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ESTRUTURA E LEGISLAÇÃO DO SETOR PÚBLICO aula9

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Disciplina: Estrutura e Legislação do Setor Público
Aula 9: Controle da Administração Pública e Improbidade
Administrativa
Apresentação
A separação entre os Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) não impede a
existência de mecanismos de controle entre estes, visando ao cumprimento do
Estado democrático de Direito.
Nesta aula, estudaremos estes principais temas: a distinção entre controle interno e
controle externo, os aspectos do processo administrativo e das ações judiciais de
controle da Administração Pública; o controle externo e atuação do tribunal de contas
e as regras de improbidade administrativa.
Objetivos
Descrever as formas de controle sobre as práticas adotadas pela Administração
Pública, em todos os níveis de governo;
Reconhecer o limite do controle externo ou interno sobre os atos administrativos
que emanam da Administração Pública;
Identificar os aspectos ligados ao processo administrativo e ações judiciais de
improbidade sobre eventuais agentes públicos.
Controle administrativo
O controle interno ou autocontrole ou controle administrativo decorre do
princípio da autotutela, nos termos das súmulas 346 e 473 do Supremo
Tribunal Federal, que exige que os atos administrativos:
Sejam anulados quando eivados de vício de legalidade que os macule; ou
Revogados quando não forem considerados mais oportunos ou
convenientes para serem mantidos pela própria Administração Pública.
O fundamento constitucional para o controle interno é o artigo 70 da
Constituição da República, que assim determinou a fiscalização mediante
controle externo e interno:

A fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial da União e das entidades da
administração direta e indireta, quanto à legalidade,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções
e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso
Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de
controle interno de cada Poder.
Artigo 70, CF/88.
Esse controle interno ocorrerá “dentro” de cada poder
estatal, sob os aspectos da legalidade ou mérito
administrativo, sob os instrumentos a seguir.
I - Processo Administrativo
A Administração Pública possui dois tipos de processo administrativo: o
comum e o disciplinar.
A nível federal, a lei que regulamentou o processo administrativo comum ou
aquele que visa a resolução de problemas ou deslinde de interesses internos
ou externos na Administração Pública, nos termos da Lei n°9784/99, que
assim determina:
Art. 5º - O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pedido de
interessado.
No processo administrativo comum, a interposição ocorrerá com base no
direito de petição, nos termos do artigo 5º, inciso XXXIV, alínea ‘a’ da
Constituição da República.
Cumpre esclarecer, que não se exigirá uma petição, e sim um “mero”
requerimento do interessado para que a Administração Pública possa fazer
uma análise da sua pretensão.
Também poderá ocorrer de ofício ou por despacho, ou determinação da
autoridade hierarquicamente superior.
Art. 6º - O requerimento inicial do interessado, salvo casos em que for
admitida solicitação oral, deve ser formulado por escrito e conter os seguintes
dados:
I - Órgão ou autoridade administrativa a que se dirige.
II - Identificação do interessado ou de quem o represente.
III - Domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações.
IV - Formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos.
V - Data e assinatura do requerente ou de seu representante.
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada de recebimento
de documentos, devendo o servidor orientar o interessado quanto ao
suprimento de eventuais falhas.
Como o processo administrativo é bilateral, deve respeitar as normas
constitucionais e procedimentais previstos na lei que não admitem provas
ilícitas ou ilegítimas, sob pena de macula da decisão.
Art. 7º - Os órgãos e entidades administrativas deverão elaborar modelos ou
formulários padronizados para assuntos que importem pretensões
equivalentes.
O Princípio da formalidade moderada ou do informalismo é o “grande”
fundamento da feitura de um “mero” requerimento para instaurar o processo
administrativo, sob pena de cerceamento de acesso para a maioria da
população.
Art. 8º - Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados tiverem
conteúdo e fundamentos idênticos, poderão ser formulados em um único
requerimento, salvo preceito legal em contrário.
Recurso Administrativo
Os recursos administrativos fazem exsurgir a segunda instância de
julgamento, que em regra não é de esgotamento obrigatório, exceto nos
casos de recurso recebido com efeito suspensivo, no caso do habeas data ou
nos casos que envolvem a justiça desportiva (artigo 217, §1º da Constituição
da República).
