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Plenitude 1
Plenitude 2
Plenitude
Plenitude 3
Todos os direitos de reprodução, cópia, comunicação ao público e exploração econômica desta obra 
estão reservados única e exclusivamente para o Centro Espírita Caminho da Redenção (CECR). 
Proibida a reprodução parcial ou total da mesma, através de qualquer forma, meio ou processo 
eletrônico, digital, fotocópia, microfilme, internet, cd-rom, sem a prévia e expressa autorização da 
Editora, nos termos da lei 9.610/98 que regulamenta os direitos de autor e conexos.
Plenitude 4
Divaldo Pereira Franco
Plenitude
Joanna de Ângelis
(Espírito)
Plenitude 5
17ª Ed
Do 69º o 71º milheiro
© Copyright 1991 by
Centro Espírita Caminho da Redenção
Revisão: D. Pereira e Prof. Luciano de Castilho Urpia
Editoração eletrônica: Nilsa Maria Pinto de Vasconcellos
Capa: Thamara Fraga
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira dos Livros, SP, Brasil)
Franco, Divaldo Pereira (pelo espírito Joanna de Ângelis) – Plenitude
- Salvador, Ba – Livr. Espírita Alvorada Editora, 1991.
 ISBN: 85-7347-032-1
1. Espiritismo 2. Psicografia 3. Sofrimento I.Franco, Divaldo Pereira.
II Título
 02-5632 COD:133.93 
LIVRARIA ESPÍRITA ALVORADA EDITORA
CNPJ 15.176.233/0001-17 – I.E. 01.917.200
Rua Jayme Vieira Lima, nº 104 – Pau da Lima – CEP 41235-000
Salvador – Bahia – Brasil – Telefax: (71) 3409-8310/11
e-mail: <leal@mansaodocaminho.com.br>
site: <www.mansaodocaminho.com.br>
Todos os direitos de reprodução, cópia, comunicação econômica desta obra estão reservados, única 
e exclusivamente, para o Centro Espírita Caminho da Redenção (CECR). Proibida a sua reprodução 
parcial ou total através de qualquer forma, meio ou processo, sem a prévia e expressa autorização da 
Editora, nos termos da lei 9.610/98
2008
Impresso no Brasil
Presita em Brazilo
mailto:leal@mansaodocaminho.com.br
http://www.mansaodocaminho.com.br/
Plenitude 6
Sumário
Plenitude 7
I) - Sofrimento 10
II) - Análise dos Sofrimentos 13
III) - Origens do Sofrimento 17
IV) - Cessação do Sofrimento 23
V) - Caminhos para a Cessação do Sofrimento 27
VI) - Altruísmo 34
VII) - Motivos de Sofrimentos 39
VIII) - Caminhos para a saúde 41
IX) - Processo de Autocura 47
X) - Terapia Desobsessiva 53
XI) - Terapias Alternativas 57
XII) - Sofrimento ante a Morte 61
XIII) - Sofrimento no Além-Túmulo 64
XIV) - Libertação do Sofrimento 68
Plenitude 7
Plenitude
Filosofias pessimistas e doutrinas religiosas arbitrárias estabeleceram que a vida é 
sofrimento e que toda tentativa para a libertação dele resulta em malogro lamentável.
Pensadores precipitados de ontem como de hoje, fiéis ao diagnóstico ignóbil, propõem o 
suicídio como solução, a eutanásia e o aborto como mecanismos de fuga para superar as situações 
aflitivas e a pena de morte como recurso punitivo, em demonstração de conduta materialista 
rebelde e ácida, na qual a crueldade assume papel preponderante.
O utilitarismo e o hedonismo, sobre os quais constroem as suas aspirações, são os 
responsáveis pela óptica distorcida da realidade, de que desejam libertar-se.
Certamente, o sofrimento faz parte da vida, por ser mecanismo da natureza, através do qual 
o progresso intelecto-moral se expressa e consolida.
O diamante bruto aguarda a lapidação para fulgir como estrela luminosa.
Os metais necessitam da alta temperatura, a fim e amoldarem-se à beleza e à utilidade.
A madeira experimenta os instrumentos cortantes para desempenhar os papéis relevantes a 
que está destinada.
O rio cava o próprio leito por onde corre.
Igualmente, o Espírito necessita lapidar as arestas que lhe encobrem a luminosidade, e, 
para tal, o sofrimento se apresenta como ocorrência normal, que o conhecimento e a força de 
vontade conseguem conduzir com equilíbrio, alcançando a finalidade sublime a que se encontra 
destinado.
O sofrimento, por outro lado, está vinculado à sensibilidade de cada um, variando, 
portanto, e adquirindo dimensões diversas. A dor do bruto apresenta-se asselvajada e 
perturbadora, explodindo em agressividade e loucura. O sofrimento do esteta e do santo se 
expressa como anseio de libertação e crescimento íntimo.
Atravessando as fases primárias da vida, no seu mecanismo automático de evolução, o 
psiquismo amplia as aptidões inatas e desenvolve os germes da perfeição nele jazentes, 
tornando-se herdeiro na etapa imediata das experiências anteriores.
O sofrimento, em face das injunções de amargura e dor de que se reveste, vem merecendo o 
mais amplo investimento histórico de que se tem notícia, objetivando-se a libertação dele e a 
plenitude da criatura.
De Krishna a Nuda, a Jesus, a Allan Kardec, a visão religiosa e filosófica sobre o 
sofrimento recebeu valiosas contribuições, que hoje, no esforço dos modernos cientistas da saúde 
holística, parecem alcançar um grau maior de entendimento do homem e do seu 
inter-relacionamento com as forças vivas da natureza, refletidas na Ecologia, ensejando uma 
compreensão maior da vida e da sua finalidade.
Antecipando essa conduta hodierna, o Espiritismo vem conclamando o homem para o 
respeito a Deus, a si mesmo, ao próximo, a todas as expressões vivas ou não que lhe constituem o 
ambiente em que está localizado, para aprender e ser feliz, assim adquirindo a sua plenitude.
Considerando a problemática humana, existente no próprio indivíduo – o desconhecimento 
de si mesmo – e tendo em vista os urgentes fatores que desencadeiam o sofrimento, arrastando 
multidões à sandice, ao desalento, à alucinação, às fugas inglórias pelo suicídio e pelos vícios, 
resolvemos aprofundar estudos em torno dele, ora reunidos no presente livro, que trazemos ao 
conhecimento do prezado leitor, interessado na solução desse terrível flagelo responsável por 
incontáveis males, para uns, e bençãos, para outros, possibilitando aos últimos a ascensão e a 
glória...
Analisamos alguns dos seus aspectos, conforme a visão budista e a cristã, e propomos a 
solução espírita, em razão da atualidade dos postulados que constituem a Revelação do 
Consolador, convidando o homem ao autodescobrimento, à vivência evangélica, ao comportamento 
Plenitude 8
lúcido advindo do estudo e da ação iluminativa na trilha da caridade fraternal.
Confiamos que o nosso esforço irá contribuir para o esclarecimento dos nossos leitores, 
induzindo-os à aquisição da plenitude, em paz e saúde, inteiramente livres do sofrimento, 
construindo o amor como fonte viva de realização íntima e geral.
Esperando haver alcançado o objetivo a que nos propusemos, rogamos ao “Modelo e Guia 
da humanidade” nos abençoe e conduza.
Salvador, 17 de outubro de 1990.
Joanna de ÂngelisPlenitude 9
“Senhor!
Ajuda-me a transitar:
da treva para a luz;
da mentira para a verdade;
e da morte para a imortalidade.”
(Upanishads)
“Sente-se sozinho, em silêncio.
Baixe a cabeça, feche os olhos, respire pausadamente
e imagine que está contemplando o interior do seu cora-
ção. Transfira sua mente, seus pensamentos de seu corpo
para seu coração. Quando expirar, diga: Senhor, tende
piedade de mim”.
(Gregório do Sinai – Mosteiro do Monte Athos – Século XIV)
Plenitude 10
I – Sofrimento
O homem empenha-se, afanosamente, para vencer o sofrimento, que se lhe apresenta como 
adversário soez.*
em todas as épocas, ele vem travando uma violenta batalha para eximir-se à dor, em 
contínuas tentativas infrutíferas, nas quais exaure as forças, o ânimo e o equilíbrio, tombando 
depois em mais graves aflições.
Passar incólume ao sofrimento é a grande meta que todos perseguem. Pelo menos, 
diminuir-lhe a intensidade ou acalmá-lo, de modo a poder fruir os prazeres da existência e 
incensantes variações.
Imediatista, interessa-lhe o hoje, sem visão do porvir.
Como efeito, o sofrimento tem sido considerado vingança ou castigo divino, portanto, credor 
de execração e ódio.
Nas variadas mitologias, as figuras de deuses invejosos quão despeitados, infligindo 
punições às criaturas e comprazendo-se ante as dores que presenciam, são a resposta ancestral para 
o sofrimento na Terra.
Diversas escolas filosóficas e doutrinas religiosas, de alguma forma concordes com essas 
absurdas conceituações, estabeleceram métodos depuradores para a libertação do sofrimento, que 
vão desde as mais bárbaras flagelações – silícios, holocaustos, promessas e oferendas – ao 
ascetismo mais exacerbado, procurando negar o mundo e odiá-lo, a fim de, com essas atitudes, 
acalmarem e agradarem aos deuses ou a Deus.
