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Disciplina: Estrutura e Legislação do Setor Público Aula 9: Controle da Administração Pública e Improbidade Administrativa Apresentação A separação entre os Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) não impede a existência de mecanismos de controle entre estes, visando ao cumprimento do Estado democrático de Direito. Nesta aula, estudaremos estes principais temas: a distinção entre controle interno e controle externo, os aspectos do processo administrativo e das ações judiciais de controle da Administração Pública; o controle externo e atuação do tribunal de contas e as regras de improbidade administrativa. Objetivos Descrever as formas de controle sobre as práticas adotadas pela Administração Pública, em todos os níveis de governo; Reconhecer o limite do controle externo ou interno sobre os atos administrativos que emanam da Administração Pública; Identificar os aspectos ligados ao processo administrativo e ações judiciais de improbidade sobre eventuais agentes públicos. Controle administrativo O controle interno ou autocontrole ou controle administrativo decorre do princípio da autotutela, nos termos das súmulas 346 e 473 do Supremo Tribunal Federal, que exige que os atos administrativos: Sejam anulados quando eivados de vício de legalidade que os macule; ou Revogados quando não forem considerados mais oportunos ou convenientes para serem mantidos pela própria Administração Pública. O fundamento constitucional para o controle interno é o artigo 70 da Constituição da República, que assim determinou a fiscalização mediante controle externo e interno: A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Artigo 70, CF/88. Esse controle interno ocorrerá “dentro” de cada poder estatal, sob os aspectos da legalidade ou mérito administrativo, sob os instrumentos a seguir. I - Processo Administrativo A Administração Pública possui dois tipos de processo administrativo: o comum e o disciplinar. A nível federal, a lei que regulamentou o processo administrativo comum ou aquele que visa a resolução de problemas ou deslinde de interesses internos ou externos na Administração Pública, nos termos da Lei n°9784/99, que assim determina: Art. 5º - O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pedido de interessado. No processo administrativo comum, a interposição ocorrerá com base no direito de petição, nos termos do artigo 5º, inciso XXXIV, alínea ‘a’ da Constituição da República. Cumpre esclarecer, que não se exigirá uma petição, e sim um “mero” requerimento do interessado para que a Administração Pública possa fazer uma análise da sua pretensão. Também poderá ocorrer de ofício ou por despacho, ou determinação da autoridade hierarquicamente superior. Art. 6º - O requerimento inicial do interessado, salvo casos em que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por escrito e conter os seguintes dados: I - Órgão ou autoridade administrativa a que se dirige. II - Identificação do interessado ou de quem o represente. III - Domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações. IV - Formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos. V - Data e assinatura do requerente ou de seu representante. Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada de recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais falhas. Como o processo administrativo é bilateral, deve respeitar as normas constitucionais e procedimentais previstos na lei que não admitem provas ilícitas ou ilegítimas, sob pena de macula da decisão. Art. 7º - Os órgãos e entidades administrativas deverão elaborar modelos ou formulários padronizados para assuntos que importem pretensões equivalentes. O Princípio da formalidade moderada ou do informalismo é o “grande” fundamento da feitura de um “mero” requerimento para instaurar o processo administrativo, sob pena de cerceamento de acesso para a maioria da população. Art. 8º - Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, poderão ser formulados em um único requerimento, salvo preceito legal em contrário. Recurso Administrativo Os recursos administrativos fazem exsurgir a segunda instância de julgamento, que em regra não é de esgotamento obrigatório, exceto nos casos de recurso recebido com efeito suspensivo, no caso do habeas data ou nos casos que envolvem a justiça desportiva (artigo 217, §1º da Constituição da República). A Lei nº 9784/99 trouxe alguns tipos de recurso, são eles: Recurso hierárquico 1. Trata-se do recurso-regra (padrão), pois na Administração Pública existe hierarquia; 2. Quanto à terminologia poderíamos chamá-lo de recurso inominado ou recurso; 3. Poderá receber o efeito suspensivo (exceção) ou efeito devolutivo (regra – que admite a execução provisória da decisão); 4. É possível da decisão administrativa no processo administrativo comum ou no processo administrativo disciplinar; 5. O recurso poderá ser interposto diretamente à autoridade hierarquicamente superior ou por remessa obrigatória quando, após o pedido de retratação