Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Teoria Comportamental Origem da Teoria Comportamental A Teoria Comportamental é a oposição definitiva da Teoria das Relações Humanas (ênfase nas pessoas) em relação à Teoria Clássica ( ênfase nas tarefas e estrutura organizacional); Representa um desdobramento da Teoria das Relações Humanas, à qual faz críticas severas, reformulando os seus conceitos e rejeitando as suas concepções ingénuas e românticas; Critica a Teoria Clássica, colocando-se como uma antítese à teoria da organização formal, aos princípios da administração, ao conceito de autoridade formal e ao mecanicismo dos autores clássicos; Incorporou a Sociologia da Burocracia, ampliando o campo da teoria administrativa; A Teoria Comportamental surge no final da década de 1940. Teoria Comportamental É também designada por Teoria Behaviorista da Administração; É a abordagem das ciências do comportamento, o abandono das posições normativas e prescritivas das teorias anteriores ( Clássica, Relações Humanas e da Burocracia) e a adopção de posições explicativas e descritivas; Estuda o comportamento das pessoas e a sua motivação; (Motivação é a tensão persistente que leva as pessoas a agir ou a fazer coisas de forma positiva. O processo de motivação é a estimulação de um individuo a agir de uma determinada forma para atingir determinado objectivo) Trouxe novos conceitos de motivação, liderança, comunicação, dinâmica de grupos, processo decisório, comportamento organizacional e estilos administrativos que tornam a teoria administrativa mais humana e amigável. A preocupação com a estrutura transferiu-se para o processo e para a dinâmica organizacional; * Teoria Comportamental A Teoria Comportamental fundamenta-se no comportamento individual das pessoas para explicar o comportamento organizacional. Tornou-se necessário o estudo da motivação humana para compreender o comportamento das pessoas, sendo esta o estudo da Teoria; Para esta teoria foi fundamental o contributo da: Teoria dos Sistemas de Decisão Herbert Simon; Teoria das Necessidades de Maslow; Teoria dos dois factores de Hertzberg; Teoria X e Y de Mc Gregor; * Esta teoria assenta em novas proposições acerca da motivação humana, nomeadamente segundo Herbert Simon, Hertzberg, Liker, Maslow, Mc Gregor entre outros. Passo então a apresentar algumas características destas proposições. Segundo Herbert Simon A Teoria Comportamental concebe a organização como um sistema de decisões; Neste sistema cada pessoa participa racional e conscientemente, escolhendo e tomando decisões individuais a respeito de alternativas mais ou menos racionais de comportamento; Todas as decisões envolvem 6 elementos: Decisor, Objectivos, Preferências, Estratégia, Situação, Resultado. * Decisor: é a pessoa que faz uma escolha ou opção entre várias alternativas de acção. É o agente que está frente a alguma situação. Objectivos: são os objectivos que o decisor pretende alcançar com as suas acções. Preferências: são os critérios que o decisor usa para fazer a sua escolha pessoal. Estratégia: é o custo de acção que o decisor escolhe para melhor atingir os objectivos, depende dos recursos de que pode dispor e da maneira como percebe a situação. Situação: são os aspectos do ambiente que envolve o decisor, muitos dos quais fora do seu controle, conhecimento ou compreensão e que afectam a sua escolha. Resultado: é a consequência/resultante de uma dada estratégia. Assim, o Decisor está inserido numa situação, pretende alcançar objectivos, tem preferências pessoais, seguindo estratégias. Herbert Simon O processo decisorial é complexo e depende tanto das características pessoais do decisor quanto da situação em que está envolvido e da maneira como percebe essa situação. A rigor, o processo decisorial desenvolve-se em sete etapas: Percepção da situação que envolve alguns problemas; Análise e definição; Definição dos objectivos; Procura de alternativa de solução ou de curso de acção; Avaliação e comparação dessa alternativas; Escolha da alternativa mais adequada ao alcance dos objectivos; Implementação da alternativa escolhida. Segundo Maslow A motivação dos trabalhadores surge segundo necessidades humanas, as quais estão dispostas em níveis, numa hierarquia de importância e de influência. Essa hierarquia de necessidades pode ser visualizada como uma pirâmide estando na base da pirâmide as necessidades mais baixas (fisiológicas) e no topo as necessidades mais elevadas ( auto - realização) Segundo Maslow Necessidades Secundárias Necessidades Primarias Auto - Realização Estima (ego) Sociais (amor) Necessidade de segurança Necessidades Fisiológicas * 1. Necessidades Fisiológicas: Necessidades de alimentação, sono e repouso, de abrigo, desejo sexual, etc. Esse grupo de necessidades está relacionado com a sobrevivência do indivíduo e com a preservação da espécie. 