Paralelamente, o estoicismo, herdeiro de alguns comportamentos orientais, tentou imunizar 
o homem, estimulando-o a uma conduta de graves sacrifícios que, sem embargo, é desencadeadora 
do sofrimento.
Para libertar-se desse adversário, a criatura impõe-se outras formas de dor, que aceita 
racionalmente, por livre opção, não se dando conta do equívoco em que labora.
A dor, porém, não é uma punição. Antes, revela-se um excelente mecanismo da vida a 
serviço da própria vida.
Fenômeno de desgaste pelas alterações naturais da estrutura dos órgãos – à medida que a 
energia se altera advém a deterioração do invólucro material que ela vitaliza – essa disjunção faz-se 
acompanhada pelas sensações desagradáveis da angústia, desequilíbrio e dor, conforme seja a área 
afetada no indivíduo.
Desse modo, é inevitável a ocorrência do sofrimento na Terra e nas áreas vibratórias que 
circundam o planeta, nas quais se movimentam os seus habitantes. Ele faz parte da etapa evolutiva 
do orbe e de todos quantos aqui estagiam, rumando para planos mais elevados.
Na variada gênese do sofrimento, todo esforço para mitigá-lo, sem a remoção das causas, 
não logrará se não paliativos, adiamentos. Mesmo quando alguma injunção premie o enfermo com 
uma súbita liberação, se a terapia não alcançou as razões que o desencadeiam, ele transitará de uma 
para outra problemática sem conseguir a saúde real.
Isso porque, em todo processo degenerativo ou de aflição, o Espírito, em si mesmo, é 
sempre o responsável, consciente ou não. E, naturalmente, só quando ele se resolve pela harmonia 
interior, opera-se-lhe a conquista da paz.
Em tal situação, mesmo ocorrendo os processos transformadores da ação biológica, o 
sofrimento disso decorrente não afeta a emoção nem se transforma em causa de danos. À 
semelhança de outros automatismos fisiológicos, consciência não lhe registra a manifestação.
*) Oportunamente, fizemos um breve estudo sobre o sofrimento em nosso livro mediúnico O 
Homem Integral, capítulo 8 – itens: Os sofrimentos humanos e Recursos para a libertação dos 
sofrimentos. Livraria Espírita Alvorada – Editora. (Nota da Autora Espiritual)
Plenitude 11
O sofrimento, portanto pode e deve ser considerado uma doença da alma, que ainda se atém 
às sensações e opta pelas direções e ações que produzem desequilíbrio. Nessa fase, dos interesses 
imediatos, todo um emaranhado de paixões primitivas propele o ser na direção do gozo, sem a ética 
necessária ou o sentimento de superior eleição, e o atira nis cipoais dos conflitos que geram a 
desarmonia das defesas orgânicas, as quais cedem à invasão de micróbios e vírus que lhes destroem 
a imunidade, instalando-se, insaciáveis, devoradores.
Da mesma forma, os equipamentos mentais hipersensíveis desajustam-se, abrindo campo à 
instalação das alienações, das obsessões cruéis.
Por extensão, pode-se dizer que sofrimento não é imposto por Deus, constituindo-se eleição 
de cada criatura, mesmo porque, a sua intensidade e duração estão na razão direta da estrutura 
evolutiva, das resistências morais características do seu estágio espiritual.
É a sensibilidade emocional que filtra a dor e a exterioriza. Com ela reduzida, as agressões 
de toda ordem recebem resposta de violência e agressividade.
Nas faixas mais primitivas da evolução, os fenômenos dor, desgaste, envelhecimento e 
morte, porque quase destituídos os seres de raciocínio e emotividade, que ainda se lhes encontram 
em germe, seguem uma linha direcional automatista, na qual as exceções atestam o trânsito da 
essência psíquica para estágios mais elevados.
Decorre disso que o sofrimento é maior nas áreas moral e emocional, que somente se 
encontram nos portadores de mais alto grau de evolução, de sensibilidade, de amor, capazes de 
ultrapassar tais condições, sobrepondo-se-lhes mediante o controle de que se fazem possuidores, 
diluindo na esperança, na ternura e na certeza da vitória as injunções aflitivas.
Fugir, escamotear, anestesiar o sofrimento são métodos ineficazes, mecanismos de alienação 
que postergam a realidade, somando-se sempre com a sobrecarga das complicações decorrentes do 
tempo perdido. Pelo contrário, uma atitude corajosa de examiná-lo e enfrentá-lo representa valioso 
recurso de lucidez com efeito terapêutico propiciador de paz.
As reações de ira, violência e rebeldia ao sofrimento mais o ampliam, pelo desencadear de 
novas desarmonias em áreas antes não afetadas.
A resignação dinâmica, isto é, a aceitação do problema com uma atitude corajosa de o 
enfrentar e remover-lhe a causa, representa avançado passo para a sua solução.
É de insuspeitável significação positiva o equilíbrio mental e moral diante do sofrimento, o 
que consegue por meio do treinamento pela meditação, pela oração, que defluem do conhecimento 
que ilumina a consciência, orientando-a corretamente.
Conhecer-se, na condição de Espírito imortal em processo evolutivo mediante as 
experiências reencarnatórias, representa para o homem alta aquisição de valores para compreender, 
considerar e vencer o sofrimento, que faz parte do modus operandi de todos os seres.
Muitas pessoas advogam que o sofrimento é a única certeza da vida, se compreenderem que 
ele está na razão direta da conduta remota ou próxima mantida para cada qual.
Pode-se dizer, portanto, que a sua presença resulta do distanciamento do amor, que lhe é o 
grande e eficaz antídoto.
Interdependentes, o sofrimento e o amor são mecanismos da evolução. Quando um se afasta, 
o outro se apresenta. Às vezes, coroando a luta, na reta final, ei-los que surgem simultaneamente, 
sem os danos que normalmentedesencadeiam.
Acima de todos eles, porém, destaca-se o exemplo de Jesus, lecionado, pelo amor, a vitória 
sobre o sofrimento durante toda a Sua vida, principalmente nos momentos culminantes do 
Getsêmani ao Gólgota, e daí à ressurreição...
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Plenitude 12
“Os fenômenos da vida podem ser comparados a um sonho, a um fantasma, a uma bolha, a uma 
sombra, a uma orvalhada cintilante ou a um raio luminoso, e como tal deveria ser contemplados”
Buda (O Sutra Imutável) 
Plenitude 13
II – Análise dos Sofrimentos
Buda ensinava que a única função da vida é a luta pela vitória sobre o sofrimento. Empenhar-se em 
superá-lo deve ser a constante preocupação do homem.
Após tentá-lo mediante o ascetismo mais austero e as disciplinas mais rígidas, o jovem 
Guatama afastou-se do monastério com alguns candidatos desanimados e foi meditar calmamente, 
logrando a Iluminação.
Estabeleceu a teoria do 'caminho do meio' para alcançar a paz. Nem mais a austeridade 
cruel, nem as dissipações comuns, mas o equilíbrio da meditação.
Voltou-se então para a libertação dos homens e estabeleceu as quatro Nobres Verdades: o 
sofrimento, suas origens, a cessação do sofrimento e os caminhos para a libertação do sofrimento.
Segundo as suas reflexões, o sofrimento se apresenta sob três formas diferentes: o 
sofrimento do sofrimento: o sofrimento da impermanência e o sofrimento resultante dos 
condicionamentos.
O sofrimento do sofrimento é resultado das aflições que ele mesmo proporciona.
A dor macera os sentimentos, desencoraja as estruturas psicológicas frágeis, infelicita, leva a 
conclusões falsas e estimula os estados da exaltação emocional ou de depressão conforme a 
estrutura íntima de cada vítima.
Apresente-se sob dois aspectos: físico e mental, na imensa área das patologias geradoras de 
doenças. Nesse caso, o sofrimento é como uma doença e resultado dela.
As doenças, porém, são inevitáveis na existência humana, em razão da constituição 
molecular do corpo, dos fenômenos biológicos a que está sujeito nas suas incessantes 
transformações.
A abrangência da ação da matéria sobre o Espírito, particularmente nos estágios mais 
primitivos, enseja sofrimentos constantes em face das doenças físicas contínuas e das distonias 
mentais frequentes.
À semelhança do buril agindo sobre a pedra bruta e lapidando-a, as doenças são mecanismos 
buriladores para a alma despertar as suas potencialidades e brilhar além do vaso orgânico que a 
encarcera.
Nessa área, a ciência médica alcançou um elevado patamar do conhecimento, debelando 
antigas enfermidades que dizimavam milhões de existências e alucinavam multidões.
A lucidez do diagnóstico, a habilidade cirúrgica, a farmacopéia rica e as diversas terapias 
alternativas, têm contribuído com um grande contingente de socorro para atender os enfermos. 
Embora os surtos periódicos de antigos males e o surgimento de outros que a imprevidência gera, 
essa conquista expressiva contribui para que tal sofrimento seja atenuado.
Na área das psicologias a visão humana é hoje mais benigna do que no passado, 
considerando o enfermo mental um ser humano, e como tal prossegue, ainda que momentaneamente 
tenha perdido a identidade, o equilíbrio, com o direito de receber assistência, oportunidade e amor.
Multiplicaram-se lamentavelmente, porém, os distúrbios existenciais, comportamentais, na 
área psicológica, nascendo a chamada geração neurótica perdida no mare magnum das vítimas do 
sexo em desalinho, das drogas alucinantes, da violência e agressividade urbanas, do cinismo 
desafiador.
