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AN02FREV001 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001 2 CURSO DE RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001 3 SUMÁRIO MÓDULO I 1 A IMPORTÂNCIA DA RADIOLOGIA 2 CONCEITO DA RADIOLOGIA 2.1 ÁTOMO E A ESTRUTURA DA MATÉRIA 2.2 HISTÓRICO DA DESCOBERTA DA ESTRUTURA ATÔMICA 2.3 MODELO ATÔMICO DE BOHR 2.4 HISTÓRICO DA RADIAÇÃO 3 FÍSICAS DAS RADIAÇÕES 3.1 CONCEITOS BÁSICOS DE RADIOATIVIDADE 3.2 RAIOS-X RADIAÇÕES ELETROMAGNÉTICAS 3.3 NATUREZA DAS RADIAÇÕES 4 EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES 4.1 RISCOS RADIOBIOLÓGICOS 4.2 ATENUAÇÃO DAS RADIAÇÕES 4.3 EFEITO BIOLÓGICO RELATIVO 4.4 EFICÁCIA BIOLÓGICA RELATIVA (RBE) 4.5 DOSES PERMISSÍVEIS 4.6 DETECÇÃO E MEDIDA DAS RADIAÇÕES 4.6.1 Os Detectores a Gás ou Detectores por Ionização em Gases 4.6.2 Detectores à Cintilação 4.6.3 Dosímetros ou Dosímetros Integradores 4.6.4 Dosímetro Fotográfico 4.6.5 Dosímetros Termoluminescentes (TLD) 4.6.6 Câmara de Ionização de Bolso (Caneta Dosimétrica) 4.6.7 Contador Geiger Muller 5 APARELHO DE RAIOS-X 5.1 PRODUÇÃO DE RAIOS-X 5.2 FONTES DE ELÉTRONS (FEIXES DE ELÉTRONS) AN02FREV001 4 5.3 FONTES DE RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA 5.4 RADIAÇÃO CARACTERÍSTICA, DESACELERAÇÃO (BREMSSTRAHLUNG) E CHOQUE NUCLEAR 5.5 O FILAMENTO-CÁTODO 5.6 TAÇA DE FOCALIZAÇÃO CATÓDICA 5.7 ISOLAMENTO E FILTRAGEM NAS AMPOLAS DE RAIOS-X 5.8 EFEITOS DA RADIAÇÃO NOS ELÉTRONS 5.8.1 Espalhamento Coerente 5.8.2 Efeito Fotoelétrico 5.8.3 Efeito Compton 5.8.4 Produção de Par e Fotodesintegração 5.9 TUBO DE RAIO-X 6 IMAGEM RADIOGRÁFICA 6.1 A OBTENÇÃO DA IMAGEM DE RAIOS-X 7 PROCESSAMENTO RADIOGRÁFICO 8 NORMAS DE RADIOPROTEÇÃO 8.1 PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO DE DOENÇAS INFECCIOSAS 8.1.1 Imunização de Profissionais da Saúde 8.1.2 Bochecho Profilático 8.1.3 Antissepsia Extraoral 8.1.4 Dique de Borracha 8.1.5 Sugadores de Alta Potência 8.1.6 Posição Apropriada do Paciente 8.1.7 Escolha do Equipamento MÓDULO II 9 HISTOLOGIA 9.1 DENTE E PERIODONTO 9.2 DENTINA 9.3 ESMALTE 9.4 POLPA AN02FREV001 5 10 PERIODONTO OU ESTRUTURAS ASSOCIADAS 10.1 CEMENTO 10.1.1 Origem e Desenvolvimento 10.1.2 Cementogêneses 10.1.2.1 Desenvolvimento do cemento coronal 10.1.2.2 Desenvolvimento do cemento radicular 10.2 CÉLULAS DO CEMENTO 10.2.1 Cementoblastos 10.2.2 Cementócitos 10.2.3 Fibroblastos do Ligamento Periodontal 10.2.4 Odontoclastos (Cementoclastos) 10.3 LIGAMENTO PERIODONTAL 10.3.1 Estrutura 10.3.2 Funções do Ligamento 10.3.3 Origem e Desenvolvimento 10.4 FIBRAS PRINCIPAIS 10.4.1 Lâmina Dura ou Osso Alveolar 10.4.2 Gengiva 10.4.3 Epitélio Gengival 10.4.4 Epitélio Oral 10.4.5 Fibras Gengivais 10.4.6 Células Gengivais 10.4.7 Vasos e Nervos 10.5 PROCESSO ALVEOLAR E OSSO ALVEOLAR 10.5.1 Características Gerais 10.5.2 Características Microscópicas 10.6 ANATOMIA 10.6.1 Cavidade oral 10.6.2 Origem Embrionária 10.6.3 Anatomia Dental 10.6.4 Estruturas da Anatomia do Dente 10.7 FUNÇÃO E TRABALHO ESPECÍFICO DE CADA DENTE AN02FREV001 6 10.7.1 Dentes Superiores 10.7.1.1 Incisivos superiores 10.7.1.2 Caninos superiores 10.7.1.3 Pré-molares superiores 10.7.1.4 Molares superiores 10.7.2 Dentes Inferiores 10.7.2.1 Incisivos inferiores 10.7.2.2 Caninos inferiores 10.7.2.3 Pré-molares inferiores 10.7.2.4 Molares inferiores 10.8 ANATOMIA DA MAXILA E MANDÍBULA MÓDULO III 11 PATOLOGIAS E DEFEITOS 11.1 CÁRIES DENTÁRIAS 11.2 PLACA BACTERIANA 11.3 DOENÇA GENGIVAL 11.4 TÁRTARO 11.5 IRRITAÇÕES NA BOCA OU LESÕES ORAIS 11.6 SENSIBILIDADE DENTÁRIA 11.7 HALITOSE 11.8 BRUXISMO (RANGER DOS DENTES) 11.9 BOCA SECA 12 FATORES QUE AFETAM A COLORAÇÃO DOS DENTES 13 DENTES DO SISO 14 ENDODONTIA 14.1 EXTRAÇÃO DOS DENTES DO SISO (EXODONTIAS) 15 PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO EM RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA 16 LESÕES DO ÓRGÃO DENTÁRIO 16.1 PORÇÃO CORONARIANA AN02FREV001 7 16.2 CÁRIE OCLUSAL 16.3 CÁRIES INTERPROXIMAIS 16.4 CÁRIES VESTIBULARES E PALATOLINGUAIS 16.5 CÁRIES CEMENTÁRIAS 16.5.1 Desgastes na Porção Coronariana 16.5.2 Reabsorção Radicular Externa (RRE) 17 CISTOS DA CAVIDADE BUCAL 17.1 CISTO PRIMORDIAL (QUERATOCISTO) “CISTO CERATOCISTO” OU “CISTO PRIMORDIAL” 17.2 CISTO DENTÍGERO (FOLICULAR) 17.3 CISTO DENTÍGERO DE ERUPÇÃO 17.4 CISTOS PERIODONTAIS 17.5 CISTOS ODONTOGÊNICOS CALCIFICANTES (CISTO DE GORLIN) 17.6 CISTOS NÃO ODONTOGÊNICOS (FISSURAIS) 17.7 CISTOS MEDIANOS 17.8 OUTRAS LESÕES 17.8.1 Lesão Traumática Interna da Mandíbula 17.8.2 Cistos de Retenção do Seio Maxilar (Cisto Mucoso e Mucocele do Seio Maxilar) 17.8.3 Cisto Ósseo Aneurismático 17.8.4 Cisto Ósseo Latente (Cisto de Stafne) ou Cavidade Óssea Estática 17.8.5 Cisto Folicular Inflamatório ou Cisto Dentígero Inflamatório 18 LESÕES PERIAPICAIS 18.1 PERICIMENTITE 18.2 PERICIMENTITE APICAL AGUDA OU PERIODONTITE APICAL AGUDA 18.3 PERIODONTITE APICAL NÃO SUPURATIVA 18.4 GRANULOMAS 18.4.1 Granuloma Apical (Granuloma Periapical, Periodontite Apical Crônica) 18.5 CISTO (CISTO APICAL, CISTO RADICULAR, CISTO PERIAPICAL) 18.6 ABSCESSO DENTÁRIO APICAL 19 LESÕES CRÔNICAS AN02FREV001 8 19.1 ABSCESSO PERIAPICAL 19.2 ABSCESSO ALVEOLAR AGUDO (AAA), (ABSCESSO APICAL AGUDO; ABSCESSO PERIAPICAL AGUDO; PERIODONTITE SUPURATIVA AGUDA) 19.3 ABSCESSO CRÔNICO 19.4 CICATRIZ PERIAPICAL 19.5 CISTO RESIDUAL 19.6 CISTO PERIAPICAL 19.7 CISTO PERIODONTAL APICAL (CISTO RADICULAR) 20 LESÕES ÓSSEAS BENIGNAS 20.1 OSTEOMIELITES 20.2 OSTEOMIELITE SUPURATIVA CRÔNICA 20.3 OSTEOMIELITE ESCLEROSANTE CRÔNICA DIFUSA (ENOSTOSES MÚLTIPLAS OU DISPLASIA ÓSSEA FLORIDA) 20.4 MOLÉSTIA DE PAGET 20.5 OSTEOMIELITE ESCLEROSANTE FOCAL (OSTEÍTE CONDENSANTE) 20.6 OSTEOMIELITE DE GARRE (PERIOSTITE OSSIFICANTE) 21 ANOMALIAS DENTOMAXILARES 21.1 HIPODONTIA (ANODONTIA, OLIGODONTIA, AGENESIA DENTÁRIA) 21.2 HIPERDONTIA 22 ANOMALIAS DE FORMA 23 CONCRESCÊNCIA 24 ANOMALIAS DE DESENVOLVIMENTO 25 AS DESORDENS TEMPOROMANDIBULARES (DTM), OU DISFUNÇÃO DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR (ATM) 26 TUMORES ODONTOGÊNICOS 27 TUMORES EPITELIAIS 27.1 AMELOBLASTOMA 27.2 TUMOR ODONTOGÊNICO ADENOMATOIDE (TOA) 27.3 TUMOR ODONTOGÊNICO EPITELIAL CALCIFICANTE (TUMOR DE PINDBORG) 28 TUMORES MESENQUIMAIS 28.1 MIXOMA 28.2 MIXOMA ODONTOGÊNICO AN02FREV001 9 29 CEMENTOMAS 30 ODONTOMAS MÓDULO IV 31 OS PRINCÍPIOS DE ORTODONTIA 31.1 CLASSIFICAÇÃO DAS MALFORMAÇÕES DENTÁRIAS 31.1.1 Overbite 31.1.2 Crossbite 31.1.3 Openbite 31.1.4 Desvio da Linha Média 31.1.5 Espaços Interdentários 31.1.6 Apinhamento Dentário 31.2 TRATAMENTOS FIXOS 31.2.1 Tratamentos Fixos Especiais 31.2.2 Mantedores de Espaços Fixos 31.3 TRATAMENTOS REMOVÍVEIS 31.4 34.1.2 Colocação dos Implantes (das raízes artificiais) PRÓTESE FIXA (PONTE FIXA E COROAS) 31.4.1 Coroas 31.4.2 Ponte (Próteses Removíveis) 31.4.3 Prótese Parcial Removível (Ponte Móvel) 31.4.4 Prótese Total (Dentadura) 32 RESTAURAÇÃO 32.1 TIPOS DE RESTAURAÇÃO 33 TRATAMENTO ENDODÔNTICO (TRATAMENTO DE CANAL) 34 IMPLANTES DENTÁRIOS 34.1 COLOCAÇÃO DO IMPLANTE DENTÁRIO 34.1.1 Planejamento 34.1.3 Reabertura dos Implantes 34.1.4 Moldagem 34.1.5 Dentes AN02FREV001 10 35 MATERIAIS ODONTOLÓGICOS 35.1MATERIAIS RESTAURADORES MÓDULO V 36 TÉCNICAS RADIOGRÁFICAS 36.1 INTRODUÇAO DAS TÉCNICAS 36.2 LIMITAÇÕES DAS IMAGENS RADIOGRÁFICAS 36.3 CONDIÇÕES DAS TÉCNICAS CRANIAIS 36.4 ACESSÓRIOS RADIOLÓGICOS 36.5 FILME RADIOGRÁFICO ODONTOLÓGICO 36.5.1 Filme Intrabucal Interproximal 36.5.2 Composição do Filme 36.5.2.1 Base 36.5.2.2 Emulsão 36.5.2.3 Cristal halogenado 36.5.2.4 Embalagem 36.5.2.5 Armazenamento 36.5.2.6 Quantidades de filmes 36.6 TÉCNICA RADIOGRÁFICA INTERPROXIMAL 36.6.1 Angulação da Incidência dos Raios-X 36.6.1.1 Ângulo vertical 36.6.1.2 Ângulo horizontal 36.7 TÉCNICA PERIAPICAL (TÉCNICA RADIOGRÁFICA INTRABUCAL) 36.7.1 Exame de Boca Toda (Periapical Completo e Bitewings) 36.7.1.1 Série de boca toda pediátrica 36.7.1.2 Série de edêntulos 36.7.1.3 Critérios para radiografias intraorais 36.8 TÉCNICA DO PARALELISMO (TÉCNICA DO CONE LONGO) 36.8.1 Vantagens e Desvantagens da Técnica do Paralelismo e da Técnica Bissetriz 36.8.1.1 Preparação do paciente AN02FREV001 11 36.8.1.2 Posicionadores 36.8.1.3 Método 36.8.1.4 Método da série de boca toda 36.9 TÉCNICA BITEWING 36.9.1 Projeções de Bitewing para Molares e Pré-Molares 36.9.2 Bitewings Verticais 36.9.3 Erros Comuns 36.9.4 Bitewings Insatisfatórias 36.10 TÉCNICA DA BISSETRIZ 36.11 TÉCNICA OCLUSAL 37 RADIOGRAFIAS EXTRABUCAIS 37.1 TIPOS DE RADIOGRAFIAS EXTRABUCAIS 37.1.1 Panorâmica 37.1.2 Telerradiografia Lateral 37.1.3 Telerradiografia Frontal 37.1.4 Telerradiografia 45º D e E 37.1.5 Telerradiografia Lateral 24 X 3: 37.1.6 Índice Carpal 37.1.7 Sesamoide 37.1.8 Sínfise Mentoniana (P12) 37.1.9 Seios Paranasais (P13) (T10) 37.1.10 Lateral Oblíqua da Mandíbula: Corpo ou Ramo 37.1.11 Seios da Face: Waters 37.1.12 Seios da Face: Caldwell 37.1.13 Seios da Face: Perfil Localizado 37.1.14 Crânio: P.A. 37.1.15 Crânio: Perfil 37.1.16 Crânio: Submentovértex/Hirtz 37.2 NOMENCLATURA DAS EXTRABUCAIS 37.3 NORMAIS LATERAIS 37.4 NORMAL FRONTAL 37.5 NORMAIS AXIAIS AN02FREV001 12 38 RADIOGRAFIA PANORÂMICA (ORTOPANTOMOGRÁFICA OU PANTOMOGRAFIA) 38.1 DOCUMENTAÇÕES ORTODÔNTICAS 38.2 TIPOS DE DOCUMENTAÇÃO ORTODÔNTICOS 38.3 FOTOGRAFIAS 38.4 DIAPOSITIVOS (SLIDES) 38.5 MODELOS 38.6 RADIOLOGIA PARA DOCUMENTAÇÃO ORTODÔNTICA 39 NOVAS PERSPECTIVAS NA IMAGENOLOGIA ODONTOLÓGICA 39.1 TOMOGRAFIA 39.1.1 Funcionamento e os Componentes do Aparelho de Tomografia 39.1.2 Procedimentos 39.1.3 Recomendações 39.1.4 Esclarecimentos 