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OS DESAFIOS E SUAS POSSÍVEIS SOLUÇÕES NO ENSINO DA LÍNGUA INGLESA NO 1º ANO DO ENSINO MÉDIO Ravena de Melo Bezerra1 Márcia Pereira da Veiga Bucheb2 RESUMO O presente trabalho visa fazer uma análise dos desafios apresentados no ensino da Língua Inglesa durante a transição de alunos vindos do 9º ano no Ensino Fundamental II para a 1º série do Ensino Médio em escolas públicas, bem como as possíveis soluções destes obstáculos. Considerando-se que no século atual é de extrema importância o aprender do inglês como uma segunda língua para o desenvolvimento pessoal e profissional dos indivíduos, preparando-os e dando oportunidades de trabalho, além de ser uma competência importante e exigida para a inclusão social do aluno, ante ao mundo globalizado do século XXI. O artigo destaca ainda soluções possíveis para a resolução de problemas apresentados durante o ensino de uma língua estrangeira no Ensino Médio com base em pesquisas recentes. Sendo assim, é importante a reflexão e a participação da sociedade em um todo para apresentar políticas públicas de melhorias na educação básica. Palavras-Chave: Análise. Língua Inglesa. Ensino Médio. Reflexão. Políticas Públicas. ABSTRACT This work aims to analyze the challenges presented in the teaching of the English language during the transition of students from the 9th grade of Elementary School II to the 1st grade of High School in public schools, as well as the possible solutions to these obstacles. Whereas in the current century, learning English as a second language is extremely important for the personal and professional development of individuals, preparing them and offering job opportunities, in addition to being an important and necessary competence for the students’ social inclusion, before the globalized world of the 21st century. The article also highlights possible solutions for solving problems presented during the teaching of a foreign language in high school based on recent research. Therefore, it is important to reflect and participate in society as a whole to present public policies for improvements in basic education. Keywords: Analysis. English language. High school. Reflection. Public policies. 1 Aluna concluinte do curso de Licenciatura em Letras – Inglês da Universidade Estácio de Sá. 2 Professor (a) Orientador (a) do artigo da Universidade Estácio de Sá. 1. INTRODUÇÃO O ensino do inglês nas escolas públicas vive com grandes desafios que parecem sem soluções ou perspectivas para professores de língua inglesa. Escolas sem estruturas físicas adequadas, salas superlotadas, material didático precário, falta de professores fluentes e/ou capacitados na língua, a pouca carga horária na disciplina e os problemas sociais da comunidade escolar como o preconceito com a língua, a desmotivação, a pobreza e a falta de perspectiva pessoal e profissional, são apenas alguns dos principais problemas aqui a serem apresentados das escolas públicas brasileiras na hora de se ensinar uma língua estrangeira. É sabido que a Língua Inglesa é um grande diferencial na vida do indivíduo, visto que é através de uma língua franca, globalizada, que a pessoa passa a ter acesso à outras culturas, conhecimento de mundo, socialização a nível global, além de acesso ao mercado de trabalho mais exigente, que necessita de pessoas capacitadas para exerceres funções em que utiliza-se da língua inglesa para alcançar mais pessoas. O domínio da língua inglesa não é só um privilégio de poucos, é uma necessidade básica para o indivíduo que, no mundo globalizado, está cercado de palavras e expressões em inglês, faladas por todas as classes da população, do pobre ao rico, da criança ao senhor de idade, do estudante ao trabalhador. A necessidade de aprender a língua inglesa tem se justificado por razoes que vão de status à real exigência de dialogar com um mundo sem fronteiras. O rápido processo de globalização tem exigido que as pessoas se qualifiquem e se preparem para acompanhar a evolução deste mundo, que vem se desenvolvendo a passos largos e que tem alcançado um patamar de sofisticação nunca visto na historia da humanidade. A aprendizagem da língua estrangeira, principalmente da língua inglesa, passa a ser uma exigência para que as pessoas possam lidar com essa rápida evolução e com esse crescente desenvolvimento. (LIMA, 2009, p. 9) É perceptível que alunos que ingressam do 9º ano do Fundamental para as classes de Ensino Médio, têm grandes dificuldades em leitura, escrita e interpretação de textos. Isto se agrava ainda mais na disciplina de Língua Inglesa, quando estes alunos apenas “aprenderam” o verbo To Be. O Ensino Médio, sendo uma etapa científica, acaba por exigir mais dos seus alunos e professores quanto à interpretação de textos e a utilização de um vocabulário mais apurado. De acordo com a BNCC (2018, p. 241): Aprender a língua inglesa propicia a criação de novas formas de engajamento e participação dos alunos em um mundo social cada vez mais globalizado e plural, em que as fronteiras entre países e interesses pessoais, locais, regionais, nacionais e transnacionais estão cada vez mais difusas e contraditórias. Assim, o estudo da língua inglesa pode possibilitar a todos o acesso aos saberes linguísticos necessários para engajamento e participação, contribuindo para o agenciamento crítico dos estudantes e para o exercício da cidadania ativa, além de ampliar as possibilidades de interação e mobilidade, abrindo novos percursos de construção de conhecimentos e de continuidade nos estudos. É esse caráter formativo que inscreve a aprendizagem de inglês em uma perspectiva de educação linguística, consciente e crítica, na qual as dimensões pedagógicas e políticas estão intrinsecamente ligadas. É nesta visão que o aluno do Curso de Letras em Inglês deve buscar a renovação das ideias e o conhecimento científico para um bom aproveitamento da experiência acadêmica, e posteriormente, utilizá-la no trabalho docente, contribuindo assim, para uma educação significativa na vida do indivíduo. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo analisar quais os principais desafios apresentados pelos professores de inglês no momento de se ensinar uma língua estrangeira nas escolas públicas brasileira, bem como também apresentar possíveis soluções para a resolução dos problemas de aprendizagem dos alunos ao ingressarem no Ensino Médio. A fundamentação teórica deste artigo é baseada na BNCC (2018), PCN (1997), (2000), BRITISH COUNCIL (2015), (2019), LIMA (2019), PIAGET (1995), LIBÂNEO (2014), entre outros autores aqui abordados. Portanto, é através de políticas públicas e da conscientização da comunidade escolar que, o ensino da língua inglesa será mais acessível e valorizado, sendo que este é importante para a sociedade em um todo, tornando-se necessária tanto no mundo acadêmico como profissional do indivíduo. 