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REPRODUÇÃO DAS PLANTAS
A conquista da terra firme pelas plantas tornou esse ambiente convidativo para os animais que podiam utilizar plantas como alimento. Possivelmente, os primeiros a empreender essa conquista foram artrópodes primitivos, ancestrais dos insetos e dos aracnídeos atuais. Logo outros grupos de animais invadiram a terra firme, entre eles os vertebrados, grupo ao qual pertencemos.
Se as plantas não tivessem ocupado os continentes, não estaríamos aqui hoje. Se elas desaparecessem, nossa sobrevivência e a de milhões de espécies animais ficaria seriamente ameaçada, pois nos alimentamos, direta ou indiretamente, de plantas. Ao comermos pão, arroz e batata, por exemplo, os mais tradicionais alimentos da humanidade, estamos ingerindo substâncias orgânicas que as plantas produzem por meio da fotossíntese. Mesmo quando comemos um ovo ou um bife, estamos ingerindo energia que as plantas captaram originalmente da luz solar: as substâncias orgânicas que formam o corpo dos animais são produzidas a partir de vegetais que eles ingerem como alimento.
Atualmente são conhecidas mais de 320 mil espécies de planta, que variam quanto ao tamanho, à forma e à organização corporal. Existem desde espécies com organização bastante simples, como os musgos (briófitas), até organismos complexos como as plantas frutíferas (angiospermas).
AS BRIÓFITAS E AS PTERIDÓFITAS
PLANTAS AVASCULARES: BRIÓFITAS
No sistema de classificação que adotamos, as plantas avasculares, conhecidas popularmente como briófitas, são distribuídas em três filos: Bryophyta (musgos), Hepatophyta (hepáticas) e Anthocerophyta (antóceros). É importante ressaltar que algumas espécies de musgo apresentam tecidos condutores de seiva, apesar de diferentes dos das plantas vasculares.
Características gerais das briófitas
As briófitas (do grego brion, musgos) são plantas pequenas e delicadas que vivem geralmente em ambientes úmidos e sombreados, como barrancos e troncos de árvores no interior das matas. A maioria das espécies não ultrapassa 5 cm de altura, apesar de na Nova Zelândia existirem briófitas que chegam a atingir 40 cm. As espécies mais conhecidas de briófita são os musgos, que formam extensos tapetes verdes sobre pedras, troncos de árvores e barrancos.
Organização corporal das briófitas
As células das briófitas são pouco diferenciadas nas várias partes da planta, apresentando aspecto geralmente semelhante e pequena especialização para o desempenho de funções específicas. Entre as células mais especializadas destacam-se as que revestem a planta, formando a epiderme. Na maioria das briófitas, as células epidérmicas têm cloroplastos pequenos e de forma discoidal, como nas demais plantas. Nos antóceros e em células apicais de certos musgos e hepáticas, porém, há apenas um cloroplasto grande no citoplasma. Essa característica é interpretada como uma evidência do parentesco evolutivo das briófitas com algas verdes ancestrais das plantas.
Reprodução e ciclo de vida das briófitas
Reprodução assexuada - Muitas briófitas reproduzem-se assexuadamente por fragmentação, processo em que pedaços de um indivíduo ou de uma colônia geram novos gametófitos. Por exemplo, gametófitos de hepáticas e de antóceros crescem por expansão das bordas de seu corpo taloso, que eventual- mente pode partir-se, originando novos indivíduos.
Reprodução sexuada - A maioria das briófitas é dióica (do grego, di, duas, e oikos, casa), ou unissexual: há plantas com estruturas reprodutoras masculinas (anterídios) e plantas com estruturas reprodutoras femininas (arquegônios). Algumas espécies são monóicas (do monos, uma, e oikos, casa), ou bissexuais, isto é, a mesma planta tem estruturas reprodutoras masculinas e estruturas reprodutoras femininas.
PLANTAS VASCULARES SEM SEMENTES: PTERIDÓFITAS
De acordo com o sistema de classificação que utilizamos, as plantas vasculares sem sementes estão distribuídas em quatro filos: Psilotophyta, Sphenophyta (cavalinha), Lycophyta (licopódios e selaginelas) e Pterophyta (samambaias e avencas).
A maioria das pteridófitas atuais tem pequeno porte, apesar de existirem espécies arborescentes com 4 m ou mais de altura. Os representantes mais conhecidos do grupo são as samambaias e as avencas, muito utilizadas como plantas ornamentais.
