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QUESTÃO SOCIAL, POBREZA E DESIGUALDADE SOCIAL AULA 05 DEFINIÇÃO – CONCEPÇÃO MARXISTA Com a apropriação da força de trabalho (e por isso da riqueza) pela classe que possui os meios de produção, ocorre uma desigualdade intrínseca ao capitalismo, essa desigualdade surge a partir do pauperismo de um determinado grupo. Categorizamos essa desigualdade social, econômica e política como QUESTÃO SOCIAL. QUESTÃO SOCIAL – 1920 e 1930 Em sua gênese, a mesma era trata como “problema” social, individual e moral. Era tratada a partir do binômio caridade/repressão. QUESTÃO SOCIAL – 1920 e 1930 • O surgimento da mesma está relacionado a generalização do trabalho livre numa sociedade em que a escravidão marca profundamente seu passado recente. • Essa reprodução da força de trabalho ocorre sem uma transição clássica, ou seja, sem revolução. • As condições de trabalho eram subumanas e selvagens, uma exploração abusiva com atenuantes cargas horárias de trabalho e sem nenhuma regulamentação. • As lutas sociais da classe trabalhadora, portanto, colocam na “cena pública” as desigualdades, solicitando atenção e regulação. QUESTÃO SOCIAL – 1920 e 1930 • A partir das lutas sociais, a questão social é colocada na cena pública e surgem as primeiras Leis Sociais, desnaturalizando assim os chamados “problemas sociais”. “(...) a questão social deixa de ser apenas a contradição Entre abençoados e desabençoados (...) para constituir-se, essencialmente, na contradição antagônica entre burguesia e proletariado” (p. 127) Questão Social é igual a pobreza? NÃO! O novo fenômeno então presente na sociedade é diferente dos simples problemas sociais até então existentes. De certo, ao longo da história, teve pobreza, mas essa pobreza se dava mais precisamente pela escassez. Questão Social é igual a pobreza? Porém, a pobreza dessa conjuntura se dá em meio a abundância, se produz riqueza na mesma proporção e porque se produz uma ampla pobreza. A “questão social” se tratava de um fenômeno novo, sem precedentes na história anterior conhecida, pobres e ricos que “sempre” existiram, mas era radicalmente nova a dinâmica da pobreza que então se generalizava, se trata assim do pauperismo. Questão Social é igual a pobreza? Pela primeira vez na história até então registrada, a pobreza se dava na mesma proporção da produção de riqueza. Antigamente a pobreza se dava pelo quadro geral da escassez e pelo baixo desenvolvimento das forças produtivas, agora ela se mostrava generalizada em meio ao avanço da capacidade produtiva de riqueza, na mesma proporção que se gerava riqueza, se tinha de um outro lado, apoiada pela pobreza da maioria. (NETTO, 2006) QUESTÃO SOCIAL – CAPITALISMO O que é preciso destacar é que você precisa relacionar sempre a questão social à sociedade capitalista, certo? Não existe um sem o outro. E ela existe na mesma proporção em que existe riqueza, sendo essa riqueza apropriada por uma minoria, enquanto a maioria é explorada e alienada do fruto de seu trabalho. QUESTÃO SOCIAL – ALÉM DA POBREZA ATENÇÃO! O fato se ocorrer essa desigualdade no acesso à riqueza, não é suficiente para determinar a questão social, é também preciso que politicamente se “reclame” essa riqueza. Com isso, vem a outra dimensão da questão social, que é a dimensão política, quando a classe trabalhadora, a partir da luta de classe, se afirma politicamente. Lembre-se sempre, questão social e sua ligação com a CONTRADIÇÃO CAPITAL X TRABALHO, contradição econômica, mas também política. QUESTÃO SOCIAL – REBELDIA - POLÍTICA Iamamoto afirma: “A ‘questão social’ sendo desigualdade é, também, rebeldia, pois os sujeitos sociais, ao vivenciarem as desigualdades, a elas também resistem e expressam seu inconformismo. É nesta tensão entre produção de desigualdade, de rebeldia e da resistência que trabalham os assistentes sociais, situados nesse terreno movido por interesses sociais distintos, os quais não é possível abstrair – ou deles fugir – porque pertencem a trama da vida em sociedade”. QUESTÃO SOCIAL – A GÊNESE DO SERVIÇO SOCIAL A questão social é considerada a matéria do Serviço Social, ou seja o Serviço Social só surge na sociedade capitalista devido a existência da questão social. No Brasil, emerge no início do século XX, com intervenção da Igreja Católica, do Estado e do Mercado nos “problemas sociais”. QUESTÃO SOCIAL “A questão social não é senão as expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção mais além da caridade e repressão”. (CARVALHO e IAMAMOTO, 1983, p. 77) QUESTÃO SOCIAL Conforme Cerqueira Filho (1982, p. 21): Por ‘questão social’, no sentido universal do termo, queremos significar o conjunto de problemas políticos, sociais e econômicos que o surgimento da classe operária impôs no mundo no curso da constituição da sociedade capitalista. Assim, a ‘questão social’ está fundamentalmente vinculada ao conflito entre capital e o trabalho. CUIDADO COM A PEGADINHA Você precisa saber que há um debate recente (e está ligado ao processo de reestruturação produtiva) que diz que existe uma “nova” questão social. Teoricamente, o marxismo e o pensamento hegemônico do serviço social discorda disso. Porque o seguinte: afirmar que há uma “nova questão social” significa afirmar que o capitalismo e a exploração do trabalho foi superada. Entendemos assim, que existe NOVAS expressões da QUESTÃO