2. A TRANSIÇÃO E O ENSINO DO INGLÊS PARA ALUNOS DA 1º SÉRIE DO ENSINO MÉDIO EM ESCOLAS PÚBLICAS 2.1 OS DESAFIOS NA TRANSIÇÃO DE ALUNOS DO 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL II PARA A 1º SÉRIE DO ENSINO MÉDIO A etapa de transição de alunos do 9º ano do Ensino Fundamental II para a 1º série do Ensino Médio é importante para a vida acadêmica do aluno. Nesta etapa surgem diversas dúvidas e tensões em relação às mudanças de escola, colegas, professores, disciplinas, modos de pesquisas e questionamentos existenciais durante a entrada na adolescência. Nas pesquisas do Censo Escolar dos últimos 10 anos foram comprovados que jovens da 1º série do Ensino Médio repetem ou abandonam a escola, fazendo dessa etapa do ensino a maior em reprovação e evasão escolar no Brasil. Isso se dá por inúmeros fatores, entre eles: a falta de estímulos, a necessidade de trabalhar, a dificuldade em aprender novas disciplinas, gravidez na adolescência,entre outros. No inicio do ano letivo em escolas do Ensino Médio, há o processo de ambientação que dura cerca de dois meses. Esse tempo é necessário para que o aluno passe a conhecer seus novos colegas e professores. No primeiro bimestre é necessário se fazer uma integração, que servirá de diagnóstico do nivelamento dos alunos e quais conteúdos foram aprendidos no Ensino Fundamental. Isto é importante porque a coordenação e professores devem revisar conteúdos já estudados pelos alunos para poderem introduzir um novo conteúdo. No ensino do inglês, esta etapa se torna desafiadora em relação aos novos conteúdos a serem abordados, que acabam exigindo competências e habilidades que deveriam ter sido adquiridas durante todo o Ensino Fundamental, exigidas pela nova BNCC. Por muitas vezes, as aulas tornam-se repetitivas, quando parte dos professores de inglês identificam que os alunos não sabem quase nada do idioma. Os alunos apenas estudaram a gramática básica, focada no verbo To Be e em vocabulários básicos. Quanto à interpretação de textos, speaking e o listening, a maior parte dos alunos tiveram poucas, ou quase nenhuma aula. Outro ponto a ser analisado, é a maturidade dos alunos. Estes estão em transição para a adolescência onde há mudanças físicas, hormonais e emocionais, que podem interferir no estudo e comportamento do aluno em sala de aula. Na adolescência o aluno tende a ficar mais preguiçoso e distraído, onde muitos têm o sentimento de mais liberdade, onde são menos cobrados por parte dos professores para o desenvolvimento do aprendizado. Já em relação à família, os adolescentes são cobrados a todo o momento para a procura de emprego para ajudar no sustento e nas despesas de toda família. A falta de empatia e o distanciamento dos professores do Ensino Médio também é outro detalhe a ser destacado. Os alunos vindos do Ensino Fundamental estão há 9 anos recebendo mais atenção dos seus professores, dos gestores da escola e da família. A partir da entrada do Ensino Médio isso muda. Os professores tendem a serem mais distantes, deixando os alunos por conta própria, com a preocupação apenas de passar os conteúdos e os trabalhos. A gestão busca somente o desempenho e notas altas dos alunos, não levando em conta a qualidade, a socialização ou autonomia de construção do próprio conhecimento por parte dos alunos. Os alunos também vêm com a cultura da antiga escola, em que não podem ser reprovados de ano, tendo várias oportunidades de refazer o trabalho até que se alcance a nota média para que se conclua o ano letivo. Eles também trazem a famosa “cola” como fonte de solução para conteúdos que não entenderam ou em que não se dedicaram a estudar. Todas essas dificuldades são perceptíveis quando o aluno ao se deparar com os novos conteúdos percebem que não estão preparados para este novo nível da educação básica. Os professores também acabam sofrendo durante este processo, pois tem que seguir o conteúdo proposto e exigido para o nível médio, além de tentar adaptar os livros didáticos à realidade local e a heterogeneidade entre os alunos de escola pública. 2.2 O ENSINO DO INGLÊS NA 1º SÉRIE DO ENSINO MÉDIO: ESPECTATIVA X REALIDADE É na entrada do Ensino Médio que o aluno, vindo do Ensino Fundamental II, vai passar por sua maior dificuldade em absolver os conteúdos apresentados durantes as aulas. Esta situação também reflete nos professores do Ensino Médio na hora de ensinar. Como analisado no tópico anterior deste trabalho, no momento da transição dos alunos para a 1º série, os professores acabam por dar de frete com alunos com baixa compreensão em conteúdos básicos, incapaz de produzir ou interpretar textos, desestimulados, receosos quanto às novas disciplinas, e sem expectativas para com o futuro acadêmico. Grande parte desta culpa, infelizmente, está na cultura da educação brasileira que é ainda muito tradicional e atrasada. Os professores da rede pública, principalmente os concursados mais antigos, ainda trabalham com a “educação bancaria” onde o aluno é apenas um receptor da informação e o professor o que transmite a informação como única e verdadeira, sem que o aluno possa ter autonomia na construção do próprio conhecimento. Além de não buscarem por novas metodologias, conteúdo atualizado ou interação com o aluno. Logo quando estes estudantes iniciam na 1º série do Ensino Médio, eles não tem esclarecimentos quanto à nova fase em que estão entrando. No Ensino Médio, por ser científico, os alunos devem trabalhar de forma que busquem o conhecimento, pesquisem, sejam protagonistas, sempre procurando o conhecimento e a educação reflexiva como forma de libertação da educação tradicional e opressora. As escolas de nível médio, mantidas pelo governo estadual, são em sua maioria, abandonas pelo poder público. Estas não têm professores suficientes em nenhuma disciplina, fazendo com que alunos fiquem prejudicados durante o ano letivo por falta de aula em várias disciplinas. Também há a falta de material didático, merenda escolar e infraestrutura adequada. Todos esses problemas interferem na hora de ensinar, quanto de aprender, pois sem aulas, os alunos ficam atrasados ou deficientes em várias disciplinas. Sem material didático, não há como o professor ou o aluno trabalhar em sala de aula parte do conteúdo. A falta de merenda escolar também é outro ponto que afeta na aprendizagem e na concentração nas aulas, já que uma parte dos alunos de escola pública, vão com fome para a escola, e estes tendo alimentação limitada em casa, e acaba que é na escola que fazem uma das suas refeições principais. As novas tecnologias, que deveriam facilitar no ensino-aprendizagem, acabam se tornando