Características gerais das pteridófitas
As pteridófitas caracterizam-se por não formar se- mentes e pela presença de dois tipos de tecido condutor bem diferenciados: o xilema (do grego xylon, madeira), que transporta água e sais minerais das raízes até as folhas, e o floema (do grego phloos, casca), que transporta uma solução de açúcares e outros compostos orgânicos das folhas, onde é produzida, para as demais partes da planta. A solução de água e sais transportada pelo xilema constitui a seiva bruta; a solução de substancias orgânicas transportada pelo floema constitui a seiva elaborada.
Organização corporal das pteridófitas
A fase mais desenvolvida e predominante do ciclo de vida das plantas vasculares é representada pelo esporófito diplóide. O gametófito de pteridófitas é pouco desenvolvido, nutrindo o esporófito apenas nas fases iniciais do desenvolvimento deste.
Esporófitos de pteridófitas costumam apresentar três partes — raiz, caule e folhas —, embora essa organização nem sempre seja facilmente perceptível. As raízes são estruturas em geral subterrâneas, cuja função é fixar a planta ao solo e absorver água e sais minerais. Muitas pteridófitas apresentam raízes aéreas, que crescem fora do solo. O caule é uma estrutura que cresce quase sempre em sentido oposto ao das raízes, mas muitas samambaias têm caules que crescem paralelos à superfície do solo ou logo abaixo dela. O caule sustenta as folhas em posição adequada para que elas recebam luz, fonte de energia para a fotossíntese. É também o caule que conduz a seiva bruta absorvida pelas raízes até as folhas, e a seiva elaborada das folhas até as raízes. As folhas são estruturas geralmente laminares e com células ricas em cloroplastos. Essas características são adaptações à sua principal função, que é realizar a fotossíntese.
Reprodução e ciclo de vida das pteridófitas
Reprodução assexuada - Muitas espécies de pteridófita têm reprodução assexuada por brotamento. O rizoma vai crescendo e, de espaço em espaço, formam-se pontos vegetativos que originam folhas e raízes. A fragmentação ou decomposição do rizoma nas regiões entre esses pontos vegetativos isola novas plantas.
Reprodução sexuada - Ciclo de vida de pteridófitas isosporadas. Os esporófitos das pteridófitas formam estruturas denominadas esporângios, onde são produzidos esporos. A maioria das espécies apresenta esporos de um único tipo e por isso são chamadas de isosporadas (do grego iso, igual). Há pteridófitas, porém, como as dos gêneros Sela ginella, Salvínia e Marsilea, que formam dois tipos diferentes de esporo, um grande — o megásporo — e outro pequeno — o micrósporo. Por isso, elas são chamadas de heterosporadas (do grego hetero, diferente).
AS GIMNOSPERMAS E AS ANGIOSPESMA
PLANTAS VASCULARES COM SEMENTES NUAS: GIMNOSPERMAS
	No sistema de classificação que adotamos, as atuais plantas vasculares com sementes nuas, chamadas informalmente de gimnospermas, são distribuídas em 4 filos: Coniferophyta (coníferas), Cycadophyta (cicas), Gnetophyta (gnetófitas) e Ginkgophyta (gincófitas).
A maioria das espécies atuais de gimnospermas pertence ao filo Coniferophyta (coníferas), como os pinheiros e ciprestes. O termo conífera (do latim conus, cone, e do grego phoros, portador) refere-se às estruturas reprodutivas dessas plantas, que são estróbilos geralmente de forma cônica. As coníferas são adaptadas ao frio e habitam vastas regiões ao norte da América do Norte e da Eurásia, onde formam extensas florestas. Elas são comuns também em grandes altitudes. A conífera nativa brasileira mais conhecida é Araucaria angustifolia (pinheiro-do-paraná), principal constituinte das matas de araucárias do sul do país, hoje quase totalmente extintas pela exploração irracional da madeira.
Características geraisdas gimnospermas
A grande novidade evolutiva das gimnospermas em relação às pteridófitas que as antecederam foi a semente. Os biólogos concordam que esta foi fundamental no sucesso das plantas fanerógamas na flora atual do planeta.
