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Crimes Contra a Fé Pública – Art. 297 ao 299
DIREITO PENAL PARTE ESPECIAL
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Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online
CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA – ART. 297 AO 299
FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO 
Art. 297. Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento 
público verdadeiro: 
Pena – reclusão, de dois a seis anos, e multa. 
§ 1º Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, 
aumenta-se a pena de sexta parte. 
§ 2º Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de en-
tidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de 
sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. 
§ 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: 
I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a 
fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de 
segurado obrigatório; 
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento 
que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa 
da que deveria ter sido escrita; 
III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as 
obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa 
da que deveria ter constado. 
§ 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 
3º, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do con-
trato de trabalho ou de prestação de serviços
CONDUTA 
Pune-se quem falsificar (contrafazer) documento público, ou alterar (modi-
ficar) documento público verdadeiro. 
A falsificação pode ser total, hipótese em que o documento é inteiramente 
criado, ou parcial, adicionando-se, nos espaços em branco da peça escrita, 
novos e relevantes elementos. 
A primeira é a formação integral do documento; na segunda, ele já existe, 
mas o agente acrescenta-lhe dizeres. Já na conduta alterar, o agente modifica 
documento público existente (e verdadeiro), substituindo ou alterando dizeres 
inerentes à própria essência do documento.
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CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
a) Documento formal e substancialmente público: emanado de agente público 
no exercício de suas funções e seu conteúdo diz respeito a questões inerentes 
ao interesse público (atos legislativos, executivos e judiciários);
b) Documento formalmente público, mas substancialmente privado: aqui, o 
interesse é de natureza privada, mas o documento é emanado de entes públicos 
(atos praticados por escrivães e tabeliães).
A prova da aptidão ilusória do documento se extrai da necessária perícia 
técnica. 
Já se tem decidido que a perícia é dispensável quando se trata de substi-
tuição de fotografias em carteira de identidade. A substituição de fotografia em 
documento público configura o delito em tela e a falsificação do documento pode 
anteceder outro crime, atuando como meio. 
De acordo com o STJ, responde em concurso material – artigo 69 do CP. 
Segundo o STF, o agente responde em concurso formal – artigo 70 do CP.
Súmula 17 do STJ: “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, 
é por este absorvido”. 
Súmula 545 do STJ: “A competência para processar e julgar o crime de uso de documento 
falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, 
não importando a qualificação do órgão expedidor”. 
Súmula 62 do STJ: “Compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação 
na carteira de trabalho e previdência social, atribuído a empresa privada”. 
Súmula 104 do STJ: “Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de 
falsificação e uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino”.
Súmula 107 do STJ: “Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de este-
lionato praticado mediante falsificação de guias de recolhimento das contribuições previdenci-
árias, quando não ocorra lesão à autarquia federal”. 
A falsificação de título de eleitor sem fins eleitorais não caracteriza crime elei-
toral; mas compete à Justiça Federal. 
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Atenção!
A falsificação de documento militar sem atentar contra a ordem administrativa 
militar é de competência da justiça comum.
FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR 
Art. 298. Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documen-
to particular verdadeiro: 
Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
FALSIFICAÇÃO DE CARTÃO 
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particu-
lar o cartão de crédito ou débito.
O conceito de documento particular se extrai por exclusão, isto é, todo aquele 
não compreendido como público ou equiparado a público; é a peça escrita con-
feccionada sem a intervenção de funcionário público. 
São documentos particulares os atos públicos nulos como tais, por serem 
feitos por oficiais incompetentes ou por não se revestirem das formalidades 
legais.
CONSUMAÇÃO 
Ocorre na contrafação total ou parcial, não havendo necessidade de o docu-
mento sair da esfera de poder do falsário. Todavia, somente poderá ser iniciada 
a ação penal se for exibido pelo agente ou com ele encontrado. 
Exemplo: se, após intentar a falsificação ou alteração, o falsário suprime o 
objeto material do delito, extingue-se a punibilidade pelo arrependimento eficaz.
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FALSIDADE IDEOLÓGICA 
Art. 299. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia 
constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser 
escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre 
fato juridicamente relevante: 
Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão 
de um a três anos, e multa, se o documento é particular. 
Parágrafo único. Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-
-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, 
aumenta-se a pena de sexta parte.
Trata-se de crime de ação múltipla, que prevê cinco formas de conduta: 
a. Omitir declaração: o agente ao confeccionar o documento deixa de men-
cionar informação que nele deveria constar (crime omissivo puro); 
b. Inserir declaração falsa: o agente introduz ideia falsa no documento que 
redige; 
c. Inserir declaração diversa da que deveria ser escrita: o agente substitui o 
conteúdo verdadeiro por outro que, embora contenha informações diversas, tem 
a mesma natureza; 
d. Fazer inserir declaração falsa: aqui a falsidade é mediata, pois o agente 
induz terceiro a inserir informação falsa no documento. Aquele que foi induzido 
pelo agente somente irá responder pela falsificação se tinha consciência do con-
teúdo inverídico da informação; 
e. Fazer inserir declaração diversa da que deveria constar: trata-se também 
de falsidade mediata, em que o agente induz terceiro a substituir uma informa-
ção verdadeira por outra da mesma natureza.
A simulação, estabelecida no Código Civil como causa de nulidade do negó-
cio jurídico, dá ensejo à falsidade ideológica.
A exemplo da falsidade material, a ideológica também deve ser apta a iludir; 
caso contrário, não se cogita o crime. Em regra, também inexiste o crime quando 
a falsa ideia recai sobre documento (público ou particular) cujo conteúdo está 
sujeito à fiscalização da autoridade. 
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ABUSO DO PAPEL EM BRANCO
Somente haverá falsidade ideológica quando o papel tiver sido confiado ao 
agente; se o agente se apossar do papel (à revelia do signatário), o crime é de 
falsidade material.
O STJ tem decidido reiteradamente que o ato de firmar declaração inverídica 
de pobreza para fins processuais não constitui falsidade ideológica. 
Nos termos do artigo 130 da LEP (Lei n. 7.210/1984), constitui o crime de fal-
sidade ideológica declarar ou atestar falsamente prestação de serviço para fim 
de instruir pedido de remição da pena. 
CONSUMAÇÃO 
Trata-se de crime formal, dispensando a ocorrência de dano efetivo, sendo 
suficiente a sua potencialidade lesiva; se o agente usa o documento, o crime 
previsto no artigo 304 do CP, fica absorvido; a tentativa é permitida apenas nas 
formas comissivas.
�����Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a 
aula preparada e ministrada pelo professor Bruno de Mello Matos Costa.

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