Os avanços tecnológicos não bloquearam os corredores do desespero; e as guerras contínuas 
fomentaram o medo, a insatisfação, o desespero, as fugas emocionais.
A juventude insegura tornou-se-lhe a grande vítima a um passo da depressão, da loucura, do 
suicídio.
Ao lado das diversificadas patologias desesperadoras do momento os fenômenos 
psicológicos de desequilíbrio alastram-se incontroláveis.
Mobile User
Plenitude 14
A mole humana passou a sofrer o efeito desses sofrimentos que se generalizaram.
A doença, todavia, é resultado do desequilíbrio energético do corpo em razão da fragilidade 
emocional do Espírito que o aciona. Os vírus, as bactérias e os demais micro-organismos 
devastadores não são os responsáveis pela presença da doença, porquanto eles se nutrem das células 
quando se instalam nas áreas em que a energia se debilita. Causam fraqueza física e mental, 
favorecendo o surgimento da doença, por falta da restauração da energia mantenedora da saúde. Os 
medicamentos matam os invasores, mas não restituem o equilíbrio como se deseja, se a fonte 
conservadora não irradia a força que sustenta o corpo.
Momentaneamente, om a morte dos micróbios, a pessoa parece recuperada, ressurgindo, 
porém, a situação, em outro quadro patológico mais tarde.
A conduta moral e mental dos homens, quando cultivas as emoções da irritabilidade, do 
ódio, do ciúme, do rancor, das dissipações, impregna o organismo, o sistema nervoso, com 
vibrações deletérias que bloqueiam áreas por onde se espraia a energia saudável, abrindo campo 
para a instalação das enfermidades, graças à proliferação dos agentes viróticos degenerativos que ali 
se instalam. 
Quase sempre as terapias tradicionais removem os sintomas sem alcançarem as causas 
profundas das enfermidades.
A cura sempre provém da força da própria vida, quando canaliza corretamente.
As tensões físicas, mentais e emocionais são, igualmente, responsáveis pelas doenças – 
sofrimento que gera sofrimento.
O homem, desde as suas origens sociais, aprende a ter medo, a conservar mágoas, a 
desequilibrar-se por acontecimentos de somenos importância, desarticulando o seu sistema 
energético. Passa de um aborrecimento para outro, cultivando vírus emocionais que facultam a 
instalação dos outros, degenerativos, responsáveis pelo agravamento das suas doenças.
Os condicionamentos, as ideias pessimistas, as crenças absurdas, as ações vexatórias são 
responsáveis pelas tensões que levam à desarmonia.
Evitando essas cargas, o sistema energético-imunológico liberará de doenças o indivíduo, e a 
sua vida mudará, passando a melhorar o seu estado de saúde.
As causas profundas das doenças, portanto, estão no indivíduo mesmo, que se deve 
auto-examinar, autoconhecer-se a fim de liberar-se desse tipo de sofrimento.
De imediato há o prazer que gera sofrimento.
O cotidiano demonstra que abusca insaciável do prazer constitui um tormento que aflige sem 
compensação. Quando se tem a oportunidade de fruí-lo, constata-se que o preço pago foi muito alto 
e a sensação conseguida não recebeu retribuição correspondente.
Ademais, há aquisições que proporcionam prazer em um momento para logo se 
transformarem em dores acerbas. E o responsável por esse resultado é a ilusão.
A maioria dos sofrimentos decorre da forma incorreta por que a vida é encarada. Na sua 
transitoriedade, os valores reais transcendem ao aspecto e à movimentação que geram prazer.
Esse é o sofrimento da impermanência das coisas terrenas. Esfumam-se como palha ao fogo, 
atiçado pelo vento, logo se transformando em cinza flutuando no ar. 
Para conseguir desfrutar de determinado prazer o indivíduo investe além das possibilidades, 
constatando, depois, quantas dificuldades tem a enfrentar para manter essa conquista.A luta para 
possuir um automóvel último modelo expõe-no a compromissos pesados para o futuro. A 
imaginação estimula-o com a ilusão da posse para averiguar, passado o prazer, que não tem 
condições para preservar o veículo adquirido, ou os móveis, ou a residência, enfim, tudo quanto é 
impermanente e brilha com atração apenas por um dia...
Medidas as possibilidades sem sacrifícios, é factível constatar até onde pode aventurar-se, 
sem os riscos de sofrer dores e arrependimentos tardios.
Essa visão correta, realista, que se adquire da existência, emoldura-a de harmonia. No 
entanto, a fantasia injustificada responde pelo choque inevitável com a realidade.
Plenitude 15
Certamente, cautela nas decisões não se pode converter em medo de agir, em cultivo de 
pessimismo para o futuro. São a ambição irrefreada, a precipitação, a falta de controle para o prazer 
que gera dor.
Aí estão os vícios sociais e morais estiolando vidas, longo prazo conduzindo à loucura, ao 
autocídio. São alguns deles o inocente cigarro de exibição no grupo social como afirmação da 
personalidade, eliminação de tabu, respondendo por graves problemas respiratórios, cânceres, 
enfisemas pulmonares; o prazer etílico gerador de ressacas tormentosas, cirroses hepáticas, úlceras 
gástricas e duodenais, distúrbios intestinais e outros, além das alucinações que levam à violência, à 
depressão, à destruição de outras vidas e tudo quanto é caro, precioso, com resultados funestos; as 
drogas, que escravizam, iniciando-se as dependências nas primeiras tentativas que parecem 
proporcionar o prazer, estimulando a alegria, a coragem, a realização, vitórias fugidias sobre os 
fortes conflitos psicológicos, logo se convertendo em desgraças, às vezes, irremediáveis...
O engano de considerar-se invencível, superior, provando o desconhecimento da fragilidade 
e da impermanência do conjunto que o constitui, especialmente de seu corpo, faculta, ao ser, prazer 
mentiroso, que o desperta sob grande sofrimento.
Ninguém escapa às conjunturas que constituem a vida. Programada de forma a educar e 
fortalecer, seus aprendizes não pudem burlar indefinidamente.
Enfrentar as vicissitudes e superar os valores indicativos de prosperidade, de prazer 
injustificável, eis como poupar-se ao sofrimento. É certo que um número significativo de prazeres 
se apresenta, sem riscos de converter-se em fator afligente.
O sofrimento, portanto, quando se tem dele consciência, é facilmente evitável.
O sofrimento resultante do condicionamento abarca a educação incorreta, a convivência 
social pouco saudável, que propiciam agregados físicos e mentais contaminados.
A escala de valores, para muitos indivíduos, apresenta-se invertida, tendo por base o 
imediato, o arriscado, o vulgar e o promíscuo, o poder transitório, a força, como revelantes para a 
vida. Os seus agregados, sob altas cargas de contaminação, produzem sofrimentos de largo porte.
Ao mesmo tempo, a contaminação psíquica e física, derivadas dos condicionamentos 
doentios dos grupos sociais e dos indivíduos, promove sofrimentos que poderiam ser evitados.
A irradiação mórbida de uma pessoa enviando à outra energia negativa, termina por 
contaminá-la, caso esta não possua fatores defensivos, reagentes, que procedam da sua conduta 
mental e moral edificante.
O homem vive na Terra soba a ação de medos: da doença, da pobreza, da solidão, do 
desamor, do insucesso, da morte. Essa conduta é resultado de seu despreparo para os fenômenos 
normais da existência, que deve encarar como processo da evolução.
Herdeiro da própria consciência, é também legatário dos atavismos sociais, dos hábitos 
enfermos, entre os quais se destacam esses pavores que resultam das superstições, desinformações e 
ilusões ancestrais, formando os condicionamentos perturbadores.
Absorvendo e impregnando-se desses fatores negativos, os sofrimentos apresentam-se-lhe 
inevitáveis, produzindo distúrbios psicológicos, mentais e físicos por somatização automática.
A educação calcada nos valores éticos-morais, não-castradora, que estimule a consciência do 
dever e da responsabilidade do indivíduo para com ele próprio, para com o seu próximo e para com 
a vida, equipa-o de saúde emocional e valor espiritual para o trânsito equilibrado pela existência 
física. Esse conhecimento prepara-o para que saiba selecionar o que lhe é útil e saudável, 
ajudando-o no crescimento interior para a sua realização pessoal. Enquanto este discernimento não 
se transformar em força canalizadora para o seu bem, o indivíduo experimentará o sofrimento 
resultante do condicionamento, que lhe advém dos agregados físicos e mentais contaminados.
Plenitude 16
“Os sofrimentos devidos a causas anteriores à existência presente, como os que se originam de 
culpas atuais, são muitas vezes a consequência da falta cometida, isto é, o homem, pela ação de 
uma rigorosa justiça distributiva, sofre o que fez sofrer aos outros”
(O evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec,
52ª edição, FEB, Cap.V, item 7.) 
 
Plenitude 17
III – Origens do Sofrimento
Ainda segundo o budismo, as origens do sofrimento se apresentam por meio de condições 
internas e extras, resultando daí outras duas ordens: as cármicas e as emoções perturbadoras.
Indubitavelmente, conforme acentua a doutrina Espírita, o homem é a síntese das suas 
próprias experiências, autor do seu destino, que ele elabora mediante os impositivos do 
determinismo e do livre-arbítrio.