ferramentas de distração e do chamado “copia e cola”, onde o aluno acaba utilizando da Internet apenas como reprodutor de conteúdo, sem se esforçar para pesquisar as fontes ou aprender o conteúdo passado em sala de aula. Com as tecnologias em rápido crescimento e evolução, deveriam ser mais aproveitadas e valorizadas dentro da sala de aula, utilizando na iniciação científica. Os professores de inglês podem pedir para alunos utilizarem aplicativos gratuitos de tradução, de videochamada, de mensagens, entre outros, para complementar as aulas de inglês de forma que o aluno coloque a “mão na massa” e possa construir o seu próprio conhecimento. É uma ótima oportunidade, pois o aluno pode utilizar a internet para pesquisar um tema de seu interesse, procurar textos em inglês, adquirir vocabulário do assunto a ser apresentado, e assim compartilhar com os colegas. Já se foi a era em que os professores ensinavam aos seus alunos de uma forma de ensino sistemática baseada em conceitos e ideias de séculos passados, não adaptadas a realidade atual nem utilizando de ferramentas de necessidade do cotidiano do século XXI. A má utilização das tecnologias com metodologias defasadas atrapalham, ao invés de auxiliar no ensino. BEZERRA; TAVARES; CARNEIRO; FARIAS (org.) (2017, p. 287). Portanto, o professor de inglês, como mestre em sala de aula, deve guiar seus alunos para a descoberta do conhecimento, incentivando-os a todo tempo, aumentando a sua fome de informação, deixar surgir no aluno o desejo de fazer parte do mundo, e o mundo fazer parte da sua realidade. Ter autonomia e construir o seu conhecimento, utilizando-se de métodos científicos, sem deixar de vivenciar a interação com sociedade, mas fazer parte dela por meio da educação inclusiva. 2.3 A NOVA BNCC E O QUE MUDA NO ENSINO DA LÍNGUA INGLESA NO ENSINO MÉDIO Há anos o Brasil vem enfrentando dificuldades para elevar o baixo nível de qualidade na educação básica. Em todas as etapas de ensino, vemos a falta de investimentos mínimos necessários, a falta de capacitação dos professores, a estrutura escolar precária e a falta de cultura brasileira quanto à importância da educação parao indivíduo. Recentemente, um estudo do British Council (2015), (2019), nos mostra que grande parte da rede pública de todos os estados brasileiros, tem uma realidade bem longe do ideal para o ensino da língua inglesa. Neste levantamento feito entre 2015 a 2017 com dados do censo escolar feito pelo INEP, apresenta grande defasagem nas escolas públicas brasileiras, onde os principais obstáculos foram: burocracia em excesso, os baixos salários, a falta de formação continuada, sobrecarga de horas de docência, salas de aulas lotadas, material didático precário, falta de tempo para planejamento das aulas, entre outros. Estes dados também corroboram com outra pesquisa que coloca o Brasil na 59º posição do ranking de 100 países avaliados sobre proficiência, segundo uma pesquisa da EF Education First (2019). Para fazermos uma análise mais profunda sobre este quadro na educação brasileira, antes precisamos entender melhor o processo histórico do ensino do inglês no Brasil, e saber como funcionam as leis e regulamentações no país. O ensino do inglês no Brasil é regulamentado por diversas instancias, entre estas, há duas principais que articulam normas para a educação básica: a esfera Federal e as esferas Estaduais e Municipais. A esfera Federal é regida pela Constituição Federal pela Lei de Diretrizes e Bases, e por Parâmetros Curriculares Nacionais, as famosas PCNs. Dentro das atribuições, a Constituição Federal apesar de garantir o acesso à educação, universalizando o Ensino Básico no nosso país, ela não regula a sua oferta. Cabe esta função a LDB, a Lei de Diretrizes e Bases, que regula e estrutura a educação no Brasil, desde a sua ultima versão no ano de 1996. Com isso, a LDB define os papeis da União, Estados e Municípios sobre quais as suas responsabilidades na oferta do ensino. A esfera Federal também, através do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD), regula a oferta de materiais didáticos a todas as escolas públicas do Brasil. A língua Inglesa está contemplada no PNLD desde o ano de 2011. Já os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) são diretrizes federais que orientam as secretarias estaduais e municipais, orientando e indicando os conteúdos a serem ofertados em cada disciplina e em cada ano letivo. Apesar disso, até o ano de 2018 não havia lei, nem diretriz em que determinasse a obrigatoriedade do ensino da Língua Inglesa. Entretanto, a LDB já determinava o ensino de, ao menos, uma língua estrangeira no Ensino Fundamental II ou Ensino Médio, mas isso ficava a cargo das Secretarias de Educação dos Estados ou dos Municípios, que definiam qual língua estrangeira seria ensinada. As esferas Estaduais e Municipais são pelas secretarias de Educação das mesmas. Estas têm autonomia para decidir o idioma ofertado, o número de aulas semanais, a duração, grade curricular e que habilidades devem ser trabalhadas com os alunos em sala de aula, desde que obedeçam aos PCNs e a LDB. Esse quadro mudou com a aprovação da nova BNCC em dezembro de 2018, em que estabeleceu o prazo de implementação de novas regras, já a partir do ano letivo de 2020. A BNCC teve como sua principal inspiração os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e Plano Nacional de Educação (PNE). Seu diferencial são pareceres mais claros e específicos, direcionando e regulamentando o que deve ser ensinado em todas as escolas do Brasil, tanto da rede pública, como também da rede privada. Este definiu os mesmos conteúdos mínimos em que os alunos deverão aprender em sala de aula, com objetivos importantes a serem alcançados em cada etapa do ensino básico. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE). (BRASIL, 2018, p. 07). Com a reforma do Ensino Médio, o estudo da Língua Inglesa passa a ser obrigatório, de acordo com a LDB, Art. 35-A § 4º, além disso, “continua a ser compreendida como língua de caráter global – pela multiplicidade e variedade de usos, usuários e funções na contemporaneidade –, assumindo seu viés de língua franca, como definido na BNCC do Ensino Fundamental – Anos Finais.” Segundo a BNCC (2018, p. 484). Com isso, o inglês passou de língua estrangeira (nos PCNs) para ser língua franca (com a BNCC). A partir de agora, o inglês deve colaborar para desenvolver novas competências, não delimitando como era antes de apenas a ler, interpretar, escrever e resolver problemas. Com a nova base, os novos eixos incluíram no ensino-aprendizagem a oralidade, conhecimentos linguísticos e dimensão cultural. Dentro da sala de aula o ensino do inglês deve ser ampliado, envolvendo práticas da fala com a produção oral e a compreensão na escuta. Na parte da leitura e escrita, esta deve abordar a produção de textos que envolvam a interação do leitor com o texto. Nos conhecimentos linguísticos, o professor e o aluno devem analisar e refletir de modo contextualizado, através das praticas listening, speaking, reading e writing. Todos estes interligados com a dimensão cultural, que deve ser tema em sala de aula, visando o processo de interação e compreensão das culturas contemporâneas e em constante transformação. Na pratica, crianças e jovens terão contato com o inglês real. O ensino do inglês mudará, abordando novas praticas e formas de serem trabalhadas entre professor e aluno, na construção de novos significados, na compreensão e interpretação da língua inglesa em vários gêneros e esferas sociais. Com isso, o inglês é legitimado pela BNCC como ferramenta para o exercício da cidadania ampliando e possibilitando o acesso e a interação ao mundo globalizado. A BNCC torna-se importante, pois é esta que será um guia para a educação brasileira chegar ao tão desejado alto nível de qualidade da educação, sendo um dos grandes problemas enfrentados há décadas pelo Brasil. A partir desta nova normatização, será possível investigar e analisar de forma mais eficaz o problema da baixa qualidade da educação brasileira, bem como poder criar estratégias para serem executadas durante as intervenções no ensino básico. Nesse sentido, espera-se que a BNCC ajude a superar a fragmentação das políticas educacionais, enseje o fortalecimento do regime de colaboração entre as três esferas de governo e seja balizadora da qualidade da educação. Assim, para além da garantia de acesso e permanência na escola, é necessário que sistemas, redes e escolas garantam um patamar comum de aprendizagens a todos os estudantes, tarefa para a qual a BNCC é instrumento fundamental. (BRASIL, 2018, p. 08). Sendo assim, fica esclarecido que com a nova BNCC, a educação no Brasil passar a enxergar um novo patamar a ser alcançado, com objetivos concretos e claros a ser executado em todas as etapas do ensino, além de padronizar os conteúdos mínimos que devem ser aprendidos na educação básica, o que é importante para um país tão heterogênico como o Brasil, que desfavorecia a muitos e privilegiava a poucos, no tocante às oportunidades de crescimento social. 3. OS PRINCIPAIS DESAFIOS E SUAS POSSIVEIS SOLUÇÕES NO ENSINO DA LÍNGUA INGLESA EM ESCOLAS PÚBLICAS 3.1 OS PRINCIPAIS DESAFIOS No contexto brasileiro, o ensino da língua estrangeira, mais especificamente o inglês, tem sido desafiador para os profissionais de educação, se mostrando uma tarefa difícil. Ao relacionarmos alguns dos principais desafios para o ensino da língua inglesa na escola pública, não é surpresa nos depararmos com problemas já existentes desde a implementação da educação pública do Brasil imperial, quanto aos novos desafios do século atual. Usaremos como base a pesquisa realizadapela British Council (2015), (2019), para analisarmos as cinco principais dificuldades vivenciadas em sala de aula, e posteriormente, propostas para a melhoria do ensino do inglês com as possíveis soluções. Neste estudo, foram perguntados sobre as percepções dos professores, e os mesmos citaram ações importantes para melhoraria da qualidade do ensino da língua inglesa na rede pública. Alterações necessárias nas políticas públicas e no sistema de ensino são algumas das soluções apresentadas pelos professores que podem diminuir a desvalorização do ensino do inglês, além de padronizar a nível nacional conteúdos e avaliação. 3.1.1 FALTA DE RECURSOS DIDÁTICOS A primeira dificuldade apresentada por alunos e professores é a falta de material didático. Os professores de inglês, bem como de outras disciplinas, não tem acesso a livros didáticos adequados e compatíveis com o público alvo, sendo que o conteúdo do material é considerado avançado tanto para professores, que não tem capacitação ou formação, quanto para os alunos que estão em níveis abaixo do esperado. Além disso, os livros abordam assuntos fora da realidade da escola e que sejam relevantes à cultura local. Segundo professores de inglês, os recursos didáticos com novas tecnologias são a principal demanda dos professores, pois a língua inglesa, por ser uma disciplina em que os alunos têm uma maior dificuldade, requer de mais interação através de atividades lúdicas e trabalho coletivo. De acordo com dados da British Council (2015) “81% dos professores afirmam que a maior dificuldade enfrentada em sala de aula é a falta ou a na adequação dos materiais didáticos.” Além da escassez desses materiais tecnológicos, os equipamentos da escola têm que ser compartilhados e disputados entre todos os alunos e professores da escola. Outro exemplo são aparelhos quebrados ou velhos, sem prazo para conserto ou perspectiva compra de novos pela escola. O recurso didático mais comum em sala de aula é o livro didático, mas este em língua estrangeira passa a ser um desafio para professores com formação em outra disciplina ou para alunos que estão abaixo do nível exigido para o Ensino Médio. Isto ocorre porque mais da metade dos alunos não sabem ler e interpretar a língua nativa, muito menos uma língua estrangeira, como o inglês, que é tão desvalorizado. O acesso à Internet também é precário. Apenas ¼ das escolas tem acesso, e a metade não é banda larga, fazendo com que as pesquisas se tornem lentas, tomando bastante tempo de professores e alunos durante as aulas de inglês. 3.1.2 DESVALORIZAÇÃO E DISTANCIAMENTO DO IDIOMA O segundo aqui listado é a falta de interesse por parte dos alunos, pais e professores em aprender o inglês como uma língua estrangeira, tendo como a principal justificativa a não utilização da língua e o alto grau de dificuldade em aprendê-la. O idioma não é considerado importante pelos alunos, e isto vem desde o Ensino Fundamental, em que se acredita que não irá realmente utilizá-lo. Isto piora ao chegar ao Ensino Médio, visto que é o mesmo pensamento de grande parte da comunidade escolar pública, que considera irrelevante o ensino do idioma, buscando apenas a certificação de conclusão dos estudos para conseguir um emprego. Os professores de língua inglesa, muitas vezes, não são formados na área, e apenas estão completando a carga horária exigida pela escola. O que faz com que não se dediquem tanto ao ensino da disciplina, assim como também é um trabalho a mais, pois os professores teriam que fazer algum curso de inglês ou capacitação para poderem aprender algo e poder repassar o conteúdo para os alunos. É perceptível que os alunos nas escolas públicas, têm uma imagem negativa sobre a aprendizagem da língua inglesa em sala de aula, e isto é confirmado por Perin (2005, p. 150, apud Silva; Cheyerl; Lima (org.), 2009, p. 126): Apesar de reconhecer a importância de se saber inglês, os alunos tratam o ensino de língua inglesa na escola pública ora com desprezo, ora com indiferença, o que causa na maioria das vezes a indisciplina nas salas de aula [...]