A Lei nº 9784/99 trouxe alguns tipos de recurso, são eles:
Recurso hierárquico
1. Trata-se do recurso-regra (padrão), pois na Administração Pública
existe hierarquia;
2. Quanto à terminologia poderíamos chamá-lo de recurso inominado
ou recurso;
3. Poderá receber o efeito suspensivo (exceção) ou efeito devolutivo
(regra – que admite a execução provisória da decisão);
4. É possível da decisão administrativa no processo administrativo
comum ou no processo administrativo disciplinar;
5. O recurso poderá ser interposto diretamente à autoridade
hierarquicamente superior ou por remessa obrigatória quando, após
o pedido de retratação no pedido de reconsideração, o mesmo não
trouxer nenhuma alteração na decisão originária, nos termos do
artigo 56, parágrafo 1º, da Lei nº 9784/99;
6. A decisão poderá ser reexaminada pelo Poder Judiciário, no que
tange à legalidade, pois a decisão não faz coisa julgada material, e
sim meramente administrativa;
7. Cabe a reformatio in pejus, ou seja, devido o efeito devolutivo é
possível a reforma da decisão para piorar a situação do interessado;
8. Para o doutrinador Hely Lopes Meirelles é possível a intervenção de
terceiros, caso a decisão possa atingir a terceiros;
9. Pode o recurso ser impróprio (fora da Administração Pública, caso a
lei o traga de forma expressa) ou próprio (dentro da Administração
Pública como regra).
Recurso administrativo
Características:
1. A decisão poderá ser reexaminada, desde que haja fato novo;
2. O recurso administrativo não está “preso” a prazo;
3. Não admite a reformatio in pejus, nos termos do artigo 65,
parágrafo único da lei nº 9784/99.
II - Controle Externo
O controle externo ou heterocontrole ocorrerá sobre os atos administrativos
que emanam da Administração Pública por meio do reexame desses atos
administrativos pelo Poder Legislativo ou pelo Poder Judiciário.
O controle pelo Poder Judiciário é um controle da sociedade sobre as ações do
Poder Público, ou Administração Pública, por meio de ações judiciais.
 Várias ações judiciais podem ser propostas
pelo cidadão. (Fonte: Shutterstock)

Exemplo
O Tribunal de Contas, por exemplo, é um órgão especial que possui
vinculação ao Poder Legislativo, mas é dotado de estrutura própria.
Poder Legislativo
Por meio de suas comissões e de eventual Comissão Parlamentar de
Inquérito, com as seguintes características:
1 A CPI está prevista no art. 58, §3º da Constituição da República.
2
Poderá ser instaurada, desde que haja fato determinado (fato a ser
analisado), prazo certo (poderá ser prorrogado, e deve ser concluído na
mesma legislatura) e requerimento de um terço dos parlamentares de uma
das casas (comissão parlamentar de inquérito) ou de ambas as casas
(comissão parlamentar mista de inquérito).
3
Possui poderes de investigação próprios do Poder Judiciário (podem quebrar
sigilo bancário, de dados, fiscais e telefônicos; podem determinar a prisão
em flagrante, requerer documentos, promover a oitiva de testemunhas e
não podem promover a interceptação telefônicaou buscar e apreender
documentos).
4 As informações obtidas deverão ser encaminhadas para o órgão do
Ministério Público.

Leitura
Análise de caso
EMENTA: (...) as CPIs, no desempenho de seus poderes de investigação,
estão sujeitas às mesmas normas e limitações que incidem sobre os
magistrados, quando no exercício de igual prerrogativa. Vale dizer: as
CPIs somente podem exercer as atribuições investigatórias que lhes são
inerentes, desde que o façam nos mesmos termos e segundo as mesmas
exigências que a Constituição e as leis da República impõem aos juízes,
especialmente no que concerne ao necessário respeito às prerrogativas
que o ordenamento positivo do Estado confere aos advogados. (...) a
presença do advogado em qualquer procedimento estatal,
independentemente do domínio institucional em que esse mesmo
procedimento tenha sido instaurado, constitui fator inequívoco de certeza
de que os órgãos do Poder Público (Legislativo, Judiciário e Executivo)
não transgredirão os limites delineados pelo ordenamento positivo da
República, respeitando-se, em consequência, como se impõe aos
membros e aos agentes do aparelho estatal, o regime das liberdades
públicas e os direitos subjetivos constitucionalmente assegurados às
pessoas em geral, inclusive àquelas eventualmente sujeitas, qualquer
que seja o motivo, a investigação parlamentar, ou a inquérito policial,
ou, ainda, a processo judicial. (...) não se revela legítimo opor, ao
advogado, restrições, que, ao impedirem, injusta e arbitrariamente, o
regular exercício de sua atividade profissional, culminem por esvaziar e
nulificar a própria razão de ser de sua intervenção perante os órgãos do
Estado, inclusive perante as próprias CPIs.