no pedido de reconsideração, o mesmo não trouxer nenhuma alteração na decisão originária, nos termos do artigo 56, parágrafo 1º, da Lei nº 9784/99; 6. A decisão poderá ser reexaminada pelo Poder Judiciário, no que tange à legalidade, pois a decisão não faz coisa julgada material, e sim meramente administrativa; 7. Cabe a reformatio in pejus, ou seja, devido o efeito devolutivo é possível a reforma da decisão para piorar a situação do interessado; 8. Para o doutrinador Hely Lopes Meirelles é possível a intervenção de terceiros, caso a decisão possa atingir a terceiros; 9. Pode o recurso ser impróprio (fora da Administração Pública, caso a lei o traga de forma expressa) ou próprio (dentro da Administração Pública como regra). Recurso administrativo Características: 1. A decisão poderá ser reexaminada, desde que haja fato novo; 2. O recurso administrativo não está “preso” a prazo; 3. Não admite a reformatio in pejus, nos termos do artigo 65, parágrafo único da lei nº 9784/99. II - Controle Externo O controle externo ou heterocontrole ocorrerá sobre os atos administrativos que emanam da Administração Pública por meio do reexame desses atos administrativos pelo Poder Legislativo ou pelo Poder Judiciário. O controle pelo Poder Judiciário é um controle da sociedade sobre as ações do Poder Público, ou Administração Pública, por meio de ações judiciais. Várias ações judiciais podem ser propostas pelo cidadão. (Fonte: Shutterstock) Exemplo O Tribunal de Contas, por exemplo, é um órgão especial que possui vinculação ao Poder Legislativo, mas é dotado de estrutura própria. Poder Legislativo Por meio de suas comissões e de eventual Comissão Parlamentar de Inquérito, com as seguintes características: 1 A CPI está prevista no art. 58, §3º da Constituição da República. 2 Poderá ser instaurada, desde que haja fato determinado (fato a ser analisado), prazo certo (poderá ser prorrogado, e deve ser concluído na mesma legislatura) e requerimento de um terço dos parlamentares de uma das casas (comissão parlamentar de inquérito) ou de ambas as casas (comissão parlamentar mista de inquérito). 3 Possui poderes de investigação próprios do Poder Judiciário (podem quebrar sigilo bancário, de dados, fiscais e telefônicos; podem determinar a prisão em flagrante, requerer documentos, promover a oitiva de testemunhas e não podem promover a interceptação telefônicaou buscar e apreender documentos). 4 As informações obtidas deverão ser encaminhadas para o órgão do Ministério Público. Leitura Análise de caso EMENTA: (...) as CPIs, no desempenho de seus poderes de investigação, estão sujeitas às mesmas normas e limitações que incidem sobre os magistrados, quando no exercício de igual prerrogativa. Vale dizer: as CPIs somente podem exercer as atribuições investigatórias que lhes são inerentes, desde que o façam nos mesmos termos e segundo as mesmas exigências que a Constituição e as leis da República impõem aos juízes, especialmente no que concerne ao necessário respeito às prerrogativas que o ordenamento positivo do Estado confere aos advogados. (...) a presença do advogado em qualquer procedimento estatal, independentemente do domínio institucional em que esse mesmo procedimento tenha sido instaurado, constitui fator inequívoco de certeza de que os órgãos do Poder Público (Legislativo, Judiciário e Executivo) não transgredirão os limites delineados pelo ordenamento positivo da República, respeitando-se, em consequência, como se impõe aos membros e aos agentes do aparelho estatal, o regime das liberdades públicas e os direitos subjetivos constitucionalmente assegurados às pessoas em geral, inclusive àquelas eventualmente sujeitas, qualquer que seja o motivo, a investigação parlamentar, ou a inquérito policial, ou, ainda, a processo judicial. (...) não se revela legítimo opor, ao advogado, restrições, que, ao impedirem, injusta e arbitrariamente, o regular exercício de sua atividade profissional, culminem por esvaziar e nulificar a própria razão de ser de sua intervenção perante os órgãos do Estado, inclusive perante as próprias CPIs. (MS 30.906-MC, Rel. Min. Celso de Mello, decisão monocrática, julgamento em 5/10/2011, DJE de 10/10/2011.) Tribunal de Contas 01 É órgão independente localizado na estrutura do Poder Legislativo, mas sem qualquer subordinação hierárquica ou funcional a este ou qualquer outro Poder. 02 O TCU deverá auxiliar o Poder Legislativo (Congresso Nacional) no que tange fiscalização em geral, possuindo, entretanto, autonomia para promover suas próprias auditorias ou inspeções. 03 Ainda temos os Tribunais de Contas dos Estados, sendo que apenas dois municípios possuem órgãos dessa natureza (Rio de Janeiro e São Paulo), embora outros não possam ser criados, nos termos do artigo 31, §4º da Constituição da República. 04 O TCU/TCE não sustará contratos administrativos de forma imediata, e sim após a inação do Poder Estatal, nos termos do artigo 71, §1º da Constituição da República. 