. o professor trabalha com a sensação de que o aluno não crê no que aprende, demonstrando [...] desprezo pelo que o professor se propõe a fazer durante a aula. O segundo maior desafio apontado pelos professores nos mostra a desvalorização do trabalho docente, deixando um sentimento de que as escolas, os alunos e o poder público tratam os professores apenas como um repassador de conteúdos. Segundo o British Council (2015) “59% dos professores sentem que o ensino do inglês é desvalorizado ou é distante da realidade dos alunos”. Isso também se prova pela vulnerabilidade social dos alunos de escola pública, que não entendem que o aprendizado do inglês é importante e necessário para a sua formação acadêmica e como indivíduo. Visão esta, que também é compartilhada pela maioria dos gestores públicos, que se omitem ou colocam dificuldade para oferecer um ensino de qualidade para a população. O português e a matemática são disciplinas priorizadas nas escolas, colocando o inglês com menos importância, pois para parte da comunidade escolar ela não contribui de forma significativa na formação dos alunos. O inglês acaba sendo uma disciplina com status de “luxo” e que somente é alcançada e aprendida em escolas de idiomas e por famílias da classe alta, porque precisam utilizá-lo em viagens internacionais e em negócios. Nisto, a visão do inglês como privilégio de poucos reforça a exclusão social dos alunos de baixa renda em escolas públicas. 3.1.3 DIFICULDADES NO PLANEJAMENTO O planejamento é de grande importância para a preparação da aula. Sem um bom planejamento, o professor não terá objetivo ou roteiro na hora de ministrar uma aula boa e proveitosa. A grande dificuldade encontrada é o pouco tempo para preparar as aulas, principalmente quando estas são realizadas por professores que tem dupla jornada em sala de aula ou que lecionam mais de uma disciplina na escola. O pouco tempo para os afazes domésticos, vida pessoal, preparação e leitura de conteúdo didático, relatórios e avaliação dos alunos, dificultam ainda mais para o professor conseguir dar conta de preparar uma aula individual para cada série/turma, trazendo novos elementos e metodologias para dentro da sala de aula. Muitos professores afirmam que se sentem pouco amparados na hora de estruturar os conteúdos que serão ensinados. Menos da metade dos professores seguem o planejamento repassado pela Secretaria de Educação. Parte dos Estados não possuem diretrizes curriculares para a disciplina de Língua Inglesa. “Cerca de 37% acabam fazendo o planejamento inteiramente sozinhos, tendo que combinar diversos elementos didáticos para cada aula.” Detalha a British Council (2015). As escolas não dão apoio para o planejamento. Os diretores e os coordenadores pedagógicos, em sua maioria, não falam nada em inglês e apenas aderem às propostas do planejamento realizado pelo professor. A heterogeneidade das turmas da 1º série do Ensino Médio também dificulta na hora do planejamento das aulas. Os alunos vêm de escolas municipais com a aprendizagem atrasada, além de conteúdos não padronizados, pois cada escola e professor seguem conteúdos e avaliação diferentes. A maioria dos alunos apresentam dificuldades básicas de leitura e escrita em português, o que dificulta na hora de passar conteúdos e instruções, resultando em turmas compostas por alunos de diversos níveis de aprendizado do idioma. Nisto, os conteúdos a serem transmitidos acabam por apresentar só os níveis mais básicos do inglês, como a gramática e vocabulário simples, fazendo que os alunos fiquem estagnados na aprendizagem, com a sensação de que nunca irão aprender e que o idioma é difícil. 3.1.4 REMUNERAÇÃO E CONTRATO RUINS O desafio a tratar é a estrutura de carreira, remuneração e formaçãodos professores. No Nordeste, o número de professores temporários é o dobro da média nacional, cerca de 24% do total de professores de inglês são contratados. Professores da rede pública ganham, em média R$15,00 por hora-hora, já os da rede privada este valor é de R$26,00. Essa diferença é enorme e cruel, quando levamos em conta que estes valores só contam o que é trabalhado dentro da sala de aula, o que não conta o tempo de pesquisa, o planejamento e a correção de provas. De acordo com o British Council (2015) “Na região Nordeste também está a menor remuneração média por hora-aula, cerca de R$11,10 na rede estadual. A região Sudeste segue em segundo lugar, com apenas R$12,20 de remuneração média por hora-aula trabalhada na rede estadual.” Esse dado nos mostra a realidade do profissional de educação. O baixo salário acaba por desmotivar os educadores e terem um sentimento de desvalorização por parte do poder público. Outro dado importante é que “O salário dos professores da rede pública é em média 42% abaixo ao dos professores da rede privada.” relata a pesquisa do British Council (2015). Este é um obstáculo que as escolas e professores vem enfrentando há décadas. A desvalorização dos profissionais de educação ajuda no abandono de carreira de professores experientes e capacitados na língua, partindo para as escolas particulares ou seguindo carreira fora da educação, onde tem mais oportunidades de crescimento e são mais bem remunerados e valorizados. Quanto à formação continuada, necessária para a atualização dos professores, é desprezada por parte do poder público. Os professores também sofrem em busca de melhores qualificações e condições de trabalho nas escolas públicas. Estes investem com recursos próprios em sua formação e a grande maioria não tem a formação específica para a área de língua inglesa. 3.1.5 CARGA HORÁRIA Referente à carga horária, temos dois contrapontos: o baixo número de hora- aula da Língua Inglesa em comparação com outras disciplinas e a sobrecarga dos professores, que em grande maioria, ensinam mais de uma disciplina ou trabalham em outros turnos em várias escolas. Os alunos de escolas públicas brasileira têm menos de 2 horas de aula de inglês por semana, e em algumas escolas, nem aulas de inglês têm pela falta de professores. Enquanto outras disciplinas têm de 4 a 6 aulas de português ou matemática por semana, a disciplina de Língua Inglesa tem somente entre 1 e 2 aulas semanais. As aulas de inglês também acabam não sendo dadas ou sendo utilizadas como horários em outras atividades curriculares, como em reforço de disciplinas e/ou a não participação dos alunos nas aulas. Em muitas escolas há regras em que os professores não podem reprovar os alunos com notas baixas em inglês, já que a mesma é considerada uma disciplina secundária. Não o bastante, a desvalorização e a pouca carga horária para a disciplina, as escolas acabam por sobrecarregar e exigir mais dos professores para o ensino de outras disciplinas. O ensino do inglês acaba sendo comprometido, atrapalhando na formação dos alunos, já que aulas de inglês caem de rendimento qualidade. 