Esse determinismo – inevitável apenas em alguns aspectos: nascimento: morte, reencarnação 
– estabelece as linhas matrizes da existência corporal, propelindo o ser na direção da sua fatalidade 
última: a perfeição relativa. Os fatores que programam as condições do renascimento do corpo 
físico são o resultado dos atos e pensamentos das existências anteriores. Ser feliz quanto antes ou 
desventurado por largo tempo depende do livre-arbítrio pessoal. A opção por como e quando agir 
libera o Espírito do sofrimento ou agrilho-a nas suas tenazes.
A vida são os acontecimentos de cada instante a se encadearem incessantemente. Uma ação 
provoca uma correspondente reação, geradora de novas ações, e assim sucessivamente.
Desse modo, o indivíduo é o resultado das suas atividades anteriores. Nem sempre, porém, 
se lhe apresentam esses efeitos imediatamente, embora isso não o libere dos atos praticados.
É possível que uma experiência fracassada ou danosa, funesta ou prejudicial se manifeste a 
outras pessoas como ao seu autor por meio dos resultados, após a próxima ou passadas algumas 
reencarnações. Esses resultados, no entanto, chegarão de imediato ou em mais tardio tempo. O certo 
é que virão em busca da reparação indispensável.
Da mesma forma, as construções do bem se refletirão no comportamento posterior do 
indivíduo, sem que, necessariamente, tenham caráter instantâneo. O fator tempo, na sua 
relatividade, é de somenos importância.
Portanto, os sofrimentos humanos de natureza cármica podem apresentar-se sob dois 
aspectos que se complementam: provação e expiação. Ambos objetivam educar e reeducar, 
predispondo as criaturas ao inevitável crescimento íntimo, na busca da plenitude que as aguarda.
A provação é a experiência requerida ou proposta pelos Guias espirituais antes do 
renascimento corporal do candidato, examinadas as suas fichas de evolução, avaliadas as suas 
probabilidades de vitóriae os recursos ao seu alcance para o cometimento. Apresenta-se como 
tendências, aptidões, limites e possibilidades sob controle, dores suportáveis e alegrias sem exagero, 
que facultem a mais ampla colheita de resultados educativos. Nada é imposto, podendo ser alterado 
o calendário das ocorrências, sem qualquer prejuízo para a programação iluminativa do aprendiz.
No mapa dos compromissos, não figuram as injunções mais aflitivas nem as conjunturas 
traumatizantes irreversíveis.
As opções de como agir multiplicavam-se favoravelmente, de forma que, havendo arestas a 
aplainar, esse trabalho não impõe uma ação imediata pelo sofrimento.
A ação do amor brinda o ser com excelentes ensanchas de alterar para melhor o seu 
desempenho e as suas atividades, constituindo-lhe suportáveis provas o malogro de alguma 
aspiração, o desafio ante algumas metas que lhe parecem inalcançáveis, as dores dos processos de 
desgaste orgânico e mental, sem as quedas profundas nos calabouços das paralisias, das alienações, 
das doenças irrecuperáveis.
Se tal suceder, ainda poderemos catalogar como escolha pessoal, por acreditar o candidato 
ser esse o meio mais eficaz para a sua felicidade próxima, liberando-se da canga rude da 
inferioridade moral.
Poder-se-á identificar essa providencial escolha, na resignação e coragem demonstradas pelo 
educando e até mesmo na sua alegria diante das ocorrências dolorosas.
As provações se manifestam, dessa forma, de maneira suave, lenificadora no seu conteúdo e 
abençoada nas suas finalidades. Sem o caráter punitivo, educam de forma consciente, incitando ao 
Plenitude 18
aproveitamento da ocasião em forma eficiente e mais lucrativa, com o que equipam aqueles que as 
experimentam, para que se convertam em exemplos, apóstolos do amor, do sofrimento, 
missionários do bem, mártires dos ideais que esposam, mesmo que no anonimato dos testemunhos, 
sem pre se tornando modelos dignos de ser imitados por outras pessoas.
As provações mudam de curso, suavizando-se ou agravando-se conforme o desempenho do 
Espírito.
A eleição de certas injunções mais difíceis no processo evolutivo representa um ato de 
sabedoria, tendo-se em vista a rapidez da existência corporal e os benefícios auferidos que são de 
duração ilimitada.
Considerando-se a vida sob o ponto de vista causal, das suas origens eternas, as ocorrências 
na esfera física são de breve duração, não se alongando mais do que um curto período que, 
ultrapassado, deixa as marcas demoradas de como foram vivenciadas. Valem, portanto, quaisquer 
empenhos, os sacrifícios, as provas e testes que recompõem os tecidos dilacerados da alma, 
advindos das anteriores atitudes insensatas.
Toda aprendizagem propõe esforço para ser assimilada e toda ascensão exige o contributo da 
persistência, da força e do valor moral.
Os compromissos negativos, pois, ressurgem no esquema da reencarnação como provações 
lenificadoras, que o amor suaviza e o trabalho edificante consola.
As expiações, todavia, são impostas, irrecusáveis, por constituírem a medicação eficaz, a 
cirurgia corretiva para o mal que se agravou.
Semelhante ao que sucede na área civil, o delinquente primário tem crédito que lhe suaviza a 
pena e, mesmo ante os gravames pesados, logra certa liberdade de movimento sem a ter totalmente 
cerceada. O reincidente é convidado à multa e prisão domiciliar, conforme o caso, no entanto, 
aquele que não se corrige é conduzido ao regime carcerário e, diante de leis mais bárbaras, à morte 
infamante.
Guardadas as proporções, nos primeiros casos, o infrator espiritual é conduzido a provações, 
enquanto que, na última hipótese, à expiação rigorosa. Porque o amor de Deus vige em todas as 
Suas leis, mais justas do que as dos homens, seja qual for o crime, elas objetivam reeducar e 
conquistar o revel, não o matando, isto é, não o extinguindo. Jamais intentam vingar-se do 
alucinado, antes buscam recuperá-lo, porque todos são passíveis de reabilitação.
O encarceramento nas paresias, limitações orgânicas e mentais, as paralisias, as patologias 
congênitas sem possibilidade de reequilíbrio, certos tipos de loucura, de cânceres, de enfermidades 
degenerativas se transformam em recurso expiatório para o infrator reincidente que, no educandário 
das provações, mais agravou a própria situação, derrapando para os abismos da rebeldia e da 
alucinação propositais. Entre esses, suicidas premeditados, homicidas frios, adúlteros contumazes, 
exploradores de vidas, vendedores de prazeres viciosos, tais como as drogas alucinógenas, o sexo, o 
álcool, os jogos de azar, a chantagem e muitos artigos da crueldade humana catalogados nos 
Estatutos Divinos.
Cada ser vive com a consciência que estrutura.
De acordo com os seus códigos, impressos em profundidade na consciência, recolhe as 
ressonâncias como experiências reparadoras ou propiciatórias de libertação.
Há, em nome do amor, casos de aparentes expiações – seres mutilados, surdos-mudos, cegos 
e paralisados, hansenianos e aidéticos, - entre outros, que escolheram essas situações para 
lecionarem coragem e conforto moral aos enfraquecidos na luta e desolados na redenção.
Jesus, que nunca agiu incorretamente, é o exemplo máximo.
Logo após, Francisco de Assis, que elegeu a pobreza e a dor para ascender mais, não 
expurgava débitos, antes demonstrava-lhes a grandiosidade dos benefícios.
Hellen Keller, Steinmetz e muitos outros heróis de ontem como de hoje são lições vivas do 
amor em forma de abnegação, convidando à felicidade e ao bem.
As expiações podem ser atenuadas, não, porém, sanadas.
Plenitude 19
Enquanto as provações constituem forma de sofrimento reparador que promove, as 
expiações apenas restauram o equilíbrio perdido, reconduzindo o delituoso à situação em que se 
encontrava antes da queda brutal.
Transitam, ainda, na Terra, portadores de expiações que não trazem aparência exterior. São 
os seres que estertoram em conflitos cruéis, instáveis e insatisfeitos, infelizes e arredios, carregando 
dramas íntimos que os estiolam, afligindo-os sem cessar. Podem apresentar aparência agradável e 
conquistar simpatia, sem que se liberem dos estados interiores mortificantes.
A consciência não perdoa, no que concerne a deixar no alvido o crime perpetrado. O seu 
perdão se expressa mediante a reabilitação do infrator.
As origens do sofrimento estão sempre, portanto, naquele que o padece, no recôndito do seu 
ser, nos painéis profundos da sua consciência.
Ao lado das origens cármicas do sofrimento, surgem as causas atuais, quando o homem o 
busca mediante a irresponsabilidade, a precipitação, a prevalência do egoísmo que o incita à escolha 
do melhor para sim em detrimento do seu próximo. Essa atitude se revela em forma de emoções 
perturbadoras, que o aturdem na área das aspirações e se condensam em formas de aflição.
As emoções perturbadoras galvanizam o homem contemporâneo, mais do que o de ontem, 
em razão dos conflitos psicossociais, socioeconômicos, tecnológicos e outros...
Os impulsos e lutas que induzem o indivíduo à perda da individualidade, escravizando-o aos 
padrões de conveniência vigente, são relevantes como desencadeadores do sofrimento.
Também a perda do senso de humor torna a criatura carrancuda e artificial, gerando emoções 
perturbadoras.
A ausência da liberdade pelas constrições de toda ordem igualmente proporciona sofrimento.
Esses fenômenos psicológicos, no campo do comportamento, propiciam emoções afligentes 
tais como: o desejo, o ofuscamento, o ódio, a frustração.