	
Semente - Semente é a estrutura reprodutiva que se forma a partir do desenvolvimento do óvulo. Nas plantas, o termo óvulo designa uma estrutura multicelular, constituída por tecido diplóide originário do esporófito e pelo gametófito haplóide, que se desenvolve a partir do megásporo. Nos animais, o termo óvulo designa o gameta feminino, a célula haplólde que irá fundir-se ao gameta masculino para originar o zigoto diplóide.
No interior do óvulo das plantas diferencia-se o gameta feminino, a oosfera, que será fecundada por um gameta masculino para originar o zigoto. Em certos óvulos pode haver mais de uma oosfera. Esta é o verdadeiro gameta feminino das plantas e corresponde ao óvulo dos animais.
Nas gimnospermas, o óvulo desenvolve-se a partir de uma folha fértil, o megasporofilo, como ocorre na selaginela. A diferença é que o megasporângio das gimnospermas é envolvido por camadas de tecido do megasporofilo, que formam o integumento. Nas coníferas, os megasporofilos ficam reunidos formando os chamados megastróbilos, os estróbilos femininos.
No megasporângio há geralmente um único megasporócito ou célula-mãe do megásporo, que se divide por meiose originando quatro células, das quais apenas uma sobrevive, transformando-se no megásporo funcional. Este fica retido no interior do megasporângio e não será liberado da planta-mãe.
O megasporângio das plantas com semente contém um tecido nutritivo denominado nucelo (do grego nucelia, pequena noz), que envolve o megásporo funcional haplóide. O megásporo divide-se sucessivamente pormitose, originando um megagametófito, ou megaprótalo. O megagametófito forma um ou mais arquegônios, nos quais se diferenciam oosferas, os gametas femininos. Os arquegônios ficam voltados para uma abertura existente no integumento do óvulo, a micrópila, por onde penetram os microgametófitos, que irão formar os gametas masculinos.
O zigoto resultante da fecundação da oosfera desenvolve-se em um embrião (o esporófito diplóide), que fica mergulhado no megagametófito. O conjunto formado pelo jovem esporófito mergulhado no megagametófito e envolto pelo integumento é a semente.
Ciclo de vida de uma gimnosperma
O ciclo de vida dos pinheiros do gênero Pinus ilustra bem a reprodução das gimnospermas. Há cerca de 90 espécies de Pinus, todas originárias do Hemisfério Norte, mas cultivadas em várias regiões do Hemisfério Sul, inclusive no Brasil. Os estróbilos femininos desses pinheiros, conhecidos popularmente como pinhas, são utilizados tradicionalmente em decorações natalinas. Os Pinus caracterizam-se por apresentar folhas em forma de agulha (acículas), adaptadas a condições de escassez de água.
PLANTAS VASCULARES COM FLORES E FRUTOS: ANGIOSPERMAS
As angiospermas são as plantas dominantes no planeta, formando a maior parte da vegetação. Há desde espécies de grande porte, como certos eucaliptos da Austrália, cujos troncos atingem mais de 110 m de altura 20 m de circunferência, até espécies com menos de mm de comprimento. Quanto à forma, as angiospermas podem ser árvores, arbustos, trepadeiras, capins etc. Elas vivem nos mais diversos ambientes: no solo, na água ou sobre outras plantas, em certos casos como parasitas e em outros apenas como inquilinas.
Ciclo de vida e reprodução sexuada em angiospermas
O ciclo de vida das angiospermas assemelha-se ao das gimnospermas. Entretanto, enquanto os órgãos reprodutores das gimnospermas são os estróbilos, nas angiospermas eles são as flores. As sementes, nas gimnospermas, ficam expostas sobre o esporofilo (sementes nuas), enquanto nas angiospermas elas ficam protegidas por uma estrutura denominada carpelo (do grego karpos, fruto), que dá origem ao fruto.
A flor, assim como o estróbilo das gimnospermas, é um ramo especializado em que há folhas férteis com esporângios, os esporofilos. O ramo que contém a flor é denominado pedicelo (do latim, pediculus, pequeno pé). No pedicelo há o receptáculo floral, que é a parte do ramo floral em que se encaixam diversos tipos de folhas especializadas, os elementos florais, algumas delas formadoras de esporângios. Os elementos florais que produzem esporângios (esporofilos) são os carpelos ou megasporofilos (formam óvulos) e os estames ou microsporofilos (formam grãos de pólen). O conjunto de camelos é denominado gineceu (do grego gyne, mulher, e olhos, casa) e o conjunto de estames é o androceu (do grego andros, homem, e oikos, casa).

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