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Slides aula 16

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Direito Processual Penal 
 Ação Penal IV 
Princípios Informadores da Ação Penal 
Prof. M.Sc. Adriano Barbosa 
Delegado de Polícia Federal 
Doutrina referência para a nossa aula: 
• Guilherme NUCCI - Código de Processo Penal 
Comentado. 
• Norberto AVENA – Processo Penal Esquematizado. 
• Nestor TÁVORA – Curso de Direito Processo Penal. 
• Renato BRASILEIRO – Manual de Processo Penal. 
Princípios da Ação Pública 
 1) Obrigatoriedade - Legalidade processual 
- presentes os requisitos legais, o MP está 
obrigado a oferecer a acusação (denúncia) em prol 
do início da Ação Penal. 
 Assim, no âmbito dos crimes de ação penal 
pública incondicionada não tem cabimento juízo 
de conveniência ou oportunidade por parte do 
titular da AP. 
 Vide o que ordena o art. 24, CPP: 
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será 
promovida por denúncia do Ministério 
Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, 
de requisição do Ministro da Justiça, ou de 
representação do ofendido ou de quem tiver 
qualidade para representá-lo. 
 Na seara dos crimes de menor potencial ofensivo, 
sob os auspícios da lei 9099/1995 que instituiu os 
Juizados Especiais Criminais (JECRIM), há relativização 
deste princípio em relação aos crimes de ação penal 
pública. 
 
 Aqui há o Princípio da Obrigatoriedade Mitigada 
(discricionariedade regrada), existindo a possibilidade de 
Transação Penal e composição entre as partes. Vide art. 
76 da lei 9099/1995: 
 
ATENÇÃO 
 
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de 
crime de ação penal pública incondicionada, não 
sendo caso de arquivamento, o Ministério Público 
poderá propor a aplicação imediata de pena 
restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na 
proposta. 
(...) 
§4º Acolhendo a proposta do Ministério Público 
aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena 
restritiva de direitos ou multa, que não importará 
em reincidência, sendo registrada apenas para 
impedir novamente o mesmo benefício no prazo de 
cinco anos. 
 2) Indisponibilidade - Uma vez proposta a 
ação, o Ministério Público não pode dela dispor , 
cf. art. 42, CPP. Da mesma forma, não pode o MP 
desistir de recurso interposto , cf. art. 576, CPP. 
 Por óbvio, a acusação não é obrigada a 
interpor recurso, todavia, se o fizer, não poderá 
desistir do recurso manejado. 
Art. 42. O Ministério Público não poderá 
desistir da ação penal. 
 
Art. 576. O Ministério Público não poderá 
desistir de recurso que haja interposto. 
 Também no campo dos crimes de menor 
potencial ofensivo, há a relativização deste 
princípio em relação aos crimes de ação penal 
pública. 
 Aqui o princípio da indisponibilidade é 
mitigado pela possibilidade de Suspensão 
Condicional do Processo (sursis processual) em 
face da prática de infrações penais com pena 
mínima são superior a 1 ano. Vide art. 89 da lei 
9099/1995: 
 
ATENÇÃO 
 
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada 
for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não 
por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a 
denúncia, poderá propor a suspensão do processo, 
por dois a quatro anos, desde que o acusado não 
esteja sendo processado ou não tenha sido 
condenado por outro crime, presentes os demais 
requisitos que autorizariam a suspensão condicional 
da pena (art. 77 do Código Penal). 
 3) Oficialidade - a persecução criminal in 
juditio (Ação Penal), assim como a extra juditio 
(Inquérito Policial), está a cargo de um órgão 
oficial. Em juízo é o MP o órgão responsável, e na 
Investigação Criminal Policial é a Polícia Judiciária 
através do Delegado de Polícia. 
 
 4) Autoritariedade – o titular da ação penal é 
uma autoridade pública, sendo membro do MP. 
 5) Oficiosidade - a ação penal pública 
incondicionada não demanda autorização para ser 
instaurar-se, devendo o Ministério Público atuar ex 
officio. 
 
