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O que é emoção

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O QUE É EMOÇÃO? 
*Daniel Goleman 
 
Uma palavra sobre o que quero dizer sob a rubrica emoção, termo cujo significado preciso 
psicólogos e filósofos discutem há mais de um século. Em seu sentido mais literal, o Oxford 
English Dictionary define emoção como: “qualquer agitação ou perturbação da mente, 
sentimento, paixão; qualquer estado mental veemente ou excitado”. Entendo que emoção 
se refere a um sentimento e seus pensamentos distintos, estados psicológicos e biológicos, e a 
uma gama de tendências para agir. Há centenas de emoções, juntamente com suas combinações, 
variações, mutações e matizes. Na verdade, existem mais sutilezas de emoções do que as 
palavras que temos para defini-las. Os pesquisadores continuam a discutir sobre precisamente 
quais emoções podem ser consideradas primárias: o azul, vermelho e amarelo dos sentimentos, 
dos quais saem as misturas; ou mesmo se existem de fato essas emoções primárias. Alguns 
teóricos propõem famílias básicas, embora nem todos concordem com elas. 
 
Principais candidatas e alguns dos membros de suas famílias (das emoções): 
 
- Ira: fúria, revolta, ressentimento, raiva, exasperação, indignação, vexame, acrimônia, 
animosidade, aborrecimento, irritabilidade, hostilidade e, talvez no extremo, ódio e violência 
patológicos. 
 
- Tristeza: sofrimento, mágoa, desânimo, desalento, melancolia, autopiedade, solidão, 
desamparo, desespero e, quando patológica, severa depressão. 
 
- Medo: ansiedade, apreensão, nervosismo, preocupação, consternação, cautela, escrúpulo, 
inquietação, pavor, susto, terror e, como psicopatologia, fobia e pânico. 
 
- Prazer: felicidade, alegria, alívio, contentamento, deleite, diversão, orgulho, prazer sensual, 
emoção, arrebatamento, gratificação, satisfação, bom humor, euforia, êxtase e, no extremo, 
mania. 
 
- Amor: aceitação, amizade, confiança, afinidade, dedicação, adoração, paixão, ágape. 
 
- Surpresa: choque, espanto, pasmo, maravilha. 
 
- Nojo: desprezo, desdém, antipatia, aversão, repugnância, repulsa. 
 
- Vergonha: culpa, vexame, mágoa, remorso, humilhação, arrependimento, mortificação e 
contrição. 
 
Claro, esta lista não resolve toda a questão de como caracterizar a emoção. Por exemplo, que 
dizer de combinações como o ciúme, uma variante da ira que também funde tristeza e medo? E 
das virtudes como esperança e fé, coragem e perdão, certeza e equanimidade? Ou alguns dos 
vícios clássicos, sentimentos como dúvida, complacência, preguiça e torpor? Ou o tédio? Não 
há respostas claras; continua o debate científico sobre como classificar as emoções. 
 
A defesa da existência de umas poucas emoções básicas depende em certa medida da descoberta 
por Paul Ekman, na Universidade da Califórnia, em São Francisco, de que as expressões faciais 
de quatro delas (medo, ira, tristeza e alegria) são reconhecidas por povos de culturas de todo o 
mundo, inclusive povos pré-letrados supostamente intocados pela exposição ao cinema ou à 
televisão, o que sugere sua universalidade. Ekman mostrou fotos que retratavam expressões 
faciais de precisão técnica a pessoas em culturas tão remotas como a Fore da Nova Guiné, uma 
tribo isolada, na Idade da Pedra, das montanhas distantes, e constatou que todos em toda parte 
reconheciam as mesmas emoções básicas. Essa universalidade das expressões faciais da 
emoção provavelmente foi notada pela primeira vez por Darwin, que a viu como indício de que 
as forças da evolução haviam gravado esses sinais em nosso sistema nervoso central. 
Ao buscar princípios básicos, sigo Ekman e outros no pensar nas emoções em termos de 
famílias ou dimensões, tomando as famílias principais: ira, tristeza, medo, amor e assim por 
diante, como exemplos dos intermináveis matizes de nossa vida emocional. Cada uma dessas 
famílias tem no centro um núcleo emocional básico, com os parentes partindo dali em ondas de 
incontáveis mutações. Nas ondas externas, estão os estados de espírito, que, em termos técnicos, 
são mais contidos e duram muito mais que uma emoção (embora seja relativamente raro 
permanecer no pleno calor da ira o dia todo, por exemplo, não é tão raro ficar num humor 
rabugento, irritável, no qual se disparam facilmente ataques mais curtos de ira). Além dos 
estados de espírito, há os temperamentos, a disposição para evocar uma determinada emoção 
ou estado de espírito que torna as pessoas melancólicas, tímidas ou alegres. E ainda, além dessas 
disposições emocionais, estão os distúrbios das emoções, como a depressão clínica ou a 
ansiedade constante, em que alguém se vê perpetuamente colhido num estado tóxico.

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