39.1.5 Histórico para Uso na Odontologia 39.1.6 Aparelho e Aquisição da Imagem 39.1.7 Dose de Radiação 39.1.8 Aplicações da Tomografia na Ortodontia 39.1.9 Tomografia Dentária Dentascan 40 IMPLANTOLOGIA 40.1 AVALIAÇÃO PRÉ-IMPLANTOLÓGICA 40.2 AVALIAÇÃO PÓS-IMPLANTE 40.3 LESÕES INFECCIOSAS 40.4 CONTRAINDICAÇÕES E LIMITES 40.5 MAIS ALGUNS EXAMES USADOS NA ODONTOLOGIA 40.6 IMPORTÂNCIA DA RM EM PATOLOGIA DENTÁRIA 40.7 LIMITES DA RM: ARTEFATOS DENTÁRIOS 41 RADIOGRAFIA DENTAL DIGITAL 41.1 O PROCESSO DE FORMAÇÃO DA IMAGEM NESTES SISTEMAS 41.2 SUBTRAÇÃO DIGITAL DE IMAGENS RADIOGRÁFICAS 41.3 ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR 41.4 INCIDÊNCIAS DA ATM AN02FREV001 13 41.5 IMAGENOLOGIA DA ATM 41.6 RADIOGRAFIAS CONVENCIONAIS 41.6.1 Transcranianas 41.6.2 Panorâmicas 41.6.3 Tomografia Computadorizada 41.6.4 Artografia 41.6.5 Ressonância Magnética 41.6.6 Cintilografia Óssea 41.6.7 Artroscopia GLOSSÁRIO CITOLÓGICO ODONTOLÓGICO GLOSSÁRIO DE TERMOS DE RADIOLOGIA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AN02FREV001 14 MÓDULO I 1 A IMPORTÂNCIA DA RADIOLOGIA Nos dias de hoje a radioatividade nos propicia uma qualidade de vida melhor empregada na medicina por meio da obtenção de energia elétrica dos reatores nucleares, pela produção de bens de consumo a partir da energia nuclear, e assim por diante, porém contém resíduos danosos à saúde quando mal manipulados (lixo nuclear). A aquisição de um serviço, como energia elétrica, ou de um produto, como armas nucleares, produz resíduos que estão se acumulando em uma velocidade acelerada. A contaminação por um composto radioativo pode ser feita de várias maneiras, por meio de um processo químico de difusão desse composto no ar, de sua dissolução na água, de sua reação com outro composto ou substância, ou de sua entrada no corpo humano ou em outro tecido vivo. Estamos sempre expostos à radioatividade, conhecida como a radiação que vem do espaço ou emanada da terra. De toda a radiação que recebemos 87% têm origem natural. O restante provém principalmente de tratamentos médicos, dentre eles os raios-X. Atualmente, a população ainda sofre as consequências dos acidentes nucleares de mais de 15 anos atrás, como em Windscale (Reino Unido - 1957), Chelyabinsk (Rússia - 1957), Three Mile Island (Estados Unidos - 1979 e Chernobyl (Rússia - 1986). Por meio destes acidentes foram feitas pesquisas que revelaram que a poluição radioativa compreende mais de 200 nuclídeos, destacando-se o césio-137, por ser semelhante quimicamente ao potássio, que tende a acompanhá-lo, depositando-se parcialmente nos músculos, e o estrôncio-90, semelhante ao cálcio, que se assenta nos ossos devido às suas características nucleares, como alto rendimento de fissão e meia-vida longa. AN02FREV001 15 2 CONCEITO DA RADIOLOGIA Começaremos ponderando sobre o conceito da Radiologia, que nada mais é do que o registro fotográfico de uma imagem produzida pela passagem de uma fonte de raios-X por meio de um objeto. Depois de um século da descoberta dos raios-X por Wilhelm Conrad Roentgen, o exame radiográfico ainda representa uma ferramenta fundamental do exame clínico. A sua validade é diretamente proporcional à quantidade de informações que oferece. Sendo assim, o exame radiográfico auxilia o diagnóstico, colabora no plano de tratamento, orienta e controla a terapêutica. Radiologia é a ciência que estuda órgãos e/ou estruturas por intermédio da utilização dos raios-x, envolvendo um processo de revelação. Está dividida em especialidades, tais como: alimentícia (no tratamento de eliminação de bactérias e fungos); ambiental (para atenções dadas ao tratamento de solos); científica (no que se refere à docência, estudos e pesquisas); esterilização (no tratamento de eliminação de bactérias e fungos); médica (para estudos de órgãos e estruturas de humanos); metalúrgica (para estudos de peças, placas e soldas); odontológica (para estudos da odontologia); projetos (quando envolve equipamentos médicos). veterinária (para estudos dos animais); Os raios-X são uma valiosa ferramenta de diagnóstico para o dentista. Nas crianças, a cárie pode se desenvolver tão rapidamente que é importante detectá-la o mais cedo possível. As cavidades, que são muito pequenas para serem vistas ao olho nu, assim como os pontos de cárie entre os dentes, onde o espelho e o explorador não alcançam, podem ser localizados por intermédio desse exame. AN02FREV001 16 2.1 ÁTOMO E A ESTRUTURA DA MATÉRIA Todas as coisas existentes na natureza são constituídas de átomos (unidade básica de formação das moléculas), a menor estrutura que representa as propriedades físicas e químicas dos elementos ou suas combinações. A estrutura de um átomo e o Sistema Solar é semelhante, pois consideramos que o núcleo do átomo fica concentrado na massa, assim como o Sol; e as partículas girando ao seu redor, denominadas elétrons, são equivalentes aos planetas. Como o Sistema Solar, o átomo possui grandes espaços vazios, que podem ser atravessados por partículas menores do que ele. FIGURA 1 - A ESTRUTURA DE UM ÁTOMO É SEMELHANTE À DO SISTEMA SOLAR FONTE: Disponível em: <http://www.cnen.gov.br>. Acesso em: 05/fev/2010. 2.2 HISTÓRICO DA DESCOBERTA DA ESTRUTURA ATÔMICA• John Dalton (1808) propôs a Teoria Atômica. A matéria é constituída de partículas minúsculas chamadas átomos. O átomo é a menor partícula de um elemento que participa de uma reação química. É indivisível e AN02FREV001 17 não pode ser criado ou destruído. Átomos de um mesmo elemento são idênticos em todos os aspectos. • J. J. Thomson (1897) descobriu os elétrons em experimentos do Raio Catodo. Para Thomson, os átomos são divisíveis e contêm minúsculas partículas com carga negativa chamada elétrons. • E. Goldstein (1900) descobriu os prótons em experimentos do Raio Ânodo. De acordo com Goldstein, os átomos contêm minúsculas partículas com carga positiva, chamadas prótons, assim devem conter partículas positivas para que sejam eletricamente neutros. • E. Rutherford (1911) descobriu o núcleo (seus experimentos provaram que o átomo possui um corpo altamente carregado positivamente em seu centro chamado núcleo) e propôs a base para a estrutura atômica moderna por meio de seu experimento do desvio da partícula alfa. Os átomos são compostos de duas partes: o núcleo e a parte extranuclear. O núcleo central é carregado positivamente e ao redor do núcleo estão os elétrons, com carga negativa. • James Chadwick (1932) descobriu que os átomos contêm partículas neutras chamadas nêutrons em seus núcleos, juntamente com as partículas subatômicas (elétrons e prótons). • N. Bohr (1940) propôs o conceito moderno do modelo atômico, no qual o átomo é feito de um núcleo central contendo prótons (com carga positiva) e nêutrons (sem carga). Ao redor do núcleo estão os elétrons (com carga negativa), em diferentes trajetórias imaginárias chamadas órbitas. Na figura 2 vemos um esquema do átomo com as posições das partículas na eletrosfera. Nesta constituição dos átomos podemos verificar que há o predomínio dos espaços vazios. O núcleo, extremamente pequeno, é constituído por prótons e nêutrons. Em torno dele, constituindo a eletrosfera [o diâmetro da eletrosfera de um átomo é de 10,000 a 100,000 vezes maior que o diâmetro de seu núcleo], giram os elétrons. O hidrogênio é o único elemento cujo átomo não possui nêutrons, ele é constituído por um só elétron, que gira em torno de um só próton. AN02FREV001 18 O elétron e o próton possuem a mesma carga, porém não a mesma massa. O próton tem 1.836,11 vezes mais massa do que o elétron. Cada elétron está ligado ao núcleo pela força de atração entre as cargas positivas do núcleo e a sua carga negativa. A energia consumida neste acoplamento se denomina energia de ligação. Para elementos de número atômico elevado a energia de ligação dos elétrons próximos ao núcleo é muito alta, atingindo a faixa de 100keV, enquanto que a dos elétrons mais externos é da ordem de eV. Sua carga elétrica está em perfeito equilíbrio eletrodinâmico, porém 99,97% de sua massa se encontram no núcleo. Na tabela 1 podemos comparar estes dados. Apesar do núcleo conter praticamente toda a massa, seu volume em relação ao tamanho do átomo e de seus orbitais é minúsculo. O núcleo atômico mede de 10-13 centímetros, enquanto que o átomo mede cerca de 10-8 Partícula centômetros. TABELA 1 - RELAÇÃO ENTRE PARTICULA CARGA E MASSA Carga ev Massa Próton +1, 602 x 10-19 Coulomb 1, 00759 u.m.a. Elétron -1, 602 x 10-19 Coulomb 1/1840 (0, 00055 u.m.a.) Nêutron 0 (neutra) 1, 00898 u.m.a. http://pt.wikipedia.org/wiki/El%C3%A9tron� http://pt.wikipedia.org/wiki/Pr%C3%B3ton� http://pt.wikipedia.org/wiki/Pr%C3%B3ton� http://pt.wikipedia.org/wiki/Equil%C3%ADbrio_eletrodin%C3%A2mico� AN02FREV001 19 FIGURA 2 – ESQUEMA DO ÁTOMO COM AS POSIÇÕES DAS PARTÍCULAS NA ELETROSFERA FONTE: Disponível em: <http://www.nuclear.radiologia.nom.br/trabalho/noseasiv/noseaiv.htm>. Acesso em: 05/fev/2010. Uma vez partilhados eletronicamente os átomos permanecem juntos. Eles podem possuir entre si uma ligação tão forte que para separá-los é necessária uma quantidade razoável de energia. Estas combinações são chamadas de moléculas, nome derivado do latim que significa pequeno objeto. Nem sempre dois átomos em contato são suficientes para ter estabilidade, havendo necessidade de uma combinação maior para tê-la. Para formar uma molécula de hidrogênio são necessários dois átomos deste elemento. Uma molécula de oxigênio necessita de dois átomos de