05 Não poderão exercer controle prévio no sentido de aprovar atos administrativos ou contratos, salvo na questão de aposentadoria de servidor público, sob pena de falta de observância do princípio da separação dos Poderes. 06 O parecer que emana do Tribunal não vincula o Poder Legislativo. Atenção Suas funções foram previstas nos artigos 70 e 71 da Constituição da República: Apreciar as contas dos chefes do poder executivo; Julgar as contas de administradores que lidem com dinheiro público; Apreciar atos administrativos para os fins de registro; Fiscalizar as contas; Informar; Aplicar sanções; Sustar atos administrativos; Representar ao Poder Competente sobre irregularidade. Ayres Brito (2006, pg. 638) destaca que os tribunais de contas não exercem função jurisdicional, pois não se encontram na estrutura do Poder Judiciário. Isso significa que os TCU/TCE não exercem as características de órgão dotado de competência para decidir quanto aos direitos propriamente subjetivos dos agentes estatais e das demais pessoas envolvidas em processo de contas. O mérito das medidas que envolvem estes tribunais de contas incide sobre a gestão financeira, orçamentária, patrimonial etc. Leitura Análise de caso EMENTA: Art. 78, § 3º, da Constituição do Estado do Paraná. Possibilidade de reexame, pelo Tribunal de Contas Estadual, das decisões fazendárias de última instância contrárias ao erário. Violação do disposto no art. 2º e no art. 70 da Constituição do Brasil. A Constituição do Brasil — art. 70 — estabelece que compete ao Tribunal de Contas auxiliar o Legislativo na função de fiscalização a ele designada. Precedentes. Não cabe ao Poder Legislativo apreciar recursos interpostos contra decisões tomadas em processos administrativos nos quais se discuta questão tributária. Ação direta julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade do § 3º do art. 78 da Constituição do Estado do Paraná. (ADI 523, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 3/4/2008, Plenário, DJE de 17/10/2008.) Poder Judiciário O principal meio de controle externo usado pelo (ou através) Poder Judiciário é a ação judicial para verificar a legalidade ou o abuso de poder. Não abordaremos as características das ações judiciais, pois isso cabe ao Processo Civil, mas falaremos de ações constitucionais importantes para o Direito Administrativo, a seguir indicadas. Carvalho Filho (2018, pg. 1082), por exemplo, enfatiza que o controle judicial incide especificamente sobre a atividade administrativa do Estado, seja qual for o Poder onde esteja desempenhada, alcançando os atos administrativos do Executivo, basicamente, mas também os atos (administrativos) do Poder Legislativo e do próprio Judiciário, em suas funções administrativas. Mandado de Segurança 1. Fundamentação jurídica: artigo 5º, inciso LXIX da Constituição da República; 2. Cabível para direito líquido e certo (artigo 1º, da Lei nº 12016/09); 3. Poderá ser impetrado por pessoa física ou jurídica que sofre lesão (impetrante) ou autoridade coatora (impetrado), nos termos do artigo 1º e 2º, da Lei nº 12016/09; 4. Pode ter uma decisão visando prevenir a lesão ou para reprimir a lesão; 5. Não caberá, nos termos do artigo 5º da Lei n°12016/09 (se o recurso ou decisão judicial recebeu efeito suspensivo, lei em tese ou de decisão transitada em julgado); 6. A competência depende da autoridade coatora; 7. O prazo para a propositura é de 120 dias, nos termos do artigo 23 da Lei nº 12016/09; 8. Em situações de inação ou omissão da Administração Pública deve o juiz verificar se o prazo entre o requerimento e a inação é possível de causar lesão. Habeas Data 1. Fundamentação jurídica: artigo 5º, inciso LXXII da Constituição da República e a Lei nº 9507/97; 2. Cabe para a retificação de dados ou para conhecimento de dados do interessado, nos termos do artigo 7º da Lei n°9507/97; 3. Será impetrado, em face de órgão público, pelo interessado, tendo em vista que é uma ação personalíssima, nos termos do artigo 2º da Lei n°9507/99; 4. Exige-se a recusa do órgão como um juízo de admissibilidade da petição inicial, nos termos do artigo 8º da Lei nº 9507/97. Ação Popular 1. Fundamentação jurídica: art. 5º, LXXIII, CF, bem como a Lei n°4.717/65; 2. Características: titularidade a qualquer cidadão (gozo de direitos políticos – votar e ser votado) e tutela de interesse público; 3. Pressupostos: ilegalidade ou imoralidade praticada pelo Poder Público ou entidade de que ele participe e lesão ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente, ao patrimônio histórico e cultural; 4. A lei determina que a ação será proposta contra pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º contra as autoridades, funcionários e administradores que tenham autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ainda que por omissão. 