2. Necessidades de Segurança: Necessidades de segurança, estabilidade, busca de protecção contra a ameaça ou privação, e a fuga ao perigo. 3. Necessidades Sociais: necessidade de associação, de participação, de aceitação por parte dos companheiros, de troca de amizade, de afecto e amor. 4. Necessidades de Estima: Relacionadas com a maneira que a pessoa se vê e se avalia. Envolvem a auto-apreciação, a autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de respeito, de status, prestígio e consideração. 5. Necessidades de Auto-realização: São as necessidades humanas mais elevadas que estão no topo da hierarquia. São as necessidades de cada pessoa aumentar o seu próprio potencial e de autodesenvolver-se continuamente. Segundo Maslow Esta teoria pressupõe os seguintes aspectos: A passagem para o nível superior só é alcançada quando o nível inferior estiver satisfeito. Nem todas as pessoas atingem o topo das necessidades. - Cada pessoa possui sempre mais que uma motivação. Hertzberg estudou os resultados de desempenho do trabalhador. Para tal dividiu Factores Higiénicos Factores Motivacionais (Extrínsecos) (Intrínsecos) - Segurança - Responsabilidade - Salário - Desafio e sucesso - Benefícios colaterais - Satisfação no trabalho - Politica de companhia - Reconhecimento - Etc. Segundo Hertzberg * Extrínsecos: são aqueles definidos pelo contexto que envolve o trabalhador e que fogem ao seu controlo. Intrínsecos: são aqueles relacionados ao cargo e à natureza da tarefa desempenhada, sendo portanto, controlável pelo individuo e devem levar ao reconhecimento e à valorização profissional, culminando com a auto-realização. Segundo Hertzberg, se os factores desmotivadores não estiverem satisfeitos, a situação é considerada injusta pelo trabalhador, pelo que a sua motivação é fraca e o seu desempenho baixo. Os factores motivadores, incluindo o reconhecimento, o sentimento de trabalho bem feito, a possibilidade de promoção ou de ascensão a maiores responsabilidades, uma vez satisfeitos, conduzem ao aumento da felicidade do trabalhador. Segundo Mc Gregor Mc Gregor compara dois estilos antagónicos de administração: de um lado, um estilo baseado na teoria tradicional, excessivamente mecanicista e pragmática (teoria X) e, de outro, um estilo baseado nas concepções modernas a respeito do comportamento humano (teoria Y). Comparação entre teoria x e y A teoria X revela uma administração através de controles externos impostos ao indivíduo; A teoria Y propõe um estilo de administração participativo, baseando-se nos valores humanos e sociais. Realça a iniciativa individual; Pressuposições da teoria x Pressuposições da teoria y As pessoas são preguiçosas e indolentes As pessoas são esforçadas e gostam de ter o que fazer As pessoas evitam o trabalho O trabalho é uma actividadetão natural como brincar ou descansar As pessoas evitam a responsabilidade, a fim de se sentirem mais seguras As pessoas procuram e aceitam responsabilidades e desafios As pessoas precisam ser controladas e dirigidas As pessoas podem ser automotivadas e autodirigidas As pessoas são ingénuas e sem iniciativa As pessoas são criativas e competentes Vantagens da Teoria X Maior eficiência organizacional; Tarefas específicas atribuídas a cada trabalhador; Maior facilidade de substituição dos operários devido à simplicidade das tarefas executadas; Possibilita prever a produção. Desvantagens da Teoria X Baseia-se em convicções erróneas e incorrectas sobre o comportamento humano; Reflecte um estilo de administração duro, rígido e autocrático; As pessoas são visualizadas como meros recursos ou meios de produção; Ao indivíduo é-lhe aprisionada a sua criatividade; Existe um estreitamento da actividade profissional através da rotina de trabalho; Condiciona as pessoas a tarefas super especializadas; Desencorajam a iniciativa e a aceitação de responsabilidades; Desenvolvem a passividade e tiram todo o significado psicológico do trabalho; Impessoalidade no relacionamento humano. Vantagens da Teoria Y Baseia-se em concepções e premissas actuais e sem preconceitos a respeito da natureza humana; Propõe um estilo de administração francamente participativo, baseado nos valores humanos e sociais; Realça a iniciativa individual; Liberdade para que as pessoas dirijam elas próprias as suas tarefas e para que satisfaça as suas necessidades de auto-realização; Possibilidade de a pessoa realizar a sua própria auto-avaliação do desempenho. Desvantagens da Teoria Y Alguns dos pressupostos da teoria y são irreais; Renovação de operários é mais difícil; Extremamente democrático, correndo o risco de se instituir uma anarquia dentro da própria organização. Apreciação