SOCIAL. CUIDADO COM A PEGADINHA Enquanto houver capitalismo, haverá “questão social”. Conforme Netto: “O desenvolvimento capitalista produz compulsoriamente a questão social – diferentes estágios capitalistas produzem diferentes manifestações da questão social. Esta não é um sequela adjetiva e transitória do regime do capital: sua existência e suas manifestações são indissociáveis da dinâmica específica do capital tornado potência social dominante. A “questão social é constitutiva do desenvolvimento do capitalismo. Não se suprime a primeira, conservando-se a segunda”. NOVAS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL • DESREGULAMENTAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS • INTENSIFICAÇÃO DA EXPLORAÇÃO • CORROSÃO DOS DIREITOS • ACHATAMENTO DOS SALÁRIOS • SUBEMPREGO • DESEMPREGO ESTRUTURAL AFINAL, o que é pobreza? Existe várias concepções de pobreza, ela é, digamos uma expressão direta da questão social. “É uma categoria multidimensional, e, portanto, não se caracteriza apenas pelo não acesso a bens, mas é categoria política que se traduz pela carência de direitos, de oportunidades, de informações, de possibilidades e de esperanças” POBREZA - CONCEPÇÕES Do ponto de vista conceitual as abordagens sobre a pobreza podem ser construídas de diversas formas: 1) a partir de diferentes fundamentos teórico metodológicos: positivistas (funcionalistas, estruturalistas) marxistas; 2) do ponto de vista do desenvolvimento histórico social e político da sociedade capitalista: do Estado liberal (prevalência do mercado) ao Estado social (diretos sociais); 3) do ponto de vista da definição de indicadores, as medidas da pobreza podem ser monetárias, quando utilizam a renda como principal determinante da linha de pobreza e podem recorrer a indicadores multidimensionais... POBREZA - CONCEPÇÕES Entre as abordagens multidimensionais destaca-se o pensamento de Amartya Sen, que enfoca a pobreza não apenas como baixo nível de renda, mas como privação de capacidades básicas, o que envolve acesso a bens e serviços. Para ele, o desenvolvimento seria resultado não apenas do crescimento econômico, mas “na eliminação das privações de liberdade e na criação de oportunidades” (Sen, 2000, p. 10). POBREZA - CONCEPÇÕES Embora a renda se configurecomo elemento essencial para a identificação da pobreza, o acesso a bens, recursos e serviços sociais, ao lado de outros meios complementares de sobrevivência, precisa ser considerado para definir situações de pobreza. BRASIL – POBREZA MARCA CONSTITUTIVA Expropriação da riqueza nacional pelas nações imperialistas, somados a uma cultura escravocrata e autoritária tornam o Brasil um país que historicamente teve suas marcas na pobreza relativa e absoluta. BRASIL – POBREZA MARCA CONSTITUTIVA Nos anos 1980 (a década perdida para a Cepal), a pobreza vai se converter em tema central na agenda social, quer por sua crescente visibilidade, pois a década deixou um aumento considerável do número absoluto de pobres, quer pelas pressões de democratização que caracterizaram a transição. Tratava-se de uma conjuntura econômica dramática, dominada pela distância entre minorias abastadas e massas miseráveis. Permanecem as antinomias entre pobreza e cidadania. BRASIL – POBREZA MARCA CONSTITUTIVA A década de 1980 foi dominada pelo crescimento da pobreza e da desigualdade social no país, que vê ampliar sua situação de endividamento, que cresce 61% nos anos 1980) BRASIL – 1990 Na década de 1990 a somatória de extorsões que configurou um novo perfil para a questão social brasileira, particularmente pela via da vulnerabilização do trabalho, conviveu com a erosão do sistema público de proteção social. -> Neoliberalismo e privatizações BRASIL – 1990 Governo com atenção mínima para a chamada agenda social. Essas ações conjugavam serviços sociais e transferências monetárias, com destaque para a expansão do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil — Peti, criado em 1996, para o Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Educação — Bolsa-Escola, o Programa Bolsa Alimentação, o Agente Jovem e um pouco mais tarde o Auxílio Gás (2002). BRASIL – 2000 Com o governo Lula (2003-06) a questão social, e particularmente o enfrentamento da pobreza, passa a ser alvo de novas abordagens. O combate à fome e à miséria, expresso no início do primeiro governo Lula. BRASIL – 2000 Ainda em 2003 o “Cartão Alimentação” foi unificado ao Programa Bolsa Família, o que significou um importante passo na busca de articulação do sistema protetivo no país. O Programa Bolsa Família (20/10/2003) resultou da unificação de quatro programas federais: Bolsa Escola, BolsaAlimentação, Vale Gás e Cartão Alimentação. Apresentou como objetivos: a) Combater a fome, a pobreza e as desigualdades b) Promover a inclusão social BRASIL – 2000 O foco desses anos era o combate a miséria, o país saiu do mapa da fome. -> CENTRALIDADE NOS PROGRAMAS DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA PERÍODO NEODESENVOLVIMENTISTA BRASIL – 2010... Com as contrarreformas do Estado, volta-se ao ataque do “estado social” com base na perspectiva neoliberal de minimização e redução do Estado. -> CRÍTICA AOS PROGRAMAS DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA E CORTE NOS BENEFÍCIOS -> PROGRAMAS COM CARÁTER MAIS CARITATIVO, EXEMPLO PROGRAMA CRIANÇA FELIZ.
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