Porque não se sabe distinguir entre o essencial eu supérfluo,o que convém e aquilo que não 
é lícito conseguir, o homem extrapola nas aspirações e atormenta-se pelo desejo malconduzido, 
ambicionando além das possibilidades e transferindo-se de uma para outra forma de amargura.
O desejo é um corcel desenfreado que produz danos e termina por ferir-se, na sua correria 
insana.
A primeira demonstração de lucidez e equilíbrio da criatura é a satisfação ante tudo quanto a 
vida lhe concede. Não se trata de uma atitude conformista, sem a ambição racional de progredir, 
mas, sim, de uma aceitação consciente dos valores e recursos que lhe chegam, facultando-lhe 
harmonia interior e bem-estar na área dos relacionamentos, no grupo social no qual se situa.
Toda vez que o desejo exorbita, gera sofrimento, em razão de tornar-se uma emoção 
perturbadora forte, que desarticula as delicadas engrenagens do equilíbrio.
Narra-se que a infelizmente célebre Messalina, após uma larga noite de desejos e orgia, foi 
interrogada por Cláudio, ao amanhecer, igualmente aturdido: - “Estás satisfeita?” Ao que ela teria 
redarguido: “Não; cansada!” 
Febre voraz, o desejo faz arder as energias, aniquilando-as. Sempre se transfere de uma para outra 
área, por conduzir o combustível da insatisfação. Males incontáveis se derivam da sua canalização 
equivocada, em face das suas nascentes no egoísmo, este câncer do Espírito, responsável por danos 
contínuos no processo da evolução do ser.
Mesmo na realização edificante, o desejo tem que ser conduzido com equilíbrio, a fim de 
não impor necessidades que não correspondem à realidade. O ideal do bem, o esforço por 
consegui-lo expressam-se de forma saudável quão gratificante, tornando-se estímulo para o 
desenvolvimento constante dos germes que dormem na criatura, aguardando a eclosão dos fatores 
que lhes são propiciatórios.
Como efeito do desejo, o ofuscamento, que decorre da presunção e do orgulho, é causa de 
sofrimentos, em razão do emaranhado de raízes na personalidade do homem ambicioso e 
deslumbrado, como Narciso ante a própria imagem refletida no lago.
Plenitude 20
As ilusões da prosperidade econômica e social, cultural e política induzem o insensato ao 
ofuscamento, por permitirem-lhe acreditar-se superior aos demais, inacessível ao próximo, 
colocando b
barreiras no relacionamento com as outras pessoas que lhe pareçam de menor status, qual se estas 
lhe ameaçassem a situação de destaque. Ignoram os fenômenos biológicos inevitáveis da 
enfermidade, velhice e morte, ou anestesiam a consciência para não pensarem nas ocorrências do 
insucesso, da mudança de situação, das surpresas do cotidiano.
Todos esses fatores são motivos de sofrimento, quando se pretende manter a posição de 
relevo, quando se teme perdê-la e quando isso acontece.
O ofuscamento desgoverna inumeráveis existências que se permitem as fantasias do trânsito 
orgânico, sem a claridade que discerne entre as reais e as falaciosas metas da vida.
Na mesma trilha, ressalta o domínio do ódio nas passagens dos sofrimentos humanos. As 
suas irradiações destrutivas comburem as energias de quem o sustenta, enquanto, muitas vezes, 
atingem aqueles contra quem se dirigem, caso permaneçam distraídos dos deveres relevantes ou em 
faixas mentais equivalentes.
Loucura do amor não atendido, o ódio revela a presença predominante dos instintos 
agressivos vigentes, suplantando os sentimentos que devem governar a vida.
Jamais havendo motivo que lhe justifique a existência, o ódio é responsável pelas mais 
torpes calamidades sociais e humanas de que se tem conhecimento.
Quando se instala com facilidade, expande as suas raízes como tenazes vigorosas, que 
estrangulam a razão, transformando-se em agressividade e violência, em constante manifestação.
Em determinados temperamentos, é qual uma chispa insignificante em um monte de feno, 
produzindo um incêndio devorador. Por motivo de somenos importância, explode e danifica em 
derredor.
O ódio é causador de muitos sofrimentos.
Todo o empenho deve ser enviado para desarticulá-lo onde se apresente e instale; sem esse 
trabalho, ele se irradia e infelicita.
Pestilencial, ele contamina com facilidade, travestindo-se de irritação, ansiedade, revolta e 
outros danosos mecanismos psicológicos reagentes.
A frustração, por sua vez, responde por sofrimentos que seriam evitáveis, não fossem as 
exageradas esperanças do homem, as suas confusas ideias de automerecimento, que lhe infundem 
crenças falsas nas possibilidades que não lhe estão ao alcance.
Porque se supõe credor de títulos que não possui, a criatura se frustra, entregando-se a 
reações inesperadas de depressão ou cólera, fugindo da vida ou atirando-se, rebelde, contra ela e os 
seus valores.
Quando o homem adquire a medida do pouco ou quase nenhum merecimento pessoal, 
equipa-se de harmonia e fé, de coragem e paz para enfrentar as vicissitudes e superá-las, nunca se 
permitindo malograr nos empreendimentos. Se esses não oferecem os resultados desejados, como é 
natural, insiste, persevera, até a constatação de que outro deve ser o campo de atividade a 
desenvolver ou até receber a resposta favorável do trabalho envidado.
O amor é o antídoto para todas as causas do sofrimento, por proceder do Divino Psiquismo, 
que gera e sustenta a vida em todas as suas expressões.
Luarizado pelo amor, o homem discerne, aspira, age e entrega-se em confiança, irradiando 
energia vitalizadora, graças a qual se renova sempre e altera para melhor a paisagem por onde se 
movimenta.
O amor é sempre o conselheiro sábio em qualquer circunstância, orientando com eficiência e 
produzindo resultados salutares, que propelem ao progresso e à felicidade.
Na raiz de qualquer tipo de sofrimento sempre será encontrado como seu autor o próprio 
Espírito, que se conduziu erroneamente, trocando o mecanismo do amor pela dor, no processo da 
Plenitude 21
sua evolução.
A fim de apressar a recuperação, eis que se inverte a ordem dos acontecimentos, sendo a dor 
o meio de levá-lo de volta ao amor, por cuja trilha se faz pleno.
Plenitude 22
“O homem tem de lutar com o problema do sofrimento. O oriental que livrar-se do sofrimento, 
expulsando-o ;
o ocidental procura suprimi-lo com remédios. Mas o sofrimento precisa ser superado, e o 
único meio de superá-lo é suportando-o. Aprendemos isso somente com Ele (o 
Cristo Crucificado).”
Carl Gustav Jung (Letters) Princeton
Princeton University Press, 1973-vol.I, p.236.
Plenitude 23
IV – Cessação do Sofrimentos
Na condição de enfermidade, o sofrimento, para ser curado, encontra diversos meios 
eficazes. Alguns o atenuam, outros são inócuos, e raros se apresentam como de eficiência 
incontestável.
A cura real, porém, somente se concretizará se a terapia extirpa-lhe as causas. Enquanto não 
se extingam as suas fontes geradoras, ele se manifestará inevitavelmente.
Desde que o mau uso da razão o origina, é indispensável agir no fulcro do seu 
desencadeamento, de modo a fazer cessar a energia que o aciona e vitaliza.
Nos reinos irracionais, nos quais o sofrimento resulta do fenômeno evolutivo através do 
desgaste natural das formas por desestruturação das moléculas e células, o concurso do amor 
humano atenua-lhe a intensidade, alterando o campo e proporcionando lenitivo de equilíbrio ou 
saúde.
O homem, que pensa,é responsável pela preservação da vida, que se manifesta em outros 
matizes e faz parte do conjunto que lhe sustenta a existência, possibilitando a evolução de todos os 
seres e princípios vitais.
Desse modo, os atentados e a desconsideração à ecologia se refletem na vida humana, qual 
ocorre com sua preservação e cuidados. São as ações respondendo pelos seus efeitos.
A fim de que se possa fazer cessar o sofrimento, torna-se imprescindível a aquisição de uma 
consciência responsável, capaz de remontar-lhe às origens, analisá-las e trabalhá-las com 
direcionamento adredemente planejado.
A educação do pensamento, a disciplina dos hábitos e a segurança das metas são os recursos 
hábeis para o logro, sem os quais as terapias e técnicas se tornam paliativas, sem resultarem 
solucionadoras.
Em alguns casos o sofrimento, em si mesmo, ainda é a melhor terapia para o progresso 
humano. Enquanto sofre, o homem menos se compromete, demorando-se em reflexão, de onde 
partem as operações de reequilíbrio. É comum a mudança de comportamento para pior, 
comprometimento parece assaltar o indivíduo imaturo, que parte para futuras situações penosas, 
complicando os parcos recursos de que dispõe. Desse modo, a duração do sofrimento muito 
contribui para uma correta avaliação dos atos a que ele se deve entregar. Porque se origina no 
primitivismo pessoal, pensamentos e ações reprocháveis induzem-no a uma existência infeliz, da 
qual se liberta somente quando se resolve por escalar a montanha do esforço direcionado para a 
evolução, a serenidade, a harmonia, trabalhando os metais grosseiros da individualidade e 
moldando-os no calor do sacrifício.
Sem esse, não há elevação moral, nem compreensão das finalidades da existência terrena.
Insculpidas na consciência, as Divinas Leis propelem a realização do bem que jaz em germe.
A demora pela definição é resultado de um período normal para o amadurecimento que 
faculta eleger o que deve, daquilo que não convém realizar.