3.2 AS POSSIVEIS SOLUÇÕES Buscando as possíveis soluções para o ensino da língua inglesa nas escolas públicas, especificamente no Ensino Médio, foi realizada leitura de artigos, livros e pesquisas recentes sobre políticas públicas e práticas de ensino relevantes que podem ajudar na resolução das dificuldades principais apresentadas por professores de inglês de escolas públicas brasileira. 3.2.1 ACESSO A RECURSOS DIDÁTICOS Quanto à solução da primeira dificuldade, temos em vista que é um processo complexo e que não depende somente da comunidade escolar local. A falta de recursos em escolas públicas brasileiras já se arrasta há anos. Em pleno século XXI temos escolas que ainda não tem computadores, impressoras e muito menos Internet instalada. Os professores e alunos teriam nas aulas mais opções de conteúdo, ajudando a ambos no processo de ensino-aprendizagem, pois as aulas se tornariam mais lúdicas, significativas e proveitosas. Quando trazemos novos recursos, principalmente para os alunos da 1º série do Ensino Médio, quebramos com a ideia de que as aulas de inglês são chatas, tradicionais, sem recursos que chamem a atenção do aluno ou que sejam produtivas e relevantes para os mesmos. Cabe ao professor, bem como a gestão escolar, utilizar de todos os meios em favor da educação como principal objetivo de aprendizagem do indivíduo. É nessa ideia que PIAGET (1970, p. 28) afirma: [...]criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas e não simplesmente repetir o que outras gerações fizeram; homens que sejam criativos, inventores e descobridores; o segundo objetivo é formar mentes que possam ser críticas, que possam analisar e não aceitar tudo que lhes é oferecido. A utilização de livros didáticos adequados para o público alvo é extremamente complicado, sendo que o material segue toda uma serie de requisitos do MEC, sendo a cargo das editoras quais assuntos a serem abordados nos livros didáticos ofertados. Mais complicado ainda é a adaptação do material para o público alvo. Os livros devem ser utilizados como norte para que conteúdo possa subsidiar no programa da escola, tendo como base os objetivos da BNCC. Os livros didáticos, em sua maioria, editados e produzidos na região sul do Brasil, não levam em conta o contexto regional de alunos do Norte e Nordeste, trazendo muitas vezes assuntos e informações fora da cultura local da escola e até mesmo do país, o que dificulta na assimilação do conteúdo a ser aprendido. Os professores consideram os equipamentos tecnológicos como recursos didáticos fundamentais para desenvolver as aulas de inglês. As utilizações desses equipamentos complementam e diminuem as aulas tão tradicionais, além dos alunos do Ensino Médio se identificar e se engajar, aproveitando melhor o conteúdo das aulas. Alguns dos materiais que podem ajudar nas aulas são: computadores com acesso à internet para os alunos e professores; Projetor para apresentação de trabalhos e vídeos; Aparelho de som para ouvir e praticar a pronúncia; Livros, revistas e jogos compatíveis com o nível dos alunos. A inovação pedagógica consiste na implantação do construtivismo sócio- interacionista, ou seja, a construção do conhecimento pelo aluno mediador por um educador. Porem, se o educador dispuser dos recursos da informática terá muito mais chance de entender os processos mentais, conceitos e as estratégias utilizadas pelo aluno, é com essa informação, poderá intervir e colaborar de mo do mais efetivo nesse processo de construção de conhecimento. (VALENTE, 1999, p. 22) Vale atentar que não adianta em nada apenas repassar o material já pronto dos livros, sendo que os mesmos são fora da realidade do aluno, ou de usar equipamentos de última geração sem uma conscientização e reflexão que podem tornar a aprendizagem sem referências e significados para a promoção da autonomia do ser. [...]é necessário que o professor não seja um mero reprodutor das lições ditadas por materiais didáticos elaborados por editoras que ignoram o contexto real de ensino, nem sejam apenas um cumpridor de programas ou currículos, mas contribua para a transformação do mundo social dos seus alunos. (LIMA, 2009, p. 130) 3.2.2 INTRODUZIR O INGLÊS NA EDUCAÇÃO INFANTIL A primeira possível solução é de incentivar e transformar o pensamento local dos alunos, pais, professores e direção da importância da aprendizagem da língua inglesa para a vida indivíduo e sua introdução no ensino infantil. Há exemplos de países desenvolvidos que incluíram o inglês como segunda como a Alemanha, Suécia, Holanda, Noruega, Dinamarca, entre outras. O Brasil também deveria seguir por esse caminho em incluir uma língua estrangeira desde o ensino infantil. Isto porque a introduçãono ensino infantil de uma língua franca, por exemplo, o inglês, seria um avançado na educação básica brasileira. Com as facilidades vindas do avanço das novas tecnologias da informação e comunicação, o inglês é uma nova exigência, já que com a globalização estão sumindo as fronteiras linguísticas. Além disso, também podemos ter acesso a outras culturas e conhecimentos, que antes eram acessíveis somente a poucos. O contato com o inglês na educação infantil trás para a criança um novo universo, a fim de expandir seu conhecimento de mundo, proporcionando acesso a um novo currículo e socialização maior com pessoas ao redor do mundo. Não existe ainda uma idade certa para iniciar o ensino de outro idioma. O certo é que quanto mais cedo, a criança tiver acesso a este novo idioma, mais rápido ela pode aprender, já que o cognitivo das crianças está em pleno desenvolvimento. Crianças que aprendem um segundo idioma desenvolvem habilidades de solucionar problemas lógicos, dobrar o vocabulário e lidar com múltiplas tarefas. Para isso, a aprendizagem do inglês precisa de uma abordagem correta, específicos para cada criança, levando em conta o contexto social e o desenvolvimento cognitivo da criança. É na infância que as crianças têm mais facilidade em aprender. Aproveitar este momento é crucial para introduzir o inglês durante as atividades lúdicas em sala de aula. Levamos em conta também as possibilidades de crescimento pessoal e profissional que podem ser alcançadas ao incentivar os alunos desde pequenos a aprenderem uma segunda língua. Os alunos se habituariam com mais facilidade à língua quando ainda na primeira infância, e iriam se desenvolvendo conforme iam assimilando as palavras novas com o seu dia