oxigênio. Para a formação de uma molécula de água são necessários dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio; e assim sucessivamente. As macromoléculas são casos de moléculas que são formadas por uma grande quantidade de átomos, que ocorrem em compostos de carbono, pois o átomo de carbono pode compartilhar elétrons com até quatro elementos diferentes simultaneamente. Assim, é possível a constituição de cadeias, anéis e ligações entre estas moléculas longas, que são a base da chamada química orgânica. Quanto maior a molécula e menos uniforme a distribuição de sua carga http://pt.wikipedia.org/wiki/Mol%C3%A9culas� http://pt.wikipedia.org/wiki/Hidrog%C3%AAnio� http://pt.wikipedia.org/wiki/Oxig%C3%AAnio� http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81gua� http://pt.wikipedia.org/wiki/Hidrog%C3%AAnio� AN02FREV001 20 elétrica, mais provável será a reunião de muitas moléculas e a formação de substâncias líquidas ou sólidas. Os sólidos são mantidos fortemente coesos pelas interações eletromagnéticas dos elétrons e prótons e entre átomos diferentes e entre moléculas diferentes. Em algumas ligações atômicas em que os elétrons podem ser transferidos formam-se os chamados cristais (substâncias iônicas). Os átomos podem estar ligados em muitos milhões, formando padrões de grande uniformidade. No átomo, sua interação nuclear diminui à medida que aumenta a distância. A emissão espontânea de radiações pelos núcleos atômicos mostrou que o átomo era composto de partículas menores: os prótons, os elétrons e os nêutrons. Cada átomo consiste em um núcleo circundado por elétrons orbitais. O núcleo é composto de prótons e nêutrons, chamados coletivamente como núcleons. Prótons são partículas carregadas positivamente, pesando aproximadamente 1,67 x 1CT24 FONTE: Thrall & Ziesseman. g. FIGURA 3 - MODELO ATÔMICO DE RUTHERFORD – BOHR A carga positiva do próton é igual em magnitude e oposta à carga de um elétron. Cada elemento é definido pelo número de prótons de seu núcleo. Os nêutrons são levemente mais pesados que os prótons, portanto sendo eletricamente neutros. Elétrons têm carga negativa igual a 1,6 X 10−19 e estão ligados às suas órbitas por uma força elétrica entre sua carga negativa e a Elétrons Núcleo AN02FREV001 21 carga positiva do núcleo Coulomb; os prótons têm carga positiva de mesma magnitude. Foi criada uma forma de escrita abreviada para cada átomo, explicada neste esquema abaixo: Íon é o átomo que perdeu ou ganhou elétrons Cátion (+): átomo que perdeu elétrons, Ex: 11Na23 → cátion Na+1 + e- Ânion (-): átomo que ganhou elétrons, Ex: 17Cl35 + e- → ânion Cl-1 Nuclídeo é um átomo com um dado número de nêutrons e prótons. Um radionuclídeo é simplesmente um nuclídeo instável ou um núcleo que sofre um decaimento radioativo. Isótopo é um Nuclídeo com o mesmo número de prótons (Z), isto é, o mesmo elemento, porém com número de nêutrons diferente (N). Por exemplo, o elemento iodo tem mais de 20 isótopos; a exceção do 127I, todos são radioisótopos ou radionuclídeos. Alguns são de interesse médico, incluindo 123I, 125I e 131I, que têm a escrita abreviada: 123 I , 125 I , 131 Isóbaro: indica mesma massa atômica (A), mesmo número de nêutrons I 53 70 53 72 53 78 Outros termos especiais usados são: Massa atômica (Z+N) Também referido como número de massa ou número de massa atômica N Símbolo do Elemento A X Número de nêutrons Z Número atômico (número de prótons)também referido como número atômico Z AN02FREV001 22 (N) e número atômico diferente (Z); Isótono: que tem o mesmo N, mas Z e A diferentes; Isômero: que indica estado de energia diferente em Nuclídeos com mesmo A, Z e N. Um dos mais importantes em Medicina Nuclear é o tecnécio- 99 e o tecnécio-99m, onde o m significa a condição metaestável, ou seja, um estado intermediário prolongado no decaimento do molibdênio-99 para o tecnécio-99. Curiosidade: Existem as chamadas espécies isoeletrônicas, que possuem o mesmo número de elétrons. Exemplo: 11Na23(+1) 8O16(-2) e 9F19(-1) Mais uma vez notamos o entrelaçamento entre matéria e energia: a energia luminosa (luzes de todas as cores) é o resultado do “salto” dos elétrons entre as várias órbitas eletrônicas possíveis ao redor de um dado núcleo. Assim, ao “átomo de Rutherford” complementado pelas ponderações de Bohr 2.3 MODELO ATÔMICO DE BOHR Bohr complementou o modelo atômico de Rutherford com seus Postulados, com a ideia de níveis ou camadas eletrônicas: 1°) Os elétrons descrevem órbitas circulares em torno do núcleo atômico, sem absorverem ou emitirem energia. 2°) O elétron absorve uma quantidade definida de energia quando salta de um nível energético para outro mais externo e ao retornarem aos níveis originais, devolvem essa energia na forma de ondas eletromagnéticas. Recebendo energia (térmica, elétrica ou luminosa) do exterior, o elétron salta de uma órbita mais interna para outra mais externa; a quantidade de energia recebida é, porém, bem definida (um quantum de energia). Pelo contrário, ao voltar de uma órbita mais externa para outra mais interna, o elétron emite um quantum de energia, na forma de luz de cor bem definida ou outra radiação eletromagnética, como ultravioleta ou raios-X (daí o nome fóton, que é dado para esse quantum de energia). AN02FREV001 23 foi dado o nome de modelo atômico de Rutherford-bohr. No modelo atômico de Bohr os elétrons estão arranjados em órbitas bem definidas em volta do núcleo (figura 3). O número de elétrons orbitais em cada núcleo é igual ao número atômico (Z), isto é, ao número de prótons do núcleo. A órbita mais interna é referida como nível K (número máximo de elétrons no nível K é 2), sendo seguida pelo nível L (número máximo de elétrons é 8), M (número máximo de elétrons é 18), N (número máximo de elétrons é 32), exceto que na órbita mais externa o máximo são 8 e assim por diante, conforme mostrado logo na tabela 2. Na figura 5 é mostrado um esquema simplificado do modelo atômico de Bohr no átomo de potássio. O termo elétron de Valência é usado para designar os elétrons da camada mais externa (tabela 4). Estes elétrons são importantes, pois definem as propriedades químicas dos elementos. Por exemplo, os gases Hélio, neônio, argônio, kriptônio, xenônio e radônio, são os átomos com a última camada preenchida ao máximo, sendo quimicamente não reativos. A energia de ligação é maior na camada mais interna (K) e diminui progressivamente para as camadas mais distantes. Para remover um elétron de sua órbita é necessário que sua energia de ligação seja vencida. Números Quânticos - Definem a energia e a posição mais provável de um elétron na eletrosfera: 1. Número quântico principal define o nível de energia ou camada: Número máximo de elétrons por camada: n° max. e- = 2n2 A expressão n° e - = 2n2 Camada , só é válida até a quarta camada. n n° Max. e- 8 2 2 8 AN02FREV001 24 2. Número Quântico Secundário define o subnível de energia: A expressão l = n Subnível –1 s p d f l 0 1 2 3 n° Max. e- 2 6 1 0 1 4 Lei de quantização de Sommerfeld-Wilson, uma generalização do modelo atômico de Bohr, substituída, mais tarde, pela equação de Schrödinger. A principal contribuição para a evolução do modelo atômico foi a inclusão no modelo de Niels Bohr dos orbitais elípticos e a relatividade restrita, obtendo assim o modelo Sommerfeld, que dividia os níveis em subníveis (regiões menores), o que eliminava a decadência do elétron que ocorria no modelo anterior (Bohr), acrescentando mais dois números quânticos (azimutal e o magnético), além de estabelecer que os orbitais não tivessem que se estabelecer em um mesmo plano. Os elétrons estão na eletrosfera em camadas que estariam subdivididas em regiões menores denominadas subníveis (s, p, d, f...) de energia, não necessariamente circulares. FIGURA 4 - MODELO ATÔMICO DO SÓDIO DE BOHR E SUMMERFELD FONTE: Disponível em: <http://home.comcast.net>. Acesso em: 05/fev/2010. a. Número Quântico Magnético: define a orientação espacial, região mais provável de se encontrar um elétron (orbital), m varia de – l a + l. b. Número Quântico Spin: define o sentido da rotação do elétron em AN02FREV001 25 sentido horário s = - ½ anti-horário s = + ½ Curiosidade: A base da formação das imagens médicas e de sua qualidade são as interações envolvendo a radiação eletromagnética ionizante (raios-X e radiação gama) e os elétrons orbitais. FIGURA 5 - ÁTOMO DE POTÁSSIO. O POTÁSSIO TEM UM NÚMERO ATÔMICO DE 19, COM 19 PRÓTONS NO NÚCLEO E 19 ELÉTRONS ORBITAIS FONTE: Thrall & Ziesseman. AN02FREV001 26 TABELA 2 - TERMOS USADOS PARA DESCREVER ELÉTRONS TERMO COMENTÁRIO Elétron Partícula elementar básica Elétron orbital Elétron de uma das órbitas do átomo Elétron de Valência Elétron da camada mais externa do átomo responsável pelas características químicas e reatividade Elétron Auger Elétron ejetado da órbita de um átomo liberado durante a transição de um elétron Fotoelétron Elétron ejetado da órbita do átomo em consequência de uma interação com um fóton (interação fotoelétrica) com absorção completa da energia do fóton Elétron de conversão Elétron ejetado da órbita do átomo devido ao fenômeno de conversão interna, decorrente da liberação de energia por um núcleo instável FONTE: Thrall & Ziesseman. 