alvará com autorização de viagem, bem como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoriamente, as características da criança ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como foto recente e a aposição da impressão digital do seu polegar direito, instruindo o documento com cópia autenticada da decisão e certidão de trânsito em julgado. § 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a qualquer momento, solicitar informações sobre a situação das crianças e adolescentes adotados. § 11. A cobrança de valores por parte dos organismos credenciados, que sejam considerados abusivos pela Autoridade Central Federal Brasileira e que não estejam devidamente comprovados, é causa de seu descredenciamento. § 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser representados por mais de uma entidade credenciada para atuar na cooperação em adoção internacional. § 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser renovada. § 14. É vedado o contato direto de representantes de organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com dirigentes de programas de acolhimento ( institucional ou familiar, assimcomo com crianças e adolescentes em condições de serem adotados, sem a devida autorização judicial. § 15 . A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar ou suspender a concessão de novos credenciamentos sempre que julgar necessário, mediante ato administrativo fundamentado. ) É vedado, sob pena de responsabilidade e descredenciamento, o repasse de recursos provenientes de organismos estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de adoção internacional a organismos nacionais ou a pessoas físicas. Eventuais repasses somente poderão ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente e estarão sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente (Art. 52-A e §Ú ECA). ( Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e descredenc iamento, o repasse de recursos provenientes de organismos estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de adoção internacional a organismos nacionais ou a pessoas físicas. ) A adoção por brasileiro residente no exterior em país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha sido processado em conformidade com a legislação vigente no país de automaticamente recepcionada com o reingresso no Brasil. Do contrário, deverá a sentença ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. O pretendente brasileiro residente no exterior em país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil, deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça ( Art. 52-B, §§ 1º e 2º ECA). ( Convenção de Haia, deverá a sentença ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 2o O pretendente brasileiro residente no exterior em país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil, deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça. Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de origem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autoridade Central Estadual que tiver processado o pedido de habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central Federal e determina rá as providências necessárias à expedição do Certificado de Naturalização Provisório. § 1º A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão se restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à ordem pública ou não atende ao interesse superior da criança ou do adolescente. § 2º Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista no § 1º deste artigo, o Ministério Público deverá imediatamente requerer o que for de direito para resguardar os interesses da criança ou do adolescente, comunicando- se as providências à Autoridade Central Estadual, que fará a comunicação à Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em país ratificante da Conven ção de Haia, cujo processo de adoção tenha sido processado em conformidade com a legislação vigente no país de residência e atendido o disposto na A automaticamente recepcionada com o reingresso no Brasil. ) ( Autoridade Cent ral Federal Brasileira e à Autoridade Central do país de origem. Art. 52-D . Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente ser oriundo de país que nã o tenha aderido à Convenção referida, o processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional. ) Em suma: a) Habilitação no país de acolhida (para onde a criança irá caso seja adotada) b) Relatório pela autoridade competente c) Comissões/Autoridades estaduais avaliam normativas dos países envolvidos (Do adotante e do adotado); d) Laudo de Habilitação e Cadastramento e) Estágio de convivência, no país da criança indicada ao menos por 30 dias f) Sentença de adoção g) Trânsito em julgado e saída para o país de acolhida. 11. QUADRO COMPARATIVO GUARDA TUTELA ADOÇÃO Obriga a prestar assistência material, moral e educacional. Engloba o dever de guarda e administração dos bens. Forma o vínculo familiar e o poder familiar. Não implica perda ou suspensão do poder familiar, direito de visitas ou cessação da obrigação alimentar, mas o guardião pode se opor aos pais. Demanda necessariamente a perda ou suspensão do poder familiar. É necessária a perda do poder familiar dos pais biológicos ou do pai ou mãe (adoção unilateral), que quando contencioso, deverá ser feito por pedido expresso, permitindo-se o contraditório. Destinada a regularizar posse de fato de criança ou adolescente. Destinada ao amparo e a administração dos bens do menor em razão do falecimento dos pais, ausência, perda ou suspensão do poder familiar. Objetiva a criação do vínculo de filiação entre o adotando e o adotante. Em regra, é deferida no curso do processo de tutela ou adoção exceto de adoção internacional. Excepcionalmente é cabível também em pedido autônomo, no caso de falta eventual dos pais ou responsáveis. É possível a concessão de guarda no curso do processo de tutela. É possível o deferimento de guarda no processo de adoção - exceto de adoção internacional. Posição mais recente do STJ inclui a criança sob guarda como dependente previdenciária, prevalecendo o ECA sobre a Lei 8213. Tutelado é dependente previdenciário. Goza de plenos direitos previdenciários, pois é filho. É revogável É revogável IRREVOGÁVEL NÃO há mudança de nome da criança ou adolescente. NÃO há mudança de nome da criança ou adolescente. O adotado recebe o sobrenome do adotante e pode modificar até mesmo o prenome 12. PATERNIDADE SOCIOAFETIVA E MULTIPARENTALIDADE Os dois grandes valores que regem à convivência familiar são o Eudemonismo e a Socioafetividade, afinidade e afetividade. Portanto, o vínculo consanguíneo não é mais um vínculo prevalente sobre a afetividade e a afinidade. Em 2016, o STF, no RE 898.060, afirmou A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede o reconhecimento do vínculo de filiação concomitante baseado na origem biológica, com os efeitos jurídicos próprios''. Não há hierarquia entre vínculos de parentesco. O Direito deve acolher tanto os vínculos de filiação originados da ascendência biológica (filiação biológica) como também aqueles construídos pela relação afetiva (filiação socioafetiva). Atualmente, não cabe estabelecer uma hierarquia entre a filiação afetiva e a biológica, devendo ser reconhecidos ambos os vínculos quando isso for o melhor para os interesses do descendente. Como afirma o Min. Fux: "Não cabe à lei agir como o Rei Salomão, na conhecida história em que propôs dividir a criança ao meio pela impo ssibilidade de reconhecer a parentalidade entre ela e duas pessoas ao mesmo tempo. Da mesma forma, nos tempos atuais, descabe pretender decidir entre a filiação afetiva e a biológica quando o melhor interesse do descendente é o reconhecimento jurídico de ambos os vínculos. Do contrário, estar-se-ia transformando o ser humano em mero instrumento de aplicação dos esquadros determinados pelos legisladores. É o direito que deve servir à pessoa, não o contrário." ( Obs.: vale ressaltar que a filiação socioafetiva independe da realização de registro, bastando a consolidação do vínculo afetivo entre as partes ao longo do tempo, como ocorre nos casos de posse ) ( do estado de filho. Assim, a "adoç ão à brasileira" é uma das formas de ocorrer a filiação socioafetiva, mas esta poderá se dar mesmo sem que o pai socioafetivo tenha registrado o filho. ) Multiparentalidade/pluriparentalidade
Compartilhar