A cura de uma enfermidade impõem a extinção das suas causas. Alguém que haja sido 
mordido ou picado por uma áspide ou um inseto venenoso deve, de início, bloquear, mediante 
garrote, a expansão do tóxico, para combatê-lo depois.
Diante de uma pessoa que foi atingida por uma seta envenenada, recomenda antiga 
sabedoria hindu, arranca-se-lhe a flecha primeiro, para depois tornar-se outra providência qualquer.
As setas morais venenosas, cravadas no cerne da alma, enquanto não sejam retiradas, 
continuam resistindo aos antídotos aplicados nos seus danos, por prosseguirem contaminando suas 
vítimas.
Educar a mente, disciplinando a vontade, constitui o passo inicial para extirpar as causas das 
aflições, infundindo responsabilidades atuais, geradoras, por sua vez, de novos resultados saudáveis, 
para propiciarem o futuro bem-estar a que se está fadado.
Plenitude 24
A recomendação de Jesus sobre o amor é de eficácia incontestável, por ser, esse sentimento, 
gerador de valores responsáveis pela felicidade humana. O amor dulcifica o ser e incita-o às atitudes 
edificantes da vida.
Mediante a sua vigência, pensa-se antes de tornar-se decisões, considerando-se quais as que são 
mais compatíveis coma ética e os anseios do próprio coração.
Jamais desejando para o seu próximo o que não gostaria de experimentar, assumem-se 
compromissos de prosperidade, sem prejuízo de natureza alguma para si ou para os outros.
A própria lucidez gerada pelo amor induz ao perdão indiscriminado para todas as pessoas, 
por consequência, para si mesmo.
O ouvido do mal, com abandono do propósitos de vingança, é inadiável para alguém 
liberar-se de expressiva soma de sofrimentos. As ideias deprimentes, acalentadas como resultados 
do ressentimento ou do desejo de retribuição malévola, geram enfermidades que dilaceram os 
tecidos orgânicos e desconcertam os equipamentos emocionais. Enquanto vigem, demoram-se os 
sofrimentos dominadores.
Por sua vez, o remorso e o arrependimento das ações infelizes, a tristeza e os desgostos delas 
derivados constituem fatores mentais dissolventes que se instalam nas engrenagens da alma, 
provocando distúrbios psicológicos, físicos e morais de demorado curso.
O perdão para as faltas alheias luariza a paisagem íntima, clareando as sombras da angústia 
insistente que bloqueia a alegria de viver, produzindo sofrimentos injustificáveis.
Cerrada a porta de uma afeição, agredido por um amigo ou desconhecido, deve-se sempre 
seguir adiante no rumo das outras, das inúmeras portas abertas que nos aguardam, e da 
compreensão fraternal para o o revel, considerando-o um enfermo ignorante do mal que o consome.
A vida são as incessantes oportunidades que surgem pela frente, jamais os insucessos que 
ocorreram no passado.
Assim, libertar-se do acontecimento negativo, qual madeira podre que se arremessa nas 
águas do rio do esquecimento, é atitude de saudável sabedoria.
Tal comportamento credencia o homem a ser perdoado pelo seu irmão, que o libera do 
pagamento dos seus momentos infelizes, não irradiando contra ele pensamentos destrutivos – ideias 
anestesiantes – que sempre são assimilados pelo fenômeno da sintonia mediante a consciência de 
culpa.
Quando alguém se liberta do lixo mental, acumulado pela ignorância e pal futilidade, 
começa o seu restabelecimento espiritual, e toda uma atividade nova se lhe apresenta favorável, 
abrindo-lhe espaço para a saúde.
Nesse grupo de tentames edificantes está o autoperdão.
Considerando a própria fragilidade, o indivíduo deve conceder-se a oportunidade de reparar 
os males praticados, reabilitando-se perante si mesmo e perante aqueles a quem haja prejudicado.
A perfeita consciência do autoperdão não se apóia em mecanismos de falsa tolerância para 
com os próprios erros, que seria negligência moral, conivência e imaturidade, antes representa uma 
clara identificação de crescimento mental e moral, que propicia direcionamento correto dos atos 
para a saúde pessoal e geral.
O arrependimento, puro e simples, se não acompanhado da ação reparadora, é tão inócuo e 
prejudicial quanto a falta dele.
Assim, o complexo de culpa é igualmente danoso, porque não soluciona o mal praticado, 
sendo, ademais, responsável pelo agravamento dos seus maus resultados.
O autoperdão compreende a posição mental a respeito do erro e a satisfação íntima ante a 
possibilidade de interromper o curso dos males causados, como arrancar-lhes as raízes encravadas 
em quem lhes padece a constrição.
Será possível lograr o cometimento por meio de uma análise meticulosa dos fatores que 
levaram à ação reprochável, examinando outras alternativas que não foram utilizadas e que não 
teriam produzidos efeitos negativos, para depois predispor-se à oportuna reconsideração da atitude, 
Plenitude 25
liberando-se da desconfortável injunção de culpa conflituosa.
Se, ante a resolução de auto-renovação, não se encontra a receptividade por parte da vítima, 
não constitua, esta recusa, um novo motivo para atrito, senão estímulo para continuar-se com o 
propósito salutar, revestindo-se de mais paciência e tolerância, a fim de enfrentar-se a reação do 
outro, igualmente enfermo e sem disposição, por enquanto, para liberar-se do mal que o entorpece.
O autoperdão ajuda o amadurecimento moral, porque propicia clara visão da 
responsabilidade, levando o indivíduo a cuidadosas reflexões antes de tomar atitudes agressivas ou 
negligentes, precipitadas ou contraditórias no futuro.
Quando alguém se perdoa, aprende também a desculpar, oferecendo a mesma oportunidade 
ao seu próximo.
O bem-estar que experimentafaculta-lhe a alegria de propiciá-lo ao outro, o ofendido, 
gerando uma aura de simpatia a sua volta, que se converte em clima de libertação do sofrimento.
A cessação real do sofrimento, portanto, dá-se quando, erradicadas as suas causas, 
desaparecem-lhe os naturais fenômenos das consequências.
Plenitude 26
132. “Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?”
Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é 
expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm de sofrer todas as 
vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda a outro fim a 
encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. 
Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento de harmonia com a 
matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É 
assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.”
(O Livro dos Espíritos, A. Kardec. 29ª edição, FEB) 
Plenitude 27
V – Caminhos para a Cessação do Sofrimento
Considerar-se que os sofrimentos são causados pelos desconcertos do Espírito, que 
desarmonizam o fluxo da energia, permitindo a instalação das enfermidades físicas, mentais e 
morais, a forma eficaz para que cessem deve atingir o seu fulcro gerador, graças a cujo 
comportamento será interrompida a onda perturbadora. Na mente lúcida surgirá então a 
tranquilidade, encarregada de produzir a saúde, que se irradiará por todo o organismo, produzindo o 
equilíbrio. Assim, os caminhos constituirão o seu remédio eficiente.
Enquanto não houver uma consciência de saúde real, o ser transitará de um para outro 
sofrimento.
Há pessoas que, embora sem conhecimento das regras que promovem a harmonia íntima, 
gozam de saúde, apresentando-se bem dispostas e fortes. São esses, no entanto, fenômenos 
automáticos do organismo, que se contaminará ou não durante a existência, de acordo com a 
conduta moral e mental que se lhe imprima, permanecendo ou não saudáveis.
A antiga sabedoria budista estabeleceu um sistema de meditação, pelo qual a saúde se instala 
e o sofrimento desaparece.
Jesus, portador de equilíbrio pleno, considerava o amor como a causa única para a realização 
ideal do ser.
A multidão ou ausência do amor a Deus, ao próximo ou a si mesmo, produz a insatisfação, o 
desajuste, o desequilíbrio da energia, tornando-se fator causal de doenças, de sofrimentos.
O desamor é, em realidade, uma doença, cuja manifestação se dá de imediato ou 
posteriormente, assinalando o ser com processos degenerativos da personalidade, que instalam no 
organismo os vírus e bacilos agressivos.
A somatização dos problemas emocionais que decorrem da insegurança e do medo, da 
mágoa e do ódio, do rancor e do ciúme é responsável por graves patologias orgânicas, assim como 
as diversas enfermidades físicas, produzindo distonias emocionais e perturbações psíquicas 
lamentáveis.
Quando o amor, conforme o conceito de Jesus, assenhoreia-se do ser humano, vitaliza-o e 
irradia paz, gerando uma psicosfera rica de vibrações de equilíbrio, graças as quais a saúde se 
exterioriza de forma positiva, inundando a vida de esperança, de altruísmo e de realizações 
edificantes.
O indivíduo saudável em espírito faz-se elemento útil no concerto geral, tornando-se peça 
indispensável ao conjunto social, que progride com os seus esforços em contributos grandiosos, 
dignificadores.
O recolhimento interior, mediante análise profunda os recursos ao alcance, favorece o 
homem para que encontre os meios que fazem cessar o sofrimento.
Partindo de uma outra etapa lógica, ele avança na harmonização interior, à energia que 
preserva a saúde um curso sem bloqueio, portanto, uma irradiação em todos os sentidos, 
intercambiando com a vibração divina, razão essencial da vida.
Inicialmente, deve o homem reconhecer todos os seres como se fossem a manifestação dos 
seus próprios pais, que lhe facultaram a vida física, especialmente a mãe, pelos sacrifícios que se 
impôs durante a gestação, o parto e a alimentação preservadora da vida, nascida nas suas entranhas.