2.4 HISTÓRICO DA RADIAÇÃO MAXWELL - MEADOS do séc. XIX: Previu a existência e natureza das ondas eletromagnéticas; EM 1854 HEINRICH GEISSLER: Desenvolveu e aperfeiçoou uma bomba de vácuo, assim como um tubo de descarga, constituído de um vidro largo, fechado, com eletrodos circulares em suas extremidades. O tubo de descarga tinha uma saída que podia ser acoplada a uma bomba de vácuo, de forma a se poder diminuir a AN02FREV001 27 pressão do gás no tubo, para estudar a passagem da corrente eletrônica por meio de um vácuo adequado, aplicando-se alta tensão aos eletrodos. 1874 - WILLIAM CROOKES: A ampola de Edson, que ficou conhecida como lâmpada incandescente, depois de aperfeiçoada, deu origem à ampola de Crookes (físico inglês), usada por Roentgen. Desenvolvimento dos primeiros tubos de raios catódicos “ampola de Crookes”; sugerido como equipamento indicado para produzir ondas eletromagnéticas artificiais penetrantes. Tubo de Crookes tinha uma forma de pera e possuía dois eletrodos de alumínio: o catodo e o ânodo (Figura 6). FIGURA 6 - TUBO DE CROOKES FONTE: Modificado de Glasser, 1944. 1887 - HEINRICH HERTZ: Descoberta das ondas de rádio 1890-1898 Investigações extensivas em toda a Europa das propriedades dos raios catódicos (1897 - J. J. THOMSON partículas carregadas negativamente); 1895 - WILHELM CONRAD RÖENTGEN: O físico alemão Roentgen (pronúncia portuguesa: rêntguen) observou que saíam raios misteriosos de uma ampola de Crookes, capazes de atravessar folhas de papelão, por isso, ele os chamou de “raios-X”. AN02FREV001 28 Roentgen introduziu modificações na ampola de Crookes. Com experiências em tubos de raios catódicos (tubo com excelente vácuo e boa fonte de alta tensão, milhares de Volts), em busca da detecçãodas ondas eletromagnéticas próximas do tubo, e uma placa fluorescente de cianeto de platina e bário, a existência de uma atmosfera rarefeita no interior da ampola foi decisiva para que Roentgen tivesse produzido os raios-X. A aplicação de uma elevada diferença de potencial entre os eletrodos provocou a ionização do gás remanescente, fazendo com que os cátions migrassem para o catodo. Roentgen substituiu o alumínio por platina na confecção dos eletrodos e colocou o ânodo como alvo do bombardeio dos elétrons. Com isso, aumentou os raios-X produzidos. Mas havia uma falha a ser resolvida: essa ampola era rapidamente destruída, devido à sua alta temperatura, que se desenvolvia no ânodo que acabava por levá-lo à fusão. Assim, modificações posteriores foram feitas colocando o tungstênio (por ter um elevado ponto de fusão e ser um metal muito resistente ao aquecimento) como alvo, substituindo o alumínio. O bombardeio dessas partículas contra o alumínio do catodo arrancou elétrons, os quais foram acelerados pela alta tensão em direção à parede de vidro da ampola. Da colisão desse feixe de raios catódicos (só se propagam no vácuo) contra o vidro originaram-se os raios-X. Roentgen percebeu a existência dessa radiação, por ter recoberto a ampola com papel preto para evitar que a luz produzida na ampola escapasse. Naquela época era comum o uso do platino cianeto de bário como sensor de radiações ionizantes e assim Roentgen havia colocado um papel recoberto com essa substância em cerca de um metro da ampola, observando que sempre que aplicava alta tensão entre os eletrodos o papel se tornava fluorescente. Assim, logo concluiu que algum tipo de radiação estranha conseguia escapar da ampola. Não podia ser a radiação catódica, pois ela, por sua natureza, não é capaz de atravessar o vidro. Tampouco poderia ser a luz, visto que ela não atravessaria a folha de papel preto, então ele decidiu estudar os novos AN02FREV001 29 raios, aos quais chamou de raios-X. Para dissipar o calor gerado nesse alvo (A), ele usou uma grossa barra (B) de cobre (figura 7), pois sendo este material um excelente condutor de calor, permitia que a energia térmica fosse dissipada para o meio ambiente. FIGURA 7 - TUBO DE CROOKES MODIFICADO. C, CATODO; A, ÂNODO; B, BARRA DE COBRE. FONTE: Modificado de Glasser, 1944. A descoberta de Roentgen permitiu fotografar o interior de muitos objetos e o corpo humano, opaco à luz, mas transparentes aos raios- X. Em 08/11/1895 para facilitar a observação da fraca luminosidade da placa fluorescente, Roentgen fechou as cortinas do laboratório e cobriu o tubo com uma caixa de papelão; ao ligar o tubo à eletricidade notou um brilho quase imperceptível no fundo da sala que desaparecia quando o tubo era desligado. O brilho vinha de outra placa fluorescente (geralmente era usado o platino cianeto de bário) localizada num canto do laboratório. No próximo passo, substituiu a peça fluorescente por uma placa fotográfica; Placas de madeira e metal não inibiam o brilho e a radiação era muito penetrante; só o chumbo conseguia bloquear os raios-X. Curiosidade: Quando se eleva a voltagem de alimentação da ampola ou tubo de raios-X eles se tornam mais penetrantes. As primeiras aplicações dos aparelhos de raios-X ocorreram na Medicina, para AN02FREV001 30 diagnóstico de fraturas ósseas e, logo após, na Odontologia, para análise de canais dentários. FIGURA 8 - RADIOGRAFIA FEITA POR RONTGEN DA MÃO DA SRA. ANNA BERTHA LUDWIG RONTGEN FONTE: De Freitas et al., 1994. FIGURA 9 - WILHELM CONRAD ROENTGEN (1845-1923) - PRÊMIO NOBEL DE FÍSICA NO ANO DE 1901 FONTE: De Freitas et al., 1994. Março 1896 - ANTOINE HENRI BECQUEREL (FRA) Verificou sombras de objetos metálicos em placas fotográficas, a radiação de sais de urânio, descobrindo a existência de novos tipos de radiação que apresentavam as seguintes propriedades: Anel de casamento Primeiras Conclusões de Roentgen: Fluorescência em certas substâncias; Escurecimento de filmes fotográficos; Radiação eletromagnética (não sofre desvios em campos elétricos ou magnéticos); Mais penetrantes após passar por absorvedores; Diversas aplicações, principalmente, na Medicina. AN02FREV001 31 Escurecer filmes Ionizar gases Produzir cintilação Não são afetados por alterações químicas e físicas dos materiais As radiações originam-se no núcleo dos átomos radioativos. As partículas alfa, que são compostas de prótons e nêutrons, são fragmentos dos núcleos que as emitem. Na radiação beta, um elétron é criado pela transformação de uma partícula no núcleo. Quando os átomos emitem radiação alfa ou beta transformam-se em átomos de outro elemento. Já a emissão de raios gama não resulta em transformação. Descobriram que a radiação espontânea é proporcional à concentração dos sais; sem variação com temperatura, campo eletromagnético, pressão ou estado químico. ERNEST RUTHERFORD Em 1911, o cientista Rutherford fez uma experiência muito importante, que veio alterar e melhorar profundamente a visão do modelo atômico. Resumidamente, a experiência consistiu no seguinte: foi colocado um pedaço do metal polônio, que emite um feixe de partículas alfa, que atravessa uma lâmina finíssima de ouro. Rutherford observou então que a maior parte das partículas alfa atravessa a lâmina de ouro como se fosse uma peneira; apenas algumas partículas desviavam ou até mesmo retrocediam (figura 10). Rutherford admitiu que a lâmina de ouro fosse formada por núcleos pequenos, densos e eletricamente positivos, dispersos em grandes espaços vazios, e não era constituída de átomos maciços e justapostos como postularam Dalton e Thomson. Os grandes espaços vazios explicam porque a grande maioria das partículas alfa não sofre desvios, já que é positiva. Quando uma partícula alfa passa próximo de um núcleo (também positivo), ela será fortemente desviada; e no caso extremo de uma partícula alfa “bater de frente” em um núcleo, ela será repelida para trás. Curiosidade: o ouro apresenta núcleos positivos, então podemos AN02FREV001 32 explicar o fato de a lâmina de ouro ser eletricamente neutra. Isso ocorre porque ao redor do núcleo positivo estariam girando partículas muito menores (que não atrapalham a passagem das partículas alfa), possuidoras de carga elétrica negativa (para contrapesar a carga positiva do núcleo), e que foram denominadas elétrons. Na figura 10 vemos o esquema montado por Rutherford. Colocando uma chapa fotográfica ou material fluorescente perpendicularmente ao feixe de radiações, encontramos três tipos de radiações: α- que se desviam no sentido da placa negativa, núcleos de He (E ~ 5 MeV); β - que se desviam no sentido da placa positiva; esse desvio é mais acentuado que o das partículas α, resultado da conversão de um nêutron em um próton (E ~ 0,5 -> 1,0 MeV); γ − que não sofrem desvio, pois são ondas eletromagnéticas (fótons), resultado do excesso de E que permanece em “núcleos-filhos” após a desintegração e emissão de radiação - natureza eletromagnética e não corpuscular (E ~ 1,0 MeV) Em 1913, o cientista Bohr reuniu algumas observações, experiências e teorias já existentes para aprimorar a explicação do modelo atômico. AN02FREV001 33 FIGURA 10 - ESQUEMA DO EXPERIMENTO DE ERNEST RUTHERFORD FONTE: Disponível em: <www.biossegurancahospitalar.com.br>. Acesso em: 05/fev/2010. Casal Curie (PIERRE E MARIE SKLODOWSKA) Em 1898, Madame Curie descobriu a capacidade radioativa nos minerais que continham tório e mais tarde, em colaboração com seu marido, o físico francês Pierre Curie descobriu dois novos elementos: o polônio e o rádio, ambos radioativos. Radioatividade: Transformação espontâneado núcleo atômico de um nuclídeo para outro com emissão de um ou mais tipos de radiação (característica das transformações). Descoberta da Pechblenda (U + Bi + Ba + Pb), que emitia muito mais radiação do que o urânio puro. Junho 1898: descoberta do Polônio. Dezembro 1898: descoberta do Rádio. α- que se desviam no sentido da placa negativa β - que se desviam no sentido da placa positiva γ − que não sofrem desvio