1 Atenção O Poder Judiciário poderá examinar em controle externo o domínio eminente da Administração Pública em relação aos bens públicos hierarquicamente inferiores ou particulares. A intervenção do Estado na propriedade poderá ser restritiva ou drástica. A intervenção drástica ocorrerá por meio da desapropriação e asrestritivas através da limitação administrativa, tombamento, ocupação temporária, servidão administrativa e requisição. III - Improbidade Administrativa A vedação à improbidade administrativa está no caput do art. 37 e em seu § 4º da Constituição da República, que definiu como norma de cumprimento obrigatório o princípio da moralidade, e estabeleceu algumas sanções possíveis em caso de atuação ímproba do agente público. A definição constitucional acorreu pois, no Brasil, os institutos, em regra, nascem na Constituição da República e são regulamentados por leis ordinárias “dentro” do Direito Administrativo. Por isso, é comum dizermos que o direito administrativo é o direito constitucional em ação. A Lei nº 8429/92 regulamentou o artigo constitucional supramencionado e, para o doutrinador Djalma Pinto, os artigos constitucionais são provas que o Direito Brasileiro incorporou os princípios de conteúdo moral que deverão ser cumpridos pelos agentes públicos que a Lei nº 8429/92 quis definir como sendo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades públicas, nos termos do artigo 2º. Leitura EMENTA: Isonomia. Paradigmas beneficiados por decisão judicial. Impropriedade. Descabe ter como inobservado o princípio isonômico, a pressupor ato de tomador de serviços, quando os paradigmas chegaram ao patamar remuneratório mediante decisão judicial. (RE 349.850, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 25/3/2008, Primeira Turma, DJE de 23/5/2008. No mesmo sentido: RE 551.772-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 19/10/2010, Primeira Turma, DJE de 10/11/2010). A honestidade requerida pela Lei nº 8429/92 poderá ser aferida, a qualquer tempo, administrativa ou judicialmente desde que haja indícios de improbidade administrativa, nos seguintes termos: Enriquecimento ilícito; Lesão ao erário público ou descumprimento dos Princípios Administrativos nas ações ou omissões dos administradores públicos, nos termos dos artigos 9º, 10º e 11 da Lei supramencionada. Tipificação dos atos de improbidade Artigo 9º O art. 9° prega como ato de improbidade administrativa de enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente: I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público; II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por preço superior ao valor de mercado; III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de mercado; IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por essas entidades; V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem; VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei; VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do agente público; VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a atividade; IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza; X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado; XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei; XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei. Artigo 10 Já o art. 10 cita como ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente: I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei; II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie; IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado; V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior ao de mercado; VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea; VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente; IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento; X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio público; XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular; XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente; XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades. XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços públicospor meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei; (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005) XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005) Artigo 11 No art. 11, é considerado ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência; II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício; III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer em segredo; IV - negar publicidade aos atos oficiais; V - frustrar a licitude de concurso público; VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo; VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço. Procedimentos administrativo e judicial a) Procedimento administrativo (arts. 14 a 16, LIP): 1. Representação feita à autoridade administrativa; 2. Início do Processo Administrativo pelo recebimento da representação; 3. Pedido de informações solicitado aos agentes públicos envolvidos; 4. Comunicação ao Ministério Público para que possa exercer a fiscalização; 5. Representação ao Ministério Público para o requerimento de medidas constritivas. Procedimento judicial (arts. 17 e 18 da LIP): 1. Petição inicial – que poderá ser proposta pelo Ministério Público ou por pessoa jurídica pública em face do agente