a dia. Podemos destacar a necessidade de habilidades a serem adquiridas durante os quatro primeiros anos do Ensino Fundamental, os PCNs (BRASIL, 1997, p. 66- 67): Vivenciar uma experiência de comunicação humana, pelo uso de uma língua estrangeira, no que se refere a novas maneiras de se expressar e de ver o mundo, refletindo sobre os costumes ou maneiras de agir e interagir e as visões de seu próprio mundo, possibilitando maior entendimento de um mundo plural e de seu próprio papel como cidadão de seu país e do mundo. A aprendizagem do inglês traz inúmeros benefícios para a vida social e acadêmica do aluno. Alguns dos benefícios no ensino do inglês no ensino infantil são: Aproveitamento escolar; Aprendizado mais rápido; Bilinguismo e Fluência na vida adulta; Diminuição da timidez; Torna-se um cidadão global. Cada criança tem o seu próprio ritmo e processo de aprendizado, por isso o professor deve pensar que a aprendizagem deve ser gradativa e constante, pois são estímulos específicos que estimulam e impulsionam as crianças. Com isso, devemos adotar uma abordagem no ensino do inglês de forma como as crianças aprendem a língua materna, a partir da sonoridade, primeiro falando e depois entendendo o que se ouve. O ler o escrever vem após a criança passar pelo processo de alfabetização. A utilização de atividades lúdicas promove uma aprendizagem significativa e eficaz, quando a relacionamos ao cotidiano da criança. A utilização de músicas em sala de aula, ouvindo e repetindo palavras, na contação de historias e na realização de jogos e brincadeiras. De acordo com LIMA (2019, p. 6): Como a Língua Inglesa está presente no cotidiano da criança, fica mais fácil estudá-la, pois se imagina quantas expressões a criança já conhece quando inicia sua vida escolar, como por exemplo, hot-dog, hello, boy, hamburger, dentre outras que a criança adquire com sua vivência, ouvindo outras pessoas falarem. É partindo desse pressuposto que se pretende desenvolver um trabalho pedagógico tão importante como esse, que é trabalhar a Língua Inglesa nas séries iniciais. O ensino da gramática inglesa não é importante nesta fase, pois somente com o tempo a criança entenderá, pela própria aquisição e utilização de termos em inglês, regras gramaticais de forma inconsciente e natural. Portanto, a implementação do inglês já no ensino infantil pode ajudar no processo de aprendizagem do idioma, quebrando barreiras que atrapalham aos alunos em todo o desenvolvimento na educação básica, chegando assim no Ensino Médio, aptos para manejar o idioma de forma consciente e fluente. 3.2.3 AUMENTO DA CARGA HORÁRIA NA DISCIPLINA DE LÍNGUA INGLESA O aumento da carga horária da disciplina de língua inglesa é uma solução significativa e eficaz para o ensino do inglês. Com esse aumento, o professor de inglês terá mais liberdade para passar conteúdo, praticar com os alunos o listening e o speaking, utilizando métodos lúdicos e inovadores dentro da sala de aula. Ao invés de apenas duas aulas semanais, esta seja entre quatro e seis aulas semanais, assim como são as disciplinas de português e matemática. É necessário também que seja introduzido o inglês em atividades extracurriculares, como por exemplos cursos de inglês online, oficinas, feiras do conhecimento, viagens e intercâmbios de alunos com escolas de idiomas. Usar de forma interdisciplinar o inglês também é uma solução. O professor de inglês pode usar termos e vocabulário de outras disciplinas e vice e versa, fazendo uma troca de conhecimento entre elas, podendo dar um significado e assimilação de conteúdo. Como exemplos, temos a disciplina de geografia, utilizando vocabulário em inglês com palavras como Business e Globalization. Já no português, podemos utilizar de dialetos regionais ou palavras em inglês incorporadas à língua portuguesa como: Delivery, Internet, Facebook e etc. Em casos mais ousados, introduzir a língua inglesa como uma segunda língua, tal qual sabemos já se é fortemente adotadas em escolas particulares internacionais. Esta proposta parece um sonho distante, mas com o uso da interdisciplinaridade, todos os professores podem introduzir textos de determinados assuntos de suas disciplinas em inglês e permitir que os alunos os leiam, traduzam e interpretem, sendo eficaz na hora de se conseguir fontes internacionais de conteúdo científico. 3.2.4 TURMAS MENORES E/OU DIVIDIDAS POR NÍVEL DE CONHECIMENTO DO IDIOMA O quarto desafio, o mais desafiador para os professores: o número elevado de alunos dentro da mesma sala de aula, impedindo tanto ao professor de ensinar, quanto ao aluno de aprender de maneira eficaz e com qualidade. Uma ação necessária para mudar este quadro seria de dividir as turmas por nível de aprendizado, facilitando no conteúdo repassado, que seria de igual dificuldade para todos os alunos em sala de aula, fazendo com que o professor apenas foque em um só nível e método eficaz para alcançar a todos os alunos. A diminuição da superlotação nas salas de aula também é necessária. Este problema vai depender da estrutura física da escola e da disponibilidade de professores para que se divida uma turma em dois. As políticas das escolas também têm que serem levadas em conta, pois algumas escolas só aceitam classes abertas com no mínimo 40 alunos por sala, o que é um problema para qualquer professor. Com isso, os professores conseguiriam fazer o planejamento das aulas a partir das necessidades e realidade dos alunos. Se preocupando menos em pedir para que os alunos façam silêncio na aula de aula, e dar mais atenção individual para cada um dos alunos em suas dificuldades e dúvidas. 3.2.5 MELHOR SALÁRIO, PLANO DE CARREIRA E FORMAÇÃO CONTINUADA A carreira de professor é desvalorizada em todas as etapas do ensino. Um professor ganha até 39% menos que um profissional com escolaridade igual, numa jornada de trabalho de 40 horas semanais. Uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE) tem como prazo até 2020, tornar a profissão de professor mais atrativa, com o objetivo de equiparar o salário dos professores com as dos demais profissionais. Esta metaé importante, pois traz uma luz ao fim do túnel, para quem é ser professor da educação básica. Outro ponto é que os novos professores demonstram interesse em atualizar sua formação por meio de capacitações na língua inglesa. Por muitos trabalharem em escolas públicas, cobram que as capacitações devem ser ofertadas pelos órgãos públicos. Estes profissionais destacam pontos importantes para as capacitações: estas devem ser presenciais, com nativos do idioma inglês, ter maior foco em conversação, bem como novas metodologias de ensino e intercâmbios que ajudariam a ter uma visão global no uso do inglês. Enquanto estas ideias não são levadas em conta pelos órgãos