AN02FREV001 34 3 FÍSICAS DAS RADIAÇÕES 3.1 CONCEITOS BÁSICOS DE RADIOATIVIDADE Existem na natureza alguns elementos fisicamente estáveis, cujos átomos, ao se desintegrarem, emitem energia sob forma de radiação, daí o nome de radioatividade, que é exatamente essa propriedade que os átomos têm de emitir radiação (transmitir energia por meio do espaço na forma de partículas ou ondas). A radioatividade ocorre porque as forças de ligações do núcleo são insuficientes para manter suas partículas perfeitamente ligadas. O urânio-235, o césio-137, o cobalto-60 e o tório-232 são exemplos de elementos fisicamente instáveis ou radioativos. Eles estão em lenta e constante desintegração, liberando energia por meio de ondas eletromagnéticas (raios gama) ou partículas subatômicas com altas velocidades (partículas alfa, beta e nêutrons). Alguns conceitos básicos sobre radiação serão aqui comentados. Matéria: tudo que ocupa lugar no espaço e possui massa. É a energia condensada (E = mc2). Corpo: uma porção da matéria. Objeto: uma porção da matéria transformada em algo útil. Energia: propriedade que confere aos corpos a capacidade de realizar trabalho. Todo sistema possui energia, seja ela mecânica, elétrica, magnética, química ou outra qualquer, assim concluímos que todos podem, sob determinadas condições, realizar trabalho. Trabalho: fenômeno que se observa quando a energia de um sistema se transforma ou é transmitida a outro sistema. As unidades de energia e trabalho são as mesmas. a) Joule (J): definido como sendo o trabalho executado por uma força de 1N ao mover uma massa num percurso de 1 m. b) Coulomb (C): é a quantidade de carga que escoa de um condutor, AN02FREV001 35 quando ele passa por uma corrente de 1 ampère. c) Unidade erg: equivale ao trabalho de uma força de 1 quando desloca uma massa qualquer por um percurso de 1 cm. d) Elétron-Volt (eV): bem como seus múltiplos (KeV, MeV, GeV), como medida de energia de uma radiação. Elétron-Volt é a quantidade de energia cinética adquirida por um elétron, que é acelerado a partir do repouso, por uma diferença de potencial de 1V. Fissão nuclear: Em 1938, Otto Hanh, Lise Meitner e Fritz Strassmann comprovaram a presença de Ba 139 após o bombardeamento, com nêutrons, de uma placa de U-235. Esses átomos menores foram formados em divisões (fissões) dos núcleos pesados de urânio, liberando uma quantidade enorme de energia. Uma reação nuclear de fissão ou reação em cadeia ocorre quando um Nêutron rápido, não muito rápido (relativístico), penetra o núcleo do átomo, provocando transformações intermediárias. Exemplo: O átomo do Urânio 235, obtido do U 238, reage dessa forma: U 235 + n1 -------- U 236 instável ------- Ba 144 + Kr 90 + 2 n1 No ato da quebra do núcleo existe a chance de formarem-se centenas de outros elementos, todos radioativos, como Césio, etc. liberando nêutros e energia, além de partículas alfa, beta, gama, etc. de baixa energia. Fragmentos da fissão de 166 MeV, partículas beta e neutros rápidos 18 MeV, raios gama 10 MeV, nêutros térmicos 6 MeV, totalizando 200 MeV liberados pela reação de fissão do U 235. Esta unidade (ev) é usada em física nuclear como Elétron-Volt e representa a energia, trabalho, no elétron, cuja carga é 1,6 x 10-19 (coulombs) quando este se desloca a uma velocidade constante por meio da diferença de potencial de um volt. Fusão nuclear: A reação de fusão é um processo de união de núcleos menores e consequentemente obtenção de núcleos maiores, nas estrelas, como o Sol, onde ocorrem reações a partir de núcleos de átomos de hidrogênio, que se fundem formando o elemento hélio. Dos núcleos de quatro AN02FREV001 36 átomos de hidrogênio, cuja massa dos quatro prótons sofre aumento quando dois prótons são transformados em nêutrons, de massa maior, ocorre contínua irradiação de energia (luz, calor...). Essa energia provém de reações de fusão nuclear. Radiação corpuscular: Partículas subatômicas de alta velocidade (alta frequência): elétrons-, prótons+, nêutrons, alfa, beta, gama,... Eletromagnética: Oscilações elétrica e magnética (ondas) que não têm massa. Campo eletromagnético: é um distúrbio elétrico e magnético oscilante que se espalha como uma onda no espaço vazio, o vácuo. A qualidade e a quantidade de raios-X produzidos podem ser controladas ajustando-se as grandezas: Tensão - Kilovoltagem (kV); diferença de potencial (ou “potencial para aumentar a energia dos elétrons”). Elétrons com mais energia adquirida por meio de kV mais alto produzem raios-X mais penetrantes e em maior quantidade. Corrente - Miliamperagem (mA); quantidade ou número de elétrons que passam a cada segundo do catodo para o ânodo. Tempo de exposição (s); duração do pulso Luz; a parte visível do espectro eletromagnético, que compreende desde os raios γ até as ondas longas de rádio. Os limites dos intervalos de comprimento de onda (λ) das diferentes cores do espectro da luz visível são arbitrários, as cores passam umas para as outras gradualmente. Na retina humana chegam simultaneamente ondas com comprimentos de onda de 3900 a 7700 Å, o cérebro interpreta essa radiação como sendo luz branca. Em outras palavras, a luz branca é a mistura de todas as cores do espectro da luz visível (figura11). AN02FREV001 37 FIGURA 11 - ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO DESTACANDO A PORÇÃO DA LUZ VISÍVEL FONTE: Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/99/EM_Spectrum3- new.jpg>. Acesso em: 05/fev/2010. A onda viaja a uma velocidade constante chamada de “velocidade da luz, c”, que é de aproximadamente 3 X 108 m.s-2 O campo eletromagnético é caracterizado por um comprimento de onda, lambda, que é a distância entre picos vizinhos da onda, e sua frequência, ni (ni que é a frequência da radiação, letra do , um campo eletromagnético possui dois componentes, um campo elétrico que age sobre as cargas das partículas (tanto estacionárias quanto em movimento) e um campo magnético que age apenas sobre partículas carregadas em movimento. alfabeto grego, que tem som de “ni”), que é o número de vezes por segundo em que sua dispersão em certo ponto retorna ao valor original (a frequência é medida em hertz, e 1 Hz = 1 s-1 O número de ondas pode ser interpretado como o número inteiro de ). O comprimento e a frequência de uma onda são relacionados pela equação h ni = c, assim, quanto mais curto é o comprimento de onda, maior é a frequência. As características de uma onda também são reportadas fornecendo-se seu número de ondas da radiação, onde: v' = (v/c) = (1/lambda). http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/99/EM_Spectrum3-new.jpg� http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/99/EM_Spectrum3-new.jpg� http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfabeto_grego� AN02FREV001 38 comprimentos de onda em um dado intervalo de comprimento físico. Números de onda são normalmente reportados como centímetros recíprocos (cm-1); assim, um número de ondas de 5 cm-1 indica que existem 5 comprimentos de onda completos em um centímetro. As relações E = hv e v = cv' podem ser combinadas para converter energia em números de onda. A intensidade da radiação é determinada pelo número de fótons no raio: um raio intenso apresenta um grande número de fótons; um raio fraco apresenta um pequeno número de fótons. O olho humano pode responder aoestímulo de um único fóton; uma lâmpada com potência de 100 W (1 watt = 1 Js-1) gera em torno de 1019 fótons por segundo, mas mesmo assim leva muitas horas para gerar um único mol de fótons. A energia de cada fóton é determinada por sua unidade de frequência de acordo com a equação E = hni. Esta relação indica que os fótons da radiação micro-ondas têm menor energia que os fótons da luz visível (constituídas por comprimentos de onda menores, de maior frequência). Isso também significa que as energias dos fótons da luz visível crescem conforme a luz muda, do vermelho (longos comprimentos de onda) para o violeta (curtos comprimentos de onda). Comprimento de onda (λ): É a distância entre duas posições consecutivas e idênticas (ou em fase) na direção de propagação de uma onda. 1y, o comprimento de onda, no caso da luz visível, é dado em Ângstrons Å, onde 1Å = 1x10-7 mm= 1x10-1 Todas as ondas podem ser descritas por três parâmetros: mµ. Amplitude Comprimento de onda Período A amplitude da onda está relacionada com a sua intensidade. O comprimento de onda e o período estão relacionados com a repetição no espaço e no tempo. O período é o inverso da frequência, ou seja: N=1/T Para a mesma amplitude: Se a frequência for maior (menor AN02FREV001 39 comprimento de onda), a energia será maior. Para a mesma frequência (ou para o mesmo comprimento de onda): Se a amplitude for maior, a energia será maior. FIGURA 12 - TREM DE ONDA MOSTRANDO A DISTANCIA EQUIVALENTE A 1 COMPRIMENTO DE ONDA λ E COM AMPLITUDE IGUAL A Å FONTE: Disponível em: <http://profs.ccems.pt/PauloPortugal/CFQ/Stefan_Boltzmann/Radiao_electromagntica.html>. Acesso em: 05/fev/2010. Período (T): É o tempo gasto para completar uma oscilação, consequentemente, é o tempo necessário para percorrer uma distância igual a um comprimento de onda (λ). O período é expresso em segundos. Frequência (N): É o número de oscilações completadas em certa unidade de tempo. A frequência é expressa em ciclos por segundo ou Hz. A energia (E): transportada por uma radiação de natureza ondulatória é dada pelo produto da constante de Planck (h Assim: ) pela frequência da radiação (f) dada em ciclos por