público que praticou o ato de improbidade administrativa (artigo 17); 2. Notificação dos interessados (art. 17, §7º); 3. Defesa (artigo 17, § 9º); 4. Decisão da fase inicial que receberá a petição inicial (artigo 17, §11); 5. Fase de instruir o processo judicial; 6. Sentença. Atenção A lei de improbidade administrativa entende que será considerado crime a representação falsa, nos termos do art. 19 — essa possibilidade visa afastar as perseguições e atuações sem fundamento; Sobre as sanções que poderão ser impostas por ato de improbidade é a prescrição que ocorrerá nos termos do art. 23; Essa prescrição não se refere às ações de ressarcimento ao erário, devido ao artigo 37, § 5º da Constituição da República, já mencionado; O Supremo Tribunal Federal entendeu que a ação de improbidade não será aplicada para os agentes políticos com prerrogativa de foro na forma do art. 102, I, “c” . Essa posição é questionada pela sociedade, por alguns doutrinadores como, por exemplo, Di Pietro (2017, p. 1019), posto que existem decisões divergentes em decisões monocráticas na própria Corte. “Ministros de Estado, Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, membros dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente”. Atividade 1. Acerca dos mecanismos de controle externo, é correto afirmar que: a) O controle externo é desempenhado exclusivamente pelo Poder Judiciário, através de ações específicas. b) O controle externo ficará especificamente a cargo do Tribunal de Contas, órgão auxiliar ao Poder Legislativo. c) O controle externo é a forma de impedir a arbitrariedade no uso de prerrogativa dos órgãos do Estado. d) O controle externo é exercido pelo cidadão apenas, no uso de ações judiciais. 2 2. O processo administrativo federal, previsto na Lei n°9.784/99, estabelece: a) o procedimento de atuação do Judiciário em relação à Administração Pública. b) o procedimento de atuação do indivíduo na defesa de seus interesses frente à Administração Pública. c) o procedimento de controle das medidas que serão alvo de comissão parlamentar de inquérito. d) o procedimento de controle interno dos poderes Legislativo e Judiciário em relação aos órgãos do Poder Executivo. 3. Sobre a atuação dos tribunais de contas, pode-se dizer que: a) São órgãos dotados de autonomia própria, com funções de controle sobre os atos administrativos exercidos por quaisquer dos poderes. b) É um órgão que desempenha funções jurisdicionais no controle dos atos administrativos dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. c) É um órgão dotado de competência própria de órgão do Poder Judiciário, sendo autônomo em sua função. d) é um órgão que desempenha funções de auxilio ao Poder Legislativo, estando sujeito às suas orientações técnicas. Notas Art. 1º “União, Distrito Federal, Estados, Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista, sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, empresas públicas, serviços sociais autônomos, instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público, empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos.” Art. 102, I, “c” “Ministros de Estado, Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, membros dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente”. Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 31. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. _____. Casa Civil. Lei n° 8.429, de 02 de junho 1992. Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm> . Acesso em: 21 ago. 2018. BRITTO, Carlos Ayres. O regime constitucional do Tribunal de Contas. In: CARDOSO, José Eduardo Martins (Org.). Curso de Direito Administrativo Econômico. Vol. II. São Paulo: Malheiros, 2006. CARVALHO FILHO, José Santos. Manual de Direito Administrativo. 32. ed. São Paulo: Atlas, 2018. DI PIETRIO. Maria Sylvia. Direito Administrativo. 30. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017. PINTO, Djalma. Direito eleitoral improbidade administrativa e responsabilidade fiscal: noções gerais. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2006. Próximos Passos 1 2 As formas de vínculos entre as pessoas físicas que atuam em nome da Administração Pública e suas características principais; Respectivas classificações dos agentes públicos; Os principais aspectos das normas que regem os deveres dos agentes investidos de função pública. Explore mais Pesquise na internet, sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem. Analise os seguintes textos: Constituição da República Federativa do Brasil <https://www.senado.leg.br/atividade/const/constituicao- federal.asp> ; STF decide sobre Lei de Improbidade Administrativa <http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/stf-decide-sobre-lei-de- improbidade-administrativa/n1237617613460.html> ; Lei nº 8.429 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm> , de 2 de junho de 1992. Não deixe de acessar também o canal do Tribunal de Contas da União <https://www.youtube.com/user/TCUoficial> .
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