Mesmo quando esta não haja sabido cumprir com os deveres livremente assumidos e 
aceitos, o fato de haver permitido que a vida se manifestasse, concede-lhe crédito para ser exemplo 
a ser considerado.
Transferir para todos os seres vivos a imagem materna, certamente sem a visão psicanalítica 
dos tormentos da libido, porém com sentimentos de respeito e de ternura, constitui o primeiro passo 
para uma auto-realização pessoal, para o equilíbrio da emoção, liberando-se interiormente de 
quaisquer reminiscências amargas ou perturbadoras, que são matrizes ocultas de muitos distúrbios 
Plenitude 28
comportamentais geradores de sofrimentos.
O homem renasce para ser livre, a fim de poder crescer e alcançar o seu fanal maior, que é a 
realização plena. Toda amarra emocional negativa, com a retaguarda do seu processo de evolução, 
torna-se-lhe uma carga constritora, responsável por inúmeros problemas afligentes.
A imagem da mãe, de alguma forma respondendo por muitos conflitos, é também criadora 
de saudáveis estímulos. Seus sacrifícios e dedicação, as horas infindáveis de vigília e de renúncia de 
si mesma em favor da prole, as melodias que cantou nos ouvidos dos recém-nascidos e todas as 
promessas que se foram tornando realidade merecerem ser levadas em conta, repensadas e 
transferidas para todo ser senciente.
Diante de agressões ou submetido a dificuldades pelo seu próximo, irritado ou cínico, 
perverso ou escravocrata, enfermo em qualquer hipótese, deve-se considerá-lo como se fosse a mãe 
em um instante de fraqueza ou cansaço, carente de carinho e amizade. Ao invés da reação também 
agressiva, do repúdio ou indiferença vingadora, a paciência generosa, a oportunidade para reflexão, 
a desculpa sincera, nenhum ressentimento, nem amargura. Esse comportamento libera-o do 
azedume, do ódio e do rancor, responsáveis por enfermidades que se infiltram com facilidade e que 
são difíceis de ser erradicadas.
Num prolongamento da afetividade, a consideração pela mãe-Natureza ressalta como de 
importância fundamental para o equilíbrio ecológico, por consequência, de todos quantos 
contribuem para a sua harmonia.
Ver, portanto, em todos os seres vivos a projeção materna positiva, agradável, proporciona 
forças para a preservação ou restauração da saúde, para a liberação dos sofrimentos e do bem-estar, 
que são condições essenciais para a felicidade.
De imediato, após a reflexão-vivência desse postulado, descobrir a bondade que dorme em 
todos os seres e necessita ser despertada, estimulada, a fim de que frondeje, enflorescendo e 
produzindo frutos bons.
Além e acima das nuvens sombrias há espaços transparentes infinitos, que os limites das 
borrascas não alcançam.
No interior do diamante bruto, escuro e informe, fulgura uma estrela que aguarda ser 
arrancada a golpes de cinzel e lâminas lapidadoras.
Não há ninguém que não possua bondade interior.
Há, nos refolhos da alma, a presença de Deus como luz coagulada, aguardando os estímulos de fora 
a fim de brilhar com alta potência.
Pessoas agressivas, que se comprazem em atormentar, produzindo sofrimentos, são 
portadoras de muitas doresíntimas, que buscam disfarças sob a máscara da violência, da falsa 
superioridade, da alucinação.
Mesmo os animais selvagens, sob a máscara da violência, da falsa superioridade, da 
alucinação.
Mesmo os animais selvagens, sob domesticação, tornam-se amigos, e recebendo a vibração 
do amor alteram a constituição do instinto agressivo, mudando de comportamento, o que atesta a 
presença do psiquismo divino em germe, em tudo e todos.
Trata-se de uma conquista de sabedoria poder penetrar na bondade latente dos seres, 
buscando sintonizar com esse estado de vida, ao invés de vincular-se apenas às manifestações 
exteriores, às suas reações defensivas-agressivas, que são portadoras de vibrações morbíficas, 
portanto, desencadeadoras de muitos males que respondem pelos sofrimentos.
Da experiência de identificar a bondade nos seres e geral vem a extraordinária conquista de 
descobrir a presença de Deus em toda parte, em todas as criaturas, estabelecendo vínculos 
emocionais de intercâmbio se torne lúcido é empreendimento válido que faculta o progresso dos 
homens, desenvolvendo aptidões mais eloquentes e expressivas.
A vida é um permanente desafio, rica de oportunidades de crescimento e penetração nos seus 
profundos arcanos, que se revelam cada vez mais fascinantes e grandiosos. Por isso, não cessa o 
Plenitude 29
desenvolvimento dos valores intelecto-morais do Espírito na sua faina de evoluir. 
A dor e o sofrimento em geral são estágios mais primitivos do processo de desenvolvimento 
que, mediante as sensações e emoções afligentes, propelem, o ser para outros planos, patamares 
mais elevados, nos quais os estímulos se apresentam de maneira diversa, mais nobremente 
convidativos. Em tudo e em todos jazendo a presença de Deus, é necessário saber descobrir neles a 
bondade que se expressa a sua essência, a sua origem, igualmente presente em todas as vidas.
Nesse estágio, cumpre acentuar o desejo de retribuir essa bondade, essa presença divina.
A harmonia universal resulta da diversidade de formas, de expressões, de apresentações, em 
sutis processos de sintonia, de similaridade.
Da mesma forma, ao ser identificado qualquer valor relevante, especialmente a bondade em 
pessoas e animais, nos elevados objetivos da vida vegetal, é preciso planejar retribuir esse 
sentimento.
Partindo da intenção, deixar crescer o desejo de devolver, por natural fenômeno da 
retribuição, a bondade, já então mais desenvolvida no seu mundo interior.
Do pensamento à palavra, à ação, passo a passo se agiganta a intenção que se converte em 
realidade criadora, retributiva, desenvolvendo recursos de alta magnitude em derredor. Essa 
movimentação de energia positiva é saudável esforço para evitar-se o sofrimento ou dele liberar-se.
A bondade é um pequeno esforço do dever de retribuir com alegria todas as dádivas que o 
homem frui, sem dar-se conta, sem nenhum esforço, por automatismo – como o sol, a lua e as 
estrelas, o firmamento, o ar, as paisagens, a água, os vegetais, os animais – e que, inadvertidamente, 
o homem vem consumindo, poluindo com alucinação, matando com impiedade...
A vida cobra aos seus agressores o preço da interferência negativa na sua ordem e estrutura.
Assim, devolver-lhe a bondade é respeitar-lhe os códigos da existência, da sobrevivência, 
fomentando-lhe o aumento, a continuidade, a própria vida, onde quer que ela se expresse. Essa 
bondade que se pode denominar como deve retributivo, abre espaço ao hábito para outras formas de 
manifestá-la.
Os sentimentos nobres que não são estimulados à ação por largo período embotam-se, 
debilitam-se, quase desaparecem. Desse modo, a bondade cresce por meio do exercício, tornando-se 
um hábito de vida ou desaparecendo por falta de ação.
Optar por agir ou não com bondade é atitude da mente e produzir o bem é do coração.
Há em todo os seres o instinto de conservação da vida e uma natural inclinação par o bem, 
em razão de serem herdeiros de Deus em aprendizagem, na forma da utilização dos recursos à sua 
disposição.
A escolha do rumo a seguir depende do interesse imediato de resultados ou da lúcida 
preferência de frutos posteriores duradouros, mediante a renúncia do momento.
A ascese longa e, às vezes, difícil, será lograda fatalmente, em face da destinação assinalada 
para todos os seres. Torná-la iluminada e agradável deve ser a opção de todos quantos pensam e 
anelam por fazer cessarem os próprios sofrimentos.
O exercício da bondade faculta campo para a vigência do amor, cuja conquista plena coroa a 
vida, libertando- de todas as algemas que a retêm. O amor é a vibração do Pai expandindo-se na 
direção do filho e dele se exteriorizando em todas as direções. Mesmo nos indivíduos mais cruéis, 
nos verdugos mais insensíveis, vigem os lampejos do amor em ondas de ternura, gestos de carinho, 
expressões de sacrifício...
Preservando a vida de prole, as feras se expõem por instinto, traindo a presença imanente do 
amor em forma irracional.
No homem, o amor esplende e cria o heroísmo, o holocausto, o sacrifício com que a vida se 
engrandece e triunfa sobre a morte, qual dia perene sobre a noite transitória.
O exercício do amor, dilatando o sentimento que se harmoniza com a alma da vida em tudo 
pulsando, favorece a cessação do sofrimento, acaso existente. É o antídoto mais poderoso para 
quaisquer fenômenos degenerativos, em forma de dor ou ingratidão, agressividade ou desequilíbrio, 
Plenitude 30
crime ou infâmia. Ele possui os ingredientes que diluem o mal e favorecem o surgimento do bem 
oculto.
Onde viceja o progresso, o amor se manifesta. Há exceções, como no caso do crescimento 
horizontal, em que o interesse e a ganância fomentam o desenvolvimento econômico, tecnológico e 
social... Mesmo aí, o amor se encontra presente, embora direcionado para o egoísmo, a satisfação 
dos próprios sentidos, de onde partirá para os gestos altruísticos, que proporcionam a alegria de 
outrem, o bem-estar geral...
Sem o passo inicial, ninguém vence as distâncias.