(MS 30.906-MC, Rel. Min. Celso de Mello, decisão monocrática,
julgamento em 5/10/2011, DJE de 10/10/2011.)
Tribunal de Contas
01
É órgão independente localizado na estrutura do Poder Legislativo, mas sem
qualquer subordinação hierárquica ou funcional a este ou qualquer outro
Poder.
02
O TCU deverá auxiliar o Poder Legislativo (Congresso Nacional) no que tange
fiscalização em geral, possuindo, entretanto, autonomia para promover suas
próprias auditorias ou inspeções.
03
Ainda temos os Tribunais de Contas dos Estados, sendo que apenas dois
municípios possuem órgãos dessa natureza (Rio de Janeiro e São Paulo),
embora outros não possam ser criados, nos termos do artigo 31, §4º da
Constituição da República.
04
O TCU/TCE não sustará contratos administrativos de forma imediata, e sim
após a inação do Poder Estatal, nos termos do artigo 71, §1º da Constituição
da República.
05
Não poderão exercer controle prévio no sentido de aprovar atos
administrativos ou contratos, salvo na questão de aposentadoria de servidor
público, sob pena de falta de observância do princípio da separação dos
Poderes.
06
O parecer que emana do Tribunal não vincula o Poder Legislativo.

Atenção
Suas funções foram previstas nos artigos 70 e 71 da Constituição da
República:
Apreciar as contas dos chefes do poder executivo;
Julgar as contas de administradores que lidem com dinheiro público;
Apreciar atos administrativos para os fins de registro;
Fiscalizar as contas;
Informar;
Aplicar sanções;
Sustar atos administrativos;
Representar ao Poder Competente sobre irregularidade.
Ayres Brito (2006, pg. 638) destaca que os tribunais de
contas não exercem função jurisdicional, pois não se
encontram na estrutura do Poder Judiciário. Isso significa
que os TCU/TCE não exercem as características de órgão
dotado de competência para decidir quanto aos direitos
propriamente subjetivos dos agentes estatais e das
demais pessoas envolvidas em processo de contas. O
mérito das medidas que envolvem estes tribunais de
contas incide sobre a gestão financeira, orçamentária,
patrimonial etc.

Leitura
Análise de caso
EMENTA: Art. 78, § 3º, da Constituição do Estado do Paraná.
Possibilidade de reexame, pelo Tribunal de Contas Estadual, das decisões
fazendárias de última instância contrárias ao erário. Violação do disposto
no art. 2º e no art. 70 da Constituição do Brasil. A Constituição do Brasil
— art. 70 — estabelece que compete ao Tribunal de Contas auxiliar o
Legislativo na função de fiscalização a ele designada. Precedentes. Não
cabe ao Poder Legislativo apreciar recursos interpostos contra decisões
tomadas em processos administrativos nos quais se discuta questão
tributária. Ação direta julgada procedente para declarar a
inconstitucionalidade do § 3º do art. 78 da Constituição do Estado do
Paraná.
(ADI 523, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 3/4/2008, Plenário, DJE de
17/10/2008.)
Poder Judiciário
O principal meio de controle externo usado pelo (ou através) Poder Judiciário
é a ação judicial para verificar a legalidade ou o abuso de poder.
Não abordaremos as características das ações judiciais, pois isso cabe ao
Processo Civil, mas falaremos de ações constitucionais importantes para o
Direito Administrativo, a seguir indicadas.
Carvalho Filho (2018, pg. 1082), por exemplo, enfatiza
que o controle judicial incide especificamente sobre a
atividade administrativa do Estado, seja qual for o Poder
onde esteja desempenhada, alcançando os atos
administrativos do Executivo, basicamente, mas também
os atos (administrativos) do Poder Legislativo e do
próprio Judiciário, em suas funções administrativas.
