Prévia do material em texto
EXP. 2 – TUBO DE PITOT 2.1- Objetivos Levantamento do diagrama de velocidades numa seção transversal de um escoamento. 2.2 – Base Teórica Um fluido de peso específico escoa numa tubulação com uma vazão Q. A Fig. 2.1 mostra dois manômetros nesta instalação. A tomada de pressão do primeiro é feita na periferia do tubo e não interfere com o escoamento. A tomada de pressão do segundo é feita por um tubo voltado contra o sentido do escoamento. Fig. 2.1 Comparando as leituras podemos observar que Pm2 é maior do que Pm1. Por quê? O fluido, ao passar por um tubo, carrega consigo uma energia cinética e uma energia de pressão. Ao passar pela seção (1), a parcela referente à pressão é indicada pelo primeiro manôme- tro (Pm1). Esta pressão é denominada “pressão estática” (Pest). Ao chegar na tomada de pressão do segundo manômetro, estando o “tubinho” cheio, o fluido vai se chocar com o fluido parado, fa- zendo com que a energia cinética caia a zero. No entanto, como a energia deve se conservada, acontece uma transformação desta energia cinética em energia de pressão. A pressão estática (Pest) que foi lida na seção (1) continua com o mesmo valor no ponto (2), já que a distância “L” en- tre os dois pontos é bem pequena. Podemos concluir que o segundo manômetro vai indicar a soma da pressão estática com a “pressão dinâmica” (Pdin), que é o nome atribuído à parcela que veio da transformação de energia cinética em energia de pressão. Esta soma pode ser denominada de “pressão total” (Ptotal). Sendo assim: Pm1 = Pest e Pm2 = Pest + Pdin = Ptotal Se fizermos Pm2 – Pm1, teremos o valor da pressão dinâmica: Pm2 – Pm1 = Ptotal – Pest = Pest + Pdin – Pest = Pdin Através das equações, com este valor (Pdin), podemos determinar o valor da velocidade que o fluido tinha antes de ser obrigado a parar no ponto (2) de tomada do segundo manômetro. O tubo de PITOT é um medidor de velocidade, e através do exemplo citado tem-se uma ideia do seu princípio de funcionamento. Tomando como exemplo o tubo de PITOT da figura 2.2 tem-se, aplicando a Equação da Energia de (1) a (2): Apostila de Laboratório de Mecânica dos Fluidos - Centro Universitário da FEI - Professores Brunetti, Coquetto e Sérgio Lopes 2.2 Fig. 2.2 𝐻1 = 𝐻2 + 𝐻𝑝1,2 onde Hp1,2 é desprezível 𝑣1 2 2𝑔 + 𝑝1 𝛾 + 𝑧1 = 𝑣2 2 2𝑔 + 𝑝2 𝛾 + 𝑧2 𝑣1 2 2𝑔 = 𝑝2 − 𝑝1 𝛾 Aplicando a equação manométrica de (1) a (2) pelo manômetro diferencial (vide Cap. “0”), tem-se: 𝑝1 + 𝛾𝑚. ℎ − 𝛾. ℎ = 𝑝2 → 𝑝2 − 𝑝1 = ℎ(𝛾𝑚 − 𝛾) Substituindo na equação anterior: 𝑣1 2 2𝑔 = ℎ ( 𝛾𝑚 − 𝛾 𝛾 ) → 𝑣1 = √2𝑔ℎ( 𝛾𝑚 − 𝛾 𝛾 ) Como g, m e são constantes: 𝑣1 = 𝐾. √ℎ Com isto, tem-se o valor da velocidade de aproximação do fluido, ou seja, a velocidade do ponto para o qual está direcionado o “tubinho”. Imagine agora que este “tubinho” possa ser movimentado para cima ou para baixo. Poderí- amos determinar a velocidade de vários pontos da seção (X) (Fig. 2.3), e com isto levantar um di- agrama de velocidades. Bastaria anotar o desnível do manômetro diferencial em cada posição. Fig. 2.3 Apostila de Laboratório de Mecânica dos Fluidos - Centro Universitário da FEI - Professores Brunetti, Coquetto e Sérgio Lopes 2.3 2.3 – Tubo de Pitot do Laboratório No laboratório o Pitot está colocado num tubo, onde escoa água, com diâmetro interno de 41mm (Fig. 2.4). Fig. 2.4 O tubo poderá ser deslocado, como veremos a seguir, do batente superior até o batente in- ferior, passando pelos pontos: A, B, C, D e E. Determinando o desnível “h” do manômetro diferen- cial para cada um dos 5 pontos, podemos determinar a velocidade de cada ponto e posteriormente levantar o diagrama de velocidades na seção do escoamento. Além dos 5 pontos temos mais dois pontos referentes à parede do tubo onde sabemos que, pelo princípio da aderência, a