segundo (Hertz). MAX PLANCK (1901): iniciou uma nova etapa com sua teoria quântica para explicar o espectro da radiação de um corpo negro (um corpo que absorve T T1 T2 E= h. f, onde a Constante de Planck h= 6, 625 x 10-27 j.s AN02FREV001 40 todas as radiações e que, portanto, seja também o melhor emissor de radiação). Temos um corpo negro quando abrimos um pequeno orifício na parede de uma cavidade que se mantém a uma temperatura fixa. O orifício comporta-se, neste caso, como um corpo negro, com efeito, a radiação que penetra por ele sofre inúmeras reflexões e absorções nas paredes, existindo uma probabilidade mínima de que “saia uma fração apreciável da energia incidente”. Planck postulou uma fórmula para o espectro desta radiação como uma função da temperatura do corpo, estabelecendo que a radiação não fosse emitida, nem absorvida em forma contínua, senão em porções definidas, a que chamou de quantas de energia. Teoria dos quanta h: Assim, nesse caso, a emissão eletrônica é produzida simultaneamente com a iluminação da superfície, sendo independente da intensidade luminosa, a radiação eletromagnética é emitida e se propaga descontinuadamente em pequenos pulsos de energia chamados de pacotes de energia, quanta ou fótons e depende da frequência de radiação (ou de λ) e também aceitável dizer que, na teoria dos quanta fosse postulado que a radiação emitida por um corpo aquecido se realizava de forma descontínua, mediante quanta. Planck aceitava que a “radiação se propagava de forma contínua por meio do espaço como ondas eletromagnéticas”. Albert Einstein interpretou de uma maneira mais ampla esta teoria, estabelecendo que a luz não somente é emitida em forma de quanta, mas que se propaga na forma de “quantas individuais”. O efeito fotoelétrico: No fim do século XIX observaram-se certos fenômenos que estavam em contradição com a representação ondulatória da luz. Por exemplo, ao se iluminar com luz ultravioleta os eletrodos, entre os quais se produz uma descarga elétrica, esta aumenta de intensidade (efeito observado por Hertz, em 1887). Em seguida se observou que ao iluminarem-se lâminas de certos metais (Zn, Na etc.) carregadas negativamente e unidas a um eletroscópio, este se descarregava, denotando que as superfícies limpas dos metais podem emitir elétrons se iluminadas com luz de uma frequência apropriada para cada metal. AN02FREV001 41 porém dependente da frequência da luz incidente. Então podemos falar que a energia dos elétrons emitidos (chamados de fotoelétrons) depende somente da frequência da luz incidente e exclusivamente o número de elétrons desprendidos é proporcional à intensidade da luz. Ao vermos com cuidado este fenômeno, observaremos que, para emitir um fotoelétron de 1 ev de energia, com base na teoria ondulatória da luz, (não levando em conta a teoria de Einstein) e utilizando luz ultravioleta sobre uma superfície de sódio, seria necessário quase um ano para arrancar um elétron da superfície de um metal! Aplicando-se a teoria de Einstein e se considerarmos a luz como uma corrente de pequenas unidades chamadas fótons, dotados cada uma de uma energia hn, o efeito fotoelétrico pode facilmente ser explicado. Conjeturemos que Ø seja a energia necessária para extrair um elétron de um metal, sendo mínima para os elétrons muito próximos da superfície. Quando um fóton cede sua energia a um elétron do metal, parte dessa energia é utilizada para arrancar o elétron e a energia restante para proporcionar energia cinética. Deste modo, hn = (1/2)mv2 Ø = energia necessária para arrancar o elétron do metal; cada metal tem um valor característico, + Ø Onde apresentamos que, (1/2)mv2 hn = energia do fóton ou quanto de luz incidente. = energia cinética dos fotoelétrons, O valor de Ø é razoavelmente pequeno para os metais alcalinos (Na, K etc), de maneira que a luz correspondente à parte visível do espectro é suficiente para desprender elétrons desses metais. Para metais como o Zn (zinco), o valor de Ø é muito maior e, como consequência, deve utilizar-se luz ultravioleta (frequência elevada) para produzir o efeito fotoelétrico, assim concluímos que a energia necessária para arrancar um elétron ou um fotoelétron do material depende da posição do elétron, sendo mínima para AN02FREV001 42 os elétrons da superfície. Indicando com Øo esta energia teremos para a máxima energia dos fotoelétrons: [(1/2)mv2]máx. = hn - Øo Prontamente, nem todos os fotoelétrons emitidos por um material têm a mesma energia, pois possuem energias diferentes, até um valor máximo. De acordo com a teoria quântica: no = Øo/h, Assim a equação [(1/2)mv2]máx. = hν - Øo Pode ser escrita, também, sob a forma: [(1/2)mv2]máx. = hn - hno. A explicação que Einstein ofereceu para o efeito fotoelétrico nos leva a conceber que “a luz se propaga no espaço por meio de quanta de energia ou fótons de valor hn, que ao chocar com um elétron ou átomo, podem ser absorvidos”. Logo após estes esclarecimentos sobre fenômenos fotoelétricos foi possível verificar se seria possível converter a energia de um elétron em movimento em um fóton, e esta resposta foi proporcionada por Roentgen, que em 1895, produziu raios-X bombardeando um alvo (metal) com elétrons energéticos. A constante de Planck (tem seu nome em homenagem a Max Planck, um dos fundadores da Teoria), representada por h Ela também se apresenta com eV, usado como unidade de energia: , que é uma das constantes fundamentais da teoria de Mecânica Quântica, usada para descrever o tamanho dos quanta.Seu valor é de aproximadamente: No sistema CGS: (Sistema CGS de unidades é um sistema de unidades de medidas físicas, ou sistema dimensional, de tipologia LMT (comprimento, massa tempo), cujas unidades-base são o centímetro para o comprimento, o grama para a massa e o segundo para o tempo), foi adotado AN02FREV001 43 em 1881 no Congresso Internacional de Eletricidade. O valor é, erg · s Um dos usos dessa constante é a equação da energia do fóton, dada pela seguinte equação: E = energia do fóton, denominada quantum; h = constante de Planck; ν = frequência da radiação, (letra do alfabeto grego, que tem som de “ni”). Atividade: é o número de desintegrações nucleares que correm por unidade de tempo em uma quantidade de substância radioativa. Curie (Ci) é a unidade que expressa 3,7 x 1010 desintegrações por segundo. Ultimamente essa unidade é pouco utilizada, em detrimento da adotada pelo Sistema Internacional de Unidades, o Becquerel (Bq), que corresponde a uma desintegração/segundo (1Bq = 2,7 x 10-11 Ci). Environmental Protection Agency (EPA), dos EUA, recomenda como atividade limite para o radônio, em ambientes internos, o valor de 4 picocuries (4 x 10-12 Ci) por litro de ar, equivalentes a 0,15 Bq, ou seja, 0,15 desintegrações por segundo (uma desintegração completa a cada 6,7 segundos, aproximadamente). Exposição: é a menção à capacidade de um feixe de radiação eletromagnética (raios-X, raio gama, ultravioleta, etc.) causar ionização (retirada de elétrons do átomo) do material atravessado por ele. Abreviando, é o valor absoluto de todos os elétrons liberados pelos fótons no ar em uma massa dm que são freados completamente pelo ar. A unidade de medida internacionalmente aceita é C/kg (carga elétrica dos íons, em coulombs, por 1 kg de ar seco e puro). Antes se usava como unidade o Roentgen (R), correspondente a 2,58 x 10-4 C/kg. Por exemplo, uma determinada quantidade de Roentgen em um feixe de raios-X, necessariamente não significa que toda essa energia atingirá o corpo alvo; trata-se apenas da energia transportada pela radiação. Unidades de exposição radiação: o sentido de exposição está http://pt.wikipedia.org/wiki/Erg� http://pt.wikipedia.org/wiki/Segundo� AN02FREV001 44 relacionado com a quantidade de radiação absorvida pelo ar seco. A unidade exposição é chamada de unidade X, que nada mais é que a quantidade de raios-X ou gama que ioniza o ar seco, produzindo 1 Coulomb de carga elétrica de um mesmo sinal 1 por quilograma de ar seco mantido nas condições normais de temperatura e pressão: 1 unidade X = 1C/Kg. Dose absorvida: é avaliada em rad (do inglês radiation absorbed dose). O rad é a quantidade de radiação de qualquer natureza que deposita uma quantidade de energia equivalente a 100 ergs por grama do meio absorvedor, 1Gy = 100 rad (e dada pela energia absorvida (D) com a massa do volume de material atingido), 1 rad equivale a 0,01 joules por kg. Atualmente usa-se o Gray (Gy) para expressar dose absorvida no sistema internacional (SI), que corresponde a 100 rad (1 joule de energia para 1 kg de massa,1Gy = 1j/Kg). Dose equivalente: corresponde à energia, que é transportada por radiação, e absorvida por tecido biológico. Levamos em consideração o efeito biológico causado por cada tipo de radiação. Curiosidade: os efeitos biológicos por unidade de radiação causada por nêutrons, prótons e partículas alfa são mais danosos que àqueles originados da ação de elétrons, partículas betas e raios gama, em função de diferentes densidades de ionização. Dose equivalenteI: é calculada multiplicando-se a dose absorvida por um fator de qualidade (Quality Factor), que expressa o efeito biológico prejudicial (eficácia na produção de danos ao tecido biológico), a unidade característica da dose equivalente é o rem (Roentgen Equivalent Man), resultado do produto entre a dose em rads e o fator de qualidade (Relaciona a energia absorvida (D) com o tipo de radiação (fornecido pelo fator de qualidade efetivo Q). Em unidades do SI (Sistema Internacional) usa-se o sievert (Sv) que é igual a 100 rem, que é o resultado do produto entre a dose absorvida em grays e o fator de qualidade. Fator de Qualidade (QF): é uma grandeza usada para estimar o AN02FREV001 45 dano biológico potencial das radiações. O QF é resultado da transferência linear de energia (LET), que é a quantidade de energia que a radiação deposita no tecido por unidade de trajeto percorrido, a grandeza que relaciona o dano biológico com as doses de radiação chama-se dose equivalente (H). O valor da dose equivalente é dado pelo produto: H= (D). (QF). (DF) Onde: D - é a dose absorvida QF - é o fator de qualidade da radiação DF - é o fator de distribuição da radiação A unidade no SI para dose equivalente é o Sievert (Sv). Sv = (Gy) (QF) (DF). Usa - se também o rem, que é definido como: rem = (rad) (QF) (DF). TABELA 3 - UNIDADES DE MEDIDA DE RADIAÇÃO Grandeza radiológica Expressão matemática Unidade atual Unidade antiga Atividade (A) A = dN/dt Becquerel (Bq) Curie (Ci) é a unidade que expressa 3,7 x 1010 desintegrações por segundo. Exposição (X) X=Dq/dm C/kg (carga elétrica dos íons, em coulombs, por 1 kg de ar seco e puro) Roentgen (R)= 2,58 x 10-4 C/kg Dose absorvida(D) D=de/dm Gray (Gy) = a 100 rad (1 joule de energia para 1 kg de massa) 1 rad = 0,01 joules por kg Equivalente de dose(H) H=DQ Sievert (Sv) =100 rem AN02FREV001 46 FIGURA 13 - DIFERENÇA ENTRE DIVERSAS UNIDADES UTILIZADAS EM RADIOATIVIDADE FONTE: Halliday, Resnick e Walker. Esses fatores são determinados pela International Commission on Radiological Protection (IRCP), que recentemente adotou a série denominada Radiation Weighting Factors, conforme a tabela abaixo. TABELA 4 - RADIAÇÃO FACTORS IRCP RADIAÇÃO WEIGHTING FACTORS Raios-X e Gama 1 Elétrons 1 Nêutrons 5-20 Prótons 5 Partículas Alfa 20 FONTE: International Commission On Radiological Protection. 3.2 RAIOS-X RADIAÇÕES ELETROMAGNÉTICAS Uma onda eletromagnética é como a luz visível, as ondas de rádio, os raios ultravioletas e os raios infravermelhos, todos estes sendo radiações eletromagnéticas com um comprimento de onda muito curta, aproximadamente AN02FREV001 47 de 0,06 até 20 Å (1Å = 1x10-7 mm= 1x10-1 mµ), e sua frequência da ordem de 1016 Hz. O comprimento de onda do raio-X está próximo do raio-γ, que é radioativo (como observado na Figura 11), sendo um comprimento de onda muito curto. Estes raios têm a capacidade de penetrar na matéria, permitindo a sua utilização no estudo dos tecidos do corpo humano. A sua frequência (a energia de uma onda é diretamente proporcional à sua frequência) e o seu comprimento de onda são as suas duas principais características, sendo elas inversamente proporcionais, ou seja, quanto maior a frequência menor o comprimento de onda. O choque do fluxo de elétrons rápidos em uma substância forma o raio- X, e com isso surge um espectro denso de radiação de raios röntgen, dos mais curtos aos mais longos, ainda que a maior parte dos raios emitidos tenha um comprimento de onda tanto mais curto quanto maior for a energia (velocidade) dos elétrons que a bombardeiam. Há casos em que a energia dos elétrons é tão grande que obriga os elétrons da matéria (situados nas mais profundas camadas eletrônicas internas dos átomos) a passar de uma órbita para a outra, emitindo a então chamada radiação característica, cujo espectro é de riscas, não contínuo. Isso permite, com base no espectro de raios röntgen (estes raios podem refratar-se, sofrer difração e interferência, mas apenas nas substâncias em que as distâncias entre os átomos são aproximadamente iguais ao comprimento dos raios röntgenusados, isto é, basicamente nos cristais), emitidos por uma substância quando radiado por um fluxo de elétrons rápidos, determinarem as suas próprias propriedades físicas e os detalhes da sua estrutura. 3.3 NATUREZA DAS RADIAÇÕES Como dito anteriormente, em 1899 o físico inglês Rutherford identificou a natureza de dois tipos distintos de radiações emitidas por elementos naturais, AN02FREV001 48 as partículas alfas (α), que são formadas pela associação de dois prótons e de dois nêutrons. Constitui-se de um núcleo bipositivo de átomo de Hélio, 24 He++ = α.; e as partículas betas (β), que são elétrons (carga negativa: - 1) ou pósitrons (elétrons positivos de carga: +1), emitidos pelos núcleos de átomos de vários elementos. Nesse mesmo ano o físico francês Villard descobriu um terceiro tipo de radiação, que passou a ser denominado raio gama (γ). A energia inicial com que essas partículas são emitidas pelos núcleos radioativos varia de um isótopo – emissor para outro. Quanto maior for a energia com que as partículas alfa são emitidas, maior será o seu poder de penetração quando bombardeia outras matérias. Em decorrência, o poder de penetração das partículas (α) no ar atmosférico varia de um para outro isótopo (α)- emissor. Observaremos este poder de penetração pela tabela 5. TABELA 5 - PODER DE PENETRAÇÃO DAS PARTÍCULAS (Α) NO AR ATMOSFÉRICO Elemento Símbolo Isótopo α−emissor * Energia MeV*** Penetração no ar (cm) Símbolo N.A. * N.M. ** Tório Th 0 232 4,0 2,5 Urânio U 92 238 4,2 2,6 Radônio Rn 86 212 6,3 4,1 Polônio Po 84 216 6,8 5,7 Polônio Po 84 212 8,8 8,6 FONTE: Saffioti, 1982. *N.A.: Número Atômico **N.M.: Número de Massa ***MeV: Milhões de elétrons Na tabela 6 aparecem descritos quatro isótopos naturais e algumas características da radiação beta por eles emitidos. AN02FREV001 49 TABELA 6 - ISÓTOPOS NATURAIS EMISSORES DE RADIAÇÃO Isótopos Radioativos Energia MeV*** Elemento Símbolo N.A. * N.M. ** Potássio K 19 40 1,33 Rubídio Rb 37 87 0,28 Índio In 49 115 ~ 0,60 Lutécio Lu 71 176 ~ 0,40 FONTE: Saffioti, 1982. *N.A.: Número Atômico ** N.M.: Número de Massa ***MeV: Milhões de elétrons Os raios gama são radiações eletromagnéticas emitidas pelos núcleos de certos átomos que apresentam a mesma natureza dos raios-X, mas com menor comprimento de onda e, portanto, são mais energéticos. Pela sua natureza ondulatória, pequena massa e ausência de carga elétrica, a radiação gama é muito mais penetrante do que as partículas α e β, sendo assim os três tipos de radiações nucleares têm forças de penetrações diferentes (raios gama ultrapassam uma barra de aço, a partícula beta penetra no corpo humano e a partícula alfa ultrapassa apenas uma fina folha de papel) 4 EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES 4.1 RISCOS RADIOBIOLÓGICOS Os efeitos da dose de irradiação recebida pelo organismo se dividem em dois grupos: Somáticos: alterações que ocorrem no organismo atingido, em forma de doenças e danos que se manifestam apenas no indivíduo irradiado, não se tornando hereditário aos seus descendentes AN02FREV001 50 Dividem-se em dois pequenos grupos: a) Agudos: exposição a grandes doses de irradiação em um curto espaço de tempo. b) Crônicos: exposição a baixas doses de irradiações por um longo período, ocasionando assim, catarata, anemia, leucemia e câncer de pele. Genéticos: mutações ocorridas nos cromossomos ou genes das células germinativas, que podem causar alterações nas gerações futuras (descendentes) do indivíduo exposto. A probabilidade de ocorrências de efeitos de nascença em descendentes destes indivíduos irradiados é em função da dose de irradiação acumulada no órgão reprodutor masculino ou feminino. Devemos calcular as doses de absorção nos chamados órgãos críticos (tecidos que apresentam susceptibilidade aos efeitos tardios das radiações ionizantes). Aqui nesta tabela vimos alguns exemplos dos efeitos insalubres. TABELA 7 - EXEMPLOS DE EFEITOS INSALUBRES EM ÓRGÃOS CRÍTICOS À RADIAÇÃO QUE PODEM SER EXPRESSOS DA SEGUINTE FORMA Órgãos críticos Expressão efeitos insalubres Olhos Formação de cataratas Gônadas Alterações genéticas Pele Câncer Glândula tireoide Câncer Medula óssea Leucemia Mama Câncer Gravidez Alterações fetais Ao realizamos algum exame radiológico, o paciente apresenta certo grau de absorção de dose da radiação distribuída de forma não homogênea pelo corpo todo. O período de latência (período decorrente entre a exposição e o efeito visível da radiação), destes eventuais efeitos pode variar desde uma fibrose até a um tumor. Os fatores decisivos do chamado período de latência são a dose total recebida pelo indivíduo, a idade, o estado de saúde geral, o volume de tecido irradiado, o tipo e a susceptibilidade celular, bem como a capacidade de reparação celular após a exposição. AN02FREV001 51 A estimativa de riscos de câncer é tradicionalmente relatada de duas maneiras: (1) risco de morrer por meio de câncer radiogênico, (2) incidência de risco de câncer que um indivíduo possui, ou seja, a probabilidade deste desenvolver um câncer de origem radiogênica, mas não necessariamente morrer desta doença. Segundo Frederiksen (2003), a dose equivalente do exame periapical completo com filme D corresponde a 150 µSv (miliSieverts), enquanto a dose numa panorâmica é de 26 µSv. Assim, avaliando estes valores, sabemos que as doses de radiação geram um dano biológico de forma acumulativa ou aleatória. Oferecemos aqui um exemplo para melhor esclarecimento, uma tomografia odontológica convencional linear ou multidirecional de maxila total, na qual são realizados seis cortes anteriores com 5 µSv (cinco microSieverts) cada, mais quatro pré-molares multiplicados por 30 µSv e finalmente 6 molares multiplicados por 26, totalizando, portanto, 306 µSv versus 104 da chamada dose efetiva (E) da tomografia computadorizada helicoidal (TC). A dose de uma TC helicoidal de