Mandado de Segurança
1. Fundamentação jurídica: artigo 5º, inciso LXIX da Constituição da
República;
2. Cabível para direito líquido e certo (artigo 1º, da Lei nº 12016/09);
3. Poderá ser impetrado por pessoa física ou jurídica que sofre lesão
(impetrante) ou autoridade coatora (impetrado), nos termos do
artigo 1º e 2º, da Lei nº 12016/09;
4. Pode ter uma decisão visando prevenir a lesão ou para reprimir a
lesão;
5. Não caberá, nos termos do artigo 5º da Lei n°12016/09 (se o
recurso ou decisão judicial recebeu efeito suspensivo, lei em tese ou
de decisão transitada em julgado);
6. A competência depende da autoridade coatora;
7. O prazo para a propositura é de 120 dias, nos termos do artigo 23
da Lei nº 12016/09;
8. Em situações de inação ou omissão da Administração Pública deve o
juiz verificar se o prazo entre o requerimento e a inação é possível
de causar lesão.
Habeas Data
1. Fundamentação jurídica: artigo 5º, inciso LXXII da Constituição da
República e a Lei nº 9507/97;
2. Cabe para a retificação de dados ou para conhecimento de dados do
interessado, nos termos do artigo 7º da Lei n°9507/97;
3. Será impetrado, em face de órgão público, pelo interessado, tendo
em vista que é uma ação personalíssima, nos termos do artigo 2º
da Lei n°9507/99;
4. Exige-se a recusa do órgão como um juízo de admissibilidade da
petição inicial, nos termos do artigo 8º da Lei nº 9507/97.
Ação Popular
1. Fundamentação jurídica: art. 5º, LXXIII, CF, bem como a Lei
n°4.717/65;
2. Características: titularidade a qualquer cidadão (gozo de direitos
políticos – votar e ser votado) e tutela de interesse público;
3. Pressupostos: ilegalidade ou imoralidade praticada pelo Poder
Público ou entidade de que ele participe e lesão ao patrimônio
público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente, ao
patrimônio histórico e cultural;
4. A lei determina que a ação será proposta contra pessoas públicas ou
privadas e as entidades referidas no art. 1º contra as autoridades,
funcionários e administradores que tenham autorizado, aprovado,
ratificado ou praticado o ato impugnado, ainda que por omissão.
1

Atenção
O Poder Judiciário poderá examinar em controle externo o domínio
eminente da Administração Pública em relação aos bens públicos
hierarquicamente inferiores ou particulares.
A intervenção do Estado na propriedade poderá ser restritiva ou drástica.
A intervenção drástica ocorrerá por meio da desapropriação e asrestritivas através da limitação administrativa, tombamento, ocupação
temporária, servidão administrativa e requisição.
III - Improbidade Administrativa
A vedação à improbidade administrativa está no caput do art. 37 e em seu §
4º da Constituição da República, que definiu como norma de cumprimento
obrigatório o princípio da moralidade, e estabeleceu algumas sanções
possíveis em caso de atuação ímproba do agente público.
A definição constitucional acorreu pois, no Brasil, os institutos, em regra,
nascem na Constituição da República e são regulamentados por leis ordinárias
“dentro” do Direito Administrativo. Por isso, é comum dizermos que o direito
administrativo é o direito constitucional em ação.
A Lei nº 8429/92 regulamentou o artigo constitucional supramencionado e,
para o doutrinador Djalma Pinto, os artigos constitucionais são provas que o
Direito Brasileiro incorporou os princípios de conteúdo moral que deverão ser
cumpridos pelos agentes públicos que a Lei nº 8429/92 quis definir como
sendo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração,
por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades
públicas, nos termos do artigo 2º.

Leitura
EMENTA: Isonomia. Paradigmas beneficiados por decisão judicial.
Impropriedade. Descabe ter como inobservado o princípio isonômico, a
pressupor ato de tomador de serviços, quando os paradigmas chegaram
ao patamar remuneratório mediante decisão judicial.
(RE 349.850, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 25/3/2008,
Primeira Turma, DJE de 23/5/2008. No mesmo sentido: RE 551.772-AgR,
Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 19/10/2010, Primeira
Turma, DJE de 10/11/2010).