velocidade do fluido é “zero”. A cota “r” de cada um dos pontos será: Ponto r (mm) A + 15,0 B + 7,50 C 0 (zero) D - 7,50 E - 15,0 O tubo de Pitot utilizado é do tipo duplo (Fig. 2.5), ou seja, faz a captação das duas pres- sões, estática e total, levando as mesmas através de mangueiras para um manômetro diferencial, como mostram na sequência as figuras 2.6, onde podemos visualizar a alavanca que colocará o tu- bo nas 5 posições, 2.7, 2.8 e 2.9. O fluido manométrico utilizado é “Bromofórmio”, com um peso específico m Fig. 2.5 Apostila de Laboratório de Mecânica dos Fluidos - Centro Universitário da FEI - Professores Brunetti, Coquetto e Sérgio Lopes 2.4 Fig. 2.6 Fig. 2.7 Apostila de Laboratório de Mecânica dos Fluidos - Centro Universitário da FEI - Professores Brunetti, Coquetto e Sérgio Lopes 2.5 Fig. 2.8 Fig. 2.9 Apostila de Laboratório de Mecânica dos Fluidos - Centro Universitário da FEI - Professores Brunetti, Coquetto e Sérgio Lopes 2.6 2.4 – Levantamento dos Dados e Tabela Rascunho Para fazer o levantamento de dados siga a sequência estabelecida a seguir: a) Abra totalmente a válvula globo localizada após a bomba, ligando o conjunto moto-bomba. A experiência será feita com uma vazão somente e esta vazão será a máxima. Fechando to- das as válvulas de saída do tanque superior levante os dados para o cálculo posterior da va- zão (∆h: sugestão 30cm e t), conforme instruções do item 0.3.1 do Capítulo “0”, lembrando que a área do tanque é: Atanque=0,546m2; b) Desligue a bomba e abra todas as válvulas de saída do tanque superior, tornando a ligar as- sim que o tanque estiver vazio, para iniciar o levantamento dos dados e não correr o risco de transbordamento; c) Através da alavanca e da escala (Fig. 2.6), movimente o tubo de Pitot colocando-o na posi- ção “A” (r=+ 15mm); d) Abra as 3 válvulas que permitem a passagem para o manômetro diferencial. Em seguida fe- che a válvula equalizadora, que une os dois ramais (Fig. 2.8); e) Aguarde algum tempo e faça a leitura do desnível do manômetro diferencial (Fig. 2.9), ano- tando-o na tabela rascunho; f) Abra a válvula equalizadora central (Fig. 2.8) e coloque o Pitot na posição “B” (r= +7,50mm); g) Feche a válvula equalizadora, aguarde algum tempo e faça a leitura do desnível h; h) Repita os procedimentos “f” e “g” para todas as outras posições. Exp. PITOT Tabela Rascunho ensaio posição r h - - mm mm 1 parede + 20,5 0 2 A + 15,0 3 B + 7,50 4 C 0 5 D - 7,50 6 E - 15,0 7 parede - 20,5 0 ∆h = t = 2.5 – Levantamento do Diagrama de Velocidades e Verificação Teórica Em folha de papel milimetrado (A4), numa escala conveniente, que deve ser discriminada, levante o diagrama de velocidades (Fig. 2.10). Fig. 2.10 Apostila de Laboratório de Mecânica dos Fluidos - Centro Universitário da FEI - Professores Brunetti, Coquetto e Sérgio Lopes 2.7 Para conhecer os desvios cometidos no levantamento do diagrama de velocidades, em fun- ção dos erros praticados no levantamento de dados, de visualização e técnicos, vamos levantar na mesma folha de papel milimetrado o diagrama que deveria ter sido encontrado. Este novo diagra- ma receberá o nome de “diagrama teórico”, apesar de utilizar valores reais, pois será conseguido através das fórmulas da teoria (Cap. 3 do Livro texto de Teoria). Sabendo que para escoamento turbulento, em tubo de seção circular, o diagrama de veloci- dades obedece a equação (certamente o nº de Reynolds será bem maior do que 2400): 𝑣 = 𝑣𝑚𝑎𝑥 (1 − 𝑟 𝑅 ) 1/7 e que 𝑣𝑚 𝑣𝑚𝑎𝑥 = 49 60 Com a vazão utilizada noensaio podemos determinar a velocidade média no tubo e com ela determinar a velocidade máxima: (Dtubo= 41mm e H20 = 10-6 m2/s) 𝑣𝑚 = 4𝑄 𝜋𝐷2 𝑒 𝑣𝑚𝑎𝑥 = 60 49 𝑣𝑚 Confirmando o valor do nº de Reynolds para escoamento turbulento: Substituindo na equação acima: 𝑣 = 60 49 𝑣𝑚 (1 − 𝑟 𝑅 ) 1/7 Substituindo pelo valor da velocidade média e R= 20,5mm, obtemos uma expressão de v=f(r). Atribuindo valores para “r” de 0 a 20,5mm, podemos calcular a velocidade para cada raio e levantar um outro diagrama de velocidades denominado “teórico”, junto com o diagrama “levanta- do” através da experiência, observando a diferença encontrada. 