O egoísmo é a estaca zero, às vezes perniciosa, para ensejar os primeiros movimentos no 
rumo da solidariedade, do bem comum. Pior que ele é o desinteresse, a morbidez da indiferença, 
deixando transparecer que o amor está morto, não obstante se encontre dormindo, aguardando o 
estímulo correspondente para despertar.
A vida é impossível sem o amor.
Da mesma forma que o crime se disfarça e os sentimentos inferiores se escamoteiam sob 
máscaras diversas, há várias expressões positivas que surgem no homem refletindo o amor de que 
ele ainda não se deu conta. À medida que se agiganta, neutraliza o sofrimento e a sua vigência 
contribui para que cessem as causas degenerativas que facultam o sofrimento. Quando atinge 
elevada qualidade, em somente uma pessoa, anula a fúria e o ódio com suas incontáveis vítimas, 
bem omo dos seus fomentadores.
Irradiando-se, à semelhança da luz, domina todos os escaninhos e tudo arrasta na direção do 
fulcro gerador da energia.
Amor é sinônimo de saúde moral e quem o possui elimina as geratrizes envenenadas que se 
expandem produzindo sofrimento.
O amor é sutil e sensível, paciente e constante, não se irritando nem se impondo nunca. No 
entanto, quem lhe experimenta o mimetismo, jamais o esquece. Mesmo que momentaneamente lhe 
interrompa o fluxo, ele sempre envolve.
Na raiz de toda ação enobrecida está a seiva do amor, produzindo vida e sustentando-a.
Usar essa energia vital constitui dever e, com a consciência lúcida de sua magnitude, 
aplicá-la em prol da harmonia faz cessar o sofrimento. Ela é vibração positiva, que enseja 
entusiasmoe otimismo, dando colorido à existência. Reverdece a terra cansada do coração e drena o 
charco, no qual a pestilência das paixões deixou que se descompusessem a esperança e a alegria.
Ninguém ama inerte.
Dinâmico, amor induz à ação construtiva, responsável pelo progresso.
Objetivando sempre o bem, concentra suas forças nele e não desiste enquanto não lobriga a 
meta. Ainda aí permanece solidário, de modo a evitar que o ser pereça e tombe no desânimo.
Como o sofrimento decorre da insatisfação, da distonia, da degeneração dos tecidos e dos 
fenômenos biológicos desajustados, o amor age sobre as moléculas como onda vitalizante e, 
restaurando-lhes o equilíbrio, vence o sofrimento, interrompendo-lhe o fluxo causal.
Quando, porém, perseveram as dores físicas, efeitos dos desarranjos orgânicos, a resignação 
e a coragem do amor amortecem-lhes os efeitos, tornando-os suportáveis e produzindo os heróis do 
sofrimento, cujo martírio de qualquer procedência, delas fazem modelos que dão força a dignidade 
às demais criaturas, assim embelezando a vida moral e humana na Terra.
Sob a ação do amor, são processados novos mecanismos cármicos positivos, que 
interrompem aqueles de natureza perniciosa, porquanto o bem anula o mal e suas consequências, 
liberando os infratores das leis, quando eles as recompõem e corrigem os mecanismos que haviam 
desarticulado.
É o amor que leva à piedade fraternal, à compaixão, induzindo o homem à solidariedade e 
mesmo ao sacrifício.
Há um tipo de compaixão que, não resultando da ação dinâmica do amor profundo, pode ser 
perniciosa e até deprimente. Trata-se daquela, que lamenta o sofrimento e descoroçoa quem o 
Plenitude 31
experimenta, como uma forma de aureolá-lo de desdita e abandono, de falta de sorte e desgraça. 
Essa atitude transparece e resulta de uma óptica equivocada sobre o sofrimento, deixando a 
perspectiva equivocada sobre o sofrimento, deixando a perspectiva de que o mesmo é punição 
arbitrária, injustiça perturbadora.
A compaixão junta-se ao companheirismo, que comparte dos sentimentos alheios, sem 
enfraquecer-lhes as resistências morais, incitando o indivíduo à perseverança nos ideais e 
postulados relevantes, que o impulsionam ao incessante avanço, sem possibilidade de retrocesso.
Compaixão pelo bem, fruto do amor, o ser age adequadamente, mudando a estrutura do 
sofrimento, do qual o cinzel, da ternura arranca as asperezas e anfractuosidades. Esse sentimento é 
semelhante à suavidade do luar em noite escura espraiando luz tênue e confortadora sobre a 
paisagem. Faculta uma visão propiciadora de ações úteis, onde predominavam as sombras de 
desalento, do medo e do desespero em crescimento.
A paixão pelo serviço de elevação irradia piedade construtiva, que estimula à beneficência e 
dá calor à filantropia, aureolando-a de vigor fraternal, graças ao qual os sentimentos solidários 
expressam o amor em sua multiface.
A ausência de compaixão envilece o homem e a falta de paixão pelo bem torna o ser revel, 
quando não mantém apenas na indiferença mórbida, qual observador mumificado diante dos 
acontecimentos do cotidiano.
O serviço do bem, com a correspondente paixão de sustentá-lo, transforma-se em caridade 
que plenifica aquele que recebe o socorro e quem propícia. Enseja a ação de dupla via: a satisfação 
que faculta àquele a quem é dirigida e a que retorna como resposta interior da consciência tranquila 
pela emoção experimentada.
A vida sempre responde de acordo com a maneira como é inquirida. A cada ação resulta uma 
equivalente reação, desencadeando sucessivos efeitos que se tornam consequências dessa última, 
por sua vez geradora de novos resultados.
Para que seja interrompido o ciclo, quando pernicioso, a compaixão por si mesmo e pelo 
próximo induz o homem às ações construtivas, nas quais se instalam os mecanismos que 
desencadeiam resultados favoráveis ao progresso, assim interrompendo a onda propiciadora de 
sofrimento.
A paixão de Cristo por todas as criaturas é um estímulo constante a que se compadeçam os 
indivíduos uns pelos outros, sustentando-se nas dores e dificuldades, jamais piorando as suas 
necessidades ou afligindo-se mais por meio dos instintos agressivos, por acaso prevalecentes em 
sua natureza animal.
É de vital importância a compaixão no comportamento humano. Ela conduz à análise a 
respeito da fragilidade da existência corporal e de todos os engodos que a disfarçam.
Sendo a ilusão um fator responsável por incontáveis sofrimentos, a compaixão desnuda-a.
Porque se fantasia a existência terrena com quimeras e sonhos, a realidade, desfazendo essa 
imagem infantil, leva ao sofrimento todos aqueles que, imaturos, confiaram em demasia na 
transitoriedade das formas e apresentação física, das promessas de afeto imorredouro e de fidelidade 
perpétua, de alegria sem tristeza e meio-dia sem crepúsculo no fim da jornada.
Assim, a morte da ilusão fere aqueles que lhe confiaram a existência, entregando-se-lhe sem 
reserva, sem precaução.
A ilusão é, pois, anestésico para o Espírito.
Certamente, algo de fantasia emoldura a vida e dá-lhe estímulo. Entretanto, firmar-se nos 
alicerces frágeis da ilusão, buscando aí construir o futuro, é pretender trabalhar sobre areia 
movediça ou solo pantanoso coberto por água tranquila apenas na superfície.
Há quem postergue a realidade, evitando-a, para não sofrer... E existem aqueles que 
pretendem apoiar-se no realismo rude, que não passa, muitas vezes, de outra forma errônea de 
ilusão.
A consciência da realidade resulta da observância dos acontecimentos diários, da 
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transitoriedade do chamado mundo objetivo e de uma análise tranquila e lúcida a respeito do que é 
verdadeiro em relação ao aparente, do essencial ao secundário, e sucessivamente.
A compaixão por si mesmo – amor a si próprio – faculta a visão realista, sem agressão, dos 
objetivos da existência terrena, impulsionando a compaixão pelo seu irmão – amor ao próximo – 
solidarizando-se com a sua luta e dando-lhe a ao amiga, a fim de sustentá-lo ou erguê-lo para que 
prossiga na marcha.
Essa atitude, ao invés de produzir uma postura pessimista, cética, amargurada, resultante da 
morte da ilusão, alenta e engrandece, dando sentido e significado a todos os acontecimentos.
Por isso, a compaixão se torna fator que faz cessar os sofrimentos, como resultado natural 
dos outros passos, partindo da emoção para a ação.
Apresenta-se, então, no painel do comportamento, a necessidade de agir com inteireza, com 
abnegação, transformando os propósitos mantidos em realização enobrecedora.
Todas as experiências humanas constituem formas de amadurecimento da criatura. Algumas 
decorrem dos deveres imediatos e são comuns a todos, constituindo a sua vivência um fenômeno 
natural, sem o qual se experimenta inevitável alienação com todas as suas consequências 
perniciosas.
O fato de participar do contexto social, mesmo que sem gestos incomuns ou de 
arrebatamento, equipa o indivíduo com recursos emocionais que lhe trabalham a existência, 
aformoseando-a com estímulos crescentes para o seu prosseguimento.
No que tange aos meios para facultarem a cessação do sofrimento, as ações meritórias, 
conforme já enfocadas, são preponderantes, destacando-se aquelas inabituais, que caracterizam os 
temperamentos nobres, os sentimentos abnegados.
Distinguir-se por meio dos gestos incomuns, desconhecidos, é forma de buscar a iluminação 
mediante o concurso da realização de tudo quanto internamente se conjuga para esse fim.
Quem acumula

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