A honestidade requerida pela Lei nº 8429/92 poderá ser aferida, a qualquer
tempo, administrativa ou judicialmente desde que haja indícios de
improbidade administrativa, nos seguintes termos:
Enriquecimento ilícito;
Lesão ao erário público ou descumprimento dos Princípios
Administrativos nas ações ou omissões dos administradores públicos, nos
termos dos artigos 9º, 10º e 11 da Lei supramencionada.
Tipificação dos atos de
improbidade
Artigo 9º
O art. 9° prega como ato de improbidade administrativa de
enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial
indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função,
emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei,
e notadamente:
 I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou
qualquer outra vantagem econômica, direta ou indireta, a título de
comissão, percentagem, gratificação ou presente de quem tenha
interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por
ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público; 
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a
aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação
de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por preço superior ao
valor de mercado; 
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a
alienação, permuta ou locação de bem público ou o fornecimento de
serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de mercado; 
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas,
equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à
disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei,
bem como o trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros
contratados por essas entidades; 
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou
indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, de
lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer outra
atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem; 
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou
indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação em
obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso,
medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a
qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei; 
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo,
emprego ou função pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja
desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do agente público; 
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou
assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha interesse
suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente
das atribuições do agente público, durante a atividade; 
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou
aplicação de verba pública de qualquer natureza; 
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou
indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declaração a que
esteja obrigado; 
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas,
verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades
mencionadas no art. 1° desta lei; 
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores
integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1°
desta lei. 
Artigo 10
Já o art. 10 cita como ato de improbidade administrativa que causa lesão
ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje
perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou
dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º
desta lei, e notadamente:
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao
patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas,
verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades
mencionadas no art. 1º desta lei; 
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize
bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das
entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; 
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado,
ainda que de fins educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou
valores do patrimônio de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º
desta lei, sem observância das formalidades legais e regulamentares
aplicáveis à espécie; 
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem
integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas no art. 1º
desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, por preço
inferior ao de mercado; 
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou
serviço por preço superior ao de mercado; 
VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e
regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea; 
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; 
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo
indevidamente; 
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei
ou regulamento; 
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como
no que diz respeito à conservação do patrimônio público; 
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas
pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular; 
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça
ilicitamente; 
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos,
máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de
propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no
art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, empregados
ou terceiros contratados por essas entidades. 
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a
prestação de serviços públicospor meio da gestão associada sem
observar as formalidades previstas na lei; (Incluído pela Lei nº 11.107,
de 2005) 
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e
prévia dotação orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas
na lei. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
Artigo 11
No art. 11, é considerado ato de improbidade administrativa que atenta
contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão
que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade,
e lealdade às instituições, e notadamente:
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso
daquele previsto, na regra de competência; 
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício; 
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das
atribuições e que deva permanecer em segredo; 
IV - negar publicidade aos atos oficiais; 
V - frustrar a licitude de concurso público; 
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo; 
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes
da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou econômica
capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
Procedimentos administrativo e
judicial
a) Procedimento administrativo (arts. 14 a 16, LIP):
1. Representação feita à autoridade administrativa;
2. Início do Processo Administrativo pelo recebimento da
representação;
3. Pedido de informações solicitado aos agentes públicos envolvidos;
4. Comunicação ao Ministério Público para que possa exercer a
fiscalização;
5. Representação ao Ministério Público para o requerimento de
medidas constritivas.
Procedimento judicial (arts. 17 e 18 da LIP):
1. Petição inicial – que poderá ser proposta pelo Ministério Público ou
por pessoa jurídica pública em face do agente público que praticou o
ato de improbidade administrativa (artigo 17);
2. Notificação dos interessados (art. 17, §7º);
3. Defesa (artigo 17, § 9º);
4. Decisão da fase inicial que receberá a petição inicial (artigo 17,
§11);
5. Fase de instruir o processo judicial;
6. Sentença.

Atenção
A lei de improbidade administrativa entende que será considerado
crime a representação falsa, nos termos do art. 19 — essa
possibilidade visa afastar as perseguições e atuações sem
fundamento;
Sobre as sanções que poderão ser impostas por ato de improbidade
é a prescrição que ocorrerá nos termos do art. 23;
Essa prescrição não se refere às ações de ressarcimento ao erário,
devido ao artigo 37, § 5º da Constituição da República, já
mencionado;
O Supremo Tribunal Federal entendeu que a ação de improbidade
não será aplicada para os agentes políticos com prerrogativa de foro
na forma do art. 102, I, “c” . Essa posição é questionada pela
sociedade, por alguns doutrinadores como, por exemplo, Di Pietro
(2017, p. 1019), posto que existem decisões divergentes em
decisões monocráticas na própria Corte.