2.6 – Integração Gráfica A velocidade média pode ser encontrada através de uma integração gráfica. Viu-se na teoria (Cap. 3 do Livro texto de Teoria) uma equação que permite determinar a velocidade média através de uma integração, que pode ser reduzida para uma somatória através de elementos finitos. As- sim: 𝑣𝑚 = 1 𝐴 ∫ 𝑣. 𝑑𝐴 ≅ 1 𝐴 ∑ 𝑣. ∆𝐴 Fig. 2.11 Apostila de Laboratório de Mecânica dos Fluidos - Centro Universitário da FEI - Professores Brunetti, Coquetto e Sérgio Lopes 2.8 Tomando por base o exemplo da Fig. 2.11, onde o diagrama, supostamente levantado, foi di- vidido em 5 partes iguais, teremos cinco valores de ∆r. Do ponto “0” até o centro do ∆ri , teremos um ri genérico. Para este ri teremos uma velocidade vi. Estas duas grandezas, “ri” e “vi” serão utili- zadas na somatória. Assim sendo, se: ∆𝐴 = 2. 𝜋. 𝑟. ∆𝑟 𝑒 ∆𝑟 = 𝑐𝑡𝑒 Substituindo na equação, temos: 𝑣𝑚 = 1 𝜋. 𝑅2 ∑ 𝑣. 2. 𝜋. 𝑟. ∆𝑟 = 2. ∆𝑟 𝑅2 ∑(𝑣𝑖 . 𝑟𝑖) No exemplo da Fig. 2.11, dividimos o raio em 5 partes, mas utilizando a integração gráfica para determinarmos a velocidade média, devemos dividir o raio por um número maior de partes iguais. Um número pequeno de divisões acaba prejudicando a precisão. Caso o diagrama de velocidades não seja simétrico, devemos tomar os valores de “v” para “r” positivo e negativo e tirar a média. 2.7 – Estudo do Equipamento O tubo de Pitot tem esse nome em homenagem a Henri Pitot (1695/1771) (Fig. 2.12), en- genheiro hidráulico francês que em 1732 realizou estudos sobre a medição do fluxo de água. Fig. 2.12 Além da medição de velocidades de líquidos ou gases, o tubo de Pitot tem larga aplicação na aviação, para determinar a velocidade de aeronaves, como pode ser visto nas figuras 2.13 e 2.14. Fig. 2.13 Fig. 2.14 Em aviões pequenos, o tubo de Pitot faz a leitura das pressões estática e total. Através de mangueiras, a diferença de pressão é transmitida até a cabine, onde são acopladas a uma cápsula denominada aneroide, que transforma a diferença de pressão em movimento angular, e devida- mente calibrada serve de velocímetro para os aviões. Apostila de Laboratório de Mecânica dos Fluidos - Centro Universitário da FEI - Professores Brunetti, Coquetto e Sérgio Lopes 2.9 Como o fluxo de ar em torno das aeronaves é complexo, a pressão estática costuma ser to- mada em várias posições, tomando-se a pressão média resultante. Em aviões mais sofisticados, que alcançam maiores velocidades e maiores altitudes, e até em mísseis, a necessidade de obter informações sobre os fenômenos aerodinâmicos envolvidos tornam o tubo de Pitot um excelente equipamento auxiliar de navegação aérea. Nestes casos, uma unidade sensora ou transdutora de pressão diferencial mede as pressões e as demais correntes de ar, fornecendo a um computador de voo os sinais necessários para o cálculo das velocidades, com as devidas correções. Uma amostra simplificada pode ser vista na Fig. 2.15. Fig. 2.15 Podemos encontrar a utilização do tubo de Pitot até na Fórmula 1. Na Fig. 2.16 temos a Re- nault R25 de 2005 que mostra o equipamento auxiliar de medição. Fig. 2.16 Apostila de Laboratório de Mecânica dos Fluidos - Centro Universitário da FEI - Professores Brunetti, Coquetto e Sérgio Lopes 2.10 Exp. PITOT Tabela Desenvolvimento ensaio posição r h √ h v - - mm mm m1/2 m/s 1 parede + 20,5 0 0 2 A + 15,0 3 B + 7,50 4 C 0 5 D - 7,50 6 E - 15,0 7 parede - 20,5 0 0 ∆h = cm t = s K = m½/s Q = L/s (utilizada no ensaio) Vm = m/s