maxila corresponde à dose equivalente a quatro radiografias panorâmicas ou é ainda menor que a dose efetiva de um exame periapical da boca toda. Com base nisso, podemos afirmar que as doses das técnicas de imagem utilizadas na Radiologia Odontológica Moderna podem ser consideradas menores do que as doses de radiação as quais estamos expostos diariamente. Classificação das fontes: Com referência à fonte emissiva de radiação, dividimos em dois grupos: Fonte externa: são efeitos produzidos por fontes de radiação ionizantes que se encontram fora do organismo humano. O raio-X e raios gama, que são os mais frequentemente usados, constituem o maior perigo, pois quando possuem energia suficiente para permanecer no organismo podem ocasionar sérios danos. Na radiação beta, dependendo de sua energia, podem ou não ocasionar risco, contudo quando suficiente para atravessar a pele (camadas AN02FREV001 52 dérmicas), ocasionam dolorosas queimaduras, com lenta cicatrização. Pelo seu grande poder de penetração, e agravado pela dificuldade em detectá-los e retê- los, os nêutrons podem se tornar radiações perigosas. Fonte Interna: são aqueles cuja fonte emissiva de radiação depositou- se no interior do organismo, seja por ingestão, inalação ou absorção cutânea (pela pele). Com a presença desta fonte no organismo pode desencadear um enorme perigo, pois ocasiona uma exposição contínua até que a desintegração cesse, ou a fonte seja eliminada do organismo. Devido à sua carga elétrica e massa, as partículas de radiação alfa, no interior do organismo, atuam em forma concentrada na região afetada. Seus efeitos dependerão da forma com que foi absorvida, bem como sua localização, porém as partes mais afetadas são estrutura óssea, baço e rins. Por possuírem menor carga e massa que as alfas, as partículas de radiação betasão menos perigosas, por terem uma maior trajetória e, assim, uma menor ionização específica. 4.2 ATENUAÇÃO DAS RADIAÇÕES Sempre que um feixe de raios-X ou radiação y passa por um meio absorvedor, ele perde intensidade. A variação de sua intensidade é proporcional à espessura e à intensidade incidente. Há um coeficiente linear de absorção e este se refere à capacidade do meio em reter a radiação incidente e o seu valor depende do estado de agregação das moléculas do meio. Para evitar a influência do estado de agregação das moléculas foi feito outro parâmetro (coeficiente de atenuação de massa, sua unidade é cm²/g.). Ele é calculado por meio da divisão do coeficiente linear de absorção pela densidade do meio. AN02FREV001 53 4.3 EFEITO BIOLÓGICO RELATIVO Quando foi descoberto o raio-X, não eram conhecidos os seus efeitos biológicos e não eram tomados os cuidados de proteção radiológica, foram muitos os casos de dermatite actínica e mesmo outras doenças como leucemia e aplasia de medula. Existem efeitos comprovados de teratogênese devido a mutações, efeitos sobre os órgãos genitais, olhos, tiroide e medula óssea. O efeito da radiação é cumulativo e pequenas doses são acumuladas ao longo da vida, por isso, limites de exposição devem ser respeitados e a superexposição evitada. Os efeitos biológicos produzidos pela ação das radiações ionizantes no organismo humano são resultantes da interação dessas radiações com os átomos e as moléculas do corpo. Nessa interação, o primeiro fenômeno que ocorre é físico e consiste da ionização e da excitação dos átomos, resultante da troca de energia entre a radiação e a matéria. Acompanhando este ocorre o fenômeno químico (ruptura das ligações químicas nas moléculas). A seguir aparecem os fenômenos bioquímicos e fisiológicos. Após um intervalo de tempo variável surgem as lesões observáveis, que podem ser no nível celular ou do organismo com um todo. Os diferentes tipos de radiação produzem efeitos biológicos diferentes, pois cada radiação deposita no material biológico quantidades diferentes de energia por unidade de comprimento de percurso ou por unidade de volume irradiado. 4.4 EFICÁCIA BIOLÓGICA RELATIVA (RBE) Fator de correção RBE, um fator para poder comparar os efeitos biológicos das diversas radiações. Na tabela abaixo podemos verificar alguns valores da RBE de uma radiação cujo valor depende da quantidade e da qualidade da radiação. Ela é calculada com a seguinte expressão: RBE = AN02FREV001 54 RX200/Rd Onde: RX200 – é a dose em Gy de 200 kev que produz um determinado efeito, Rd – é a dose em Gy da radiação considerada capaz de produzir um mesmo efeito. Os dados indicam que para produzir um efeito biológico semelhante ao de uma determinada radiação alfa é preciso irradiar o tecido com uma quantidade de radiação x, gama ou beta, que seja 20 vezes maior do que a radiação alfa. TABELA 8 - EFICÁCIA BIOLÓGICA RELATIVA (RBE) RADIAÇÃO RBE Raios-X 1 Raios-γ 1 Raios-β 1 Nêutrons Lentos 5 Prótons 10 Nêutrons Rápidos 10 Dêuterons 10 Raios α 20 4.5 DOSES PERMISSÍVEIS Na tabela abaixo são dadas doses limite no período de um ano e o cálculo é que a dose acumulada de MSV de uma vida é a idade do indivíduo x 10. AN02FREV001 55 TABELA 9 – UNIDADES DE EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO DOSE LIMITE CATEGORIA REM MSV Exposição ocupacional 5 50 Gônadas, medula óssea ou corpo inteiro 5 50 Cristalino 15 150 Pele, osso, tireoide 30 300 Extremidades 40 400 Outros órgãos 50 500 Pessoas do Público 0,16 1 4.6 DETECÇÃO E MEDIDA DAS RADIAÇÕES A detecção é obtida pela análise dos efeitos produzidos por ela quando esta interage com a matéria, isto porque a radiação sozinha não pode ser medida diretamente. Um mecanismo detector e outro de medida fazem parte de um sistema de detecção de radiação. A interação da radiação com o sistema ocorre no detector e a interpretação desta interação é avaliada pelo sistema de medida. O sistema de detecção de radiação é geralmente chamado de detectores. A grande maioria dos detectores utilizados em proteção radiológica indica a intensidade da radiação em determinado ponto e em um determinado instante de tempo, sendo de natureza eletrônica, principalmente os detectores por ionização, os detectores a cintilação e os detectores semicondutores. Do mesmo modo há os detectores que indicam a radiação total a que uma pessoa foi exposta como os chamados Dosímetros. A sensibilidade de detectores de radiação depende de uma produção eficaz de ionização de uma massa do detector, ruído eletrônico e do material AN02FREV001 56 de proteção do volume ativo. No esquema abaixo se encontram os meios utilizados na detecção e características estruturais de cada tipo de detector, utilizados como propriedade interativa para detecção de radiação ionizante. FIGURA 14 - REPRESENTADOS OS PRINCIPAIS EFEITOS FÍSICOS E QUÍMICOS DA RADIAÇÃO IONIZANTE FONTE: Disponível em: <http://www.tecnologiaradiologica.com/materia_deteccao.htm>. Acesso em: 05/fev/2010. 4.6.1 Os Detectores a Gás ou Detectores por Ionização em Gases Em detectores por ionização a radiação incidente cria pares de íons no volume de medida do detector (preenchido com um gás ou uma mistura de gases). A quantidade de pares de íons criados é contada em um dispositivo de medida da corrente elétrica. Os detectores a gás podem ser do tipo pulso ou do tipo não pulso (ou nível médio). Os detectores tipo pulso são os que a interação da radiação no meio detector origina um pulso de voltagem. Nos detectores do tipo não pulso, obtém-se diretamente a medida do efeito médio devido ao grande número de interações da radiação com o detector. Exemplos deste tipo de detector, a Câmara de Ionização, o Contador Proporcional e o Contador Geiger Muller. AN02FREV001 57 4.6.2 Detectores à Cintilação Os detectores à cintilação são fundamentados na propriedade de fluorescência ou cintilação (fenômeno observado em certas substâncias que emitem luz quando bombardeadas por um feixe de radiação ionizante). As cintilações produzidas pela radiação nos cristais cintiladores são amplificadas em uma válvula fotomultiplicadora, que gera um pulso elétrico que é medido. Os chamados detectores de Iodeto de Sódio (Na I) se enquadram nesta categoria. A resolução da altura do pulso do sistema de detecção depende diretamente da quantidade de fótons criados pelos raios gama incidentes e coletados, ou seja, quanto maior a quantidade, maior a resolução. Os fótons emitidos pelos íons de tálio saem em todas as direções. Consequentemente, um refletor altamente eficiente (Al2O3 e teflon) é usado ao redor do cintilador para refletir o máximo possível a luz para a fotomultiplicadora. O intervalo de ar entre a fotomultiplicadora e o cintilador pode significar uma perda devido às reflexões e ângulos não normais. FONTE: Disponível em: <http://www.tecnologiaradiologica.com/ materia_deteccao.htm>. Acesso em: 05/fev/2010. FONTE: Disponível em: <http://www.tecnologiaradiologica.com /materia_deteccao.htm>. Acesso em: 05/fev/2010. FIGURA 15 - CÂMARA DE IONIZAÇÃO ACOPLADA A UM ELETRÔMETRO FIGURA 16 - CÂMARA PROPORCIONAL ACOPLADA A UM ELETRÔMETRO DE BANCADA AN02FREV001 58 Por isso justamente é colocado neste espaço graxa de silicone, que tem um índice de refração intermediário entre o cristal e o vidro do tubo da fotomultiplicadora, para minimizar esta perda. Campos magnéticos de origem externa ao tubo da fotomultiplicadora podem modificar profundamente e piorar o fator de multiplicação, devido a isto é importante confinar o tubo da fotomultiplicadora em um escudo magnético, então o detector inteiro é confinado em uma caixa para
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