públicos, a capacitação de professores se torna fraca, inutilizada e gera uma deficiência na formação, gerando desigualdade social. Segundo LIBÂNEO (2014, p. 227): O termo formação continuada vem acompanhado de outro, a formação inicial. A formação inicial refere-se ao ensino de conhecimentos teóricos e práticos destinados à formação profissional, completados por estágios. A formação continuada é o prolongamento da formação inicial, visando o aperfeiçoamento profissional teórico e prático no próprio contexto de trabalho e o desenvolvimento de uma cultura geral mais ampla, para além do exercício profissional. Em contrapartida, muitos dos fracassos em relação ao ensino da língua inglesa nas escolas públicas se dão no momento da preparação de professores. Muitos fazem a graduação buscando apenas o diploma, não tendo o real propósito de aprender sobre a utilização do ensino do idioma. Nas especializações, o foco maior dos professores mais velhos é o aumento salarial, não se levando a sério a procura de inovação no ensino do inglês. É extremamente sério que a formação, antes de tudo, não deve ser utilizada como sinônimo de status e progressão profissional, mas sim de transformação do indivíduo e preparação para o ensino do idioma como forma de libertar o aluno, dando-o oportunidade de socialização, tendo a reflexão do seu papel em sociedade. Para LIBÂNEO (2014, p. 227): [...] a formação continuada pode possibilitar a reflexividade e a mudança nas práticas docentes, ajudando os professores a tomarem consciência das suas dificuldades, compreendendo-as e elaborando formas de enfrentá-las. De fato, não basta saber sobre as dificuldades da profissão, é preciso refletir sobre elas e buscar soluções, de preferência, mediante ações coletivas. Para a resolução deste desafio, é necessário por parte de políticas públicas, o incentivo na formação e capacitação dos profissionais da educação quanto à formação na disciplina de língua inglesa. Além disso, vale destacar que a melhoria de salário e um plano de carreira incentivariam aos professores da rede pública, bem como atrairia profissionais de inglês evadidos para outras áreas e os novos formandos. É certo que os professores se sentiriam mais motivados a ensinar em escolas públicas. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS No presente trabalho foram abordados diversos autores e estudos que contribuíram na analise e possíveis soluções para as problemáticas apresentadas. Estas, voltadas para os desafios e soluções nos primeiros anos do Ensino Médio nas escolas públicas brasileiras. É sabido que no Brasil os professores e alunos em transição para o Ensino Médio enfrentam inúmeros problemas durante o processo de ensino-aprendizagem, devido à baixa qualidade do ensino da Língua Inglesa, já vindo do Ensino Fundamental II. A nova BNCC e as PCNs também foram de uma grande importância para o auxilio na elaboração de possíveis intervenções a serem executadas nas escolas, que podem contribuir para a melhoria da educação e ensino da língua inglesa como língua franca. Este trabalho sugere, com base em pesquisas realizadas por outros autores, que o ensino e aprendizagem da língua inglesa, só alcançarão o nível de excelência quando o Governo Federal, junto com estados e municípios se unirem para oferecer uma formação e capacitação de qualidade para os professores de língua inglesa, a melhoria salarial e reconhecimento da profissão, também do incentivo da importância de se aprender uma segunda língua no século atual, bem como oferecer material didático adequado ao contexto escolar e regional. Esse diferencial só será alcançado quando a carga horária da disciplina for maior e as exigências da língua estrangeira estiverem inclusas de forma interdisciplinar dentro e fora da escola. Conclui-se que as experiências adquiridas durante todo o processo do Curso de Letras em Língua Inglesa foi fundamental para o crescimento pessoal e profissional quanto à vivência com a educação básica obrigatória. Foi de grande importância, e necessárias, as reflexões e intervenções junto aos professores orientadores, colegas e toda comunidade escolar, buscando o objetivo principal: a transformação social por meio da excelência na educação. 5. REFERENCIAS BEZERRA, Ravena de Melo. As Tecnologias Educacionais Na Fase Sistematização (4º E 5º Ano) Do Ensino Fundamental: Uma Análise Psicopedagógica Para Aprendizagem. In: TAVARES, Andrezza M. B. N.; CARNEIRO, Marcos T.; FARIAS, Talita B. C. F. (org.). O Psicopedagogo e as Suas Intervenções Mediante as Dificuldades de Aprendizagem da Criança. Parazinho: Carpediem Assistência Educacional, Cursos e Eventos, 2017. cap. 22, p.280-291. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília: MEC. 2018. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_s ite.pdf> Acesso 20 março 2020. BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Brasília, 2000. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/14_24.pdf> Acesso 20 março 2020. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Língua Estrangeira. Ensino Fundamental. Terceiro e quarto ciclos. Brasília: MEC/FS, 1997. COUNCIL, British. O ensino de inglês na educação pública brasileira: elaborado com exclusividade para o British Council pelo Instituto de Pesquisas Plano CDE. 1. ed. São Paulo, 2015. Disponível em: <https://www.britishcouncil.org.br/sites/default/files/estudo_oensinodoinglesnaeducac aopúblicabrasileira.pdf >. Acesso em: 22 março 2020. COUNCIL, British. Políticas Públicas para o Ensino de Inglês – Um Panorama das Experiências na Rede Pública Brasileira. 1. ed. São Paulo, 2019. Disponível em: <https://www.britishcouncil.org.br/sites/default/files/final- públicacao_politicaspúblicasingles-compressed.pdf>. Acesso em: 22 março 2020. Education First, EF. EF EPI - Índice de Proficiência em Inglês da EF - Um ranking de 100 países e regiões por domínio da língua inglesa. Ed 9º. São Paulo, 2019. Disponível em: <https://www.ef.com.br/__/~/media/centralefcom/epi/downloads/full- reports/v9/ef-epi-2019-portuguese.pdf>. Acesso em: 31 março 2020. LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. Goiânia: Alternativa, 2014. LIMA, Diógenes Cândido de (org.). Ensino e Aprendizagem de Língua Inglesa: Conversas com Especialistas. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. LIMA, Neuberto Rodrigues de. A importância da Língua Inglesa nas Séries Iniciais e suas Dificuldades para um Ensino Eficaz. Natal, 2019. PIAGET, Jean. Psicologia e pedagogia. Tradução: Dirceu Lindoro e Rosa M. R. da Silva. Rio de Janeiro: Forence Universitária, 1970. SILVA, Neivande D. de; CHEYERL, Denise. Ensinar língua estrangeira em escolas públicas noturnas. In: LIMA, Diógenes Cândido de (org.). 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