 “Ministros de Estado, Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica, membros dos Tribunais Superiores e do Tribunal de
Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter
permanente”.
Atividade
1. Acerca dos mecanismos de controle externo, é correto afirmar que:
 a) O controle externo é desempenhado exclusivamente pelo Poder
Judiciário, através de ações específicas.
 b) O controle externo ficará especificamente a cargo do Tribunal de
Contas, órgão auxiliar ao Poder Legislativo.
 c) O controle externo é a forma de impedir a arbitrariedade no uso de
prerrogativa dos órgãos do Estado.
 d) O controle externo é exercido pelo cidadão apenas, no uso de ações
judiciais.
2
2. O processo administrativo federal, previsto na Lei n°9.784/99,
estabelece:
 a) o procedimento de atuação do Judiciário em relação à Administração
Pública.
 b) o procedimento de atuação do indivíduo na defesa de seus
interesses frente à Administração Pública.
 c) o procedimento de controle das medidas que serão alvo de comissão
parlamentar de inquérito.
 d) o procedimento de controle interno dos poderes Legislativo e
Judiciário em relação aos órgãos do Poder Executivo.
3. Sobre a atuação dos tribunais de contas, pode-se dizer que:
 a) São órgãos dotados de autonomia própria, com funções de controle
sobre os atos administrativos exercidos por quaisquer dos poderes.
 b) É um órgão que desempenha funções jurisdicionais no controle dos
atos administrativos dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
 c) É um órgão dotado de competência própria de órgão do Poder
Judiciário, sendo autônomo em sua função.
 d) é um órgão que desempenha funções de auxilio ao Poder
Legislativo, estando sujeito às suas orientações técnicas.
Notas
Art. 1º 
“União, Distrito Federal, Estados, Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades
de economia mista, sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os
segurados ausentes, empresas públicas, serviços sociais autônomos, instituições ou
fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público, empresas incorporadas ao
patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e quaisquer
pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos.”
Art. 102, I, “c” 
“Ministros de Estado, Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica,
membros dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União e os chefes de
missão diplomática de caráter permanente”.
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 31. ed. São Paulo:
Saraiva, 2010.
_____. Casa Civil. Lei n° 8.429, de 02 de junho 1992. Dispõe sobre as sanções
aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de
mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou
fundacional e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm> . Acesso em: 21 ago.
2018.
BRITTO, Carlos Ayres. O regime constitucional do Tribunal de Contas. In: CARDOSO,
José Eduardo Martins (Org.). Curso de Direito Administrativo Econômico. Vol. II.
São Paulo: Malheiros, 2006.
CARVALHO FILHO, José Santos. Manual de Direito Administrativo. 32. ed. São
Paulo: Atlas, 2018.
DI PIETRIO. Maria Sylvia. Direito Administrativo. 30. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2017.
PINTO, Djalma. Direito eleitoral improbidade administrativa e
responsabilidade fiscal: noções gerais. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
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As formas de vínculos entre as pessoas físicas que atuam em nome da
Administração Pública e suas características principais;
Respectivas classificações dos agentes públicos;
Os principais aspectos das normas que regem os deveres dos agentes investidos
de função pública.
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disponíveis no ambiente de aprendizagem.
Analise os seguintes textos:
Constituição da República Federativa do Brasil
<https://www.senado.leg.br/atividade/const/constituicao-
federal.asp> ;
STF decide sobre Lei de Improbidade Administrativa
<http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/stf-decide-sobre-lei-de-
improbidade-administrativa/n1237617613460.html> ;
Lei nº 8.429 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm> ,
de 2 de junho de 1992.
Não deixe de acessar também o canal do Tribunal de Contas da União
<https://www.youtube.com/user/TCUoficial> .

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