 6) Da indivisibilidade - a ação penal deve 
estender-se a todos aqueles que praticaram a 
infração criminal. Assim, o MP tem o dever de 
ofertar a denúncia em face de todos os envolvidos. 
 7) Intranscendência - Pessoalidade - a ação 
penal só há de ser proposta em face de quem se 
imputa a prática de uma infração penal. Logo, a 
ação penal não pode alcançar terceiros que não 
tenham concorrido de alguma forma para o 
cometimento da infração objeto da persecução 
criminal. Vide art. 29, CP. 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre 
para o crime incide nas penas a este 
cominadas, na medida de sua culpabilidade. 
 
Princípios da Ação Privada 
1) Oportunidade – Conveniência - é 
facultado à vítima decidir entre ofertar ou não a 
ação (Querela), sendo ela a titular do direito de 
ação. 
 
Assim, o exercício da ação penal privada é de 
pura conveniência do ofendido, exercendo a ação 
apenas e tão somente se o desejar. 
 Se a vítima ou se representante legal não 
exerce o seu direito de ação, na seara dos crimes 
de ação penal privada, deixando transcorrer o 
tempo por 6 seis meses, ascende neste cenário a 
decadência. 
 De outro lado, pode também a vítima 
renunciar ao seu direito de ação direito de forma 
expressa ou tácita. 
 Vide os arts. 38, 49, 50 e 57, CPP. 
 
ATENÇÃO 
 
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o 
ofendido, ou seu representante legal, decairá 
no direito de queixa ou de representação, se 
não o exercer dentro do prazo de seis meses, 
contado do dia em que vier a saber quem é o 
autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia 
em que se esgotar o prazo para o oferecimento 
da denúncia. 
Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de 
queixa, em relação a um dos autores do crime, 
a todos se estenderá. 
 
Art. 50. A renúncia expressa constará de 
declaração assinada pelo ofendido, por seu 
representante legal ou procurador com poderes 
especiais. 
 
Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito 
admitirão todos os meios de prova. 
2) Disponibilidade - Uma vez exercida a 
ação penal, poderá o querelante desistir desta, 
seja perdoando o acusado, seja pelo advento da 
perempção. Vide os arts. 51, 58, 60, CPP: 
Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará 
a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o 
recusar. 
 
Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa 
nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de três 
dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de 
que o seu silêncio importará aceitação. 
Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a 
punibilidade. 
 
Art. 59. A aceitação do perdão fora do processo constará de 
declaração assinada pelo querelado, por seu representante 
legal ou procurador com poderes especiais. 
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante 
queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: 
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o 
andamento do processo durante 30 dias seguidos; 
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua 
incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no 
processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das 
pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 
36; 
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo 
justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar 
presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas 
alegações finais; 
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se 
extinguir sem deixar sucessor. 
 Não se pode olvidar que a renúncia é um ato 
unilateral da vítima ao passo que o perdão é um 
ato bilateral. 
 A bilateralidade do perdão se justifica pela 
possibilidade do réu desejar provar a sua 
inocência, objetivando que o processo evolua, para 
sagrar-se absolvido 
 
ATENÇÃO 
 
 3) Indivisibilidade – Deve o Querelante ao 
optar pelo processamento dos autores da 
infração, fazê-lo em detrimento de todos os 
envolvidos. Ou seja, ou a ação penal é contra 
todos, ou é contra ninguém. 
 Neste contexto o MP atua como custoslegis, 
zelando pelo Princípio da Indivisibilidade. 
 Vide arts. 48 e 49, CPP: 
 
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores 
do crime obrigará ao processo de todos, e o 
Ministério Público velará pela sua 
indivisibilidade. 
 
Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de 
queixa, em relação a um dos autores do crime, 
a todos se estenderá. 
4) Intranscendência - Pessoalidade - a Ação 
penal só há de ser proposta em face de quem se 
imputa a prática de uma infração penal. Logo, a 
Ação penal não pode alcançar terceiros que não 
tenham concorrido de alguma forma para o 
cometimento da infração objeto da persecução 
criminal. Vide art. 29, CP. 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre 
para o crime incide nas penas a este 
cominadas, na medida de sua culpabilidade.

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