Crítica da Teoria Comportamental A teoria comportamental apresenta algumas fragilidades, entre elas podemos citar: Ênfase nas pessoas; Abordagem mais descritiva e menos prescritiva; Profunda reformulação na filosofia administrativa; Dimensões bipolares da Teoria Comportamental; A relatividade das teorias de Motivação; Influencia das ciências do comportamento sobre a administração; A organização como um sistema de decisões; Análise organizacional a partir do comportamento; Visão tendenciosa. * a) Ênfase nas pessoas: Esta teoria falha pela «psicologização» de determinados aspectos organizacionais, como na Teoria das Decisões defendida por Simon, ao considerar os participantes em termos de racionais e não-racionais, eficientes e não-eficientes, satisfeitos e insatisfeitos. Este exagero é passível de críticas. b) Abordagem mais descritiva e menos prescritiva: Os behavioristas preocupam-se mais em descrever as características do comportamento organizacional do que construir modelos e princípios de aplicação prática. Nisso reside a dificuldade de aplicação desta teoria. c) Profunda reformação na filosofia administrativa: O antigo conceito de organização, baseado no esquema autocrático, coercitivo e de diferenciação de poder é bastante criticado, e , em contraposição a ele, os behavioristas mostram um novo conceito democrático e humano de “colaboração-consenso” e de “equalização de poder”. d) Dimensões bipolares da Teoria Comportamental: Os temas da Teoria Comportamental são abordados em dimensões bipolares. Analise teórica/empírica: o estudo do comportamento organizacional volta-se tanto para os aspectos empíricos como para aspectos teóricos. Há uma relação simbiótica entre essas duas abordagens: os dados empíricos não têm sentido sem um alinhamento teórico, enquanto a teoria não avança só com a abstracção. Análise macro/micro: ambas as perspectivas – macro (a unidade de análise é a organização) ou micro (a unidade de análise é a pessoa) – são úteis para a compreensão dos processos humanos e comportamentais nas organizações. Organização formal/informal: as organizações complexas são sistemas sociais previamente construídos. Envolvem uma organização formal, porque compreendem actividades e relações especificadas e definidas, como também envolvem um organização informal, porque compreendem actividades e relações não-especificadas nem antecipadamente definidas que ocorrem dentro e fora da organização formal. Análise cognitiva/afectiva: para a teoria comportamental, os fenómenos humanos na organização são compreendidos quando os comportamentos cognitivo-racionais são estudados em conjunto com os comportamentos afectivo-racionais. Se o quociente intelectual (QI) é importante, não menos importante é o quociente emocional (QE). e) A relatividade das teorias de Motivação: A teoria comportamental produziu teorias da motivação que influenciaram a teoria administrativa. As teorias de motivação de Maslow e Herzeberg são relativas e não absolutas. Pesquisas recentes mostraram resultados duvidosos à sua validade. f) Influencia das ciências do comportamento sobre a administração: A Teoria comportamental mostra a mais profunda influencia das ciências do comportamento na administração, seja através de novos conceitos sobre as pessoas e suas motivações ou sobre a organização e seus objectivos. g) A organização como um sistema de decisões: A criar e inovar, e isso exige virar o futuro e não os problemas que estão a acontecer no quotidiano. Criar condições inovadoras para um futuro melhor e não apenas corrigir o presente através da solução dos seus problemas actuais. h) Analise organizacional a partir do comportamento: A teoria comportamental analisa a organização sob o ponto de vista dinâmico do seu comportamento e está preocupada com o individuo. Porém, a analise organizacional varia conforme o autor Behaviorista. Visão tendenciosa: A teoria comportamental procura explicar o comportamento humano tal como os cientistas explicam os fenómenos da natureza. Embora mais descritiva do que prescritiva, ela derrapa ao enfatizar o que “é melhor” para as organizações e para as pessoas, como é o caso de organizar ou administrar as pessoas. Apreciação Crítica da Teoria Comportamental Sejam quais forem as críticas, a Teoria Comportamental deu novos rumos e dimensões à Teoria Geral da Administração, enriquecendo o seu conteúdo e a sua abordagem. Por essa razão, os seus conceitos são os mais populares de toda a teoria administrativa. Bibliografia LOUSÃ, Aires (2003). Organização e Gestão Empresarial: Cursos Tecnológicos e Profissionais, 11ºano. Porto Editora. CAMARA, Pedro B.; GUERRA, Paulo Balreira; RODRIGUES, Joaquim Vicente (2001). Humanator: Recursos Humanos & Sucesso Empresarial. 4ª Edição, Dom Quixote.
Compartilhar